Tribos Nômades da Taiga: Lesoviques
Tribos Nômades da Taiga: Lesoviques
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<strong>Tribos</strong> <strong>Nômades</strong> <strong>da</strong> <strong>Taiga</strong>: <strong>Lesoviques</strong><br />
Este grupo social vive em planaltos cobertos de<br />
taiga, margeando uma cadeia de montanhas<br />
cavernosas, que não excede os 1200m de altitude.<br />
A maioria é de pele e cabelos claros, com olhos<br />
ligeiramente amendoados e faces arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Ca<strong>da</strong> tribo tem em média 40 pessoas, formando um<br />
total aproximado de 300 nômades, que se tenha<br />
notícia. Porém, há quem arrisque números até 1000.<br />
São essencialmente nômades, sem nenhuma forma<br />
de escrita. Vivem de caça, pesca, lenha e algum<br />
comércio (na maioria <strong>da</strong>s vezes escambo) de<br />
cerâmica, madeira, marfim, couros e carne.<br />
Acampamentos<br />
Ca<strong>da</strong> tribo monta seus acampamentos dentro <strong>da</strong>s<br />
cavernas, em salões de tamanho médio, com<br />
apenas um acesso externo e sem galerias, nas<br />
encostas baixas <strong>da</strong>s montanhas. Os espaços são<br />
delimitados por couro de renas ou caça sobre<br />
estacas de madeira, formando pequenas ten<strong>da</strong>s,<br />
que se dispõem em volta de uma fogueira ou de um<br />
poço de pedras, onde se despeja gordura dos<br />
animais abatidos, que se mantém sempre acesa,<br />
aquecendo o salão e servindo para o cozimento dos<br />
alimentos. O acesso do salão é ve<strong>da</strong>do com uma<br />
ro<strong>da</strong> de madeira, couro e pedrinhas, confecciona<strong>da</strong><br />
ca<strong>da</strong> vez que mu<strong>da</strong>m de salão.<br />
Os salões são decora<strong>da</strong>s com cerâmicas, crânios e<br />
peles de animais (principalmente os relacionados ao<br />
totem) e ain<strong>da</strong> contam com as estacas <strong>da</strong>s ten<strong>da</strong>s,<br />
trabalha<strong>da</strong>s em arabescos e motivos geométricos<br />
diversos.<br />
Uma tribo sempre está acompanha<strong>da</strong> de renas, em<br />
geral 10 a 20% do número de pessoas, utiliza<strong>da</strong>s<br />
basicamente para transporte de cargas. Os animais<br />
mais velhos, feridos ou doentes, são abatidos<br />
durante o auge do Inverno, quando não há caça, e<br />
deles se aproveitam o couro, os ossos e a carne. O<br />
rebanho fica na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, sempre<br />
guar<strong>da</strong>do por alguém.<br />
As tarefas se dividem em terços, ou seja, um terço <strong>da</strong> tribo caça e pesca, outro terço corta lenha e outro<br />
terço cui<strong>da</strong> dos afazeres domésticos. Não existe qualquer tipo de hierarquia, ou divisão sexual. As tarefas<br />
são distribuí<strong>da</strong>s de acordo como estado físico do indivíduo. Os mais fortes e sadios saem, enquanto os<br />
mais fracos e doentes, além de velhos e crianças, ficam na caverna. Deste modo, é comum uma mulher<br />
jovem e forte sair para caçar ou cortar lenha, enquanto um homem franzino fica preparando comi<strong>da</strong> ou<br />
costurando couro.<br />
Ativi<strong>da</strong>des domésticas<br />
Os nômades costumam preparar uma bebi<strong>da</strong> fortíssima, produzi<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> destilação de uma massa<br />
fermenta<strong>da</strong> de vegetais, cuja composição é um segredo muito bem guar<strong>da</strong>do. Sabe-se apenas que as<br />
plantas são coleta<strong>da</strong>s no fim <strong>da</strong> Primavera e macera<strong>da</strong>s em pilões de cerâmica; a pasta obti<strong>da</strong> é deixa<strong>da</strong><br />
fermentar em algui<strong>da</strong>res e depois destila<strong>da</strong> várias vezes em tecido rústico, até se obter um líquido incolor,<br />
ligeiramente adocicado e com alto teor alcoólico, que não congela, mesmo durante o pior dos Invernos. A<br />
bebi<strong>da</strong> é guar<strong>da</strong><strong>da</strong> em botijas de cerâmica sela<strong>da</strong>s com couro (vendi<strong>da</strong>s desta forma) ou armazena<strong>da</strong> em<br />
pequenos tonéis de madeira, para consumo próprio imediato.<br />
As cerâmicas são feitas de argila cozi<strong>da</strong> à baixa temperatura e ornamenta<strong>da</strong>s com motivos geométricos e<br />
arabescos pintados com pigmentos retirados <strong>da</strong>s rochas dos salões, ou de animais e vegetais. São<br />
bastante procura<strong>da</strong>s na ci<strong>da</strong>de de Lunara (ci<strong>da</strong>de mais próxima desta região), vendi<strong>da</strong>s a preços razoáveis,<br />
como peças utilitárias e decorativas.
