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Histórias do Rio Histórias do Rio - MultiRio

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Mestre <strong>do</strong> Tempo conta <strong>Histórias</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

Mestre Mestre <strong>do</strong> <strong>do</strong> Tempo Tempo conta<br />

conta<br />

<strong>Histórias</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

Realização Realização<br />

Secretaria Secretaria Municipal Municipal de Educação de Educação


Mestre FALSA <strong>do</strong> Tempo conta FOLHA DE<br />

<strong>Histórias</strong> ROSTO <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>


Mestre FALSA <strong>do</strong> Tempo conta FOLHA DE<br />

<strong>Histórias</strong> ROSTO <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Multi<strong>Rio</strong> • Empresa Municipal de Multimeios Ltda.<br />

2012


Editoria<br />

Regina Protasio<br />

Assessoria Editorial<br />

Denise das Chagas Leite<br />

Consultoria, Conteú<strong>do</strong> e Redação<br />

Branca Serodio Portes<br />

Revisão<br />

Jorge Eduar<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />

Mestre <strong>do</strong> tempo conta histórias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> / Multi<strong>Rio</strong>. – <strong>Rio</strong> de Janeiro: Multi<strong>Rio</strong>, 2012<br />

M586 152 p. : il. : 23 cm.<br />

ISBN 978-85-60354-06-1<br />

Colaboração<br />

Luiz Eduar<strong>do</strong> Ricon<br />

Marília Scofano<br />

Thais Navega<br />

Pesquisa<br />

Lucia Mendes<br />

Eduar<strong>do</strong> Guedes<br />

Fotografia<br />

Alberto Jacob Filho<br />

1. <strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ) - História. 2. Geografia - <strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ).<br />

I. Empresa Municipal de Multimeios (<strong>Rio</strong> de Janeiro, RJ). II. <strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ).<br />

Secretaria Municipal de Educação.<br />

CDD - 981.53<br />

CDU - 908 (815.35)<br />

Artes Gráficas<br />

Marcelo Salerno<br />

Ana Cristina Lemos<br />

Projeto Gráfico e Editoração<br />

Aloysio Neves<br />

Editoração<br />

Antonio Hauaji<br />

Ilustrações<br />

Alessandra Oliveira<br />

Antonio Hauaji<br />

Camila Paixão<br />

Juliana Gonçalves<br />

Roberta Motta


Sumário<br />

Apresentação 07<br />

Capítulo 1 Tempo, tempo, tempo rei... 11<br />

Capítulo 2 Nas trilhas da aventura... 23<br />

Capítulo 3 O <strong>Rio</strong> antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> 37<br />

Capítulo 4 Um vai e vem de pessoas e de coisas 49<br />

Capítulo 5 Aqui neste mesmo lugar... O tempo <strong>do</strong>s vice-reis 65<br />

Capítulo 6 <strong>Rio</strong> de Janeiro, capital <strong>do</strong> Reino 81<br />

Capítulo 7 O <strong>Rio</strong> de Janeiro novamente Corte: Império 99<br />

Capítulo 8 O <strong>Rio</strong> de Janeiro: vitrine, cartão-postal e capital federal 113<br />

Capítulo 9 Um <strong>Rio</strong> de muitos janeiros 127<br />

Capítulo 10 O <strong>Rio</strong> de Janeiro no presente 137<br />

Referências bibliográficas 151


Olá!<br />

Sabe quan<strong>do</strong> você vê fotografias da sua família,<br />

de amigos ou as suas de quan<strong>do</strong> era menor<br />

e as pessoas em volta comentam: “Nossa,<br />

como você mu<strong>do</strong>u”? Isso quer dizer que o<br />

tempo passou e você já não tem mais a mesma<br />

aparência de antigamente. Isso não significa que<br />

é outra pessoa, mas, com o passar <strong>do</strong> tempo,<br />

você, as pessoas que conhece e os lugares por<br />

onde passou se renovaram, se modificaram.<br />

E já parou para pensar como é bom andar pelos<br />

lugares da cidade onde você mora? Passear por<br />

ruas, praças e parques; ir ao teatro, ao cinema;<br />

à praia; jogar futebol no campinho... To<strong>do</strong>s esses<br />

lugares fazem parte da sua história. Da mesma<br />

forma, a cidade tem uma história para contar.<br />

Conhecer melhor os lugares e suas histórias é se<br />

aproximar cada vez mais da sua cidade e olhá-la<br />

com carinho – o mesmo carinho que você sente<br />

quan<strong>do</strong> vê as fotos das pessoas que você ama.<br />

Eu, o Mestre <strong>do</strong> Tempo, vou levá-lo por um<br />

passeio pela história e pelos lugares da cidade <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro. Ao conhecê-la melhor, você vai<br />

amá-la ainda mais! E quem ama cuida!<br />

Este livro é inspira<strong>do</strong> na série televisiva Mestre<br />

<strong>do</strong> Tempo e no fascículo Mestre <strong>do</strong> Tempo,<br />

da Multi<strong>Rio</strong>, com os conteú<strong>do</strong>s e a redação<br />

<strong>do</strong>s professores Alexandre Ferreira San<strong>do</strong>val<br />

e Jeanne Abi-Ramia.<br />

7


MREBRasil<br />

8


Cidade Maravilhosa,<br />

Cheia de encantos mil!<br />

Cidade Maravilhosa,<br />

Coração <strong>do</strong> meu Brasil!<br />

Cidade Maravilhosa,<br />

Cheia de encantos mil!<br />

Cidade Maravilhosa,<br />

Coração <strong>do</strong> meu Brasil!<br />

Berço <strong>do</strong> samba e das lindas canções<br />

Que vivem n’alma da gente,<br />

És o altar <strong>do</strong>s nossos corações<br />

Que cantam alegremente.<br />

Jardim flori<strong>do</strong> de amor e saudade,<br />

Terra que a to<strong>do</strong>s seduz,<br />

Que Deus te cubra de felicidade,<br />

Ninho de sonho e de luz.<br />

Cidade Maravilhosa<br />

(André Filho)<br />

Cidade Maravilhosa é uma marcha<br />

composta por André Filho para o carnaval<br />

de 1935. A música foi escolhida como hino<br />

da cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.


Tempo, tempo, tempo rei...<br />

(...)<br />

Tempo Rei!<br />

Oh Tempo Rei!<br />

Oh Tempo Rei!<br />

Transformai<br />

As velhas formas <strong>do</strong> viver<br />

Ensinai-me<br />

Oh Pai!<br />

O que eu ainda não sei<br />

Mãe Senhora <strong>do</strong> Perpétuo<br />

Socorrei!<br />

(...)<br />

Aqui vai começar nossa viagem pelas histórias <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro. Vamos percorrer uma linha <strong>do</strong> tempo<br />

e acompanhar o crescimento e as transformações da cidade.<br />

Séculos<br />

Tempo Rei<br />

(Gilberto Gil)<br />

XV<br />

XVI<br />

Território<br />

indígena<br />

Via Láctea<br />

Capítulo 1<br />

XVII XVIII XIX XX XXI<br />

Wikimedia Commons


<strong>Rio</strong>, Cidade Maravilhosa<br />

Passar por uma banca de jornal encanta os olhos de qualquer um,<br />

tantas são as paisagens retratadas de muitos ângulos diferentes.<br />

O que dizer então de poder admirar (de perto ou de longe) e até<br />

tocar maravilhas como o Pão de Açúcar, o Corcova<strong>do</strong>, caminhar<br />

em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, pisar no calçadão da orla,<br />

na areia da praia, mergulhar nas águas salgadas de Copacabana,<br />

pescar na ponte da Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r, explorar trilhas na<br />

Floresta da Tijuca, subir as ladeiras de Santa Teresa...<br />

Ah! É indescritível essa cidade, uma das geografias mais variadas<br />

<strong>do</strong> planeta. E sabe quem lhe deu o nome de maravilhosa? Foi o<br />

escritor Coelho Neto, em homenagem às suas belezas naturais.<br />

Mar, floresta, montanhas, rios e lagoas; largas avenidas, ruas<br />

movimentadas; outras nem tanto, algumas espremidas entre<br />

moradias; altos edifícios, prédios antigos e também modernos;<br />

morros cheinhos de casas e gente, muita gente que, como você,<br />

aqui mora, estuda, trabalha, chora, canta, sofre, ri... Tu<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s<br />

cabem nesta cidade, coração <strong>do</strong> nosso Brasil.<br />

Este <strong>Rio</strong> de Janeiro onde vivem você e tantos outros cariocas nem<br />

sempre foi desse jeito, não. Nasceu, cresceu, mu<strong>do</strong>u e ainda vai se<br />

transformar muito pela vida afora.<br />

A cidade também tem sua história. E você faz parte dela, sabia?<br />

Como essa história começou bem antes <strong>do</strong> seu nascimento e até<br />

<strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong> avô <strong>do</strong> seu avô, é natural que existam muitas<br />

coisas que você ainda precisa aprender sobre a sua cidade. E deve<br />

estar bem curioso, não é?<br />

Esta aventura vai nos levar, em um piscar de olhos, para lugares<br />

nunca vistos e épocas nunca sonhadas.<br />

12<br />

Sua vez!<br />

Uma tarefa para você e a<br />

turma: façam um concurso<br />

para eleger o cartão-postal<br />

mais bonito <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. Não vai ser<br />

fácil essa escolha. Boa sorte!<br />

Copacabana<br />

Arcos da Lapa<br />

Pão de Açúcar<br />

Fotos de Alberto Jacob Filho


No túnel <strong>do</strong> tempo<br />

“A Terra é azul.” Foi assim que, em 1961, o astronauta russo Yuri<br />

Gagarin expressou seu espanto quan<strong>do</strong> de sua nave um homem<br />

teve, pela primeira vez, o planeta Terra inteirinho, flutuan<strong>do</strong> no<br />

espaço, bem à sua frente. Uma grande bola azulada.<br />

Planeta Terra<br />

Exatos 45 anos depois, em 2006, o brasileiro Marcos Pontes, junto<br />

com astronautas de outros países, realizou estu<strong>do</strong>s e experiências<br />

na Estação Espacial Internacional, um laboratório em pleno<br />

espaço. Tu<strong>do</strong> o que eles pesquisaram já está contribuin<strong>do</strong> para o<br />

desenvolvimento científico e tecnológico no mun<strong>do</strong>.<br />

Agora, vamos fazer outra viagem, voltan<strong>do</strong> no tempo,<br />

milhares de anos atrás. Vamos imaginar que é noite, iluminada<br />

apenas pela luz <strong>do</strong>s astros, e que nossos ancestrais olham,<br />

maravilha<strong>do</strong>s, para o céu. Tão encanta<strong>do</strong>s ficam que ali<br />

permanecem até o Sol surgir, clarean<strong>do</strong> o dia. Depois, vão para<br />

o fun<strong>do</strong> da caverna, onde se abrigam e desenham na pedra a<br />

Wikimedia Commons<br />

Imagine que você está a<br />

bor<strong>do</strong> de uma nave espacial<br />

e que ela vai subin<strong>do</strong>,<br />

subin<strong>do</strong>, subin<strong>do</strong>... Até<br />

que, já bem distante, surge<br />

diante de seus olhos uma<br />

visão fantástica: você vê a<br />

Terra, o nosso planeta. O<br />

que sentiria? O que diria?<br />

13


magia daqueles momentos. Pode não ter aconteci<strong>do</strong> bem assim,<br />

é verdade, mas em muitas cavernas foram encontradas pinturas<br />

rupestres representan<strong>do</strong> o nascimento <strong>do</strong> Sol e até de algumas<br />

estrelas. E elas datam, talvez, de uns 50 mil anos atrás.<br />

O tempo passou, mas o interesse <strong>do</strong>s homens em desvendar<br />

os mistérios <strong>do</strong> céu só aumentou. Da observação a olho nu,<br />

passan<strong>do</strong> pelas antigas lunetas, até chegar aos poderosos<br />

telescópios de hoje, não foram poucas as descobertas.<br />

E não foram poucos também os artistas fascina<strong>do</strong>s pelos astros,<br />

como o espanhol Joan Miró, que pintou as estrelas, o Sol, a Lua<br />

e o planeta na série intitulada Constelações.<br />

A Lua Verde, de Joan Miró<br />

Somente no século XVI, graças aos instrumentos cria<strong>do</strong>s pelo<br />

homem, aceitou-se a ideia de que a Terra e outros planetas giram<br />

em torno <strong>do</strong> Sol, que o Sol é apenas uma das bilhões de estrelas<br />

de uma galáxia que se chama Via Láctea e que a Via Láctea é só<br />

mais uma das bilhões de galáxias que formam o universo.<br />

14<br />

www.bergbook.com<br />

O Sol Vermelho, de Joan Miró<br />

www.bergbook.com<br />

Pintura rupestre<br />

A pintura rupreste é um<br />

tipo de arte feita pelos<br />

homens pré-históricos<br />

nas paredes das cavernas,<br />

usan<strong>do</strong> como tinta o<br />

carvão, rochas, o sangue<br />

de animais e extratos de<br />

plantas. Em geral, retrata<br />

cenas <strong>do</strong> cotidiano, como<br />

a caça e os rituais.<br />

Wikimedia Commons


Dessa forma, nosso endereço no cosmo bem que pode ser<br />

resumi<strong>do</strong> assim:<br />

Cidade – <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

País – Brasil<br />

Planeta – Terra<br />

Sistema – Solar<br />

Galáxia – Via Láctea<br />

O céu no <strong>Rio</strong> de Janeiro é uma beleza de se observar. Em uma<br />

noite sem nuvens, é só olhar para cima e admirar Lua, estrelas,<br />

constelações... Até planeta se pode ver. Faça isso!<br />

Noite estrelada no <strong>Rio</strong><br />

Os movimentos da Terra<br />

Quan<strong>do</strong> observamos o nascer e o pôr <strong>do</strong> Sol, podemos até<br />

pensar que ele anda de um la<strong>do</strong> para o outro. Mas é só<br />

impressão. Quem está se moven<strong>do</strong> mesmo é a Terra. Ela faz<br />

<strong>do</strong>is movimentos principais: rotação, em torno de um eixo<br />

imaginário, que dá origem ao dia e à noite; e translação, em<br />

torno <strong>do</strong> Sol, que dura um ano.<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Combine com seus colegas<br />

uma noite para to<strong>do</strong>s<br />

observarem os astros no<br />

firmamento. Depois, cada<br />

um desenha o que viu e<br />

leva para a escola.<br />

Os desenhos vão compor<br />

um lin<strong>do</strong> mural.<br />

15


A orientação no tempo e no espaço é indispensável para a<br />

nossa vida. Em uma cidade como o <strong>Rio</strong> de Janeiro, os meios de<br />

orientação estão por toda parte.<br />

Quan<strong>do</strong> você sai de casa para a escola, há vários recursos ao seu<br />

dispor guian<strong>do</strong> a caminhada: o relógio mostra se está atrasa<strong>do</strong><br />

ou não; o rádio, a TV e a internet dizem se vai chover e se há<br />

engarrafamento; o ônibus, o trem e o metrô realizam seu percurso<br />

sobre ruas, linhas, pontes e viadutos.<br />

Placas indicam os nomes das ruas e praças; sinais luminosos<br />

permitem a travessia com segurança; letreiros e símbolos<br />

informam onde estão lojas, hospitais, escritórios e... a sua escola.<br />

Placa de rua<br />

Há muitos e muitos anos, tu<strong>do</strong> era bem diferente. Naqueles<br />

tempos antigos, o céu era o mapa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. E as pessoas<br />

guiavam-se de um lugar para o outro observan<strong>do</strong> a posição das<br />

estrelas no firmamento.<br />

O tempo de <strong>do</strong>rmir e o tempo de acordar, o de plantar e o de<br />

colher, para onde ir e que caminho seguir eram decisões tomadas<br />

a partir <strong>do</strong> que o tempo determinava.<br />

16<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Você conhece a Bandeira<br />

<strong>do</strong> Brasil, não é? Na parte<br />

azul, está representa<strong>do</strong> um<br />

pedacinho da imensidão <strong>do</strong><br />

céu que fica bem sobre as<br />

terras brasileiras.<br />

Sua vez!<br />

O Cruzeiro <strong>do</strong> Sul é uma<br />

das constelações mais<br />

conhecidas por ser bem<br />

fácil identificá-la no céu.<br />

Que tal agora um desafio?<br />

Observe as estrelas na<br />

bandeira acima e tente<br />

encontrar o Cruzeiro <strong>do</strong> Sul.


Nascer <strong>do</strong> Sol<br />

Aprender a orientar-se em relação ao Sol é bem simples. Junto<br />

com seus colegas, no pátio da escola, localizem onde ele surgiu<br />

de manhã bem cedinho. Ao estenderem o braço direito para esse<br />

la<strong>do</strong>, encontrarão o leste. Estican<strong>do</strong> o outro braço, o oeste. À<br />

frente, estará o norte, e atrás, o sul. Agora, vocês podem localizar<br />

várias dependências da escola, de acor<strong>do</strong> com os pontos cardeais<br />

(norte, sul, leste, oeste).<br />

Onde fica a quadra? E a sala de leitura?<br />

Os mapas falam<br />

Mapa é um desenho, em tamanho reduzi<strong>do</strong>, de uma parte da<br />

superfície terrestre (continente, país, cidade, bairro, etc.) ou da<br />

Terra inteira.<br />

Os mapas foram auxiliares fundamentais nos deslocamentos da<br />

humanidade por terra e por mar. E ainda são. Até os aviões voam<br />

pelo céu seguin<strong>do</strong> seus mapas.<br />

Cartografia é a ciência que trata da concepção, da produção, da<br />

difusão, da utilização e <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mapas. A rosa <strong>do</strong>s ventos<br />

representa os pontos cardeais, que orientam os viajantes e os<br />

leitores de mapas.<br />

Thigruner / Wikimedia Commons<br />

Sua vez!<br />

Vista aérea <strong>do</strong> Cristo Redentor<br />

O monumento <strong>do</strong> Cristo<br />

Redentor, além de encantar<br />

a cidade, também indica<br />

os pontos cardeais. Só que<br />

de um jeito diferente: de<br />

frente, ele olha o Sol nascer<br />

(leste); nas suas costas, o Sol<br />

se põe (oeste). Seu braço<br />

direito aponta para o sul, e<br />

o esquer<strong>do</strong>, para o norte.<br />

MRE Brasil<br />

17


18<br />

Agora, veja um mapa diferente. Foi feito pelos indígenas<br />

da aldeia pataxó <strong>do</strong> município de Carmésia, centro-oeste<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Minas Gerais.<br />

Legenda:<br />

Matas<br />

Igreja e<br />

Farmácia<br />

Córregos<br />

Estradas<br />

Pastos<br />

Casas<br />

Campo de<br />

Futebol<br />

Roças<br />

Na página ao la<strong>do</strong>, você pode observar os mapas <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, e as indicações das rosas <strong>do</strong>s ventos.<br />

Ed. Global São Paulo<br />

Sua vez!<br />

Tente descobrir quais<br />

são os limites <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro, ao norte, ao sul,<br />

a leste e a oeste.<br />

Escreva, então, o que<br />

você encontrou no<br />

seu caderno.


Mapa <strong>do</strong> Brasil, com o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro em destaque.<br />

Mapa <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, com a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro em destaque.<br />

19<br />

Ilustrações de Aline Carneiro


20<br />

Sua vez!<br />

Observe o mapa ao la<strong>do</strong><br />

e liste cinco lugares <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> que chamam a sua<br />

atenção. Compare a sua<br />

listagem com a de um<br />

colega. Houve alguma<br />

coincidência na escolha?<br />

Você já brincou de mapa<br />

<strong>do</strong> tesouro? Já desenhou<br />

caminhos, pistas, símbolos<br />

que, se fossem decifra<strong>do</strong>s,<br />

ajudariam a encontrar um<br />

baú cheio de ouro e pedras<br />

preciosas, como dizem que<br />

os piratas faziam?<br />

Aline Carneiro / Roberta Motta<br />

Aqui está o mapa <strong>do</strong> município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Nele,<br />

você vai encontrar muitas informações sobre a cidade.


Editora Global<br />

22<br />

Vai lá!<br />

Museu de Astronomia e Ciências Afins<br />

Cria<strong>do</strong> em 1985, cuida da preservação e divulgação da memória<br />

científica nacional e desenvolve projetos nas áreas de História da<br />

Ciência, Museologia e Educação em Ciências.<br />

Endereço: Rua General Bruce, 586, São Cristóvão.<br />

Museu Cartográfico <strong>do</strong> Serviço Geográfico <strong>do</strong> Exército<br />

Lá estão expostos mapas, fotografias, bússolas, lunetas e outros<br />

instrumentos.<br />

Endereço: Rua Major Daemon, 81, Morro da Conceição, Centro.<br />

Livro à vista!<br />

O Menino Que Achou uma Estrela<br />

Autora: Marina Colasanti.<br />

Editora: Global, 2003.<br />

Um menino achou uma estrela cinza e<br />

apagada. Ele cui<strong>do</strong>u tão bem dela que<br />

depois a estrela iluminou a sua vida.<br />

Agora, uma pequena parada...<br />

E até o próximo capítulo.


Nas trilhas da aventura...<br />

(...)<br />

o mun<strong>do</strong> é sempre novo<br />

e a terra dança e acorda<br />

em acordes de sol<br />

Faça <strong>do</strong> seu olhar imensa caravela<br />

Receita de Olhar<br />

(Roseana Murray)<br />

Entramos no século XVI. Vamos falar <strong>do</strong> Descobrimento <strong>do</strong><br />

Brasil e da convivência entre índios e portugueses por aqui.<br />

Séculos<br />

XV<br />

Descobrimento <strong>do</strong> Brasil, de Francisco Aurélio de Figueire<strong>do</strong> e Melo<br />

XVI<br />

XVII XVIII XIX XX XXI<br />

Chegada <strong>do</strong>s portugueses<br />

Capítulo 2<br />

Museu Histórico Nacional


Pergunte ao tempo<br />

Mesmo ainda não sen<strong>do</strong> um adulto, você tem muitas coisas<br />

para lembrar. Algumas muito boas, outras nem tanto... O que<br />

aconteceu quan<strong>do</strong> era apenas um bebê ou bem criancinha é difícil<br />

de lembrar, e você só vai descobrir olhan<strong>do</strong> fotos desse tempo ou<br />

ouvin<strong>do</strong> histórias a seu respeito.<br />

E devem ser tantos os casos!<br />

A sua história vai sen<strong>do</strong> escrita, contada e vivida com base em<br />

fatos que ficaram lá atrás, nos que acontecem agora e naqueles<br />

que só o futuro vai mostrar.<br />

O que é presente agora rapidinho será passa<strong>do</strong>. O futuro? Está<br />

baten<strong>do</strong> à porta e logo, logo será o presente.<br />

O tempo é mesmo surpreendente e... não para. Como bem diz a<br />

quadrinha popular:<br />

24<br />

O tempo perguntou pro tempo<br />

Quanto tempo o tempo tem<br />

O tempo respondeu pro tempo<br />

Que o tempo tem tanto tempo<br />

Quanto tempo o tempo tem.<br />

Uma coisa é certa: to<strong>do</strong>s sentem o tempo passar. Podemos<br />

“sentir” e “ver” o tempo observan<strong>do</strong>, por exemplo:<br />

• a natureza (dia e noite, as estações <strong>do</strong> ano, a árvore que<br />

cresce, a flor que se abre, a fruta madura prontinha para ser<br />

saboreada...);<br />

Como foi o seu primeiro<br />

dia na escola, você<br />

se lembra? O que já<br />

sabia sobre essa nova<br />

experiência em sua vida?<br />

O que foi surpresa?<br />

Sua vez!<br />

Um exercício bem<br />

legal para você fazer:<br />

começan<strong>do</strong> com o ano<br />

<strong>do</strong> seu nascimento, trace<br />

uma Linha <strong>do</strong> Tempo,<br />

destacan<strong>do</strong> os fatos mais<br />

interessantes de sua vida e o<br />

ano em que eles ocorreram.


• o nosso corpo (a roupa fica pequena; o cabelo, mais longo;<br />

as unhas, mais compridas);<br />

• o que acontece ao nosso re<strong>do</strong>r (uma outra casa surge na rua,<br />

o asfalto que chega, “Tem livro novo na biblioteca!”, a festa<br />

<strong>do</strong> Ano Novo, o começo das férias...).<br />

Até nas cantigas de roda a passagem <strong>do</strong>s dias, meses, anos...<br />

está presente.<br />

A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil<br />

A linda rosa juvenil, juvenil<br />

Vivia alegre no solar, no solar, no solar<br />

Vivia alegre no solar, no solar<br />

Mas uma feiticeira má, muito má, muito má<br />

Mas a feiticeira má, muito má<br />

A<strong>do</strong>rmeceu a rosa assim, bem assim, bem assim<br />

A<strong>do</strong>rmeceu a rosa bem assim, bem assim<br />

O tempo passou a correr, a correr, a correr<br />

(...)<br />

A Linda Rosa Juvenil<br />

(Cultura popular)<br />

Esta é outra forma de perceber o tempo: quanto dura cada<br />

acontecimento? Há muitos e muitos anos, os homens inventaram<br />

um objeto chama<strong>do</strong> ampulheta.<br />

A linda rosa juvenil, série<br />

Cantigas de Roda<br />

Para conhecer to<strong>do</strong>s os<br />

desenho de Cantigas de<br />

Roda é só pedir ao(à) seu(sua)<br />

professor(a) para assistir ao<br />

MultiKit Escola, que fica na<br />

sala de leitura.<br />

Multi<strong>Rio</strong>/GEA<br />

Você já parou para pensar<br />

quanto tempo por dia fica<br />

na escola? E para chegar lá,<br />

demora muito? O recreio<br />

passa rápi<strong>do</strong> ou tem um bom<br />

tempo? Aí está uma boa<br />

discussão para a turma: O que<br />

é o tempo para cada um?<br />

25


Com ela, as pessoas podiam (e ainda podem) medir quanto<br />

tempo durava alguma atividade.<br />

Como a humanidade, em qualquer tempo e lugar, está sempre<br />

crian<strong>do</strong> coisas novas, muitos instrumentos surgiram para medir<br />

a sucessão e a duração <strong>do</strong> tempo.<br />

26<br />

Wikimedia Commons<br />

Calendário asteca Relógio solar<br />

Wikimedia Commons<br />

Relógio de mesa<br />

Caminhan<strong>do</strong> por uma rua ou pela calçada de uma das praias <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, você se “liga” no tempo, o tempo to<strong>do</strong>. Quer saber<br />

a hora? Está lá. Quer saber a temperatura? Também está lá.<br />

Roberta Motta<br />

Wikimedia Commons<br />

Sua vez!<br />

Usan<strong>do</strong> duas garrafas PET,<br />

fita adesiva e areia, a turma<br />

pode fazer uma ampulheta<br />

e medir, por exemplo, o<br />

tempo gasto na resolução<br />

de um problema, de uma<br />

cruzadinha, na produção de<br />

um texto. Também pode ser<br />

calculada a duração de um<br />

filme, um desenho anima<strong>do</strong><br />

ou uma música.<br />

Como esta que canta o<br />

tempo em um anima<strong>do</strong><br />

tique-taque.<br />

Passa, tempo, tic-tac<br />

Tic-tac, passa, hora<br />

Chega logo, tic-tac<br />

Tic-tac e vai-te embora.<br />

(...)<br />

O Relógio<br />

(Vinicius de Moraes)


Relógio digital no Leblon<br />

Relógio digital em Ipanema<br />

Todas essas invenções permitiram ao homem orientar-se no<br />

tempo, controlar o seu próprio tempo e aventurar-se, ainda mais,<br />

no mun<strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> você tem pouco tempo e muita coisa para fazer,<br />

uma agenda pode ajudá-lo a se organizar melhor. Veja o<br />

exemplo abaixo:<br />

Dia: 4 de abril de 2011 (segunda-feira)<br />

Horário Atividade<br />

7:15 Entrada<br />

7:20 às 7:30 Organização da agenda<br />

7:30 às 7:45 Correção <strong>do</strong> dever de casa<br />

7:45 às 9:30 Atividade no pátio: localização <strong>do</strong>s pontos cardeais<br />

