TATIANA GODINHO PAHL A IMPORTÂNCIA DA ... - Biblioteca - IFES
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<strong>TATIANA</strong> <strong>GODINHO</strong> <strong>PAHL</strong><br />
A <strong>IMPORTÂNCIA</strong> <strong>DA</strong> LITERATURA INFANTIL PARA O<br />
DESENVOLVIMENTO <strong>DA</strong> CRIANÇA<br />
Instituto Cenecista Fayal de Ensino Superior<br />
Itajaí (SC)<br />
2008
<strong>TATIANA</strong> <strong>GODINHO</strong> <strong>PAHL</strong><br />
A <strong>IMPORTÂNCIA</strong> <strong>DA</strong> LITERATURA INFANTIL PARA O<br />
DESENVOLVIMENTO <strong>DA</strong> CRIANÇA<br />
Instituto Cenecista Fayal de Ensino Superior<br />
Itajaí (SC)<br />
2008<br />
Trabalho de Conclusão do<br />
Curso de Pedagogia apresentado ao<br />
Instituto Cenecista Fayal de Ensino<br />
Superior.<br />
2
A <strong>IMPORTÂNCIA</strong> <strong>DA</strong> LITERATURA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO <strong>DA</strong><br />
CRIANÇA<br />
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado aprovado para a obtenção do grau<br />
de Licenciatura em Pedagogia do Instituto Cenecista Fayal de Ensino Superior –<br />
<strong>IFES</strong>.<br />
Itajaí, 19 de junho de 2008.<br />
__________________________<br />
Prof. Carlos Roberto Nascimento<br />
Coordenador do Curso de Pedagogia<br />
Banca Examinadora<br />
__________________________________<br />
Prof. Eleni Santiago Seidel<br />
Orientadora<br />
__________________________________<br />
Prof. Gracia Maria do Nascimento Corrêa<br />
Convidada<br />
__________________________________<br />
Prof. Carlos Roberto Nascimento<br />
Coordenador do Curso<br />
3
<strong>TATIANA</strong> <strong>GODINHO</strong> <strong>PAHL</strong><br />
Orientador de Conteúdo<br />
Eleni Santiago Seidel<br />
Orientador de Metodologia<br />
Marcello Soares<br />
EQUIPE TÉCNICA<br />
4
DEDICATÓRIA<br />
5<br />
Dedico esse trabalho à Deus,<br />
por ter me dado saúde e<br />
temperança para realizá-lo. A<br />
meu esposo Silvio por ter sido<br />
pai e mãe de nossos filhos nas<br />
horas em que eles precisavam.
AGRADECIMENTOS<br />
Agradeço à minha família: meus pais, esposo e filhos por me apoiarem<br />
incondicionalmente.<br />
6
RESUMO<br />
Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de<br />
leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é dever de<br />
todos, principalmente do professor, pois ela é um caminho que leva a criança a<br />
desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e<br />
significativa. Crianças que têm professores leitores como exemplo e parceiros de<br />
leitura, sentem prazer em ler e não consideram a leitura uma obrigação. Portanto, a<br />
chave para o sucesso da leitura está na presença dos pais, em desde muito cedo<br />
lerem ou contarem histórias para seus filhos, professores que os estimulem desde<br />
os primeiros anos da vida escolar, já na educação infantil. Desse modo, a criança<br />
pensará na leitura como algo prazeroso a ser cultivado durante toda a vida.<br />
Palavras-chaves : Contação de histórias, Literatura infantil, Leitura, Fruição.<br />
7
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 10<br />
2. FUN<strong>DA</strong>MENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................11<br />
2.1 Breve histórico da Literatura Infantil.........................................................13<br />
2.2 Conceito de linguagem.............................................................................15<br />
2.3 Conceito de leitura...................................................................................16<br />
2.4 A CRIANÇA E A LITERATURA INFANTIL..............................................17<br />
2.4.1 A importância de ouvir histórias.............................................................17<br />
2.4.2 A criança e o livro...................................................................................19<br />
2.4.3 A literatura e os estágios psicológicos da criança..................................20<br />
2.5 LITERATURA E FRUIÇÃO........................................................................23<br />
2.5.1 O incentivo ao hábito de ler....................................................................23<br />
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................25<br />
3.1 Modalidade de Pesquisa............................................................................25<br />
3.2 Campo de Observação...............................................................................25<br />
3.3 Instrumentos de Coleta de Dados..............................................................25<br />
3.4 Critérios Para Análise dos Dados..............................................................26<br />
4 RESULTADOS .............................................................................................27<br />
4.1 Identificação das causas que limitam a leitura...........................................27<br />
4.1.1 Questionário aplicado aos pais ..............................................................28<br />
4.1.2 Questionário aplicado às crianças..........................................................31<br />
4.2 A Criança e a Contação de Histórias ........................................................34<br />
4.2.1 História 1 – O Jardim de cada um (às crianças).....................................35<br />
4.2.2 História 1 – O Jardim de cada um (aos pais) ........................................36<br />
4.2.3 História 2 – Os problemas da família Gorgonzolla ................................37<br />
4.2.4 História 3 – A Bíblia Sagrada para crianças ..........................................39<br />
4.2.5 História 4 – O coelhinho que não era de Páscoa ..................................40<br />
4.2.6 História 5 – João Boboca ou João Sabido? ...........................................45<br />
4.2.7 História 6 – Nem isso, nem aquilo... .......................................................46<br />
4.3 Literatura e fruição .....................................................................................55<br />
8
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................64<br />
6 REFERÊNCIAS..............................................................................................66<br />
APÊNDICES .....................................................................................................69<br />
ANEXO..............................................................................................................73<br />
9
1. INTRODUÇÃO<br />
Ao longo dos anos, a educação tem se preocupado em contribuir para a<br />
formação de um indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade. Isso porque<br />
se vive em uma sociedade onde as trocas sociais acontecem rapidamente, seja<br />
através da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual.<br />
Diante disso, a escola busca conhecer e desenvolver na criança as<br />
competências da leitura e da escrita e como a literatura infantil pode influenciar de<br />
maneira positiva nesse processo. Por ser um instrumento motivador e desafiador, a<br />
literatura infantil, segundo Bakhtin (1992) é capaz de transformar o indivíduo em um<br />
sujeito ativo, responsável pela sua aprendizagem, que sabe compreender o contexto<br />
em que vive e modificá-lo de acordo com a sua necessidade.<br />
O tema da presente pesquisa é a contribuição da leitura e/ou contação de<br />
histórias (literatura infantil) no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da<br />
criança.<br />
Ao analisar a leitura e contação de histórias como instrumento de<br />
desenvolvimento integral do indivíduo, percebe-se a necessidade da aplicação<br />
coerente de atividades que despertem o prazer de ler, e estas devem estar<br />
presentes diariamente na vida das crianças, desde bebês. Conforme Silva (2003,<br />
p.57) “bons livros poderão ser presentes e grandes fontes de prazer e conhecimento.<br />
Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos, poderá ser uma excelente conquista<br />
para toda a vida”.<br />
No entanto, apesar da grande importância que a literatura exerce na infância,<br />
seja no desenvolvimento emocional ou na capacidade de expressar melhor suas<br />
idéias, em geral, de acordo com Machado (2001), muitas crianças não gostam de ler<br />
e fazem-no por obrigação.<br />
O que se percebe é que a literatura, bem como toda a cultura criadora e<br />
questionadora, não está sendo explorada como deve nas escolas e isso ocorre em<br />
grande parte, pela pouca informação dos professores. A formação acadêmica dos<br />
professores, infelizmente não dá ênfase à leitura e esta é uma situação contraditória,<br />
pois segundo comentário de Machado (2001, p.45) “não se contrata um instrutor de<br />
10
natação que não sabe nadar, no entanto, as salas de aula brasileira estão repletas<br />
de pessoas que apesar de não ler, tentam ensinar.”<br />
Existem dois fatores que contribuem para que a criança adquira o gosto pela<br />
leitura: curiosidade e exemplo. Neste sentido, o livro deveria ter a mesma<br />
importância que tem a televisão dentro do lar. Os pais deveriam ler mais para os<br />
filhos e para si próprios. No entanto, de acordo com a UNESCO (2005) somente<br />
14% da população tem o hábito de ler, o que permite afirmar que a sociedade<br />
brasileira não é leitora, em sua maioria.<br />
Assim, a situação problema levantada para a construção da pesquisa foi<br />
como desenvolver nos alunos uma literatura baseada na fruição?<br />
O objetivo geral foi propor ações que pudessem resgatar através da leitura e<br />
narrativa de diversas obras literárias o prazer pela leitura, criando ambientes<br />
motivadores para uma leitura fruitiva.<br />
Para atingir esse objetivo, tornou-se essencial elaborar objetivos específicos<br />
que primeiramente permitiram identificar os fatores que limitam a leitura, num<br />
segundo momento observar as reações das crianças frente à leitura e contação de<br />
histórias, para, finalmente, sugerir alguns meios que possam levar as crianças a<br />
apropriar-se do ler por prazer, levar a criança a descobrir que a leitura não só amplia<br />
o conhecimento, mas é fonte de prazer e divertimento.<br />
Nesse sentido, partiu-se do trabalho a ser desenvolvido no 1º trimestre letivo<br />
de 2008 com os alunos da 2ª. Série do Ensino Fundamental I do Colégio Salesiano<br />
Itajaí, onde a pesquisadora atua como professora do grupo. O grupo da 2ª. Série é<br />
formado por 15 alunos e 10 alunas, com idade entre 7 e 8 anos.<br />
A concepção epistemológica adotada para a pesquisa foi do estudo de caso,<br />
pois trata-se de um estudo aprofundado de uma situação específica, ou seja, a<br />
contação de histórias com um grupo de crianças da 2ª. série do Ensino<br />
Fundamental.<br />
A pesquisa se propôs a analisar, de forma qualitativa e quantitativa, o<br />
envolvimento da família (representada pelos pais) nas atividades de leitura e<br />
contação de histórias às crianças envolvidas e o grau de envolvimento dos pais com<br />
a leitura, para que fosse possível verificar se o meio familiar favorecia o<br />
desenvolvimento do hábito de ler e/ou ouvir história.<br />
Os dados obtidos nessa pesquisa foram coletados através de questionário<br />
realizado com os pais das crianças, bem como a observação das reações e da<br />
11
interação que ocorreram durante os momentos de contação e leitura de histórias<br />
realizada às crianças na sala de aula pela pesquisadora que nesse caso, é a<br />
professora regente da turma.<br />
O segundo capítulo dessa pesquisa constitui a base teórica que norteou o<br />
trabalho da pesquisadora. Os pressupostos teóricos que embasam o estudo iniciam<br />
com um breve histórico da Literatura Infantil de Zilbermann e Lajolo (1998) e Coelho<br />
(1991). Os conceitos de linguagem e leitura, tiveram como base a interação de<br />
Bakthin (1992). A crianças e as histórias, os estágios psicológicos da criança,<br />
tiveram retorno nas leituras de Abramovich (1997), Sandroni e Machado (1998) e<br />
Coelho (2000). A literatura e fruição emergiram das leituras de Bamberguer (2000) e<br />
Pennac (1998) e Sandroni e Machado (1998).<br />
Procurou-se sustentação teórica para reforçar a idéia da importância da<br />
leitura para o desenvolvimento integral do indivíduo e certificar-se de que é tarefa da<br />
