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severino relojoeiros - Espiral do Tempo

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entrevista<br />

<strong>severino</strong> <strong>relojoeiros</strong><br />

Entrevista Paulo Costa Dias, fotografias Paulo Pereira Bastos<br />

Jaime <strong>severino</strong> não é, nem pretende ser, um <strong>do</strong>s grandes<br />

players <strong>do</strong> retalho relojoeiro em Portugal. a posição que<br />

ocupa é fruto da paixão e curiosidade que sente pela<br />

relojoaria, desde criança; <strong>do</strong> respeito e dedicação que<br />

nutre pelos seus clientes; <strong>do</strong> rigor que lhe forma o caráter.<br />

Personalidade sui generis, com um trajeto invulgar de que<br />

sente orgulho, consegue disputar com as grandes casas<br />

aqueles clientes que são os verdadeiros conhece<strong>do</strong>res<br />

de relojoaria. são estes o seu ‘alvo’, é para eles que se<br />

preparou toda a vida, e são eles que gosta de ver reuni<strong>do</strong>s<br />

no que considera ser uma espécie de clube.<br />

115


entrevista<br />

Como surgiu o seu envolvimento com o mun<strong>do</strong> da relojoaria?<br />

Começou nos meus 10 anos, em 1978, numas férias de Natal,<br />

numa loja de familia da minha mãe em Torres Vedras. Como<br />

recebia alguma gratificação, aquilo motivava-me. Ainda de<br />

calções vendia relógios que na altura custavam vinte e tal contos,<br />

e vendiam-se à dúzia. Foi quan<strong>do</strong> apareceram os relógios<br />

digitais de quartzo e havia muitas pessoas que tinham dificuldade<br />

em manejá-los, enquanto eu já os <strong>do</strong>minava. Mais tarde, há 27<br />

anos, abrimos a Ourivesaria Severino e continuámos a tradição<br />

<strong>do</strong> negócio de ourivesaria, enquanto eu fui desenvolven<strong>do</strong> a<br />

parte de relojoaria.<br />

Mas aprendeu relojoaria, mais tarde, não é?<br />

Aprendi como autodidata. A minha curiosidade levava-me a<br />

desmontar e vêr como eram os relógios e, a partir <strong>do</strong>s meus<br />

15 anos, comecei a incomodar os vários importa<strong>do</strong>res que<br />

me deixavam ir para as suas oficinas falar com os <strong>relojoeiros</strong> e<br />

aprender com eles. Acabei por contactar com as várias correntes<br />

e culturas relojoeiras, por ter uma aprendizagem polivalente,<br />

por aprender as diferentes técnicas das marcas. Mais tarde,<br />

sempre como autodidata, o Mestre Américo Henriques, da Casa<br />

Pia, permitiu-me frequentar um curso de aperfeiçoamento para<br />

<strong>relojoeiros</strong>. Depois tive formação em algumas fábricas na Suíça,<br />

em boas manufaturas, que me permitiram ter uma formação<br />

técnica muito sólida. Hoje privilegio, sobretu<strong>do</strong>, o contacto com<br />

<strong>relojoeiros</strong> de todas as marcas.<br />

tem um percurso pessoal sui generis no meio relojoeiro.<br />

Foi bombeiro, por exemplo.<br />

Entrei para os bombeiros assim que fiz 18 anos. Num meio rural,<br />

como era o de Torres Vedras, entusiasmava-me vêr, quan<strong>do</strong><br />

soava a sirene, os bombeiros sairem a correr com to<strong>do</strong> aquele<br />

aparato. Era isso que me entusiasmava e me causava adrenalina,<br />

o correr para o risco com o objetivo de reduzir danos. Durante<br />

muitos anos deu-me imenso prazer ser bombeiro voluntário, mas<br />

hoje já não há voluntaria<strong>do</strong> nem interesse em que haja, apesar<br />

das muitas pessoas com valor que ainda existem nos diferentes<br />

corpos de bombeiros. Hoje a eficiência não é premiada, o que é<br />

premia<strong>do</strong> é o aparato.<br />

116<br />

Aprendi como autodidata. A minha curiosidade<br />

levava-me a desmanchar e vêr como eram os<br />

relógios e, a partir <strong>do</strong>s meus 15 anos, comecei a<br />

incomodar os vários importa<strong>do</strong>res que me deixavam<br />

ir para as suas oficinas falar com os <strong>relojoeiros</strong> e<br />

aprender com eles. Acabei por contactar com as<br />

várias correntes e culturas relojoeiras, por ter uma<br />

aprendizagem polivalente, por aprender as diferentes<br />

técnicas das marcas.<br />

sei que também é um nada<strong>do</strong>r eximio.<br />

Não, só tenho boa vontade. Faço uma vez por ano a travessia da<br />

baía de Sesimbra, que são mil e quinhentos metros, em que fico<br />

por tradição nos últimos 5 lugares. É uma carolice que vem <strong>do</strong><br />

tempo em que fui nada<strong>do</strong>r salva<strong>do</strong>r.<br />

sempre foi reticente em fazer crescer o seu negócio. neste<br />

perío<strong>do</strong> de turbulência parece-lhe mais evidente que quanto<br />

maior é a nau, maior é a tormenta?<br />

Julgo que sim. Ao longo <strong>do</strong>s anos nunca quis dar passos maiores<br />

que as pernas e acusaram-me de falta de visão mas, pelo visto,<br />

a minha opinião não estava desenquadrada da realidade <strong>do</strong><br />

país. Estou nesta atividade porque gosto dela, não preciso de<br />

ter resulta<strong>do</strong>s imediatos e não tenho necessidades extremas.<br />

Considero-me uma espécie de clube relojoeiro e <strong>do</strong>u-me ao luxo<br />

de poder escolher os meus clientes e de os servir da melhor<br />

maneira que quero e sei.<br />

e essa é a pedra de toque da <strong>severino</strong> <strong>relojoeiros</strong>, ao que<br />

consta - o tratamento premium que dá aos seus clientes.<br />

Se é premium não sei mas é a minha maneira de estar. A<br />

assistência que eu <strong>do</strong>u talvez tenha que vêr com a minha<br />

formação de bombeiro. Gosto <strong>do</strong> rigor, gosto de ajudar e gosto<br />

de resolver problemas. As marcas pressionam muito e tornam<br />

dificil manter o índice de qualidade na sua representação<br />

porque só querem números mas, felizmente, ainda há empresas<br />

e diretores que compreendem a minha posição. Os meus<br />

clientes procuram-me porque são clientes rigorosos, não são<br />

compra<strong>do</strong>res por impulso. Compram pela qualidade <strong>do</strong> que eu<br />

lhes ofereço.<br />

É um <strong>do</strong>s principais agentes da Cvstos, o que o seduz<br />

nessa marca?<br />

Seduz-me a inovação no design, a utilização de materiais de alta<br />

tecnologia, materiais diferentes, e o facto de ter um jovem à frente<br />

dela. Não tenho dúvida que é uma marca que vai dar que falar.<br />

www.<strong>severino</strong>.pt

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