9:30 às 10:00 Recreio e lanche<br />

10:00 às 11:15 Atividades em sala de aula<br />

11:15 às 11:30 Cópia <strong>do</strong> dever de casa<br />

11:30 às 11:40 Avaliação <strong>do</strong> dia<br />

11:45 Saída<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Sua vez!<br />

Carta Enigmática<br />

N +<br />

- rinho - de<br />

- p + sa<br />

- v<br />

+ h<br />

- p<br />

+ r<br />

O autor dessa frase<br />

é o poeta argentino<br />

Jorge Luis Borges.<br />

Resposta da Carta Enigmática: “Nosso passa<strong>do</strong><br />

é nossa história”.<br />

Na Ponta <strong>do</strong> Lápis. Almanaque <strong>do</strong> programa Escreven<strong>do</strong> o Futuro Itaú. Ano 1, n. 2, 2005.<br />

27


O tempero da vida<br />

A canela é conhecida desde a Antiguidade. De tão valorizada,<br />

servia para presentear reis e perfumar leitos nupciais.<br />

A caneleira é uma pequena árvore natural <strong>do</strong> Sri Lanka, e o<br />

condimento é retira<strong>do</strong> da parte interna da casca <strong>do</strong> tronco.<br />

É usada em pó ou pedaços.<br />

O chá de canela bem quentinho aquece o corpo nos dias frios.<br />

Biscoitos, bolos e outras guloseimas também são feitos com esse<br />

tempero precioso.<br />

E não é só a canela, não. Outros temperos tão comuns hoje nas<br />

cozinhas cariocas também vinham lá de longe – as especiarias.<br />

Especiarias são produtos de origem vegetal (flor, fruto, semente,<br />

casca, raiz) de aroma e sabor acentua<strong>do</strong>s, como pimenta, cravoda-índia,<br />

gengibre, noz-moscada e canela.<br />

Eram usadas para temperar e conservar alimentos e também<br />

serviam para fazer perfumes, remédios e tinturas.<br />

Além das especiarias, eram comercializa<strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s de seda e<br />

algodão, porcelanas e frutas secas. Um verdadeiro troca-troca.<br />

Mas, se hoje encontramos esses produtos sem maiores<br />

dificuldades, nem sempre foi assim. Os árabes eram,<br />

praticamente, os únicos que faziam esse transporte e cobravam<br />

muito caro pelos produtos que traziam.<br />

A pimenta era tão valiosa que era trocada por ouro. Já pensou?<br />

Veja na página ao la<strong>do</strong> o mapa com a rota das especiarias.<br />

28<br />

Especiarias<br />

Noz-moscada<br />

Cravo-da-índia<br />

Gengibre<br />

Pimenta<br />

Canela<br />

www.infoescola.com<br />

Wikimedia Commons<br />

Wikimedia Commons<br />

www.rac.com.br<br />

Wikimedia Commons


Além disso, guerras e conflitos eram comuns na região das<br />

rotas e dificultavam a passagem das merca<strong>do</strong>rias, quase que<br />

interrompen<strong>do</strong> as trocas comerciais. O que fazer então? Encontrar<br />

logo um outro rumo, uma outra saída: o mar.<br />

Mar, misterioso mar<br />

Em 1976, a escola de samba Império Serrano desfilou no carnaval<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro com o enre<strong>do</strong> Lenda das Sereias. A letra <strong>do</strong> belo<br />

samba cantou assim os segre<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mar:<br />

Mar<br />

Misterioso mar<br />

Que vem <strong>do</strong> horizonte<br />

É o berço das sereias<br />

Lendário e fascinante<br />

Olha o canto da sereia<br />

Lalaó, o que, ialoá<br />

Em noite de lua cheia<br />

Ouço a sereia cantar<br />

Lenda das Sereias<br />

(Vicente Mattos, Dinoel e<br />

Arlin<strong>do</strong> Velloso)<br />

Antonio Hauaji<br />

Como os povos antigos da<br />

Europa eram basicamente<br />

carnívoros (e não havia<br />

geladeira), a carne era<br />

conservada (não muito<br />

bem) no sal. Dizem que<br />

a pimenta utilizada para<br />

temperar apenas disfarçava<br />

o cheiro desagradável da<br />

carne deteriorada. Ou<br />

seja, o prazo de validade<br />

normalmente já estava<br />

venci<strong>do</strong>...<br />

29


Marinheiros e pesca<strong>do</strong>res contam histórias de sereias há séculos.<br />

Os seres mitológicos que viviam nas águas, metade peixe,<br />

metade mulher, atraíam os homens para o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar com seu<br />

maravilhoso canto.<br />

Na Grécia Antiga, um poeta chama<strong>do</strong> Homero criou a incrível<br />

história Odisseia, que narra a volta <strong>do</strong> herói Ulisses para casa após<br />

uma terrível guerra – a Guerra de Troia. Quan<strong>do</strong> passava com sua<br />

embarcação próximo à Ilha das Sereias, elas começaram a cantar,<br />

tentan<strong>do</strong> atraí-lo para a ilha. E, então, o que fez Ulisses? Ora,<br />

man<strong>do</strong>u que os marujos tapassem bem os próprios ouvi<strong>do</strong>s e o<br />

amarrassem fortemente ao mastro <strong>do</strong> navio.<br />

Assim, ele satisfez a sua curiosidade, ouviu o maravilhoso canto<br />

das sereias, em segurança, e prosseguiu viagem rumo ao seu lar.<br />

Os mitos fazem parte <strong>do</strong> folclore. São seres que vivem na<br />

imaginação popular. Podem ter forma de gente, de bicho ou <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is juntos e têm poderes sobrenaturais. Os mitos brasileiros são<br />

de origem portuguesa, africana e indígena.<br />

Mas não pense que só sereias assustavam os antigos navega<strong>do</strong>res.<br />

Terríveis monstros marinhos certamente os atacariam e seus<br />

navios poderiam ser traga<strong>do</strong>s por abismos profun<strong>do</strong>s se eles<br />

se aventurassem pelo “Mar Tenebroso” (nome que era da<strong>do</strong> ao<br />

Oceano Atlântico). É o que imaginavam. E tinham me<strong>do</strong>.<br />

Esse não foi o caso de Portugal, um pequeno país da Europa que,<br />

a partir <strong>do</strong> século XV, desafiou o perigoso oceano, em feitos e<br />

fatos históricos incríveis. Portugal saiu na frente. E não só para<br />

buscar as especiarias.<br />

Navegar era preciso.<br />

30<br />

No Brasil, uma lenda<br />

indígena conta que, no<br />

fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s rios da Amazônia,<br />

vive Iara, que atrai os jovens<br />

índios e inspira os poetas.<br />

Outros seres fantásticos<br />

também fazem parte <strong>do</strong><br />

folclore brasileiro, como o<br />

Curupira e o Saci Pererê.<br />

Quer saber mais sobre eles?<br />

É só conferir na série Juro<br />

que Vi, da Multi<strong>Rio</strong>. Peça<br />

ao(à) seu(sua) professor(a)<br />

para assistir ao MultiKit<br />

Escola, que fica na sala<br />

de leitura.


Aproveitan<strong>do</strong> bem os conhecimentos deixa<strong>do</strong>s pelos povos<br />

mais antigos, os portugueses avançaram pelo mar, utilizan<strong>do</strong><br />

instrumentos náuticos.<br />

Compasso – registra a direção da<br />

embarcação<br />

Bússola – sua agulha magnética<br />

aponta sempre para o norte<br />

http://catalogo.museogalileo.it<br />

Iguana Jo<br />

Astrolábio – equipamento de<br />

localização pela posição das estrelas<br />

Cartas náuticas – são os mapas<br />

marítimos<br />

Outras invenções, como a pólvora, o papel, as caravelas e<br />

embarcações à vela, mais rápidas de manobrar, também foram<br />

decisivas nas grandes viagens marítimas.<br />

Wikimedia Commons<br />

Wikimedia Commons<br />

Os portugueses e os<br />

espanhóis foram os povos<br />

que mais se aventuraram<br />

pelos mares, fazen<strong>do</strong> grandes<br />

descobertas e chegan<strong>do</strong> a<br />

lugares longínquos.<br />

31


Assim, os portugueses chegaram às Índias, contornan<strong>do</strong> a África,<br />

criaram novas rotas comerciais e encontraram terras ainda<br />

desconhecidas na época.<br />

Terra à vista<br />

No dia 9 de março de 1500, partiu de Lisboa, a principal cidade<br />

<strong>do</strong> reino português, uma grande esquadra de 13 navios, levan<strong>do</strong><br />

mais de mil homens: navega<strong>do</strong>res experientes e também nobres,<br />

padres, merca<strong>do</strong>res, solda<strong>do</strong>s e grumetes.<br />

Viagem de Cabral ao Brasil e a Calicute (1500)<br />

32<br />

Rota de Pedro Álvares Cabral<br />

desde Portugal à Índia em<br />

1500.<br />

Rota de regresso.<br />

CALICUTE<br />

Seu destino? A cidade de Calicute, na Índia, em busca de<br />

riquezas e da difusão da religião católica. Seu comandante?<br />

Pedro Álvares Cabral.<br />

Os portugueses viajaram e viajaram...<br />

Wikimedia Commons<br />

Série Mestre <strong>do</strong> Tempo, Multi<strong>Rio</strong><br />

Para conhecer to<strong>do</strong>s os<br />

programas da série Mestre<br />

<strong>do</strong> Tempo é só pedir ao(à)<br />

seu(sua) professor(a) para<br />

assistir ao MultiKit Escola,<br />

Cidade e Profissões, que<br />

fica na sala de leitura.<br />

Alberto Jacob Filho


Até que no dia 22 de abril de 1500, após já terem visto sinais de<br />

terra por perto – plantas boian<strong>do</strong> e aves no céu –, avistaram terra<br />

firme: um “grande monte, mui alto e re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>”, “serras mais<br />

baixas” e “terra-chã”, com grandes arvore<strong>do</strong>s.<br />

Ao monte alto o capitão deu o nome de Monte Pascoal e à terra<br />

encontrada, Terra de Vera Cruz.<br />

Nau de Cabral<br />

Da terra, homens e mulheres “par<strong>do</strong>s, maneira de avermelha<strong>do</strong>s,<br />

de bons rostos e bons narizes, benfeitos”, nus, sem roupa alguma,<br />

olhavam, espanta<strong>do</strong>s, os que chegavam em pequenas embarcações.<br />

Quem eram eles? Os primeiros habitantes da terra – o povo<br />

tupinambá –, que já estavam aqui havia milhares de anos.<br />

Academia de Ciências de Lisboa<br />

A vida nas caravelas não era<br />

nada fácil. Sujeira, ratos,<br />

baratas e <strong>do</strong>enças faziam parte<br />

<strong>do</strong> dia a dia. Comida pouca,<br />

quase sempre estragada, e<br />

água, armazenada em barris,<br />

eram intragáveis. Comiam<br />

biscoitos salga<strong>do</strong>s, carne e<br />

legumes. Até crianças viajavam<br />

pelos mares! Geralmente,<br />

eram meninos sem família que<br />

embarcavam na esperança de<br />

obter algumas riquezas. Eles<br />

trabalhavam duro a bor<strong>do</strong>.<br />

33


34<br />

Os portugueses entenderam que eram os legítimos<br />

<strong>do</strong>nos da terra (afinal, não foram eles que a<br />

encontraram?) e mandaram de volta a Portugal uma<br />

das caravelas, levan<strong>do</strong> uma longa carta dan<strong>do</strong> conta<br />

ao rei das boas-novas.<br />

Cabral seguiu viagem para as Índias com as outras<br />

embarcações. Parece que esse era mesmo o seu destino.<br />

Ou, pelo menos, um deles, pois há quem diga que<br />

os portugueses já desconfiavam de que havia terras<br />

naquele caminho e queriam conquistá-las.<br />

A carta escrita por Pero Vaz de Caminha, o escrivão<br />

da frota, é o primeiro <strong>do</strong>cumento escrito que anuncia<br />

a existência <strong>do</strong> Brasil.<br />

Carta de Pero Vaz de Caminha<br />

Museu Histórico Nacional<br />

Se você tivesse que comunicar ao rei<br />

de Portugal a chegada de Cabral às<br />

novas terras, será que escreveria uma<br />

carta tão longa quanto a de Pero<br />

Vaz de Caminha?<br />

Nos dias de hoje, poderia enviar<br />

um e-mail, postar no Twitter, no<br />

Facebook ou mandar um torpe<strong>do</strong>.<br />

Então, tente fazer isso. Escreva uma<br />

mensagem curta que conte o fato.


Sua vez!<br />

Fazer um barquinho de papel é bem fácil. Basta uma folha de papel e mãos à obra!<br />

Com os barcos feitos pela turma, que tal planejar um belo passeio? Imagine para<br />

onde vai e boa viagem!<br />

1 2 3<br />

4 5 6<br />

7 8 9<br />

10 11<br />

12<br />

Roberta Motta<br />

35


Museu Histórico Nacional<br />

Cria<strong>do</strong> em 1922 no antigo Forte de Santiago, possui um <strong>do</strong>s mais<br />

importantes acervos históricos <strong>do</strong> país, inclusive a maior coleção<br />

de moedas e medalhas da América Latina.<br />

Endereço: Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro.<br />

Museu Naval<br />

Instala<strong>do</strong> em um prédio de mais de cem anos, seu acervo é<br />

composto por maquetes de navios, obras de arte, canhões<br />

resgata<strong>do</strong>s de navios naufraga<strong>do</strong>s, figuras de proa e medalhas.<br />

Endereço: Rua Dom Manuel, 15, Praça Quinze de Novembro, Centro.<br />

Editora Manati Vai lá!<br />

36<br />

Livro à vista!<br />

Pedro, Menino Navega<strong>do</strong>r<br />

Autora: Lucia Fidalgo.<br />

Editora: Manati, <strong>Rio</strong> de Janeiro, 2000.<br />

A paixão pelo mar, o fascínio pelo<br />

desconheci<strong>do</strong> e o prazer da conquista.<br />

Esses são os desafios vivi<strong>do</strong>s, no século XVI,<br />

por Pedro Álvares Cabral, transforma<strong>do</strong> pela<br />

autora em um menino sonha<strong>do</strong>r.<br />

Mas a história não<br />

terminou ainda, não.<br />

A conquista <strong>do</strong> novo<br />

território se fez com<br />

muitas aventuras e lutas.<br />

E sabe o que mais?<br />

A história <strong>do</strong> Brasil e<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> continua sen<strong>do</strong><br />

escrita, contada e vivida<br />

por você e to<strong>do</strong>s os<br />

brasileiros e cariocas.


O <strong>Rio</strong> antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

Moro num país tropical<br />

Abençoa<strong>do</strong> por Deus<br />

E bonito por natureza<br />

(...)<br />

País Tropical<br />

(Jorge Ben Jor)<br />

Pão de Açúcar: cartão-postal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> “antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>”<br />

Neste capítulo, vamos viajar pelo século XVI e falar da<br />

exploração <strong>do</strong> pau-brasil, das expedições explora<strong>do</strong>ras e<br />

das capitanias hereditárias. Preste atenção!<br />

Séculos<br />

XV<br />

XVI<br />

Exploração <strong>do</strong> pau-brasil<br />

Capitania de São Vicente<br />

Capítulo 3<br />

XVII XVIII XIX XX XXI<br />

Alberto Jacob Filho


Que maravilha de cenário!<br />

Quarenta e quatro dias sem tomar banho, fazer a barba e lavar<br />

as roupas, comen<strong>do</strong> alimentos quase estraga<strong>do</strong>s e beben<strong>do</strong> água<br />

suja, tu<strong>do</strong> isso no meio de ratos e baratas...Você já se imaginou em<br />

uma situação dessa?<br />

Pois era mais ou menos assim que estavam os portugueses da<br />

esquadra de Cabral quan<strong>do</strong> chegaram ao litoral da Bahia, em<br />

1500. Ao pisar em terra firme, (Que surpresa!) ficaram encanta<strong>do</strong>s<br />

e curiosos com o que viram nesse primeiro contato: extensos<br />

arvore<strong>do</strong>s, água <strong>do</strong>ce farta e limpa, animais nunca vistos antes<br />

e homens e mulheres com os corpos pinta<strong>do</strong>s e enfeita<strong>do</strong>s com<br />

penas. Tu<strong>do</strong> era tão diferente!<br />

Por outro la<strong>do</strong>, podemos imaginar o que sentiram os que já<br />

habitavam a terra ao ficarem frente a frente com uma gente<br />

também tão estranha.<br />

38<br />

Roberta Motta<br />

Sua vez!<br />

Quem ficou mais<br />

espanta<strong>do</strong>: o índio ou o<br />

português? O que você<br />

acha? E a sua turma?<br />

Os indígenas brasileiros não<br />

conheciam animais como<br />

galinha, porco e vaca,<br />

comuns em Portugal.<br />

Alimentavam-se <strong>do</strong> que<br />

plantavam ou extraíam da<br />

terra (mandioca, milho,<br />

batata), da caça e da pesca.<br />

E temperavam a comida<br />

com pimenta.


Apesar da natureza exuberante e das muitas léguas de novas<br />

terras, não havia, aparentemente, nem sinal daquilo que os<br />

portugueses mais queriam encontrar: especiarias, ouro e prata –<br />

riquezas cobiçadas por to<strong>do</strong>s naquele tempo. Ah! Mas esta terra<br />

tinha algo valioso, sim. E os portugueses logo descobriram o que<br />

era: o pau-brasil.<br />

Pau-brasil<br />

O pau-brasil (Caesalpinia echinata) é uma árvore que existia<br />

em grande quantidade ao longo <strong>do</strong> litoral brasileiro –<br />

na Mata Atlântica.<br />

Dela, os indígenas extraíam um corante vermelho para tingir<br />

a pele e as penas que usavam como enfeites. Da madeira, faziam<br />

seus arcos e suas flechas.<br />

Os portugueses perceberam que podiam obter grandes lucros<br />

levan<strong>do</strong> madeira para a Europa. Lá, além <strong>do</strong> corante, a madeira<br />

ia servir para a construção de móveis e até de embarcações.<br />

Der Kolonist / Wikimedia Commons<br />

Sua vez!<br />

PORTUGUESES NA BAÍA<br />

DE GUANABARA<br />

ARARAS ENCANTAM<br />

EUROPEUS<br />

OS PRIMEIROS HABITANTES<br />

PAU-BRASIL É ENCONTRADO<br />

NA MATA<br />

Use as manchetes acima<br />

e monte a primeira página<br />

de um jornal com notícias<br />

<strong>do</strong> dia 1º de janeiro<br />

de 1502.<br />

Observe as primeiras<br />

páginas de vários jornais da<br />

atualidade. Depois, crie o<br />

seu próprio jornal.<br />

39


Atualmente, podemos encontrar árvores <strong>do</strong> pau-brasil quase que<br />

somente em parques e reservas florestais.<br />

Na Mata Atlântica, havia uma variedade grande de espécies de<br />

árvores que, agora, são raras também: jequitibá, jacarandá, cedro,<br />

jatobá, peroba, entre outras.<br />

Compare os mapas e veja o que aconteceu com a Mata Atlântica.<br />

Desconsidere a divisão territorial <strong>do</strong> primeiro mapa. É apenas<br />

para facilitar a sua localização.<br />

Mata Atlântica no início <strong>do</strong> século XVI Mata Atlântica hoje<br />

Você pode conhecer parte da Mata Atlântica bem de perto, aqui<br />

mesmo na cidade onde mora. Por exemplo, na Floresta da Tijuca,<br />

uma das maiores áreas verdes urbanas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, bem aqui, no<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro. É isso mesmo! Uma floresta dentro da cidade.<br />

Ela é chamada por muita gente de floresta artificial. Isso porque,<br />

no século XIX, por determinação <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r D. Pedro II, uma<br />

grande área foi reflorestada, onde antes existiam fazendas de café.<br />

Hoje, é uma importante espaço de lazer para cariocas e turistas.<br />

40<br />

http://mapas.sosma.org.br<br />

E que tal a vista privilegiada<br />

da cidade que se tem da<br />

Pedra da Gávea, <strong>do</strong> alto<br />

<strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> Bico<br />

<strong>do</strong> Papagaio, só para citar<br />

algumas paisagens <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>?<br />

Pedra da Gávea<br />

Corcova<strong>do</strong><br />

Bico <strong>do</strong> Papagaio<br />

Klaus with K<br />

www. parquedatijuca.com.br<br />

Ascom <strong>Rio</strong>tur


Alberto Jacob Filho<br />

Carioca, sim senhor!<br />

O <strong>Rio</strong> de Janeiro que você conhece tem de tu<strong>do</strong> um pouco,<br />

ou melhor, bastante de tu<strong>do</strong>:<br />

Difícil é acreditar que a<br />

cidade já foi muito diferente.<br />

41<br />

Fotos de Ascom <strong>Rio</strong>tur


É claro que um local assim atrai gente de to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Muitos<br />

séculos antes de chegarem aqui os primeiros navega<strong>do</strong>res<br />

portugueses, grupos indígenas já disputavam a região,<br />

guerrean<strong>do</strong> com seus rivais.<br />

<strong>Rio</strong>s, montanhas, florestas e mar – um quarteto que faz a<br />

geografia <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> inigualável.<br />

E não é só quem é “carioca da gema” que pensa assim, não. Tem<br />

gente que veio para cá e nunca mais foi embora. Virou carioca.<br />

Artistas, poetas e compositores não se cansam de demonstrar sua<br />

paixão pela cidade. Só o maestro Antonio Carlos Jobim compôs<br />

tantas músicas sobre o <strong>Rio</strong> e para o <strong>Rio</strong> que até perdemos a conta.<br />

Veja esta que ele fez em um momento de grande saudade:<br />

42<br />

Minha alma canta<br />

Vejo o <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Estou morren<strong>do</strong> de<br />

saudades<br />

<strong>Rio</strong>, seu mar<br />

Praia sem fim<br />

<strong>Rio</strong>, você foi feito pra mim<br />

Cristo Redentor<br />

Braços abertos sobre a<br />

Guanabara<br />

Este samba é só porque<br />

<strong>Rio</strong>, eu gosto de você<br />

(...)<br />

Samba <strong>do</strong> Avião<br />

(Tom Jobim)<br />

Você sabia que o <strong>Rio</strong> tem um rio que é carioca até no nome? Pois<br />

é, o <strong>Rio</strong> Carioca nasce lá na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, na Floresta da<br />

Tijuca, e vem descen<strong>do</strong> até desaguar na Baía de Guanabara. O<br />

interessante é que ele se divide em <strong>do</strong>is “braços”: um desemboca<br />

no Flamengo e o outro junto ao Outeiro da Glória.<br />

Você conhece algum<br />

carioca por a<strong>do</strong>ção? E<br />

você, é carioca? Pesquise<br />

na sua escola quantos<br />

alunos, professores e<br />

funcionários nasceram<br />

no <strong>Rio</strong> e quantos vieram<br />

de outro lugar.<br />

Sua vez!<br />

Pesquise as músicas que o<br />

compositor Tom Jobim fez<br />

em homenagem ao <strong>Rio</strong><br />

e organize com a turma<br />

uma bela exposição com a<br />

biografia dele, fotos e tu<strong>do</strong><br />

o que o maestro merece.


Esse rio tem história e participou muito da história <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

No passa<strong>do</strong>, dizia-se que era a fonte em que bebiam os habitantes<br />

e os vizinhos da cidade.<br />

O <strong>Rio</strong> Carioca, assim como outros rios, também servia como<br />

“estrada” que facilitava o ir e vir de pessoas e merca<strong>do</strong>rias, suas<br />

águas abasteciam as embarcações, e muitas povoações surgiram<br />

em suas margens.<br />

<strong>Rio</strong> Carioca<br />

Nós, hoje, quase não podemos ver os nossos rios. A maioria está<br />

canalizada e corre escondida no subsolo da cidade.<br />

E tem mais: o desmatamento em suas margens e o lançamento de<br />

esgoto e lixo na água estão poluin<strong>do</strong> os rios e causan<strong>do</strong> enchentes<br />

na época das chuvas. Que grande prejuízo para a população.<br />

Daniel Fucs<br />

Sua vez!<br />

Você e a turma podem<br />

fazer cartazes que alertem<br />

a população para cuidar<br />

melhor das nossas águas.<br />

Fixem o material na escola,<br />

no comércio e em outros<br />

espaços. Mas atenção:<br />

só após autorização <strong>do</strong><br />

responsável pelo local!<br />

Akari Oka (“casa de homem<br />

branco”) foi como os indígenas<br />

chamaram uma casa de pedra<br />

construída pelos portugueses<br />

na atual Praia <strong>do</strong> Flamengo,<br />

perto da foz <strong>do</strong> rio. Com o<br />

tempo, o termo “carioca”<br />

passou a denominar quem<br />

nasce na cidade.<br />

43


Nas águas da Guanabara<br />

Depois de falar sobre essa bela natureza <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, vamos<br />

voltar ao século XVI, à chegada <strong>do</strong>s portugueses por aqui.<br />

Nos primeiros tempos, as novas terras não despertaram<br />

grande interesse em Portugal. Depois, eles decidiram que<br />

era preciso:<br />

• garantir a posse <strong>do</strong> território;<br />

• reconhecer a sua geografia e os seus habitantes –<br />

os índios;<br />

• identificar possíveis riquezas <strong>do</strong> lugar.<br />

Então, foram organizadas as chamadas expedições<br />

explora<strong>do</strong>ras, que navegaram pela costa brasileira, tu<strong>do</strong><br />

observan<strong>do</strong> e <strong>do</strong>cumentan<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> as riquezas da terra<br />

e “batizan<strong>do</strong>” os acidentes geográficos. As notícias <strong>do</strong> que<br />

achavam iam direto para o rei de Portugal.<br />

44<br />

Mapa <strong>do</strong> Brasil<br />

Geografia é a ciência<br />

que estuda a superfície<br />

terrestre – o solo, o clima,<br />

a vegetação, os acidentes<br />

físicos e as relações entre<br />

os humanos e também<br />

o meio ambiente.<br />

A palavra “geografia”<br />

significa “descrição da Terra”.<br />

Wikimedia Commons


Foi assim que, no dia 1º de janeiro de 1502, a primeira expedição<br />

chegou à Baía de Guanabara.<br />

Hoje, nesta imagem enviada à Terra por meio de satélite,<br />

podemos ver a baía inteirinha, em toda a sua grandiosidade: a<br />

entrada da barra, entre o Pão de Açúcar e o Morro de Santa Cruz,<br />

em Niterói, e o seu interior.<br />

Baía de Guanabara<br />

Mas das embarcações que chegavam, na época, não era possível<br />

ter uma visão completa <strong>do</strong> lugar. Dizem, então, que os antigos<br />

navega<strong>do</strong>res se confundiram, achan<strong>do</strong> que estavam entran<strong>do</strong> na<br />

foz de um rio. Um caudaloso rio desaguan<strong>do</strong> no mar.<br />

E, na Baía de Guanabara, tão imensa quanto um mar, muitas<br />

embarcações portuguesas começaram a ir e vir, levan<strong>do</strong> para a<br />

Europa, além <strong>do</strong> pau-brasil, araras coloridas, papagaios e saguis.<br />

Um comércio varia<strong>do</strong> e bem lucrativo!<br />

NASA<br />

O nome da nossa<br />

cidade, “<strong>Rio</strong> de Janeiro”,<br />

pode ter vin<strong>do</strong> daí: um<br />

grande rio encontra<strong>do</strong><br />

no mês de janeiro. Isso<br />

é o que muitos afirmam.<br />

Mas certeza absoluta<br />

ninguém tem.<br />

Sua vez!<br />

Hoje é dia de troca!<br />

Combine com os colegas<br />

um troca-troca na escola<br />

de livros, gibis, CDs, DVDs,<br />

cartões-postais. Vai ser uma<br />

feirinha cultural e animada.<br />

45


Em troca de objetos de pouco valor – facas, espelhos, pentes –,<br />

os indígenas que povoavam a região trabalhavam para valer,<br />

cortan<strong>do</strong> a madeira que abastecia os navios. Era um comércio<br />

sem moeda, chama<strong>do</strong> de escambo.<br />

Extração de madeira<br />

É claro que esses produtos chamaram a atenção de outros povos<br />

europeus, principalmente os franceses, que não reconheciam<br />

Portugal como único “<strong>do</strong>no” <strong>do</strong> Brasil.<br />

Corsários (financia<strong>do</strong>s pelo rei e por comerciantes de seu país) e<br />

piratas chegavam, saqueavam, carregavam seus navios com pau-<br />

-brasil e iam vender <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Sua presença era tão assusta<strong>do</strong>ra que até hoje, só de pensar,<br />

provoca arrepios.<br />

46<br />

Livro Viagem à Terra <strong>do</strong> Brasil, de Jean de Léry<br />

A palavra “escambo” significa<br />

“troca direta de merca<strong>do</strong>rias<br />

sem interferência da moeda”.<br />

Um grito de alerta<br />

passou a apavorar os<br />

habitantes daqui:<br />

PIRATAS<br />

AO LARGO!