família e da escola desenvolver na criança o hábito de ler por prazer, não por<br />
obrigação.<br />
Na etapa final da pesquisa, foram analisadas as atividades realizadas pelas<br />
crianças após a leitura ou contação, bem como a interação entre professor e alunos<br />
durante as atividades de leitura.<br />
A leitura é muito importante para o desenvolvimento da criança, visto que é o<br />
caminho que leva a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma<br />
prazerosa e significativa na criança.<br />
O ideal é conscientizar pais e professores sobre a importância de desenvolver<br />
o hábito da leitura nos primeiros anos de vida da criança. Assim, é indispensável<br />
uma ação que estimule o envolvimento de todos, sendo para isso, necessário um<br />
trabalho contínuo, que prepare inicialmente os professores. Sabe-se através de<br />
estudos que um professor só poderá formar bons leitores, se ele próprio for um leitor<br />
competente.<br />
O aluno será um bom leitor se ver a leitura com prazer. Assim, a leitura<br />
poderá ser um hábito saudável, capaz de formar cidadãos conscientes,<br />
competentes, com sensibilidade e imaginação.<br />
12
2. FUN<strong>DA</strong>MENTAÇÃO TEÓRICA<br />
2.1 Breve histórico da Literatura Infantil<br />
Os primeiros livros direcionados ao público infantil, surgiram no século XVII<br />
(ZILBERMANN e LAJOLO,1998). Observa-se que, no início, a literatura para<br />
crianças se encontrava mesclada com a literatura para adultos, mas segundo<br />
Zilbermann e Lajolo (1998) adquiriu contornos específicos com o Romantismo.<br />
Segundo Zilbermann e Lajolo (1998) deve-se a particularização da infância ao<br />
desenvolvimento de uma literatura direcionada. A burguesia, ao privilegiar a família,<br />
preocupou-se com o sentimento e as particularidades da infância. Dessa forma a<br />
Literatura do século XIX que era essencialmente burguesa, trouxe a aventura, a<br />
ficção científica, o conto de fadas e as fábulas, fazendo com que este se tornasse o<br />
século de ouro da Literatura Infantil.<br />
Por seu caráter mágico e maravilhoso, os contos de fadas, predominantes<br />
na literatura infantil, tornaram-se clássicos. Segundo Coelho (1991) os contos<br />
narrados pelos camponeses em torno das lareiras, consistiam num ritual familiar<br />
vespertino visto que as noites eram muito compridas e precisavam ser preenchidas<br />
com algo que fornecesse um consolo à vida dura e medíocre. Cumpre lembrar que<br />
eram estrategicamente narrados à noitinha para que ficassem registrados no<br />
inconsciente infantil como o último relato do dia, favorecendo à memorização e à<br />
fruição. Tais relatos eram fantasiosos, seja para divertir os adultos, seja para<br />
assustar as crianças. Foram histórias acumuladas ao longo das eras, transmitidas<br />
pela fala de um contador e posteriormente, registradas por escrito.<br />
Assim, ao longo do século XVIII (COELHO, 1991) surge outro enfoque<br />
relevante para a literatura infantil, o comprometimento com a Pedagogia e a Ética,<br />
dentro dos valores da burguesia em ascensão. O didatismo, o moralismo e a<br />
doutrinação religiosa indicam a preocupação da época com a iniciação científica,<br />
relegando a recreação a um segundo plano. Tal fato se dá porque o reconhecimento<br />
da infância ocorre na Europa, nesse século, quando é atribuído à criança o papel de<br />
aprendiz num espaço próprio – a escola – e de quem se espera determinado<br />
comportamento. Assim, a escola passa a usar uma literatura intencional, cujas<br />
13
histórias acabavam sempre premiando o bom e castigando o que se considerava<br />
mau. Seguia à risca os preceitos religiosos e considerava a criança um ser a se<br />
moldar de acordo com o desejo dos que a educam, podando-lhe aptidões e<br />
expectativas.<br />
Na Alemanha, os irmãos Grimm, com suas personagens populares de<br />
histórias coletadas do povo, ao organizarem os textos a partir do relato oral, sem<br />
acréscimos ou reduções, marcaram o início do verdadeiro estudo do folclore, na<br />
Europa. Na Dinamarca, Hans Christian Andersen transformou, com poesia, o<br />
maravilhoso no real e apresentou com sutileza, não a moralidade, mas a moral,<br />
baseando seus contos no folclore e nas vivências de menino pobre.<br />
No fim do século XVIII, com o desenvolvimento da história e seus problemas<br />
sociais inevitáveis, a literatura apresenta a criança abandonada, que encontra em<br />
Andersen seu maior expoente com o conto A pequena vendedora de fósforos.<br />
(ARROYO, 1990).<br />
Monteiro Lobato foi o grande divisor de águas na literatura infantil no Brasil.<br />
De Lobato até os dias de hoje, houve um grande avanço, Acredita-se que Contos<br />
da Carochinha tenha sido o primeiro livro para crianças publicado no Brasil, em<br />
1896, consistindo numa coletânea, organizada por Figueiredo Pimentel de contos<br />
populares, traduzidos e adaptados, de Perrault, Grimm e Andersen. (COELHO,<br />
1991)<br />
Atualmente, escritores como Ziraldo, Silvia Orthof, Ruth Rocha e Ana Maria<br />
Machado escrevem um livro diferente para as crianças, sem o didatismo que sempre<br />
caracterizou a literatura infantil. Com um apelo lúdico muito forte, apresentam<br />
problemas que acontecem no cotidiano da vida infantil. Ao abolir o moralismo<br />
pedante, transformam as situações de crise e conflito em situações engraçadas e<br />
ternas. Discutem a relação de poder, de autoridade e política com doçura e poesia.<br />
Segundo Abramovich (1997) quando as crianças ouvem essas histórias,<br />
passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao<br />
mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como<br />
medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de<br />
ensinarem infinitos assuntos.<br />
14
15<br />
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares,<br />
outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra<br />
ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política,<br />
sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e<br />
muito menos achar que tem cara de aula. (ABRAMOVICH, 1997,<br />
p.17)<br />
Nesse sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e<br />
perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um<br />
adulto leitor.<br />
Da mesma forma através da leitura a criança adquire uma postura críticoreflexiva<br />
extremamente relevante à sua formação cognitiva. Ela pode pensar,<br />
duvidar, perguntar-se, questionar, pode se sentir inquieta e cutucada ao ler uma<br />
história e querer lê-la até o final, ou deixá-la de lado de uma vez.<br />
2.2 Conceito de Linguagem<br />
Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de comentar, indagar,<br />
duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação verbal, que neste caso, vem ao<br />
encontro da noção de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, o confrontamento de<br />
idéias, de pensamentos em relação aos textos, tem sempre um caráter coletivo,<br />
social.<br />
O conhecimento é adquirido na interlocução, o qual evolui por meio do<br />
confronto, da contrariedade. Assim, a linguagem segundo Bakthin (1992) é<br />
constitutiva, isto é, o sujeito constrói o seu pensamento, a partir do pensamento do<br />
outro, portanto, uma linguagem dialógica.<br />
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um<br />
diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar, etc. Neste diálogo,<br />
o homem participa todo e com toda a sua vida: com os olhos, os<br />
lábios, as mãos, a alma, o espírito, com o corpo todo, com as suas<br />
ações. Ele se põe todo na palavra e esta palavra entra no tecido<br />
dialógico da existência humana, no simpósio universal. (BAKHTIN,<br />
1992, p.149)<br />
É partindo dessa visão da interação social e do diálogo, que se pretende<br />
compreender a relevância da literatura infantil.
2.3 Conceito de Leitura<br />
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de<br />
construção do significado do texto. Segundo Coelho (2000), a leitura, no sentido de<br />
compreensão do mundo, é condição básica do ser humano.<br />
A compreensão e sentido daquilo que o cerca inicia-se quando bebê, nos<br />
primeiros contatos com o mundo. Os sons, os odores, o toque, o paladar, de acordo<br />
com Martins (1994) são os primeiros passos para aprender a ler.<br />
Ler, no entanto, é uma atividade que implica não somente na decodificação<br />
de símbolos, ela envolve uma série de estratégias que permitem ao indivíduo<br />
compreender o que lê. Nesse sentido, relatam os PCN’s (2001, p.54.):<br />
16<br />
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de<br />
selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que<br />
podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar<br />
estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a<br />
essa necessidade.<br />
Assim, pode-se observar que a capacidade para aprender está ligada ao<br />
contexto pessoal do indivíduo. Desta forma, Lajolo (2002) afirma que cada leitor,<br />
entrelaça o significado pessoal de suas leituras de mundo com os vários significados<br />
que ele encontrou ao longo da história de um livro, por exemplo.<br />
Um outro pesquisador da leitura, o professor Ezequiel Theodoro da Silva<br />
(1981), define leitura como uma atribuição contínua de significados, que tem como<br />
funções a circulação da cultura e uma forma de participação entre as pessoas. Para<br />
Silva, “o leitor transforma o texto e transforma-se, e, assim, constituem-se três<br />
propósitos fundamentais da leitura: compreender a mensagem, compreender-se na<br />
mensagem e compreender-se pela mensagem.” (1981, p.45). A leitura é, assim,<br />
vista como um deciframento e um desdobramento do texto.<br />
O primeiro mundo que o indivíduo busca compreender é o da família, a casa<br />
onde mora, o quintal onde brinca, o bairro, a cidade, o estado, o país. Tudo isso<br />
marcado fortemente por um lugar social. E ao buscar compreender está fazendo<br />
leituras desse mundo – leitura crítica, prazerosa, envolvente, significativa,<br />
desafiadora.<br />
O ato de ler então, não representa apenas a decodificação, já que esta não<br />
está imediatamente ligada a uma experiência, fantasia ou necessidade do indivíduo.
De acordo com os PCN’s (2001), a decodificação é apenas uma, das várias<br />
etapas de desenvolvimento da leitura. A compreensão das idéias percebidas, a<br />
interpretação e a avaliação são as outras etapas que segundo Bamberguer (2000,<br />
p.23) “fundem-se no ato da leitura”.<br />
Dessa forma, trabalhar com a diversidade textual, segundo os PCN’s (2001),<br />
fazendo com que o indivíduo desenvolva significativamente as etapas de leitura é<br />
contribuir para a formação de leitores competentes.<br />
2.4 A Criança e a Literatura Infantil<br />
2.4.1 A Importância de Ouvir Histórias<br />
O ato de contar histórias é remoto. Em todas as partes do mundo<br />
encontramo-lo. E por ele se perpetua a literatura oral, comunicando de indivíduo a<br />
indivíduo e de povo a povo o que os homens, através das idades, têm selecionado<br />
da sua experiência como mais indispensável à vida.<br />
A literatura, inicialmente utilitária, a princípio utiliza a própria palavra como<br />
instrumento. Serve-se dela como elemento do ritual, compelindo a natureza, por<br />
ordens, súplicas ou louvores, que segundo Meireles (1984) eram necessários ao<br />
bem- estar humano.<br />
O valor estético de contar histórias vem acrescentar-se, depois, como<br />
acessório ao primeiro valor, de interesse imediato. Neste sentido, Meireles relata<br />
sobre a satisfação de ser contador de histórias e o prazer de ser ouvinte:<br />
17<br />
O gosto de contar é idêntico ao de escrever – e os primeiros<br />
narradores são os antepassados anônimos de todos os escritores. O<br />
gosto de ouvir é como o gosto de ler. Assim, as bibliotecas, antes de<br />
serem estas infinitas estantes, com as vozes presas dentro dos<br />
livros, foram vivas e humanas, rumorosas, com gestos, canções,<br />
danças entremeadas às narrativas. (1984, p.49)<br />
Dessa forma, ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que desperta<br />
o interesse das pessoas em todas as idades.<br />
Se os adultos adoram ouvir uma boa história, um “bom causo”, a criança é<br />
capaz de se interessar e gostar ainda mais delas, já que sua capacidade de<br />
imaginar é mais intensa.
