Histórias do Rio Histórias do Rio - MultiRio
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Mestre <strong>do</strong> Tempo conta <strong>Histórias</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
Mestre Mestre <strong>do</strong> <strong>do</strong> Tempo Tempo conta<br />
conta<br />
<strong>Histórias</strong><br />
<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
Realização Realização<br />
Secretaria Secretaria Municipal Municipal de Educação de Educação
Mestre FALSA <strong>do</strong> Tempo conta FOLHA DE<br />
<strong>Histórias</strong> ROSTO <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>
Mestre FALSA <strong>do</strong> Tempo conta FOLHA DE<br />
<strong>Histórias</strong> ROSTO <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Multi<strong>Rio</strong> • Empresa Municipal de Multimeios Ltda.<br />
2012
Editoria<br />
Regina Protasio<br />
Assessoria Editorial<br />
Denise das Chagas Leite<br />
Consultoria, Conteú<strong>do</strong> e Redação<br />
Branca Serodio Portes<br />
Revisão<br />
Jorge Eduar<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />
Mestre <strong>do</strong> tempo conta histórias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> / Multi<strong>Rio</strong>. – <strong>Rio</strong> de Janeiro: Multi<strong>Rio</strong>, 2012<br />
M586 152 p. : il. : 23 cm.<br />
ISBN 978-85-60354-06-1<br />
Colaboração<br />
Luiz Eduar<strong>do</strong> Ricon<br />
Marília Scofano<br />
Thais Navega<br />
Pesquisa<br />
Lucia Mendes<br />
Eduar<strong>do</strong> Guedes<br />
Fotografia<br />
Alberto Jacob Filho<br />
1. <strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ) - História. 2. Geografia - <strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ).<br />
I. Empresa Municipal de Multimeios (<strong>Rio</strong> de Janeiro, RJ). II. <strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ).<br />
Secretaria Municipal de Educação.<br />
CDD - 981.53<br />
CDU - 908 (815.35)<br />
Artes Gráficas<br />
Marcelo Salerno<br />
Ana Cristina Lemos<br />
Projeto Gráfico e Editoração<br />
Aloysio Neves<br />
Editoração<br />
Antonio Hauaji<br />
Ilustrações<br />
Alessandra Oliveira<br />
Antonio Hauaji<br />
Camila Paixão<br />
Juliana Gonçalves<br />
Roberta Motta
Sumário<br />
Apresentação 07<br />
Capítulo 1 Tempo, tempo, tempo rei... 11<br />
Capítulo 2 Nas trilhas da aventura... 23<br />
Capítulo 3 O <strong>Rio</strong> antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> 37<br />
Capítulo 4 Um vai e vem de pessoas e de coisas 49<br />
Capítulo 5 Aqui neste mesmo lugar... O tempo <strong>do</strong>s vice-reis 65<br />
Capítulo 6 <strong>Rio</strong> de Janeiro, capital <strong>do</strong> Reino 81<br />
Capítulo 7 O <strong>Rio</strong> de Janeiro novamente Corte: Império 99<br />
Capítulo 8 O <strong>Rio</strong> de Janeiro: vitrine, cartão-postal e capital federal 113<br />
Capítulo 9 Um <strong>Rio</strong> de muitos janeiros 127<br />
Capítulo 10 O <strong>Rio</strong> de Janeiro no presente 137<br />
Referências bibliográficas 151
Olá!<br />
Sabe quan<strong>do</strong> você vê fotografias da sua família,<br />
de amigos ou as suas de quan<strong>do</strong> era menor<br />
e as pessoas em volta comentam: “Nossa,<br />
como você mu<strong>do</strong>u”? Isso quer dizer que o<br />
tempo passou e você já não tem mais a mesma<br />
aparência de antigamente. Isso não significa que<br />
é outra pessoa, mas, com o passar <strong>do</strong> tempo,<br />
você, as pessoas que conhece e os lugares por<br />
onde passou se renovaram, se modificaram.<br />
E já parou para pensar como é bom andar pelos<br />
lugares da cidade onde você mora? Passear por<br />
ruas, praças e parques; ir ao teatro, ao cinema;<br />
à praia; jogar futebol no campinho... To<strong>do</strong>s esses<br />
lugares fazem parte da sua história. Da mesma<br />
forma, a cidade tem uma história para contar.<br />
Conhecer melhor os lugares e suas histórias é se<br />
aproximar cada vez mais da sua cidade e olhá-la<br />
com carinho – o mesmo carinho que você sente<br />
quan<strong>do</strong> vê as fotos das pessoas que você ama.<br />
Eu, o Mestre <strong>do</strong> Tempo, vou levá-lo por um<br />
passeio pela história e pelos lugares da cidade <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro. Ao conhecê-la melhor, você vai<br />
amá-la ainda mais! E quem ama cuida!<br />
Este livro é inspira<strong>do</strong> na série televisiva Mestre<br />
<strong>do</strong> Tempo e no fascículo Mestre <strong>do</strong> Tempo,<br />
da Multi<strong>Rio</strong>, com os conteú<strong>do</strong>s e a redação<br />
<strong>do</strong>s professores Alexandre Ferreira San<strong>do</strong>val<br />
e Jeanne Abi-Ramia.<br />
7
MREBRasil<br />
8
Cidade Maravilhosa,<br />
Cheia de encantos mil!<br />
Cidade Maravilhosa,<br />
Coração <strong>do</strong> meu Brasil!<br />
Cidade Maravilhosa,<br />
Cheia de encantos mil!<br />
Cidade Maravilhosa,<br />
Coração <strong>do</strong> meu Brasil!<br />
Berço <strong>do</strong> samba e das lindas canções<br />
Que vivem n’alma da gente,<br />
És o altar <strong>do</strong>s nossos corações<br />
Que cantam alegremente.<br />
Jardim flori<strong>do</strong> de amor e saudade,<br />
Terra que a to<strong>do</strong>s seduz,<br />
Que Deus te cubra de felicidade,<br />
Ninho de sonho e de luz.<br />
Cidade Maravilhosa<br />
(André Filho)<br />
Cidade Maravilhosa é uma marcha<br />
composta por André Filho para o carnaval<br />
de 1935. A música foi escolhida como hino<br />
da cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.
Tempo, tempo, tempo rei...<br />
(...)<br />
Tempo Rei!<br />
Oh Tempo Rei!<br />
Oh Tempo Rei!<br />
Transformai<br />
As velhas formas <strong>do</strong> viver<br />
Ensinai-me<br />
Oh Pai!<br />
O que eu ainda não sei<br />
Mãe Senhora <strong>do</strong> Perpétuo<br />
Socorrei!<br />
(...)<br />
Aqui vai começar nossa viagem pelas histórias <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro. Vamos percorrer uma linha <strong>do</strong> tempo<br />
e acompanhar o crescimento e as transformações da cidade.<br />
Séculos<br />
Tempo Rei<br />
(Gilberto Gil)<br />
XV<br />
XVI<br />
Território<br />
indígena<br />
Via Láctea<br />
Capítulo 1<br />
XVII XVIII XIX XX XXI<br />
Wikimedia Commons
<strong>Rio</strong>, Cidade Maravilhosa<br />
Passar por uma banca de jornal encanta os olhos de qualquer um,<br />
tantas são as paisagens retratadas de muitos ângulos diferentes.<br />
O que dizer então de poder admirar (de perto ou de longe) e até<br />
tocar maravilhas como o Pão de Açúcar, o Corcova<strong>do</strong>, caminhar<br />
em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, pisar no calçadão da orla,<br />
na areia da praia, mergulhar nas águas salgadas de Copacabana,<br />
pescar na ponte da Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r, explorar trilhas na<br />
Floresta da Tijuca, subir as ladeiras de Santa Teresa...<br />
Ah! É indescritível essa cidade, uma das geografias mais variadas<br />
<strong>do</strong> planeta. E sabe quem lhe deu o nome de maravilhosa? Foi o<br />
escritor Coelho Neto, em homenagem às suas belezas naturais.<br />
Mar, floresta, montanhas, rios e lagoas; largas avenidas, ruas<br />
movimentadas; outras nem tanto, algumas espremidas entre<br />
moradias; altos edifícios, prédios antigos e também modernos;<br />
morros cheinhos de casas e gente, muita gente que, como você,<br />
aqui mora, estuda, trabalha, chora, canta, sofre, ri... Tu<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s<br />
cabem nesta cidade, coração <strong>do</strong> nosso Brasil.<br />
Este <strong>Rio</strong> de Janeiro onde vivem você e tantos outros cariocas nem<br />
sempre foi desse jeito, não. Nasceu, cresceu, mu<strong>do</strong>u e ainda vai se<br />
transformar muito pela vida afora.<br />
A cidade também tem sua história. E você faz parte dela, sabia?<br />
Como essa história começou bem antes <strong>do</strong> seu nascimento e até<br />
<strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong> avô <strong>do</strong> seu avô, é natural que existam muitas<br />
coisas que você ainda precisa aprender sobre a sua cidade. E deve<br />
estar bem curioso, não é?<br />
Esta aventura vai nos levar, em um piscar de olhos, para lugares<br />
nunca vistos e épocas nunca sonhadas.<br />
12<br />
Sua vez!<br />
Uma tarefa para você e a<br />
turma: façam um concurso<br />
para eleger o cartão-postal<br />
mais bonito <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. Não vai ser<br />
fácil essa escolha. Boa sorte!<br />
Copacabana<br />
Arcos da Lapa<br />
Pão de Açúcar<br />
Fotos de Alberto Jacob Filho
No túnel <strong>do</strong> tempo<br />
“A Terra é azul.” Foi assim que, em 1961, o astronauta russo Yuri<br />
Gagarin expressou seu espanto quan<strong>do</strong> de sua nave um homem<br />
teve, pela primeira vez, o planeta Terra inteirinho, flutuan<strong>do</strong> no<br />
espaço, bem à sua frente. Uma grande bola azulada.<br />
Planeta Terra<br />
Exatos 45 anos depois, em 2006, o brasileiro Marcos Pontes, junto<br />
com astronautas de outros países, realizou estu<strong>do</strong>s e experiências<br />
na Estação Espacial Internacional, um laboratório em pleno<br />
espaço. Tu<strong>do</strong> o que eles pesquisaram já está contribuin<strong>do</strong> para o<br />
desenvolvimento científico e tecnológico no mun<strong>do</strong>.<br />
Agora, vamos fazer outra viagem, voltan<strong>do</strong> no tempo,<br />
milhares de anos atrás. Vamos imaginar que é noite, iluminada<br />
apenas pela luz <strong>do</strong>s astros, e que nossos ancestrais olham,<br />
maravilha<strong>do</strong>s, para o céu. Tão encanta<strong>do</strong>s ficam que ali<br />
permanecem até o Sol surgir, clarean<strong>do</strong> o dia. Depois, vão para<br />
o fun<strong>do</strong> da caverna, onde se abrigam e desenham na pedra a<br />
Wikimedia Commons<br />
Imagine que você está a<br />
bor<strong>do</strong> de uma nave espacial<br />
e que ela vai subin<strong>do</strong>,<br />
subin<strong>do</strong>, subin<strong>do</strong>... Até<br />
que, já bem distante, surge<br />
diante de seus olhos uma<br />
visão fantástica: você vê a<br />
Terra, o nosso planeta. O<br />
que sentiria? O que diria?<br />
13
magia daqueles momentos. Pode não ter aconteci<strong>do</strong> bem assim,<br />
é verdade, mas em muitas cavernas foram encontradas pinturas<br />
rupestres representan<strong>do</strong> o nascimento <strong>do</strong> Sol e até de algumas<br />
estrelas. E elas datam, talvez, de uns 50 mil anos atrás.<br />
O tempo passou, mas o interesse <strong>do</strong>s homens em desvendar<br />
os mistérios <strong>do</strong> céu só aumentou. Da observação a olho nu,<br />
passan<strong>do</strong> pelas antigas lunetas, até chegar aos poderosos<br />
telescópios de hoje, não foram poucas as descobertas.<br />
E não foram poucos também os artistas fascina<strong>do</strong>s pelos astros,<br />
como o espanhol Joan Miró, que pintou as estrelas, o Sol, a Lua<br />
e o planeta na série intitulada Constelações.<br />
A Lua Verde, de Joan Miró<br />
Somente no século XVI, graças aos instrumentos cria<strong>do</strong>s pelo<br />
homem, aceitou-se a ideia de que a Terra e outros planetas giram<br />
em torno <strong>do</strong> Sol, que o Sol é apenas uma das bilhões de estrelas<br />
de uma galáxia que se chama Via Láctea e que a Via Láctea é só<br />
mais uma das bilhões de galáxias que formam o universo.<br />
14<br />
www.bergbook.com<br />
O Sol Vermelho, de Joan Miró<br />
www.bergbook.com<br />
Pintura rupestre<br />
A pintura rupreste é um<br />
tipo de arte feita pelos<br />
homens pré-históricos<br />
nas paredes das cavernas,<br />
usan<strong>do</strong> como tinta o<br />
carvão, rochas, o sangue<br />
de animais e extratos de<br />
plantas. Em geral, retrata<br />
cenas <strong>do</strong> cotidiano, como<br />
a caça e os rituais.<br />
Wikimedia Commons
Dessa forma, nosso endereço no cosmo bem que pode ser<br />
resumi<strong>do</strong> assim:<br />
Cidade – <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
País – Brasil<br />
Planeta – Terra<br />
Sistema – Solar<br />
Galáxia – Via Láctea<br />
O céu no <strong>Rio</strong> de Janeiro é uma beleza de se observar. Em uma<br />
noite sem nuvens, é só olhar para cima e admirar Lua, estrelas,<br />
constelações... Até planeta se pode ver. Faça isso!<br />
Noite estrelada no <strong>Rio</strong><br />
Os movimentos da Terra<br />
Quan<strong>do</strong> observamos o nascer e o pôr <strong>do</strong> Sol, podemos até<br />
pensar que ele anda de um la<strong>do</strong> para o outro. Mas é só<br />
impressão. Quem está se moven<strong>do</strong> mesmo é a Terra. Ela faz<br />
<strong>do</strong>is movimentos principais: rotação, em torno de um eixo<br />
imaginário, que dá origem ao dia e à noite; e translação, em<br />
torno <strong>do</strong> Sol, que dura um ano.<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Combine com seus colegas<br />
uma noite para to<strong>do</strong>s<br />
observarem os astros no<br />
firmamento. Depois, cada<br />
um desenha o que viu e<br />
leva para a escola.<br />
Os desenhos vão compor<br />
um lin<strong>do</strong> mural.<br />
15
A orientação no tempo e no espaço é indispensável para a<br />
nossa vida. Em uma cidade como o <strong>Rio</strong> de Janeiro, os meios de<br />
orientação estão por toda parte.<br />
Quan<strong>do</strong> você sai de casa para a escola, há vários recursos ao seu<br />
dispor guian<strong>do</strong> a caminhada: o relógio mostra se está atrasa<strong>do</strong><br />
ou não; o rádio, a TV e a internet dizem se vai chover e se há<br />
engarrafamento; o ônibus, o trem e o metrô realizam seu percurso<br />
sobre ruas, linhas, pontes e viadutos.<br />
Placas indicam os nomes das ruas e praças; sinais luminosos<br />
permitem a travessia com segurança; letreiros e símbolos<br />
informam onde estão lojas, hospitais, escritórios e... a sua escola.<br />
Placa de rua<br />
Há muitos e muitos anos, tu<strong>do</strong> era bem diferente. Naqueles<br />
tempos antigos, o céu era o mapa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. E as pessoas<br />
guiavam-se de um lugar para o outro observan<strong>do</strong> a posição das<br />
estrelas no firmamento.<br />
O tempo de <strong>do</strong>rmir e o tempo de acordar, o de plantar e o de<br />
colher, para onde ir e que caminho seguir eram decisões tomadas<br />
a partir <strong>do</strong> que o tempo determinava.<br />
16<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Você conhece a Bandeira<br />
<strong>do</strong> Brasil, não é? Na parte<br />
azul, está representa<strong>do</strong> um<br />
pedacinho da imensidão <strong>do</strong><br />
céu que fica bem sobre as<br />
terras brasileiras.<br />
Sua vez!<br />
O Cruzeiro <strong>do</strong> Sul é uma<br />
das constelações mais<br />
conhecidas por ser bem<br />
fácil identificá-la no céu.<br />
Que tal agora um desafio?<br />
Observe as estrelas na<br />
bandeira acima e tente<br />
encontrar o Cruzeiro <strong>do</strong> Sul.
Nascer <strong>do</strong> Sol<br />
Aprender a orientar-se em relação ao Sol é bem simples. Junto<br />
com seus colegas, no pátio da escola, localizem onde ele surgiu<br />
de manhã bem cedinho. Ao estenderem o braço direito para esse<br />
la<strong>do</strong>, encontrarão o leste. Estican<strong>do</strong> o outro braço, o oeste. À<br />
frente, estará o norte, e atrás, o sul. Agora, vocês podem localizar<br />
várias dependências da escola, de acor<strong>do</strong> com os pontos cardeais<br />
(norte, sul, leste, oeste).<br />
Onde fica a quadra? E a sala de leitura?<br />
Os mapas falam<br />
Mapa é um desenho, em tamanho reduzi<strong>do</strong>, de uma parte da<br />
superfície terrestre (continente, país, cidade, bairro, etc.) ou da<br />
Terra inteira.<br />
Os mapas foram auxiliares fundamentais nos deslocamentos da<br />
humanidade por terra e por mar. E ainda são. Até os aviões voam<br />
pelo céu seguin<strong>do</strong> seus mapas.<br />
Cartografia é a ciência que trata da concepção, da produção, da<br />
difusão, da utilização e <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mapas. A rosa <strong>do</strong>s ventos<br />
representa os pontos cardeais, que orientam os viajantes e os<br />
leitores de mapas.<br />
Thigruner / Wikimedia Commons<br />
Sua vez!<br />
Vista aérea <strong>do</strong> Cristo Redentor<br />
O monumento <strong>do</strong> Cristo<br />
Redentor, além de encantar<br />
a cidade, também indica<br />
os pontos cardeais. Só que<br />
de um jeito diferente: de<br />
frente, ele olha o Sol nascer<br />
(leste); nas suas costas, o Sol<br />
se põe (oeste). Seu braço<br />
direito aponta para o sul, e<br />
o esquer<strong>do</strong>, para o norte.<br />
MRE Brasil<br />
17
18<br />
Agora, veja um mapa diferente. Foi feito pelos indígenas<br />
da aldeia pataxó <strong>do</strong> município de Carmésia, centro-oeste<br />
<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Minas Gerais.<br />
Legenda:<br />
Matas<br />
Igreja e<br />
Farmácia<br />
Córregos<br />
Estradas<br />
Pastos<br />
Casas<br />
Campo de<br />
Futebol<br />
Roças<br />
Na página ao la<strong>do</strong>, você pode observar os mapas <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, e as indicações das rosas <strong>do</strong>s ventos.<br />
Ed. Global São Paulo<br />
Sua vez!<br />
Tente descobrir quais<br />
são os limites <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro, ao norte, ao sul,<br />
a leste e a oeste.<br />
Escreva, então, o que<br />
você encontrou no<br />
seu caderno.
Mapa <strong>do</strong> Brasil, com o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro em destaque.<br />
Mapa <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, com a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro em destaque.<br />
19<br />
Ilustrações de Aline Carneiro
20<br />
Sua vez!<br />
Observe o mapa ao la<strong>do</strong><br />
e liste cinco lugares <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> que chamam a sua<br />
atenção. Compare a sua<br />
listagem com a de um<br />
colega. Houve alguma<br />
coincidência na escolha?<br />
Você já brincou de mapa<br />
<strong>do</strong> tesouro? Já desenhou<br />
caminhos, pistas, símbolos<br />
que, se fossem decifra<strong>do</strong>s,<br />
ajudariam a encontrar um<br />
baú cheio de ouro e pedras<br />
preciosas, como dizem que<br />
os piratas faziam?<br />
Aline Carneiro / Roberta Motta<br />
Aqui está o mapa <strong>do</strong> município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Nele,<br />
você vai encontrar muitas informações sobre a cidade.
Editora Global<br />
22<br />
Vai lá!<br />
Museu de Astronomia e Ciências Afins<br />
Cria<strong>do</strong> em 1985, cuida da preservação e divulgação da memória<br />
científica nacional e desenvolve projetos nas áreas de História da<br />
Ciência, Museologia e Educação em Ciências.<br />
Endereço: Rua General Bruce, 586, São Cristóvão.<br />
Museu Cartográfico <strong>do</strong> Serviço Geográfico <strong>do</strong> Exército<br />
Lá estão expostos mapas, fotografias, bússolas, lunetas e outros<br />
instrumentos.<br />
Endereço: Rua Major Daemon, 81, Morro da Conceição, Centro.<br />
Livro à vista!<br />
O Menino Que Achou uma Estrela<br />
Autora: Marina Colasanti.<br />
Editora: Global, 2003.<br />
Um menino achou uma estrela cinza e<br />
apagada. Ele cui<strong>do</strong>u tão bem dela que<br />
depois a estrela iluminou a sua vida.<br />
Agora, uma pequena parada...<br />
E até o próximo capítulo.