Para defender seus <strong>do</strong>mínios, o rei de Portugal precisava<br />

enfrentar a pirataria. E fez um plano de ocupação.<br />

• Enviar outras expedições com a missão de proteger<br />

o litoral brasileiro – as expedições guarda-costas.<br />

• Dividir a terra brasileira em faixas paralelas –<br />

as capitanias hereditárias.<br />

Mapa das capitanias hereditárias<br />

Cada capitania foi <strong>do</strong>ada a uma pessoa da confiança <strong>do</strong> rei – o<br />

<strong>do</strong>natário – que tinha a obrigação de defender e colonizar a terra<br />

com seus próprios recursos.<br />

A região <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro ficava na Capitania de São Vicente, que<br />

teve uma parte rebatizada como Capitania Real <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

www.unicamp.br<br />

“Hereditário” quer dizer<br />

“recebi<strong>do</strong> por herança”.<br />

A capitania podia ser<br />

passada para o filho<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>natário, mas não<br />

podia ser vendida.<br />

Sua vez!<br />

Escreva com suas palavras<br />

um resumo das principais<br />

ideias e fatos trata<strong>do</strong>s neste<br />

capítulo.<br />

Não se esqueça de explicar<br />

por que o seu título é<br />

O <strong>Rio</strong> antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

47


Editora Edições SM<br />

Vai lá!<br />

Museu <strong>do</strong> Índio<br />

Instituição que preserva as tradições e a cultura de cada um <strong>do</strong>s<br />

270 grupos indígenas que vivem hoje no Brasil. Sua biblioteca<br />

possui milhares de fotos, filmes, vídeos e registros sonoros.<br />

Endereço: Rua das Palmeiras, 55, Botafogo.<br />

Pão de Açúcar<br />

Um <strong>do</strong>s principais cartões-postais da cidade. Lá de cima avistam-<br />

-se o contorno da baía e as praias oceânicas. Imperdível a viagem<br />

de bondinho!<br />

Endereço: Avenida Pasteur, 520, Urca.<br />

48<br />

Livro à vista!<br />

ABC <strong>do</strong>s Povos Indígenas<br />

no Brasil<br />

Autora: Marina Kahn.<br />

Editora: Edições SM, São Paulo, 2011.<br />

Vale a pena conhecer aspectos<br />

importantes <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vida indígena<br />

revela<strong>do</strong>s no livro. E conhecer é<br />

respeitar e preservar!<br />

Lembre-se: a história<br />

ainda está só no começo.<br />

Outras aventuras virão.<br />

Não perca o próximo<br />

capítulo.


Um vai e vem de<br />

pessoas e de coisas<br />

Baía de Guanabara Vista <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> (detalhe), de Thomas Ender<br />

Novidades à vista no século XVI: a fundação da cidade,<br />

a invasão francesa, o cultivo <strong>do</strong> açúcar, o movimento<br />

no porto e o surgimento das primeiras ruas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

Séculos<br />

XV<br />

Akademie Der Bildenden Kunste, Viena<br />

XVI<br />

Quero redescobrir<br />

Este <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Ser seu Estácio de Sá<br />

Por um dia inteiro.<br />

Ancorar caravelas<br />

Cinco séculos atrás<br />

E destas praias belas<br />

Não sair jamais.<br />

Capítulo 4<br />

Redescobrimento<br />

(Angela Leite de Souza)<br />

XVII XVIII XIX XX XXI<br />

Franceses na Baía de Guanabara<br />

Fundação da cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Engenhos de açúcar<br />

O porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro


50<br />

Pisan<strong>do</strong> em terra firme<br />

Se Vossa Alteza não socorrer rapidamente estas capitanias<br />

e a costa <strong>do</strong> Brasil, perderemos nossas vidas e nossas<br />

plantações, e Vossa Alteza perderá o país.<br />

Pero de Góis,<br />

<strong>do</strong>natário da capitania de S. Tomé, em 12 de maio de 1548.<br />

Tinham lá suas razões os <strong>do</strong>natários das capitanias que enviavam<br />

cartas e mais cartas, como essa acima, à metrópole pedin<strong>do</strong><br />

socorro para a colônia.<br />

Nem as alianças feitas com alguns grupos indígenas nem o<br />

número de colonos já existente livravam a terra brasileira de<br />

riscos e perigos. Eram muitos.<br />

Piratas e corsários franceses continuavam navegan<strong>do</strong> pela costa e<br />

carregan<strong>do</strong> o pau-brasil retira<strong>do</strong> da Mata Atlântica. Enfrentavam<br />

e atacavam as caravelas portuguesas que com eles cruzassem.<br />

A pirataria andava solta. Sem tempo a perder, era preciso agir, e<br />

bem rápi<strong>do</strong>.<br />

Foi cria<strong>do</strong>, então, pelo rei o governo-geral. O Brasil passou a ter<br />

um governa<strong>do</strong>r, responsável por to<strong>do</strong> o território, com o dever de<br />

A mensagem ao la<strong>do</strong> foi<br />

apenas uma das muitas<br />

recebidas pelo rei de<br />

Portugal, lá no longínquo<br />

século XVI.<br />

Afinal, o que estava<br />

acontecen<strong>do</strong>?<br />

Por que estavam tão<br />

aflitos os portugueses aqui<br />

no Brasil? Tinham eles<br />

boas razões.


apoiar os <strong>do</strong>natários e coordenar os esforços para enfrentar tantos<br />

problemas. Missão nada fácil:<br />

• combater os conflitos entre indígenas e os colonos portugueses;<br />

• aumentar a produção agrícola;<br />

• expulsar os franceses <strong>do</strong> litoral brasileiro;<br />

• procurar ouro e prata nas novas terras.<br />

Os três primeiros governa<strong>do</strong>res-gerais foram:<br />

1) Tomé de Souza (1549-1553)<br />

Acontecimentos:<br />

• Fundação da cidade de Salva<strong>do</strong>r, na Bahia, a sede <strong>do</strong> governo.<br />

• Instalação de engenhos de cana-de-açúcar, incentivo à criação<br />

de ga<strong>do</strong>, criação de vilas e cidades.<br />

• Vinda de padres jesuítas, chefia<strong>do</strong>s pelo padre Manuel<br />

da Nóbrega, para catequizar os indígenas.<br />

2) Duarte da Costa (1553-1558)<br />

Acontecimentos:<br />

• Fundação <strong>do</strong> colégio jesuíta na Vila de São Paulo pelo padre<br />

José de Anchieta.<br />

• Organização de entradas no sertão para procurar riquezas<br />

minerais – ouro e prata.<br />

• Invasão da Baía de Guanabara pelos franceses.<br />

Os padres jesuítas tinham<br />

a missão de converter<br />

os índios à fé católica.<br />

Muitos foram batiza<strong>do</strong>s,<br />

receberam nomes<br />

europeus e casaram-se<br />

abençoa<strong>do</strong>s pelos padres.<br />

Arariboia, o funda<strong>do</strong>r<br />

de Niterói, foi um deles.<br />

Seu nome, “cobra feroz”<br />

na língua tupi, passou<br />

a ser Martim Afonso de<br />

Souza, em homenagem<br />

ao capitão da primeira<br />

expedição explora<strong>do</strong>ra.<br />

51


3) Mem de Sá (1558-1572)<br />

Acontecimentos:<br />

• Fundação da cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

• Expulsão <strong>do</strong>s franceses da Baía de Guanabara.<br />

• Tráfico de escravos africanos para o Brasil.<br />

• Ampliação da produção de açúcar.<br />

Quan<strong>do</strong> falamos em metrópole, no começo <strong>do</strong> capítulo, sua<br />

definição era o território central <strong>do</strong>s países que possuíam terras<br />

fora <strong>do</strong> continente – as colônias. Portugal era a metrópole, e o<br />

Brasil, antes da independência, era a colônia.<br />

Atualmente, o termo “metrópole” é usa<strong>do</strong> para designar grandes<br />

cidades, como o <strong>Rio</strong> de Janeiro. Junto com as vizinhas Niterói,<br />

Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Itaboraí, entre<br />

outras, forma a Região Metropolitana.<br />

52<br />

Sua vez!<br />

Observe o mapa da Região<br />

Metropolitana <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro.<br />

Faça em seu caderno um<br />

quadro em três colunas com<br />

as seguintes indicações:<br />

1) Municípios banha<strong>do</strong>s pelas<br />

águas da Baía de Guanabara.<br />

2) Municípios que fazem<br />

limite com o <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

3) Lugares que você já visitou<br />

na região.<br />

Antonio Hauaji


Cidade Maravilhosa<br />

Viver no <strong>Rio</strong> é sonho de muita gente.<br />

Alguns chegam atraí<strong>do</strong>s pelos encantos da cidade, outros em<br />

busca de oportunidades de trabalho, e vem até quem anda atrás<br />

de aventuras...<br />

Peguei um Ita no Norte<br />

Pra vim pro <strong>Rio</strong> morar<br />

Adeus, meu pai, minha mãe<br />

Adeus, Belém <strong>do</strong> Pará<br />

(...)<br />

Peguei um Ita no Norte<br />

(Dorival Caymmi)<br />

Há também os que partem. Porque o emprego está difícil, porque<br />

não se acostumaram ao ritmo de vida nas grandes cidades e<br />

querem mesmo é “uma casa no campo <strong>do</strong> tamanho da paz”,<br />

como cantaram os compositores Zé Rodrix e Tavito.<br />

In<strong>do</strong> ou vin<strong>do</strong>, cada qual com seus motivos.<br />

Na metade <strong>do</strong> século XVI, o vai e vem era contínuo e o paubrasil<br />

era leva<strong>do</strong> daqui em grande quantidade. Os que vinham<br />

chegavam para ficar.<br />

Em 1555, <strong>do</strong>is navios cheios de franceses, chefia<strong>do</strong>s por Nicolas<br />

Durand de Villegagnon, entraram na Baía de Guanabara.<br />

Persegui<strong>do</strong>s em seu país por motivos religiosos, esses homens<br />

vieram com a intenção de fundar aqui uma colônia francesa.<br />

O nome “ita” vem <strong>do</strong>s<br />

pequenos navios que<br />

navegavam pela costa<br />

brasileira, de Manaus<br />

a Porto Alegre, e se<br />

chamavam: Itatinga,<br />

Itaimbé, Itaipé, Itagiba...<br />

53


Escola Naval e Aeroporto Santos Dumont<br />

Logo, logo eles trataram de construir um forte, chama<strong>do</strong> de<br />

Coligny, no interior da Baía de Guanabara, onde hoje está situada<br />

a Ilha de Villegagnon.<br />

Mapa da Baía de Guanabara feito pelos invasores franceses<br />

Trataram, também, de fazer amizade com os indígenas da região.<br />

Tu<strong>do</strong> para se defender <strong>do</strong>s portugueses, que não iam aceitar essa<br />

invasão sem reagir à altura.<br />

54<br />

Wikimedia Commons<br />

Wikimedia Commons<br />

Sabe onde fica a Escola<br />

Naval, bem pertinho<br />

<strong>do</strong> Aeroporto Santos<br />

Dumont, chegan<strong>do</strong> ao<br />

Centro da cidade? Pois<br />

foi ali que os franceses<br />

desembarcaram. Antes<br />

era uma ilha, hoje está<br />

ligada ao continente.


No início, os indígenas retiravam pau-brasil da mata e recebiam<br />

em troca objetos de pouco valor. Isso já sabemos. Depois, veio a<br />

necessidade de “braços fortes” para a agricultura. E indígenas<br />

foram feitos escravos, principalmente, nas plantações de cana-de-<br />

-açúcar. Além disso, suas terras estavam sen<strong>do</strong> ocupadas, e sua<br />

cultura (língua, crenças e costumes), desrespeitada.<br />

Muitas lutas aconteceram entre os europeus e os indígenas que<br />

não se submetiam. Inimigos? Muitas vezes. Alia<strong>do</strong>s? Muitas<br />

vezes também.<br />

Com a chegada <strong>do</strong>s franceses à Guanabara, algumas tribos<br />

uniram-se a eles e outras aos portugueses. Houve combates<br />

sangrentos. Cada um lutan<strong>do</strong> para defender a posse da terra<br />

que julgava ser sua.<br />

Grandes guerreiros indígenas se destacaram nessa guerra:<br />

Cunhambebe e Aimberê, alia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s franceses, e Arariboia,<br />

alia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s portugueses.<br />

Tentan<strong>do</strong> resolver de vez as disputas entre portugueses e<br />

franceses, ambos auxilia<strong>do</strong>s pelos indígenas, entrou em cena<br />

o terceiro governa<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong> Brasil – Mem de Sá.<br />

O primeiro passo foi atacar e destruir o Forte de Coligny. Sem<br />

essa proteção, os franceses se refugiaram na Ilha de Paranapuã<br />

– atual Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r. Mas os índios tamoios, alia<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s franceses, continuaram combaten<strong>do</strong> os portugueses e os<br />

tupiniquins, seus inimigos.<br />

No dia 1º de março de 1565, Estácio de Sá desembarcou em uma<br />

faixa de terra entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, na<br />

entrada da Baía de Guanabara. E nesse clima de turbulência foi<br />

fundada a cidade de São Sebastião <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Dos milhares de indígenas<br />

que habitavam o<br />

território brasileiro, hoje<br />

temos em torno de 750<br />

mil pessoas, de 250 povos<br />

diferentes, moran<strong>do</strong><br />

em to<strong>do</strong> o país. Muitos<br />

morreram em guerras,<br />

pela escravidão ou pelas<br />

chamadas “<strong>do</strong>enças <strong>do</strong>s<br />

brancos”. Mas foram<br />

muitos também os que<br />

se miscigenaram com<br />

portugueses e africanos<br />

e... Viva o povo brasileiro!<br />

55


Hoje, no local da fundação da cidade, encontram-se a Fortaleza<br />

de São João e a Escola de Educação Física <strong>do</strong> Exército.<br />

Fortaleza de São João no Morro Cara de Cão<br />

Seria ótimo poder noticiar que as batalhas terminaram, como em<br />

um passe de mágica, no dia em que a cidade foi criada. Que a paz<br />

reinou entre to<strong>do</strong>s. Mas não foi bem assim. Ainda houve muito<br />

enfrentamento até to<strong>do</strong>s os franceses serem expulsos <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro e os portugueses se declararem vitoriosos.<br />

Na última batalha, travada na base <strong>do</strong> atual Outeiro da Glória,<br />

Estácio de Sá foi atingi<strong>do</strong> por uma flecha envenenada e não<br />

resistiu ao ferimento.<br />

A lápide com os restos mortais <strong>do</strong> funda<strong>do</strong>r da cidade encontra-<br />

-se na Igreja de São Sebastião <strong>do</strong>s Frades Capuchinhos, na Tijuca.<br />

Na fachada da igreja, pode-se ver um painel de azulejo que<br />

representa a fundação da cidade. No seu interior, um <strong>do</strong>s vitrais<br />

apresenta cenas da luta entre portugueses e franceses.<br />

56<br />

Pandrcrutts<br />

Sua vez!<br />

Existe no <strong>Rio</strong> de Janeiro uma<br />

avenida que recebeu o nome<br />

<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r – Avenida<br />

Mem de Sá.<br />

Faça uma pesquisa sobre esse<br />

local e você vai descobrir<br />

muitas coisas interessantes.<br />

Consultar um mapa, a<br />

internet e fazer entrevistas<br />

vai tornar o seu trabalho<br />

mais completo e cheio de<br />

informações importantes.<br />

Sua vez!<br />

Com a sua turma, monte<br />

um jornal, em edição<br />

especial, com notícias,<br />

reportagens, entrevistas,<br />

charges, ilustrações que<br />

contem a fundação da<br />

cidade de São Sebastião<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.


Fachada da Igreja de São Sebastião <strong>do</strong>s Frades Capuchinhos<br />

Buscan<strong>do</strong> maior segurança, terreno mais seco e água de melhor<br />

qualidade, a cidade subiu o morro. Foram construídas casas de<br />

pedra e de taipa, com fossos de proteção, uma escola jesuíta e<br />

uma igreja <strong>do</strong> padroeiro.<br />

Esse morro, primeiro chama<strong>do</strong> São Januário e depois Morro <strong>do</strong><br />

Castelo, não existe mais. A Esplanada <strong>do</strong> Castelo, seu nome atual,<br />

é um local plano, repleto de ruas e altas construções.<br />

Mas se você quiser subir um pedacinho <strong>do</strong> morro e pisar nas<br />

mesmas pedras que os antigos habitantes pisaram, vá até a<br />

Ladeira da Misericórdia. São alguns metros que restaram da<br />

subida. Feche os olhos e imagine você lá longe no tempo.<br />

Ladeira da Misericórdia<br />

www.ilha<strong>do</strong>s.com<br />

Alberto Jacob Filho<br />

As casas de taipa eram<br />

feitas de barro com estacas<br />

de madeira cruzadas.<br />

Também conhecidas como<br />

casas de pau a pique,<br />

ainda são comuns no<br />

interior <strong>do</strong> Brasil.<br />

Antonio Carias Frascol<br />

57


Doce que te quero <strong>do</strong>ce<br />

Repare nessa cena: grandes extensões de terra plantada, caules<br />

e folhas compridas e verdinhas balançan<strong>do</strong> ao vento, carros<br />

de boi cantan<strong>do</strong> pelas estradas de poeira ou lama, burros e<br />

cavalos levan<strong>do</strong> pessoas e merca<strong>do</strong>rias por becos e ruelas, gente<br />

plantan<strong>do</strong>, colhen<strong>do</strong>, moven<strong>do</strong> as moendas, carregan<strong>do</strong> água,<br />

venden<strong>do</strong>, compran<strong>do</strong>...<br />

O terreno e o clima favoráveis trouxeram a cana-de-açúcar para<br />

cá – um produto muito valoriza<strong>do</strong> na Europa. E os engenhos<br />

se multiplicaram.<br />

58<br />

Engenho de Dentro<br />

Quem não saltar agora<br />

Só em Realengo.<br />

Engenho de Dentro<br />

(Jorge Ben Jor)<br />

A música fala de um bairro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro onde nos tempos<br />

coloniais havia um engenho de açúcar e que hoje é corta<strong>do</strong> pela<br />

Estrada de Ferro Central <strong>do</strong> Brasil. O autor avisa: se não descer<br />

<strong>do</strong> trem no Engenho de Dentro, a próxima parada é só em<br />

Realengo, um outro bairro da cidade. Portanto, atenção!<br />

Roberta Motta<br />

Açúcar, rapadura, mela<strong>do</strong>,<br />

garapa, paçoca... Hum!<br />

Tanta <strong>do</strong>çura só de pensar<br />

dá água na boca. Você<br />

sabe o que é garapa? É o<br />

cal<strong>do</strong> de cana extraí<strong>do</strong><br />

na moenda. Uma delícia<br />

bem geladinha e faz ótima<br />

dupla com um pastel.<br />

Outros bairros <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> também já foram<br />

engenhos: Engenho Novo,<br />

Engenho da Rainha...


Nas regiões onde estão os bairros da Tijuca, de Laranjeiras, da<br />

Gávea, da Lagoa, da Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r, de Jacarepaguá e de<br />

Santa Cruz, as lavouras de cana se expandiram, e a produção<br />

aumentou. O açúcar, que antes era privilégio de poucos, por ser<br />

muito caro, foi fican<strong>do</strong> cada vez mais popular, a<strong>do</strong>çan<strong>do</strong> o dia a<br />

dia da nossa vida.<br />

Os engenhos incluíam as plantações de cana, a casa de engenho<br />

(onde era feito o açúcar), a casa-grande (onde morava o <strong>do</strong>no com<br />

sua família) e a senzala (onde ficavam os escravos).<br />

Engenho Manual Que Faz Cal<strong>do</strong> de Cana, de Debret<br />

Mas, quanto mais aumentava o consumo <strong>do</strong> produto, mais açúcar<br />

tinha que ser fabrica<strong>do</strong> e era preciso mais gente para trabalhar<br />

nos engenhos. Os indígenas resistiam ao trabalho escravo,<br />

principalmente na lavoura, e eram protegi<strong>do</strong>s da escravidão<br />

pelos padres jesuítas. O que fazer? Onde conseguir outros<br />

trabalha<strong>do</strong>res escravos? Os portugueses foram, então, buscar<br />

na África os “braços” para as suas lavouras. Muitos africanos já<br />

Museus Castro Maya<br />

Sua vez!<br />

Nos primeiros anos, os<br />

portugueses exploraram<br />

o pau-brasil. Depois,<br />

passaram a cultivar cana<br />

e produzir açúcar.<br />

Na sua opinião, a atividade<br />

que mais contribuiu para<br />

povoar as novas terras foi a<br />

retirada <strong>do</strong> pau-brasil ou o<br />

cultivo da cana-de-açúcar?<br />

Por quê?<br />

Discuta a sua resposta com a<br />

turma, e depois produzam um<br />

texto coletivo sobre o tema.<br />

59


conheciam o trabalho com o ferro e com a criação de ga<strong>do</strong>. Os<br />

portugueses, por sua vez, os consideravam mais resistentes <strong>do</strong><br />

que os indígenas para trabalhar, como escravos, nos canaviais.<br />

Traficar negros era uma atividade muito lucrativa, e eles foram<br />

trazi<strong>do</strong>s para o <strong>Rio</strong> de Janeiro. Vinham nos porões <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s<br />

“navios negreiros”, arranca<strong>do</strong>s de suas terras, separa<strong>do</strong>s de suas<br />

famílias, sofren<strong>do</strong> fome, <strong>do</strong>r e tortura. Muitos deles morriam no<br />

caminho, antes de chegar ao seu destino. Você sabia?<br />

Navio Negreiro, de Johann Moritz Rugendas<br />

60<br />

Tesouro arqueológico encontra<strong>do</strong> no Centro da cidade<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, março de 2011<br />

Nas tribos indígenas, o<br />

trabalho de plantar e<br />

colher era uma atividade<br />

exclusivamente feminina.<br />

Você conhece, hoje,<br />

algum tipo de trabalho<br />

que só pode ser feito por<br />

mulheres? E por homens?<br />

Essa é uma boa discussão.<br />

Uma reforma na zona portuária carioca desenterra as ruínas <strong>do</strong> Valongo, um cais<br />

construí<strong>do</strong> no <strong>Rio</strong> de Janeiro, em 1758, especialmente para receber navios negreiros.<br />

Estima-se que 1 milhão de africanos desembarcou nesse porto. Os escravos eram<br />

expostos e vendi<strong>do</strong>s em lojas espalhadas pela vizinhança.<br />

Fundação Biblioteca Nacional


Merca<strong>do</strong> de Escravos da Rua <strong>do</strong> Valongo, de Debret<br />

A notícia <strong>do</strong> jornal assusta. Mas era a pura realidade. Os africanos<br />

não aceitaram passivamente a vida como escravos. Muitos se<br />

rebelavam e fugiam, abrigan<strong>do</strong>-se em quilombos, locais afasta<strong>do</strong>s<br />

onde poderiam viver em liberdade. O bairro <strong>do</strong> Leblon teve<br />

origem em um quilombo onde eram cultivadas flores diversas.<br />

A Guerra de Palmares, de Manuel Victor<br />

www.pinacoteca.org.br<br />

Livro Grandes Personagens da Nossa História / Editora Abril<br />

O Quilombo <strong>do</strong>s Palmares,<br />

localiza<strong>do</strong> na Serra da Barriga,<br />

em Alagoas, foi o maior <strong>do</strong><br />

Brasil, chegan<strong>do</strong> a ter mais de<br />

30.000 habitantes. Seu grande<br />

líder foi Zumbi <strong>do</strong>s Palmares.<br />

Depois de muitos confrontos<br />

com os portugueses, o<br />

quilombo foi destruí<strong>do</strong>, e<br />

Zumbi, morto. Virou símbolo<br />

da resistência negra contra a<br />

opressão. O dia de sua morte<br />

– 20 de novembro – passou a<br />

ser celebra<strong>do</strong> como o Dia da<br />

Consciência Negra.<br />

Valeu, Zumbi!<br />

61


No balanço das águas<br />

A cidade cresceu e desceu para os terrenos planos, espalhan<strong>do</strong>-<br />

-se por entre os morros. Surgiram as principais ruas <strong>do</strong> Centro<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> com a construção de igrejas, conventos, casas residenciais<br />

que abriam a sua frente para o comércio, fontes e chafarizes para<br />

abastecer de água a população.<br />

Na beira <strong>do</strong> cais, o comércio era intenso. Além de abrigar<br />

o Merca<strong>do</strong> de Peixe, era ali que se negociavam e escoavam<br />

produtos como açúcar, cachaça, farinha de mandioca, madeira,<br />

peixe salga<strong>do</strong> e óleo de iluminação.<br />

Porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, de Guta<br />

Também saíam pelo porto os metais preciosos. Uma verdadeira<br />

“corrida <strong>do</strong> ouro” levou para as Minas Gerais homens e<br />

mulheres; to<strong>do</strong>s atrás das novas riquezas.<br />

No início, o <strong>Rio</strong> de Janeiro sofreu com essa situação: tu<strong>do</strong><br />

aumentou de preço, e diminuiu a mão de obra, uma vez que<br />

muita gente se deslocou para a região das minas.<br />

62<br />

Fundação Biblioteca Nacional /<br />

Reprodução de Alberto Jacob Filho<br />

Os portugueses, enfim,<br />

encontraram o que mais<br />

queriam desde a sua chegada<br />

às novas terras – ouro e<br />

pedras preciosas. E a notícia<br />

da descoberta de ouro no<br />

Brasil correu o mun<strong>do</strong> e<br />

despertou cobiça.<br />

Wikimedia Commons


Mas, como a mineração se desenvolveu muito, o porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

tornou-se o principal centro por onde saíam ouro e diamantes<br />

e entravam escravos e produtos fabrica<strong>do</strong>s em outros lugares.<br />

Chegamos ao ano de 1711. Um novo corsário francês atacou o <strong>Rio</strong><br />

de Janeiro. Seu nome: René Duguay-Trouin.<br />

O ataque é conta<strong>do</strong> no romance O Nobre Sequestra<strong>do</strong>r, escrito por<br />

Antonio Torres.<br />

“Entrei sem problemas, com dezoito navios (um<br />

deles toma<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ingleses, perto das ilhas de Cabo<br />

Verde), setecentos e trinta canhões, seis morteiros<br />

e cinco mil, seiscentos e oitenta e quatro homens.<br />

(...)<br />

Com a neblina fechada, os portugueses só perceberam<br />

os nossos navios quan<strong>do</strong> já estávamos bem<br />

perto de suas fortalezas. E foi um deus nos acuda.<br />

Pelejaram durante meia hora. Mas seus fogos não<br />

conseguiram deter-nos.”<br />

Duguay-Trouin tomou a cidade como refém. Para devolvê-la aos<br />

seus habitantes, exigiu o pagamento de um resgate. O valor <strong>do</strong><br />

resgate foi alto: 610 mil cruza<strong>do</strong>s, 100 caixas de açúcar e 200 bois.<br />

Uma verdadeira fortuna na época, paga pelos cofres públicos.<br />

Foi a última vez que estrangeiros invadiram o litoral brasileiro<br />

para saquear nossas riquezas.<br />

Sua vez!<br />

Vamos fazer uma<br />

dramatização? A turma será<br />

dividida em três grupos – um<br />

para representar os escravos<br />

africanos, outro, os indígenas,<br />

e o terceiro, os portugueses.<br />

Vamos imaginar! Vocês<br />

moram no <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />

e estamos no século XVI.<br />

Criem um personagem para<br />

cada grupo e façam a sua<br />

biografia: nome, local de<br />

nascimento, onde moram,<br />

de que se alimentam, como<br />

se vestem, o tipo de trabalho<br />

que realizam.<br />

Palavras que podem ser<br />

utilizadas nesta atividade:<br />

casa-grande, mandioca,<br />

Ganga Zumba, plantação,<br />

senzala, Peri, penas,<br />

Nuno, oca, criação de<br />

ga<strong>do</strong>, comércio, botas,<br />

aldeia, milho, carne de boi,<br />

caça, pesca, fazendeiro,<br />

escravos, serviço <strong>do</strong>méstico,<br />

Iracema, Amália, Dandara.<br />

63


Editora Salamandra<br />

64<br />

Vai lá!<br />

Fortaleza de São João<br />

Possui painéis que mostram cenas da história <strong>do</strong> Brasil desde<br />

as Grandes Navegações até o reina<strong>do</strong> de D. Pedro II. Destacam,<br />

também, a história da fortaleza e sua relação com a fundação da<br />

cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Endereço: Avenida João Luis Alves, s/n., Urca.<br />

Fortaleza de Santa Cruz<br />

Localizada em Niterói, na entrada da Baía de Guanabara.<br />

Foi a primeira a ser construída, em 1555.<br />

Endereço: Estrada General Eurico Gaspar Dutra, s/n.,<br />

Jurujuba, Niterói.<br />

Livro à vista!<br />

O Amigo <strong>do</strong> Rei<br />

Autora: Ruth Rocha.<br />

Editora: Salamandra,<br />

São Paulo, 2009.<br />

No tempo da escravidão, brancos e negros<br />

não podiam ser amigos. Mathias e Ioiô<br />

eram diferentes, e um deles ainda seria rei.<br />

O livro traz uma bela surpresa.<br />

Por ora, vamos paran<strong>do</strong><br />

por aqui, mas a história<br />

não terminou. Ainda tem<br />

muito caso para contar.