A narrativa faz parte da vida da criança desde quando bebê, através da voz<br />
amada, dos acalantos e das canções de ninar, que mais tarde vão dando lugar às<br />
cantigas de roda, a narrativas curtas sobre crianças, animais ou natureza. Crianças<br />
bem pequenas, já demonstram seu interesse pelas histórias, batendo palmas,<br />
sorrindo, sentindo medo ou imitando algum personagem.<br />
Nesse sentido, é fundamental para a formação da criança que ela ouça<br />
muitas histórias desde a mais tenra idade.<br />
O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o<br />
pai, a mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A<br />
preferida, nesta fase, é a história da sua vida.<br />
A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que aconteceram<br />
com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já é capaz de<br />
escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais lhe agrada. É<br />
nessa fase, que as histórias vão tornando-se aos poucos mais extensas, mais<br />
detalhadas.<br />
A criança passa a interagir com as histórias, acrescenta detalhes,<br />
personagens ou lembra de fatos que passaram despercebidos pelo contador. Essas<br />
histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça a sua identidade,<br />
compreenda melhor as relações familiares.<br />
Outro fato relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador<br />
das histórias e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegado a quem se ama é<br />
compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e dos<br />
livros.<br />
Algum tempo depois, as crianças passam a se interessar por histórias<br />
inventadas e pelas histórias dos livros, como: contos de fadas ou contos<br />
maravilhosos, poemas, ficção, etc. Têm nesta perspectiva, a possibilidade de<br />
envolver o real e o imaginário, que, de acordo com a afirmação de Sandroni &<br />
Machado (1998, p.15), “os livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A<br />
partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua<br />
experiência da vida real.”.<br />
É importante contar histórias mesmo para as crianças que já sabem ler, pois<br />
segundo Abramovich (1997, p.23) “quando a criança sabe ler é diferente sua relação<br />
com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”.<br />
18
Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua<br />
capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o<br />
escrever, o criar, o recriar.<br />
Em um mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão<br />
prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá<br />
no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para<br />
compreender a sua própria realidade.<br />
Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de<br />
vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e<br />
também de sua imaginação,que segundo Vygotsky (1992, p.128) caminham juntos:<br />
“a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento<br />
realista.”. Nesse sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência<br />
tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade vivenciado pela<br />
criança, através de uma história por exemplo, é essencial para conhecer mais<br />
profundamente a sua própria realidade.<br />
2.4.2 A Criança e o Livro<br />
O contato da criança com o livro pode acontecer muito antes do que os<br />
adultos imaginam. Muitos pais acreditam que a criança que não sabe ler não se<br />
interessa por livros, portanto, não precisa ter contato com eles. O que se percebe é<br />
bem ao contrário. Segundo Sandroni e Machado (1998, p.12) “a criança percebe<br />
desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”.<br />
As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que<br />
os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e<br />
nomeando-as.<br />
É importante que o livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que<br />
tenha um contato mais íntimo com o objeto do seu interesse.<br />
A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de<br />
um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e<br />
desenhos.<br />
De acordo com Sandroni e Machado (1998, p.16) “o amor pelos livros não é<br />
coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles<br />
19
podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta<br />
descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.<br />
2.4.3 A Literatura e os Estágios Psicológicos da Criança<br />
Durante o seu desenvolvimento, a criança passa por estágios psicológicos<br />
que precisam ser observados e respeitados no momento da escolha de livros para<br />
ela. Essas etapas não dependem exclusivamente de sua idade, de acordo com<br />
Coelho (2000), dependem do seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo e<br />
intelectual e seu nível de conhecimento e domínio do mecanismo da leitura.<br />
Neste sentido, é necessária a adequação dos livros às diversas etapas<br />
pelas quais a criança normalmente passa. Existem cinco categorias que norteiam as<br />
fases do desenvolvimento psicológico da criança: o pré-leitor, o leitor iniciante, o<br />
leitor-em-processo, o leitor fluente e o leitor crítico. Segundo Coelho (2000):<br />
O pré-leitor: categoria que abrange duas fases.<br />
Primeira infância (dos 15/17 meses aos 3 anos): nesta fase a criança<br />
começa a reconhecer o mundo ao seu redor através do contato afetivo e do tato. Por<br />
esse motivo ela sente necessidade de pegar ou tocar tudo o que estiver ao seu<br />
alcance. Outro momento marcante nesta fase é a aquisição da linguagem, onde a<br />
criança passa a nomear tudo a sua volta.<br />
A partir da percepção da criança com o meio em que vive, é possível<br />
estimulá-la oferecendo-lhe brinquedos, álbuns, chocalhos musicais, entre outros.<br />
Assim, ela poderá manuseá-los e nomeá-los e com a ajuda de um adulto poderá<br />
relacioná-los propiciando situações simples de leitura.<br />
Segunda infância (a partir dos 2/3 anos): é o início da fase egocêntrica. Está<br />
mais adaptada ao meio físico e aumenta sua capacidade e interesse pela<br />
comunicação verbal. Como se interessa também por atividades lúdicas, o “brincar”<br />
com o livro será importante e significativo para ela.<br />
Nessa fase, os livros adequados, de acordo com Abramovich (1997) devem<br />
apresentar um contexto familiar, com predomínio absoluto da imagem que deve<br />
sugerir uma situação. Não se deve apresentar texto escrito, já que é através da<br />
nomeação das coisas que a criança estabelecerá uma relação entre a realidade e o<br />
mundo dos livros.<br />
20
Livros que propõem humor, expectativa ou mistério são indicados para o<br />
pré-leitor.<br />
A técnica da repetição ou reiteração de elementos são, segundo Coelho<br />
(2000, p.34), “favoráveis para manter a atenção e o interesse desse difícil leitor a<br />
ser conquistado”.<br />
O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos): essa é a fase em que a criança<br />
começa a apropriar-se da decodificação dos símbolos gráficos, mas como ainda<br />
encontra-se no início do processo, o papel do adulto como “agente estimulador” é<br />
fundamental.<br />
Os livros adequados nessa fase devem ter uma linguagem simples com<br />
começo, meio e fim. As imagens devem predominar sobre o texto.<br />
As personagens podem ser humanas, bichos, robôs, objetos, especificando<br />
sempre os traços de comportamento, como bom e mau, forte e fraco, feio e bonito.<br />
Histórias engraçadas, ou que o bem vença o mal, atraem muito o leitor nesta fase.<br />
Indiferentemente de se utilizarem textos como contos de fadas ou do mundo<br />
cotidiano, de acordo com Coelho (2000, p. 35) “eles devem estimular a imaginação,<br />
a inteligência, a afetividade, as emoções, o pensar, o querer, o sentir”.<br />
O leitor-em-processo (a partir dos 8/9anos): a criança nesta fase já domina o<br />
mecanismo da leitura. Seu pensamento está mais desenvolvido, permitindo-lhe<br />
realizar operações mentais. Interessa-se pelo conhecimento de toda a natureza e<br />
pelos desafios que lhes são propostos.<br />
O leitor desta fase tem grande atração por textos em que haja humor e<br />
situações inesperadas ou satíricas. O realismo e o imaginário também agradam a<br />
este leitor.<br />
Os livros adequados a essa fase devem apresentar imagens e textos, estes,<br />
escritos em frases simples, de comunicação direta e objetiva.<br />
De acordo com Coelho (2000), os livros devem conter histórias com início,<br />
meio e fim. O tema deve girar em torno de um conflito que deixará o texto mais<br />
emocionante e culminar com a solução do problema.<br />
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos): nessa etapa o leitor está em fase<br />
de consolidação dos mecanismos da leitura. Sua capacidade de concentração<br />
cresce e ele é capaz de compreender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho<br />
(2000), é a partir dessa fase que a criança desenvolve o “pensamento hipotético<br />
dedutivo” e a capacidade de abstração.<br />
21
Esse estágio, chamado de pré-adolescência, promove mudanças<br />
significativas no indivíduo. Há um sentimento de poder interior, de ver-se como um<br />
ser inteligente, reflexivo, capaz de resolver todos os seus problemas sozinhos. Aqui<br />
há uma espécie de retomada do egocentrismo infantil, pois assim como acontece<br />
com as crianças nesta fase, o pré-adolescente pode apresentar um certo<br />
desequilíbrio com o meio em que vive.<br />
O leitor fluente é atraído por histórias que apresentem valores políticos e<br />
éticos, por heróis ou heroínas que lutam por um ideal. Identificam-se com textos que<br />
apresentam jovens em busca de espaço no meio em que vivem, seja no grupo,<br />
equipe, entre outros.<br />
É adequado oferecer a esse tipo de leitor, histórias com linguagem mais<br />
elaborada. As imagens já não são indispensáveis, porém ainda são um elemento<br />
forte de atração.<br />
Interessam-se por mitos e lendas, histórias policiais, romances e aventuras.<br />
Os gêneros narrativos que mais agradam são os contos, as crônicas e as novelas.<br />
O leitor crítico (a partir dos 12/13 anos): é total o domínio da leitura e da<br />
linguagem escrita. Sua capacidade de reflexão aumenta, permitindo-lhe a<br />
intertextualização. Desenvolve gradativamente o pensamento reflexivo e a<br />
consciência crítica em relação ao mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder<br />
são elementos que permeiam o adolescente.<br />
O convívio do leitor crítico com o texto literário, segundo Coelho (2000,<br />
p.40): “deve extrapolar a mera fruição de prazer ou emoção e deve provocá-lo para<br />
penetrar no mecanismo da leitura”.<br />
O leitor crítico continua a interessar-se pelos tipos de leitura da fase anterior,<br />
porém, é necessário que ele se aproprie dos conceitos básicos da teoria literária. De<br />
acordo com Coelho (2000, p.40) a literatura é considerada a arte da linguagem e<br />
como qualquer arte exige uma iniciação. Assim, há certos conhecimentos a respeito<br />
da literatura que não podem ser ignorados pelo leitor crítico.<br />
22
2.5 Literatura e Fruição<br />
2.5.1 O Incentivo ao Hábito de Ler<br />
O ato de ler, na concepção de José Morais (1970), oscila em torno de um<br />
desafio, um prazer pessoal e um problema social. Desafio porque a arte de ler é uma<br />
arte menosprezada, que o homem realiza automaticamente, sem pensar. Prazer<br />
pessoal porque já foi comparada ao sonhar, ao pastar e ao digerir. Um problema<br />
social porque a demanda da sociedade é por pessoas leitoras e letradas e, mesmo<br />