Nas trilhas da aventura...<br />
(...)<br />
o mun<strong>do</strong> é sempre novo<br />
e a terra dança e acorda<br />
em acordes de sol<br />
Faça <strong>do</strong> seu olhar imensa caravela<br />
Receita de Olhar<br />
(Roseana Murray)<br />
Entramos no século XVI. Vamos falar <strong>do</strong> Descobrimento <strong>do</strong><br />
Brasil e da convivência entre índios e portugueses por aqui.<br />
Séculos<br />
XV<br />
Descobrimento <strong>do</strong> Brasil, de Francisco Aurélio de Figueire<strong>do</strong> e Melo<br />
XVI<br />
XVII XVIII XIX XX XXI<br />
Chegada <strong>do</strong>s portugueses<br />
Capítulo 2<br />
Museu Histórico Nacional
Pergunte ao tempo<br />
Mesmo ainda não sen<strong>do</strong> um adulto, você tem muitas coisas<br />
para lembrar. Algumas muito boas, outras nem tanto... O que<br />
aconteceu quan<strong>do</strong> era apenas um bebê ou bem criancinha é difícil<br />
de lembrar, e você só vai descobrir olhan<strong>do</strong> fotos desse tempo ou<br />
ouvin<strong>do</strong> histórias a seu respeito.<br />
E devem ser tantos os casos!<br />
A sua história vai sen<strong>do</strong> escrita, contada e vivida com base em<br />
fatos que ficaram lá atrás, nos que acontecem agora e naqueles<br />
que só o futuro vai mostrar.<br />
O que é presente agora rapidinho será passa<strong>do</strong>. O futuro? Está<br />
baten<strong>do</strong> à porta e logo, logo será o presente.<br />
O tempo é mesmo surpreendente e... não para. Como bem diz a<br />
quadrinha popular:<br />
24<br />
O tempo perguntou pro tempo<br />
Quanto tempo o tempo tem<br />
O tempo respondeu pro tempo<br />
Que o tempo tem tanto tempo<br />
Quanto tempo o tempo tem.<br />
Uma coisa é certa: to<strong>do</strong>s sentem o tempo passar. Podemos<br />
“sentir” e “ver” o tempo observan<strong>do</strong>, por exemplo:<br />
• a natureza (dia e noite, as estações <strong>do</strong> ano, a árvore que<br />
cresce, a flor que se abre, a fruta madura prontinha para ser<br />
saboreada...);<br />
Como foi o seu primeiro<br />
dia na escola, você<br />
se lembra? O que já<br />
sabia sobre essa nova<br />
experiência em sua vida?<br />
O que foi surpresa?<br />
Sua vez!<br />
Um exercício bem<br />
legal para você fazer:<br />
começan<strong>do</strong> com o ano<br />
<strong>do</strong> seu nascimento, trace<br />
uma Linha <strong>do</strong> Tempo,<br />
destacan<strong>do</strong> os fatos mais<br />
interessantes de sua vida e o<br />
ano em que eles ocorreram.
• o nosso corpo (a roupa fica pequena; o cabelo, mais longo;<br />
as unhas, mais compridas);<br />
• o que acontece ao nosso re<strong>do</strong>r (uma outra casa surge na rua,<br />
o asfalto que chega, “Tem livro novo na biblioteca!”, a festa<br />
<strong>do</strong> Ano Novo, o começo das férias...).<br />
Até nas cantigas de roda a passagem <strong>do</strong>s dias, meses, anos...<br />
está presente.<br />
A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil<br />
A linda rosa juvenil, juvenil<br />
Vivia alegre no solar, no solar, no solar<br />
Vivia alegre no solar, no solar<br />
Mas uma feiticeira má, muito má, muito má<br />
Mas a feiticeira má, muito má<br />
A<strong>do</strong>rmeceu a rosa assim, bem assim, bem assim<br />
A<strong>do</strong>rmeceu a rosa bem assim, bem assim<br />
O tempo passou a correr, a correr, a correr<br />
(...)<br />
A Linda Rosa Juvenil<br />
(Cultura popular)<br />
Esta é outra forma de perceber o tempo: quanto dura cada<br />
acontecimento? Há muitos e muitos anos, os homens inventaram<br />
um objeto chama<strong>do</strong> ampulheta.<br />
A linda rosa juvenil, série<br />
Cantigas de Roda<br />
Para conhecer to<strong>do</strong>s os<br />
desenho de Cantigas de<br />
Roda é só pedir ao(à) seu(sua)<br />
professor(a) para assistir ao<br />
MultiKit Escola, que fica na<br />
sala de leitura.<br />
Multi<strong>Rio</strong>/GEA<br />
Você já parou para pensar<br />
quanto tempo por dia fica<br />
na escola? E para chegar lá,<br />
demora muito? O recreio<br />
passa rápi<strong>do</strong> ou tem um bom<br />
tempo? Aí está uma boa<br />
discussão para a turma: O que<br />
é o tempo para cada um?<br />
25
Com ela, as pessoas podiam (e ainda podem) medir quanto<br />
tempo durava alguma atividade.<br />
Como a humanidade, em qualquer tempo e lugar, está sempre<br />
crian<strong>do</strong> coisas novas, muitos instrumentos surgiram para medir<br />
a sucessão e a duração <strong>do</strong> tempo.<br />
26<br />
Wikimedia Commons<br />
Calendário asteca Relógio solar<br />
Wikimedia Commons<br />
Relógio de mesa<br />
Caminhan<strong>do</strong> por uma rua ou pela calçada de uma das praias <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, você se “liga” no tempo, o tempo to<strong>do</strong>. Quer saber<br />
a hora? Está lá. Quer saber a temperatura? Também está lá.<br />
Roberta Motta<br />
Wikimedia Commons<br />
Sua vez!<br />
Usan<strong>do</strong> duas garrafas PET,<br />
fita adesiva e areia, a turma<br />
pode fazer uma ampulheta<br />
e medir, por exemplo, o<br />
tempo gasto na resolução<br />
de um problema, de uma<br />
cruzadinha, na produção de<br />
um texto. Também pode ser<br />
calculada a duração de um<br />
filme, um desenho anima<strong>do</strong><br />
ou uma música.<br />
Como esta que canta o<br />
tempo em um anima<strong>do</strong><br />
tique-taque.<br />
Passa, tempo, tic-tac<br />
Tic-tac, passa, hora<br />
Chega logo, tic-tac<br />
Tic-tac e vai-te embora.<br />
(...)<br />
O Relógio<br />
(Vinicius de Moraes)
Relógio digital no Leblon<br />
Relógio digital em Ipanema<br />
Todas essas invenções permitiram ao homem orientar-se no<br />
tempo, controlar o seu próprio tempo e aventurar-se, ainda mais,<br />
no mun<strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong>.<br />
Quan<strong>do</strong> você tem pouco tempo e muita coisa para fazer,<br />
uma agenda pode ajudá-lo a se organizar melhor. Veja o<br />
exemplo abaixo:<br />
Dia: 4 de abril de 2011 (segunda-feira)<br />
Horário Atividade<br />
7:15 Entrada<br />
7:20 às 7:30 Organização da agenda<br />
7:30 às 7:45 Correção <strong>do</strong> dever de casa<br />
7:45 às 9:30 Atividade no pátio: localização <strong>do</strong>s pontos cardeais<br />
9:30 às 10:00 Recreio e lanche<br />
10:00 às 11:15 Atividades em sala de aula<br />
11:15 às 11:30 Cópia <strong>do</strong> dever de casa<br />
11:30 às 11:40 Avaliação <strong>do</strong> dia<br />
11:45 Saída<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Sua vez!<br />
Carta Enigmática<br />
N +<br />
- rinho - de<br />
- p + sa<br />
- v<br />
+ h<br />
- p<br />
+ r<br />
O autor dessa frase<br />
é o poeta argentino<br />
Jorge Luis Borges.<br />
Resposta da Carta Enigmática: “Nosso passa<strong>do</strong><br />
é nossa história”.<br />
Na Ponta <strong>do</strong> Lápis. Almanaque <strong>do</strong> programa Escreven<strong>do</strong> o Futuro Itaú. Ano 1, n. 2, 2005.<br />
27
O tempero da vida<br />
A canela é conhecida desde a Antiguidade. De tão valorizada,<br />
servia para presentear reis e perfumar leitos nupciais.<br />
A caneleira é uma pequena árvore natural <strong>do</strong> Sri Lanka, e o<br />
condimento é retira<strong>do</strong> da parte interna da casca <strong>do</strong> tronco.<br />
É usada em pó ou pedaços.<br />
O chá de canela bem quentinho aquece o corpo nos dias frios.<br />
Biscoitos, bolos e outras guloseimas também são feitos com esse<br />
tempero precioso.<br />
E não é só a canela, não. Outros temperos tão comuns hoje nas<br />
cozinhas cariocas também vinham lá de longe – as especiarias.<br />
Especiarias são produtos de origem vegetal (flor, fruto, semente,<br />
casca, raiz) de aroma e sabor acentua<strong>do</strong>s, como pimenta, cravoda-índia,<br />
gengibre, noz-moscada e canela.<br />
Eram usadas para temperar e conservar alimentos e também<br />
serviam para fazer perfumes, remédios e tinturas.<br />
Além das especiarias, eram comercializa<strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s de seda e<br />
algodão, porcelanas e frutas secas. Um verdadeiro troca-troca.<br />
Mas, se hoje encontramos esses produtos sem maiores<br />
dificuldades, nem sempre foi assim. Os árabes eram,<br />
praticamente, os únicos que faziam esse transporte e cobravam<br />
muito caro pelos produtos que traziam.<br />
A pimenta era tão valiosa que era trocada por ouro. Já pensou?<br />
Veja na página ao la<strong>do</strong> o mapa com a rota das especiarias.<br />
28<br />
Especiarias<br />
Noz-moscada<br />
Cravo-da-índia<br />
Gengibre<br />
Pimenta<br />
Canela<br />
www.infoescola.com<br />
Wikimedia Commons<br />
Wikimedia Commons<br />
www.rac.com.br<br />
Wikimedia Commons
Além disso, guerras e conflitos eram comuns na região das<br />
rotas e dificultavam a passagem das merca<strong>do</strong>rias, quase que<br />
interrompen<strong>do</strong> as trocas comerciais. O que fazer então? Encontrar<br />
logo um outro rumo, uma outra saída: o mar.<br />
Mar, misterioso mar<br />
Em 1976, a escola de samba Império Serrano desfilou no carnaval<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro com o enre<strong>do</strong> Lenda das Sereias. A letra <strong>do</strong> belo<br />
samba cantou assim os segre<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mar:<br />
Mar<br />
Misterioso mar<br />
Que vem <strong>do</strong> horizonte<br />
É o berço das sereias<br />
Lendário e fascinante<br />
Olha o canto da sereia<br />
Lalaó, o que, ialoá<br />
Em noite de lua cheia<br />
Ouço a sereia cantar<br />
Lenda das Sereias<br />
(Vicente Mattos, Dinoel e<br />
Arlin<strong>do</strong> Velloso)<br />
Antonio Hauaji<br />
Como os povos antigos da<br />
Europa eram basicamente<br />
carnívoros (e não havia<br />
geladeira), a carne era<br />
conservada (não muito<br />
bem) no sal. Dizem que<br />
a pimenta utilizada para<br />
temperar apenas disfarçava<br />
o cheiro desagradável da<br />
carne deteriorada. Ou<br />
seja, o prazo de validade<br />
normalmente já estava<br />
venci<strong>do</strong>...<br />
29
Marinheiros e pesca<strong>do</strong>res contam histórias de sereias há séculos.<br />
Os seres mitológicos que viviam nas águas, metade peixe,<br />
metade mulher, atraíam os homens para o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar com seu<br />
maravilhoso canto.<br />
Na Grécia Antiga, um poeta chama<strong>do</strong> Homero criou a incrível<br />
história Odisseia, que narra a volta <strong>do</strong> herói Ulisses para casa após<br />
uma terrível guerra – a Guerra de Troia. Quan<strong>do</strong> passava com sua<br />
embarcação próximo à Ilha das Sereias, elas começaram a cantar,<br />
tentan<strong>do</strong> atraí-lo para a ilha. E, então, o que fez Ulisses? Ora,<br />
man<strong>do</strong>u que os marujos tapassem bem os próprios ouvi<strong>do</strong>s e o<br />
amarrassem fortemente ao mastro <strong>do</strong> navio.<br />
Assim, ele satisfez a sua curiosidade, ouviu o maravilhoso canto<br />
das sereias, em segurança, e prosseguiu viagem rumo ao seu lar.<br />
Os mitos fazem parte <strong>do</strong> folclore. São seres que vivem na<br />
imaginação popular. Podem ter forma de gente, de bicho ou <strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>is juntos e têm poderes sobrenaturais. Os mitos brasileiros são<br />
de origem portuguesa, africana e indígena.<br />
Mas não pense que só sereias assustavam os antigos navega<strong>do</strong>res.<br />
Terríveis monstros marinhos certamente os atacariam e seus<br />
navios poderiam ser traga<strong>do</strong>s por abismos profun<strong>do</strong>s se eles<br />
se aventurassem pelo “Mar Tenebroso” (nome que era da<strong>do</strong> ao<br />
Oceano Atlântico). É o que imaginavam. E tinham me<strong>do</strong>.<br />
Esse não foi o caso de Portugal, um pequeno país da Europa que,<br />
a partir <strong>do</strong> século XV, desafiou o perigoso oceano, em feitos e<br />
fatos históricos incríveis. Portugal saiu na frente. E não só para<br />
buscar as especiarias.<br />
Navegar era preciso.<br />
30<br />
No Brasil, uma lenda<br />
indígena conta que, no<br />
fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s rios da Amazônia,<br />
vive Iara, que atrai os jovens<br />
índios e inspira os poetas.<br />
Outros seres fantásticos<br />
também fazem parte <strong>do</strong><br />
folclore brasileiro, como o<br />
Curupira e o Saci Pererê.<br />
Quer saber mais sobre eles?<br />
É só conferir na série Juro<br />
que Vi, da Multi<strong>Rio</strong>. Peça<br />
ao(à) seu(sua) professor(a)<br />
para assistir ao MultiKit<br />
Escola, que fica na sala<br />
de leitura.
Aproveitan<strong>do</strong> bem os conhecimentos deixa<strong>do</strong>s pelos povos<br />
mais antigos, os portugueses avançaram pelo mar, utilizan<strong>do</strong><br />
instrumentos náuticos.<br />
Compasso – registra a direção da<br />
embarcação<br />
Bússola – sua agulha magnética<br />
aponta sempre para o norte<br />
http://catalogo.museogalileo.it<br />
Iguana Jo<br />
Astrolábio – equipamento de<br />
localização pela posição das estrelas<br />
Cartas náuticas – são os mapas<br />
marítimos<br />
Outras invenções, como a pólvora, o papel, as caravelas e<br />
embarcações à vela, mais rápidas de manobrar, também foram<br />
decisivas nas grandes viagens marítimas.<br />
Wikimedia Commons<br />
Wikimedia Commons<br />
Os portugueses e os<br />
espanhóis foram os povos<br />
que mais se aventuraram<br />
pelos mares, fazen<strong>do</strong> grandes<br />
descobertas e chegan<strong>do</strong> a<br />
lugares longínquos.<br />
31
Assim, os portugueses chegaram às Índias, contornan<strong>do</strong> a África,<br />
criaram novas rotas comerciais e encontraram terras ainda<br />
desconhecidas na época.<br />
Terra à vista<br />
No dia 9 de março de 1500, partiu de Lisboa, a principal cidade<br />
<strong>do</strong> reino português, uma grande esquadra de 13 navios, levan<strong>do</strong><br />
mais de mil homens: navega<strong>do</strong>res experientes e também nobres,<br />
padres, merca<strong>do</strong>res, solda<strong>do</strong>s e grumetes.<br />
Viagem de Cabral ao Brasil e a Calicute (1500)<br />
32<br />
Rota de Pedro Álvares Cabral<br />
desde Portugal à Índia em<br />
1500.<br />
Rota de regresso.<br />
CALICUTE<br />
Seu destino? A cidade de Calicute, na Índia, em busca de<br />
riquezas e da difusão da religião católica. Seu comandante?<br />
Pedro Álvares Cabral.<br />
Os portugueses viajaram e viajaram...<br />
Wikimedia Commons<br />
Série Mestre <strong>do</strong> Tempo, Multi<strong>Rio</strong><br />
Para conhecer to<strong>do</strong>s os<br />
programas da série Mestre<br />
<strong>do</strong> Tempo é só pedir ao(à)<br />
seu(sua) professor(a) para<br />
assistir ao MultiKit Escola,<br />
Cidade e Profissões, que<br />
fica na sala de leitura.<br />
Alberto Jacob Filho
Até que no dia 22 de abril de 1500, após já terem visto sinais de<br />
terra por perto – plantas boian<strong>do</strong> e aves no céu –, avistaram terra<br />
firme: um “grande monte, mui alto e re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>”, “serras mais<br />
baixas” e “terra-chã”, com grandes arvore<strong>do</strong>s.<br />
Ao monte alto o capitão deu o nome de Monte Pascoal e à terra<br />
encontrada, Terra de Vera Cruz.<br />
Nau de Cabral<br />
Da terra, homens e mulheres “par<strong>do</strong>s, maneira de avermelha<strong>do</strong>s,<br />
de bons rostos e bons narizes, benfeitos”, nus, sem roupa alguma,<br />
olhavam, espanta<strong>do</strong>s, os que chegavam em pequenas embarcações.<br />
Quem eram eles? Os primeiros habitantes da terra – o povo<br />
tupinambá –, que já estavam aqui havia milhares de anos.<br />
Academia de Ciências de Lisboa<br />
A vida nas caravelas não era<br />
nada fácil. Sujeira, ratos,<br />
baratas e <strong>do</strong>enças faziam parte<br />
<strong>do</strong> dia a dia. Comida pouca,<br />
quase sempre estragada, e<br />
água, armazenada em barris,<br />
eram intragáveis. Comiam<br />
biscoitos salga<strong>do</strong>s, carne e<br />
legumes. Até crianças viajavam<br />
pelos mares! Geralmente,<br />
eram meninos sem família que<br />
embarcavam na esperança de<br />
obter algumas riquezas. Eles<br />
trabalhavam duro a bor<strong>do</strong>.<br />
33
34<br />
Os portugueses entenderam que eram os legítimos<br />
<strong>do</strong>nos da terra (afinal, não foram eles que a<br />
encontraram?) e mandaram de volta a Portugal uma<br />
das caravelas, levan<strong>do</strong> uma longa carta dan<strong>do</strong> conta<br />
ao rei das boas-novas.<br />
Cabral seguiu viagem para as Índias com as outras<br />
embarcações. Parece que esse era mesmo o seu destino.<br />
Ou, pelo menos, um deles, pois há quem diga que<br />
os portugueses já desconfiavam de que havia terras<br />
naquele caminho e queriam conquistá-las.<br />
A carta escrita por Pero Vaz de Caminha, o escrivão<br />
da frota, é o primeiro <strong>do</strong>cumento escrito que anuncia<br />
a existência <strong>do</strong> Brasil.<br />
Carta de Pero Vaz de Caminha<br />
Museu Histórico Nacional<br />
Se você tivesse que comunicar ao rei<br />
de Portugal a chegada de Cabral às<br />
novas terras, será que escreveria uma<br />
carta tão longa quanto a de Pero<br />
Vaz de Caminha?<br />
Nos dias de hoje, poderia enviar<br />
um e-mail, postar no Twitter, no<br />
Facebook ou mandar um torpe<strong>do</strong>.<br />
Então, tente fazer isso. Escreva uma<br />
mensagem curta que conte o fato.
Sua vez!<br />
Fazer um barquinho de papel é bem fácil. Basta uma folha de papel e mãos à obra!<br />
Com os barcos feitos pela turma, que tal planejar um belo passeio? Imagine para<br />
onde vai e boa viagem!<br />
1 2 3<br />
4 5 6<br />
7 8 9<br />
10 11<br />
12<br />
Roberta Motta<br />
35
Museu Histórico Nacional<br />
Cria<strong>do</strong> em 1922 no antigo Forte de Santiago, possui um <strong>do</strong>s mais<br />
importantes acervos históricos <strong>do</strong> país, inclusive a maior coleção<br />
de moedas e medalhas da América Latina.<br />
Endereço: Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro.<br />
Museu Naval<br />
Instala<strong>do</strong> em um prédio de mais de cem anos, seu acervo é<br />
composto por maquetes de navios, obras de arte, canhões<br />
resgata<strong>do</strong>s de navios naufraga<strong>do</strong>s, figuras de proa e medalhas.<br />
Endereço: Rua Dom Manuel, 15, Praça Quinze de Novembro, Centro.<br />
Editora Manati Vai lá!<br />
36<br />
Livro à vista!<br />
Pedro, Menino Navega<strong>do</strong>r<br />
Autora: Lucia Fidalgo.<br />
Editora: Manati, <strong>Rio</strong> de Janeiro, 2000.<br />
A paixão pelo mar, o fascínio pelo<br />
desconheci<strong>do</strong> e o prazer da conquista.<br />
Esses são os desafios vivi<strong>do</strong>s, no século XVI,<br />
por Pedro Álvares Cabral, transforma<strong>do</strong> pela<br />
autora em um menino sonha<strong>do</strong>r.<br />
Mas a história não<br />
terminou ainda, não.<br />
A conquista <strong>do</strong> novo<br />
território se fez com<br />
muitas aventuras e lutas.<br />
E sabe o que mais?<br />
A história <strong>do</strong> Brasil e<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> continua sen<strong>do</strong><br />
escrita, contada e vivida<br />
por você e to<strong>do</strong>s os<br />
brasileiros e cariocas.
