Diagnóstico ultrassonográfico das patologias da vesícula biliar
Diagnóstico ultrassonográfico das patologias da vesícula biliar
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Introdução<br />
UD diagnóstico diagnóstico por por imagem<br />
imagem<br />
P I M U D<br />
Programa de Informações Médicas UD<br />
Esta é uma cortesia, cópia de matéria publica<strong>da</strong> no jornal<br />
“Interação Diagnóstica”.<br />
<strong>Diagnóstico</strong> <strong>ultrassonográfico</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong><br />
<strong>patologias</strong> <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong><br />
O diagnóstico por imagem <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>patologias</strong> <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong> mudou drasticamente nas últimas<br />
déca<strong><strong>da</strong>s</strong> com as melhorias tecnológicas dos equipamentos e o surgimento de novos métodos<br />
diagnósticos. Ain<strong>da</strong> assim, a ultrassonografia permanece como método de escolha para a<br />
avaliação <strong>da</strong> maioria <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>patologias</strong> <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>, devido a sua alta sensibili<strong>da</strong>de e ecurácia,<br />
baixo custo, portabili<strong>da</strong>de, rapidez, segurança não invasivi<strong>da</strong>de e ao fato de não utilizar radiação<br />
ionizante. Neste estudo, demonstramos os achados de imagem de várias condições que podem<br />
afetar a <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>, através de casos selecionados, com ênfase na ultrassonografia.<br />
Alterações Congênitas<br />
• Vesícula <strong>biliar</strong> bilobula<strong>da</strong> ou duplica<strong>da</strong><br />
É um evento raro, com uma incidência de 1:4000. Está associa<strong>da</strong> a dor no quadrante superior<br />
direito do abdome, e pode predispor à colelítíase e à colecistite (Figura 1).<br />
(Fig.1) Duplicação vesicular. Duas imagens<br />
anecogênicas, paralelas, em topografia <strong><strong>da</strong>s</strong><br />
<strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>.<br />
• Vesícula <strong>biliar</strong> multissepta<strong>da</strong><br />
Uma <strong><strong>da</strong>s</strong> mais raras malformações vesiculares. Os septos podem dividir parcialmente ou<br />
totalmente a <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong> e podem ser únicos ou múltiplos (Figura 2).<br />
(Fig.2) Vesícula <strong>biliar</strong> multissepta<strong>da</strong><br />
por imagem Ultrassonografia e Mamografia Digital com Quali<strong>da</strong>de 32212402
• Vesícula <strong>biliar</strong> em barrete frígio<br />
Alteração de forma mais comum, presente em 2-6% <strong>da</strong> população. É uma prega ou dobra no<br />
fundo <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong>, sem significado clínico e pode desaparecer com o aumento <strong>da</strong> repleção<br />
vesicular (Figura 3).<br />
UD diagnóstico diagnóstico por por imagem<br />
imagem<br />
(Fig.3) Vesícula <strong>biliar</strong> em barrete frígio. Prega em fundo vesicular.<br />
• Vesícula <strong>biliar</strong> em ampulheta<br />
Espessamento <strong>da</strong> parede vesicular criando uma configuração em ampulheta (Figura 4)<br />
Colelitíase<br />
(Fig.4) Espessamento <strong>da</strong> parede vesicular criando uma configuração<br />
em ampulheta.<br />
A incidência de litíase na população geral é <strong>da</strong> ordem de 10%. É duas vezes mais frequente em<br />
mulheres e aumenta a prevalência com o aumento <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de e o risco de complicações é de 1%.<br />
Os cálculos de colesterol são mais frequentes (80%). Os fatores de risco são obesi<strong>da</strong>de, per<strong>da</strong><br />