no século XXI, a leitura ainda é mal compartilhada, nos países desenvolvidos.<br />
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante que<br />
começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida inteira.<br />
Existem diversos fatores que influenciam o interesse pela leitura. O primeiro<br />
e talvez mais importante é determinado pela “atmosfera literária” que, segundo<br />
Bamberguer (2000, p.71) a criança encontra em casa.<br />
A criança que ouve histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e<br />
que seja estimulada, terá um desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem<br />
como a prontidão para a leitura.<br />
De acordo com Bamberguer (2000) a criança que lê com maior desenvoltura<br />
se interessa pela leitura e aprende mais facilmente; neste sentido, a criança<br />
interessada em aprender se transforma em um leitor capaz. Sendo assim, pode-se<br />
dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada à motivação. Infelizmente são<br />
poucos os pais que se dedicam efetivamente a estimular essa capacidade nos filhos.<br />
Outro fator que contribui positivamente em relação à leitura é a influência do<br />
professor. Nessa perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel:<br />
o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler. A respeito do prazer de ler, Daniel<br />
Pennac (1998) assinala que é necessário não utilizar o verbo ler no imperativo, para<br />
ele, o dogma, ou seja, a necessidade de ler, funciona como um impedimento ao<br />
prazer da leitura. E para recuperar esse prazer, o autor elenca dez direitos<br />
“imprescritíveis do leitor”: o direito de não ler; o de pular páginas; o de não terminar<br />
um livro; o de reler; o de ler qualquer coisa; o direito ao bovarismo; o de ler em<br />
qualquer lugar; o de ler uma frase aqui e outra ali; o de ler em voz alta e o direito de<br />
calar.<br />
23
Assim, professores que oferecem pequenas doses diárias de leitura<br />
agradável, sem forçar, mas com naturalidade, desenvolverão na criança um hábito<br />
que poderá acompanhá-la pela vida afora. .<br />
Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os<br />
conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça uma certa variedade de livros<br />
de literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a<br />
idade cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de<br />
leitura que ela se encontra. De acordo com Sandroni e Machado (1998, p.23) “o<br />
equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do bom senso e da<br />
habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe homogênea”.<br />
Assim, as condições necessárias ao desenvolvimento de hábitos positivos<br />
de leitura, incluem oportunidades para ler de todas as formas possíveis. Freqüentar<br />
livrarias, feiras de livros e bibliotecas são excelentes sugestões para tornar<br />
permanente o hábito de leitura.<br />
24
3. METODOLOGIA<br />
3.1. Modalidade da pesquisa<br />
Os dados da pesquisa foram analisados quantitativa e qualitativamente. A<br />
pesquisa se caracteriza como descritiva, uma vez que os dados coletados e<br />
analisados permitiram descrever a realidade encontrada na escola e em casa.<br />
Quanto aos procedimentos de investigação, trata-se de um estudo de caso, com um<br />
grupo significativo de pessoas envolvidas acerca da questão-problema, é também<br />
uma pesquisa bibliográfica, já que se fundamenta em diversos autores que<br />
discorrem sobre o assunto.<br />
3.2. Campo de observação<br />
A proposta da presente pesquisa é a verificação do uso do texto literário<br />
apresentado pela pesquisadora na escola onde leciona aos seus alunos, se este<br />
cumpriu os objetivos propostos na pesquisa.<br />
Os sujeitos da pesquisa foram 25 alunos da 2ª. série do Ensino Fundamental<br />
do Colégio Salesiano Itajaí, sendo 15 meninos e 10 meninas com idade entre 7 e 8<br />
anos.<br />
A pesquisa também se propôs a analisar de forma qualitativa o envolvimento<br />
da família (representada pelos pais) nas atividades de leitura e contação de histórias<br />
às crianças envolvidas e o grau de envolvimento dos pais com a leitura, para que se<br />
possa verificar se o meio é favorável ao desenvolvimento do hábito de ler e/ou ouvir<br />
história.<br />
3.3. Instrumentos de coleta de dados<br />
Na primeira etapa do trabalho foi realizado contato com a coordenação do<br />
Colégio Salesiano Itajaí, a fim de apresentar o projeto e conseguir autorização<br />
definitiva para que esse estudo fosse realizado.<br />
Em um segundo momento foi enviado uma correspondência aos pais dos<br />
alunos para a realização do trabalho de pesquisa. (Anexo 1).<br />
25
Com objetivo de investigar os fatores que limitam a leitura, foi realizado um<br />
questionário com os pais dos sujeitos (Apêndice 1). Esse questionário foi enviado<br />
pelos alunos e os pais responderam-no em casa. Posteriormente, um questionário<br />
com perguntas dirigidas às crianças foi respondido por elas na classe. (Apêndice 2).<br />
Os últimos dados da pesquisa foram coletados através da observação das<br />
reações e da interação que ocorreram durante os momentos de contação e leitura<br />
de histórias que a pesquisadora fez a essas crianças. Foram sete momentos de<br />
leitura ou contação de histórias, realizados na sala de aula e na biblioteca infantil da<br />
escola, nos meses de fevereiro, março e abril.<br />
Foram analisadas as atividades realizadas pelas crianças após a leitura ou<br />
contação, bem como a interação entre professor e alunos durante as atividades de<br />
leitura.<br />
3.4. Critérios para a análise de dados<br />
A avaliação foi feita através de análise e a interpretação de dados (por<br />
gráficos) e por último, pretendeu-se apontar algumas sugestões acerca da leitura de<br />
textos literários para crianças, a fim de efetivar o objetivo desta pesquisa.<br />
Para essa análise, a pesquisadora fez uso da filmagem realizada por um<br />
funcionário da instituição. As demais atividades não foram filmadas.<br />
26
4 RESULTADOS<br />
4.1 Identificação das causas que limitam a leitura<br />
Nessa etapa da pesquisa fez-se a análise dos dados relativos inicialmente às<br />
respostas obtidas pelos pais dos alunos. O questionário foi composto por 12<br />
questões relacionadas aos hábitos de leitura dos pais e aos fatores que possam<br />
limitar a leitura, como os programas de televisão, jogos e sites na Internet, entre<br />
outros.<br />
Outro foco importante da pesquisa, foi o de investigar se os pais têm o hábito<br />
de ler ou de contar histórias aos filhos. Essa pergunta aparece tanto no questionário<br />
direcionado aos pais, quanto no das crianças, porém com enunciados distintos. No<br />
questionário dos pais havia a pergunta: Costuma ler ou contar histórias ao seu filho<br />
(a)? Já no direcionado às crianças a pergunta foi elaborada da seguinte maneira:<br />
Costuma ouvir histórias contadas ou lidas pelos pais?<br />
Posteriormente, os alunos também responderam a um questionário composto<br />
por 10 questões, também relacionadas ao seu hábito de leitura, bem como suas<br />
preferências em relação ao material literário e suas considerações sobre a<br />
importância da leitura.<br />
Após a aplicação do questionário, a professora/pesquisadora registrou alguns<br />
dados e organizou-os em gráficos para uma melhor visualização por parte do leitor.<br />
Ao fazer um comparativo entre as respostas obtidas, foi possível observar que<br />
elas se equipararam, mostrando uma fidedignidade nas respostas dos alunos em<br />
relação as dos pais.<br />
27
4; 6%<br />
5; 7%<br />
4.1.1 Questionário aplicado aos pais<br />
64%<br />
Gráfico 1 – Escolaridade do pai Gráfico 2 – Escolaridade da mãe<br />
Quantas tevês há em casa?<br />
9%<br />
32% uma<br />
27%<br />
duas<br />
32%<br />
três<br />
outros<br />
Gráfico 3 – Número de televisores nas residências Gráfico 4 – Número de computadores nas casas<br />
16; 23%<br />
Programas que assiste? Mãe<br />
14; 20%<br />
Qual a escolaridade do pai?<br />
9%<br />
27%<br />
16; 23%<br />
15; 21%<br />
E.F. até a 8a. Série<br />
E. Médio<br />
E. Superior<br />
jornais<br />
filmes<br />
novelas<br />
esportes<br />
desenhos<br />
programas de<br />
variedades<br />
12; 20%<br />
Programas que assiste? (Pai)<br />
9; 15%<br />
19; 33%<br />
12; 21%<br />
Gráfico 5 – Programas assistidos pela mãe Gráfico 6 – Programas assistidos pelo pai<br />
De acordo com os dados obtidos na pesquisa, os pais possuem um nível de<br />
escolaridade elevado, sendo que, em sua maioria concluíram o Ensino Superior<br />
47%<br />
10%<br />
2; 3%<br />
Qual a escolaridade da mãe?<br />
Possuem computador em casa?<br />
5; 8%<br />
10%<br />
5%<br />
33%<br />
95%<br />
jornais<br />
filmes<br />
novelas<br />
esportes<br />
28<br />
E.F. até a 8a. Série<br />
E.F Médio<br />
Ensino Superior<br />
Mestrado/Doutora<br />
do<br />
sim<br />
não<br />
desenhos<br />
programas de<br />
variedades
(gráficos 1 e 2). Por essa pesquisa ter sido realizada em uma escola da rede<br />
particular de ensino de Itajaí, onde o poder aquisitivo dos que nela estudam é maior,<br />
foi possível observar que as famílias, em sua grande maioria possuem vários<br />
televisores em casa e também computador (gráficos 3 e 4) e que a grande maioria<br />
dos pais procura, sempre que possível, assistir aos programas que mais lhe<br />
agradam, que nesse caso seriam os telejornais, filmes e programas de variedades<br />
(gráficos 5 e 6). A clientela atendida por essa escola, na sua maioria é composta<br />
por pais médicos, advogados, jornalistas, dentistas, empresários, psicólogos,<br />
engenheiros, entre outras profissões e usam o recurso da televisão para manteremse<br />
informados e também para se divertir.<br />
A oferta dos programas de televisão e dos sites na Internet é vasta e<br />
imediata. Programas de variedades, ou jornalísticos, por exemplo, às vezes abordam<br />
temas em 45 minutos o que demoraria algumas semanas para se esgotar em um<br />
livro, mesmo que esses não tenham a mesma qualidade. Infelizmente, as pessoas<br />
estão muito apressadas e querem respostas imediatas. Não querem “perder tempo”.<br />
41%<br />
Possuem assinatura de jornal?<br />
Gráfico 7 – Assinatura de revista Gráfico 8 – Assinatura de jornal<br />
Com que freqüência faz algum tipo de leitura?<br />
Pai<br />
14%<br />
10%<br />
29%<br />
diariamente<br />
14%<br />
25%<br />
Gráfico 7 – Hábito de leitura do pai<br />
semanalmente<br />
Gráfico 8 – Número de livros lido pelo pai<br />
50% às vezes<br />
15%<br />
Possuem assinatura de revista?<br />
59%<br />
raramente<br />
Gráfico 9 – Hábito de leitura do pai Gráfico 10 – Número de livros lidos pelo pai<br />
sim<br />
não<br />
82%<br />
18%<br />
Quantos livros leu no último ano? Pai<br />
43%<br />
nenhum<br />
dois<br />
cinco<br />
29<br />
mais de cinco<br />
sim<br />
não
Com que freqüência faz algum tipo de leitura?<br />
Mãe<br />
36%<br />
9%<br />
9%<br />
46%<br />
Gráfico 11 – Hábito de leitura da mãe Gráfico 12 – Número de livros lidos pela mãe<br />
A pesquisa mostra que a maioria dos pais possui assinatura de revistas<br />
(gráfico 7) e apenas 18% dos questionados possuem assinatura de jornal (gráfico 8).<br />
Os pais têm o hábito diário de fazer algum tipo de leitura (gráficos 9 e 11), porém as<br />
mães leram mais livros do que os pais no último ano (gráficos 10 e 12). Há um<br />
número significativo de pais que não leu nenhum livro no último ano.<br />
Conta ou lê histórias para seu filho? Pai<br />
95%<br />
5%<br />
diariamente<br />