O <strong>Rio</strong> antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
Moro num país tropical<br />
Abençoa<strong>do</strong> por Deus<br />
E bonito por natureza<br />
(...)<br />
País Tropical<br />
(Jorge Ben Jor)<br />
Pão de Açúcar: cartão-postal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> “antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>”<br />
Neste capítulo, vamos viajar pelo século XVI e falar da<br />
exploração <strong>do</strong> pau-brasil, das expedições explora<strong>do</strong>ras e<br />
das capitanias hereditárias. Preste atenção!<br />
Séculos<br />
XV<br />
XVI<br />
Exploração <strong>do</strong> pau-brasil<br />
Capitania de São Vicente<br />
Capítulo 3<br />
XVII XVIII XIX XX XXI<br />
Alberto Jacob Filho
Que maravilha de cenário!<br />
Quarenta e quatro dias sem tomar banho, fazer a barba e lavar<br />
as roupas, comen<strong>do</strong> alimentos quase estraga<strong>do</strong>s e beben<strong>do</strong> água<br />
suja, tu<strong>do</strong> isso no meio de ratos e baratas...Você já se imaginou em<br />
uma situação dessa?<br />
Pois era mais ou menos assim que estavam os portugueses da<br />
esquadra de Cabral quan<strong>do</strong> chegaram ao litoral da Bahia, em<br />
1500. Ao pisar em terra firme, (Que surpresa!) ficaram encanta<strong>do</strong>s<br />
e curiosos com o que viram nesse primeiro contato: extensos<br />
arvore<strong>do</strong>s, água <strong>do</strong>ce farta e limpa, animais nunca vistos antes<br />
e homens e mulheres com os corpos pinta<strong>do</strong>s e enfeita<strong>do</strong>s com<br />
penas. Tu<strong>do</strong> era tão diferente!<br />
Por outro la<strong>do</strong>, podemos imaginar o que sentiram os que já<br />
habitavam a terra ao ficarem frente a frente com uma gente<br />
também tão estranha.<br />
38<br />
Roberta Motta<br />
Sua vez!<br />
Quem ficou mais<br />
espanta<strong>do</strong>: o índio ou o<br />
português? O que você<br />
acha? E a sua turma?<br />
Os indígenas brasileiros não<br />
conheciam animais como<br />
galinha, porco e vaca,<br />
comuns em Portugal.<br />
Alimentavam-se <strong>do</strong> que<br />
plantavam ou extraíam da<br />
terra (mandioca, milho,<br />
batata), da caça e da pesca.<br />
E temperavam a comida<br />
com pimenta.
Apesar da natureza exuberante e das muitas léguas de novas<br />
terras, não havia, aparentemente, nem sinal daquilo que os<br />
portugueses mais queriam encontrar: especiarias, ouro e prata –<br />
riquezas cobiçadas por to<strong>do</strong>s naquele tempo. Ah! Mas esta terra<br />
tinha algo valioso, sim. E os portugueses logo descobriram o que<br />
era: o pau-brasil.<br />
Pau-brasil<br />
O pau-brasil (Caesalpinia echinata) é uma árvore que existia<br />
em grande quantidade ao longo <strong>do</strong> litoral brasileiro –<br />
na Mata Atlântica.<br />
Dela, os indígenas extraíam um corante vermelho para tingir<br />
a pele e as penas que usavam como enfeites. Da madeira, faziam<br />
seus arcos e suas flechas.<br />
Os portugueses perceberam que podiam obter grandes lucros<br />
levan<strong>do</strong> madeira para a Europa. Lá, além <strong>do</strong> corante, a madeira<br />
ia servir para a construção de móveis e até de embarcações.<br />
Der Kolonist / Wikimedia Commons<br />
Sua vez!<br />
PORTUGUESES NA BAÍA<br />
DE GUANABARA<br />
ARARAS ENCANTAM<br />
EUROPEUS<br />
OS PRIMEIROS HABITANTES<br />
PAU-BRASIL É ENCONTRADO<br />
NA MATA<br />
Use as manchetes acima<br />
e monte a primeira página<br />
de um jornal com notícias<br />
<strong>do</strong> dia 1º de janeiro<br />
de 1502.<br />
Observe as primeiras<br />
páginas de vários jornais da<br />
atualidade. Depois, crie o<br />
seu próprio jornal.<br />
39
Atualmente, podemos encontrar árvores <strong>do</strong> pau-brasil quase que<br />
somente em parques e reservas florestais.<br />
Na Mata Atlântica, havia uma variedade grande de espécies de<br />
árvores que, agora, são raras também: jequitibá, jacarandá, cedro,<br />
jatobá, peroba, entre outras.<br />
Compare os mapas e veja o que aconteceu com a Mata Atlântica.<br />
Desconsidere a divisão territorial <strong>do</strong> primeiro mapa. É apenas<br />
para facilitar a sua localização.<br />
Mata Atlântica no início <strong>do</strong> século XVI Mata Atlântica hoje<br />
Você pode conhecer parte da Mata Atlântica bem de perto, aqui<br />
mesmo na cidade onde mora. Por exemplo, na Floresta da Tijuca,<br />
uma das maiores áreas verdes urbanas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, bem aqui, no<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro. É isso mesmo! Uma floresta dentro da cidade.<br />
Ela é chamada por muita gente de floresta artificial. Isso porque,<br />
no século XIX, por determinação <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r D. Pedro II, uma<br />
grande área foi reflorestada, onde antes existiam fazendas de café.<br />
Hoje, é uma importante espaço de lazer para cariocas e turistas.<br />
40<br />
http://mapas.sosma.org.br<br />
E que tal a vista privilegiada<br />
da cidade que se tem da<br />
Pedra da Gávea, <strong>do</strong> alto<br />
<strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> Bico<br />
<strong>do</strong> Papagaio, só para citar<br />
algumas paisagens <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>?<br />
Pedra da Gávea<br />
Corcova<strong>do</strong><br />
Bico <strong>do</strong> Papagaio<br />
Klaus with K<br />
www. parquedatijuca.com.br<br />
Ascom <strong>Rio</strong>tur
Alberto Jacob Filho<br />
Carioca, sim senhor!<br />
O <strong>Rio</strong> de Janeiro que você conhece tem de tu<strong>do</strong> um pouco,<br />
ou melhor, bastante de tu<strong>do</strong>:<br />
Difícil é acreditar que a<br />
cidade já foi muito diferente.<br />
41<br />
Fotos de Ascom <strong>Rio</strong>tur
É claro que um local assim atrai gente de to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Muitos<br />
séculos antes de chegarem aqui os primeiros navega<strong>do</strong>res<br />
portugueses, grupos indígenas já disputavam a região,<br />
guerrean<strong>do</strong> com seus rivais.<br />
<strong>Rio</strong>s, montanhas, florestas e mar – um quarteto que faz a<br />
geografia <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> inigualável.<br />
E não é só quem é “carioca da gema” que pensa assim, não. Tem<br />
gente que veio para cá e nunca mais foi embora. Virou carioca.<br />
Artistas, poetas e compositores não se cansam de demonstrar sua<br />
paixão pela cidade. Só o maestro Antonio Carlos Jobim compôs<br />
tantas músicas sobre o <strong>Rio</strong> e para o <strong>Rio</strong> que até perdemos a conta.<br />
Veja esta que ele fez em um momento de grande saudade:<br />
42<br />
Minha alma canta<br />
Vejo o <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Estou morren<strong>do</strong> de<br />
saudades<br />
<strong>Rio</strong>, seu mar<br />
Praia sem fim<br />
<strong>Rio</strong>, você foi feito pra mim<br />
Cristo Redentor<br />
Braços abertos sobre a<br />
Guanabara<br />
Este samba é só porque<br />
<strong>Rio</strong>, eu gosto de você<br />
(...)<br />
Samba <strong>do</strong> Avião<br />
(Tom Jobim)<br />
Você sabia que o <strong>Rio</strong> tem um rio que é carioca até no nome? Pois<br />
é, o <strong>Rio</strong> Carioca nasce lá na Serra <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, na Floresta da<br />
Tijuca, e vem descen<strong>do</strong> até desaguar na Baía de Guanabara. O<br />
interessante é que ele se divide em <strong>do</strong>is “braços”: um desemboca<br />
no Flamengo e o outro junto ao Outeiro da Glória.<br />
Você conhece algum<br />
carioca por a<strong>do</strong>ção? E<br />
você, é carioca? Pesquise<br />
na sua escola quantos<br />
alunos, professores e<br />
funcionários nasceram<br />
no <strong>Rio</strong> e quantos vieram<br />
de outro lugar.<br />
Sua vez!<br />
Pesquise as músicas que o<br />
compositor Tom Jobim fez<br />
em homenagem ao <strong>Rio</strong><br />
e organize com a turma<br />
uma bela exposição com a<br />
biografia dele, fotos e tu<strong>do</strong><br />
o que o maestro merece.
Esse rio tem história e participou muito da história <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
No passa<strong>do</strong>, dizia-se que era a fonte em que bebiam os habitantes<br />
e os vizinhos da cidade.<br />
O <strong>Rio</strong> Carioca, assim como outros rios, também servia como<br />
“estrada” que facilitava o ir e vir de pessoas e merca<strong>do</strong>rias, suas<br />
águas abasteciam as embarcações, e muitas povoações surgiram<br />
em suas margens.<br />
<strong>Rio</strong> Carioca<br />
Nós, hoje, quase não podemos ver os nossos rios. A maioria está<br />
canalizada e corre escondida no subsolo da cidade.<br />
E tem mais: o desmatamento em suas margens e o lançamento de<br />
esgoto e lixo na água estão poluin<strong>do</strong> os rios e causan<strong>do</strong> enchentes<br />
na época das chuvas. Que grande prejuízo para a população.<br />
Daniel Fucs<br />
Sua vez!<br />
Você e a turma podem<br />
fazer cartazes que alertem<br />
a população para cuidar<br />
melhor das nossas águas.<br />
Fixem o material na escola,<br />
no comércio e em outros<br />
espaços. Mas atenção:<br />
só após autorização <strong>do</strong><br />
responsável pelo local!<br />
Akari Oka (“casa de homem<br />
branco”) foi como os indígenas<br />
chamaram uma casa de pedra<br />
construída pelos portugueses<br />
na atual Praia <strong>do</strong> Flamengo,<br />
perto da foz <strong>do</strong> rio. Com o<br />
tempo, o termo “carioca”<br />
passou a denominar quem<br />
nasce na cidade.<br />
43
Nas águas da Guanabara<br />
Depois de falar sobre essa bela natureza <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, vamos<br />
voltar ao século XVI, à chegada <strong>do</strong>s portugueses por aqui.<br />
Nos primeiros tempos, as novas terras não despertaram<br />
grande interesse em Portugal. Depois, eles decidiram que<br />
era preciso:<br />
• garantir a posse <strong>do</strong> território;<br />
• reconhecer a sua geografia e os seus habitantes –<br />
os índios;<br />
• identificar possíveis riquezas <strong>do</strong> lugar.<br />
Então, foram organizadas as chamadas expedições<br />
explora<strong>do</strong>ras, que navegaram pela costa brasileira, tu<strong>do</strong><br />
observan<strong>do</strong> e <strong>do</strong>cumentan<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> as riquezas da terra<br />
e “batizan<strong>do</strong>” os acidentes geográficos. As notícias <strong>do</strong> que<br />
achavam iam direto para o rei de Portugal.<br />
44<br />
Mapa <strong>do</strong> Brasil<br />
Geografia é a ciência<br />
que estuda a superfície<br />
terrestre – o solo, o clima,<br />
a vegetação, os acidentes<br />
físicos e as relações entre<br />
os humanos e também<br />
o meio ambiente.<br />
A palavra “geografia”<br />
significa “descrição da Terra”.<br />
Wikimedia Commons
Foi assim que, no dia 1º de janeiro de 1502, a primeira expedição<br />
chegou à Baía de Guanabara.<br />
Hoje, nesta imagem enviada à Terra por meio de satélite,<br />
podemos ver a baía inteirinha, em toda a sua grandiosidade: a<br />
entrada da barra, entre o Pão de Açúcar e o Morro de Santa Cruz,<br />
em Niterói, e o seu interior.<br />
Baía de Guanabara<br />
Mas das embarcações que chegavam, na época, não era possível<br />
ter uma visão completa <strong>do</strong> lugar. Dizem, então, que os antigos<br />
navega<strong>do</strong>res se confundiram, achan<strong>do</strong> que estavam entran<strong>do</strong> na<br />
foz de um rio. Um caudaloso rio desaguan<strong>do</strong> no mar.<br />
E, na Baía de Guanabara, tão imensa quanto um mar, muitas<br />
embarcações portuguesas começaram a ir e vir, levan<strong>do</strong> para a<br />
Europa, além <strong>do</strong> pau-brasil, araras coloridas, papagaios e saguis.<br />
Um comércio varia<strong>do</strong> e bem lucrativo!<br />
NASA<br />
O nome da nossa<br />
cidade, “<strong>Rio</strong> de Janeiro”,<br />
pode ter vin<strong>do</strong> daí: um<br />
grande rio encontra<strong>do</strong><br />
no mês de janeiro. Isso<br />
é o que muitos afirmam.<br />
Mas certeza absoluta<br />
ninguém tem.<br />
Sua vez!<br />
Hoje é dia de troca!<br />
Combine com os colegas<br />
um troca-troca na escola<br />
de livros, gibis, CDs, DVDs,<br />
cartões-postais. Vai ser uma<br />
feirinha cultural e animada.<br />
45
Em troca de objetos de pouco valor – facas, espelhos, pentes –,<br />
os indígenas que povoavam a região trabalhavam para valer,<br />
cortan<strong>do</strong> a madeira que abastecia os navios. Era um comércio<br />
sem moeda, chama<strong>do</strong> de escambo.<br />
Extração de madeira<br />
É claro que esses produtos chamaram a atenção de outros povos<br />
europeus, principalmente os franceses, que não reconheciam<br />
Portugal como único “<strong>do</strong>no” <strong>do</strong> Brasil.<br />
Corsários (financia<strong>do</strong>s pelo rei e por comerciantes de seu país) e<br />
piratas chegavam, saqueavam, carregavam seus navios com pau-<br />
-brasil e iam vender <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Sua presença era tão assusta<strong>do</strong>ra que até hoje, só de pensar,<br />
provoca arrepios.<br />
46<br />
Livro Viagem à Terra <strong>do</strong> Brasil, de Jean de Léry<br />
A palavra “escambo” significa<br />
“troca direta de merca<strong>do</strong>rias<br />
sem interferência da moeda”.<br />
Um grito de alerta<br />
passou a apavorar os<br />
habitantes daqui:<br />
PIRATAS<br />
AO LARGO!
Para defender seus <strong>do</strong>mínios, o rei de Portugal precisava<br />
enfrentar a pirataria. E fez um plano de ocupação.<br />
• Enviar outras expedições com a missão de proteger<br />
o litoral brasileiro – as expedições guarda-costas.<br />
• Dividir a terra brasileira em faixas paralelas –<br />
as capitanias hereditárias.<br />
Mapa das capitanias hereditárias<br />
Cada capitania foi <strong>do</strong>ada a uma pessoa da confiança <strong>do</strong> rei – o<br />
<strong>do</strong>natário – que tinha a obrigação de defender e colonizar a terra<br />
com seus próprios recursos.<br />
A região <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro ficava na Capitania de São Vicente, que<br />
teve uma parte rebatizada como Capitania Real <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
www.unicamp.br<br />
“Hereditário” quer dizer<br />
“recebi<strong>do</strong> por herança”.<br />
A capitania podia ser<br />
passada para o filho<br />
<strong>do</strong> <strong>do</strong>natário, mas não<br />
podia ser vendida.<br />
Sua vez!<br />
Escreva com suas palavras<br />
um resumo das principais<br />
ideias e fatos trata<strong>do</strong>s neste<br />
capítulo.<br />
Não se esqueça de explicar<br />
por que o seu título é<br />
O <strong>Rio</strong> antes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
47
Editora Edições SM<br />
Vai lá!<br />
Museu <strong>do</strong> Índio<br />
Instituição que preserva as tradições e a cultura de cada um <strong>do</strong>s<br />
270 grupos indígenas que vivem hoje no Brasil. Sua biblioteca<br />
possui milhares de fotos, filmes, vídeos e registros sonoros.<br />
Endereço: Rua das Palmeiras, 55, Botafogo.<br />
Pão de Açúcar<br />
Um <strong>do</strong>s principais cartões-postais da cidade. Lá de cima avistam-<br />
-se o contorno da baía e as praias oceânicas. Imperdível a viagem<br />
de bondinho!<br />
Endereço: Avenida Pasteur, 520, Urca.<br />
48<br />
Livro à vista!<br />
ABC <strong>do</strong>s Povos Indígenas<br />
no Brasil<br />
Autora: Marina Kahn.<br />
Editora: Edições SM, São Paulo, 2011.<br />
Vale a pena conhecer aspectos<br />
importantes <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vida indígena<br />
revela<strong>do</strong>s no livro. E conhecer é<br />
respeitar e preservar!<br />
Lembre-se: a história<br />
ainda está só no começo.<br />
Outras aventuras virão.<br />
Não perca o próximo<br />
capítulo.
Um vai e vem de<br />
pessoas e de coisas<br />
Baía de Guanabara Vista <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong> (detalhe), de Thomas Ender<br />
Novidades à vista no século XVI: a fundação da cidade,<br />
a invasão francesa, o cultivo <strong>do</strong> açúcar, o movimento<br />
no porto e o surgimento das primeiras ruas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
Séculos<br />
XV<br />
Akademie Der Bildenden Kunste, Viena<br />
XVI<br />
Quero redescobrir<br />
Este <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Ser seu Estácio de Sá<br />
Por um dia inteiro.<br />
Ancorar caravelas<br />
Cinco séculos atrás<br />
E destas praias belas<br />
Não sair jamais.<br />
Capítulo 4<br />
Redescobrimento<br />
(Angela Leite de Souza)<br />
XVII XVIII XIX XX XXI<br />
Franceses na Baía de Guanabara<br />
Fundação da cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Engenhos de açúcar<br />
O porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro
50<br />
Pisan<strong>do</strong> em terra firme<br />
Se Vossa Alteza não socorrer rapidamente estas capitanias<br />
e a costa <strong>do</strong> Brasil, perderemos nossas vidas e nossas<br />
plantações, e Vossa Alteza perderá o país.<br />
Pero de Góis,<br />
<strong>do</strong>natário da capitania de S. Tomé, em 12 de maio de 1548.<br />
Tinham lá suas razões os <strong>do</strong>natários das capitanias que enviavam<br />
cartas e mais cartas, como essa acima, à metrópole pedin<strong>do</strong><br />
socorro para a colônia.<br />
Nem as alianças feitas com alguns grupos indígenas nem o<br />
número de colonos já existente livravam a terra brasileira de<br />
riscos e perigos. Eram muitos.<br />
Piratas e corsários franceses continuavam navegan<strong>do</strong> pela costa e<br />
carregan<strong>do</strong> o pau-brasil retira<strong>do</strong> da Mata Atlântica. Enfrentavam<br />
e atacavam as caravelas portuguesas que com eles cruzassem.<br />
A pirataria andava solta. Sem tempo a perder, era preciso agir, e<br />
bem rápi<strong>do</strong>.<br />
Foi cria<strong>do</strong>, então, pelo rei o governo-geral. O Brasil passou a ter<br />
um governa<strong>do</strong>r, responsável por to<strong>do</strong> o território, com o dever de<br />
A mensagem ao la<strong>do</strong> foi<br />
apenas uma das muitas<br />
recebidas pelo rei de<br />
Portugal, lá no longínquo<br />
século XVI.<br />
Afinal, o que estava<br />
acontecen<strong>do</strong>?<br />
Por que estavam tão<br />
aflitos os portugueses aqui<br />
no Brasil? Tinham eles<br />
boas razões.