rápi<strong>da</strong> de peso e gravidez. Sua gênese é decorrente <strong>da</strong> hipomotili<strong>da</strong>de vesicular. Apresenta-se<br />
clinicamente com cólicas <strong>biliar</strong>es, porém 30% dos pacientes são assintomáticos. A<br />
ultrassonografia tem especifici<strong>da</strong>de e sensibili<strong>da</strong>de maiores que 95% (Figura 5).<br />
Microlitíase<br />
(Fig.5) colelitíase, Múltiplos cálculos depositados, aparecendo<br />
como focos ecogênicos com sobra acústica posterior.<br />
Presença de microcálculos (menores que 0,4 cm) flutuantes caracterizados por pequenos pontos<br />
hiperecogênicos em meio à bile. São móveis durante a mu<strong>da</strong>nça de decúbito e estão associados<br />
à bile espessa (Figura 6).<br />
(Fig.6) Microlitíase.<br />
por imagem Ultrassonografia e Mamografia Digital com Quali<strong>da</strong>de 32212402
Pseudolitíase<br />
Termo descrito para a aparência de “barro” <strong>biliar</strong> que era observado após o tratamento com<br />
ceftriaxona. Esta, deposita-se, com sais de cálcio na <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong> formando microcálculos que<br />
são eliminados lentamente. Há completa reversão clínica e ultrassonográfica. A maioria dos<br />
pacientes é assintomática, mas pode ocorrer colecistite. O exame <strong>ultrassonográfico</strong> mostra<br />
muitas partículas ecogênicas na <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>, que podem não ser diferencia<strong><strong>da</strong>s</strong> dos cálculos de<br />
outra natureza (Figura 7).<br />
Colecistite Agu<strong>da</strong><br />
UD diagnóstico diagnóstico por por imagem<br />
imagem<br />
(Fig.7) Pseudolitíase. Paciente em uso de Rocenfin®, apresentando<br />
múltiplos cálculos no interior <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>.<br />
É a complicação agu<strong>da</strong> mais comum de <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>. Observa-se maior prevalência nas<br />
mulheres, e maior incidência na quinta e sexta déca<strong><strong>da</strong>s</strong>. Os sintomas são dor abdominal, febre e<br />
leucocitose. Em 90% o fator causal é um calculo obstruindo o ducto cístico. A parede <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong><br />
<strong>biliar</strong> apresenta-se edemacia<strong>da</strong> e espessa<strong>da</strong> (>3mm) e pode haver coleções líqui<strong><strong>da</strong>s</strong><br />
perivesiculares (Figura 8).<br />
Colecistite Crônica<br />
(Fig.8) Coleciste agu<strong>da</strong>. Vesícula <strong>biliar</strong> distendi<strong>da</strong>, com<br />
espessamento parietal e conteúdo heterogêneo no seu interior,<br />
compatível com lama tumefacta. Apresenta também calculo em<br />
interior.<br />
Pode manter-se assintomática por anos ou se manifestar através de cólicas <strong>biliar</strong>es recorrentes,<br />
ocasiona<strong><strong>da</strong>s</strong> por obstrução transitória ou episódios de agudização. Quase sempre associa<strong>da</strong> a<br />
cálculos (95%). Os sintomas são vagos como distensão abdominal, desconforto epigástrico e<br />
náuseas. A <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong> pode encontrar-se pequena e contraí<strong>da</strong>, e suas paredes espessa<strong><strong>da</strong>s</strong> e<br />
irregulares por fibrose e inflamação crônica (Figura 9).<br />
Colecistite Acalculosa<br />
(Fig.9) Coleciste crônica agudiza<strong>da</strong>. Importante espessamento<br />
parietal <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>, com aumento do fluxo ao Doppler, e<br />
conteúdo heterogêneo, compatível com lama <strong>biliar</strong>.<br />
Ocorre associado a traumas, queimados, pós-operatórios, diabetes e AIDS. São os mesmos<br />
achados <strong>ultrassonográfico</strong>s <strong>da</strong> colecistite calculosa: sinal de Murphy <strong>ultrassonográfico</strong>,<br />
por imagem Ultrassonografia e Mamografia Digital com Quali<strong>da</strong>de 32212402