Aqui neste mesmo lugar...<br />

O tempo <strong>do</strong>s vice-reis<br />

Dentro de mim<br />

correm muitos rios.<br />

De janeiro a janeiro<br />

tento encontrar<br />

o mais verdadeiro.<br />

Meus <strong>Rio</strong>s<br />

(Angela Leite de Souza)<br />

Séculos<br />

XV XVI<br />

Canalização <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Carioca<br />

Fortes, igrejas, ruas, bairros<br />

Altar <strong>do</strong> Mosteiro de São Bento<br />

Entre os séculos XVII e XVIII, muitas mudanças na cidade.<br />

Os novos bairros que surgiram. A riqueza <strong>do</strong> ouro. O <strong>Rio</strong><br />

como sede <strong>do</strong> Vice-Reina<strong>do</strong>. Vamos saber de tu<strong>do</strong> isso?<br />

XVII<br />

XVIII<br />

Capítulo 5<br />

XIX XX XXI<br />

Ciclo <strong>do</strong> ouro<br />

Sede <strong>do</strong> Vice-Reina<strong>do</strong><br />

Halley Pacheco de Oliveira


As águas vão rolar<br />

Os tempos estavam mais tranquilos nas águas da Guanabara, com<br />

os invasores estrangeiros manti<strong>do</strong>s a distância. A cidade, então, se<br />

expandiu, ocupan<strong>do</strong> as regiões baixas – as várzeas – entre quatro<br />

grandes morros: Castelo, Santo Antonio, São Bento e Conceição.<br />

Detalhe de planta <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro de 1838, de A.H. Dufour<br />

Nesse tempo, foram construí<strong>do</strong>s vários fortes, igrejas e conventos.<br />

Essas construções deram origem a alguns bairros cariocas, como:<br />

Capela N. Sa. da Penha de França (1635)<br />

Bairro: Penha<br />

66<br />

Halley Pacheco de Oliveira<br />

www.swaen.com<br />

Capela N. Sa. da Apresentação (1613)<br />

Bairro: Irajá<br />

Halley Pacheco de Oliveira<br />

Várzea ou vargem é o<br />

terreno baixo, plano e<br />

fértil às margens de um<br />

curso d’água.<br />

Na época, havia uma<br />

crendice de que existia<br />

uma espécie de água<br />

milagrosa, que corria no <strong>Rio</strong><br />

Carioca. Se ela produziu<br />

algum milagre, ninguém<br />

sabe, ninguém viu. Mas que<br />

as águas deram vida nova<br />

à população, essa sim é<br />

verdade comprovada.


Capela de São Gonçalo (1624)<br />

Bairro: Jacarepaguá<br />

Wikimedia Commons<br />

Capela N. Sa. da Conceição (1634)<br />

Bairro: Saúde (Morro da Conceição)<br />

Era preciso muita água limpa para as necessidades de tantos<br />

mora<strong>do</strong>res. Pois bem. O <strong>Rio</strong> Carioca foi canaliza<strong>do</strong> desde a sua<br />

nascente, na Floresta da Tijuca, até os chafarizes que forneciam<br />

água para a cidade.<br />

Vista da Lagoa <strong>do</strong> Boqueirão e <strong>do</strong> Aqueduto de Santa Teresa, tela de Leandro Joaquim<br />

Para transportar suas águas, foi construí<strong>do</strong> o Aqueduto Carioca,<br />

conheci<strong>do</strong> como Arcos da Lapa, um <strong>do</strong>s cartões-postais <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro mais admira<strong>do</strong>s por turistas e cariocas. O aqueduto vinha<br />

<strong>do</strong> Morro de Santa Teresa até o Largo da Carioca, e as águas <strong>do</strong> rio<br />

jorravam de um chafariz de mármore com 16 bicas de bronze.<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Museu Histórico Nacional<br />

Sua vez!<br />

A imaginação popular não<br />

tem limites. De repente, não<br />

se sabe de onde e nem por<br />

que surge um caso fantástico<br />

ou um me<strong>do</strong> não sei de que<br />

e pronto: a crendice vira<br />

verdade. Para muita gente.<br />

Quer ver? “Leite com manga<br />

faz mal”, “Banana de manhã<br />

é ouro, de tarde é prata,<br />

de noite mata”. Ou como<br />

aquela de que as águas <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> Carioca faziam milagres.<br />

E você: conhece alguma<br />

crendice? Conte para a<br />

turma, e façam juntos<br />

um Almanaque de<br />

Crenças Populares.<br />

Antonio Hauaji<br />

67


Guta / Instituto Pereira Passos-RJ<br />

Guta / Instituto Pereira Passos-RJ<br />

Guta / Instituto Pereira Passos-RJ<br />

Mais tarde, o rio chegou até à Praça XV. Na construção <strong>do</strong><br />

aqueduto (canal subterrâneo, ou à superfície, que conduz a água<br />

de um lugar para outro), foram utilizadas pedra e cal e a mão de<br />

obra de escravos indígenas e africanos.<br />

Aqui está o Largo da Lapa em três momentos diferentes. Como<br />

a paisagem mu<strong>do</strong>u!<br />

68<br />

Ano: 1758<br />

Ano: 1840<br />

Ano: 1991<br />

Os aquedutos são obras de<br />

engenharia muito antigas.<br />

Nós estamos no século XXI.<br />

Pois no século I, há mais de<br />

2.000 anos, a cidade de Roma<br />

já possuía 11 aquedutos.<br />

Sua vez!<br />

Observe ao la<strong>do</strong>, na<br />

gravura mais recente, as<br />

mudanças que ocorreram<br />

em relação à de 1758. O<br />

que há na gravura mais<br />

antiga e que não existe na<br />

paisagem de 1991?


A partir de 1896, o aqueduto passou a ser um viaduto para bondes<br />

que transportam pessoas <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> até os altos <strong>do</strong> bairro<br />

de Santa Teresa.<br />

Aqueduto da Carioca Transforma<strong>do</strong> em Viaduto para Bondes, de Marc Ferrez<br />

Mil e uma histórias<br />

Em volta <strong>do</strong>s chafarizes, a movimentação era grande: escravos<br />

lavavam roupas, carregavam água, vendiam <strong>do</strong>ces e bolos para<br />

os que passavam ou descansavam no lugar.<br />

Uma Tarde na Praça <strong>do</strong> Palácio (detalhe), de Debret<br />

Museus Castro Maya<br />

Wikimedia Commons<br />

Sua vez!<br />

O chafariz era um ponto<br />

de encontro. Na sua<br />

escola, existe um ponto<br />

de encontro? E onde você<br />

mora? Faça com a turma uma<br />

listagem <strong>do</strong>s locais onde as<br />

pessoas se reúnem para se<br />

distrair, encontrar-se com os<br />

conheci<strong>do</strong>s, conversar...<br />

Sua vez!<br />

As águas da Baía de<br />

Guanabara recebiam tonéis<br />

repletos de to<strong>do</strong> lixo<br />

<strong>do</strong>méstico. Era o começo<br />

da poluição que suja e<br />

contamina rios, mares e<br />

lagoas em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

Um bom tema para você<br />

refletir e conversar com os<br />

seus colegas de turma.<br />

69


O mais famoso deles é o Chafariz da Pirâmide, obra <strong>do</strong> escultor<br />

Valentim da Fonseca Silva, o Mestre Valentim. Fica na Praça XV,<br />

pertinho de quem chega ou sai <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> pelas barcas. Quan<strong>do</strong> foi<br />

construí<strong>do</strong>, ficava no cais à beira-mar. Veja como ele aparece no<br />

quadro de Jean-Baptiste Debret, pinta<strong>do</strong> em 1834, e hoje.<br />

Largo <strong>do</strong> Paço (detalhe), de Debret<br />

Griô antigo<br />

70<br />

Wikimedia Commons<br />

Em torno <strong>do</strong>s chafarizes, contavam-se muitas histórias. E, por falar<br />

em histórias, você sabe o que é um griô? Conta<strong>do</strong>res de histórias<br />

africanos, eles são, desde tempos muito antigos, verdadeiras<br />

bibliotecas vivas, encarrega<strong>do</strong>s de contar as tradições, glórias e<br />

lutas de seu povo para as gerações mais novas.<br />

Wikimedia Commons<br />

Chafariz da Pirâmide<br />

Griô atual<br />

Halley Pacheco de Oliveira<br />

Wikimedia Commons<br />

Jean-Baptiste Debret,<br />

pintor francês, viveu no<br />

Brasil de 1816 a 1831.<br />

Publicou o livro Viagem<br />

Pitoresca e Histórica ao<br />

Brasil, com centenas de<br />

telas e gravuras sobre como<br />

se vestia, trabalhava e se<br />

divertia gente rica e pobre,<br />

livres e escravos. Como as<br />

obras que você pode ver na<br />

página ao la<strong>do</strong>.<br />

Debret foi um verdadeiro<br />

pintor de história. Ele<br />

veio junto com outros<br />

pintores, arquitetos e<br />

escultores na chamada<br />

Missão Francesa, que<br />

embelezou e “afrancesou”<br />

o <strong>Rio</strong> de Janeiro.


No Brasil, negras velhas que andavam de engenho em engenho<br />

de açúcar contan<strong>do</strong> histórias às outras negras mais jovens, amas<br />

<strong>do</strong>s meninos brancos, eram chamadas de akpalô (faze<strong>do</strong>r de<br />

conto). Nesse vai e vem, preservavam histórias e memórias.<br />

Na época, mais da metade da população <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro era<br />

de negros escraviza<strong>do</strong>s. Nos engenhos, faziam os serviços mais<br />

pesa<strong>do</strong>s, sentin<strong>do</strong> na pele os castigos em caso de desobediência.<br />

Na cidade, estavam por toda parte: retiravam o lixo <strong>do</strong>méstico,<br />

trabalhavam no interior das casas e vendiam produtos nas ruas.<br />

Vende<strong>do</strong>r de Flores na Igreja, de Debret<br />

Vende<strong>do</strong>res de Capim e Leite, de Debret<br />

Museus Castro Maya<br />

www.pinacoteca.org.br<br />

Negra Tatuada Venden<strong>do</strong> Cajus, de Debret<br />

Vende<strong>do</strong>res de Milho (detalhe), de Debret<br />

Museus Castro Maya<br />

www.pinacoteca.org.br<br />

Sua vez!<br />

“Todas as pessoas nascem<br />

livres e iguais em dignidade<br />

e direitos.”<br />

Esse é o artigo 1º da<br />

Declaração Universal<br />

<strong>do</strong>s Direitos Humanos,<br />

estabelecida pela<br />

Organização das Nações<br />

Unidas (ONU), em 1948.<br />

Usan<strong>do</strong> as palavras<br />

liberdade, direitos e<br />

dignidade, escreva um texto<br />

sobre a vida <strong>do</strong>s escravos.<br />

71


Os escravos eram trata<strong>do</strong>s como merca<strong>do</strong>ria que se compra e que<br />

se vende. Observe os anúncios abaixo:<br />

Anúncios antigos de venda de escravo<br />

Você já deve ter visto muitas rodas de capoeira, não é? Talvez<br />

faça parte de um grupo, quem sabe até já não é um mestre,<br />

conhece<strong>do</strong>r da arte e habili<strong>do</strong>so na ginga?<br />

Capoeira, de Johann Moritz Rugendas<br />

72<br />

Jornal <strong>do</strong> Commercio, 1854<br />

Vende-se na prisão <strong>do</strong><br />

Calabouço, hum moleque<br />

de 14 anos, oficial<br />

alfaiate, bonita figura,<br />

não tem moléstias nem<br />

vícios, e só vende-se por<br />

não querer servir a seu Sr.<br />

Jornal <strong>do</strong> Commercio<br />

12 de fevereiro de 1833<br />

Fundação Biblioteca Nacional<br />

Sua vez!<br />

Muitos mestres de capoeira<br />

<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> fizeram história,<br />

como Mestre Pastinha,<br />

Camafeu de Oxóssi, Besouro<br />

Mangangá e Rosa Palmeirão.<br />

Você conhece algum mestre<br />

de hoje? Que ginga, faz<br />

acrobacia no ar e no chão,<br />

toca berimbau e ainda cria<br />

música de improviso? Qual<br />

o nome dele? A sua turma<br />

pode convidá-lo para uma<br />

bela apresentação na escola e<br />

aprender muito com ele.<br />

A imagem ao la<strong>do</strong> é de<br />

Rugendas, um pintor alemão<br />

que viajou pelo Brasil entre<br />

1822 e 1825, pintan<strong>do</strong> os<br />

povos e costumes daqui.


Afinal, o que é a capoeira? Uma luta? Uma dança? Um jogo? Ou<br />

tu<strong>do</strong> isso junto? No início, a capoeira foi uma luta disfarçada em<br />

dança e folgue<strong>do</strong>.<br />

Era jogan<strong>do</strong> que os negros escravos treinavam chutes, rasteiras,<br />

joelhadas e cabeçadas para resistir às violências praticadas pelos<br />

feitores e capitães <strong>do</strong> mato.<br />

Era uma luta pela liberdade. E logo foi proibida. Para não serem<br />

puni<strong>do</strong>s com pena de até cem açoites, os escravos passaram a<br />

praticar a capoeira escondi<strong>do</strong>s, e não nas ruas, em portas de<br />

tabernas e pátios, como antes.<br />

<strong>Rio</strong>, capital da colônia<br />

Paço Imperial, 1795, em tela de Franz Josef Frühbeck<br />

Você já sentiu o coração bater “Tum! Tum! Tum!” dentro <strong>do</strong> peito,<br />

parecen<strong>do</strong> querer saltar para fora? Teria si<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> sentiu<br />

um grande me<strong>do</strong>? Ou quan<strong>do</strong> o craque <strong>do</strong> seu time fez aquele<br />

golaço? Ou será que foi quan<strong>do</strong> a sua escola de samba já entrou<br />

vitoriosa na Marquês de Sapucaí?<br />

Wikimedia Commons<br />

Hoje, a capoeira é<br />

Patrimônio Cultural<br />

Brasileiro, dançada, cantada<br />

e jogada em praças, clubes,<br />

escolas, em qualquer lugar.<br />

73


O coração avisa logo, e há muitas maneiras de expressar a emoção.<br />

E o “coração” <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, onde começou a “bater”?<br />

Talvez você more em bairros mais distantes e não conheça ainda o<br />

Centro da cidade. É possível que sua casa fique perto, mas que você<br />

nunca tenha repara<strong>do</strong>, com atenção, nesse lugar. Hoje, o Centro <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> é muito movimenta<strong>do</strong>, com bancos, escritórios e comércio.<br />

Vista aérea <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

No meio de tantos prédios modernos, ainda encontramos<br />

muitos vestígios <strong>do</strong> que foi o <strong>Rio</strong> antigo. E vale a pena conhecer!<br />

Podemos começar pelos templos e conventos, que são muitos,<br />

bem mais <strong>do</strong> que os palácios: Igreja de Nossa Senhora <strong>do</strong> Monte<br />

<strong>do</strong> Carmo e de Santa Cruz <strong>do</strong>s Militares (as duas na Rua Primeiro<br />

de Março), Igreja de Santa Luzia, de São Francisco de Paula, de<br />

Santa Rita de Cássia, Mosteiro de São Bento, Igreja de Nossa<br />

Senhora da Candelária, da Glória <strong>do</strong> Outeiro e muitas outras,<br />

todas localizadas no Centro da cidade.<br />

74<br />

Rodrigo Sol<strong>do</strong>n / Wikimedia Commons<br />

Sua vez!<br />

E os lugares, também têm<br />

um “coração”?<br />

Onde fica o “coração” da<br />

sua escola? Converse com<br />

seus colegas sobre a sua<br />

escolha. Por que esse lugar foi<br />

escolhi<strong>do</strong> por você?<br />

Antigamente, as<br />

construções não tinham<br />

numeração. O endereço<br />

era conheci<strong>do</strong> pelo<br />

nome <strong>do</strong> proprietário,<br />

pela localização ou pelo<br />

comércio pratica<strong>do</strong>:<br />

“canto <strong>do</strong> Manoel da<br />

Lagarta”, “canto <strong>do</strong><br />

Tabaqueiro”, “defronte das<br />

bancas de Peixe”. Onde<br />

você mora ainda existem<br />

endereços assim?


Mosteiro de São Bento<br />

Igreja de São Francisco de Paula<br />

www.osb.org.br<br />

Patrícia Figueira / Wikimedia Commons<br />

Igreja da N. Sa. da Candelária<br />

Igreja da N. Sa. da Glória <strong>do</strong> Outeiro<br />

O visitante certamente vai se surpreender com a decoração de<br />

altares, sacrários e oratórios. É puro ouro! Ouro que vinha das<br />

Minas Gerais e passava pelo <strong>Rio</strong> rumo a Portugal. E foi o ouro<br />

que fez da cidade de São Sebastião <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro a sede <strong>do</strong><br />

Vice-Reina<strong>do</strong>, no ano de 1763. A capital da colônia.<br />

Fulviusbsas / Wikimedia Commons<br />

http://outeirodagloria.org.br<br />

Sua vez!<br />

Faça com a turma uma<br />

maquete <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro no tempo<br />

<strong>do</strong>s vice-reis: ruas, igrejas,<br />

chafarizes, os Arcos, o<br />

Largo <strong>do</strong> Paço e gente<br />

também. Use papelão,<br />

caixas, argila, tinta, palitos.<br />

Recicle, reaproveite,<br />

reutilize materiais.<br />

75


O <strong>Rio</strong> adquiriu nova importância aos olhos da metrópole. Cresceu<br />

e ganhou ares de cidade. Rua Larga (atual Uruguaiana), Rua<br />

Direita (atual Primeiro de Março), Rua <strong>do</strong> Lavradio, <strong>do</strong> Rezende,<br />

<strong>do</strong>s Inváli<strong>do</strong>s... Ainda sem calçamento, vias eram abertas ou<br />

alinhadas. E chegou a iluminação pública com óleo de baleia.<br />

Passean<strong>do</strong> pelo Centro histórico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, não deixe de conhecer o<br />

Paço Imperial. Localiza<strong>do</strong> na atual Praça XV, é considera<strong>do</strong> o mais<br />

importante edifício colonial <strong>do</strong> Brasil.<br />

Alguns <strong>do</strong>s acontecimentos políticos e sociais mais importantes<br />

da nossa história aconteceram em seus salões, suas varandas e em<br />

frente ao prédio:<br />

Aclamação de D. João VI, de Debret<br />

Parada no Largo <strong>do</strong> Paço por Ocasião<br />

<strong>do</strong> Casamento da Princesa Isabel com<br />

o Conde d’Eu, de Arsênio da Silva<br />

76<br />

Museus Castro Maya<br />

Fundação Biblioteca Nacional<br />

Aclamação de D. Pedro II, de Debret<br />

Povo Diante <strong>do</strong> Paço Após a Assinatura<br />

da Lei Áurea, de Luiz Ferreira<br />

Fundação Biblioteca Nacional<br />

Wikimedia Commons<br />

O Paço hoje é um centro<br />

cultural aberto à visitação<br />

onde ocorrem mostras<br />

de pintura, escultura,<br />

fotografia, cinema, música.<br />

Possui biblioteca, livraria,<br />

restaurante, etc. Vale a<br />

pena visitar e voltar.<br />

João Carlos Caribé


Já foi residência <strong>do</strong>s governantes no tempo das capitanias, Casa<br />

da Moeda (onde o ouro das Minas Gerais era transforma<strong>do</strong> em<br />

barras), Armazém Real e local onde as decisões políticas eram<br />

tomadas no tempo <strong>do</strong>s vice-reis, de D. João VI e <strong>do</strong>s impera<strong>do</strong>res,<br />

D. Pedro I e D. Pedro II.<br />

Modas e modismos<br />

Agora, vamos falar sobre o cotidiano das pessoas nas ruas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

antigo. O entra e sai nas igrejas era constante. Ninguém ia à rua<br />

sem entrar em um templo para rezar, pedir benção ou até mesmo<br />

pagar uma promessa.<br />

Os homens portugueses eram os <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> comércio existente na<br />

cidade. As mulheres cuidavam <strong>do</strong>s afazeres <strong>do</strong>mésticos, dentro de<br />

casa. Apenas no final <strong>do</strong> século XVIII, elas começaram a aparecer<br />

em público, sempre protegidas pelas rendas que cobriam a cabeça<br />

e pelas cortinas da liteira. Desacompanhadas, jamais!<br />

Um Funcionário a Passeio com sua<br />

Família, de Debret<br />

www.pinacoteca.org.br<br />

Carruagem e Liteira, de Henry<br />

Chamberlain<br />

Mendigos, aleija<strong>do</strong>s, crianças aban<strong>do</strong>nadas podiam ser<br />

encontra<strong>do</strong>s nos caminhos e becos à espera da caridade alheia.<br />

Quan<strong>do</strong> a noite chegava, to<strong>do</strong>s corriam para dentro das casas,<br />

tentan<strong>do</strong> se proteger <strong>do</strong>s perigos trazi<strong>do</strong>s pela escuridão.<br />

Biblioteca Guita e José Mindlin<br />

Sua vez!<br />

Como é o seu dia a dia? Ir<br />

à escola, jogar “pelada” no<br />

campinho ou clube, ver<br />

TV, brincar na pracinha,<br />

ajudar em casa... Faça uma<br />

pesquisa com seus colegas<br />

de turma e descubra outras<br />

coisas que eles fazem, quais<br />

são as preferidas e as de<br />

que não gostam.<br />

77


As festas levavam muita gente para as ruas. Conheça algumas delas:<br />

Cavalhadas – celebração de origem portuguesa que representa<br />

as batalhas entre mouros e cristãos. Os personagens são os<br />

cavaleiros vesti<strong>do</strong>s de azul (cristãos) e de vermelho (mouros),<br />

arma<strong>do</strong>s de lanças e espadas. Rei, general, príncipes, princesas,<br />

embaixa<strong>do</strong>res e lacaios fazem parte da encenação.<br />

Cavalhadas<br />

Congada<br />

78<br />

Mauro Cruz<br />

Marcelo Takeo<br />

Cavalhadas<br />

Congada – festejo popular de origem afro-brasileira que mistura<br />

elementos religiosos católicos e africanos. Uma procissão animada<br />

por danças, cantos e música desfila pelas ruas e acaba sempre em<br />

uma igreja onde são coroa<strong>do</strong>s o Rei Congo e a Rainha Ginga.<br />

Congada<br />

Gomes1963<br />

Luciano Osorio<br />

Os mouros <strong>do</strong>minaram a<br />

Península Ibérica (Portugal<br />

e Espanha) por muitos anos.<br />

Daí terem surgi<strong>do</strong> histórias<br />

em que eles aparecem como<br />

personagens. Você conhece<br />

a história da “Moura torta”?<br />

O(a) seu(sua) professor(a)<br />

pode contar.<br />

As cavalhadas e a congada<br />

são espetáculos que ainda<br />

podem ser vistos em<br />

muitos lugares <strong>do</strong> Brasil,<br />

em épocas especiais.


O povo se vestia com elegância para participar das festas.<br />

Homens e mulheres copiavam a moda que vinha de Lisboa nas<br />

embarcações: bengalas, coletes, gravatinhas de renda, perfumes,<br />

perucas feitas de cabelos humanos, seda ou crina de animal eram<br />

o “luxo da época”.<br />

Como os navios levavam tempo viajan<strong>do</strong>, com certeza, roupas<br />

e enfeites já não eram mais a “última moda” na Europa quan<strong>do</strong><br />

chegavam aqui.<br />

Trajes de mulheres e homens <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro no século XVIII<br />

Nos nossos dias, tu<strong>do</strong> é bem diferente. Jornais, revistas, televisão<br />

e internet são rápi<strong>do</strong>s em nos contar e mostrar o que se passa no<br />

mun<strong>do</strong>, não é?<br />

O nosso <strong>Rio</strong> de Janeiro se transformou, foi fican<strong>do</strong> cada vez mais<br />

importante. Conquistou, para sempre, o lugar de “coração <strong>do</strong><br />

Brasil”, como está decreta<strong>do</strong> no hino Cidade Maravilhosa.<br />

Livro História Ilustrada <strong>do</strong> Vestuário 2009 / Cia. <strong>do</strong>s Livros<br />

Sua vez!<br />

Recorte bonecos de papel<br />

grosso e vista-os de acor<strong>do</strong><br />

com a época. Use teci<strong>do</strong>s,<br />

papéis, lãs, fitas e o que<br />

mais tiver.<br />

Tempo <strong>do</strong>s vice-reis<br />

Homem Mulher<br />

Tempo atual<br />

Homem Mulher<br />

O mural da sala vai<br />

ficar lin<strong>do</strong>!<br />

79


Editora Global<br />

80<br />

Vai lá!<br />

Paço Imperial<br />

A origem <strong>do</strong> prédio data de 1699, quan<strong>do</strong> foi construída a Casa<br />

da Moeda. Passou por muitas transformações arquitetônicas e foi<br />

palco de muitos acontecimentos importantes de nossa história.<br />

Endereço: Praça Quinze de Novembro, 48, Centro.<br />

Arcos da Lapa<br />

Construí<strong>do</strong> para trazer as águas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Carioca que abasteceriam<br />

os chafarizes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> antigo, depois passou a servir de viaduto<br />

para os bondes de Santa Teresa. Imperdível!<br />

Endereço: Largo da Lapa, s/n., Lapa.<br />

Livro à vista!<br />

Gosto de África<br />

Autor: Joel Rufino <strong>do</strong>s Santos.<br />

Editora: Global, <strong>Rio</strong> de Janeiro, 2005.<br />

Conta histórias, lendas e mitos daqui e<br />

da África. Personagens da História <strong>do</strong><br />

Brasil no tempo da escravidão ajudam a<br />

compreender melhor nossa cultura.<br />

No próximo capítulo,<br />

tem mais História e<br />

histórias também.


<strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />

capital <strong>do</strong> Reino<br />

A gente passa, a gente olha, a gente para<br />

E se extasia.<br />

Que aconteceu com esta cidade<br />

Da noite para o dia?<br />

<strong>Rio</strong> em Flor de Janeiro<br />

(Carlos Drummond de Andrade)<br />

Bem-vin<strong>do</strong>s ao século XIX. A família real chegou ao<br />

<strong>Rio</strong> e transformou a nossa cidade. De capital <strong>do</strong> Reino<br />

Uni<strong>do</strong> a capital <strong>do</strong> Império, muitas histórias para contar.<br />

Séculos<br />

XV XVI XVII<br />

XIX<br />

Capítulo 6<br />

Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia, de Portinari<br />

XVIII XX XXI<br />

Wikimedia Commons<br />

Chegada da família real<br />

Obras, comércio, indústria<br />

Capital <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong><br />

Capital <strong>do</strong> Império


Partir ou ficar?<br />

82<br />

Era uma vez um rei.<br />

Morava em um castelo, no<br />

alto de uma montanha, e<br />

tinha tu<strong>do</strong>: tesouros, terras,<br />

cidades, solda<strong>do</strong>s, escravos<br />

e navios. Apesar de ser<br />

muito poderoso, vivia<br />

infeliz. Um dia...<br />

Esse é o começo de um conto de fadas, inventa<strong>do</strong> para encantar as<br />

crianças. Mas não é esse tipo de história que vamos contar, mas a<br />

de um rei de verdade, de carne e osso, coroa, manto e trono, como<br />

manda o figurino. Vamos aos fatos!<br />

Nas ruas e nas tabernas, no interior das casas e até <strong>do</strong> palácio real,<br />

lá em Lisboa, a apreensão era grande. À boca pequena, só se ouvia,<br />

aqui e ali, “Como vai ser?”, “O que será de nós?”, “É melhor<br />

resistir ou ceder logo?”. A população estava atônita.<br />

Era um tempo de guerra. Solda<strong>do</strong>s franceses, sob as ordens de<br />

Napoleão Bonaparte, ameaçavam invadir Portugal. Na verdade, já<br />

vinham bem perto, “nos calcanhares”, como se diz popularmente.<br />

Foi quan<strong>do</strong> o príncipe regente, D. João, aconselha<strong>do</strong> por seus<br />

ministros e auxiliares, tomou uma decisão nunca vista nem<br />

acontecida antes: transferir a corte para a colônia.<br />

Fernan<strong>do</strong> Maia / Ascom <strong>Rio</strong>tur<br />

O povo brasileiro é<br />

mestre em transformar<br />

seus í<strong>do</strong>los em “reis”. Rei<br />

<strong>do</strong> futebol, rei <strong>do</strong> baião,<br />

disso e daquilo reinam<br />

absolutos no coração de<br />

seus fãs. Sem falar na figura<br />

<strong>do</strong> Rei Momo, que, to<strong>do</strong><br />

ano, durante o carnaval,<br />

comanda a folia, receben<strong>do</strong><br />

a “chave” da cidade das<br />

mãos <strong>do</strong> prefeito.