semanalmente<br />
às vezes<br />
raramente<br />
sempre<br />
às vezes<br />
Quantos livros leu no último ano? Mãe<br />
Gráfico 11 – Hábito de contar ou ler histórias – Pai Gráfico 12 – Hábito de contar ou ler histórias – Mãe<br />
A importância de ler ou contar histórias para os filhos é a mesma para ambos<br />
os sexos. No entanto, de acordo com os dados obtidos na pesquisa (gráficos 11 e<br />
12) são as mães que costumam fazê-lo. Ao que parece, os homens atribuem essa<br />
atividade como sendo feminina e a deixam a cargo das mães. Mesmo estando no<br />
séc. XXI alguns pais ainda possuem a idéia machista de que homens jogam futebol<br />
com os filhos e as mulheres é que devem “contar as historinhas”.<br />
14%<br />
64%<br />
23%<br />
31%<br />
9%<br />
23%<br />
nenhum<br />
um<br />
dois<br />
cinco<br />
Lê ou conta histórias para seu filho? Mãe<br />
36%<br />
30<br />
mais de cinco<br />
sempre<br />
às vezes
Gráfico13 – Hábitos de comprar livros<br />
Os livros adquiridos pelas famílias tiveram um número bastante significativo,<br />
já que 36% do público pesquisado costuma comprar livros trimestralmente (gráfico<br />
13). No entanto, também é relevante o número de pais (23%) que compram livros<br />
somente quando a escola solicita. Isso demonstra que a escola exerce papel<br />
fundamental quanto ao incentivo ao hábito de ler, pois se a criança não o faz pelo<br />
incentivo da família, fará por incentivo da escola.<br />
4.1.2 Questionário aplicado às crianças<br />
68%<br />
9%<br />
Com que freqüência compram livros?<br />
23%<br />
Assiste tevê pela manhã?<br />
32%<br />
36%<br />
Gráfico 1: Freqüência com que assiste tevê. Gráfico 2: Programas que gosta de assistir<br />
32%<br />
sempre<br />
às vezes<br />
mensalmente<br />
trimestralmente<br />
anualmente<br />
quando a escola<br />
solicita<br />
O que gosta de assistir na tevê?<br />
De acordo com a pesquisa realizada a maioria das crianças assiste tevê pela<br />
manhã (gráfico 1) e o que mais assistem são os desenhos animados. Tal resultado<br />
dar-se-á devido ao fato da maioria delas já terem realizado suas tarefas no dia<br />
anterior, no período da noite, tendo em vista um grande número de mães que<br />
trabalham fora ou têm outros compromissos no período da manhã. Assim, as<br />
crianças, que na maioria das vezes ficam com babás ou empregadas, ocupam suas<br />
23%<br />
77%<br />
31<br />
desenhos<br />
animados<br />
filmes
45%<br />
manhãs com uma atividade que não incomode ou atrapalhe ninguém, nesse caso, a<br />
televisão e os desenhos animados.<br />
De acordo com algumas devolutivas, as crianças que não assistem tevê pela<br />
manhã são aquelas que fazem as tarefas com a mãe nesse período, fazem algum<br />
tipo de atividade paralela à escola como: tênis, natação, balé ou judô e ainda há<br />
outras que são orientadas a fazer outro tipo de atividade, como: leituras,<br />
brincadeiras, entre outras.<br />
9%<br />
Gráfico<br />
Qual revista costuma ler?<br />
14%<br />
32%<br />
3: Tipo de revista que lê. Gráfico 4: Tipo de leitura que prefere<br />
A pesquisa revela que um número significativo de crianças não possuem<br />
assinatura de revistas direcionadas a ela, como: Revista Nosso Amiguinho, Revista<br />
Recreio ou gibis (Gráfico 3), tal fato é demonstrado no gráfico seguinte (4) onde a<br />
preferência das crianças por lerem livros de histórias é muito maior do que por gibis,<br />
sendo que as revistas nem foram citadas.<br />
32%<br />
O quanto gosta de ler?<br />
68%<br />
Recreio<br />
Nosso Amiguinho<br />
Gibis<br />
Não possuem<br />
muito<br />
um pouco<br />
O que mais gosta de ler?<br />
Gráfico 5: Preferência pela leitura Gráfico 6: Considerações a respeito da leitura<br />
68%<br />
86%<br />
14%<br />
É importante ler para ...<br />
32%<br />
gibis<br />
livros de histórias<br />
aprender<br />
32<br />
divertir-se e<br />
aprender
18%<br />
Em que pese a escolaridade obrigatória no ensino fundamental, pode-se dizer<br />
que a alfabetização insere o indivíduo no mundo da escrita e da leitura textual mas<br />
não garante sua plena atuação em virtude de fatores como: recursos financeiros<br />
para adquirir o livro, tempo para freqüentar bibliotecas e a falta de um projeto social<br />
que desperte a consciência crítica por meio da leitura. Os gráficos acima analisados<br />
mostram que os sujeitos pesquisados gostam muito de ler (gráfico 5) e têm<br />
consciência da leitura como meio de aprendizagem e divertimento (gráfico 6).<br />
Dessa forma deduz-se que o leitor-criança não se contenta com o<br />
deciframento da escritura. Busca uma compreensão do mundo pela experiência<br />
literária. Ao realizar a leitura de textos literários, não passa apenas os olhos pela<br />
página impressa. Busca um sentido nas palavras, aventura-se no desvendamento<br />
do enigma do código escrito.<br />
“A aprendizagem da leitura possibilita a emancipação da criança e a<br />
assimilação dos valores da sociedade, configurando-se a habilidade de ler como<br />
uma conquista”, afirma Zilbermann (1988, p.12).<br />
Ouve histórias contadas ou lidas pelos pais?<br />
Grafico 7: Hábito de ouvir histórias Gráfico 8: O gosto por ouvir histórias<br />
23%<br />
82%<br />
18%<br />
Lê quando...<br />
59%<br />
sempre<br />
sente vontade<br />
às vezes<br />
não tem mais nada<br />
para fazer<br />
quando os pais ou a<br />
professora mandam<br />
Gráfico 9: As prioridades quanto ao ato de ler Gráfico 10: Preferências<br />
27%<br />
27%<br />
Gosta de ouvir histórias?<br />
100%<br />
O que prefere?<br />
46%<br />
ler<br />
33<br />
assistir tevê<br />
jogar vídeo game
Ao serem questionadas sobre o hábito por ouvir histórias, a maioria das<br />
crianças respondeu que às vezes ouvem histórias contadas ou lidas pelos pais<br />
(gráfico 7) apesar de 100% dos pesquisados afirmarem que gostam de ouvi-las<br />
(gráfico 8). Esses dados se equiparam ao dos pais que apesar de terem o hábito de<br />
leitura, não cultivam o hábito de ler ou contar histórias aos filhos.<br />
Boa parte das crianças lêem quando sentem vontade (gráfico 9) e um número<br />
significativo de crianças têm como passatempo preferido a leitura (gráfico 10).<br />
4.2 A Criança e a Contação de Histórias<br />
Nessa etapa a professora/pesquisadora realizou seis momentos de contação<br />
e leitura de histórias às crianças da segunda série do Colégio Salesiano Itajaí, seus<br />
alunos. Esses momentos aconteceram nos meses de fevereiro, março e abril, na<br />
sala de aula do grupo e na biblioteca infantil da escola.<br />
Alguns autores dos livros trabalhados com as crianças foram de escolha da<br />
professora/pesquisadora, outros, os alunos tiveram a oportunidade de escolher o<br />
que queriam ouvir. Dessa maneira foi possível observar a reação dos alunos ao<br />
ouvirem uma história trazida pela professora e outra pelos amigos da classe.<br />
Houve também um momento em que os alunos ouviram uma história de uma<br />
contadora que no caso, não era a sua professora. Esse foi um momento muito<br />
significativo, pois dessa maneira, a professora/pesquisadora pôde observar “ao<br />
vivo”, ou seja, sem o recurso do vídeo, as reações e falas das crianças. Ela pôde<br />
sentir também como foi a reação do grupo ao ouvir uma história contada por alguém<br />
que não fosse a professora.<br />
O motivo pelo qual a professora/pesquisadora escolheu iniciar a observação<br />
dos alunos logo na primeira semana de aula, foi justamente para investigar como<br />
estes se portavam diante das histórias lidas ou contadas. Sentir através de suas<br />
reações se gostavam de ouvi-las, se já tinham esse hábito trazido de casa ou da<br />
série passada.<br />
Os pais também foram levados a ouvir uma história. O objetivo dessa<br />
investigação foi o de perceber a reação dos pais frente a uma situação vivenciada<br />
pelos seus filhos na escola. A história lida aos pais foi escolhida pela professora<br />
pesquisadora, sendo primeiramente lida aos filhos no início da aplicação da<br />
pesquisa.<br />
34
Para melhor clareza do leitor transcreveu-se as falas e comentários das<br />
crianças e dos pais em itálico.<br />
4.2.1 História 1 - O Jardim de cada um 1 (Às crianças)<br />
A primeira contação de histórias às crianças ocorreu no dia 27 de fevereiro,<br />
na segunda semana de aula. No início da tarde, os alunos foram convidados a<br />
sentar-se em um grande círculo na sala, depois foram combinados alguns critérios<br />
para se ouvir uma boa história e então, a professora/pesquisadora deu início à<br />
leitura do livro O jardim de cada um, da autora Nye Ribeiro.<br />
Durante toda a história, a maioria dos alunos mostrou-se bastante inquieta e<br />
desatenta. Alguns, sequer olhavam para a professora. A primeira coisa que<br />
chamou-lhes a atenção, foi quando viram a capa do livro e observaram que o cabelo<br />
da menina era cor-de-rosa. Eles acharam engraçado e por algumas vezes alguns<br />
alunos interromperam a história porque queriam saber o motivo do cabelo cor-derosa.<br />
Nesses momentos a professora/pesquisadora continuava lendo a história e<br />
avisava que só depois explicaria.<br />
A história aos poucos foi chamando a atenção de mais alunos e a certa altura<br />
quase todos já se encontravam atentos a ela. Em nenhum momento, as crianças<br />
repetiram ou repararam na frase que sempre aparecia na história: “E fazia tudo<br />
sorrindo, contente e feliz da vida.” Os alunos riram muito na parte em que a Clara<br />
lavava a ranhetice do vovô. Diziam: “ _ Ui! O vô dela era ranhento! ”<br />
Ao final, a professora/pesquisadora conversou um pouco sobre a história e os<br />
levou a dar sua opinião sobre a mesma. Apesar da agitação e desatenção aparente,<br />
todos manifestaram contentamento. “Ai Tati, muito legal!” “Eu gostei da Clara, ela<br />
era trabalhadeira”, “A história foi engraçada” .<br />
Foi realizada uma conversa sobre o jardim que cada um tem dentro de si, já<br />
que o texto suscitava esse pensamento, mas o que pareceu é que os alunos não<br />
entenderam muito bem a essência da história. Então, a professora/pesquisadora<br />
explicou novamente, dessa vez, não lendo, contando e a história pareceu ter ficado<br />
mais clara.<br />
1 RIBEIRO, Nye. O jardim de cada um. Papirus: SP, 2002.<br />
35
A professora/pesquisadora apresentou-lhes um vaso e disse que cada um iria<br />
plantar, assim como a Clara, um sentimento que lhes fossem muito forte. Nesse<br />
momento houve a interferência da professora/pesquisadora, no sentido de auxiliá-los<br />
a definir os sentimentos. Houve euforia e entusiasmo na confecção das flores que<br />
seriam “plantadas” no vaso.<br />
Ao analisar o trabalho, observei que o resultado da contação da história foi<br />
um pouco frustrante, pois mesmo tendo um enredo envolvente e uma mensagem<br />
significativa, a história não os atingiu. Não sei se pela maturidade, ou pela falta de<br />
hábito em ouvir histórias.<br />
O momento da construção do vaso, os alunos mostraram-se mais<br />
participativos e envolvidos, porém, como não haviam prestado atenção no<br />
desenvolvimento da história, a atividade de elaboração dos sentimentos precisou da<br />
interferência da professora/pesquisadora, no sentido de definir o seu conceito. Por<br />
exemplo, alguns alunos quiseram plantar passar de ano ou tirar notas boas, nesses<br />
momentos a professora/pesquisadora teve de levá-los a refletir se esses eram<br />
sentimentos, ou alguma coisa que queriam alcançar.<br />
4.2.2 História 1 - O Jardim de cada um (Aos pais)<br />
No dia 09 de março o Colégio Salesiano Itajaí (local onde foi realizada a<br />