apoiar os <strong>do</strong>natários e coordenar os esforços para enfrentar tantos<br />
problemas. Missão nada fácil:<br />
• combater os conflitos entre indígenas e os colonos portugueses;<br />
• aumentar a produção agrícola;<br />
• expulsar os franceses <strong>do</strong> litoral brasileiro;<br />
• procurar ouro e prata nas novas terras.<br />
Os três primeiros governa<strong>do</strong>res-gerais foram:<br />
1) Tomé de Souza (1549-1553)<br />
Acontecimentos:<br />
• Fundação da cidade de Salva<strong>do</strong>r, na Bahia, a sede <strong>do</strong> governo.<br />
• Instalação de engenhos de cana-de-açúcar, incentivo à criação<br />
de ga<strong>do</strong>, criação de vilas e cidades.<br />
• Vinda de padres jesuítas, chefia<strong>do</strong>s pelo padre Manuel<br />
da Nóbrega, para catequizar os indígenas.<br />
2) Duarte da Costa (1553-1558)<br />
Acontecimentos:<br />
• Fundação <strong>do</strong> colégio jesuíta na Vila de São Paulo pelo padre<br />
José de Anchieta.<br />
• Organização de entradas no sertão para procurar riquezas<br />
minerais – ouro e prata.<br />
• Invasão da Baía de Guanabara pelos franceses.<br />
Os padres jesuítas tinham<br />
a missão de converter<br />
os índios à fé católica.<br />
Muitos foram batiza<strong>do</strong>s,<br />
receberam nomes<br />
europeus e casaram-se<br />
abençoa<strong>do</strong>s pelos padres.<br />
Arariboia, o funda<strong>do</strong>r<br />
de Niterói, foi um deles.<br />
Seu nome, “cobra feroz”<br />
na língua tupi, passou<br />
a ser Martim Afonso de<br />
Souza, em homenagem<br />
ao capitão da primeira<br />
expedição explora<strong>do</strong>ra.<br />
51
3) Mem de Sá (1558-1572)<br />
Acontecimentos:<br />
• Fundação da cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
• Expulsão <strong>do</strong>s franceses da Baía de Guanabara.<br />
• Tráfico de escravos africanos para o Brasil.<br />
• Ampliação da produção de açúcar.<br />
Quan<strong>do</strong> falamos em metrópole, no começo <strong>do</strong> capítulo, sua<br />
definição era o território central <strong>do</strong>s países que possuíam terras<br />
fora <strong>do</strong> continente – as colônias. Portugal era a metrópole, e o<br />
Brasil, antes da independência, era a colônia.<br />
Atualmente, o termo “metrópole” é usa<strong>do</strong> para designar grandes<br />
cidades, como o <strong>Rio</strong> de Janeiro. Junto com as vizinhas Niterói,<br />
Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Itaboraí, entre<br />
outras, forma a Região Metropolitana.<br />
52<br />
Sua vez!<br />
Observe o mapa da Região<br />
Metropolitana <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro.<br />
Faça em seu caderno um<br />
quadro em três colunas com<br />
as seguintes indicações:<br />
1) Municípios banha<strong>do</strong>s pelas<br />
águas da Baía de Guanabara.<br />
2) Municípios que fazem<br />
limite com o <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
3) Lugares que você já visitou<br />
na região.<br />
Antonio Hauaji
Cidade Maravilhosa<br />
Viver no <strong>Rio</strong> é sonho de muita gente.<br />
Alguns chegam atraí<strong>do</strong>s pelos encantos da cidade, outros em<br />
busca de oportunidades de trabalho, e vem até quem anda atrás<br />
de aventuras...<br />
Peguei um Ita no Norte<br />
Pra vim pro <strong>Rio</strong> morar<br />
Adeus, meu pai, minha mãe<br />
Adeus, Belém <strong>do</strong> Pará<br />
(...)<br />
Peguei um Ita no Norte<br />
(Dorival Caymmi)<br />
Há também os que partem. Porque o emprego está difícil, porque<br />
não se acostumaram ao ritmo de vida nas grandes cidades e<br />
querem mesmo é “uma casa no campo <strong>do</strong> tamanho da paz”,<br />
como cantaram os compositores Zé Rodrix e Tavito.<br />
In<strong>do</strong> ou vin<strong>do</strong>, cada qual com seus motivos.<br />
Na metade <strong>do</strong> século XVI, o vai e vem era contínuo e o paubrasil<br />
era leva<strong>do</strong> daqui em grande quantidade. Os que vinham<br />
chegavam para ficar.<br />
Em 1555, <strong>do</strong>is navios cheios de franceses, chefia<strong>do</strong>s por Nicolas<br />
Durand de Villegagnon, entraram na Baía de Guanabara.<br />
Persegui<strong>do</strong>s em seu país por motivos religiosos, esses homens<br />
vieram com a intenção de fundar aqui uma colônia francesa.<br />
O nome “ita” vem <strong>do</strong>s<br />
pequenos navios que<br />
navegavam pela costa<br />
brasileira, de Manaus<br />
a Porto Alegre, e se<br />
chamavam: Itatinga,<br />
Itaimbé, Itaipé, Itagiba...<br />
53
Escola Naval e Aeroporto Santos Dumont<br />
Logo, logo eles trataram de construir um forte, chama<strong>do</strong> de<br />
Coligny, no interior da Baía de Guanabara, onde hoje está situada<br />
a Ilha de Villegagnon.<br />
Mapa da Baía de Guanabara feito pelos invasores franceses<br />
Trataram, também, de fazer amizade com os indígenas da região.<br />
Tu<strong>do</strong> para se defender <strong>do</strong>s portugueses, que não iam aceitar essa<br />
invasão sem reagir à altura.<br />
54<br />
Wikimedia Commons<br />
Wikimedia Commons<br />
Sabe onde fica a Escola<br />
Naval, bem pertinho<br />
<strong>do</strong> Aeroporto Santos<br />
Dumont, chegan<strong>do</strong> ao<br />
Centro da cidade? Pois<br />
foi ali que os franceses<br />
desembarcaram. Antes<br />
era uma ilha, hoje está<br />
ligada ao continente.
No início, os indígenas retiravam pau-brasil da mata e recebiam<br />
em troca objetos de pouco valor. Isso já sabemos. Depois, veio a<br />
necessidade de “braços fortes” para a agricultura. E indígenas<br />
foram feitos escravos, principalmente, nas plantações de cana-de-<br />
-açúcar. Além disso, suas terras estavam sen<strong>do</strong> ocupadas, e sua<br />
cultura (língua, crenças e costumes), desrespeitada.<br />
Muitas lutas aconteceram entre os europeus e os indígenas que<br />
não se submetiam. Inimigos? Muitas vezes. Alia<strong>do</strong>s? Muitas<br />
vezes também.<br />
Com a chegada <strong>do</strong>s franceses à Guanabara, algumas tribos<br />
uniram-se a eles e outras aos portugueses. Houve combates<br />
sangrentos. Cada um lutan<strong>do</strong> para defender a posse da terra<br />
que julgava ser sua.<br />
Grandes guerreiros indígenas se destacaram nessa guerra:<br />
Cunhambebe e Aimberê, alia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s franceses, e Arariboia,<br />
alia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s portugueses.<br />
Tentan<strong>do</strong> resolver de vez as disputas entre portugueses e<br />
franceses, ambos auxilia<strong>do</strong>s pelos indígenas, entrou em cena<br />
o terceiro governa<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong> Brasil – Mem de Sá.<br />
O primeiro passo foi atacar e destruir o Forte de Coligny. Sem<br />
essa proteção, os franceses se refugiaram na Ilha de Paranapuã<br />
– atual Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r. Mas os índios tamoios, alia<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s franceses, continuaram combaten<strong>do</strong> os portugueses e os<br />
tupiniquins, seus inimigos.<br />
No dia 1º de março de 1565, Estácio de Sá desembarcou em uma<br />
faixa de terra entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, na<br />
entrada da Baía de Guanabara. E nesse clima de turbulência foi<br />
fundada a cidade de São Sebastião <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Dos milhares de indígenas<br />
que habitavam o<br />
território brasileiro, hoje<br />
temos em torno de 750<br />
mil pessoas, de 250 povos<br />
diferentes, moran<strong>do</strong><br />
em to<strong>do</strong> o país. Muitos<br />
morreram em guerras,<br />
pela escravidão ou pelas<br />
chamadas “<strong>do</strong>enças <strong>do</strong>s<br />
brancos”. Mas foram<br />
muitos também os que<br />
se miscigenaram com<br />
portugueses e africanos<br />
e... Viva o povo brasileiro!<br />
55
Hoje, no local da fundação da cidade, encontram-se a Fortaleza<br />
de São João e a Escola de Educação Física <strong>do</strong> Exército.<br />
Fortaleza de São João no Morro Cara de Cão<br />
Seria ótimo poder noticiar que as batalhas terminaram, como em<br />
um passe de mágica, no dia em que a cidade foi criada. Que a paz<br />
reinou entre to<strong>do</strong>s. Mas não foi bem assim. Ainda houve muito<br />
enfrentamento até to<strong>do</strong>s os franceses serem expulsos <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro e os portugueses se declararem vitoriosos.<br />
Na última batalha, travada na base <strong>do</strong> atual Outeiro da Glória,<br />
Estácio de Sá foi atingi<strong>do</strong> por uma flecha envenenada e não<br />
resistiu ao ferimento.<br />
A lápide com os restos mortais <strong>do</strong> funda<strong>do</strong>r da cidade encontra-<br />
-se na Igreja de São Sebastião <strong>do</strong>s Frades Capuchinhos, na Tijuca.<br />
Na fachada da igreja, pode-se ver um painel de azulejo que<br />
representa a fundação da cidade. No seu interior, um <strong>do</strong>s vitrais<br />
apresenta cenas da luta entre portugueses e franceses.<br />
56<br />
Pandrcrutts<br />
Sua vez!<br />
Existe no <strong>Rio</strong> de Janeiro uma<br />
avenida que recebeu o nome<br />
<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r – Avenida<br />
Mem de Sá.<br />
Faça uma pesquisa sobre esse<br />
local e você vai descobrir<br />
muitas coisas interessantes.<br />
Consultar um mapa, a<br />
internet e fazer entrevistas<br />
vai tornar o seu trabalho<br />
mais completo e cheio de<br />
informações importantes.<br />
Sua vez!<br />
Com a sua turma, monte<br />
um jornal, em edição<br />
especial, com notícias,<br />
reportagens, entrevistas,<br />
charges, ilustrações que<br />
contem a fundação da<br />
cidade de São Sebastião<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.
Fachada da Igreja de São Sebastião <strong>do</strong>s Frades Capuchinhos<br />
Buscan<strong>do</strong> maior segurança, terreno mais seco e água de melhor<br />
qualidade, a cidade subiu o morro. Foram construídas casas de<br />
pedra e de taipa, com fossos de proteção, uma escola jesuíta e<br />
uma igreja <strong>do</strong> padroeiro.<br />
Esse morro, primeiro chama<strong>do</strong> São Januário e depois Morro <strong>do</strong><br />
Castelo, não existe mais. A Esplanada <strong>do</strong> Castelo, seu nome atual,<br />
é um local plano, repleto de ruas e altas construções.<br />
Mas se você quiser subir um pedacinho <strong>do</strong> morro e pisar nas<br />
mesmas pedras que os antigos habitantes pisaram, vá até a<br />
Ladeira da Misericórdia. São alguns metros que restaram da<br />
subida. Feche os olhos e imagine você lá longe no tempo.<br />
Ladeira da Misericórdia<br />
www.ilha<strong>do</strong>s.com<br />
Alberto Jacob Filho<br />
As casas de taipa eram<br />
feitas de barro com estacas<br />
de madeira cruzadas.<br />
Também conhecidas como<br />
casas de pau a pique,<br />
ainda são comuns no<br />
interior <strong>do</strong> Brasil.<br />
Antonio Carias Frascol<br />
57
Doce que te quero <strong>do</strong>ce<br />
Repare nessa cena: grandes extensões de terra plantada, caules<br />
e folhas compridas e verdinhas balançan<strong>do</strong> ao vento, carros<br />
de boi cantan<strong>do</strong> pelas estradas de poeira ou lama, burros e<br />
cavalos levan<strong>do</strong> pessoas e merca<strong>do</strong>rias por becos e ruelas, gente<br />
plantan<strong>do</strong>, colhen<strong>do</strong>, moven<strong>do</strong> as moendas, carregan<strong>do</strong> água,<br />
venden<strong>do</strong>, compran<strong>do</strong>...<br />
O terreno e o clima favoráveis trouxeram a cana-de-açúcar para<br />
cá – um produto muito valoriza<strong>do</strong> na Europa. E os engenhos<br />
se multiplicaram.<br />
58<br />
Engenho de Dentro<br />
Quem não saltar agora<br />
Só em Realengo.<br />
Engenho de Dentro<br />
(Jorge Ben Jor)<br />
A música fala de um bairro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro onde nos tempos<br />
coloniais havia um engenho de açúcar e que hoje é corta<strong>do</strong> pela<br />
Estrada de Ferro Central <strong>do</strong> Brasil. O autor avisa: se não descer<br />
<strong>do</strong> trem no Engenho de Dentro, a próxima parada é só em<br />
Realengo, um outro bairro da cidade. Portanto, atenção!<br />
Roberta Motta<br />
Açúcar, rapadura, mela<strong>do</strong>,<br />
garapa, paçoca... Hum!<br />
Tanta <strong>do</strong>çura só de pensar<br />
dá água na boca. Você<br />
sabe o que é garapa? É o<br />
cal<strong>do</strong> de cana extraí<strong>do</strong><br />
na moenda. Uma delícia<br />
bem geladinha e faz ótima<br />
dupla com um pastel.<br />
Outros bairros <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> também já foram<br />
engenhos: Engenho Novo,<br />
Engenho da Rainha...
Nas regiões onde estão os bairros da Tijuca, de Laranjeiras, da<br />
Gávea, da Lagoa, da Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r, de Jacarepaguá e de<br />
Santa Cruz, as lavouras de cana se expandiram, e a produção<br />
aumentou. O açúcar, que antes era privilégio de poucos, por ser<br />
muito caro, foi fican<strong>do</strong> cada vez mais popular, a<strong>do</strong>çan<strong>do</strong> o dia a<br />
dia da nossa vida.<br />
Os engenhos incluíam as plantações de cana, a casa de engenho<br />
(onde era feito o açúcar), a casa-grande (onde morava o <strong>do</strong>no com<br />
sua família) e a senzala (onde ficavam os escravos).<br />
Engenho Manual Que Faz Cal<strong>do</strong> de Cana, de Debret<br />
Mas, quanto mais aumentava o consumo <strong>do</strong> produto, mais açúcar<br />
tinha que ser fabrica<strong>do</strong> e era preciso mais gente para trabalhar<br />
nos engenhos. Os indígenas resistiam ao trabalho escravo,<br />
principalmente na lavoura, e eram protegi<strong>do</strong>s da escravidão<br />
pelos padres jesuítas. O que fazer? Onde conseguir outros<br />
trabalha<strong>do</strong>res escravos? Os portugueses foram, então, buscar<br />
na África os “braços” para as suas lavouras. Muitos africanos já<br />
Museus Castro Maya<br />
Sua vez!<br />
Nos primeiros anos, os<br />
portugueses exploraram<br />
o pau-brasil. Depois,<br />
passaram a cultivar cana<br />
e produzir açúcar.<br />
Na sua opinião, a atividade<br />
que mais contribuiu para<br />
povoar as novas terras foi a<br />
retirada <strong>do</strong> pau-brasil ou o<br />
cultivo da cana-de-açúcar?<br />
Por quê?<br />
Discuta a sua resposta com a<br />
turma, e depois produzam um<br />
texto coletivo sobre o tema.<br />
59
conheciam o trabalho com o ferro e com a criação de ga<strong>do</strong>. Os<br />
portugueses, por sua vez, os consideravam mais resistentes <strong>do</strong><br />
que os indígenas para trabalhar, como escravos, nos canaviais.<br />
Traficar negros era uma atividade muito lucrativa, e eles foram<br />
trazi<strong>do</strong>s para o <strong>Rio</strong> de Janeiro. Vinham nos porões <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s<br />
“navios negreiros”, arranca<strong>do</strong>s de suas terras, separa<strong>do</strong>s de suas<br />
famílias, sofren<strong>do</strong> fome, <strong>do</strong>r e tortura. Muitos deles morriam no<br />
caminho, antes de chegar ao seu destino. Você sabia?<br />
Navio Negreiro, de Johann Moritz Rugendas<br />
60<br />
Tesouro arqueológico encontra<strong>do</strong> no Centro da cidade<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, março de 2011<br />
Nas tribos indígenas, o<br />
trabalho de plantar e<br />
colher era uma atividade<br />
exclusivamente feminina.<br />
Você conhece, hoje,<br />
algum tipo de trabalho<br />
que só pode ser feito por<br />
mulheres? E por homens?<br />
Essa é uma boa discussão.<br />
Uma reforma na zona portuária carioca desenterra as ruínas <strong>do</strong> Valongo, um cais<br />
construí<strong>do</strong> no <strong>Rio</strong> de Janeiro, em 1758, especialmente para receber navios negreiros.<br />
Estima-se que 1 milhão de africanos desembarcou nesse porto. Os escravos eram<br />
expostos e vendi<strong>do</strong>s em lojas espalhadas pela vizinhança.<br />
Fundação Biblioteca Nacional
Merca<strong>do</strong> de Escravos da Rua <strong>do</strong> Valongo, de Debret<br />
A notícia <strong>do</strong> jornal assusta. Mas era a pura realidade. Os africanos<br />
não aceitaram passivamente a vida como escravos. Muitos se<br />
rebelavam e fugiam, abrigan<strong>do</strong>-se em quilombos, locais afasta<strong>do</strong>s<br />
onde poderiam viver em liberdade. O bairro <strong>do</strong> Leblon teve<br />
origem em um quilombo onde eram cultivadas flores diversas.<br />
A Guerra de Palmares, de Manuel Victor<br />
www.pinacoteca.org.br<br />
Livro Grandes Personagens da Nossa História / Editora Abril<br />
O Quilombo <strong>do</strong>s Palmares,<br />
localiza<strong>do</strong> na Serra da Barriga,<br />
em Alagoas, foi o maior <strong>do</strong><br />
Brasil, chegan<strong>do</strong> a ter mais de<br />
30.000 habitantes. Seu grande<br />
líder foi Zumbi <strong>do</strong>s Palmares.<br />
Depois de muitos confrontos<br />
com os portugueses, o<br />
quilombo foi destruí<strong>do</strong>, e<br />
Zumbi, morto. Virou símbolo<br />
da resistência negra contra a<br />
opressão. O dia de sua morte<br />
– 20 de novembro – passou a<br />
ser celebra<strong>do</strong> como o Dia da<br />
Consciência Negra.<br />
Valeu, Zumbi!<br />
61
No balanço das águas<br />
A cidade cresceu e desceu para os terrenos planos, espalhan<strong>do</strong>-<br />
-se por entre os morros. Surgiram as principais ruas <strong>do</strong> Centro<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> com a construção de igrejas, conventos, casas residenciais<br />
que abriam a sua frente para o comércio, fontes e chafarizes para<br />
abastecer de água a população.<br />
Na beira <strong>do</strong> cais, o comércio era intenso. Além de abrigar<br />
o Merca<strong>do</strong> de Peixe, era ali que se negociavam e escoavam<br />
produtos como açúcar, cachaça, farinha de mandioca, madeira,<br />
peixe salga<strong>do</strong> e óleo de iluminação.<br />
Porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, de Guta<br />
Também saíam pelo porto os metais preciosos. Uma verdadeira<br />
“corrida <strong>do</strong> ouro” levou para as Minas Gerais homens e<br />
mulheres; to<strong>do</strong>s atrás das novas riquezas.<br />
No início, o <strong>Rio</strong> de Janeiro sofreu com essa situação: tu<strong>do</strong><br />
aumentou de preço, e diminuiu a mão de obra, uma vez que<br />
muita gente se deslocou para a região das minas.<br />
62<br />
Fundação Biblioteca Nacional /<br />
Reprodução de Alberto Jacob Filho<br />
Os portugueses, enfim,<br />
encontraram o que mais<br />
queriam desde a sua chegada<br />
às novas terras – ouro e<br />
pedras preciosas. E a notícia<br />
da descoberta de ouro no<br />
Brasil correu o mun<strong>do</strong> e<br />
despertou cobiça.<br />
Wikimedia Commons
Mas, como a mineração se desenvolveu muito, o porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
tornou-se o principal centro por onde saíam ouro e diamantes<br />
e entravam escravos e produtos fabrica<strong>do</strong>s em outros lugares.<br />
Chegamos ao ano de 1711. Um novo corsário francês atacou o <strong>Rio</strong><br />
de Janeiro. Seu nome: René Duguay-Trouin.<br />
O ataque é conta<strong>do</strong> no romance O Nobre Sequestra<strong>do</strong>r, escrito por<br />
Antonio Torres.<br />
“Entrei sem problemas, com dezoito navios (um<br />
deles toma<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ingleses, perto das ilhas de Cabo<br />
Verde), setecentos e trinta canhões, seis morteiros<br />
e cinco mil, seiscentos e oitenta e quatro homens.<br />
(...)<br />
Com a neblina fechada, os portugueses só perceberam<br />
os nossos navios quan<strong>do</strong> já estávamos bem<br />
perto de suas fortalezas. E foi um deus nos acuda.<br />
Pelejaram durante meia hora. Mas seus fogos não<br />
conseguiram deter-nos.”<br />
Duguay-Trouin tomou a cidade como refém. Para devolvê-la aos<br />
seus habitantes, exigiu o pagamento de um resgate. O valor <strong>do</strong><br />
resgate foi alto: 610 mil cruza<strong>do</strong>s, 100 caixas de açúcar e 200 bois.<br />
Uma verdadeira fortuna na época, paga pelos cofres públicos.<br />
Foi a última vez que estrangeiros invadiram o litoral brasileiro<br />
para saquear nossas riquezas.<br />
Sua vez!<br />
Vamos fazer uma<br />
dramatização? A turma será<br />
dividida em três grupos – um<br />
para representar os escravos<br />
africanos, outro, os indígenas,<br />
e o terceiro, os portugueses.<br />
Vamos imaginar! Vocês<br />
moram no <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />
e estamos no século XVI.<br />
Criem um personagem para<br />
cada grupo e façam a sua<br />
biografia: nome, local de<br />
nascimento, onde moram,<br />
de que se alimentam, como<br />
se vestem, o tipo de trabalho<br />
que realizam.<br />
Palavras que podem ser<br />
utilizadas nesta atividade:<br />
casa-grande, mandioca,<br />
Ganga Zumba, plantação,<br />
senzala, Peri, penas,<br />
Nuno, oca, criação de<br />
ga<strong>do</strong>, comércio, botas,<br />
aldeia, milho, carne de boi,<br />
caça, pesca, fazendeiro,<br />
escravos, serviço <strong>do</strong>méstico,<br />
Iracema, Amália, Dandara.<br />
63
Editora Salamandra<br />
64<br />
Vai lá!<br />
Fortaleza de São João<br />
Possui painéis que mostram cenas da história <strong>do</strong> Brasil desde<br />
as Grandes Navegações até o reina<strong>do</strong> de D. Pedro II. Destacam,<br />
também, a história da fortaleza e sua relação com a fundação da<br />
cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Endereço: Avenida João Luis Alves, s/n., Urca.<br />
Fortaleza de Santa Cruz<br />
Localizada em Niterói, na entrada da Baía de Guanabara.<br />
Foi a primeira a ser construída, em 1555.<br />
Endereço: Estrada General Eurico Gaspar Dutra, s/n.,<br />
Jurujuba, Niterói.<br />
Livro à vista!<br />
O Amigo <strong>do</strong> Rei<br />
Autora: Ruth Rocha.<br />
Editora: Salamandra,<br />
São Paulo, 2009.<br />
No tempo da escravidão, brancos e negros<br />
não podiam ser amigos. Mathias e Ioiô<br />
eram diferentes, e um deles ainda seria rei.<br />
O livro traz uma bela surpresa.<br />
Por ora, vamos paran<strong>do</strong><br />
por aqui, mas a história<br />
não terminou. Ainda tem<br />
muito caso para contar.
