Esquizofrenia Paranoide ou Esquizotipia versus Criatividade
Esquizofrenia Paranoide ou Esquizotipia versus Criatividade
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Resumo<br />
<strong>Esquizofrenia</strong> <strong>Paranoide</strong> <strong>ou</strong> <strong>Esquizotipia</strong> <strong>versus</strong> <strong>Criatividade</strong><br />
A referência à relação entre psicopatologia e criatividade data da Grécia Antiga (1). No<br />
último século observ<strong>ou</strong>-se a exaustiva exploração da relação bipolaridade e criatividade, que<br />
ofusc<strong>ou</strong> o estudo da relação da criatividade com a esquizofrenia, doença com um importante<br />
peso na sociedade atual. A esquizofrenia paranoide, pelo marcado predomínio da<br />
sintomatologia positiva, sem a deterioração cognitiva, que caracteriza os <strong>ou</strong>tros tipos de<br />
esquizofrenia (2); e a esquizotipia positiva, por compartilhar características não psicóticas<br />
com a esquizofrenia mas que orbitam em torno dessas mesmas caraterísticas, tais como as<br />
associadas ao predomínio de um pensamento mágico parecem associadas a uma maior<br />
propensão para a criatividade (3). Estudos realçam o papel da Inibição Latente, característica<br />
da doença psicótica (4). Esta relação é modelada por variáveis como a inteligência e a<br />
motivação (<strong>ou</strong>tras permanecem por identificar) e assentes num contexto favorável constituem<br />
o equilíbrio necessário para o despertar do fenómeno da criação (5). Considera-se que<br />
Salvador Dalí, personifica o típico esquizotipico; William Blake e Antonin Artaud personificam<br />
o criativo doente com psicose esquizofrénica.<br />
Os objetivos deste trabalho são: fazer o enquadramento histórico e fenomenológico da<br />
relação entre psicopatologia e criatividade; alertar para a relevância da relação do espectro<br />
da esquizofrenia com o fenómeno da criatividade, analisando as principais caraterísticas da<br />
esquizofrenia paranoide e esquizotipia envolvidas nesse processo; determinar a relevância<br />
modeladora no processo da variável inteligência; explicar a importância do paradigma da<br />
Inibição Latente (IL), e de que forma este funciona como ponte entre a esquizofrenia, a<br />
esquizotipia e a criação; ilustrar o trabalho com três exemplos de esboços Psicobiográficos de<br />
eminentes criativos que marcaram a história da Humanidade.<br />
A pesquisa bibliográfica foi realizada através de revistas científicas e livros de referência.<br />
Foram também consultadas as bases de dados www.sciensedirect.com e www.pubmed.com. A<br />
pesquisa não foi condicionada a limite temporal <strong>ou</strong> linguístico.<br />
Apesar da falta de consenso científico em torno das diferentes classificações diagnósticas; da<br />
definição dos elementos-chave “criatividade”, “personalidade” e “inteligência”; das<br />
limitações metodológicas dos vários estudos; da identificação das variáveis individuais e do<br />
escrutínio da natureza da sua contribuição neste complexo processo relacional, vários estudos<br />
consistentemente suportam uma relação positiva entre a esquizofrenia <strong>ou</strong> esquizotipia com o<br />
fenómeno da criatividade.<br />
Palavras-chave: <strong>Esquizofrenia</strong>, inibição latente, criatividade, inteligência e<br />
psicobiografia.<br />
vii