pesquisa da professora) realizou a primeira reunião de pais do ano letivo. Essa<br />
reunião anual tem por objetivos apresentar, compreender e/ou conhecer a dinâmica<br />
da escola, interagir com os professores de seus filhos e conhecer a proposta de<br />
trabalho da professora. Em um primeiro momento, os pais participaram de uma curta<br />
palestra com o diretor da escola, em seguida, os professores foram apresentados<br />
aos pais e encaminhados as salas de seus filhos.<br />
Ao chegarem na sala, a professora/pesquisadora recebeu-os com a sala<br />
organizada em círculo e no meio dele, o vaso que os alunos haviam confeccionado a<br />
partir da história O Jardim de cada um. No momento da leitura haviam vinte mães e<br />
três pais presentes.<br />
Depois da habitual apresentação, a professora/pesquisadora abriu a reunião<br />
pedindo-lhes licença para contar uma história a qual já havia contado aos filhos<br />
anteriormente.<br />
36
Os procedimentos foram iguais aos realizados com os alunos: a entonação, a<br />
exposição das imagens, a postura da professora/pesquisadora.<br />
A reação dos pais foi impressionante. Eles estavam visivelmente<br />
emocionados com a história. A atenção foi mantida em todo o decorrer da história.<br />
As feições foram as mais variadas: de sorrisos às lágrimas (duas mães choraram).<br />
Alguns debruçaram-se sobre as carteiras e colocavam as mãos apoiadas no queixo<br />
como se quisessem se aproximar mais da história.<br />
Ao final, houve um breve momento de silêncio, até que a<br />
professora/pesquisadora contou-lhes o motivo do vaso feito pelas crianças estar<br />
decorando o ambiente da sala e convidou-nos a fazer o mesmo: deixar ao grupo um<br />
sentimento muito forte que eles gostariam que fosse cultivado durante o ano. Os<br />
pais permaneceram em silêncio em toda a confecção da flor. Quando terminaram, a<br />
professora/pesquisadora propôs que cada pai/mãe viesse até o vaso “plantasse” sua<br />
flor e dissesse o sentimento que desejou ao grupo e por quê.<br />
Depois da dinâmica, a professora/pesquisadora deu continuidade à proposta<br />
da reunião. No momento da avaliação da reunião, oral e posteriormente escrita, os<br />
pais deixaram claro a sua satisfação quanto a leitura e atividade proposta pela<br />
professora/pesquisadora: “Foi muito gostoso sentir esse clima de sala de aula”,<br />
“Nem sei quando foi a última vez que eu ouvi uma história assim”, “Que bom<br />
professora que a senhora valoriza a importância da leitura”, “A gente se esquece<br />
que ouvir histórias é tão bom”, “Se nós que somos adultos ficamos encantados com<br />
a tua história, imagine os nossos filhos...”<br />
Essa experiência com os pais foi essencial para a continuidade da pesquisa,<br />
pois eles puderam sentir o quanto é importante e prazeroso ouvir histórias e serão<br />
eles grandes aliados nesse projeto, seja contando histórias aos seus filhos, seja<br />
comprando os livros e/ou incentivado-os a ler.<br />
4.2.3 História 2 – Os problemas da família Gorgonzolla 2<br />
Motivados pela leitura de livros realizada semanalmente pela<br />
professora/pesquisadora, os alunos têm trazido com freqüência livros para serem<br />
2 FURNARI, Eva. Os problemas da família Gorgonzola. 4 ed. São Paulo: Global, 2004.<br />
37
socializados com o grupo. O livro A família Gorgonzolla foi trazido por uma aluna da<br />
classe. É uma história engraçada que relata a vida de uma família muito maluca.<br />
Como as histórias são separadas em 15 sessões, ou seja, pelos 15 integrantes da<br />
família, a leitura da mesma foi feita em capítulos, ou como as crianças chamam:<br />
novelinha, onde a professora leu um capítulo por tarde.<br />
Essa história trouxe muita euforia para a turma que logo no início da tarde,<br />
pedia para que a professora continuasse a leitura. No entanto, o suspense era<br />
mantido até o final da tarde. A opção da realização da leitura ser feita somente no<br />
final da tarde foi da professora, já que seu objetivo seria em fazer o fechamento da<br />
aula.<br />
Os alunos divertiam-se a cada relato daquela família, bastante diferente para<br />
eles e interagiam com a história já que o livro proporciona isto ao final de cada<br />
sessão em que há um problema matemático a ser resolvido e alguns<br />
questionamentos feitos pela própria autora. Nesses momentos, a professora lia o<br />
problema a ser resolvido e todos os alunos tentavam resolvê-lo. “(...) Seu Oto pesa<br />
130 quilos, Dona Bárbara, 90 quilos, os três filhos juntos pesam 150 quilos, e o<br />
Espinafre, o cachorro, 10 quilos. O peso máximo que o barco suportava era 350<br />
quilos. Será que o barco da família Gorgonzola afundou?”<br />
“(...) Pífio já tinha 80 furos e o que ele mais queria era que sua coleção<br />
chegasse aos 100 furos. No dia do seu aniversário ela ganhou uma calça com 2<br />
furos, uma camiseta com 5, uma cueca com 6 e um pé de meia com 10 furinhos.<br />
Será que Pífio chegou à marca dos 100 furos? E o que mais ele colecionava?”<br />
“ (...) Certa vez o Pífio e o Porfírio foram jantar na pizzaria mais famosa da<br />
cidade e pediram pizza à moda da casa, isto é, pizza de gambá. Depois comeram<br />
pizza de urubu, e, por último, uma caprichadíssima pizza de sabonete, que era para<br />
acabar com o mau hálito. Cada pizza custava R$ 10,00. Pífio e Porfírio dividiram a<br />
conta ao meio. Quanto cada um gastou? Qual o nome da pizzaria e que outros<br />
sabores de pizza você acha que havia lá?”<br />
Foi possível perceber a interação das crianças com a história, que se<br />
envolviam com as situações-problemas e tentavam de várias maneiras resolvê-las:<br />
mentalmente, fazendo os cálculos em uma folha, individualmente ou em grupos. O<br />
livro divertiu a todos não só pelo enredo, mas pelas ilustrações, trazendo uma<br />
imagem engraçada de cada membro da família.<br />
38
Ao término da leitura o que o grupo mais queria era desenhar os membros<br />
dessa maluca família.<br />
4.2.4 História 3 - A Bíblia Sagrada para crianças 3<br />
Na sexta-feira feira que antecedeu o Domingo de Ramos, celebração<br />
tradicional da igreja católica, a professora/pesquisadora fez a contação da história<br />
relatada na Bíblia Sagrada que explica o significado do Domingo de Ramos. Os<br />
alunos ouviram-na com atenção e emoção, suas feições demonstravam isso. (Mãos<br />
espalmadas no rosto, olhos fixos e bem abertos, rostos sem sorriso)<br />
Após a história, houve questionamentos por parte de alguns alunos o que<br />
gerou uma discussão em torno do assunto. “Por que eles não usaram tapetes, Tati?”<br />
“Eles queriam mostrar o amor deles para Jesus.” “Jesus era um rei, mas era<br />
humilde, né Tati?” “Eu fui na novena com a minha vó e ouvi essa história.”<br />
Empolgados com a história do Domingo de Ramos, uma aluna da classe<br />
trouxe uma edição da Bíblia Sagrada para crianças com textos curtos, de fácil<br />
entendimento e com muitas imagens.<br />
Na terça-feira que antecedeu a Páscoa, sentados em um grande círculo ao<br />
redor de um tapete que fica no fundo da sala, os alunos ouviram as histórias de<br />
Jesus: A última ceia, A crucificação e A ressurreição.<br />
Foi possível observar as expressões de dor e piedade a cada relato da<br />
história, a cada imagem mostrada pela professora. (testas franzidas, mãos<br />
espalmadas no rosto, mãos unidas, bocas abertas).<br />
O silêncio que se fez durante a leitura foi impressionante, havia um respeito<br />
pela história que estava sendo lida. Poucas crianças tentaram interromper a história<br />
para relatar o que já sabiam sobre ela, porém, a professora continuou o relato até<br />
seu término para só então abrir espaço para os questionamentos. “Por que eles<br />
queriam matar Jesus, Tati?” “Judas não foi amigo, ele traiu Jesus.” “Eles pregaram<br />
Jesus com pregos?” “Por que Deus não salvou Jesus?” (Relato de alguns dos<br />
questionamentos realizados pelos alunos). Foi possível perceber através dessa<br />
interação que as crianças se apropriaram do conhecimento trazido pelas passagens<br />
da história de Jesus interligando-o com o seu conhecimento prévio.<br />
3 LESSA, Charlottr F. O mundo colorido da Bíblia. 12 ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2004.<br />
39
4.2.5 História 4 - O coelhinho que não era de Páscoa, adaptação da história de<br />
Ruth Rocha 4<br />
Na véspera do feriado de Páscoa, a professora fez a contação da história O<br />
coelhinho que não era de Páscoa, adaptado do livro do mesmo nome, da autora<br />
Ruth Rocha.<br />
A história conta sobre as dúvidas de um coelho que não queria ser como os<br />
outros membros de sua família. O enredo é repleto de suspense e cenas<br />
engraçadas, já que cada vez que o coelhinho tentava uma nova profissão, acontecia<br />
algo engraçado com ele. As crianças riam muito com as trapalhadas do coelhinho,<br />
fizeram cara feia quando o coelhinho tentou tocar e cantar e desafinava em tudo e<br />
algumas colocaram as mãos nas orelhas ao ouvir o som desafinado do coelhinho.<br />
Nesse momento houve uma pequena pausa na história, pois as crianças imitaram o<br />
coelhinho gesticulando e cantando, depois os alunos retomaram a concentração<br />
para os momentos finais da história, cujo final causou surpresa às crianças.<br />
Ao término da contação, a professora incentivou a turma a comentar sobre a<br />
história, fazendo alguns questionamentos tais como: Gostaram da história? O que<br />
acharam do final? Acham que o coelho Vivinho escolheu uma boa profissão? Por<br />
quê? Se vocês pudessem modificar o final da história, que profissão escolheriam a<br />
Vivinho?”<br />
As respostas quanto ao gostarem da história foram unânimes: todos<br />
adoraram. As sugestões quanto ao final da história foram as mais variados: “Ele<br />
deveria continuar a profissão da família”; “Poderia ser cantor de Rock”, “Deveria ser<br />
professor dos outros coelhinhos”; “Deveria ser entregador de pizzas.” (Relato de<br />
alguns alunos quanto a profissão escolhida pelo coelho Vivinho)<br />
A professora sugeriu um registro no caderno e propôs uma produção textual a<br />
partir da história que ouviram. Os resultados podem ser vistos abaixo.<br />
4 ROCHA, Ruth. O coelhinho que não era de Páscoa. 8 ed. São Paulo: Ática, 2004.<br />
40
4.2.6 História 5 - João Boboca ou João Sabido? 5<br />
De 24 a 28 de março, o Colégio Salesiano Itajaí promoveu uma grande feira<br />
de livros literários, trazendo além de uma grande quantidade de literatura infantil e<br />
infanto juvenil da melhor qualidade, autores como Ana Branca, autora do livro A<br />
galinha D’angola. A feira ficava aberta todos os dias das 13h às 19h, assim os<br />
alunos poderiam trazer os pais para visitá-la e comprar o livro que eles haviam<br />
escolhido anteriormente.<br />
No dia 25 de março, a classe da 2ª série juntamente com a<br />
professora/investigadora foi visitar a feira com o objetivo de pesquisar títulos e<br />
preços de livros que lhes interessavam, para num segundo momento trazer os pais<br />
até a feira e efetuarem a compra.<br />
Essa estratégia foi de extrema importância, pois os alunos tiveram a<br />
oportunidade de entrar em contato com os livros, manuseando-os, folheando-os,<br />
sentido prazer em vivenciar aquele momento. O fato dos alunos poderem escolher o<br />
que queriam ler tornou-os protagonistas da sua própria história e isso fez com que<br />
eles gostassem ainda mais do livro que escolheram. Em nenhum momento a<br />
professora interferiu na escolha dos livros e segundo relato das próprias crianças, os<br />