Aqui neste mesmo lugar...<br />
O tempo <strong>do</strong>s vice-reis<br />
Dentro de mim<br />
correm muitos rios.<br />
De janeiro a janeiro<br />
tento encontrar<br />
o mais verdadeiro.<br />
Meus <strong>Rio</strong>s<br />
(Angela Leite de Souza)<br />
Séculos<br />
XV XVI<br />
Canalização <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Carioca<br />
Fortes, igrejas, ruas, bairros<br />
Altar <strong>do</strong> Mosteiro de São Bento<br />
Entre os séculos XVII e XVIII, muitas mudanças na cidade.<br />
Os novos bairros que surgiram. A riqueza <strong>do</strong> ouro. O <strong>Rio</strong><br />
como sede <strong>do</strong> Vice-Reina<strong>do</strong>. Vamos saber de tu<strong>do</strong> isso?<br />
XVII<br />
XVIII<br />
Capítulo 5<br />
XIX XX XXI<br />
Ciclo <strong>do</strong> ouro<br />
Sede <strong>do</strong> Vice-Reina<strong>do</strong><br />
Halley Pacheco de Oliveira
As águas vão rolar<br />
Os tempos estavam mais tranquilos nas águas da Guanabara, com<br />
os invasores estrangeiros manti<strong>do</strong>s a distância. A cidade, então, se<br />
expandiu, ocupan<strong>do</strong> as regiões baixas – as várzeas – entre quatro<br />
grandes morros: Castelo, Santo Antonio, São Bento e Conceição.<br />
Detalhe de planta <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro de 1838, de A.H. Dufour<br />
Nesse tempo, foram construí<strong>do</strong>s vários fortes, igrejas e conventos.<br />
Essas construções deram origem a alguns bairros cariocas, como:<br />
Capela N. Sa. da Penha de França (1635)<br />
Bairro: Penha<br />
66<br />
Halley Pacheco de Oliveira<br />
www.swaen.com<br />
Capela N. Sa. da Apresentação (1613)<br />
Bairro: Irajá<br />
Halley Pacheco de Oliveira<br />
Várzea ou vargem é o<br />
terreno baixo, plano e<br />
fértil às margens de um<br />
curso d’água.<br />
Na época, havia uma<br />
crendice de que existia<br />
uma espécie de água<br />
milagrosa, que corria no <strong>Rio</strong><br />
Carioca. Se ela produziu<br />
algum milagre, ninguém<br />
sabe, ninguém viu. Mas que<br />
as águas deram vida nova<br />
à população, essa sim é<br />
verdade comprovada.
Capela de São Gonçalo (1624)<br />
Bairro: Jacarepaguá<br />
Wikimedia Commons<br />
Capela N. Sa. da Conceição (1634)<br />
Bairro: Saúde (Morro da Conceição)<br />
Era preciso muita água limpa para as necessidades de tantos<br />
mora<strong>do</strong>res. Pois bem. O <strong>Rio</strong> Carioca foi canaliza<strong>do</strong> desde a sua<br />
nascente, na Floresta da Tijuca, até os chafarizes que forneciam<br />
água para a cidade.<br />
Vista da Lagoa <strong>do</strong> Boqueirão e <strong>do</strong> Aqueduto de Santa Teresa, tela de Leandro Joaquim<br />
Para transportar suas águas, foi construí<strong>do</strong> o Aqueduto Carioca,<br />
conheci<strong>do</strong> como Arcos da Lapa, um <strong>do</strong>s cartões-postais <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro mais admira<strong>do</strong>s por turistas e cariocas. O aqueduto vinha<br />
<strong>do</strong> Morro de Santa Teresa até o Largo da Carioca, e as águas <strong>do</strong> rio<br />
jorravam de um chafariz de mármore com 16 bicas de bronze.<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Museu Histórico Nacional<br />
Sua vez!<br />
A imaginação popular não<br />
tem limites. De repente, não<br />
se sabe de onde e nem por<br />
que surge um caso fantástico<br />
ou um me<strong>do</strong> não sei de que<br />
e pronto: a crendice vira<br />
verdade. Para muita gente.<br />
Quer ver? “Leite com manga<br />
faz mal”, “Banana de manhã<br />
é ouro, de tarde é prata,<br />
de noite mata”. Ou como<br />
aquela de que as águas <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> Carioca faziam milagres.<br />
E você: conhece alguma<br />
crendice? Conte para a<br />
turma, e façam juntos<br />
um Almanaque de<br />
Crenças Populares.<br />
Antonio Hauaji<br />
67
Guta / Instituto Pereira Passos-RJ<br />
Guta / Instituto Pereira Passos-RJ<br />
Guta / Instituto Pereira Passos-RJ<br />
Mais tarde, o rio chegou até à Praça XV. Na construção <strong>do</strong><br />
aqueduto (canal subterrâneo, ou à superfície, que conduz a água<br />
de um lugar para outro), foram utilizadas pedra e cal e a mão de<br />
obra de escravos indígenas e africanos.<br />
Aqui está o Largo da Lapa em três momentos diferentes. Como<br />
a paisagem mu<strong>do</strong>u!<br />
68<br />
Ano: 1758<br />
Ano: 1840<br />
Ano: 1991<br />
Os aquedutos são obras de<br />
engenharia muito antigas.<br />
Nós estamos no século XXI.<br />
Pois no século I, há mais de<br />
2.000 anos, a cidade de Roma<br />
já possuía 11 aquedutos.<br />
Sua vez!<br />
Observe ao la<strong>do</strong>, na<br />
gravura mais recente, as<br />
mudanças que ocorreram<br />
em relação à de 1758. O<br />
que há na gravura mais<br />
antiga e que não existe na<br />
paisagem de 1991?
A partir de 1896, o aqueduto passou a ser um viaduto para bondes<br />
que transportam pessoas <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> até os altos <strong>do</strong> bairro<br />
de Santa Teresa.<br />
Aqueduto da Carioca Transforma<strong>do</strong> em Viaduto para Bondes, de Marc Ferrez<br />
Mil e uma histórias<br />
Em volta <strong>do</strong>s chafarizes, a movimentação era grande: escravos<br />
lavavam roupas, carregavam água, vendiam <strong>do</strong>ces e bolos para<br />
os que passavam ou descansavam no lugar.<br />
Uma Tarde na Praça <strong>do</strong> Palácio (detalhe), de Debret<br />
Museus Castro Maya<br />
Wikimedia Commons<br />
Sua vez!<br />
O chafariz era um ponto<br />
de encontro. Na sua<br />
escola, existe um ponto<br />
de encontro? E onde você<br />
mora? Faça com a turma uma<br />
listagem <strong>do</strong>s locais onde as<br />
pessoas se reúnem para se<br />
distrair, encontrar-se com os<br />
conheci<strong>do</strong>s, conversar...<br />
Sua vez!<br />
As águas da Baía de<br />
Guanabara recebiam tonéis<br />
repletos de to<strong>do</strong> lixo<br />
<strong>do</strong>méstico. Era o começo<br />
da poluição que suja e<br />
contamina rios, mares e<br />
lagoas em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />
Um bom tema para você<br />
refletir e conversar com os<br />
seus colegas de turma.<br />
69
O mais famoso deles é o Chafariz da Pirâmide, obra <strong>do</strong> escultor<br />
Valentim da Fonseca Silva, o Mestre Valentim. Fica na Praça XV,<br />
pertinho de quem chega ou sai <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> pelas barcas. Quan<strong>do</strong> foi<br />
construí<strong>do</strong>, ficava no cais à beira-mar. Veja como ele aparece no<br />
quadro de Jean-Baptiste Debret, pinta<strong>do</strong> em 1834, e hoje.<br />
Largo <strong>do</strong> Paço (detalhe), de Debret<br />
Griô antigo<br />
70<br />
Wikimedia Commons<br />
Em torno <strong>do</strong>s chafarizes, contavam-se muitas histórias. E, por falar<br />
em histórias, você sabe o que é um griô? Conta<strong>do</strong>res de histórias<br />
africanos, eles são, desde tempos muito antigos, verdadeiras<br />
bibliotecas vivas, encarrega<strong>do</strong>s de contar as tradições, glórias e<br />
lutas de seu povo para as gerações mais novas.<br />
Wikimedia Commons<br />
Chafariz da Pirâmide<br />
Griô atual<br />
Halley Pacheco de Oliveira<br />
Wikimedia Commons<br />
Jean-Baptiste Debret,<br />
pintor francês, viveu no<br />
Brasil de 1816 a 1831.<br />
Publicou o livro Viagem<br />
Pitoresca e Histórica ao<br />
Brasil, com centenas de<br />
telas e gravuras sobre como<br />
se vestia, trabalhava e se<br />
divertia gente rica e pobre,<br />
livres e escravos. Como as<br />
obras que você pode ver na<br />
página ao la<strong>do</strong>.<br />
Debret foi um verdadeiro<br />
pintor de história. Ele<br />
veio junto com outros<br />
pintores, arquitetos e<br />
escultores na chamada<br />
Missão Francesa, que<br />
embelezou e “afrancesou”<br />
o <strong>Rio</strong> de Janeiro.
No Brasil, negras velhas que andavam de engenho em engenho<br />
de açúcar contan<strong>do</strong> histórias às outras negras mais jovens, amas<br />
<strong>do</strong>s meninos brancos, eram chamadas de akpalô (faze<strong>do</strong>r de<br />
conto). Nesse vai e vem, preservavam histórias e memórias.<br />
Na época, mais da metade da população <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro era<br />
de negros escraviza<strong>do</strong>s. Nos engenhos, faziam os serviços mais<br />
pesa<strong>do</strong>s, sentin<strong>do</strong> na pele os castigos em caso de desobediência.<br />
Na cidade, estavam por toda parte: retiravam o lixo <strong>do</strong>méstico,<br />
trabalhavam no interior das casas e vendiam produtos nas ruas.<br />
Vende<strong>do</strong>r de Flores na Igreja, de Debret<br />
Vende<strong>do</strong>res de Capim e Leite, de Debret<br />
Museus Castro Maya<br />
www.pinacoteca.org.br<br />
Negra Tatuada Venden<strong>do</strong> Cajus, de Debret<br />
Vende<strong>do</strong>res de Milho (detalhe), de Debret<br />
Museus Castro Maya<br />
www.pinacoteca.org.br<br />
Sua vez!<br />
“Todas as pessoas nascem<br />
livres e iguais em dignidade<br />
e direitos.”<br />
Esse é o artigo 1º da<br />
Declaração Universal<br />
<strong>do</strong>s Direitos Humanos,<br />
estabelecida pela<br />
Organização das Nações<br />
Unidas (ONU), em 1948.<br />
Usan<strong>do</strong> as palavras<br />
liberdade, direitos e<br />
dignidade, escreva um texto<br />
sobre a vida <strong>do</strong>s escravos.<br />
71
Os escravos eram trata<strong>do</strong>s como merca<strong>do</strong>ria que se compra e que<br />
se vende. Observe os anúncios abaixo:<br />
Anúncios antigos de venda de escravo<br />
Você já deve ter visto muitas rodas de capoeira, não é? Talvez<br />
faça parte de um grupo, quem sabe até já não é um mestre,<br />
conhece<strong>do</strong>r da arte e habili<strong>do</strong>so na ginga?<br />
Capoeira, de Johann Moritz Rugendas<br />
72<br />
Jornal <strong>do</strong> Commercio, 1854<br />
Vende-se na prisão <strong>do</strong><br />
Calabouço, hum moleque<br />
de 14 anos, oficial<br />
alfaiate, bonita figura,<br />
não tem moléstias nem<br />
vícios, e só vende-se por<br />
não querer servir a seu Sr.<br />
Jornal <strong>do</strong> Commercio<br />
12 de fevereiro de 1833<br />
Fundação Biblioteca Nacional<br />
Sua vez!<br />
Muitos mestres de capoeira<br />
<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> fizeram história,<br />
como Mestre Pastinha,<br />
Camafeu de Oxóssi, Besouro<br />
Mangangá e Rosa Palmeirão.<br />
Você conhece algum mestre<br />
de hoje? Que ginga, faz<br />
acrobacia no ar e no chão,<br />
toca berimbau e ainda cria<br />
música de improviso? Qual<br />
o nome dele? A sua turma<br />
pode convidá-lo para uma<br />
bela apresentação na escola e<br />
aprender muito com ele.<br />
A imagem ao la<strong>do</strong> é de<br />
Rugendas, um pintor alemão<br />
que viajou pelo Brasil entre<br />
1822 e 1825, pintan<strong>do</strong> os<br />
povos e costumes daqui.
Afinal, o que é a capoeira? Uma luta? Uma dança? Um jogo? Ou<br />
tu<strong>do</strong> isso junto? No início, a capoeira foi uma luta disfarçada em<br />
dança e folgue<strong>do</strong>.<br />
Era jogan<strong>do</strong> que os negros escravos treinavam chutes, rasteiras,<br />
joelhadas e cabeçadas para resistir às violências praticadas pelos<br />
feitores e capitães <strong>do</strong> mato.<br />
Era uma luta pela liberdade. E logo foi proibida. Para não serem<br />
puni<strong>do</strong>s com pena de até cem açoites, os escravos passaram a<br />
praticar a capoeira escondi<strong>do</strong>s, e não nas ruas, em portas de<br />
tabernas e pátios, como antes.<br />
<strong>Rio</strong>, capital da colônia<br />
Paço Imperial, 1795, em tela de Franz Josef Frühbeck<br />
Você já sentiu o coração bater “Tum! Tum! Tum!” dentro <strong>do</strong> peito,<br />
parecen<strong>do</strong> querer saltar para fora? Teria si<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> sentiu<br />
um grande me<strong>do</strong>? Ou quan<strong>do</strong> o craque <strong>do</strong> seu time fez aquele<br />
golaço? Ou será que foi quan<strong>do</strong> a sua escola de samba já entrou<br />
vitoriosa na Marquês de Sapucaí?<br />
Wikimedia Commons<br />
Hoje, a capoeira é<br />
Patrimônio Cultural<br />
Brasileiro, dançada, cantada<br />
e jogada em praças, clubes,<br />
escolas, em qualquer lugar.<br />
73
O coração avisa logo, e há muitas maneiras de expressar a emoção.<br />
E o “coração” <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, onde começou a “bater”?<br />
Talvez você more em bairros mais distantes e não conheça ainda o<br />
Centro da cidade. É possível que sua casa fique perto, mas que você<br />
nunca tenha repara<strong>do</strong>, com atenção, nesse lugar. Hoje, o Centro <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> é muito movimenta<strong>do</strong>, com bancos, escritórios e comércio.<br />
Vista aérea <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
No meio de tantos prédios modernos, ainda encontramos<br />
muitos vestígios <strong>do</strong> que foi o <strong>Rio</strong> antigo. E vale a pena conhecer!<br />
Podemos começar pelos templos e conventos, que são muitos,<br />
bem mais <strong>do</strong> que os palácios: Igreja de Nossa Senhora <strong>do</strong> Monte<br />
<strong>do</strong> Carmo e de Santa Cruz <strong>do</strong>s Militares (as duas na Rua Primeiro<br />
de Março), Igreja de Santa Luzia, de São Francisco de Paula, de<br />
Santa Rita de Cássia, Mosteiro de São Bento, Igreja de Nossa<br />
Senhora da Candelária, da Glória <strong>do</strong> Outeiro e muitas outras,<br />
todas localizadas no Centro da cidade.<br />
74<br />
Rodrigo Sol<strong>do</strong>n / Wikimedia Commons<br />
Sua vez!<br />
E os lugares, também têm<br />
um “coração”?<br />
Onde fica o “coração” da<br />
sua escola? Converse com<br />
seus colegas sobre a sua<br />
escolha. Por que esse lugar foi<br />
escolhi<strong>do</strong> por você?<br />
Antigamente, as<br />
construções não tinham<br />
numeração. O endereço<br />
era conheci<strong>do</strong> pelo<br />
nome <strong>do</strong> proprietário,<br />
pela localização ou pelo<br />
comércio pratica<strong>do</strong>:<br />
“canto <strong>do</strong> Manoel da<br />
Lagarta”, “canto <strong>do</strong><br />
Tabaqueiro”, “defronte das<br />
bancas de Peixe”. Onde<br />
você mora ainda existem<br />
endereços assim?
Mosteiro de São Bento<br />
Igreja de São Francisco de Paula<br />
www.osb.org.br<br />
Patrícia Figueira / Wikimedia Commons<br />
Igreja da N. Sa. da Candelária<br />
Igreja da N. Sa. da Glória <strong>do</strong> Outeiro<br />
O visitante certamente vai se surpreender com a decoração de<br />
altares, sacrários e oratórios. É puro ouro! Ouro que vinha das<br />
Minas Gerais e passava pelo <strong>Rio</strong> rumo a Portugal. E foi o ouro<br />
que fez da cidade de São Sebastião <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro a sede <strong>do</strong><br />
Vice-Reina<strong>do</strong>, no ano de 1763. A capital da colônia.<br />
Fulviusbsas / Wikimedia Commons<br />
http://outeirodagloria.org.br<br />
Sua vez!<br />
Faça com a turma uma<br />
maquete <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro no tempo<br />
<strong>do</strong>s vice-reis: ruas, igrejas,<br />
chafarizes, os Arcos, o<br />
Largo <strong>do</strong> Paço e gente<br />
também. Use papelão,<br />
caixas, argila, tinta, palitos.<br />
Recicle, reaproveite,<br />
reutilize materiais.<br />
75
O <strong>Rio</strong> adquiriu nova importância aos olhos da metrópole. Cresceu<br />
e ganhou ares de cidade. Rua Larga (atual Uruguaiana), Rua<br />
Direita (atual Primeiro de Março), Rua <strong>do</strong> Lavradio, <strong>do</strong> Rezende,<br />
<strong>do</strong>s Inváli<strong>do</strong>s... Ainda sem calçamento, vias eram abertas ou<br />
alinhadas. E chegou a iluminação pública com óleo de baleia.<br />
Passean<strong>do</strong> pelo Centro histórico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, não deixe de conhecer o<br />
Paço Imperial. Localiza<strong>do</strong> na atual Praça XV, é considera<strong>do</strong> o mais<br />
importante edifício colonial <strong>do</strong> Brasil.<br />
Alguns <strong>do</strong>s acontecimentos políticos e sociais mais importantes<br />
da nossa história aconteceram em seus salões, suas varandas e em<br />
frente ao prédio:<br />
Aclamação de D. João VI, de Debret<br />
Parada no Largo <strong>do</strong> Paço por Ocasião<br />
<strong>do</strong> Casamento da Princesa Isabel com<br />
o Conde d’Eu, de Arsênio da Silva<br />
76<br />
Museus Castro Maya<br />
Fundação Biblioteca Nacional<br />
Aclamação de D. Pedro II, de Debret<br />
Povo Diante <strong>do</strong> Paço Após a Assinatura<br />
da Lei Áurea, de Luiz Ferreira<br />
Fundação Biblioteca Nacional<br />
Wikimedia Commons<br />
O Paço hoje é um centro<br />
cultural aberto à visitação<br />
onde ocorrem mostras<br />
de pintura, escultura,<br />
fotografia, cinema, música.<br />
Possui biblioteca, livraria,<br />
restaurante, etc. Vale a<br />
pena visitar e voltar.<br />
João Carlos Caribé
Já foi residência <strong>do</strong>s governantes no tempo das capitanias, Casa<br />
da Moeda (onde o ouro das Minas Gerais era transforma<strong>do</strong> em<br />
barras), Armazém Real e local onde as decisões políticas eram<br />
tomadas no tempo <strong>do</strong>s vice-reis, de D. João VI e <strong>do</strong>s impera<strong>do</strong>res,<br />
D. Pedro I e D. Pedro II.<br />
Modas e modismos<br />
Agora, vamos falar sobre o cotidiano das pessoas nas ruas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
antigo. O entra e sai nas igrejas era constante. Ninguém ia à rua<br />
sem entrar em um templo para rezar, pedir benção ou até mesmo<br />
pagar uma promessa.<br />
Os homens portugueses eram os <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> comércio existente na<br />
cidade. As mulheres cuidavam <strong>do</strong>s afazeres <strong>do</strong>mésticos, dentro de<br />
casa. Apenas no final <strong>do</strong> século XVIII, elas começaram a aparecer<br />
em público, sempre protegidas pelas rendas que cobriam a cabeça<br />
e pelas cortinas da liteira. Desacompanhadas, jamais!<br />
Um Funcionário a Passeio com sua<br />
Família, de Debret<br />
www.pinacoteca.org.br<br />
Carruagem e Liteira, de Henry<br />
Chamberlain<br />
Mendigos, aleija<strong>do</strong>s, crianças aban<strong>do</strong>nadas podiam ser<br />
encontra<strong>do</strong>s nos caminhos e becos à espera da caridade alheia.<br />
Quan<strong>do</strong> a noite chegava, to<strong>do</strong>s corriam para dentro das casas,<br />
tentan<strong>do</strong> se proteger <strong>do</strong>s perigos trazi<strong>do</strong>s pela escuridão.<br />
Biblioteca Guita e José Mindlin<br />
Sua vez!<br />
Como é o seu dia a dia? Ir<br />
à escola, jogar “pelada” no<br />
campinho ou clube, ver<br />
TV, brincar na pracinha,<br />
ajudar em casa... Faça uma<br />
pesquisa com seus colegas<br />
de turma e descubra outras<br />
coisas que eles fazem, quais<br />
são as preferidas e as de<br />
que não gostam.<br />
77
As festas levavam muita gente para as ruas. Conheça algumas delas:<br />
Cavalhadas – celebração de origem portuguesa que representa<br />
as batalhas entre mouros e cristãos. Os personagens são os<br />
cavaleiros vesti<strong>do</strong>s de azul (cristãos) e de vermelho (mouros),<br />
arma<strong>do</strong>s de lanças e espadas. Rei, general, príncipes, princesas,<br />
embaixa<strong>do</strong>res e lacaios fazem parte da encenação.<br />
Cavalhadas<br />
Congada<br />
78<br />
Mauro Cruz<br />
Marcelo Takeo<br />
Cavalhadas<br />
Congada – festejo popular de origem afro-brasileira que mistura<br />
elementos religiosos católicos e africanos. Uma procissão animada<br />
por danças, cantos e música desfila pelas ruas e acaba sempre em<br />
uma igreja onde são coroa<strong>do</strong>s o Rei Congo e a Rainha Ginga.<br />
Congada<br />
Gomes1963<br />
Luciano Osorio<br />
Os mouros <strong>do</strong>minaram a<br />
Península Ibérica (Portugal<br />
e Espanha) por muitos anos.<br />
Daí terem surgi<strong>do</strong> histórias<br />
em que eles aparecem como<br />
personagens. Você conhece<br />
a história da “Moura torta”?<br />
O(a) seu(sua) professor(a)<br />
pode contar.<br />
As cavalhadas e a congada<br />
são espetáculos que ainda<br />
podem ser vistos em<br />
muitos lugares <strong>do</strong> Brasil,<br />
em épocas especiais.