E assim partiram, às pressas, rumo ao Brasil, ao <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Família real, nobres, padres, ministros, funcionários, emprega<strong>do</strong>s,<br />

mais as mulheres, os filhos... gente que não acabava mais.<br />

Embarque de D. João, Príncipe Regente de Portugal, para o Brasil, de Nicolas Louis<br />

Albert Delerive (reprodução de Francesco Bartolozzi)<br />

Lotadas, as embarcações, protegidas por navios ingleses alia<strong>do</strong>s<br />

de Portugal, viajaram por <strong>do</strong>is meses.<br />

Foram muitas as dificuldades: água e alimentos raciona<strong>do</strong>s,<br />

pouca higiene, quase nenhum espaço para tantas pessoas; até um<br />

surto de piolho obrigou as mulheres a raspar a cabeça.<br />

Que viagem! Principalmente para quem nunca saíra <strong>do</strong>s palácios<br />

nem enfrentara tantos incômo<strong>do</strong>s e desconforto.<br />

A tristeza de deixar a terra natal e a insegurança diante <strong>do</strong><br />

desconheci<strong>do</strong> eram imensas. O que esperar da nova vida em um<br />

lugar estranho? Como se sentia cada um <strong>do</strong>s viajantes?<br />

Museu Nacional <strong>do</strong>s Coches, Lisboa<br />

O príncipe D. João<br />

governava como regente<br />

porque sua mãe, a rainha<br />

D. Maria, estava <strong>do</strong>ente,<br />

perdera a saúde mental.<br />

Ela ficou na História como<br />

D. Maria I, a Louca.<br />

Imagine o que foi<br />

embarcar móveis,<br />

<strong>do</strong>cumentos, pratarias,<br />

joias, roupas, água,<br />

alimentos, animais e tu<strong>do</strong><br />

o que fosse necessário<br />

para instalar o governo<br />

tão longe de Portugal.<br />

83


É provável que cada um que partiu e cada um que ficou<br />

compartilhassem os mesmos sentimentos: desamparo, dúvida,<br />

desespero por ficar e desespero por seguir. Alguma esperança?<br />

Com certeza, também havia, sim.<br />

Um rei no <strong>Rio</strong><br />

Você conhece o trava-língua Ninho de Mafagafos?<br />

84<br />

Num ninho de mafagafos<br />

tinha sete mafagafinhos<br />

Também tinha magafaças,<br />

maçagafas, maçafinhos,<br />

mafafagos, magaçafas,<br />

maçafagas, magafinhos.<br />

Isso além <strong>do</strong>s magafafos<br />

e <strong>do</strong>s magafagafinhos.<br />

(Cultura popular)<br />

Um verdadeiro “ninho de mafagafos”! Assim podemos imaginar<br />

a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro quan<strong>do</strong> aqui desembarcaram, de uma<br />

só vez, em torno de 15 mil pessoas que se juntaram aos cerca de<br />

50 mil mora<strong>do</strong>res já existentes.<br />

Só para você ter uma ideia, 50 mil pessoas pouco mais da metade<br />

<strong>do</strong> público que cabe no Maracanã. Hoje, só o bairro da Tijuca<br />

conta com, aproximadamente, 160 mil mora<strong>do</strong>res. De 1808 para<br />

cá, muita coisa mu<strong>do</strong>u. O <strong>Rio</strong> cresceu e apareceu.<br />

Sua vez!<br />

Ficar em Portugal e<br />

submeter-se aos franceses?<br />

Ou partir para o Brasil e<br />

manter a coroa?<br />

Está aí um bom debate.<br />

Primeiro, a turma vai se<br />

posicionar votan<strong>do</strong> contra<br />

ou a favor da decisão<br />

tomada. Depois, os alunos,<br />

dividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is grupos<br />

de acor<strong>do</strong> com a votação,<br />

apresentarão para a turma<br />

argumentos que justifiquem<br />

seu ponto de vista.<br />

Trava-língua é uma<br />

brincadeira que faz parte<br />

<strong>do</strong> nosso folclore. O<br />

desafio é repetir palavras<br />

de difícil articulação,<br />

depressa e sem errar.<br />

Tente com seus amigos,<br />

é bem diverti<strong>do</strong>.


O <strong>Rio</strong> era pequeno em 1808, ano da chegada da Corte portuguesa:<br />

umas poucas ruas, becos, travessas, largos, e era tu<strong>do</strong>. Também<br />

segun<strong>do</strong> notícias da época, era suja e malcheirosa.<br />

Mapa da cidade antes de 1808<br />

Logo, logo, a ordem dada foi: para os novos mora<strong>do</strong>res, tu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

bom e <strong>do</strong> melhor! O vice-rei foi o primeiro: cedeu o Paço para o<br />

príncipe regente. Autoridades locais encarregadas de acomodar<br />

os que chegavam escolhiam uma casa e marcavam a porta com as<br />

letras P.R., que significavam Príncipe Regente.<br />

O povo, porém, já mostran<strong>do</strong> o bom humor carioca, dizia que P.R.<br />

era mesmo um “Ponha-se na Rua”.<br />

Roberta Motta<br />

João Massé / Serviço de Documentação da Marinha<br />

Sua vez!<br />

A charge é um tipo de<br />

ilustração, com ou sem<br />

texto, muito usada para<br />

denunciar acontecimentos,<br />

situações e atitudes de forma<br />

zombeteira e debochada.<br />

Veja esta <strong>do</strong> caricaturista,<br />

ilustra<strong>do</strong>r e pintor Ângelo<br />

Agostini: o impera<strong>do</strong>r D.<br />

Pedro II sen<strong>do</strong> derruba<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trono por um republicano.<br />

Ângelo Agostini<br />

Inspiran<strong>do</strong>-se em Agostini<br />

e nos atuais chargistas<br />

brasileiros, crie uma charge<br />

que critique a política <strong>do</strong><br />

P.R. Trabalhe em dupla, um<br />

aluno fazen<strong>do</strong> o desenho<br />

e outro o texto. Depois,<br />

organizem uma mostra com<br />

as criações da turma.<br />

85


Ou seja, o <strong>do</strong>no tinha que buscar outra moradia porque aquela<br />

tinha novo proprietário: alguém da Corte.<br />

O desagra<strong>do</strong>, como era de se esperar, foi geral. Enfim, um “salve-<br />

-se quem puder”, cada um se viran<strong>do</strong> como podia. Ou melhor,<br />

como conseguia.<br />

Um esclarecimento é necessário: até então, por ordem da<br />

metrópole (Portugal), a colônia (Brasil) não podia fabricar quase<br />

nada nem comprar ou vender coisa alguma para outros países.<br />

Somente navios portugueses e ingleses podiam levar e trazer<br />

gente e merca<strong>do</strong>ria.<br />

Porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, de Guta<br />

Mas, como a Inglaterra estava em guerra contra Napoleão e<br />

Portugal ocupa<strong>do</strong> pelos franceses, a vinda de louças, remédios,<br />

roupas, armas e ferramentas ficou muito difícil.<br />

Com duas assinaturas, o príncipe regente mu<strong>do</strong>u o dia a dia de<br />

cariocas e demais brasileiros:<br />

• abriu os portos da colônia, permitin<strong>do</strong> que navios de países em<br />

paz com Portugal chegassem. O comércio prosperou;<br />

86<br />

Fundação Biblioteca Nacional /<br />

Reprodução de Alberto Jacob Filho<br />

Montar uma casa ou<br />

vestir-se com o que havia<br />

de mais caro e moderno<br />

era para poucas pessoas.<br />

Você acha que isso<br />

mu<strong>do</strong>u? Sim ou não?<br />

Mu<strong>do</strong>u muito ou pouco?<br />

Sua vez!<br />

Faça uma relação de<br />

móveis, aparelhos e<br />

utensílios utiliza<strong>do</strong>s em sua<br />

casa e na sua escola que<br />

não existiam no <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro no século XIX.


• revogou a ordem que impedia a fabricação de bens e produtos<br />

necessários à vida da população. A indústria progrediu.<br />

No porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, a atividade ficou intensa: embarcações<br />

(centenas delas) traziam escravos africanos, teci<strong>do</strong>s ingleses,<br />

talheres, louças, perfumes, jornais, livros e até casacos de pele<br />

e patins para gelo. Já pensou?<br />

Levavam para o exterior açúcar, aguardente, metais e pedras<br />

preciosas <strong>do</strong> Brasil. Do interior <strong>do</strong> território, <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> sertão,<br />

entravam na cidade metais preciosos da região das Minas Gerais,<br />

além de produtos agrícolas cultiva<strong>do</strong>s nos campos.<br />

Surgiram, assim, oficinas, empresas, fábricas. Produtos novos<br />

e luxuosos, até então inacessíveis, aportaram nas residências<br />

cariocas. Não em todas, é claro. Já naqueles tempos, costumes,<br />

posses e propriedades variavam de acor<strong>do</strong> com a cultura,<br />

o desejo e, principalmente, a condição financeira de cada um.<br />

Com a chegada da Corte, novos empreendimentos transformaram<br />

a cidade. Afinal, a sede <strong>do</strong> governo era aqui, e não mais em<br />

Lisboa. Foram cria<strong>do</strong>s:<br />

• Observatório Astronômico<br />

• Academia Militar e da Marinha<br />

• Fábrica de Pólvora<br />

• Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica<br />

• Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios<br />

• Museu Real<br />

• Biblioteca Real<br />

• Banco <strong>do</strong> Brasil<br />

No <strong>Rio</strong> de D. João VI,<br />

até um jornal começou<br />

a circular: a Gazeta <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Wikimedia Commons<br />

87


A verdade é que, nessa época, poucos sabiam ler e escrever. Foi,<br />

então, autorizada a criação de escolas de “primeiras letras”,<br />

geralmente funcionan<strong>do</strong> na casa <strong>do</strong> professor. Assim mesmo, só<br />

iam para a escola os meninos filhos de famílias ricas.<br />

E foi cria<strong>do</strong> também o Jardim Botânico, chama<strong>do</strong> primeiramente<br />

de Jardim da Aclimação, destina<strong>do</strong> ao plantio de especiarias vindas<br />

das Índias: canela, cravo-da-índia, noz-moscada, pimenta-<strong>do</strong>-reino.<br />

Jardim Botânico em 1856, de Pedro Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> Bertichem<br />

Hoje, ao caminhar pela imensa área verde, bem no burburinho<br />

da cidade, o visitante se encanta com a magnífica vegetação –<br />

mangueiras, jaqueiras, nogueiras, abricós-de-macaco, paus-brasis,<br />

bromélias, orquídeas, vitórias-régias, ninfeias, plantas insetívoras<br />

– e também com as cascatas, os lagos e os chafarizes.<br />

88<br />

Fundação Biblioteca Nacional<br />

Veja só: antes, na colônia,<br />

era proibi<strong>do</strong> imprimir livros,<br />

jornais e quaisquer outras<br />

publicações que trouxessem<br />

notícias e ideias que levassem<br />

as pessoas a pensar...<br />

Com a chegada da família<br />

real, foram trazi<strong>do</strong>s de Lisboa<br />

para a Biblioteca Real livros,<br />

gravuras, <strong>do</strong>cumentos,<br />

mapas, moedas. To<strong>do</strong><br />

esse acervo, e muito mais,<br />

encontra-se na Biblioteca<br />

Nacional <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Uma das obras mais raras<br />

que lá está é a Bíblia de<br />

Mogúncia, impressa em 1462.


Pássaros e pequenos animais podem ser aprecia<strong>do</strong>s. O Jardim<br />

Sensorial, dentro <strong>do</strong> Jardim Botânico, é uma grata surpresa:<br />

plantas aromáticas e placas escritas em braile permitem que<br />

os deficientes visuais aproveitem plenamente o espaço.<br />

Jardim Sensorial<br />

Ficha técnica<br />

Nome: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Criação: 13 de junho de 1808<br />

Funda<strong>do</strong>r: o príncipe D. João<br />

Localização: Bairro Jardim Botânico<br />

Zona: Sul<br />

Cidade: <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Área: 54 hectares<br />

Vegetação: 6.500 espécies da flora brasileira e estrangeira<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Sua vez!<br />

Estatuto <strong>do</strong> carioca:<br />

Artigo 1º<br />

Fica decreta<strong>do</strong> que to<strong>do</strong><br />

carioca – homem ou<br />

mulher, menino ou menina,<br />

criança, jovem, adulto ou<br />

i<strong>do</strong>so – tem o direito de<br />

passar pelo menos um dia<br />

de sua vida passean<strong>do</strong> pelo<br />

Jardim Botânico.<br />

Complete com a turma<br />

esse estatuto ou lei crian<strong>do</strong><br />

outros artigos bem bacanas<br />

para to<strong>do</strong>s os cariocas.<br />

89


Sem a menor dúvida, o que causa maior impacto são as palmeiras<br />

imperiais, verdadeiro cartão de visitas de lá. Caminhar pela<br />

alameda principal, ladeada pelas gigantes e elegantes palmeiras,<br />

mexe com o coração da gente.<br />

Aleia das Palmeiras no Jardim<br />

Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, de George<br />

Leuzinger, em 1865<br />

De volta para casa<br />

90<br />

Acervo <strong>do</strong> Museu de Arte Moderna/RJ<br />

Alameda nos dias atuais<br />

A Europa estava pacificada com a derrota de Napoleão. Os países,<br />

antes ocupa<strong>do</strong>s pelos franceses, voltavam a ser governa<strong>do</strong>s por<br />

seus soberanos. Cada qual no seu lugar. Menos um: Portugal.<br />

O príncipe regente D. João estava muito bem adapta<strong>do</strong> à colônia.<br />

Sentia-se bem aqui, instala<strong>do</strong> em uma bela residência na Quinta<br />

da Boa Vista, em São Cristóvão, presente de um rico comerciante.<br />

Emilio Zimbres<br />

A primeira muda a<br />

chegar ao Brasil foi<br />

plantada pelo príncipe<br />

D. João, em 1809. A<br />

árvore existiu até 1972,<br />

quan<strong>do</strong> foi derrubada<br />

por um raio. Seu tronco<br />

está em exposição no<br />

Museu Botânico, no<br />

próprio jardim.


Paço <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brazil em São Christovão, <strong>Rio</strong> de Janeiro (detalhe), atual Museu<br />

Nacional, na Quinta da Boa Vista. Litografia de Karl Robert Barton von Planitz<br />

Mas o “generoso” comerciante teve suas compensações: dinheiro<br />

(muito) para pagar as reformas feitas e a conservação da casa,<br />

além da nomeação para cargos importantes no governo.<br />

Muitas outras pessoas, especialmente as que vieram com<br />

a família real, também tiveram seus privilégios. Diariamente,<br />

na sala <strong>do</strong> trono <strong>do</strong> Paço Imperial, o príncipe regente recebia<br />

seus súditos na cerimônia <strong>do</strong> beija-mão.<br />

Cerimônia <strong>do</strong> beija-mão, por A.P.D.G.<br />

Biblioteca Guita e José Mindlin<br />

Biblioteca Guita e José Mindlin<br />

O beija-mão era libera<strong>do</strong><br />

aos que desejassem pedir<br />

algo ao monarca. Em sinal<br />

de respeito, beijavam a sua<br />

mão direita antes de fazer<br />

qualquer pedi<strong>do</strong>.<br />

Esse hábito foi manti<strong>do</strong> por<br />

D. Pedro I e D. Pedro II.<br />

91


Nesses momentos, Sua Alteza Real ouvia queixas e concedia<br />

benefícios. Podemos até imaginar:<br />

92<br />

– Vossa Alteza, eu era funcionário <strong>do</strong><br />

palácio em Lisboa, e agora eu e minha<br />

família passamos grandes necessidades.<br />

– Oh, meu príncipe! A casa que me<br />

arranjaram cheira a pântano. Preciso<br />

de outra melhor.<br />

É claro que a política <strong>do</strong> “toma lá, dá cá” agradava a muita gente<br />

e desagradava a muitos também. Afinal, nem to<strong>do</strong>s podiam ser<br />

amigos <strong>do</strong> amigo <strong>do</strong> rei para receber favores.<br />

Artigos estrangeiros chegavam para abastecer o comércio <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

até mais baratos <strong>do</strong> que os produzi<strong>do</strong>s aqui, graças a acor<strong>do</strong>s<br />

firma<strong>do</strong>s entre os governantes.<br />

Os produtores brasileiros não conseguiam competir com<br />

os preços <strong>do</strong> que vinha de fora.<br />

Escravos continuavam sen<strong>do</strong> compra<strong>do</strong>s, vendi<strong>do</strong>s, explora<strong>do</strong>s<br />

e castiga<strong>do</strong>s. Indígenas eram persegui<strong>do</strong>s e extermina<strong>do</strong>s. A boa<br />

e confortável vida não chegava até a casa de muitos, mesmo<br />

sen<strong>do</strong> brancos e de origem portuguesa.<br />

Roberta Motta<br />

Sua vez!<br />

Organize com a turma um<br />

telejornal, contan<strong>do</strong> os<br />

últimos acontecimentos no<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, na época<br />

de D. João. Para botar um<br />

jornal no ar, é preciso:<br />

redator, apresenta<strong>do</strong>r,<br />

repórter, comentarista,<br />

câmera, ilumina<strong>do</strong>r,<br />

figurinista, fotógrafo, diretor,<br />

além de notícias quentinhas.<br />

Ufa! É muito trabalho,<br />

para muita gente.<br />

Que tal convidar as famílias<br />

e os amigos para a estreia<br />

<strong>do</strong> telejornal?


A cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro mudava a olhos vistos. Novidades<br />

e novos profissionais passaram a fazer parte <strong>do</strong> cenário carioca:<br />

modistas, cozinheiros, alfaiates, médicos, padeiros, farmacêuticos,<br />

professores, sapateiros, comerciantes...<br />

Botica, de Debret<br />

Padaria, de Debret<br />

Museus Castro Maya<br />

Museus Castro Maya<br />

Loja de Carne de Porco, de Debret<br />

Sapateiro, de Debret<br />

Como estaria a vida em Lisboa? Os franceses tinham i<strong>do</strong> embora,<br />

é verdade. Quanto à corte portuguesa... Nada de voltar para casa.<br />

Museus Castro Maya<br />

Museus Castro Maya<br />

Dizem que D. João, de vez<br />

em quan<strong>do</strong>, tomava banho<br />

de mar dentro de um cesto<br />

carrega<strong>do</strong> por funcionários.<br />

Tanto seria assim o receio<br />

de afundar e não voltar<br />

mais? Ou era o antigo<br />

me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s “monstros” <strong>do</strong><br />

Mar Tenebroso que o<br />

rei sentia? Nada se pode<br />

afirmar, só imaginar...<br />

93


A pressão era muita e vinha de to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Governantes vizinhos e<br />

o povo português não se conformavam. Era possível um país da<br />

Europa – Portugal – ser governa<strong>do</strong> lá de uma distante colônia?<br />

Certamente, muitos cantariam esta música para expressar o que<br />

viviam. Se ela já existisse na época, é claro.<br />

D. João tentou contornar o impasse, decretan<strong>do</strong>:<br />

94<br />

A novidade veio dar à praia<br />

Na qualidade rara de sereia<br />

Metade o busto<br />

Duma deusa Maia<br />

Metade um grande<br />

Rabo de baleia...<br />

(...)<br />

Oh! Mun<strong>do</strong> tão desigual<br />

Tu<strong>do</strong> é tão desigual<br />

Oh! De um la<strong>do</strong> esse<br />

carnaval<br />

De outro a fome total<br />

“Que os meus Reinos de Portugal, Algarves e Brasil<br />

formem <strong>do</strong>ra em diante um só e único Reino.”<br />

(Carta de lei assinada pelo príncipe em 16 de<br />

dezembro de 1815.)<br />

A Novidade<br />

(Gilberto Gil)<br />

Com a morte da rainha, D. Maria I, o príncipe regente foi<br />

aclama<strong>do</strong> rei. D. João VI agora era rei de fato e de direito.<br />

O primeiro que a população <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro podia encontrar<br />

no palácio... governan<strong>do</strong>; na igreja... rezan<strong>do</strong>; na rua...<br />

caminhan<strong>do</strong>; e na praia... toman<strong>do</strong> banho.<br />

Símbolo <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> de<br />

Portugal e Algarves<br />

Wikimedia Commons<br />

Atenção! Atenção!<br />

O Brasil passou a ser tão<br />

reino quanto Portugal. Era<br />

a sede da Coroa. E o <strong>Rio</strong><br />

de Janeiro, a sua capital.


Retrato de D. João VI, tela de<br />

Jean-Baptiste Debret<br />

Em Lisboa, nada estava tranquilo. Portugal estava à beira de uma<br />

revolução. Os deputa<strong>do</strong>s queriam o rei de volta, sim, mas um rei<br />

sem tantos poderes quanto antes. Queriam um governante que<br />

obedecesse às leis feitas por eles – a Constituição. E mais: queriam<br />

que o Brasil voltasse a ser colônia de Portugal.<br />

Diante da situação, D. João VI viu-se obriga<strong>do</strong> a partir.<br />

Museu Nacional de Belas Artes<br />

Retorno de D. João VI a Portugal, de Debret<br />

O Príncipe Regente Passan<strong>do</strong> Revista<br />

às Tropas de Azambuja, de Domingos<br />

Antônio de Sequeira<br />

Fundação Biblioteca Nacional<br />

Palácio Real de Queluz<br />

Constituição é a lei que<br />

contém as normas e os<br />

deveres de cada um,<br />

inclusive <strong>do</strong>s governantes.<br />

A atual Constituição <strong>do</strong><br />

Brasil é de 1988. E a Lei<br />

Orgânica <strong>do</strong> Município<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro é <strong>do</strong> dia<br />

5 de abril de 1990.<br />

95


O <strong>Rio</strong> imperial<br />

Dom Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier<br />

de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano<br />

Serafim de Bragança e Bourbon.<br />

Retrato de D. Pedro I, de<br />

Simplício Rodrigues de Sá<br />

96<br />

Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />

Aclamação de D. Pedro (detalhe), de Debret<br />

Você conhece alguém com um nome tão grande como esse?<br />

Pois era assim que se chamava o príncipe D. Pedro, filho de D. João<br />

VI e de D. Carlota Joaquina, o herdeiro <strong>do</strong> trono. Ele não regressou<br />

a Portugal com a família real. Ficou no Brasil como príncipe regente.<br />

Dessa forma, o rei procurou satisfazer tanto os que impunham<br />

a sua volta para Portugal quanto aqueles que desejavam sua<br />

permanência no Brasil. Mas novas ideias, vindas de longe,<br />

circulavam entre a população. Chegavam em livros, jornais<br />

e com as pessoas que desembarcavam <strong>do</strong>s navios.<br />

O desejo de independência ganhava força por aqui. Voltar a ser<br />

colônia? Jamais! Ser um país independente? Por que não? Em<br />

janeiro de 1822, D. Pedro recusou-se a obedecer à ordem de voltar<br />

a Portugal e, da sacada <strong>do</strong> Paço, anunciou que ficava no Brasil.<br />

Museu Nacional de Belas Artes<br />

Sua vez!<br />

D. João VI deveria voltar<br />

para Portugal ou ficar<br />

aqui no Brasil?<br />

A turma será dividida em<br />

três grupos. Um vai listar<br />

seis razões para o rei ficar.<br />

O outro escreverá seis<br />

razões para o rei voltar.<br />

No final, o terceiro grupo<br />

– os jura<strong>do</strong>s – vai decidir<br />

quais foram os melhores<br />

argumentos apresenta<strong>do</strong>s<br />

e... “bater o martelo”.<br />

Museu de Arte de São Paulo<br />

Retrato de D. João VI, Rei de<br />

Portugal, de Domingos Antônio<br />

de Sequeira


Daí para a independência foi um pulo! Ora, isso é apenas jeito<br />

de falar. A separação <strong>do</strong> Brasil de Portugal não foi fácil,<br />

sem obstáculos e conflitos.<br />

O grito de independência, em 7 de setembro de 1822, levou<br />

tempo e deu trabalho para ser aceito em to<strong>do</strong>s os cantos e<br />

recantos brasileiros e para ser reconheci<strong>do</strong> por outras nações.<br />

A Proclamação da Independência (detalhe), de François-René Moreau<br />

D. Pedro I foi coroa<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, e o <strong>Rio</strong> de Janeiro passou<br />

a capital <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil.<br />

Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />

É como dizia a<br />

cantiga popular:<br />

Sabiá cantou na mata<br />

Eu cantei no meu terreiro<br />

Viva o Rei <strong>do</strong> Brasil<br />

Viva Dom Pedro Primeiro.<br />

97


Editora Cia. das Letras<br />

98<br />

Vai lá!<br />

Biblioteca Nacional<br />

A Real Biblioteca recebeu o nome de Biblioteca Nacional em 1876.<br />

É um prédio monumental, com bela escadaria e decora<strong>do</strong> com<br />

vitrais franceses. Possui um acervo de dez milhões de volumes,<br />

entre obras raras trazidas de Portugal, livros, jornais, revistas.<br />

Endereço: Avenida <strong>Rio</strong> Branco, 219, Centro.<br />

Jardim Botânico<br />

Cria<strong>do</strong> por D. João para aclimatar especiarias oriundas das<br />

Índias, foi aberto à visitação pública em 1822. É um local para<br />

apreciar a vegetação, relaxar, caminhar... Aprendizagem e lazer<br />

estão garanti<strong>do</strong>s aos visitantes.<br />

Endereço: Rua Jardim Botânico, 1.008, Jardim Botânico.<br />

Livro à vista!<br />

D. João Carioca<br />

Autores: Lilia Moritz Schwarcz e Spacca.<br />

Editora: Cia. das Letras, São Paulo, 2007.<br />

A História <strong>do</strong> Brasil, de 1808 a 1821,<br />

contada em quadrinhos, com bom<br />

humor e ricas ilustrações.<br />

Nossa viagem pelo tempo<br />

vai continuar. O <strong>Rio</strong> é<br />

mesmo cheio de histórias.<br />

Aguarde.