pais também não o fizeram. Porém, assim como a professora/pesquisadora, deram<br />
sugestões quanto ao número de páginas, ilustrações e as histórias mais<br />
interessantes.<br />
Nessa ocasião conheceram a “Dona Érica” , a promotora da feira e também<br />
contadora de histórias. Sentados em um espaço reservado na biblioteca infantil na<br />
escola para os momentos de contação de histórias, a Dona Érica conversou com as<br />
crianças sobre a importância e a magia de ler os livros e contou uma história<br />
adaptada da autora Roseana Murray, chamada João Boboca ou João Sabido?<br />
A contadora, uma senhora de 53 anos, encantou a todos com sua voz<br />
mansa e tranqüila. A história era envolvente e despertou a atenção das crianças.<br />
“João Boboca vivia com sua esposa numa casinha simples e passavam por uma<br />
enorme dificuldade financeira. Assim, aconselhado pela esposa, João Boboca vai ao<br />
mercado tentar vender a sua vaquinha, único bem que possuíam. No meio do<br />
caminho, João Boboca foi encontrando várias pessoas e trocando seus animais: a<br />
5 MURRAY, Roseanna. João Boboca ou João Sabido?<br />
45
vaca por uma cabra, a cabra por um ganso, um ganso por um frango, um frango por<br />
um passarinho até, finalmente trocar seu passarinho por um saquinho cheio de cocô<br />
de galinha.”<br />
A cada troca que João Boboca fazia, provocava nas crianças expressões<br />
muito particulares, como franzir de olhos, cara de nojo, mostrar a língua e muitos<br />
risos. Também não foram poucos os comentários que surgiam no meio da história,<br />
como: “Ai que burro!” (Relato de uma aluna quando o João trocou a cabra por um<br />
ganso) . “ Meu Deus, um frango!” (Relato de um aluno quando João trocou o ganso<br />
por um frango). “Cocô! Que nojo!” (Relato de alguns alunos quando a velhinha<br />
entregou o saco de cocô para o João). “Não troca, não troca! “ Relato dos alunos<br />
quando a velhinha sugeriu a troca do passarinho pelo saco de cocô.<br />
Os alunos ficaram tão empolgados com a história que a primeira coisa que<br />
fizeram ao chegar à exposição foi procurar o livro João Boboca ou João Sabido?<br />
para comprá-lo, porém o livro já havia sido vendido. No entanto, a animação das<br />
crianças continuou até o final da feira, procurando histórias legais para ler.<br />
A professora/pesquisadora também observou que os alunos procuravam com<br />
freqüência a Dona Érica para ouvir a opinião dela quanto aos livros que eles<br />
estavam escolhendo para comprar. Foi perceptível a confiança depositada na<br />
contadora quanto a seu gosto pelas histórias. O fato de sempre recorrerem a ela,<br />
pedindo sua opinião mostrou que eles gostaram da história que ouviram e a D.Érica<br />
poderia ajudá-los na escolha do que procuravam.<br />
4.2.7 História 6 - Nem isso, nem aquilo... 6<br />
Livros são grandes tesouros que surgem na vida da gente, às vezes assim,<br />
meio de repente. Esse livro não foi escolhido, foi um presente dado à professora por<br />
uma amiga que gosta muito de ler e de ouvir histórias.<br />
Ao conhecer essa história maravilhosa Nem isso, nem aquilo..., a<br />
professora/pesquisadora quis logo contá-la a seus alunos. Em uma tarde quente de<br />
abril, os alunos sentaram-se em um círculo no canto de histórias que fica no fundo<br />
da sala e esperaram para que a professora fizesse a apresentação do livro como de<br />
6 RIBEIRO, Nye. Nem isso, nem aquilo... São Paulo: Editora do Brasil, 2006.<br />
46
costume. Ela primeiro, contou-lhes sobre o presente, depois fez a leitura do resumo<br />
que fica atrás do livro e iniciou a história.<br />
A primeira página arrancou gargalhadas das crianças, que se depararam<br />
como uma menina de costas, usando somente uma calcinha vermelha de corações<br />
brancos olhando para uma roupa de fada e uma de bruxa. Nesse momento a<br />
professora mostrou por muito tempo a ilustração até que eles percebessem o que a<br />
menina estava fazendo para só então prosseguir a história.<br />
Todos ficaram atentos ao ouvirem as características da bruxa-fada, ou fadabruxa,<br />
porém, acharam engraçado quando ouviram seu nome: Bruxolinda. “Ui de<br />
linda ela não tem nada” “Ela é horrorosa.” “Que nariz mais grande!” (Relato de<br />
alguns alunos ao verem imagem da Bruxolinda).<br />
Ouviram atentamente o diálogo da fada-bruxa com o Bem-te-vi de nome<br />
Fortunato. Alguns alunos só perceberam que ela conversava com um pássaro, na<br />
terceira página em que o animal apareceu.<br />
No meio da história apareceu uma cutia e as crianças perguntaram o que era<br />
uma cutia. A professora respondeu a pergunta sem desviar a entonação da história.<br />
Alguns alunos também deram suas explicações: “É parente do hâmster” “Não, é gual<br />
a uma capivara” “Tá, tá, deixa a Tati continuar”. (Relato de uma aluna quanto ao fato<br />
deles estarem interrompendo a história num momento de conflito). A cutia surgiu na<br />
história devido ao fato de seus filhotes terem sumido e o bem-te-vi, amigo da<br />
Bruxolinda, viu a possibilidade da amiga ajudar a resgatá-los e assim transformarse<br />
definitivamente em uma fada.<br />
No final da história, a professora/pesquisadora fez algumas observações pelo<br />
fato de várias vezes os alunos comentarem que a bruxa, fada e posteriormente,<br />
menina era feia, horrorosa (e nem era tanto assim). Ninguém observou o fato dela<br />
ser boa e querer fazer o bem. Após algumas reflexões da professora/pesquisadora<br />
sobre a importância da aparência, surgiram alguns comentários “Não adianta ser<br />
linda se a pessoa é egoísta”, “A beleza que vale é a que está por dentro, né Tati?”<br />
“Eu achei a bruxinha bem bonitinha” “Mas se a pessoa for feia e for má?”<br />
(Questionamento feito por alguns alunos ao referirem-se ao comentário feito pela<br />
professora sobre pessoas que são bonitas por fora mas péssimas por dentro. São<br />
más, assassinas, agressoras...) “Se for legal e for rica é melhor ainda” (Comentário<br />
de um aluno referente a fala da professora sobre o fato de pessoas usarem tênis de<br />
marca, morarem em um palácio mas viverem sozinhas por não terem amigos, por<br />
47
serem egoístas, arrogantes) “A pessoa que é muito vaidosa fica feia e chata né<br />
Tati?” (Comentário de uma aluna sobre a fala de alguns amigos que dizem que<br />
outrem “se acham” porque são bonitos).<br />
Mudando o foco da conversa, a professora/pesquisadora relembrou a história<br />
da Bruxolinda e sua grande dúvida: ser fada ou ser bruxa? Então, perguntou aos<br />
alunos o que fazia a Bruxolinda sentir-se uma bruxa ou uma fada? E você quando se<br />
sente bruxa (o)? E quando se sente fada? Nesse momento um aluno questionou o<br />
fato de ser menino e em nenhum momento se sentir fada. (Fada? Fada não! Menino<br />
não é fada). A professora então, explicou a todos que o masculino de fada era elfo e<br />
assim reformulou a pergunta:<br />
- Quando você se sente bruxa (o)? E quando se sente fada ou elfo? As<br />
respostas foram respondidas através de escrita e desenho e seguem em algumas<br />
atividades que foram selecionadas e anexadas abaixo.<br />
48
4.3 Leitura e fruição<br />
Com esse trabalho de pesquisa procurou-se desenvolver algumas estratégias<br />
que levassem as crianças a ler por prazer, não por obrigação. Foram realizadas<br />
atividades simples, mas que provocassem um grande impacto nos alunos e nos<br />
pais, que de acordo com relatos feitos por eles “tem visto a leitura com outros<br />
olhos”.<br />
A professora/pesquisadora construiu com os alunos um Portfólio onde estão<br />
sendo guardadas todas as atividades realizadas no decorrer do ano, entre elas as<br />
atividades que são feitas após a leitura ou contação de alguma história. Nesse<br />
Portfólio há a avaliação dos alunos quanto as atividades realizadas nesse 1º<br />
bimestre e uma das atividades mais apreciadas foi a do livro “Nem isso, nem<br />
aquilo...” em que os alunos escreveram e desenharam quando se sentiam bruxas<br />
(os) ou fadas (elfos). A seguir transcreveu-se algumas dessas avaliações: “Eu adorei<br />
a atividade da Bruxolinda, porque eu adoro desenhar fadas.” “Foi muito legal a<br />
história Nem isso, nem aquilo... porque a gente às vezes é meio bruxo, porque não<br />
faz coisas legais.” “Eu gostei muito de fazer a atividade da Bruxolinda porque às<br />
vezes eu sou boazinha que nem ela e às vezes eu sou bem malvada.” “A atividade<br />
da Bruxolinda foi importante pra gente pensar naquilo que fazemos e eu não quero<br />
ser uma bruxa.” “A Bruxolinda era legal, ela tinha muitas dúvidas e todas as<br />
pessoas também tem, isso é normal.” Os pais também tiveram a oportunidade de<br />
avaliar o bimestre através do Portfólio e nessa avaliação há declarações importantes<br />
a respeito da leitura dos livros de literatura que eles têm levado para casa. Algumas<br />
declarações podem ser apreciadas abaixo:<br />
55
É importante ressaltar que esse trabalho continua sendo desenvolvido na<br />
classe e será realizado até o final do ano e que outras atividades já foram realizadas<br />
após a observação da professora/pesquisadora. Uma estratégia de leitura<br />
desenvolvida com os alunos foi a da criação de propagandas para o livro que leu,<br />
aonde a criança através de uma frase ou texto deveria motivar o amigo a ler seu<br />
livro. Os alunos empenharam-se e divertiram-se com a construção dos out-doors em<br />
folha de papel A3 contendo a propaganda e a ilustração do livro lido.<br />
Todas as atividades de leitura e contação de histórias fez-nos perceber que o<br />
conto infantil desenvolve não apenas a inteligência e a sensibilidade estética,<br />
contribuindo para a formação integral da criança, mas também permite sonhar e,<br />
segundo Carvalho, “Sonhar é preencher vazios, é criar condições terapêuticas para<br />
os impactos da realidade, é libertar-se enfim.” (p.21, 1995)<br />
Pela pesquisa apresentada foi possível perceber que a<br />
professora/pesquisadora preocupou-se em selecionar as histórias e preparar a<br />
leitura. Como lembra Pennac “a toda leitura precede, mesmo que seja inibido, o<br />
prazer de ler.”(p.43, 1998). Assim, para despertar o prazer da leitura nas crianças,<br />
todo o contador, sejam pais ou professores, devem primeiro sentir, eles mesmos, o<br />
prazer de ler. Devem escolher uma leitura que lhes agrade por seu caráter lúdico,<br />
estético ou pedagógico. Porém, é importante que haja uma preparação para que o<br />
resultado seja positivo.<br />
Existem algumas diferenças entre a leitura e a narrativa ou contação de<br />
histórias que devem ser consideradas por quem irá realizá-las.<br />
A narração de histórias implica em uma química entre aquele que narra e o<br />
que escuta. O narrador conduz a narrativa, encaminha o ouvinte a um universo<br />
encantado e elabora sua história, dependendo do público. Nenhuma história,<br />
portanto, é igual ao modelo, visto que é reformulada a cada narração. Voz e letra<br />
entrelaçam-se para seduzir o ouvinte e o leitor.<br />
Nesse sentido, o contador de histórias resgata a tradição oral, e, ao mesmo<br />
tempo, estimula a imaginação. A mensagem é auditiva e não visual. Contar histórias<br />
é uma arte: é necessário captar o ritmo e a cadência dos contos, fazer as pausas no<br />
momentos certos, não entrar em descrições muito longas, cheias de detalhes, criar<br />
um clima de envolvimento e de encanto, e, acima de tudo, usar todas as modalidade<br />
e possibilidades da voz – sussurrar, imitar os ruídos, as vozes dos animais, as<br />
inflexões que indicam suspense e clímax. A narração inicia-se com a senha mágica,<br />
62