O povo se vestia com elegância para participar das festas.<br />
Homens e mulheres copiavam a moda que vinha de Lisboa nas<br />
embarcações: bengalas, coletes, gravatinhas de renda, perfumes,<br />
perucas feitas de cabelos humanos, seda ou crina de animal eram<br />
o “luxo da época”.<br />
Como os navios levavam tempo viajan<strong>do</strong>, com certeza, roupas<br />
e enfeites já não eram mais a “última moda” na Europa quan<strong>do</strong><br />
chegavam aqui.<br />
Trajes de mulheres e homens <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro no século XVIII<br />
Nos nossos dias, tu<strong>do</strong> é bem diferente. Jornais, revistas, televisão<br />
e internet são rápi<strong>do</strong>s em nos contar e mostrar o que se passa no<br />
mun<strong>do</strong>, não é?<br />
O nosso <strong>Rio</strong> de Janeiro se transformou, foi fican<strong>do</strong> cada vez mais<br />
importante. Conquistou, para sempre, o lugar de “coração <strong>do</strong><br />
Brasil”, como está decreta<strong>do</strong> no hino Cidade Maravilhosa.<br />
Livro História Ilustrada <strong>do</strong> Vestuário 2009 / Cia. <strong>do</strong>s Livros<br />
Sua vez!<br />
Recorte bonecos de papel<br />
grosso e vista-os de acor<strong>do</strong><br />
com a época. Use teci<strong>do</strong>s,<br />
papéis, lãs, fitas e o que<br />
mais tiver.<br />
Tempo <strong>do</strong>s vice-reis<br />
Homem Mulher<br />
Tempo atual<br />
Homem Mulher<br />
O mural da sala vai<br />
ficar lin<strong>do</strong>!<br />
79
Editora Global<br />
80<br />
Vai lá!<br />
Paço Imperial<br />
A origem <strong>do</strong> prédio data de 1699, quan<strong>do</strong> foi construída a Casa<br />
da Moeda. Passou por muitas transformações arquitetônicas e foi<br />
palco de muitos acontecimentos importantes de nossa história.<br />
Endereço: Praça Quinze de Novembro, 48, Centro.<br />
Arcos da Lapa<br />
Construí<strong>do</strong> para trazer as águas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Carioca que abasteceriam<br />
os chafarizes <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> antigo, depois passou a servir de viaduto<br />
para os bondes de Santa Teresa. Imperdível!<br />
Endereço: Largo da Lapa, s/n., Lapa.<br />
Livro à vista!<br />
Gosto de África<br />
Autor: Joel Rufino <strong>do</strong>s Santos.<br />
Editora: Global, <strong>Rio</strong> de Janeiro, 2005.<br />
Conta histórias, lendas e mitos daqui e<br />
da África. Personagens da História <strong>do</strong><br />
Brasil no tempo da escravidão ajudam a<br />
compreender melhor nossa cultura.<br />
No próximo capítulo,<br />
tem mais História e<br />
histórias também.
<strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />
capital <strong>do</strong> Reino<br />
A gente passa, a gente olha, a gente para<br />
E se extasia.<br />
Que aconteceu com esta cidade<br />
Da noite para o dia?<br />
<strong>Rio</strong> em Flor de Janeiro<br />
(Carlos Drummond de Andrade)<br />
Bem-vin<strong>do</strong>s ao século XIX. A família real chegou ao<br />
<strong>Rio</strong> e transformou a nossa cidade. De capital <strong>do</strong> Reino<br />
Uni<strong>do</strong> a capital <strong>do</strong> Império, muitas histórias para contar.<br />
Séculos<br />
XV XVI XVII<br />
XIX<br />
Capítulo 6<br />
Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia, de Portinari<br />
XVIII XX XXI<br />
Wikimedia Commons<br />
Chegada da família real<br />
Obras, comércio, indústria<br />
Capital <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong><br />
Capital <strong>do</strong> Império
Partir ou ficar?<br />
82<br />
Era uma vez um rei.<br />
Morava em um castelo, no<br />
alto de uma montanha, e<br />
tinha tu<strong>do</strong>: tesouros, terras,<br />
cidades, solda<strong>do</strong>s, escravos<br />
e navios. Apesar de ser<br />
muito poderoso, vivia<br />
infeliz. Um dia...<br />
Esse é o começo de um conto de fadas, inventa<strong>do</strong> para encantar as<br />
crianças. Mas não é esse tipo de história que vamos contar, mas a<br />
de um rei de verdade, de carne e osso, coroa, manto e trono, como<br />
manda o figurino. Vamos aos fatos!<br />
Nas ruas e nas tabernas, no interior das casas e até <strong>do</strong> palácio real,<br />
lá em Lisboa, a apreensão era grande. À boca pequena, só se ouvia,<br />
aqui e ali, “Como vai ser?”, “O que será de nós?”, “É melhor<br />
resistir ou ceder logo?”. A população estava atônita.<br />
Era um tempo de guerra. Solda<strong>do</strong>s franceses, sob as ordens de<br />
Napoleão Bonaparte, ameaçavam invadir Portugal. Na verdade, já<br />
vinham bem perto, “nos calcanhares”, como se diz popularmente.<br />
Foi quan<strong>do</strong> o príncipe regente, D. João, aconselha<strong>do</strong> por seus<br />
ministros e auxiliares, tomou uma decisão nunca vista nem<br />
acontecida antes: transferir a corte para a colônia.<br />
Fernan<strong>do</strong> Maia / Ascom <strong>Rio</strong>tur<br />
O povo brasileiro é<br />
mestre em transformar<br />
seus í<strong>do</strong>los em “reis”. Rei<br />
<strong>do</strong> futebol, rei <strong>do</strong> baião,<br />
disso e daquilo reinam<br />
absolutos no coração de<br />
seus fãs. Sem falar na figura<br />
<strong>do</strong> Rei Momo, que, to<strong>do</strong><br />
ano, durante o carnaval,<br />
comanda a folia, receben<strong>do</strong><br />
a “chave” da cidade das<br />
mãos <strong>do</strong> prefeito.
E assim partiram, às pressas, rumo ao Brasil, ao <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Família real, nobres, padres, ministros, funcionários, emprega<strong>do</strong>s,<br />
mais as mulheres, os filhos... gente que não acabava mais.<br />
Embarque de D. João, Príncipe Regente de Portugal, para o Brasil, de Nicolas Louis<br />
Albert Delerive (reprodução de Francesco Bartolozzi)<br />
Lotadas, as embarcações, protegidas por navios ingleses alia<strong>do</strong>s<br />
de Portugal, viajaram por <strong>do</strong>is meses.<br />
Foram muitas as dificuldades: água e alimentos raciona<strong>do</strong>s,<br />
pouca higiene, quase nenhum espaço para tantas pessoas; até um<br />
surto de piolho obrigou as mulheres a raspar a cabeça.<br />
Que viagem! Principalmente para quem nunca saíra <strong>do</strong>s palácios<br />
nem enfrentara tantos incômo<strong>do</strong>s e desconforto.<br />
A tristeza de deixar a terra natal e a insegurança diante <strong>do</strong><br />
desconheci<strong>do</strong> eram imensas. O que esperar da nova vida em um<br />
lugar estranho? Como se sentia cada um <strong>do</strong>s viajantes?<br />
Museu Nacional <strong>do</strong>s Coches, Lisboa<br />
O príncipe D. João<br />
governava como regente<br />
porque sua mãe, a rainha<br />
D. Maria, estava <strong>do</strong>ente,<br />
perdera a saúde mental.<br />
Ela ficou na História como<br />
D. Maria I, a Louca.<br />
Imagine o que foi<br />
embarcar móveis,<br />
<strong>do</strong>cumentos, pratarias,<br />
joias, roupas, água,<br />
alimentos, animais e tu<strong>do</strong><br />
o que fosse necessário<br />
para instalar o governo<br />
tão longe de Portugal.<br />
83
É provável que cada um que partiu e cada um que ficou<br />
compartilhassem os mesmos sentimentos: desamparo, dúvida,<br />
desespero por ficar e desespero por seguir. Alguma esperança?<br />
Com certeza, também havia, sim.<br />
Um rei no <strong>Rio</strong><br />
Você conhece o trava-língua Ninho de Mafagafos?<br />
84<br />
Num ninho de mafagafos<br />
tinha sete mafagafinhos<br />
Também tinha magafaças,<br />
maçagafas, maçafinhos,<br />
mafafagos, magaçafas,<br />
maçafagas, magafinhos.<br />
Isso além <strong>do</strong>s magafafos<br />
e <strong>do</strong>s magafagafinhos.<br />
(Cultura popular)<br />
Um verdadeiro “ninho de mafagafos”! Assim podemos imaginar<br />
a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro quan<strong>do</strong> aqui desembarcaram, de uma<br />
só vez, em torno de 15 mil pessoas que se juntaram aos cerca de<br />
50 mil mora<strong>do</strong>res já existentes.<br />
Só para você ter uma ideia, 50 mil pessoas pouco mais da metade<br />
<strong>do</strong> público que cabe no Maracanã. Hoje, só o bairro da Tijuca<br />
conta com, aproximadamente, 160 mil mora<strong>do</strong>res. De 1808 para<br />
cá, muita coisa mu<strong>do</strong>u. O <strong>Rio</strong> cresceu e apareceu.<br />
Sua vez!<br />
Ficar em Portugal e<br />
submeter-se aos franceses?<br />
Ou partir para o Brasil e<br />
manter a coroa?<br />
Está aí um bom debate.<br />
Primeiro, a turma vai se<br />
posicionar votan<strong>do</strong> contra<br />
ou a favor da decisão<br />
tomada. Depois, os alunos,<br />
dividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is grupos<br />
de acor<strong>do</strong> com a votação,<br />
apresentarão para a turma<br />
argumentos que justifiquem<br />
seu ponto de vista.<br />
Trava-língua é uma<br />
brincadeira que faz parte<br />
<strong>do</strong> nosso folclore. O<br />
desafio é repetir palavras<br />
de difícil articulação,<br />
depressa e sem errar.<br />
Tente com seus amigos,<br />
é bem diverti<strong>do</strong>.
O <strong>Rio</strong> era pequeno em 1808, ano da chegada da Corte portuguesa:<br />
umas poucas ruas, becos, travessas, largos, e era tu<strong>do</strong>. Também<br />
segun<strong>do</strong> notícias da época, era suja e malcheirosa.<br />
Mapa da cidade antes de 1808<br />
Logo, logo, a ordem dada foi: para os novos mora<strong>do</strong>res, tu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
bom e <strong>do</strong> melhor! O vice-rei foi o primeiro: cedeu o Paço para o<br />
príncipe regente. Autoridades locais encarregadas de acomodar<br />
os que chegavam escolhiam uma casa e marcavam a porta com as<br />
letras P.R., que significavam Príncipe Regente.<br />
O povo, porém, já mostran<strong>do</strong> o bom humor carioca, dizia que P.R.<br />
era mesmo um “Ponha-se na Rua”.<br />
Roberta Motta<br />
João Massé / Serviço de Documentação da Marinha<br />
Sua vez!<br />
A charge é um tipo de<br />
ilustração, com ou sem<br />
texto, muito usada para<br />
denunciar acontecimentos,<br />
situações e atitudes de forma<br />
zombeteira e debochada.<br />
Veja esta <strong>do</strong> caricaturista,<br />
ilustra<strong>do</strong>r e pintor Ângelo<br />
Agostini: o impera<strong>do</strong>r D.<br />
Pedro II sen<strong>do</strong> derruba<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
trono por um republicano.<br />
Ângelo Agostini<br />
Inspiran<strong>do</strong>-se em Agostini<br />
e nos atuais chargistas<br />
brasileiros, crie uma charge<br />
que critique a política <strong>do</strong><br />
P.R. Trabalhe em dupla, um<br />
aluno fazen<strong>do</strong> o desenho<br />
e outro o texto. Depois,<br />
organizem uma mostra com<br />
as criações da turma.<br />
85
Ou seja, o <strong>do</strong>no tinha que buscar outra moradia porque aquela<br />
tinha novo proprietário: alguém da Corte.<br />
O desagra<strong>do</strong>, como era de se esperar, foi geral. Enfim, um “salve-<br />
-se quem puder”, cada um se viran<strong>do</strong> como podia. Ou melhor,<br />
como conseguia.<br />
Um esclarecimento é necessário: até então, por ordem da<br />
metrópole (Portugal), a colônia (Brasil) não podia fabricar quase<br />
nada nem comprar ou vender coisa alguma para outros países.<br />
Somente navios portugueses e ingleses podiam levar e trazer<br />
gente e merca<strong>do</strong>ria.<br />
Porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, de Guta<br />
Mas, como a Inglaterra estava em guerra contra Napoleão e<br />
Portugal ocupa<strong>do</strong> pelos franceses, a vinda de louças, remédios,<br />
roupas, armas e ferramentas ficou muito difícil.<br />
Com duas assinaturas, o príncipe regente mu<strong>do</strong>u o dia a dia de<br />
cariocas e demais brasileiros:<br />
• abriu os portos da colônia, permitin<strong>do</strong> que navios de países em<br />
paz com Portugal chegassem. O comércio prosperou;<br />
86<br />
Fundação Biblioteca Nacional /<br />
Reprodução de Alberto Jacob Filho<br />
Montar uma casa ou<br />
vestir-se com o que havia<br />
de mais caro e moderno<br />
era para poucas pessoas.<br />
Você acha que isso<br />
mu<strong>do</strong>u? Sim ou não?<br />
Mu<strong>do</strong>u muito ou pouco?<br />
Sua vez!<br />
Faça uma relação de<br />
móveis, aparelhos e<br />
utensílios utiliza<strong>do</strong>s em sua<br />
casa e na sua escola que<br />
não existiam no <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro no século XIX.
• revogou a ordem que impedia a fabricação de bens e produtos<br />
necessários à vida da população. A indústria progrediu.<br />
No porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, a atividade ficou intensa: embarcações<br />
(centenas delas) traziam escravos africanos, teci<strong>do</strong>s ingleses,<br />
talheres, louças, perfumes, jornais, livros e até casacos de pele<br />
e patins para gelo. Já pensou?<br />
Levavam para o exterior açúcar, aguardente, metais e pedras<br />
preciosas <strong>do</strong> Brasil. Do interior <strong>do</strong> território, <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> sertão,<br />
entravam na cidade metais preciosos da região das Minas Gerais,<br />
além de produtos agrícolas cultiva<strong>do</strong>s nos campos.<br />
Surgiram, assim, oficinas, empresas, fábricas. Produtos novos<br />
e luxuosos, até então inacessíveis, aportaram nas residências<br />
cariocas. Não em todas, é claro. Já naqueles tempos, costumes,<br />
posses e propriedades variavam de acor<strong>do</strong> com a cultura,<br />
o desejo e, principalmente, a condição financeira de cada um.<br />
Com a chegada da Corte, novos empreendimentos transformaram<br />
a cidade. Afinal, a sede <strong>do</strong> governo era aqui, e não mais em<br />
Lisboa. Foram cria<strong>do</strong>s:<br />
• Observatório Astronômico<br />
• Academia Militar e da Marinha<br />
• Fábrica de Pólvora<br />
• Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica<br />
• Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios<br />
• Museu Real<br />
• Biblioteca Real<br />
• Banco <strong>do</strong> Brasil<br />
No <strong>Rio</strong> de D. João VI,<br />
até um jornal começou<br />
a circular: a Gazeta <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Wikimedia Commons<br />
87
A verdade é que, nessa época, poucos sabiam ler e escrever. Foi,<br />
então, autorizada a criação de escolas de “primeiras letras”,<br />
geralmente funcionan<strong>do</strong> na casa <strong>do</strong> professor. Assim mesmo, só<br />
iam para a escola os meninos filhos de famílias ricas.<br />
E foi cria<strong>do</strong> também o Jardim Botânico, chama<strong>do</strong> primeiramente<br />
de Jardim da Aclimação, destina<strong>do</strong> ao plantio de especiarias vindas<br />
das Índias: canela, cravo-da-índia, noz-moscada, pimenta-<strong>do</strong>-reino.<br />
Jardim Botânico em 1856, de Pedro Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> Bertichem<br />
Hoje, ao caminhar pela imensa área verde, bem no burburinho<br />
da cidade, o visitante se encanta com a magnífica vegetação –<br />
mangueiras, jaqueiras, nogueiras, abricós-de-macaco, paus-brasis,<br />
bromélias, orquídeas, vitórias-régias, ninfeias, plantas insetívoras<br />
– e também com as cascatas, os lagos e os chafarizes.<br />
88<br />
Fundação Biblioteca Nacional<br />
Veja só: antes, na colônia,<br />
era proibi<strong>do</strong> imprimir livros,<br />
jornais e quaisquer outras<br />
publicações que trouxessem<br />
notícias e ideias que levassem<br />
as pessoas a pensar...<br />
Com a chegada da família<br />
real, foram trazi<strong>do</strong>s de Lisboa<br />
para a Biblioteca Real livros,<br />
gravuras, <strong>do</strong>cumentos,<br />
mapas, moedas. To<strong>do</strong><br />
esse acervo, e muito mais,<br />
encontra-se na Biblioteca<br />
Nacional <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Uma das obras mais raras<br />
que lá está é a Bíblia de<br />
Mogúncia, impressa em 1462.
Pássaros e pequenos animais podem ser aprecia<strong>do</strong>s. O Jardim<br />
Sensorial, dentro <strong>do</strong> Jardim Botânico, é uma grata surpresa:<br />
plantas aromáticas e placas escritas em braile permitem que<br />
os deficientes visuais aproveitem plenamente o espaço.<br />
Jardim Sensorial<br />
Ficha técnica<br />
Nome: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Criação: 13 de junho de 1808<br />
Funda<strong>do</strong>r: o príncipe D. João<br />
Localização: Bairro Jardim Botânico<br />
Zona: Sul<br />
Cidade: <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Área: 54 hectares<br />
Vegetação: 6.500 espécies da flora brasileira e estrangeira<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Sua vez!<br />
Estatuto <strong>do</strong> carioca:<br />
Artigo 1º<br />
Fica decreta<strong>do</strong> que to<strong>do</strong><br />
carioca – homem ou<br />
mulher, menino ou menina,<br />
criança, jovem, adulto ou<br />
i<strong>do</strong>so – tem o direito de<br />
passar pelo menos um dia<br />
de sua vida passean<strong>do</strong> pelo<br />
Jardim Botânico.<br />
Complete com a turma<br />
esse estatuto ou lei crian<strong>do</strong><br />
outros artigos bem bacanas<br />
para to<strong>do</strong>s os cariocas.<br />
89
Sem a menor dúvida, o que causa maior impacto são as palmeiras<br />
imperiais, verdadeiro cartão de visitas de lá. Caminhar pela<br />
alameda principal, ladeada pelas gigantes e elegantes palmeiras,<br />
mexe com o coração da gente.<br />
Aleia das Palmeiras no Jardim<br />
Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, de George<br />
Leuzinger, em 1865<br />
De volta para casa<br />
90<br />
Acervo <strong>do</strong> Museu de Arte Moderna/RJ<br />
Alameda nos dias atuais<br />
A Europa estava pacificada com a derrota de Napoleão. Os países,<br />
antes ocupa<strong>do</strong>s pelos franceses, voltavam a ser governa<strong>do</strong>s por<br />
seus soberanos. Cada qual no seu lugar. Menos um: Portugal.<br />
O príncipe regente D. João estava muito bem adapta<strong>do</strong> à colônia.<br />
Sentia-se bem aqui, instala<strong>do</strong> em uma bela residência na Quinta<br />
da Boa Vista, em São Cristóvão, presente de um rico comerciante.<br />
Emilio Zimbres<br />
A primeira muda a<br />
chegar ao Brasil foi<br />
plantada pelo príncipe<br />
D. João, em 1809. A<br />
árvore existiu até 1972,<br />
quan<strong>do</strong> foi derrubada<br />
por um raio. Seu tronco<br />
está em exposição no<br />
Museu Botânico, no<br />
próprio jardim.