O <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

novamente Corte:<br />

Império<br />

Liberdade, liberdade!<br />

Abra as asas sobre nós<br />

E que a voz da igualdade<br />

Seja sempre a nossa voz<br />

Liberdade, Liberdade! Abra as Asas sobre Nós<br />

(Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir)<br />

Os reina<strong>do</strong>s de Pedro I e Pedro II no século XIX.<br />

O plantio <strong>do</strong> café. A expansão da cidade. A Lei Áurea<br />

e a proclamação da República.<br />

Séculos<br />

XV XVI XVII<br />

Junta à Fernambouc, de Jules David. Retrata reuniões<br />

em que o tema era a liberdade<br />

XIX<br />

Capítulo 7<br />

XVIII XX XXI<br />

Fundação Biblioteca Nacional<br />

Município Neutro<br />

Ciclo <strong>do</strong> café<br />

Transportes, serviços públicos


<strong>Rio</strong>, cidade – Sede <strong>do</strong> Império<br />

O Brasil <strong>do</strong> começo <strong>do</strong> século XIX era dividi<strong>do</strong> em províncias, e a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro ficava na<br />

província <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Observe nos mapas a evolução territorial <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong> Império até hoje.<br />

100<br />

Maranhão<br />

Maranhão <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />

Ceará <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />

Ceará Paraíba<br />

Paraíba<br />

Grão-Pará<br />

Pernambuco<br />

Grão-Pará<br />

Pernambuco<br />

Piauí<br />

Piauí<br />

Mato<br />

Bahia<br />

Grosso Mato<br />

Bahia<br />

Alagoas<br />

Grosso<br />

Goyaz Minas Alagoas<br />

Goyaz Geraes Minas<br />

Geraes<br />

São<br />

Espírito Santo<br />

Paulo São<br />

Espírito Santo<br />

Paulo<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Santa Catarina<br />

Santa Catarina<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Cisplatina<br />

Cisplatina<br />

Mapa <strong>do</strong> Brasil (províncias) - 1823<br />

Maranhão<br />

Maranhão<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />

Ceará<strong>Rio</strong><br />

Grande <strong>do</strong> Norte<br />

Ceará Paraíba<br />

Paraíba<br />

Amazonas<br />

Amazonas<br />

Pará<br />

Pará<br />

Piauí<br />

Piauí<br />

Pernambuco<br />

Pernambuco<br />

Paraná<br />

Paraná<br />

Santa Catarina<br />

Santa Catarina<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Mato<br />

Grosso Mato<br />

Grosso<br />

Goiás<br />

Goiás<br />

Bahia<br />

Bahia Alagoas<br />

Alagoas<br />

Minas Sergipe<br />

Gerais Minas Sergipe<br />

Gerais<br />

Espírito Santo<br />

Espírito Santo<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Distrito Federal<br />

Distrito Federal<br />

São Paulo<br />

São Paulo<br />

Mapa <strong>do</strong> Brasil (esta<strong>do</strong>s e DF) - 1889<br />

<strong>Rio</strong> Branco Amapá<br />

Amapá<br />

Maranhão Fernan<strong>do</strong><br />

Roraima<br />

Fernan<strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> Branco Amapá<br />

de Noronha<br />

Amapá Maranhão<br />

Maranhão Fernan<strong>do</strong><br />

Roraima<br />

Maranhão de Fernan<strong>do</strong> Noronha<br />

de Noronha<br />

de Noronha<br />

Ceará<br />

Ceará<br />

Ceará<br />

Ceará<br />

<strong>Rio</strong> Grande<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />

<strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Grande Norte<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />

Amazonas Pará<br />

Amazonas Pará<br />

<strong>do</strong> Norte<br />

Amazonas Pará<br />

Amazonas Pará<br />

Piauí<br />

Paraíba<br />

Piauí<br />

Paraíba<br />

Piauí<br />

Paraíba<br />

Piauí<br />

Paraíba<br />

Goiás<br />

Mato<br />

Mato<br />

Bahia<br />

Acre<br />

Grosso Bahia<br />

Pernambuco<br />

Pernambuco<br />

Acre<br />

Mato<br />

Grosso Mato Goiás Bahia<br />

Bahia<br />

Pernambuco<br />

Pernambuco<br />

Acre Guaporé<br />

Alagoas Acre<br />

Grosso<br />

Grosso<br />

Rondônia<br />

Alagoas<br />

Guaporé<br />

Minas Alagoas<br />

Sergipe<br />

Rondônia<br />

Minas Alagoas<br />

Gerais Minas<br />

Tocantins<br />

Gerais Minas<br />

Sergipe<br />

Sergipe<br />

Ponta-Porã Gerais<br />

Espírito Santo<br />

Tocantins<br />

Gerais<br />

Sergipe<br />

Ponta-Porã<br />

Distrito Federal<br />

Espírito Santo<br />

Espírito Santo Distrito Federal<br />

Iguaçu<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Goiás<br />

Espírito Santo<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Iguaçu<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Distrito Federal<br />

Mato Grosso<br />

Goiás<br />

<strong>do</strong> Sul<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Mato Grosso <strong>do</strong> Sul<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Distrito Federal<br />

São Paulo<br />

Santa Catarina<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

São Paulo<br />

São Paulo<br />

Santa Catarina<br />

São Paulo<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Paraná<br />

Paraná<br />

<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Paraná<br />

Paraná<br />

Santa Catarina<br />

Santa Catarina<br />

Mapa <strong>do</strong> Brasil (esta<strong>do</strong>s, territórios e DF) - 1943<br />

Mapa <strong>do</strong> Brasil (esta<strong>do</strong>s e DF) - 2012<br />

Mapas de Pedro Aguiar / Wikimedia Commons<br />

Redesenha<strong>do</strong>s por Camila Paixão e Juliana Gonçalves


Era o reina<strong>do</strong> de D. Pedro I, um reina<strong>do</strong> muito curto: governou<br />

o Brasil de 1821 até 1831. Na época, reis e rainhas reinavam até<br />

morrer ou quan<strong>do</strong> renunciavam em favor de outra pessoa, em<br />

geral, um filho. Sua vida também foi breve: morreu em Portugal<br />

em 1834, aos 35 anos de idade.<br />

O impera<strong>do</strong>r D. Pedro I vivia intensamente. Acordava ce<strong>do</strong>,<br />

inspecionava os navios no porto, percorria fortalezas e repartições<br />

públicas, ia ao teatro conferir os preparativos para os espetáculos,<br />

circulava pela cidade conversan<strong>do</strong> com a “gente <strong>do</strong> povo”.<br />

Gostava de mandar. A<strong>do</strong>rava cavalgar; dizem até que ferrava,<br />

tratava e dava banho em seus cavalos melhor <strong>do</strong> que ninguém.<br />

Amava a música, tocava vários instrumentos (piano, cravo,<br />

flauta, violino) e também foi compositor.<br />

Hino da Independência, de Augusto Bracet<br />

Apesar da empolgação com a independência, os tempos não<br />

estavam tranquilos aqui no Brasil: dívidas, guerra no Sul <strong>do</strong> país,<br />

revoltas de to<strong>do</strong> la<strong>do</strong> e um impera<strong>do</strong>r “mandão”. Ele não tinha<br />

apoio popular e viu-se obriga<strong>do</strong> a renunciar e ir para a Europa.<br />

Museu Histórico Nacional<br />

Já podeis da pátria filho<br />

Ver contente a mãe gentil<br />

Já raiou a liberdade<br />

No horizonte <strong>do</strong> Brasil.<br />

Essa composição, com<br />

certeza, você conhece<br />

bem. É o Hino da<br />

Independência. D. Pedro I<br />

fez a música, e o jornalista<br />

Evaristo da Veiga, a letra.<br />

101


Seu filho, o herdeiro <strong>do</strong> trono, futuro impera<strong>do</strong>r D. Pedro II,<br />

tinha apenas 5 anos de idade.<br />

A distância que se estabeleceu entre pai e filho entristeceu o<br />

herdeiro <strong>do</strong> trono. Em cartas trocadas com o pai, ele pedia para<br />

não ser esqueci<strong>do</strong>.<br />

102<br />

Meu queri<strong>do</strong> pai e meu senhor<br />

Quan<strong>do</strong> me levantei e não<br />

achei Vossa Majestade<br />

Imperial e a mamãe para lhe<br />

beijar a mão, não me podia<br />

consolar nem posso, meu<br />

queri<strong>do</strong> pai. Peço a Vossa<br />

Majestade Imperial que nunca<br />

se esqueça deste filho (...)<br />

Mas como poderia uma criança tão pequena governar um país,<br />

e um país tão grande como o Brasil? Não poderia, é claro. Ficou<br />

decidi<strong>do</strong>, então, que o Brasil seria governa<strong>do</strong> por regentes até que<br />

D. Pedro II pudesse assumir o trono.<br />

Durante o perío<strong>do</strong> da regência (1831-1840), foi cria<strong>do</strong> o Município<br />

Neutro da Corte, na cidade de São Sebastião <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro:<br />

aqui mesmo, onde vivemos.<br />

O <strong>Rio</strong> passou a ser um território único, a cidade sede <strong>do</strong> poder<br />

imperial, independente da província <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

O centro da nação.<br />

“Nosso impera<strong>do</strong>r é um<br />

impera<strong>do</strong>r constitucional,<br />

e não o nosso <strong>do</strong>no.”<br />

Assim o jornalista<br />

Cipriano Barata resumia<br />

a opinião de um grande<br />

número de brasileiros<br />

sobre nosso governante.


Turbulências, revoltas e conflitos políticos continuavam nas terras<br />

brasileiras e cariocas, traduzi<strong>do</strong>s em trovas populares:<br />

Queremos Pedro II<br />

Ainda que não tenha idade<br />

A nação dispensa a lei<br />

Viva a maioridade!<br />

Assim pensavam alguns. Achavam que, assumin<strong>do</strong> o trono <strong>do</strong><br />

Brasil, o jovem D. Pedro seria capaz de pacificar e unir o Império.<br />

Outros tinham opinião diferente:<br />

Por subir Pedrinho ao trono<br />

Não fique o povo contente<br />

Não pode ser boa coisa<br />

Servin<strong>do</strong> com a mesma gente.<br />

Coroa<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r antes <strong>do</strong>s 15 anos de idade, em 1840,<br />

D. Pedro II governou por quase 50 anos.<br />

Retrato de D. Pedro II, de Félix Taunay<br />

Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />

Vista da Ponta de Icaraí,<br />

de Johann Georg Grimm<br />

A capital da província <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro passou a<br />

ser a vizinha Niterói, antes<br />

chamada de Vila Real da<br />

Praia Grande.<br />

Coleção Sergio Sahione Fadel<br />

103


Ao longo de tantos anos, muita coisa aconteceu. O impera<strong>do</strong>r,<br />

prepara<strong>do</strong> desde criança para governar, incentivou a cultura e as<br />

pesquisas científicas.<br />

Costumava frequentar as sessões <strong>do</strong> Instituto Histórico e<br />

Geográfico Brasileiro (IHGB), que funcionava em uma sala <strong>do</strong><br />

Paço Imperial, cedida por ele, e que hoje fica no bairro da Glória.<br />

O Colégio Pedro II, cria<strong>do</strong> em 1838, também mereceu grande<br />

atenção <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r. Foi inaugura<strong>do</strong> na Rua Estreita de São<br />

Joaquim, hoje Marechal Floriano, ao la<strong>do</strong> da Igreja de São<br />

Joaquim. Mas quem podia se matricular nessa escola? Apenas<br />

os filhos de brancos livres e proprietários de terras e de escravos.<br />

Colégio Pedro II e Igreja de São<br />

Joaquim, de Pedro Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> Bertichem<br />

O ouro verde<br />

104<br />

Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />

Uniforme <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> Colégio<br />

Pedro II, em 1855<br />

Ainda bem cedinho, o sol mal apareceu e já se sente no interior<br />

de quase to<strong>do</strong>s os lares cariocas aquele aroma irresistível das<br />

manhãs. É o cheiro <strong>do</strong> café passa<strong>do</strong> na cafeteira, coa<strong>do</strong>r de papel<br />

ou de pano e até diluí<strong>do</strong> direto na xícara. A bebida, presente nas<br />

mesas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro, faz parte <strong>do</strong> ritual de começar o dia.<br />

Wikimedia Commons<br />

Quer saber como era<br />

a bandeira <strong>do</strong> Brasil<br />

Império? Veja aqui:<br />

Bandeira e Pavilhão<br />

Brasileiros, de Debret<br />

Sua vez!<br />

Antigamente, no Colégio<br />

Pedro II se estudava:<br />

Latim, Grego, Francês,<br />

Inglês, Retórica, Geografia,<br />

História, Filosofia, Zoologia,<br />

Numerologia, Álgebra,<br />

Geometria e Astronomia.<br />

Que matérias diferentes se<br />

aprendem hoje na escola?<br />

Museus Castro Maya


O famoso cafezinho tem mil e uma utilidades ao longo <strong>do</strong> dia.<br />

Uma pausa durante o trabalho para relaxar um pouco? Um café<br />

vai bem. Precisa de um estímulo para organizar melhor as ideias?<br />

Toma-se um café. Chega uma visita, um parente, um amigo?<br />

Logo um café fresquinho é prepara<strong>do</strong>. Puro, forte ou fraco,<br />

pinga<strong>do</strong> no leite, quem resiste ao seu sabor?<br />

Desde o século IX o café era conheci<strong>do</strong> na Etiópia, um país<br />

africano. De lugar em lugar, chegou ao Brasil no século XVIII,<br />

descen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará até o <strong>Rio</strong> de Janeiro, onde a planta adaptou-se<br />

incrivelmente bem.<br />

Plantação de Café no Alto da Tijuca, de Johannes Steinman<br />

O cultivo começou nos quintais e jardins das casas. Depois, a<br />

plantação se expandiu em grandes fazendas cafeeiras. No <strong>Rio</strong><br />

de Janeiro, o plantio tomou conta de vários espaços: a atual Rua<br />

Evaristo da Veiga (Centro), a encosta <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, o atual Largo<br />

<strong>do</strong> Estácio, Jacarepaguá, Santa Cruz, Mendanha...<br />

Pinacoteca <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo<br />

Veja um trecho <strong>do</strong><br />

Diário de uma Viagem<br />

ao Brasil (1824), da<br />

escritora e botânica<br />

inglesa Maria Graham:<br />

Nunca esquecerei o<br />

prazer de minha primeira<br />

manhã no Palácio de<br />

São Cristóvão, quan<strong>do</strong>,<br />

abrin<strong>do</strong> minhas janelas,<br />

em vez <strong>do</strong> barulho e <strong>do</strong><br />

sujo da cidade, deparei<br />

com os lin<strong>do</strong>s jardins <strong>do</strong><br />

palácio e as plantações<br />

de café que revestiam as<br />

montanhas da Tijuca...<br />

105


Santa Cruz Mendanha<br />

Mapa das plantações de café no <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Com a derrubada da mata nativa, a água das nascentes começou<br />

a ficar escassa e várias secas atingiram a região <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Reagir era preciso.<br />

A Floresta da Tijuca, então, foi replantada em um trabalho árduo,<br />

que durou muitos anos. Foram plantadas mais de 90 mil mudas<br />

de angico branco e vermelho, braúna, canela-rosa, ipê, jacarandá,<br />

peroba e muitas outras espécies.<br />

A partir daí, a própria floresta cui<strong>do</strong>u de sua recuperação.<br />

Hoje, não se derrubam mais as matas para plantar café,<br />

pelo menos no <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Café, de Candi<strong>do</strong> Portinari<br />

106<br />

Jacarepaguá<br />

Largo <strong>do</strong><br />

Estácio<br />

www.portinari.org.br<br />

Centro<br />

Corcova<strong>do</strong><br />

Juliana Gonçalves<br />

Deu no jornal!<br />

Boas-novas! Jacutingas<br />

e macucos, aves<br />

extintas na Floresta<br />

da Tijuca, vão ser<br />

introduzi<strong>do</strong>s no parque.<br />

Dez casais, por ano,<br />

serão soltos na floresta.<br />

(O Globo, 6/2/2012.)<br />

Sua vez!<br />

O quadro ao la<strong>do</strong>, <strong>do</strong> pintor<br />

brasileiro Candi<strong>do</strong> Portinari,<br />

representa uma cena da<br />

colheita <strong>do</strong> café.<br />

Seja você também um artista.<br />

Divida uma folha de papel em<br />

seis partes iguais, numeran<strong>do</strong><br />

os quadros. Desenhe em cada<br />

um uma etapa da produção<br />

<strong>do</strong> café, no século XIX,<br />

forman<strong>do</strong> uma sequência.


Algo novo no ar!<br />

A cultura cafeeira trouxe uma nova onda de riqueza para o Brasil.<br />

As fazendas se expandiram pelo Vale <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Paraíba e eram<br />

tocadas pela mão de obra escrava, cada vez mais necessária, mas<br />

ainda submetida ao chicote <strong>do</strong> capataz.<br />

Uma luta, porém, vinha crescen<strong>do</strong>, se espalhan<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong><br />

corpo e envolven<strong>do</strong> cada vez mais pessoas. A ideia de libertação<br />

<strong>do</strong>s escravos, já conquistada em outros países, chegava<br />

finalmente ao Brasil.<br />

Apesar da resistência <strong>do</strong>s fazendeiros, os “barões <strong>do</strong> café”, que<br />

temiam não ter quem trabalhasse nas lavouras, muitos brancos,<br />

negros e mestiços, uni<strong>do</strong>s, lutaram e conseguiram, enfim, a<br />

sonhada liberdade.<br />

No dia 13 de maio de 1888, em uma sala <strong>do</strong> Paço Imperial, a<br />

princesa Isabel, que governava o Brasil enquanto D. Pedro II<br />

estava na Europa, assinou a Lei Áurea, pon<strong>do</strong> fim à escravidão.<br />

Princesa Isabel, filha de D. Pedro II<br />

Insley Pacheco / Wikimedia Commons<br />

Documento da Lei Áurea<br />

http://depaulaohistoria<strong>do</strong>r.blogspot.com<br />

A Princeza Imperial Regente,<br />

em Nome de Sua Magestade<br />

o Impera<strong>do</strong>r o Senhor D.<br />

Pedro II, Faz saber a to<strong>do</strong>s<br />

os subditos <strong>do</strong> Imperio que<br />

a Assembléa Geral decretou<br />

e Ella sanccionou a Lei<br />

seguinte:<br />

Art. 1º É declarada extincta,<br />

desde a data desta Lei, a<br />

escravidão no Brazil.<br />

Art. 2º Revogam-se as<br />

disposições em contrario.<br />

(“Lei Áurea” — Lei n. 3353,<br />

13 de maio de 1888)<br />

A palavra “áureo”<br />

significa “feito de ouro”,<br />

“de muito valor”.<br />

107


As conquistas da população não pararam por aí. Ideias<br />

republicanas circulavam por to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>: jornais publicavam<br />

artigos, conversas aqui e ali criticavam a monarquia. Outra forma<br />

de governo, com mais participação nas decisões políticas, era<br />

desejada por muita gente.<br />

Os acontecimentos se precipitaram até que, no dia 15 de<br />

novembro de 1889, na Praça da Aclamação, atual Praça da<br />

República, terminou o regime monárquico em nosso país.<br />

O Brasil passou a ser uma república. Rei, rainha, príncipes<br />

e princesas <strong>do</strong> Brasil partiram para a Europa.<br />

Mudanças para to<strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

Com a expansão das lavouras de café, uma verdadeira “onda<br />

verde”, o <strong>Rio</strong> mu<strong>do</strong>u a olhos vistos – na cidade e no campo.<br />

Palacetes e casarões foram construí<strong>do</strong>s com luxos trazi<strong>do</strong>s da<br />

Europa, como lustres, vitrais, estátuas e móveis.<br />

Palácio <strong>do</strong> Catete<br />

108<br />

Instituto Brasileiro de Museus<br />

Ilha Fiscal<br />

Poucos dias antes de ser<br />

anunciada a República, a<br />

família real ofereceu um<br />

baile na Ilha Fiscal, sem<br />

demonstrar conhecer ou<br />

se preocupar com o que<br />

se falava e conspirava nas<br />

ruas. A ilha é um <strong>do</strong>s belos<br />

cartões-postais <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

Jorge Brazil


Um exemplo? O antigo casarão <strong>do</strong> Barão de Nova Friburgo, hoje<br />

Palácio <strong>do</strong> Catete, situa<strong>do</strong> no bairro de mesmo nome. Além das<br />

riquezas em seu interior, um imenso jardim com lago, gruta e<br />

coreto era desfruta<strong>do</strong> por seus mora<strong>do</strong>res.<br />

Do porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, navios abarrota<strong>do</strong>s levavam o café brasileiro<br />

para vários países, movimentan<strong>do</strong>, cada vez mais, a cidade. Para<br />

carregar merca<strong>do</strong>rias e levar tantas pessoas para lá e para cá, era<br />

urgente melhorar os transportes.<br />

A primeira estrada de ferro <strong>do</strong> país foi construída em 1854. Partia<br />

<strong>do</strong> Porto da Estrela, na Baía de Guanabara, e ia até a cidade de<br />

Petrópolis, na serra fluminense.<br />

Lançamento da pedra fundamental da E.F. Mauá, em 1852<br />

Os trens foram penetran<strong>do</strong> por zonas ainda rurais,<br />

transforman<strong>do</strong>-as em áreas urbanas: São Cristóvão, Deo<strong>do</strong>ro,<br />

Cascadura, Engenho Novo, Rocha, Méier, Madureira... Em cada<br />

estação, um novo bairro surgia.<br />

Associação Nacional de Preservação Ferroviária<br />

O Palácio <strong>do</strong> Catete<br />

abriga hoje o Museu<br />

da República, com<br />

uma biblioteca que<br />

contém <strong>do</strong>cumentos e<br />

publicações, obras raras e<br />

de pintores importantes<br />

para a História <strong>do</strong> Brasil.<br />

Não deixe de conhecer!<br />

109


Os trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II, atual Estrada de Ferro<br />

Central <strong>do</strong> Brasil, abriram caminhos e fizeram história no <strong>Rio</strong>.<br />

Estação da Estrada de Ferro Central <strong>do</strong><br />

Brasil, de Marc Ferrez<br />

110<br />

Biblioteca Mário de Andrade<br />

Estação da Estrada de Ferro Central <strong>do</strong><br />

Brasil nos dias atuais<br />

Rodrigo Sol<strong>do</strong>n<br />

Antonio Hauaji<br />

Sua vez!<br />

Você já an<strong>do</strong>u de trem? De<br />

onde para onde? Perto da<br />

sua casa ou da sua escola há<br />

alguma estação de trem?<br />

Observe o mapa abaixo<br />

à esquerda. Partin<strong>do</strong> da<br />

Estação Ferroviária Central<br />

<strong>do</strong> Brasil, para onde se<br />

dirigem os trens: Zona Norte?<br />

Zona Oeste? Zona Sul?<br />

Organize todas as suas<br />

respostas em um texto.<br />

Veja, ao la<strong>do</strong>, um mapa<br />

das vias ferroviárias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.


Em deslocamentos mais curtos pela cidade, a trabalho ou a passeio,<br />

os passageiros embarcavam em bondes puxa<strong>do</strong>s por burros que,<br />

mais tarde, foram substituí<strong>do</strong>s pelos elétricos. O primeiro bonde<br />

puxa<strong>do</strong> por burros começou a circular em 1859. Saía <strong>do</strong> Largo <strong>do</strong><br />

Rocio, hoje Praça Tiradentes, e ia até a Usina, na Tijuca.<br />

Bonde puxa<strong>do</strong> por burro<br />

Juan Gutierrez<br />

Bonde elétrico<br />

E por onde andavam tão ilustres passageiros? Um <strong>do</strong>s lugares<br />

preferi<strong>do</strong>s era o Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, que estava mesmo fican<strong>do</strong> uma<br />

beleza. Uma rua, em especial, atraía muita gente: a Rua <strong>do</strong><br />

Ouvi<strong>do</strong>r. Tu<strong>do</strong> o que havia de mais elegante estava lá: lojas de<br />

perfumes, de teci<strong>do</strong>s finos, de chapéus, confeitarias, livrarias...<br />

Vitrines e mais vitrines “enchiam” os olhos <strong>do</strong>s passantes.<br />

Apesar de ainda abrigar bancos, escritórios e empresas, a Rua<br />

<strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>r de hoje está bem diferente. Comércio mais popular,<br />

barulho, pessoas vestin<strong>do</strong> bermudas, calçan<strong>do</strong> sandálias... Tu<strong>do</strong><br />

isso faz da antiga rua um ambiente bem mais informal.<br />

Além das ferrovias e <strong>do</strong>s bondes, outras melhorias chegaram para<br />

tornar a vida <strong>do</strong>s cariocas mais confortável: iluminação pública<br />

a gás, sistema de esgotos, abertura de instituições bancárias,<br />

construção de navios, enfim, a cidade estava fican<strong>do</strong> moderna<br />

mesmo. E cada vez mais.<br />

Augusto Malta / Biblioteca da Academia<br />

Brasileira de Letras<br />

Macha<strong>do</strong> de Assis<br />

O escritor Macha<strong>do</strong><br />

de Assis, funda<strong>do</strong>r da<br />

Academia Brasileira de<br />

Letras, era frequenta<strong>do</strong>r<br />

assíduo <strong>do</strong>s cafés da<br />

região. Observan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>,<br />

em muitos livros ele<br />

criticou comportamentos<br />

e costumes dessa época.<br />

Fundação Biblioteca Nacional<br />

111


Editora Ática<br />

112<br />

Vai lá!<br />

Academia Brasileira de Letras<br />

Foi fundada no <strong>Rio</strong> de Janeiro, em 1897, por vários escritores,<br />

entre eles Macha<strong>do</strong> de Assis. Lá se reúnem os chama<strong>do</strong>s<br />

“imortais” – poetas e escritores –, que têm como missão o cultivo<br />

da língua portuguesa e da literatura brasileira.<br />

Endereço: Avenida Presidente Wilson, 203, Centro.<br />

Ilha Fiscal<br />

É um lin<strong>do</strong> castelinho que foi construí<strong>do</strong> no século XIX para<br />

controle das merca<strong>do</strong>rias que entravam e saíam pelo porto <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong>. Atualmente, abriga um museu histórico-cultural.<br />

Endereço: Avenida Alfre<strong>do</strong> Agache, s/n., Centro.<br />

Livro à vista!<br />

Abrin<strong>do</strong> Caminho<br />

Autora: Ana Maria Macha<strong>do</strong>.<br />

Editora: Ática, São Paulo, 2003.<br />

Viagem com importantes personagens<br />

<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> que transformaram selva,<br />

deserto, oceano e céu em caminhos.<br />

E quantos foram abertos!<br />

Muito bem, depois de<br />

tantos acontecimentos<br />

e agitação, uma pausa<br />

para respirar. Até o<br />

próximo capítulo.


O <strong>Rio</strong> de Janeiro:<br />

vitrine, cartão-postal<br />

e capital federal<br />

Pesca<strong>do</strong>r de belezas<br />

Joga no <strong>Rio</strong> a rede,<br />

vai navegan<strong>do</strong>,<br />

navegan<strong>do</strong> vai...<br />

maravilhas pescan<strong>do</strong><br />

Turista<br />

(Sandra Lopes) Enseada de Botafogo, de Antonio Nicola Facchinetti<br />

Do século XIX ao XX, o <strong>Rio</strong> cresceu e apareceu. Prédios,<br />

espaços públicos e monumentos importantes foram<br />

construí<strong>do</strong>s. O Brasil ganhou a primeira Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />

Séculos<br />

XV<br />

XVI XVII<br />

Capital <strong>do</strong> Brasil<br />

Distrito Federal<br />

XIX XX<br />

Capítulo 8<br />

XVIII XXI<br />

Museu de Arte de São Paulo<br />

Avenidas e arranha-céus<br />

Cristo Redentor<br />

Maracanã<br />

Sambódromo


Mal chega o mês de fevereiro, o <strong>Rio</strong> começa a ferver. E nem é só<br />

pelo calor <strong>do</strong> verão, não. A cidade entra no clima da folia e abre<br />

alas para a maior festa popular <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>: o carnaval. Milhares<br />

de pessoas se movimentam para fazer <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> a capital da alegria,<br />

da descontração, da brincadeira que se instala nos morros e no<br />

asfalto, nas ruas e nas praças.<br />

Carnaval <strong>do</strong>s anos 1910<br />

114<br />

Augusto Malta<br />

Desfiles de blocos nos dias atuais<br />

Escolas de samba, bandas, blocos e foliões, com suas fantasias,<br />

inundam o <strong>Rio</strong> com sons, ritmos, cores e criatividade. Tu<strong>do</strong> rega<strong>do</strong><br />

a sambas e marchinhas feitos especialmente para a ocasião.<br />

Desfile da escola de samba Uni<strong>do</strong>s de Vila Isabel<br />

Ascom <strong>Rio</strong>tur<br />

Ascom <strong>Rio</strong>tur<br />

O carnaval é uma festa<br />

muito antiga trazida<br />

para o Brasil pelos<br />

portugueses. Mais tarde,<br />

os ritmos africanos se<br />

juntaram aos europeus,<br />

e, hoje, temos essa<br />

beleza de folia.


