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Esquizofrenia Paranoide ou Esquizotipia versus Criatividade

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8.1.3 O encontro com Gala<br />

<strong>Esquizofrenia</strong> <strong>Paranoide</strong> <strong>ou</strong> <strong>Esquizotipia</strong> <strong>versus</strong> <strong>Criatividade</strong><br />

Apesar da sua timidez, Dali, entre dois risos nervosos, prepara-se para abraçar e tocar Gala<br />

no momento em que a mão desta pega autoritariamente na sua. Dali redobra o riso. “Mas<br />

Gala”, conta Dali, “em vez de se sentir ofendida por esse riso, sentiu-se orgulhosa. Com um<br />

esforço sobrehumano, apert<strong>ou</strong> a minha mão ainda mais forte, em vez de a largar com desdém<br />

como qualquer <strong>ou</strong>tra mulher teria feito. A sua intuição de médium fê-la compreender o<br />

sentido do meu riso, tão inexplicável para os <strong>ou</strong>tros. O meu riso não era “alegre” como o das<br />

<strong>ou</strong>tras pessoas. Não era ceticismo <strong>ou</strong> frivolidade, mas fanatismo, cataclismo, abismo e terror.<br />

Fiz-lhe <strong>ou</strong>vir o mais aterrorizador, o mais catastrófico de todos os risos e eu acabava de lho<br />

deitar aos pés. – Meu pequenino, disse ela, nunca mais nos deixaremos (69).<br />

(…)<br />

“Ela seria a minha Gradiva (aquela que avança), a minha deusa da Vitória, a minha mulher.<br />

Mas para isso, era preciso que me curasse. E ela conseguiu-o, graças ao poder indomável e<br />

insondável do seu amor cuja profundidade de pensamento e sagacidade prática ultrapassaram<br />

os métodos psicanalíticos mais ambiciosos”.<br />

(…)<br />

“Aproximava-me da grande prova da minha vida, a prova do amor”.<br />

(…)<br />

A tremer, Dali pergunt<strong>ou</strong> a Gala “que… queres… que… eu… te… faça?” E Gala respondeu-lhe:<br />

“Quero que me mates!” “E se eu a atirasse do cimo da Catedral de Toledo?” pergunta-se Dali.<br />

“Gala desvi<strong>ou</strong>-me do meu crime e cur<strong>ou</strong> a minha l<strong>ou</strong>cura. Obrigado! Quero amar-te. Casarei<br />

contigo…” “Os meus sintomas histéricos desapareceram todos, como por encanto, e voltei a<br />

ser dono do meu sorriso, do meu riso, dos meus gestos. No centro do meu espírito, cresceu<br />

uma nova saúde, como se fosse uma rosa.<br />

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