Paço <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brazil em São Christovão, <strong>Rio</strong> de Janeiro (detalhe), atual Museu<br />
Nacional, na Quinta da Boa Vista. Litografia de Karl Robert Barton von Planitz<br />
Mas o “generoso” comerciante teve suas compensações: dinheiro<br />
(muito) para pagar as reformas feitas e a conservação da casa,<br />
além da nomeação para cargos importantes no governo.<br />
Muitas outras pessoas, especialmente as que vieram com<br />
a família real, também tiveram seus privilégios. Diariamente,<br />
na sala <strong>do</strong> trono <strong>do</strong> Paço Imperial, o príncipe regente recebia<br />
seus súditos na cerimônia <strong>do</strong> beija-mão.<br />
Cerimônia <strong>do</strong> beija-mão, por A.P.D.G.<br />
Biblioteca Guita e José Mindlin<br />
Biblioteca Guita e José Mindlin<br />
O beija-mão era libera<strong>do</strong><br />
aos que desejassem pedir<br />
algo ao monarca. Em sinal<br />
de respeito, beijavam a sua<br />
mão direita antes de fazer<br />
qualquer pedi<strong>do</strong>.<br />
Esse hábito foi manti<strong>do</strong> por<br />
D. Pedro I e D. Pedro II.<br />
91
Nesses momentos, Sua Alteza Real ouvia queixas e concedia<br />
benefícios. Podemos até imaginar:<br />
92<br />
– Vossa Alteza, eu era funcionário <strong>do</strong><br />
palácio em Lisboa, e agora eu e minha<br />
família passamos grandes necessidades.<br />
– Oh, meu príncipe! A casa que me<br />
arranjaram cheira a pântano. Preciso<br />
de outra melhor.<br />
É claro que a política <strong>do</strong> “toma lá, dá cá” agradava a muita gente<br />
e desagradava a muitos também. Afinal, nem to<strong>do</strong>s podiam ser<br />
amigos <strong>do</strong> amigo <strong>do</strong> rei para receber favores.<br />
Artigos estrangeiros chegavam para abastecer o comércio <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
até mais baratos <strong>do</strong> que os produzi<strong>do</strong>s aqui, graças a acor<strong>do</strong>s<br />
firma<strong>do</strong>s entre os governantes.<br />
Os produtores brasileiros não conseguiam competir com<br />
os preços <strong>do</strong> que vinha de fora.<br />
Escravos continuavam sen<strong>do</strong> compra<strong>do</strong>s, vendi<strong>do</strong>s, explora<strong>do</strong>s<br />
e castiga<strong>do</strong>s. Indígenas eram persegui<strong>do</strong>s e extermina<strong>do</strong>s. A boa<br />
e confortável vida não chegava até a casa de muitos, mesmo<br />
sen<strong>do</strong> brancos e de origem portuguesa.<br />
Roberta Motta<br />
Sua vez!<br />
Organize com a turma um<br />
telejornal, contan<strong>do</strong> os<br />
últimos acontecimentos no<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, na época<br />
de D. João. Para botar um<br />
jornal no ar, é preciso:<br />
redator, apresenta<strong>do</strong>r,<br />
repórter, comentarista,<br />
câmera, ilumina<strong>do</strong>r,<br />
figurinista, fotógrafo, diretor,<br />
além de notícias quentinhas.<br />
Ufa! É muito trabalho,<br />
para muita gente.<br />
Que tal convidar as famílias<br />
e os amigos para a estreia<br />
<strong>do</strong> telejornal?
A cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro mudava a olhos vistos. Novidades<br />
e novos profissionais passaram a fazer parte <strong>do</strong> cenário carioca:<br />
modistas, cozinheiros, alfaiates, médicos, padeiros, farmacêuticos,<br />
professores, sapateiros, comerciantes...<br />
Botica, de Debret<br />
Padaria, de Debret<br />
Museus Castro Maya<br />
Museus Castro Maya<br />
Loja de Carne de Porco, de Debret<br />
Sapateiro, de Debret<br />
Como estaria a vida em Lisboa? Os franceses tinham i<strong>do</strong> embora,<br />
é verdade. Quanto à corte portuguesa... Nada de voltar para casa.<br />
Museus Castro Maya<br />
Museus Castro Maya<br />
Dizem que D. João, de vez<br />
em quan<strong>do</strong>, tomava banho<br />
de mar dentro de um cesto<br />
carrega<strong>do</strong> por funcionários.<br />
Tanto seria assim o receio<br />
de afundar e não voltar<br />
mais? Ou era o antigo<br />
me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s “monstros” <strong>do</strong><br />
Mar Tenebroso que o<br />
rei sentia? Nada se pode<br />
afirmar, só imaginar...<br />
93
A pressão era muita e vinha de to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Governantes vizinhos e<br />
o povo português não se conformavam. Era possível um país da<br />
Europa – Portugal – ser governa<strong>do</strong> lá de uma distante colônia?<br />
Certamente, muitos cantariam esta música para expressar o que<br />
viviam. Se ela já existisse na época, é claro.<br />
D. João tentou contornar o impasse, decretan<strong>do</strong>:<br />
94<br />
A novidade veio dar à praia<br />
Na qualidade rara de sereia<br />
Metade o busto<br />
Duma deusa Maia<br />
Metade um grande<br />
Rabo de baleia...<br />
(...)<br />
Oh! Mun<strong>do</strong> tão desigual<br />
Tu<strong>do</strong> é tão desigual<br />
Oh! De um la<strong>do</strong> esse<br />
carnaval<br />
De outro a fome total<br />
“Que os meus Reinos de Portugal, Algarves e Brasil<br />
formem <strong>do</strong>ra em diante um só e único Reino.”<br />
(Carta de lei assinada pelo príncipe em 16 de<br />
dezembro de 1815.)<br />
A Novidade<br />
(Gilberto Gil)<br />
Com a morte da rainha, D. Maria I, o príncipe regente foi<br />
aclama<strong>do</strong> rei. D. João VI agora era rei de fato e de direito.<br />
O primeiro que a população <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro podia encontrar<br />
no palácio... governan<strong>do</strong>; na igreja... rezan<strong>do</strong>; na rua...<br />
caminhan<strong>do</strong>; e na praia... toman<strong>do</strong> banho.<br />
Símbolo <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> de<br />
Portugal e Algarves<br />
Wikimedia Commons<br />
Atenção! Atenção!<br />
O Brasil passou a ser tão<br />
reino quanto Portugal. Era<br />
a sede da Coroa. E o <strong>Rio</strong><br />
de Janeiro, a sua capital.
Retrato de D. João VI, tela de<br />
Jean-Baptiste Debret<br />
Em Lisboa, nada estava tranquilo. Portugal estava à beira de uma<br />
revolução. Os deputa<strong>do</strong>s queriam o rei de volta, sim, mas um rei<br />
sem tantos poderes quanto antes. Queriam um governante que<br />
obedecesse às leis feitas por eles – a Constituição. E mais: queriam<br />
que o Brasil voltasse a ser colônia de Portugal.<br />
Diante da situação, D. João VI viu-se obriga<strong>do</strong> a partir.<br />
Museu Nacional de Belas Artes<br />
Retorno de D. João VI a Portugal, de Debret<br />
O Príncipe Regente Passan<strong>do</strong> Revista<br />
às Tropas de Azambuja, de Domingos<br />
Antônio de Sequeira<br />
Fundação Biblioteca Nacional<br />
Palácio Real de Queluz<br />
Constituição é a lei que<br />
contém as normas e os<br />
deveres de cada um,<br />
inclusive <strong>do</strong>s governantes.<br />
A atual Constituição <strong>do</strong><br />
Brasil é de 1988. E a Lei<br />
Orgânica <strong>do</strong> Município<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro é <strong>do</strong> dia<br />
5 de abril de 1990.<br />
95
O <strong>Rio</strong> imperial<br />
Dom Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier<br />
de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano<br />
Serafim de Bragança e Bourbon.<br />
Retrato de D. Pedro I, de<br />
Simplício Rodrigues de Sá<br />
96<br />
Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />
Aclamação de D. Pedro (detalhe), de Debret<br />
Você conhece alguém com um nome tão grande como esse?<br />
Pois era assim que se chamava o príncipe D. Pedro, filho de D. João<br />
VI e de D. Carlota Joaquina, o herdeiro <strong>do</strong> trono. Ele não regressou<br />
a Portugal com a família real. Ficou no Brasil como príncipe regente.<br />
Dessa forma, o rei procurou satisfazer tanto os que impunham<br />
a sua volta para Portugal quanto aqueles que desejavam sua<br />
permanência no Brasil. Mas novas ideias, vindas de longe,<br />
circulavam entre a população. Chegavam em livros, jornais<br />
e com as pessoas que desembarcavam <strong>do</strong>s navios.<br />
O desejo de independência ganhava força por aqui. Voltar a ser<br />
colônia? Jamais! Ser um país independente? Por que não? Em<br />
janeiro de 1822, D. Pedro recusou-se a obedecer à ordem de voltar<br />
a Portugal e, da sacada <strong>do</strong> Paço, anunciou que ficava no Brasil.<br />
Museu Nacional de Belas Artes<br />
Sua vez!<br />
D. João VI deveria voltar<br />
para Portugal ou ficar<br />
aqui no Brasil?<br />
A turma será dividida em<br />
três grupos. Um vai listar<br />
seis razões para o rei ficar.<br />
O outro escreverá seis<br />
razões para o rei voltar.<br />
No final, o terceiro grupo<br />
– os jura<strong>do</strong>s – vai decidir<br />
quais foram os melhores<br />
argumentos apresenta<strong>do</strong>s<br />
e... “bater o martelo”.<br />
Museu de Arte de São Paulo<br />
Retrato de D. João VI, Rei de<br />
Portugal, de Domingos Antônio<br />
de Sequeira
Daí para a independência foi um pulo! Ora, isso é apenas jeito<br />
de falar. A separação <strong>do</strong> Brasil de Portugal não foi fácil,<br />
sem obstáculos e conflitos.<br />
O grito de independência, em 7 de setembro de 1822, levou<br />
tempo e deu trabalho para ser aceito em to<strong>do</strong>s os cantos e<br />
recantos brasileiros e para ser reconheci<strong>do</strong> por outras nações.<br />
A Proclamação da Independência (detalhe), de François-René Moreau<br />
D. Pedro I foi coroa<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, e o <strong>Rio</strong> de Janeiro passou<br />
a capital <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil.<br />
Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />
É como dizia a<br />
cantiga popular:<br />
Sabiá cantou na mata<br />
Eu cantei no meu terreiro<br />
Viva o Rei <strong>do</strong> Brasil<br />
Viva Dom Pedro Primeiro.<br />
97
Editora Cia. das Letras<br />
98<br />
Vai lá!<br />
Biblioteca Nacional<br />
A Real Biblioteca recebeu o nome de Biblioteca Nacional em 1876.<br />
É um prédio monumental, com bela escadaria e decora<strong>do</strong> com<br />
vitrais franceses. Possui um acervo de dez milhões de volumes,<br />
entre obras raras trazidas de Portugal, livros, jornais, revistas.<br />
Endereço: Avenida <strong>Rio</strong> Branco, 219, Centro.<br />
Jardim Botânico<br />
Cria<strong>do</strong> por D. João para aclimatar especiarias oriundas das<br />
Índias, foi aberto à visitação pública em 1822. É um local para<br />
apreciar a vegetação, relaxar, caminhar... Aprendizagem e lazer<br />
estão garanti<strong>do</strong>s aos visitantes.<br />
Endereço: Rua Jardim Botânico, 1.008, Jardim Botânico.<br />
Livro à vista!<br />
D. João Carioca<br />
Autores: Lilia Moritz Schwarcz e Spacca.<br />
Editora: Cia. das Letras, São Paulo, 2007.<br />
A História <strong>do</strong> Brasil, de 1808 a 1821,<br />
contada em quadrinhos, com bom<br />
humor e ricas ilustrações.<br />
Nossa viagem pelo tempo<br />
vai continuar. O <strong>Rio</strong> é<br />
mesmo cheio de histórias.<br />
Aguarde.
O <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
novamente Corte:<br />
Império<br />
Liberdade, liberdade!<br />
Abra as asas sobre nós<br />
E que a voz da igualdade<br />
Seja sempre a nossa voz<br />
Liberdade, Liberdade! Abra as Asas sobre Nós<br />
(Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir)<br />
Os reina<strong>do</strong>s de Pedro I e Pedro II no século XIX.<br />
O plantio <strong>do</strong> café. A expansão da cidade. A Lei Áurea<br />
e a proclamação da República.<br />
Séculos<br />
XV XVI XVII<br />
Junta à Fernambouc, de Jules David. Retrata reuniões<br />
em que o tema era a liberdade<br />
XIX<br />
Capítulo 7<br />
XVIII XX XXI<br />
Fundação Biblioteca Nacional<br />
Município Neutro<br />
Ciclo <strong>do</strong> café<br />
Transportes, serviços públicos
<strong>Rio</strong>, cidade – Sede <strong>do</strong> Império<br />
O Brasil <strong>do</strong> começo <strong>do</strong> século XIX era dividi<strong>do</strong> em províncias, e a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro ficava na<br />
província <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Observe nos mapas a evolução territorial <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong> Império até hoje.<br />
100<br />
Maranhão<br />
Maranhão <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />
Ceará <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />
Ceará Paraíba<br />
Paraíba<br />
Grão-Pará<br />
Pernambuco<br />
Grão-Pará<br />
Pernambuco<br />
Piauí<br />
Piauí<br />
Mato<br />
Bahia<br />
Grosso Mato<br />
Bahia<br />
Alagoas<br />
Grosso<br />
Goyaz Minas Alagoas<br />
Goyaz Geraes Minas<br />
Geraes<br />
São<br />
Espírito Santo<br />
Paulo São<br />
Espírito Santo<br />
Paulo<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Santa Catarina<br />
Santa Catarina<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
Cisplatina<br />
Cisplatina<br />
Mapa <strong>do</strong> Brasil (províncias) - 1823<br />
Maranhão<br />
Maranhão<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />
Ceará<strong>Rio</strong><br />
Grande <strong>do</strong> Norte<br />
Ceará Paraíba<br />
Paraíba<br />
Amazonas<br />
Amazonas<br />
Pará<br />
Pará<br />
Piauí<br />
Piauí<br />
Pernambuco<br />
Pernambuco<br />
Paraná<br />
Paraná<br />
Santa Catarina<br />
Santa Catarina<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
Mato<br />
Grosso Mato<br />
Grosso<br />
Goiás<br />
Goiás<br />
Bahia<br />
Bahia Alagoas<br />
Alagoas<br />
Minas Sergipe<br />
Gerais Minas Sergipe<br />
Gerais<br />
Espírito Santo<br />
Espírito Santo<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Distrito Federal<br />
Distrito Federal<br />
São Paulo<br />
São Paulo<br />
Mapa <strong>do</strong> Brasil (esta<strong>do</strong>s e DF) - 1889<br />
<strong>Rio</strong> Branco Amapá<br />
Amapá<br />
Maranhão Fernan<strong>do</strong><br />
Roraima<br />
Fernan<strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> Branco Amapá<br />
de Noronha<br />
Amapá Maranhão<br />
Maranhão Fernan<strong>do</strong><br />
Roraima<br />
Maranhão de Fernan<strong>do</strong> Noronha<br />
de Noronha<br />
de Noronha<br />
Ceará<br />
Ceará<br />
Ceará<br />
Ceará<br />
<strong>Rio</strong> Grande<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />
<strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Grande Norte<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Norte<br />
Amazonas Pará<br />
Amazonas Pará<br />
<strong>do</strong> Norte<br />
Amazonas Pará<br />
Amazonas Pará<br />
Piauí<br />
Paraíba<br />
Piauí<br />
Paraíba<br />
Piauí<br />
Paraíba<br />
Piauí<br />
Paraíba<br />
Goiás<br />
Mato<br />
Mato<br />
Bahia<br />
Acre<br />
Grosso Bahia<br />
Pernambuco<br />
Pernambuco<br />
Acre<br />
Mato<br />
Grosso Mato Goiás Bahia<br />
Bahia<br />
Pernambuco<br />
Pernambuco<br />
Acre Guaporé<br />
Alagoas Acre<br />
Grosso<br />
Grosso<br />
Rondônia<br />
Alagoas<br />
Guaporé<br />
Minas Alagoas<br />
Sergipe<br />
Rondônia<br />
Minas Alagoas<br />
Gerais Minas<br />
Tocantins<br />
Gerais Minas<br />
Sergipe<br />
Sergipe<br />
Ponta-Porã Gerais<br />
Espírito Santo<br />
Tocantins<br />
Gerais<br />
Sergipe<br />
Ponta-Porã<br />
Distrito Federal<br />
Espírito Santo<br />
Espírito Santo Distrito Federal<br />
Iguaçu<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Goiás<br />
Espírito Santo<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Iguaçu<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Distrito Federal<br />
Mato Grosso<br />
Goiás<br />
<strong>do</strong> Sul<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Mato Grosso <strong>do</strong> Sul<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
Distrito Federal<br />
São Paulo<br />
Santa Catarina<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
São Paulo<br />
São Paulo<br />
Santa Catarina<br />
São Paulo<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
Paraná<br />
Paraná<br />
<strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul<br />
Paraná<br />
Paraná<br />
Santa Catarina<br />
Santa Catarina<br />
Mapa <strong>do</strong> Brasil (esta<strong>do</strong>s, territórios e DF) - 1943<br />
Mapa <strong>do</strong> Brasil (esta<strong>do</strong>s e DF) - 2012<br />
Mapas de Pedro Aguiar / Wikimedia Commons<br />
Redesenha<strong>do</strong>s por Camila Paixão e Juliana Gonçalves
Era o reina<strong>do</strong> de D. Pedro I, um reina<strong>do</strong> muito curto: governou<br />
o Brasil de 1821 até 1831. Na época, reis e rainhas reinavam até<br />
morrer ou quan<strong>do</strong> renunciavam em favor de outra pessoa, em<br />
geral, um filho. Sua vida também foi breve: morreu em Portugal<br />
em 1834, aos 35 anos de idade.<br />
O impera<strong>do</strong>r D. Pedro I vivia intensamente. Acordava ce<strong>do</strong>,<br />
inspecionava os navios no porto, percorria fortalezas e repartições<br />
públicas, ia ao teatro conferir os preparativos para os espetáculos,<br />
circulava pela cidade conversan<strong>do</strong> com a “gente <strong>do</strong> povo”.<br />
Gostava de mandar. A<strong>do</strong>rava cavalgar; dizem até que ferrava,<br />
tratava e dava banho em seus cavalos melhor <strong>do</strong> que ninguém.<br />
Amava a música, tocava vários instrumentos (piano, cravo,<br />
flauta, violino) e também foi compositor.<br />
Hino da Independência, de Augusto Bracet<br />
Apesar da empolgação com a independência, os tempos não<br />
estavam tranquilos aqui no Brasil: dívidas, guerra no Sul <strong>do</strong> país,<br />
revoltas de to<strong>do</strong> la<strong>do</strong> e um impera<strong>do</strong>r “mandão”. Ele não tinha<br />
apoio popular e viu-se obriga<strong>do</strong> a renunciar e ir para a Europa.<br />
Museu Histórico Nacional<br />
Já podeis da pátria filho<br />
Ver contente a mãe gentil<br />
Já raiou a liberdade<br />
No horizonte <strong>do</strong> Brasil.<br />
Essa composição, com<br />
certeza, você conhece<br />
bem. É o Hino da<br />
Independência. D. Pedro I<br />
fez a música, e o jornalista<br />
Evaristo da Veiga, a letra.<br />
101
Seu filho, o herdeiro <strong>do</strong> trono, futuro impera<strong>do</strong>r D. Pedro II,<br />
tinha apenas 5 anos de idade.<br />
A distância que se estabeleceu entre pai e filho entristeceu o<br />
herdeiro <strong>do</strong> trono. Em cartas trocadas com o pai, ele pedia para<br />
não ser esqueci<strong>do</strong>.<br />
102<br />
Meu queri<strong>do</strong> pai e meu senhor<br />
Quan<strong>do</strong> me levantei e não<br />
achei Vossa Majestade<br />
Imperial e a mamãe para lhe<br />
beijar a mão, não me podia<br />
consolar nem posso, meu<br />
queri<strong>do</strong> pai. Peço a Vossa<br />
Majestade Imperial que nunca<br />
se esqueça deste filho (...)<br />
Mas como poderia uma criança tão pequena governar um país,<br />
e um país tão grande como o Brasil? Não poderia, é claro. Ficou<br />
decidi<strong>do</strong>, então, que o Brasil seria governa<strong>do</strong> por regentes até que<br />
D. Pedro II pudesse assumir o trono.<br />
Durante o perío<strong>do</strong> da regência (1831-1840), foi cria<strong>do</strong> o Município<br />
Neutro da Corte, na cidade de São Sebastião <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro:<br />
aqui mesmo, onde vivemos.<br />
O <strong>Rio</strong> passou a ser um território único, a cidade sede <strong>do</strong> poder<br />
imperial, independente da província <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
O centro da nação.<br />
“Nosso impera<strong>do</strong>r é um<br />
impera<strong>do</strong>r constitucional,<br />
e não o nosso <strong>do</strong>no.”<br />
Assim o jornalista<br />
Cipriano Barata resumia<br />
a opinião de um grande<br />
número de brasileiros<br />
sobre nosso governante.