espessamento parietal, vesicular <strong>biliar</strong> distendi<strong>da</strong>, líquido pericolecístico (Figura 10). Pode ocorre<br />
também na ausência dos achados descritos.<br />
Adenomiomatose<br />
UD diagnóstico diagnóstico por por imagem<br />
imagem<br />
(Fig.10) Coleciste acalculosa. Espessamento parietal e distenção<br />
vesicular, sem cálculos no interior.<br />
Forma mais comum de colesterolose hiperplásica. É caracteriza<strong>da</strong> pela hiperplasia mucosa e<br />
hipertrofia <strong>da</strong> muscular <strong>da</strong> parede de <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>, ocasionando evaginação <strong>da</strong> mucosa através<br />
<strong>da</strong> muscular, desenvolvendo ver<strong>da</strong>deiros divertículos intramurais, os chamados seios de<br />
Rokitansky-Aschoff (Figura 11).<br />
Colesterolose<br />
(Fig.11) Adenomiomatose. Área de espessamento <strong>da</strong> parede<br />
anterior <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>, com focos ecogênicos brilhantes com<br />
artefatos em ‘’cau<strong>da</strong> de cometa”<br />
Doença de depósito de triglicerídeos precursores de colesterol e ésteres na parede vesicular. Há<br />
dois tipos: plana e polipóide. A forma plana caracteriza-se por múltiplos pontos hiperecogênicos<br />
na parede vesicular, geralmente acompanhado por reverberação sonora artefato em “cau<strong>da</strong> de<br />
cometa” (Figura 12). A forma polipóide consiste em pólipos de colesterol (pseudopólipos), que<br />
podem ser únicos ou múltiplos.<br />
Carcinoma <strong>da</strong> Vesícula<br />
(Fig.12) Colesterolose Pontos hiperecogênicos na paredevesicular<br />
com reverberação sonora em “cau<strong>da</strong> de cometa”<br />
É um carcinoma raro, representando o quinto tumor maligno do trato gastrointestinal, sendo o<br />
adenocarcinoma mais frequente (98%). Mais comum em mulheres e idosos. Associado a cálculos<br />
em 90%. São descritos três padrões ecográficos: polipóide, infiltrativo e massa infiltrativa (Figura<br />
13).<br />
por imagem Ultrassonografia e Mamografia Digital com Quali<strong>da</strong>de 32212402
Perfuração <strong>da</strong> Vesícula<br />
UD diagnóstico diagnóstico por por imagem<br />
imagem<br />
(Fig.13) Adenocarcinoma <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>. Massa polipóide<br />
intraluminal.<br />
É uma <strong><strong>da</strong>s</strong> complicações <strong>da</strong> colecistite. Ocorre no início do processo inflamatório agudo ou após<br />
algumas semanas. A sua patogênese não é bem conheci<strong>da</strong>, mas a inflamação crônica e a<br />
isquemia <strong>da</strong> parede geralmente estão presentes. A mortali<strong>da</strong>de é alta devido à demora do<br />
diagnóstico. Pode levar à abscesso perivesicular e à fistulização para vísceras adjacentes (Figura<br />
14).<br />
Conclusão<br />
(Fig.14) Perfuração <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong>. Descontinui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> parede<br />
<strong>vesícula</strong>r com coleção líqui<strong>da</strong> anecóica perivesicular.<br />
Mesmo com todo o avanço tecnológico a ultrassonografia permanece como método de escolha<br />
para a avaliação <strong>da</strong> maioria <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>patologias</strong> <strong>da</strong> <strong>vesícula</strong> <strong>biliar</strong> devido a múltiplas vantagens do<br />
método. Dessa forma, o conhecimento deses achados pela ultrassonografia continua sendo<br />
essencial para todos os radiologistas.<br />
Isadora Santos Figueiredo, Erika Tae Koshimura, Frederico Celestino Miran<strong>da</strong>, Martha Haneman kim,<br />
Marcelo Rocha Correia Silva, Marianne Siguara de Quadros, Miguel josé Francisco Neto, Marcelo<br />
Gusmão Buarque Funari. Hospital Israelita Albert Einstein<br />
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