O desfile das escolas de samba é um <strong>do</strong>s pontos altos <strong>do</strong> carnaval.<br />

É na Passarela Professor Darcy Ribeiro, conhecida popularmente<br />

como Sambódromo, que os componentes das escolas desfilam sua<br />

arte e sua garra diante de milhares de pessoas encantadas com<br />

tanta beleza e criatividade.<br />

O Sambódromo foi inaugura<strong>do</strong> em 1984, e o seu projeto é de<br />

autoria <strong>do</strong> arquiteto carioca Oscar Niemeyer. A Estação Primeira<br />

de Mangueira foi a campeã naquele ano, com o enre<strong>do</strong> Yes, Nós<br />

Temos Braguinha.<br />

Ó Abre Alas é considerada a primeira marchinha de carnaval,<br />

composta por Chiquinha Gonzaga, em 1899, para o cordão<br />

carnavalesco Rosa de Ouro. Virou símbolo <strong>do</strong> carnaval carioca,<br />

tocada to<strong>do</strong>s os anos em to<strong>do</strong>s os cantos da cidade.<br />

Ó abre alas<br />

que eu quero passar<br />

Eu sou da lira<br />

Chiquinha Gonzaga<br />

www.chiquinhagonzaga.com<br />

não posso negar<br />

Rosa de Ouro<br />

é quem vai ganhar<br />

Chiquinha Gonzaga<br />

www.chiquinhagonzaga.com<br />

Chiquinha Gonzaga<br />

nasceu no <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

em 1847. Foi pianista e<br />

compositora de choros,<br />

valsas e tangos, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

a primeira mulher a reger<br />

uma orquestra no Brasil.<br />

Sua vida não foi nada fácil<br />

e bem diferente da vida das<br />

mulheres daqueles tempos.<br />

Por isso, causava espanto.<br />

Chiquinha ocupa um lugar<br />

de honra na música e na<br />

sociedade brasileiras.<br />

115


Outra característica <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> são as baianas venden<strong>do</strong> comidas<br />

típicas nas ruas.<br />

Com certeza, você já viu uma delas, toda bonita em sua saia<br />

rodada, com bata, turbante, colares, pulseiras e o tabuleiro<br />

cheinho de quitutes: bolo de aipim e fubá, cocada preta e branca,<br />

cuscuz, pé de moleque...<br />

Sem falar <strong>do</strong> acarajé frito na hora, espalhan<strong>do</strong> o cheiro de dendê<br />

em torno de suas barraquinhas.<br />

Baianas <strong>do</strong> Acarajé, de Amneris Hartley<br />

Junto com tais gostosuras, as “cariocas baianas” também<br />

oferecem aos fregueses um tanto da cultura e uma pitada da<br />

nossa história. Quem teria inicia<strong>do</strong> tão deliciosa tradição?<br />

Vin<strong>do</strong>s de Salva<strong>do</strong>r, onde eram persegui<strong>do</strong>s por praticarem o<br />

can<strong>do</strong>mblé, muitos escravos alforria<strong>do</strong>s fixaram-se na região<br />

onde hoje estão os bairros da Cidade Nova, da Gamboa, <strong>do</strong> Santo<br />

Cristo, <strong>do</strong> Catumbi e da Saúde, forman<strong>do</strong> o que ficou conheci<strong>do</strong><br />

como Pequena África.<br />

116<br />

http://amnerishartley.sites.uol.com.br<br />

Sua vez!<br />

Aqui está uma boa reflexão<br />

para a turma:<br />

De ontem para hoje, o que as<br />

mulheres conquistaram?<br />

Entrevistem duas mulheres em<br />

idades diferentes, uma com 20<br />

anos e outra com mais de 70<br />

anos. Como é a vida da mais<br />

nova? Como era a vida da mais<br />

velha aos 20 anos?<br />

O que mu<strong>do</strong>u? O que<br />

permanece igual? Quais foram<br />

as principais conquistas?<br />

As meninas da turma preferem<br />

a vida de ontem ou a de hoje?<br />

Por quê? E os meninos, o que<br />

acham de tu<strong>do</strong> isso?


Santo Cristo<br />

Cidade<br />

Nova<br />

Catumbi<br />

Mapa da “Pequena África” carioca<br />

Gamboa<br />

Central <strong>do</strong><br />

Brasil<br />

Foi assim que aqui chegou Hilária Batista de Almeida (1854-<br />

1924), conhecida como Tia Ciata, a mais famosa das “tias baianas”<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Mãe de santo e cozinheira de mão-cheia, sempre paramentada<br />

com roupas de baiana, vendia suas guloseimas na Rua Sete de<br />

Setembro, no Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

Sua casa era uma verdadeira capital da Pequena África, com boa<br />

comida e boa música. Lá se reuniam os grandes bambas da época,<br />

em pagodes e saraus supimpas. Foi lá que o samba nasceu.<br />

O próximo abre-alas é para a primeira mulher a fazer parte da ala<br />

<strong>do</strong>s compositores de uma escola de samba – a Império Serrano.<br />

Seu nome? Dona Ivone Lara.<br />

Carioca da gema, essa grande dama <strong>do</strong> samba trabalhou como<br />

enfermeira e, depois de se aposentar, dedicou-se, exclusivamente,<br />

à carreira artística.<br />

São muitas as suas composições, cantadas por ela própria e por<br />

grandes cantores brasileiros. Quer cantar uma? Vamos lá!<br />

Saúde<br />

Candelária<br />

Cinelândia<br />

Aeroporto<br />

Santos Dumont<br />

Juliana Gonçalves<br />

Alguns escravos conseguiam<br />

juntar dinheiro e comprar<br />

a própria liberdade. Outros<br />

eram liberta<strong>do</strong>s pelos<br />

seus senhores, ou seja,<br />

ganhavam a alforria.<br />

Sua vez!<br />

As rodas de samba são<br />

populares no <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro. Um <strong>do</strong>s lugares mais<br />

tradicionais é a Pedra <strong>do</strong> Sal.<br />

Monte com a turma um<br />

projeto sobre o local. Faça a<br />

pesquisa em etapas:<br />

1) Escolha <strong>do</strong> título<br />

2) O que já sabemos sobre<br />

o local<br />

3) O que desejamos saber<br />

4) Onde vamos pesquisar<br />

5) O que aprendemos<br />

117


118<br />

Sonho meu, sonho meu<br />

Vai buscar quem mora longe, sonho meu<br />

Vai mostrar esta saudade, sonho meu<br />

Com a sua liberdade, sonho meu<br />

(...)<br />

Sonho Meu<br />

(Dona Ivone Lara)<br />

Dona Ivone Lara, durante show no Tim Festival 2005<br />

Para essas três mulheres e muitas outras <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, uma homenagem em forma de poesia.<br />

Há estrelas brancas, azuis, verdes, vermelhas.<br />

Há estrelas-peixes, estrelas-pianos, estrelas-meninas,<br />

estrelas-voa<strong>do</strong>ras, estrelas-flores, estrelas-sabiás.<br />

Há estrelas que veem, que ouvem, outras surdas e outras cegas.<br />

Há muito mais estrelas que máquinas, burgueses e operários.<br />

Quase que só há estrelas.<br />

Estrelas<br />

(Raul Bopp)<br />

Daniel Kfouri / UOL<br />

No carnaval de 2012, a<br />

escola de samba Império<br />

Serrano saiu com um<br />

tema empolgante – Dona<br />

Ivone Lara: O Enre<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Meu Samba. Mais <strong>do</strong> que<br />

mereci<strong>do</strong>, concorda?<br />

O primeiro samba grava<strong>do</strong><br />

em disco foi Pelo Telefone,<br />

de autoria de Donga.<br />

Isso foi em 1917. O(a)<br />

professor(a) pode ensinar<br />

essa música para a turma.


<strong>Rio</strong> <strong>do</strong> bota-abaixo<br />

Século XX, aqui estamos nós! E quais são as novidades? A partir<br />

da Constituição de 1891, o <strong>Rio</strong> passou a ser o Distrito Federal,<br />

sen<strong>do</strong> confirma<strong>do</strong> como capital <strong>do</strong> Brasil.<br />

A população crescia rapidamente: chegavam novos mora<strong>do</strong>res<br />

vin<strong>do</strong>s da Europa, e ex-escravos buscavam trabalho livre na<br />

cidade. Era mais de um milhão de pessoas, e a maioria carente<br />

de serviços como água, esgoto, moradia, saúde... Enfim, faltava<br />

muita coisa para muita gente.<br />

O Centro da cidade continuava com ruas e vielas estreitas e<br />

escuras e grande parte da população viven<strong>do</strong> em cortiços.<br />

O <strong>Rio</strong> precisava mudar, e mu<strong>do</strong>u. De 1902 a 1906, o então prefeito<br />

Pereira Passos transformou a cidade de ponta a ponta. Foi um tal<br />

de derruba daqui, alarga de lá que o povo, que nunca vira tanto<br />

rebuliço ao mesmo tempo, deve ter pensa<strong>do</strong> que o “mun<strong>do</strong> ia se<br />

acabar”. E chamou as reformas <strong>do</strong> prefeito de bota-abaixo.<br />

Obras para abertura da Avenida<br />

Central (atribuída a Augusto Malta)<br />

http://oriodeantigamente.blogspot.com<br />

Avenida Central, hoje Avenida <strong>Rio</strong><br />

Branco, no começo <strong>do</strong>s anos 1900<br />

Muita água <strong>do</strong> mar foi aterrada, muita casa foi derrubada para<br />

dar lugar a largas avenidas. Era preciso abrir caminhos, ligar<br />

vários pontos, arejar a cidade e embelezar o <strong>Rio</strong>. Mais ainda?<br />

Augusto Malta / Fundação<br />

Biblioteca Nacional<br />

Estalagem Localizada na Rua<br />

<strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>, de Augusto Malta<br />

Museu da Imagem e <strong>do</strong> Som<br />

Cortiços eram casarões onde<br />

moravam muitas famílias, com<br />

poucas condições de higiene.<br />

119


A Avenida Atlântica, na orla de Copacabana, foi uma das obras<br />

realizadas durante o governo Pereira Passos. O bairro, palco de<br />

shows, de competições esportivas nacionais e internacionais e da<br />

queima de fogos no réveillon, fica na zona sul, atrain<strong>do</strong> turistas<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro. Na década de 1970, a avenida foi alargada,<br />

depois ganhou ciclovia e quiosques para atendimento ao público.<br />

Avenida Atlântica e Praia de Copacabana<br />

120<br />

Cassino<br />

Atlântico<br />

Forte de<br />

Copacabana<br />

Ponta de<br />

Copacabana<br />

Oceano Atlântico<br />

Mapa <strong>do</strong> bairro de Copacabana<br />

Avenida Nossa Senhora de Copacabana<br />

Avenida Atlântica<br />

Praia de<br />

Copacabana<br />

Rua Barata Ribeiro<br />

Rua Tonelero<br />

Bairro<br />

Peixoto<br />

Copacabana<br />

Palace<br />

Li<strong>do</strong><br />

Praça<br />

<strong>do</strong> Li<strong>do</strong><br />

Antonio Hauaji<br />

Wikimedia Commons<br />

Forte de Copacabana<br />

No século XVII, peruanos<br />

comerciantes de prata<br />

construíram uma capela<br />

dedicada a Nossa Senhora<br />

de Copacabana onde<br />

hoje fica o Forte de<br />

Copacabana. A região era<br />

chamada de Sacopenapã<br />

(“caminho <strong>do</strong>s socós”,<br />

em língua tupi). Com o<br />

tempo, o nome da santa<br />

passou a nomear o bairro,<br />

e o antigo nome indígena<br />

foi esqueci<strong>do</strong>.<br />

Diretoria <strong>do</strong> Patrimônio Histórico<br />

e Cultural <strong>do</strong> Exército


Mas, enquanto vinham abaixo cortiços, casas, conventos, morros e<br />

ruas inteiras, para onde iam os seus habitantes?<br />

Alguns foram para os subúrbios em busca de um lugar para<br />

morar. Outros construíram suas casas nos morros próximos ao<br />

Centro da cidade. Em casebres de madeira com telha<strong>do</strong>s de zinco,<br />

as pessoas continuaram viven<strong>do</strong> de maneira tão ou mais difícil<br />

<strong>do</strong> que nos cortiços.<br />

Uma marchinha de carnaval gravada em 1952 canta e conta as<br />

dificuldades <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res das favelas, sem água, sem luz, sem...<br />

Lata d’água na cabeça<br />

Lá vai Maria, lá vai Maria<br />

Sobe o morro e não se cansa<br />

Pela mão leva a criança<br />

Lá vai Maria<br />

Maria lava roupa lá no alto<br />

Lutan<strong>do</strong> pelo pão de cada dia<br />

Sonhan<strong>do</strong> com a vida no asfalto<br />

Que acaba quan<strong>do</strong> o morro<br />

principia.<br />

Lata d’Água<br />

(Luis Antônio e Jota Jr.)<br />

Enquanto o <strong>Rio</strong> se modernizava, ganhan<strong>do</strong> ares de “grande<br />

cidade”, as <strong>do</strong>enças rondavam to<strong>do</strong>s os cantos: febre amarela,<br />

varíola, tuberculose e peste bubônica matavam mora<strong>do</strong>res e<br />

também visitantes.<br />

Uma verdadeira “guerra” foi decretada aos ratos e aos mosquitos,<br />

transmissores de <strong>do</strong>enças.<br />

Sob as ordens <strong>do</strong> médico Oswal<strong>do</strong> Cruz, os “mata-mosquitos”<br />

iam de porta em porta eliminan<strong>do</strong> focos de ratos e de mosquitos.<br />

Mas uma de suas ordens espantou a população: “Vacina<br />

obrigatória para to<strong>do</strong>s!”.<br />

Sua vez!<br />

Repare bem nas duas fotos.<br />

Você diria que se trata <strong>do</strong><br />

mesmo local?<br />

Jorge Brazil Augusto Malta<br />

Pesquise e identifique:<br />

Que lugar é esse? Onde fica?<br />

Como eram os prédios, os<br />

transportes e o vestuário<br />

ontem? Como são hoje?<br />

Uma pista: essa obra é<br />

considerada por muitos a<br />

mais importante <strong>do</strong> prefeito<br />

Pereira Passos. Merece um<br />

passeio com a turma.<br />

121


E muitas pessoas reagiram. Foi uma verdadeira revolução,<br />

conhecida como Revolta da Vacina. Bondes incendia<strong>do</strong>s, postes<br />

de luz destruí<strong>do</strong>s, pessoas mortas e feridas.<br />

Tu<strong>do</strong> porque a população não sabia <strong>do</strong>s benefícios trazi<strong>do</strong>s pela<br />

vacina e desconfiava daquilo que ignorava. Faltaram informações<br />

e também esclarecimentos.<br />

Charge de época retratan<strong>do</strong> a Revolta da Vacina, de Leônidas<br />

O <strong>Rio</strong> arranha o céu<br />

De 1930 a 1960, o visual da cidade mu<strong>do</strong>u muito. Veja só algumas<br />

alterações no traça<strong>do</strong> e na alma <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>:<br />

• Urbanização de bairros como Leblon, Ipanema e Copacabana.<br />

Bairro de Copacabana<br />

122<br />

www.fiocruz.br<br />

http://oriodeantigamente.blogspot.com.br<br />

Morro da Providência<br />

Um <strong>do</strong>s morros mais<br />

habita<strong>do</strong>s pela população<br />

pobre foi o Morro da Favela,<br />

atual Providência, que deu o<br />

nome de “favela” aos demais.<br />

Sua vez!<br />

De lá para cá, muita coisa<br />

tem muda<strong>do</strong> nas favelas<br />

também. E para melhor.<br />

Você é capaz de apontar<br />

algumas mudanças?<br />

Daniel Garcia Neto


• Demolição <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Castelo, berço da cidade, e construção<br />

da Esplanada <strong>do</strong> Castelo, com muitos prédios de muitos andares.<br />

Demolição <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Castelo<br />

• Instalação de fábricas de teci<strong>do</strong>s, papel, lâmpadas, parafusos<br />

e pregos nos bairros de São Cristóvão, Del Castilho, Bonsucesso,<br />

Maria da Graça e Bangu.<br />

• Abertura de avenidas, como a Presidente Vargas e a Brasil.<br />

• Construção de hospitais: Getúlio Vargas (Penha), Carlos Chagas<br />

(Marechal Hermes), Jesus (Vila Isabel) e Miguel Couto (Gávea).<br />

• Criação de escolas, da Universidade <strong>do</strong> Distrito Federal e <strong>do</strong><br />

Instituto de Educação <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Instituto de Educação <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

www.rioquepassou.com.br<br />

Carlos Luis M. C. da Cruz /<br />

Wikimedia Commons<br />

Os prédios começam a subir, um andar sobre o outro, parecem<br />

mesmo querer chegar bem perto, “arranhar o céu”.<br />

Cristo Redentor<br />

De onde você mora dá para<br />

ver o Cristo?<br />

Quan<strong>do</strong> for ao Corcova<strong>do</strong>,<br />

veja se dá para encontrar<br />

sua casa lá de cima.<br />

Sean Vivek Crasto<br />

123


E, por falar em altura, os cariocas ganharam um belo presente<br />

no ano de 1931: foi inaugura<strong>do</strong> o Cristo Redentor, uma das<br />

maravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> moderno. Da estátua, construída no alto<br />

<strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, dá para ver a zona sul, o Centro, boa<br />

parte da zona norte e até Niterói, <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da baía.<br />

O monumento é visita<strong>do</strong> o ano to<strong>do</strong> por cariocas e turistas<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro. Está presente em filmes, capas de revistas,<br />

charges, propagandas, poemas e músicas. Está na vida <strong>do</strong>s<br />

cariocas. Sem preconceitos, seus braços abertos dão boas-vindas<br />

e abençoam to<strong>do</strong>s.<br />

Pôster <strong>do</strong> filme <strong>Rio</strong><br />

124<br />

20 th Century Fox<br />

Capa da revista Veja <strong>Rio</strong><br />

E nessa época teve mais, muito mais! A criação das estações de<br />

rádio foi sucesso absoluto. A comunicação saía <strong>do</strong> simples “boca<br />

a boca”, das páginas impressas <strong>do</strong>s jornais e “botava no ar”<br />

programas humorísticos, notícias e músicas que chegavam às<br />

casas, aos bares, aos ouvi<strong>do</strong>s das pessoas.<br />

Editora Abril<br />

www.radioantigo.com.br<br />

Modelo de rádio <strong>do</strong>s anos 1930<br />

As ondas <strong>do</strong> rádio<br />

transmitiam também<br />

os jogos de futebol,<br />

paixão nacional. E ainda<br />

transmitem. Torce<strong>do</strong>res não<br />

abrem mão de vibrar ou<br />

sofrer com seu time, na voz<br />

<strong>do</strong>s empolga<strong>do</strong>s narra<strong>do</strong>res<br />

e comentaristas esportivos.


O Brasil já sediou uma Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>. Foi em 1950. Nosso time<br />

não ganhou o campeonato, mas o <strong>Rio</strong> ganhou um presentão: o<br />

Estádio Mário Filho, ou melhor, o Maracanã. Ou, ainda, o Maraca,<br />

como dizem orgulhosamente os cariocas.<br />

Projeção em 3D <strong>do</strong> Maracanã após as obras para a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> de 2014<br />

Em 1958, os brasileiros acompanharam a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>,<br />

disputada na Suécia, ouvin<strong>do</strong> os jogos pelo rádio. O Brasil foi<br />

pela primeira vez campeão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e os brasileiros fizeram<br />

grande festa nas ruas, mesmo sem ter televisão em casa.<br />

Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> de 1958: festa nas ruas<br />

CBF News<br />

Desfile da Seleção em carro de bombeiros<br />

UOL / Divulgação CBF<br />

CBF News<br />

Sua vez!<br />

Qual é o seu time <strong>do</strong><br />

coração? Qual é o time<br />

preferi<strong>do</strong> da turma?<br />

Cada aluno vai desenhar a<br />

camisa de seu clube, e vocês<br />

vão usar os desenhos para<br />

montar um gráfico de barras.<br />

Cada camisa desenhada<br />

representa um voto.<br />

Saudações flamenguistas,<br />

vascaínas, tricolores,<br />

botafoguenses e americanas<br />

para to<strong>do</strong>s!<br />

Escu<strong>do</strong>s de Wikimedia Commons<br />

125


Editora Cia. das Letras<br />

126<br />

Vai lá!<br />

Theatro Municipal<br />

Inaugura<strong>do</strong> em 1909, esse belíssimo prédio encanta to<strong>do</strong>s com sua<br />

cúpula <strong>do</strong>urada, seus vitrais e mosaicos. A decoração foi feita pelos<br />

mais importantes escultores e pintores da época. Vale uma visita<br />

para conhecer o seu interior – escadaria, plateia, palco, camarotes –,<br />

onde são encena<strong>do</strong>s óperas, balés e outros espetáculos.<br />

Endereço: Praça Marechal Floriano, s/n., Cinelândia.<br />

Estádio Mário Filho<br />

O nosso conheci<strong>do</strong> Maracanã é palco de emocionantes partidas<br />

de futebol e também de shows musicais. Antes da construção,<br />

existia no local grande concentração das aves maracanã-guaçu.<br />

Daí o seu nome popular. O nome oficial homenageia o jornalista<br />

Mário Filho, que muito incentivou a sua construção.<br />

Endereço: Rua Professor Eurico Rabelo, s/n.<br />

Livro à vista<br />

A Bola e o Goleiro<br />

Autor: Jorge Ama<strong>do</strong>.<br />

Editora: Companhia das Letras,<br />

São Paulo, 1984.<br />

Conta a história de uma dupla fantástica: a<br />

bola Fura-Redes e o goleiro Bilô-Bilô. Gols<br />

olímpicos, de efeito, de letra, de bicicleta<br />

tornam a leitura animada e inesquecível.<br />

Um verdadeiro gol de placa.<br />

E mais histórias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> vêm<br />

aí, cheias de muito gás.<br />

Prepare-se.


Um <strong>Rio</strong> de muitos janeiros<br />

Dia de luz, festa de sol<br />

E um barquinho a deslizar<br />

No macio azul <strong>do</strong> mar<br />

(...)<br />

O Barquinho<br />

(Roberto Menescal e Ronal<strong>do</strong> Bôscoli)<br />

Séculos<br />

XV<br />

Competição de regata na Baía de Guanabara<br />

Em pleno século XX, o <strong>Rio</strong> ganha ares de metrópole moderna.<br />

Avenidas, pontes, túneis e viadutos transformam a paisagem da<br />

cidade. A fusão <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Guanabara com o <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

XX<br />

XVI XVII XVIII XIX XXI<br />

Esta<strong>do</strong> da Guanabara<br />

Aterros, túneis, vias expressas, viadutos<br />

Remoção de favelas<br />

Capital <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Capítulo 9<br />

Fedumendes


De cidade a esta<strong>do</strong><br />

No dia 21 de abril de 1960, o clima no Brasil estava quente. Nos<br />

rádios, nos jornais, na televisão, para a gente de to<strong>do</strong> canto, de<br />

Norte a Sul, o assunto era um só: a inauguração de Brasília, a<br />

nova capital.<br />

O presidente Juscelino Kubitschek já descera a escadaria <strong>do</strong><br />

Palácio <strong>do</strong> Catete, residência <strong>do</strong>s presidentes da República até<br />

aquele dia, e voara para o Planalto Central, centro geográfico <strong>do</strong><br />

país e, a partir de então, centro político também.<br />

A cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro não era mais a capital <strong>do</strong> país. Mas,<br />

nesse dia, a nova capital da República não brilhou sozinha. Teve<br />

que dividir os flashes e holofotes com um novo esta<strong>do</strong> cria<strong>do</strong>:<br />

o esta<strong>do</strong> da Guanabara.<br />

E o que se viu então? Obras por to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Com o aumento<br />

da população “motorizada” – pessoas se deslocan<strong>do</strong> em seus<br />

carros ou em ônibus para trabalhar ou se divertir –, a solução<br />

encontrada foi abrir túneis, construir viadutos, vias expressas<br />

e fazer aterros. Como o Aterro <strong>do</strong> Flamengo.<br />

Vista aérea <strong>do</strong> Aterro <strong>do</strong> Flamengo<br />

128<br />

Ascom <strong>Rio</strong>Tur<br />

Bandeira <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Guanabara<br />

Isso mesmo! A cidade <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> virou esta<strong>do</strong>.<br />

E elegeu o seu primeiro<br />

governa<strong>do</strong>r em 1960.<br />

Carlos Lacerda tomou posse<br />

no dia 5 de dezembro, no<br />

Palácio Tiradentes.<br />

Wikimedia Commons


O Parque Brigadeiro Eduar<strong>do</strong> Gomes, nome oficial <strong>do</strong> Aterro <strong>do</strong><br />

Flamengo, ou simplesmente Aterro, como preferem os cariocas,<br />

foi construí<strong>do</strong> sobre aterros sucessivos.<br />

O material veio <strong>do</strong> desmonte de morros próximos (Morro <strong>do</strong><br />

Castelo e de Santo Antônio). Estende-se <strong>do</strong> Aeroporto Santos<br />

Dumont até o início da Praia de Botafogo, na zona sul.<br />

Percorrer suas vias expressas, contornan<strong>do</strong> a baía, é estonteante.<br />

Para onde olhar? Para os monumentos? Para os jardins? Para os<br />

barquinhos no “macio azul <strong>do</strong> mar”? Para a Praça Paris ou os<br />

belos edifícios no outro la<strong>do</strong>?<br />

Muita gente acha que seu maior tesouro é o imenso jardim<br />

projeta<strong>do</strong> pelo paisagista brasileiro Burle Marx.<br />

Lá, o principal atrativo é a diversidade da flora, com muitas<br />

plantas nativas que atraem aves de várias espécies.<br />

Passarela no jardim <strong>do</strong> Aterro<br />

Ronal<strong>do</strong> Miranda<br />

Galeria <strong>do</strong> Túnel Rebouças<br />

Wikimedia Commons<br />

O Túnel Rebouças,<br />

inaugura<strong>do</strong> em 1967, faz a<br />

ligação entre o <strong>Rio</strong> Compri<strong>do</strong><br />

e a Lagoa, na zona sul <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

Burle Marx desde criança<br />

colecionava plantas e<br />

cultivava mudas. São famosos<br />

os seus jardins em vários países.<br />

A mais importante coleção<br />

de plantas vivas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

está no Sítio Roberto Burle<br />

Marx, em Guaratiba, onde ele<br />

morou. Vale a pena conhecer!<br />

129


130<br />

Sua vez!<br />

Carioca a<strong>do</strong>ra um apeli<strong>do</strong>, concorda?<br />

Descubra o nome oficial destes lugares e onde estão localiza<strong>do</strong>s.<br />

1<br />

3<br />

5<br />

1 - Engenhão<br />

2 - Pedregulho<br />

MREBrasil<br />

Márcio Macha<strong>do</strong><br />

Guilherme Torelly<br />

3 - Cebolão<br />

2<br />

4<br />

6<br />

4 - Viaduto <strong>do</strong>s Cabritos<br />

5 - Minhocão<br />

6 - Piscinão<br />

Gabrielle k<br />

Clauber Stewart<br />

RLCS


Para onde ruma o <strong>Rio</strong><br />

Tantas obras, tantas mudanças, muito progresso chegou. Em<br />

busca de novos espaços, a ocupação da Barra da Tijuca, na zona<br />

oeste, surgiu como uma alternativa de moradia, comércio e lazer.<br />

Barra da Tijuca<br />

E de um novo estilo de vida: con<strong>do</strong>mínios fecha<strong>do</strong>s, autoestradas<br />

e shopping centers convidan<strong>do</strong> para o consumo.<br />

Interior <strong>do</strong> Barra Shopping<br />

Eduar<strong>do</strong> P / Wikimedia Commons<br />

Ruy Barbosa Pinto<br />

A região da Barra era<br />

um imenso areal com<br />

vegetação de restinga. Até<br />

mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, era<br />

frequentada quase só por<br />

pesca<strong>do</strong>res. A construção<br />

da Autoestrada Lagoa-Barra<br />

e da Linha Amarela tem<br />

trazi<strong>do</strong> para a Barra pessoas<br />

de todas as partes da Região<br />

Metropolitana <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> para<br />

morar, trabalhar ou mesmo<br />

para se divertir.<br />

131


Ao mesmo tempo, as favelas também continuavam crescen<strong>do</strong>.<br />

E crescen<strong>do</strong> com ruas e becos estreitos e desordena<strong>do</strong>s, barracos<br />

insalubres, perigo de desabamento. Enfim, pon<strong>do</strong> em risco a vida<br />

<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res.<br />

Pensa daqui, pensa de lá, o governo da época toma uma decisão<br />

que vai afetar a vida de muita gente: remover as favelas.<br />

Vista aérea <strong>do</strong> Complexo da Maré<br />

Deslocar, transferir, levar para outro lugar uma multidão<br />

de homens, mulheres, i<strong>do</strong>sos e crianças, com to<strong>do</strong>s os seus<br />

pertences. Já pensou?<br />

Nem to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> concor<strong>do</strong>u, nem to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> foi contra<br />

a ideia. Muitas remoções aconteceram. Surgiram, assim, a<br />

Cidade de Deus, as Vilas Kennedy, Aliança e Esperança e outras<br />

comunidades mais.<br />

132<br />

www.myzoom.com.br<br />

Hoje, a situação é bem<br />

outra em muitos locais.<br />

A capacidade de luta<br />

e de organização, a<br />

criatividade <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<br />

das favelas e também as<br />

ações <strong>do</strong>s governantes<br />

estão levan<strong>do</strong> projetos de<br />

urbanização e de segurança<br />

a várias comunidades, sem<br />

necessidade de remoção.