Os couros e peles são curtidos rusticamente e raramente vendidos ou trocados, pois são muito utilizados<br />
como vestimenta, ten<strong>da</strong>s e no lugar de cor<strong>da</strong>s comuns. As peças são ricamente trabalha<strong>da</strong>s, sendo<br />
comuns motivos geométricos ou esculturas de animais totêmicos e criaturas fantásticas. Também não são<br />
muito vendi<strong>da</strong>s, apesar de bastante requisita<strong>da</strong>s em Lunara, sendo mais caras que as cerâmicas. Há<br />
também pequenos ornamentos e peças, feitas de ossos, que, em geral, não são comercializa<strong>da</strong>s.<br />
Ativi<strong>da</strong>des externas<br />
Os grupos de caçadores saem um pouco antes do sol nascer; descem para a taiga em busca de renas<br />
(para domesticar), ursos e raposas (peles) ou animais menores (coelhos, aves, etc.) para alimentação. Os<br />
caçadores também podem subir um pouco as montanhas atrás de cervos e cabras, muito procurados pelo<br />
couro e pela carne. Levam em média três dias caçando, mas podem se estender por uma semana,<br />
eventualmente tendo que evitar ataques de ursos pardos famintos, sobretudo próximo do inverno, antes<br />
destes entrarem em hibernação.<br />
As pescarias são mais tranqüilas, nos riachos afluentes do grande rio acidentado que cruza a taiga, e<br />
rendem alimento para consumo imediato (os nômades preferem estocar a carne para o Inverno, secando-a<br />
ao sol).<br />
Nos verões muito quentes, é comum o fenômeno conhecido como permafrost, quando cristais de gelo<br />
derretem, desestruturando o solo. Assim, não é raro encontrar-se grandes crateras no meio <strong>da</strong> taiga,<br />
provoca<strong>da</strong>s por deslizamentos de terra, que arrastam inclusive grandes pinheiros. Nestes verões, os<br />
nômades pegam esta madeira e a estocam, evitando voltar à taiga e preferindo caçar nas montanhas.<br />
Ritos<br />
Os nômades não são religiosos e não reverenciam deuses humanóides, bons ou maus. Devido às<br />
condições inóspitas em que vivem, julgam-se dominados diretamente pela Natureza, cujos aspectos são<br />
representados por animais totêmicos. Os totens figuram as formas, sob as quais os espíritos <strong>da</strong> Natureza<br />
que se comunicam com os/as Xamans. Ca<strong>da</strong> ambiente tem um espírito protetor que se materializa na figura<br />
de um animal típico. Assim, um espírito <strong>da</strong> taiga em geral escolhe a forma de um lince, urso pardo ou alce<br />
(ca<strong>da</strong> uma destas formas é totem de uma tribo diferente); um espírito <strong>da</strong> tundra aparece como uma raposado-ártico;<br />
o <strong>da</strong>s montanhas, como tigre, freqüentemente branco. Já foram contados 6 totens: Gavião, Alce,<br />
Lince, Lobo, Tigre e Urso.<br />
O único ritual sagrado entre as tribos é a conversa do/a Xaman com o espírito. A ca<strong>da</strong> início de estação,<br />
o/a Xaman ruma, acompanhado apenas de um/a guerreiro/a, para o local onde habita o espírito <strong>da</strong> tribo.<br />
Lá, ele/a invoca o espírito, que aparece sob a forma do animal totêmico <strong>da</strong>quela tribo e mantém uma<br />