que indica a saída do mundo real para o mundo ficcional: Era uma vez... e deve<br />
acabar com um refrão que indica o retorno à realidade: E assim acabou a história.<br />
Entrou por uma porta, saiu pela outra. Quem quiser que conte outra.<br />
A oralidade e a escritura convivem lado a lado em casa, na escola e no lazer.<br />
Assim, “contação” e leitura complementam-se para estimular o gosto pelo literário.<br />
A importância da presença dos livros no dia-a-dia da criança, seja nas<br />
estantes, no chão, no alcance das mãos é fundamental. Depois de ler um livro, todas<br />
as pessoas, sejam crianças ou adultos, passam a ver o mundo com outros olhos,<br />
enriquecem mais a sua imaginação e o seu conhecimento. E foi pensando na<br />
relevância da leitura para o desenvolvimento humano que o autor de livros infantojuvenis<br />
Jonas Ribeiro (2007, p. 16,17) escreveu 33 maneiras de incentivar a leitura<br />
“para que todos nós, leitores vorazes e conscientes, levemos adiante o compromisso<br />
de difundir a cultura através dos livros.” Entre as trinta e três maneiras de incentivar<br />
a leitura, foi possível destacar algumas como:<br />
63<br />
Presentear bebês com livros de pano e livros de borracha.<br />
Ler para os filhos na hora de dormir.<br />
Escurecer a sala de aula e ler com velas acesas ou uma<br />
lanterna ligada.<br />
Quando um professor estiver lendo um livro, levá-lo consigo.<br />
Emprestar livros.<br />
Freqüentar bibliotecas e livrarias.<br />
Contar para o outro o livro que gostamos muito.<br />
Colocar livros e revistas no banheiro.<br />
Aproveitar para ler na fila do banco, no ônibus, no<br />
consultório do dentista ou do médico.<br />
Fazer uma peça de teatro a partir de um livro.<br />
Cantar com as letras das músicas nas mãos.<br />
Livros de piadas servem para a família inteira.<br />
Abraçar um livro quando acabar de ler.<br />
O outro ficará extremamente curioso para saber por que<br />
motivo abraçamos o livro, o que ele tem de tão bom assim a<br />
ponto de merecer um abraço. (RIBEIRO, 2007, p. 16,17)<br />
As maneiras apresentadas pelo autor são extremamente válidas e também<br />
práticas. Nada há de complexo ou impossível de ser colocado em prática no dia-adia<br />
dos pais e da escola. A partir de pequenas inserções cotidianas torna-se<br />
possível desenvolver nas crianças o prazer de ler e encontrar universos diversos,<br />
fascinantes e complexos em cada página que se folheia de um livro.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Com a avalanche de conhecimento escrito, imediato e disponível, o papel da<br />
Literatura é desenvolver nas pessoas, principalmente nas crianças, um espírito<br />
analítico e crítico, o que não acontece quando a oportunidade lhes é negada.<br />
Quando, no século XVIII, os mediadores do texto literário, sacerdotes e críticos,<br />
cederam espaço à figura do leitor-intérprete, foram abertas infinitas possibilidades de<br />
dar sentidos à leitura. A partir desse pressuposto ler é sempre interpretar e a leitura<br />
tem uma dimensão social. Provoca, enriquece e encaminha à reflexão.<br />
Dessa forma, a leitura, enquanto oportunidade de enriquecimento e<br />
experiência é primordial na formação do indivíduo e do cidadão. Pessoas habituadas<br />
à leitura são capazes de melhor desempenho em suas atividades e apresentam<br />
melhor aptidão para o enfrentamento dos problemas sociais.<br />
A leitura desempenha um papel no desenvolvimento social, econômico e<br />
político de uma Nação, pois não existe nação desenvolvida que não seja uma nação<br />
de leitores. A nação brasileira precisa de uma massa crítica de leitores ativos, que<br />
saibam interpretar com desenvoltura as informações escritas. Restrita à informação<br />
oralizada, a grande massa da população brasileira carente, que habita as favelas e<br />
as periferias, não tem oportunidade para se incorporar às elites pensantes e<br />
atuantes, pois não adquiriu o direito à voz crítica. Com exceção do livro didático, que<br />
é praticamente obrigatório e distribuído gratuitamente às escolas pelo Governo<br />
Federal, as crianças da classe baixa têm acesso à Literatura apenas por meio da<br />
escola ou da biblioteca. Se a escola valorizar a leitura, mas a sociedade não o fizer,<br />
o hábito de ler extinguir-se-á com a conclusão ou evasão do ensino fundamental.<br />
A promoção da leitura é, portanto, um problema de todos. Passa pela família,<br />
pela escola, pela biblioteca, pela comunidade e pela sociedade. Não pode ser<br />
considerada como um presente do Estado, visto que é um direito do cidadão.<br />
Lembrando toda a importância da Literatura Infantil, desenvolvida ao longo<br />
dessa pesquisa gostaria de apresentar algumas sugestões que contribuirão para o<br />
caminho de uma sociedade leitora: continuidade na tradição de contar histórias para<br />
as crianças seja no lar, seja na escola; recuperação do estatuto da liberdade e de<br />
prazer da leitura no âmbito das escolas; permitir à criança ser sujeito em suas<br />
leituras; oportunizar não apenas autores diferentes, mas vário livros do mesmo autor<br />
64
em épocas diferentes de sua vida; propiciar à criança a construção de um novo<br />
texto; integração de professores e bibliotecários na elaboração de programas de<br />
leitura, incentivar a criação de bibliotecas particulares; garantir um bom acervo às<br />
bibliotecas escolares e públicas; as universidades deveriam promover e apoiar<br />
pesquisas relacionadas com os processos de leitura; a sociedade brasileira deveria<br />
organizar um programa permanente de propaganda da leitura.<br />
Acredito que dessa forma a contribuição que nós, pais e professores,<br />
deixamos às crianças fará muita diferença quando estas forem adultos em um<br />
mundo tão complexo quanto o nosso.<br />
65
6 REFERÊNCIAS<br />
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4.ed. São Paulo:<br />
Scipione, 1997.<br />
ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira. 10.ed. São Paulo:<br />
Melhoramentos, 1990.<br />
BAKHTIN, Mikhail V. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.<br />
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 7.ed. São Paulo:<br />
Ática, 2000.<br />
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental.<br />
Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. 3.ed. Brasília: A<br />
secretaria, 2001.<br />
CARVALHO, Bárbara Vasconcellos de. A literatura infantil: visão histórica e<br />
crítica. 4.ed. São Paulo:Global, 1985.<br />
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infantil/juvenil: das<br />
origens indo-européias ao Brasil contemporâneo. 4.ed. São Paulo: Ática, 1991.<br />
----------------------------------- Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. 7.ed. São<br />
Paulo: Moderna, 2000.<br />
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam.<br />
São Paulo: Cortez, 1995.<br />
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6.ed. São Paulo:<br />
Ática, 2002.<br />
66
MACHADO, Maria Clara. A literatura deve dar prazer. Revista Nova Escola, São<br />
Paulo, n.73, p. 45-48, Abr. 2001.<br />
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.<br />
MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova<br />
Fronteira, 1984.<br />
MORAIS, José. A arte de ler. Tradução de Álvaro Lorencini. São Paulo: Ed. UNESP,<br />
1980.<br />
PENNAC, Daniel. Como um romance. Tradução de Leny Wernek. 4. ed. Rio de<br />
Janeiro: Rocco, 1998.<br />
RIBEIRO, Jonas. Trinta e três maneiras de incentivar a leitura. Revista Boletim<br />
SALESIANO BRASIL, São Paulo, n.2, Ano 57, p. 16-17, Março/Abril 2007.<br />
SANDRONI, C. Laura; MACHADO, Luiz Raul. A criança e o livro: guia prático de<br />
estímulo à leitura. 4 ed. São Paulo: Ática, 1998.<br />
SILVA, Ana Araújo. Literatura para Bebês. Revista Pátio, São Paulo, n.25, p. 57-59,<br />
Fev/Abr. 2003.<br />
SILVA, Ezequiel Theodoro. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova<br />
pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez, 1981.<br />
UNESCO. Disponível em ///http www. unesco.gov.br. acessado em 21/04/2005.<br />
VYGOTSKI, L, S. O desenvolvimento Psicológico na Infância. São Paulo: Martins<br />
Fontes, 1999.<br />
YUNES, Eliane; PONDÉ, Glória. Leitura e leituras da literatura infantil. São Paulo:<br />
FTD, 1988.<br />
67
ZILBERMANN, Regina; LAJOLO, Marisa. Literatura Infantil – História e Histórias.<br />
São Paulo: Melhoramentos, 1998.<br />
68
1) Assiste TV pela manhã<br />
( ) sempre<br />
( ) às vezes<br />
( ) nunca<br />
2) O que gosta de assistir<br />
( ) desenhos animados<br />
( ) filmes<br />
( ) outros<br />
3) Tem assinatura de revista<br />
( ) Recreio<br />
( ) Nosso Amiguinho<br />
( ) gibis<br />
( ) outros Qual?...............................<br />
4) O que mais gosta de ler<br />
( ) revistas<br />
( ) gibis<br />
( ) livros de histórias<br />
5) O quanto gosta de ler<br />
( ) muito<br />
( ) um pouco<br />
( ) não gosto de ler<br />
6) É importante ler para<br />
( ) aprender<br />
( ) divertir-se<br />
( ) divertir-se e aprender<br />
APÊNDICE 1<br />
7) Ouve histórias contadas ou lidas pelos pais<br />
( ) sempre<br />
Questionário para as crianças<br />
69
( ) às vezes<br />
( ) nunca<br />
8) Gosta de ouvir histórias<br />
( ) sim<br />
( ) não<br />
9) Lê quando<br />
( ) sente vontade<br />
( ) não tem mais nada para fazer<br />
( ) quando os pais ou a professora mandam<br />
10) Gosta mais de<br />
( ) ler<br />
( ) assistir a TV<br />
( ) jogar vídeo-game<br />
70
1) Qual a escolaridade do pai?<br />
( ) Ensino Fundamental até a 8 a . série<br />
( ) Ensino Médio (2 o . grau)<br />
( ) Ensino Superior<br />
( ) outra .........................<br />
2) Qual a escolaridade da mãe?<br />
( ) Ensino Fundamental até a 8 a . série<br />
( ) Ensino Médio (2 o . grau)<br />
( ) Ensino Superior<br />
( ) outra ..........................<br />
3) Quantas TV’s há em casa?<br />
( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) outros<br />
4) Tem computador em casa?<br />
( ) sim<br />
( ) não<br />
5) Programas que assiste (Mãe)<br />
( ) jornais (noticiários)<br />
( ) filmes<br />
( ) novelas<br />
( ) esportes<br />
( ) desenhos<br />
( ) programas de variedades<br />
APÊNDICE 2<br />
Questionário para os pais<br />
8
6) Programas que assiste (Pai)<br />
( ) jornais (noticiários)<br />
( ) filmes<br />
( ) novelas<br />
( ) esportes<br />
( ) desenhos<br />
( ) programas de variedades<br />
7) Possuem assinatura de revista?<br />
( ) não<br />
( ) Sim Qual?...................................<br />
8) Tem assinatura de jornal?<br />
( ) Não<br />
( ) Sim Qual?.............................<br />
9) Com que freqüência faz algum tipo de leitura? (Pai)<br />
( ) diariamente<br />
( ) semanalmente<br />
( ) às vezes<br />
( ) raramente<br />
10) Leu quantos livros no último ano?<br />
( ) nenhum<br />
( ) um<br />
( ) dois<br />
( ) cinco<br />
( ) outros.....................<br />
11) Com que freqüência faz algum tipo de leitura? (Mãe)<br />
( ) diariamente<br />
( ) semanalmente<br />
( ) às vezes<br />
( ) raramente<br />
9
12) Leu quantos livros no último ano?<br />
( ) nenhum<br />
( ) um<br />
( ) dois<br />
( ) cinco<br />
( ) outros.....................<br />
13) Conta ou lê histórias para seu (s) (sua) (s) filho (a) (s)? (Pai)<br />
( ) sempre<br />
( ) às vezes<br />
( ) nunca<br />
14) Conta ou lê histórias para seu (s) (sua) (s) filho (a) (s)? (Mãe)<br />
( ) sempre<br />
( ) às vezes<br />
( ) nunca<br />
15) Com que freqüência compram livros?<br />
( ) mensalmente<br />
( ) trimestralmente<br />
( ) anualmente<br />
( ) quando a escola solicita<br />
10