Passeio no teleférico <strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> Alemão<br />

Longe <strong>do</strong>s locais de trabalho, separa<strong>do</strong>s de vizinhos e amigos,<br />

ainda assim alguns mora<strong>do</strong>res viram pontos positivos na<br />

nova situação: serviços, como água encanada e esgoto, e,<br />

principalmente, o <strong>do</strong>cumento de propriedade.<br />

O sonho da casa própria tornou-se realidade para muitos.<br />

Carioca ou fluminense?<br />

Depois de 15 anos separa<strong>do</strong>s, cariocas e fluminenses ficaram juntos<br />

outra vez. Em tempo: carioca é quem nasce na cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro, e fluminenses são os nasci<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Em 1975, sem nenhuma consulta à população, o governo federal<br />

fez a fusão <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s da Guanabara e <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Surgiu o<br />

novo esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro com o município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

como sua capital.<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Um passeio no teleférico<br />

sobre o Complexo <strong>do</strong><br />

Alemão, na zona norte,<br />

mostra, lá <strong>do</strong> alto,<br />

uma nova paisagem<br />

da cidade. O carioca<br />

mora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> lugar quer<br />

ver, ser visto e respeita<strong>do</strong>.<br />

133


Bandeira <strong>do</strong> município<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

134<br />

Wikimedia Commons<br />

Bandeira <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

A polêmica foi grande e, como sempre acontece nesses casos, não<br />

agra<strong>do</strong>u a to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

Como se sentiram os cariocas diante de tantas mudanças<br />

políticas? Afinal, a cidade foi sede <strong>do</strong> Vice-Reino, capital <strong>do</strong><br />

Império, Distrito Federal, capital <strong>do</strong> Brasil, esta<strong>do</strong> da Guanabara<br />

e passou a ser um município <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Vista <strong>do</strong> Cristo Redentor com o bairro de Ipanema ao fun<strong>do</strong><br />

Wikimedia Commons<br />

Ricar<strong>do</strong> Zerrenner / Ascom <strong>Rio</strong>Tur<br />

Cada esta<strong>do</strong> brasileiro<br />

é forma<strong>do</strong> por vários<br />

municípios.<br />

O município tem uma<br />

cidade sede e distritos,<br />

um espaço urbano e<br />

outro rural.<br />

O <strong>Rio</strong> é um município<br />

diferente: só tem a cidade<br />

sede e sua antiga zona<br />

rural, que hoje já está<br />

praticamente urbanizada.


E como terão se senti<strong>do</strong> os niteroienses, ven<strong>do</strong> sua cidade perder<br />

a posição de capital <strong>do</strong> antigo esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro? Ainda<br />

hoje se discute essa questão. Há até quem sugira uma “desfusão”.<br />

Vista <strong>do</strong> Museu de Arte Contemporânea (MAC), com a Praia de Icaraí ao fun<strong>do</strong><br />

Polêmicas à parte, as duas cidades estão unidas. São ligadas pelas<br />

pessoas que moram lá e trabalham cá, por gente que se diverte<br />

nas praias de lá e nos cinemas e teatros de cá. Ontem viajan<strong>do</strong><br />

pelas barcas que cruzam as águas da Baía de Guanabara, hoje<br />

contam também com a Ponte <strong>Rio</strong>-Niterói, que virou cartão-postal.<br />

Ponte <strong>Rio</strong>-Niterói vista da Baía de Guanabara<br />

Wikimedia Commons<br />

Frank D2010<br />

Sua vez!<br />

Invente uma história<br />

em quadrinhos. Usan<strong>do</strong><br />

desenhos, balões e<br />

muita criatividade, crie<br />

personagens e uma<br />

história engraçada.<br />

Tema: O <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />

de esta<strong>do</strong> a município.<br />

Uma dica: consulte o<br />

livro Quadrinhos – Guia<br />

Prático, publica<strong>do</strong> pela<br />

Multi<strong>Rio</strong>, que você vai ter<br />

ótimas ideias.<br />

Juntan<strong>do</strong> todas as histórias,<br />

a turma pode organizar<br />

um diverti<strong>do</strong> gibi.<br />

135


Formato Editorial<br />

136<br />

Vai lá!<br />

Museu de Arte Moderna<br />

Situa<strong>do</strong> no Aterro <strong>do</strong> Flamengo, o MAM possui uma coleção<br />

fantástica de obras de arte nacionais e estrangeiras. Você vai<br />

se surpreender com pinturas e esculturas bem modernas.<br />

A construção já impressiona pela modernidade.<br />

Endereço: Avenida Infante Dom Henrique, 85, Parque <strong>do</strong> Flamengo.<br />

Palácio Pedro Ernesto<br />

O prédio abriga a Câmara Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, onde os<br />

verea<strong>do</strong>res se reúnem para elaborar as leis municipais.<br />

Fica pertinho <strong>do</strong> Theatro Municipal, da Biblioteca Nacional e <strong>do</strong><br />

Museu Nacional de Belas Artes. Mais <strong>do</strong> que um passeio, ir a esse<br />

lugar é um luxo!<br />

Endereço: Praça Floriano, s/n., Cinelândia.<br />

Livro à vista!<br />

<strong>Histórias</strong> de Ruas<br />

Autora: Maria Angela Resende.<br />

Editora: Formato Editorial, Belo Horizonte,<br />

2001.<br />

São várias histórias de ruas que têm nomes<br />

diferentes, poéticos, criativos, engraça<strong>do</strong>s.<br />

To<strong>do</strong>s reais, segun<strong>do</strong> a autora.<br />

Por falar nisso, você sabe por que a sua rua<br />

tem o nome que tem?<br />

Nossa história viu o <strong>Rio</strong> dar<br />

muitas voltas e reviravoltas,<br />

não é mesmo?<br />

E você pensa que terminou?<br />

Não perde por esperar.


O <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

no presente<br />

Monumento <strong>do</strong>s Pracinhas, no Aterro <strong>do</strong> Flamengo<br />

Carlos Monte Jr.<br />

XV XVI XVII<br />

A cigana leu o meu destino<br />

Eu sonhei!<br />

Bola de cristal<br />

Jogo de búzios, cartomante<br />

E eu sempre perguntei<br />

O que será o amanhã?<br />

Como vai ser o meu destino?<br />

O Amanhã<br />

(João Sérgio para G.R.E.S.<br />

União da Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r/1978)<br />

Chegamos ao século XXI. O <strong>Rio</strong> de Janeiro é sede de três eventos sobre<br />

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A cidade recebe o<br />

título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana.<br />

Séculos<br />

XVIII XIX XX<br />

Meio ambiente<br />

Tecnologia<br />

Capítulo 10<br />

XXI


De olho no futuro<br />

O que vou ser quan<strong>do</strong> crescer? Em que vou trabalhar? Serei pai<br />

ou mãe de algumas crianças? Onde estarei moran<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> for<br />

adulto? Como será o meu futuro?<br />

Você já deve ter feito essas perguntas mais de “mil vezes” quan<strong>do</strong><br />

está sozinho com seus pensamentos ou em um bate-papo com os<br />

amigos, não é?<br />

O futuro, esse desconheci<strong>do</strong>, sempre provoca curiosidade, às<br />

vezes preocupação, dúvida... Em algumas situações, queremos<br />

que o tempo passe voan<strong>do</strong>, que o futuro chegue logo. Já em<br />

outras, que vá bem devagar, devagarinho. Faz parte da vida, faz<br />

parte da história de cada um esse desejo de mandar no “destino”.<br />

Em seus diferentes espaços geográficos, os cariocas estudam,<br />

trabalham e constroem o futuro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Centro econômico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

138<br />

Pedro Kirilos / Ascom <strong>Rio</strong>Tur<br />

Em 1965, o <strong>Rio</strong> completou<br />

400 anos de idade.<br />

O 4° Centenário foi<br />

festeja<strong>do</strong> com muita<br />

animação. Na época,<br />

shows, eventos e até a<br />

escolha de uma rainha<br />

ajudaram a promover<br />

o turismo em nossa<br />

Cidade Maravilhosa.<br />

To<strong>do</strong>s os anos, no dia 1°<br />

de março, pipocam festas<br />

por to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>.


Sua vez!<br />

Enigma secreto<br />

Para símbolo igual, letra igual.<br />

Substitua os símbolos por letras e descubra o que está escrito.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Resposta <strong>do</strong> enigma secreto: “O futuro não é algo escondi<strong>do</strong> na<br />

esquina. O futuro a gente constrói no presente”. (Paulo Freire)<br />

<br />

<br />

.<br />

.<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Paulo Freire<br />

Quem disse a frase <strong>do</strong><br />

enigma ao la<strong>do</strong> foi um<br />

grande educa<strong>do</strong>r brasileiro.<br />

Peça ao(à) professor(a)<br />

para contar a história dele<br />

para a turma.<br />

Instituto Paulo Freire<br />

139


Passo a passo, a cidade caminha em um vai e vem contínuo,<br />

com erros e acertos, e chega ao século XXI. Muito já se fez, muito<br />

ainda precisa ser feito. Mas, para que o <strong>Rio</strong> seja mesmo um lugar<br />

maravilhoso para to<strong>do</strong>s os seus habitantes, é preciso, ainda,<br />

vencer muitos desafios:<br />

• moradia digna e adequada para os cariocas;<br />

• preservação de florestas, restingas, mangues e encostas;<br />

• melhoria <strong>do</strong>s transportes de massa, como trem e metrô;<br />

140<br />

Estação de Integração com a<br />

Interchange with SuperVia Trains<br />

Mapa esquemático das estações <strong>do</strong> Metrô <strong>Rio</strong><br />

Metrô <strong>Rio</strong><br />

A escola em que você<br />

estuda faz parte de um<br />

conjunto de mais de mil<br />

unidades escolares mantidas<br />

pela Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

Da creche ao Ensino<br />

Fundamental, milhares de<br />

alunos aprendem a ler,<br />

a escrever, a calcular, a<br />

refletir, a criticar, a inventar<br />

o mun<strong>do</strong> da ciência, da arte<br />

e da cultura. Com toda essa<br />

bagagem, você vai poder<br />

montar um belo projeto<br />

para a sua vida futura.


• ampliação da oferta de trabalho que atenda às necessidades<br />

básicas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res;<br />

• segurança para se deslocar por toda a cidade e viver em paz;<br />

• despoluição da Baía de Guanabara, de lagoas e de rios.<br />

Baía de Guanabara<br />

O <strong>Rio</strong> em flashes<br />

Se esta rua fosse minha<br />

Eu mandava ladrilhar<br />

Não para automóvel matar gente<br />

Mas para criança brincar.<br />

Se esta rua fosse minha<br />

Eu não deixava derrubar<br />

Se cortarem todas as árvores<br />

Onde é que os pássaros vão morar?<br />

Se este rio fosse meu.<br />

Eu não deixava poluir<br />

Joguem esgotos noutra parte<br />

Que os peixes moram aqui.<br />

Se este mun<strong>do</strong> fosse meu<br />

Eu fazia tantas mudanças<br />

Que ele seria um paraíso<br />

De bichos, plantas e crianças.<br />

Paraíso<br />

(José Paulo Paes)<br />

Anatoly Terentiev / Wikimedia Commons<br />

Sua vez!<br />

Faça com a turma um<br />

passeio pelo bairro de<br />

sua escola.<br />

Vocês podem fotografar,<br />

desenhar ou escrever o que<br />

observarem que está certo,<br />

o que está erra<strong>do</strong> e quais<br />

são as necessidades <strong>do</strong> lugar.<br />

Que tal levar esses<br />

<strong>do</strong>cumentos para a<br />

Associação de Mora<strong>do</strong>res?<br />

Aproveite para pesquisar as<br />

atividades da associação.<br />

Isso é participação!<br />

141


Ah! Se o mun<strong>do</strong> fosse assim... Mas não é. Acontece que, em sua<br />

busca incessante pelo progresso, muitas vezes, a humanidade<br />

interfere na natureza como se fosse um preda<strong>do</strong>r sem consciência,<br />

danifican<strong>do</strong> o ambiente onde vive.<br />

O <strong>Rio</strong> vem sofren<strong>do</strong> bastante com a ação irresponsável de muitos.<br />

Incêndios, enchentes, lixo fora <strong>do</strong> lugar, derramamento de óleo<br />

nas águas da Baía de Guanabara e poluição das lagoas fazem<br />

parte <strong>do</strong> cotidiano carioca.<br />

Queimada<br />

Aqui no <strong>Rio</strong>, como no mun<strong>do</strong> inteiro, há pessoas e organizações<br />

se movimentan<strong>do</strong> para salvar e preservar o planeta.<br />

A cidade foi sede de eventos ambientais muito importantes, como<br />

a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o<br />

Desenvolvimento (ECO-92), realizada em 1992.<br />

Cinco anos depois, em 1997, a <strong>Rio</strong>+5 foi uma nova conferência<br />

internacional que discutiu o <strong>do</strong>cumento Agenda 21, aprova<strong>do</strong> na<br />

ECO-92. Esse <strong>do</strong>cumento estabeleceu a importância e a forma<br />

como governos, empresas, organizações não governamentais e<br />

to<strong>do</strong>s os setores da sociedade de cada país cooperaram no estu<strong>do</strong><br />

de soluções para os problemas socioambientais.<br />

142<br />

Valter Campanato/Agência Brasil<br />

Meio ambiente preserva<strong>do</strong><br />

O meio ambiente é tu<strong>do</strong> o<br />

que faz parte da natureza,<br />

os seres vivos e tu<strong>do</strong> o que<br />

é construí<strong>do</strong> pelo homem.<br />

Fulviusbsas


www.rio20.info<br />

Em 2012, 20 anos depois da ECO-92, a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> sediou<br />

a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento<br />

Sustentável, que definiu as metas e ações de desenvolvimento<br />

sustentável para as próximas décadas.<br />

Muitas ideias e projetos genuinamente cariocas estão em<br />

andamento. Tu<strong>do</strong> para o <strong>Rio</strong> continuar lin<strong>do</strong>. Conheça alguns<br />

realiza<strong>do</strong>s pelo poder público e pelos próprios mora<strong>do</strong>res: coleta<br />

sistemática <strong>do</strong> lixo; plantio de árvores; limpeza de bueiros e<br />

calhas das casas; e dragagem de lagoas e rios.<br />

Lixeiras seletivas<br />

Ministério da Saúde<br />

www.rio20.info<br />

http://classic.globe.gov<br />

Garis trabalhan<strong>do</strong><br />

O <strong>Rio</strong> de Janeiro foi a<br />

primeira cidade <strong>do</strong> Brasil<br />

a contratar uma empresa<br />

para fazer a limpeza<br />

das ruas, em 1876. Era<br />

comandada por Aleixo<br />

Gary. O seu sobrenome<br />

virou sinônimo de coletor<br />

de lixo – o nosso gari.<br />

www. rio.rj.gov.br<br />

143


Apenas no final <strong>do</strong> século XIX, o lixo começou a ser visto com<br />

preocupação, e hoje é uma questão mundial. Por isso, você<br />

escuta tanto falar em reduzir, reutilizar, reciclar (3 RR). O artista<br />

plástico Vik Muniz representa bem esse movimento. Em seus<br />

quadros, ele utiliza os mais diferentes materiais. “Pinta” usan<strong>do</strong><br />

açúcar, chocolate, fios, arames e... lixo. O <strong>do</strong>cumentário Lixo<br />

Extraordinário mostra o trabalho <strong>do</strong> artista com cata<strong>do</strong>res de<br />

material reciclável no aterro <strong>do</strong> Jardim Gramacho, no município<br />

de Duque de Caxias. Vale a pena assistir!<br />

Abaixo, veja o painel Paisagem. Vik fotografou a Baía de<br />

Guanabara, <strong>do</strong> alto <strong>do</strong> Mirante Dona Marta, e recriou a imagem,<br />

durante a <strong>Rio</strong>+20, com material reciclável trazi<strong>do</strong> por ele e pelo<br />

público que compareceu à Cúpula <strong>do</strong>s Povos, realizada no<br />

Aterro <strong>do</strong> Flamengo.<br />

Painel Paisagem, obra de Vik Muniz na Cúpula <strong>do</strong>s Povos da <strong>Rio</strong>+20<br />

144<br />

Alberto Jacob Filho<br />

E por falar nisso... Como<br />

você e seus colegas cuidam<br />

<strong>do</strong> ambiente da escola?<br />

Sua vez!<br />

Seja repórter por um dia.<br />

A turma vai visitar uma<br />

cooperativa de cata<strong>do</strong>res<br />

de lixo reciclável e fazer<br />

uma reportagem sobre o<br />

trabalho realiza<strong>do</strong> por eles.<br />

Planejem o roteiro da visita,<br />

como chegar ao local, o<br />

que levar, as entrevistas.<br />

Na volta, preparem o<br />

texto contan<strong>do</strong> o que<br />

viram e aprenderam. Não<br />

esqueçam as fotos!


O <strong>Rio</strong> em rede<br />

Você pode imaginar um mun<strong>do</strong> sem TV, celular ou computa<strong>do</strong>r?<br />

Pois o mun<strong>do</strong> já foi assim, e não faz muito tempo, não. Se antes<br />

de 1950 ninguém tinha televisão no Brasil, hoje, sabe-se que mais<br />

de 90% da população brasileira possui o aparelho em casa. Os<br />

aparelhos mudaram muito de lá para cá.<br />

Modelo de TV <strong>do</strong>s anos 1950<br />

Modelo de telefone antigo<br />

Wikimedia Commons<br />

Wikimedia Commons<br />

Modelo de TV atual<br />

Com o telefone não foi diferente. Dos antigos telefones, surgi<strong>do</strong>s<br />

no século XIX, até os celulares por meio <strong>do</strong>s quais você fala, filma,<br />

faz foto e acessa a internet, foi um passo gigantesco.<br />

Telefone celular moderno<br />

E você já imaginou o que é ter um “milhão de amigos”,<br />

espalha<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>, gente que você nunca vai tocar nem<br />

abraçar, com quem nunca vai trocar um aperto de mão?<br />

www.samsung.com<br />

www.businessinsider.com<br />

No Brasil, os primeiros<br />

telefones foram instala<strong>do</strong>s<br />

no <strong>Rio</strong> de Janeiro, ainda no<br />

tempo <strong>do</strong> Império.<br />

O impera<strong>do</strong>r D. Pedro II<br />

conheceu essa invenção em<br />

uma exposição nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, em 1876.<br />

Diziam até que, na ocasião,<br />

ele teria dito em alto e bom<br />

som: “Meu Deus! Isto fala!”.<br />

145


Talvez não seja possível ter tantos amigos assim. Mas a verdade é<br />

que o computa<strong>do</strong>r veio chegan<strong>do</strong>, rapidamente, ocupan<strong>do</strong> espaço<br />

no trabalho e na vida social. Uma máquina que transporta as<br />

pessoas para um mun<strong>do</strong> novo e virtual.<br />

“Criar meu website, fazer minha homepage”, bater papo no<br />

Facebook, conectar-se com lugares nunca antes vistos passou a<br />

fazer parte <strong>do</strong> cotidiano de muita gente. Cada vez mais. Uma<br />

tela “mágica” informa, diverte, dá notícias de amigos e parentes<br />

distantes, mantém to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> (o tempo to<strong>do</strong>).<br />

Homem usan<strong>do</strong> laptop<br />

146<br />

Alberto Jacob Filho<br />

Nos bancos, nos merca<strong>do</strong>s, na praia, trabalhan<strong>do</strong>, se informan<strong>do</strong><br />

ou se entreten<strong>do</strong>, há sempre alguém conecta<strong>do</strong>. O computa<strong>do</strong>r,<br />

definitivamente, é a cara <strong>do</strong> século XXI.<br />

Mas, como tu<strong>do</strong> na vida, é preciso ter cuida<strong>do</strong> também ao usar a<br />

tecnologia. Leia o poema Passarinho Fofoqueiro, de José Paulo Paes,<br />

e tire suas conclusões.<br />

Um passarinho me contou<br />

Que a ostra é muito fechada<br />

Que a cobra é muito enrolada<br />

Lan house<br />

Que a arara é uma cabeça oca<br />

E que o leão-marinho e a foca...<br />

Xô, passarinho! Chega de fofoca!<br />

Almig<br />

Você conhece alguma<br />

lan house? Perto de sua<br />

casa tem? Você costuma<br />

frequentar? Pois saiba<br />

que esses espaços existem<br />

em várias comunidades<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, e é lá que muitas<br />

crianças, jovens e adultos<br />

experimentam pela<br />

primeira vez conectar-se<br />

com o mun<strong>do</strong> virtual.


Sua vez!<br />

O <strong>Rio</strong> de Janeiro é um verdadeiro calei<strong>do</strong>scópio, à sua disposição.<br />

Teste seus conhecimentos e tente descobrir que lugares são estes das fotos.<br />

1<br />

3<br />

5<br />

Jorge Brazil<br />

Danielxfiles<br />

Kulo<br />

2<br />

4<br />

6<br />

Resposta <strong>do</strong> calei<strong>do</strong>scópio<br />

1) Quinta da Boa Vista; 2) Morro Dona Marta; 3) Praia de Copacabana; 4) Igreja<br />

da Candelária; 5) Centro de Tradições Nordestinas; 6) Lagoa Rodrigo de Freitas.<br />

Fernan<strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong> Carmo Carmo<br />

Julio Garcia<br />

Sheila Tostes<br />

147


Alberto Jacob Filho<br />

148


O <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />

agora, é uma<br />

Cidade Maravilhosa<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro!<br />

O <strong>Rio</strong> amanheceu<br />

cantan<strong>do</strong>...<br />

O dia 1º de julho de 2012, um<br />

<strong>do</strong>mingo solar, foi histórico<br />

para o <strong>Rio</strong> de Janeiro e para o<br />

Brasil. Nossa cidade recebeu o<br />

título de Patrimônio Mundial<br />

como Paisagem Cultural<br />

Urbana, concedi<strong>do</strong> pela Unesco,<br />

uma organização internacional.<br />

A soma da beleza natural<br />

com as intervenções humanas<br />

fez <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> uma paisagem<br />

admirada e cantada por to<strong>do</strong>s<br />

aos quatro ventos.<br />

149


Editora Salamandra<br />

150<br />

Vai lá!<br />

Museu das Telecomunicações – Oi Futuro<br />

Por meio das mais avançadas tecnologias, conheça a história da<br />

comunicação humana. Uma empolgante viagem virtual conduz<br />

os visitantes pelo passa<strong>do</strong>, presente e futuro.<br />

Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63, nível 6, Flamengo.<br />

Museu da Vida<br />

Instituição que discute temas liga<strong>do</strong>s à vida, forma, informa e<br />

educa em ciência, saúde e tecnologia. O visitante percorre seus<br />

espaços embarca<strong>do</strong> no “trenzinho da ciência”. Não perca!<br />

Endereço: Avenida Brasil, 4.365, Manguinhos.<br />

Livro à vista!<br />

Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos<br />

Humanos<br />

Autores: Ruth Rocha e Otávio Roth.<br />

Editora: Salamandra, São Paulo, 1988.<br />

O livro é uma adaptação <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento<br />

elabora<strong>do</strong> pela Organização das<br />

Nações Unidas e faz o leitor entender<br />

que o caminho a ser trilha<strong>do</strong> pela<br />

humanidade é o da paz, <strong>do</strong> respeito,<br />

<strong>do</strong> amor e da igualdade.<br />

Nossa viagem chega ao<br />

final, mas não as histórias<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, que vão<br />

continuar sen<strong>do</strong> vividas<br />

e escritas por você e por<br />

to<strong>do</strong>s os cariocas. Afinal,<br />

uma “história puxa a outra”.<br />

Para você, que viajou<br />

comigo ao longo <strong>do</strong> tempo<br />

e <strong>do</strong> espaço...<br />

Aquele abraço!


Referências bibliográficas<br />

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Record, 1930.<br />

______. Versiprosa: crônica da vida cotidiana e de algumas miragens. <strong>Rio</strong> de Janeiro: J. Olympio,<br />

1967.<br />

______. Amar se aprende aman<strong>do</strong>. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Record, 1985.<br />

ANTOLOGIA de poesia brasileira para crianças. Introdução e seleção Célia Ruiz Ibáñez. São Paulo:<br />

Girassol Brasil Ed., 2002.<br />

AZEVEDO, Ricar<strong>do</strong>. Armazém <strong>do</strong> folclore. São Paulo: Ática, 2000.<br />

BRANDÃO, Toni. A carta de Pero Vaz de Caminha (para crianças). São Paulo: Studio Nobel, 1999.<br />

CASTANHA, Marilda. Agbalá, um lugar continente. Belo Horizonte: Formato Ed., 2001.<br />

COLASANTI, Marina. O menino que achou uma estrela. São Paulo: Global, 2003.<br />

FUNARI, Raquel <strong>do</strong>s Santos; BUGELLI, Mônica Lungov. Aprender juntos história, 4º Ano: Ensino<br />

Fundamental. São Paulo: Ed. SM, 2010.<br />

KAHN, Marina. O ABC <strong>do</strong>s povos indígenas no Brasil. São Paulo: Ed. SM, 2011.<br />

LOPES, Sandra. Convite carioca. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Escrita Fina, 2010.<br />

MATTOS, Ilmar R. de et al. O <strong>Rio</strong> de Janeiro, capital <strong>do</strong> Reino. São Paulo: Atual Ed., 1995.<br />

MULTIRIO. Mestre <strong>do</strong> tempo, série televisiva: textos complementares. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Empresa<br />

Municipal de Multimeios, 2011.<br />

MURRAY, Roseana. O Mar e os sonhos. Belo Horizonte: Miguilim, 1996.<br />

______. Receitas de olhar. São Paulo: FTD S.A., 1997.<br />

151


152<br />

PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 1990.<br />

PATAXÓ, Angthichay et al. O povo pataxó e suas histórias. São Paulo: Global Ed., 1999.<br />

REZENDE, Maria A. História de ruas. Belo Horizonte: Formato Ed., 2001.<br />

RICON, Luiz Eduar<strong>do</strong>. Mini Gurps: o descobrimento <strong>do</strong> Brasil. São Paulo: Devir, 1999.<br />

RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Educação. Orientações curriculares: áreas específicas<br />

Geografia e História. <strong>Rio</strong> de Janeiro, 2009.<br />

SCHWARCZ, Lilia Moritz. D. João carioca: a corte portuguesa chega ao Brasil. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 2007.<br />

SOUZA, Angela Leite de. Meus rios. Belo Horizonte: Formato Ed., 2000.<br />

TORRES, Antonio. O nobre sequestra<strong>do</strong>r. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Record, 2003.<br />

XAVIER, Marcelo. Mitos: O folclore de Mestre André. Belo Horizonte: Formato Ed., 1997.


Mestre <strong>do</strong> Tempo conta<br />

<strong>Histórias</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

Impressão<br />

Gráfica e Editora <strong>Rio</strong> DG<br />

Tiragem<br />

15.000 exemplares<br />

Setembro 2012


Multi<strong>Rio</strong> - Empresa Municipal de Multimeios Ltda.<br />

Largo <strong>do</strong>s Leões, 15 • Humaitá • <strong>Rio</strong> de Janeiro/RJ • Brasil • CEP 22260-210<br />

Central de Atendimento ao Cidadão: 1746 • Fora <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>: (21) 3460-1746<br />

Fax: (21) 2535-4424 • www.multirio.rj.gov.br • ouvi<strong>do</strong>ria.multirio@rio.rj.gov.br<br />

ISBN 978-85-60354-06-1<br />

9 788560 354061<br />

Realização<br />

Secretaria Municipal de Educação

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