comunicação telepática com o/a Xaman. O espírito diz a/o Xaman quais as melhores épocas para caça,<br />
pesca, lenha, etc., sempre com o objetivo de proteger o ambiente de excessos; o espírito indica quais os<br />
animais que devem ou não ser caçados, quais árvores estão em reprodução, e assim por diante. Também<br />
indica qual a época de mu<strong>da</strong>s de acampamento, quando a caça e a lenha começam a rarear ou estão muito<br />
jovens. O espírito pode também avisar sobre perigos iminentes ou ameaças diversas. Em troca, exige total<br />
obediência às suas determinações e um pequeno sacrifício em sua honra. Após a “conversa”, que pode<br />
durar até uma semana, (na ver<strong>da</strong>de, o/a Xaman passa a maior parte deste tempo em meditação,<br />
concentrando-se e invocando o espírito; a comunicação dura apenas algumas horas, em geral no último dia<br />
do ritual), o/a Xaman volta à tribo e repousa por algum tempo, após o qual reúne a tribo e passa as<br />
mensagens do espírito. Depois disto, a tribo realiza o sacrifício ao espírito, em geral, uma presa preferi<strong>da</strong><br />
do animal totêmico, que é caça<strong>da</strong> e trazi<strong>da</strong> viva para o acampamento, sendo sacrifica<strong>da</strong> pelo/a Xaman e<br />
comi<strong>da</strong> pela tribo. Às vezes, o espírito exige que se cace o animal totêmico e que este seja sacrificado. A<br />
tribo come a carne do animal e a pele é utiliza<strong>da</strong> pelo/a Xaman e pelo/a líder <strong>da</strong> tribo.<br />
O totem também confere à/o Xaman poderes mágicos para serem usados em benefício <strong>da</strong> tribo. Isto<br />
significa que, fora destas circunstâncias, o/a Xaman tem muito mais dificul<strong>da</strong>de de utilizar tais poderes. Os<br />
poderes se agrupam em quatro categorias genéricas, a saber:<br />
Criação: vi<strong>da</strong>, morte e renascimento. Esta categoria inclui basicamente poderes mágicos ligados à cura e<br />
medicina, e fertili<strong>da</strong>de, seja <strong>da</strong> terra, seja <strong>da</strong>s pessoas. Os efeitos opostos também são obtidos com este<br />
poder (doenças, infertili<strong>da</strong>de), obviamente guar<strong>da</strong>dos para os inimigos <strong>da</strong> tribo.<br />
Metamorfose: a<strong>da</strong>ptação. Esta categoria inclui, além <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de transformação, projeção astral,<br />
feitos através do totem. O/a Xaman fazer viagens espirituais transformando sua forma astral na forma do<br />
totem.<br />
Manifestação: uso do potencial. Esta categoria inclui o uso de poderes de ilusão (assumir características<br />
do totem) e o poder de encarnar, conjurar e esconjurar espíritos e animais.<br />
Visão e Profecia: relacionamentos conseqüentes. Os nômades não acreditam em destino, mas em<br />
conexões de eventos. Deste modo, esta categoria é um misto de cognição e sincronici<strong>da</strong>de, que permite a<br />
leitura de possibili<strong>da</strong>des de eventos lógicos, em vez <strong>da</strong> simples percepção de um evento pré-determinado.<br />
Estas quatro categorias somam vários tipos de poderes, mas, por outro lado, são limita<strong>da</strong>s à relação com o<br />
totem.
Lideranças<br />
As tribos não têm um chefe oficial, que desempenhe funções específicas de liderança. Como não existe<br />
hierarquia, o chamado líder é escolhido pela tribo, independentemente do sexo, pela habili<strong>da</strong>de com armas,<br />
para que represente o totem junto às outras tribos. Assim, o/a líder não dá ordens, nem decide na<strong>da</strong><br />
sozinho/a; apenas representa a tribo em festas, reuniões e batalhas.<br />
A principal festa <strong>da</strong>s tribos nômades é a Reunião Anual do Equinócio, onde líderes e Xamans, escoltados<br />
por pequenos grupos de guerreiros, se encontram em grandes salões nas cavernas, para realizar trocas de<br />
produtos e, às vezes, de pessoas, para minimizar doenças hereditárias. As Reuniões dos Solstícios<br />
acontecem no acampamento de uma <strong>da</strong>s tribos e nestas reuniões podem ir outras pessoas além dos<br />
líderes, Xamans e guerreiros/as.<br />
Festas<br />
As festas internas de ca<strong>da</strong> tribo ocorrem em noites de lua cheia, crescente ou minguante, sempre que esta<br />
estiver visível. Nestas festas celebram-se acontecimentos diversos, como vitórias em batalhas,<br />
nascimentos, caça<strong>da</strong>s muito proveitosas, etc. Também comemoram a passagem <strong>da</strong> infância para a<br />
adolescência. Quando um menino ou menina “<strong>da</strong>nçam para a lua”, querem dizer que já podem ter filhos.<br />
Assim, a primeira <strong>da</strong>nça para a lua de um adolescente significa sua iniciação sexual, que acontece durante<br />
a festa. Algumas pessoas <strong>da</strong>nçam em volta <strong>da</strong> fogueira central do acampamento, enquanto outras tocam<br />
pequenos tambores de cerâmica e couro fino, além de um instrumento triangular, de madeira, de braço<br />
longo, com 3 ou 4 cor<strong>da</strong>s duplas, similar a um alaúde, e flautas de madeira. Os nômades assam cabras,<br />
renas, coelhos, etc. e bebem seu destilado com abundância.<br />
Parentescos<br />
Um aspecto curioso, é que, entre os nômades, só são considera<strong>da</strong>s as relações de parentesco diretas: pai,<br />
mãe e irmãos. Primos, tios, sobrinhos, etc. não são considerados parentes, podendo manter relações<br />
conjugais. Também não existe nenhum ritual de casamento: os casais (hetero, bi ou homossexuais, às<br />
vezes compostos de mais de dois indivíduos) podem se separar a qualquer momento e se juntar a<br />
quaisquer outros componentes <strong>da</strong> tribo, mesmo que tenham filhos. Isto não representa um problema, pois<br />
as crianças <strong>da</strong> tribo são cria<strong>da</strong>s pelo grupo doméstico e não necessariamente pelas mães ou pais. Se uma<br />
mãe for caçadora ou lenhadora, após o período de amamentação, tem que voltar para suas tarefas,<br />
deixando a criança aos cui<strong>da</strong>dos do grupo que fica no acampamento (é muito raro uma mulher ter mais do<br />
que três ou quatro filhos ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>; os nômades mantêm um rígido controle de natali<strong>da</strong>de, através de<br />
poções preventivas e abortivas). Obviamente, se ela tiver algum problema e não se recuperar, ela passa a<br />
integrar o grupo doméstico, podendo então ela própria cui<strong>da</strong>r do seu filho. Isto também é válido para o pai,<br />
que, sofrendo algum problema irrecuperável, passa a ficar no acampamento, podendo cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s crianças.<br />
Relações<br />
As tribos nômades são, em geral, pacíficas, não promovendo saques e não brigando entre si. Além disso,<br />
mantêm boas relações comerciais com aldeões de locali<strong>da</strong>des próximas. Seus maiores problemas são<br />
animais ferozes de grande porte, e matilhas famintas, que eventualmente atacam os caçadores nas<br />
montanhas.<br />
Entretanto, são pouco tolerantes com estranhos, principalmente se invadirem seus territórios. Lenhadores<br />
ou caçadores estrangeiros são sempre expulsos <strong>da</strong>s regiões considera<strong>da</strong>s território de caça, e mortos se<br />
insistirem ou retornarem. Aventureiros também não são bem vindos, e a menos que ganhem a confiança<br />
dos nômades, também são expulsos ou mortos. Não raro, grupos de aventureiros, comerciantes ou<br />
caçadores e lenhadores entram em atritos sérios com os nômades ao atravessarem as montanhas. E vale<br />
lembrar, que na esmagadora maioria <strong>da</strong>s vezes, são expulsos ou mortos pelas tribos, que podem,<br />
eventualmente, se unir contra os invasores, caso seus números superem o de uma única tribo.<br />
Internamente, são raríssimas brigas ou atritos de qualquer natureza. Porém, roubo, traição, avareza,<br />
ganância, etc. são severamente punidos, com exílio e até mutilação.<br />
Apesar disto, pode acontecer de aventureiros feridos serem acolhidos nas tribos, e até integrados a elas. Há<br />
quem diga que algumas caravanas foram completamente chacina<strong>da</strong>s pelos nômades, enquanto outras, que<br />
se julgavam perdi<strong>da</strong>s, foram recupera<strong>da</strong>s e auxilia<strong>da</strong>s por eles. Tudo depende <strong>da</strong>s intenções do estranho e<br />
<strong>da</strong> livre interpretação, pelos nômades, destas intenções.