Turbulências, revoltas e conflitos políticos continuavam nas terras<br />
brasileiras e cariocas, traduzi<strong>do</strong>s em trovas populares:<br />
Queremos Pedro II<br />
Ainda que não tenha idade<br />
A nação dispensa a lei<br />
Viva a maioridade!<br />
Assim pensavam alguns. Achavam que, assumin<strong>do</strong> o trono <strong>do</strong><br />
Brasil, o jovem D. Pedro seria capaz de pacificar e unir o Império.<br />
Outros tinham opinião diferente:<br />
Por subir Pedrinho ao trono<br />
Não fique o povo contente<br />
Não pode ser boa coisa<br />
Servin<strong>do</strong> com a mesma gente.<br />
Coroa<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r antes <strong>do</strong>s 15 anos de idade, em 1840,<br />
D. Pedro II governou por quase 50 anos.<br />
Retrato de D. Pedro II, de Félix Taunay<br />
Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />
Vista da Ponta de Icaraí,<br />
de Johann Georg Grimm<br />
A capital da província <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro passou a<br />
ser a vizinha Niterói, antes<br />
chamada de Vila Real da<br />
Praia Grande.<br />
Coleção Sergio Sahione Fadel<br />
103
Ao longo de tantos anos, muita coisa aconteceu. O impera<strong>do</strong>r,<br />
prepara<strong>do</strong> desde criança para governar, incentivou a cultura e as<br />
pesquisas científicas.<br />
Costumava frequentar as sessões <strong>do</strong> Instituto Histórico e<br />
Geográfico Brasileiro (IHGB), que funcionava em uma sala <strong>do</strong><br />
Paço Imperial, cedida por ele, e que hoje fica no bairro da Glória.<br />
O Colégio Pedro II, cria<strong>do</strong> em 1838, também mereceu grande<br />
atenção <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r. Foi inaugura<strong>do</strong> na Rua Estreita de São<br />
Joaquim, hoje Marechal Floriano, ao la<strong>do</strong> da Igreja de São<br />
Joaquim. Mas quem podia se matricular nessa escola? Apenas<br />
os filhos de brancos livres e proprietários de terras e de escravos.<br />
Colégio Pedro II e Igreja de São<br />
Joaquim, de Pedro Go<strong>do</strong>fre<strong>do</strong> Bertichem<br />
O ouro verde<br />
104<br />
Acervo <strong>do</strong> Museu Imperial<br />
Uniforme <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> Colégio<br />
Pedro II, em 1855<br />
Ainda bem cedinho, o sol mal apareceu e já se sente no interior<br />
de quase to<strong>do</strong>s os lares cariocas aquele aroma irresistível das<br />
manhãs. É o cheiro <strong>do</strong> café passa<strong>do</strong> na cafeteira, coa<strong>do</strong>r de papel<br />
ou de pano e até diluí<strong>do</strong> direto na xícara. A bebida, presente nas<br />
mesas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro, faz parte <strong>do</strong> ritual de começar o dia.<br />
Wikimedia Commons<br />
Quer saber como era<br />
a bandeira <strong>do</strong> Brasil<br />
Império? Veja aqui:<br />
Bandeira e Pavilhão<br />
Brasileiros, de Debret<br />
Sua vez!<br />
Antigamente, no Colégio<br />
Pedro II se estudava:<br />
Latim, Grego, Francês,<br />
Inglês, Retórica, Geografia,<br />
História, Filosofia, Zoologia,<br />
Numerologia, Álgebra,<br />
Geometria e Astronomia.<br />
Que matérias diferentes se<br />
aprendem hoje na escola?<br />
Museus Castro Maya
O famoso cafezinho tem mil e uma utilidades ao longo <strong>do</strong> dia.<br />
Uma pausa durante o trabalho para relaxar um pouco? Um café<br />
vai bem. Precisa de um estímulo para organizar melhor as ideias?<br />
Toma-se um café. Chega uma visita, um parente, um amigo?<br />
Logo um café fresquinho é prepara<strong>do</strong>. Puro, forte ou fraco,<br />
pinga<strong>do</strong> no leite, quem resiste ao seu sabor?<br />
Desde o século IX o café era conheci<strong>do</strong> na Etiópia, um país<br />
africano. De lugar em lugar, chegou ao Brasil no século XVIII,<br />
descen<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará até o <strong>Rio</strong> de Janeiro, onde a planta adaptou-se<br />
incrivelmente bem.<br />
Plantação de Café no Alto da Tijuca, de Johannes Steinman<br />
O cultivo começou nos quintais e jardins das casas. Depois, a<br />
plantação se expandiu em grandes fazendas cafeeiras. No <strong>Rio</strong><br />
de Janeiro, o plantio tomou conta de vários espaços: a atual Rua<br />
Evaristo da Veiga (Centro), a encosta <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, o atual Largo<br />
<strong>do</strong> Estácio, Jacarepaguá, Santa Cruz, Mendanha...<br />
Pinacoteca <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo<br />
Veja um trecho <strong>do</strong><br />
Diário de uma Viagem<br />
ao Brasil (1824), da<br />
escritora e botânica<br />
inglesa Maria Graham:<br />
Nunca esquecerei o<br />
prazer de minha primeira<br />
manhã no Palácio de<br />
São Cristóvão, quan<strong>do</strong>,<br />
abrin<strong>do</strong> minhas janelas,<br />
em vez <strong>do</strong> barulho e <strong>do</strong><br />
sujo da cidade, deparei<br />
com os lin<strong>do</strong>s jardins <strong>do</strong><br />
palácio e as plantações<br />
de café que revestiam as<br />
montanhas da Tijuca...<br />
105
Santa Cruz Mendanha<br />
Mapa das plantações de café no <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Com a derrubada da mata nativa, a água das nascentes começou<br />
a ficar escassa e várias secas atingiram a região <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Reagir era preciso.<br />
A Floresta da Tijuca, então, foi replantada em um trabalho árduo,<br />
que durou muitos anos. Foram plantadas mais de 90 mil mudas<br />
de angico branco e vermelho, braúna, canela-rosa, ipê, jacarandá,<br />
peroba e muitas outras espécies.<br />
A partir daí, a própria floresta cui<strong>do</strong>u de sua recuperação.<br />
Hoje, não se derrubam mais as matas para plantar café,<br />
pelo menos no <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Café, de Candi<strong>do</strong> Portinari<br />
106<br />
Jacarepaguá<br />
Largo <strong>do</strong><br />
Estácio<br />
www.portinari.org.br<br />
Centro<br />
Corcova<strong>do</strong><br />
Juliana Gonçalves<br />
Deu no jornal!<br />
Boas-novas! Jacutingas<br />
e macucos, aves<br />
extintas na Floresta<br />
da Tijuca, vão ser<br />
introduzi<strong>do</strong>s no parque.<br />
Dez casais, por ano,<br />
serão soltos na floresta.<br />
(O Globo, 6/2/2012.)<br />
Sua vez!<br />
O quadro ao la<strong>do</strong>, <strong>do</strong> pintor<br />
brasileiro Candi<strong>do</strong> Portinari,<br />
representa uma cena da<br />
colheita <strong>do</strong> café.<br />
Seja você também um artista.<br />
Divida uma folha de papel em<br />
seis partes iguais, numeran<strong>do</strong><br />
os quadros. Desenhe em cada<br />
um uma etapa da produção<br />
<strong>do</strong> café, no século XIX,<br />
forman<strong>do</strong> uma sequência.
Algo novo no ar!<br />
A cultura cafeeira trouxe uma nova onda de riqueza para o Brasil.<br />
As fazendas se expandiram pelo Vale <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Paraíba e eram<br />
tocadas pela mão de obra escrava, cada vez mais necessária, mas<br />
ainda submetida ao chicote <strong>do</strong> capataz.<br />
Uma luta, porém, vinha crescen<strong>do</strong>, se espalhan<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong><br />
corpo e envolven<strong>do</strong> cada vez mais pessoas. A ideia de libertação<br />
<strong>do</strong>s escravos, já conquistada em outros países, chegava<br />
finalmente ao Brasil.<br />
Apesar da resistência <strong>do</strong>s fazendeiros, os “barões <strong>do</strong> café”, que<br />
temiam não ter quem trabalhasse nas lavouras, muitos brancos,<br />
negros e mestiços, uni<strong>do</strong>s, lutaram e conseguiram, enfim, a<br />
sonhada liberdade.<br />
No dia 13 de maio de 1888, em uma sala <strong>do</strong> Paço Imperial, a<br />
princesa Isabel, que governava o Brasil enquanto D. Pedro II<br />
estava na Europa, assinou a Lei Áurea, pon<strong>do</strong> fim à escravidão.<br />
Princesa Isabel, filha de D. Pedro II<br />
Insley Pacheco / Wikimedia Commons<br />
Documento da Lei Áurea<br />
http://depaulaohistoria<strong>do</strong>r.blogspot.com<br />
A Princeza Imperial Regente,<br />
em Nome de Sua Magestade<br />
o Impera<strong>do</strong>r o Senhor D.<br />
Pedro II, Faz saber a to<strong>do</strong>s<br />
os subditos <strong>do</strong> Imperio que<br />
a Assembléa Geral decretou<br />
e Ella sanccionou a Lei<br />
seguinte:<br />
Art. 1º É declarada extincta,<br />
desde a data desta Lei, a<br />
escravidão no Brazil.<br />
Art. 2º Revogam-se as<br />
disposições em contrario.<br />
(“Lei Áurea” — Lei n. 3353,<br />
13 de maio de 1888)<br />
A palavra “áureo”<br />
significa “feito de ouro”,<br />
“de muito valor”.<br />
107
As conquistas da população não pararam por aí. Ideias<br />
republicanas circulavam por to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>: jornais publicavam<br />
artigos, conversas aqui e ali criticavam a monarquia. Outra forma<br />
de governo, com mais participação nas decisões políticas, era<br />
desejada por muita gente.<br />
Os acontecimentos se precipitaram até que, no dia 15 de<br />
novembro de 1889, na Praça da Aclamação, atual Praça da<br />
República, terminou o regime monárquico em nosso país.<br />
O Brasil passou a ser uma república. Rei, rainha, príncipes<br />
e princesas <strong>do</strong> Brasil partiram para a Europa.<br />
Mudanças para to<strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />
Com a expansão das lavouras de café, uma verdadeira “onda<br />
verde”, o <strong>Rio</strong> mu<strong>do</strong>u a olhos vistos – na cidade e no campo.<br />
Palacetes e casarões foram construí<strong>do</strong>s com luxos trazi<strong>do</strong>s da<br />
Europa, como lustres, vitrais, estátuas e móveis.<br />
Palácio <strong>do</strong> Catete<br />
108<br />
Instituto Brasileiro de Museus<br />
Ilha Fiscal<br />
Poucos dias antes de ser<br />
anunciada a República, a<br />
família real ofereceu um<br />
baile na Ilha Fiscal, sem<br />
demonstrar conhecer ou<br />
se preocupar com o que<br />
se falava e conspirava nas<br />
ruas. A ilha é um <strong>do</strong>s belos<br />
cartões-postais <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
Jorge Brazil
Um exemplo? O antigo casarão <strong>do</strong> Barão de Nova Friburgo, hoje<br />
Palácio <strong>do</strong> Catete, situa<strong>do</strong> no bairro de mesmo nome. Além das<br />
riquezas em seu interior, um imenso jardim com lago, gruta e<br />
coreto era desfruta<strong>do</strong> por seus mora<strong>do</strong>res.<br />
Do porto <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, navios abarrota<strong>do</strong>s levavam o café brasileiro<br />
para vários países, movimentan<strong>do</strong>, cada vez mais, a cidade. Para<br />
carregar merca<strong>do</strong>rias e levar tantas pessoas para lá e para cá, era<br />
urgente melhorar os transportes.<br />
A primeira estrada de ferro <strong>do</strong> país foi construída em 1854. Partia<br />
<strong>do</strong> Porto da Estrela, na Baía de Guanabara, e ia até a cidade de<br />
Petrópolis, na serra fluminense.<br />
Lançamento da pedra fundamental da E.F. Mauá, em 1852<br />
Os trens foram penetran<strong>do</strong> por zonas ainda rurais,<br />
transforman<strong>do</strong>-as em áreas urbanas: São Cristóvão, Deo<strong>do</strong>ro,<br />
Cascadura, Engenho Novo, Rocha, Méier, Madureira... Em cada<br />
estação, um novo bairro surgia.<br />
Associação Nacional de Preservação Ferroviária<br />
O Palácio <strong>do</strong> Catete<br />
abriga hoje o Museu<br />
da República, com<br />
uma biblioteca que<br />
contém <strong>do</strong>cumentos e<br />
publicações, obras raras e<br />
de pintores importantes<br />
para a História <strong>do</strong> Brasil.<br />
Não deixe de conhecer!<br />
109
Os trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II, atual Estrada de Ferro<br />
Central <strong>do</strong> Brasil, abriram caminhos e fizeram história no <strong>Rio</strong>.<br />
Estação da Estrada de Ferro Central <strong>do</strong><br />
Brasil, de Marc Ferrez<br />
110<br />
Biblioteca Mário de Andrade<br />
Estação da Estrada de Ferro Central <strong>do</strong><br />
Brasil nos dias atuais<br />
Rodrigo Sol<strong>do</strong>n<br />
Antonio Hauaji<br />
Sua vez!<br />
Você já an<strong>do</strong>u de trem? De<br />
onde para onde? Perto da<br />
sua casa ou da sua escola há<br />
alguma estação de trem?<br />
Observe o mapa abaixo<br />
à esquerda. Partin<strong>do</strong> da<br />
Estação Ferroviária Central<br />
<strong>do</strong> Brasil, para onde se<br />
dirigem os trens: Zona Norte?<br />
Zona Oeste? Zona Sul?<br />
Organize todas as suas<br />
respostas em um texto.<br />
Veja, ao la<strong>do</strong>, um mapa<br />
das vias ferroviárias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.
Em deslocamentos mais curtos pela cidade, a trabalho ou a passeio,<br />
os passageiros embarcavam em bondes puxa<strong>do</strong>s por burros que,<br />
mais tarde, foram substituí<strong>do</strong>s pelos elétricos. O primeiro bonde<br />
puxa<strong>do</strong> por burros começou a circular em 1859. Saía <strong>do</strong> Largo <strong>do</strong><br />
Rocio, hoje Praça Tiradentes, e ia até a Usina, na Tijuca.<br />
Bonde puxa<strong>do</strong> por burro<br />
Juan Gutierrez<br />
Bonde elétrico<br />
E por onde andavam tão ilustres passageiros? Um <strong>do</strong>s lugares<br />
preferi<strong>do</strong>s era o Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, que estava mesmo fican<strong>do</strong> uma<br />
beleza. Uma rua, em especial, atraía muita gente: a Rua <strong>do</strong><br />
Ouvi<strong>do</strong>r. Tu<strong>do</strong> o que havia de mais elegante estava lá: lojas de<br />
perfumes, de teci<strong>do</strong>s finos, de chapéus, confeitarias, livrarias...<br />
Vitrines e mais vitrines “enchiam” os olhos <strong>do</strong>s passantes.<br />
Apesar de ainda abrigar bancos, escritórios e empresas, a Rua<br />
<strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>r de hoje está bem diferente. Comércio mais popular,<br />
barulho, pessoas vestin<strong>do</strong> bermudas, calçan<strong>do</strong> sandálias... Tu<strong>do</strong><br />
isso faz da antiga rua um ambiente bem mais informal.<br />
Além das ferrovias e <strong>do</strong>s bondes, outras melhorias chegaram para<br />
tornar a vida <strong>do</strong>s cariocas mais confortável: iluminação pública<br />
a gás, sistema de esgotos, abertura de instituições bancárias,<br />
construção de navios, enfim, a cidade estava fican<strong>do</strong> moderna<br />
mesmo. E cada vez mais.<br />
Augusto Malta / Biblioteca da Academia<br />
Brasileira de Letras<br />
Macha<strong>do</strong> de Assis<br />
O escritor Macha<strong>do</strong><br />
de Assis, funda<strong>do</strong>r da<br />
Academia Brasileira de<br />
Letras, era frequenta<strong>do</strong>r<br />
assíduo <strong>do</strong>s cafés da<br />
região. Observan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>,<br />
em muitos livros ele<br />
criticou comportamentos<br />
e costumes dessa época.<br />
Fundação Biblioteca Nacional<br />
111
Editora Ática<br />
112<br />
Vai lá!<br />
Academia Brasileira de Letras<br />
Foi fundada no <strong>Rio</strong> de Janeiro, em 1897, por vários escritores,<br />
entre eles Macha<strong>do</strong> de Assis. Lá se reúnem os chama<strong>do</strong>s<br />
“imortais” – poetas e escritores –, que têm como missão o cultivo<br />
da língua portuguesa e da literatura brasileira.<br />
Endereço: Avenida Presidente Wilson, 203, Centro.<br />
Ilha Fiscal<br />
É um lin<strong>do</strong> castelinho que foi construí<strong>do</strong> no século XIX para<br />
controle das merca<strong>do</strong>rias que entravam e saíam pelo porto <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong>. Atualmente, abriga um museu histórico-cultural.<br />
Endereço: Avenida Alfre<strong>do</strong> Agache, s/n., Centro.<br />
Livro à vista!<br />
Abrin<strong>do</strong> Caminho<br />
Autora: Ana Maria Macha<strong>do</strong>.<br />
Editora: Ática, São Paulo, 2003.<br />
Viagem com importantes personagens<br />
<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> que transformaram selva,<br />
deserto, oceano e céu em caminhos.<br />
E quantos foram abertos!<br />
Muito bem, depois de<br />
tantos acontecimentos<br />
e agitação, uma pausa<br />
para respirar. Até o<br />
próximo capítulo.
O <strong>Rio</strong> de Janeiro:<br />
vitrine, cartão-postal<br />
e capital federal<br />
Pesca<strong>do</strong>r de belezas<br />
Joga no <strong>Rio</strong> a rede,<br />
vai navegan<strong>do</strong>,<br />
navegan<strong>do</strong> vai...<br />
maravilhas pescan<strong>do</strong><br />
Turista<br />
(Sandra Lopes) Enseada de Botafogo, de Antonio Nicola Facchinetti<br />
Do século XIX ao XX, o <strong>Rio</strong> cresceu e apareceu. Prédios,<br />
espaços públicos e monumentos importantes foram<br />
construí<strong>do</strong>s. O Brasil ganhou a primeira Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />
Séculos<br />
XV<br />
XVI XVII<br />
Capital <strong>do</strong> Brasil<br />
Distrito Federal<br />
XIX XX<br />
Capítulo 8<br />
XVIII XXI<br />
Museu de Arte de São Paulo<br />
Avenidas e arranha-céus<br />
Cristo Redentor<br />
Maracanã<br />
Sambódromo
Mal chega o mês de fevereiro, o <strong>Rio</strong> começa a ferver. E nem é só<br />
pelo calor <strong>do</strong> verão, não. A cidade entra no clima da folia e abre<br />
alas para a maior festa popular <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>: o carnaval. Milhares<br />
de pessoas se movimentam para fazer <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> a capital da alegria,<br />
da descontração, da brincadeira que se instala nos morros e no<br />
asfalto, nas ruas e nas praças.<br />
Carnaval <strong>do</strong>s anos 1910<br />
114<br />
Augusto Malta<br />
Desfiles de blocos nos dias atuais<br />
Escolas de samba, bandas, blocos e foliões, com suas fantasias,<br />
inundam o <strong>Rio</strong> com sons, ritmos, cores e criatividade. Tu<strong>do</strong> rega<strong>do</strong><br />
a sambas e marchinhas feitos especialmente para a ocasião.<br />
Desfile da escola de samba Uni<strong>do</strong>s de Vila Isabel<br />
Ascom <strong>Rio</strong>tur<br />
Ascom <strong>Rio</strong>tur<br />
O carnaval é uma festa<br />
muito antiga trazida<br />
para o Brasil pelos<br />
portugueses. Mais tarde,<br />
os ritmos africanos se<br />
juntaram aos europeus,<br />
e, hoje, temos essa<br />
beleza de folia.
O desfile das escolas de samba é um <strong>do</strong>s pontos altos <strong>do</strong> carnaval.<br />
É na Passarela Professor Darcy Ribeiro, conhecida popularmente<br />
como Sambódromo, que os componentes das escolas desfilam sua<br />
arte e sua garra diante de milhares de pessoas encantadas com<br />
tanta beleza e criatividade.<br />
O Sambódromo foi inaugura<strong>do</strong> em 1984, e o seu projeto é de<br />
autoria <strong>do</strong> arquiteto carioca Oscar Niemeyer. A Estação Primeira<br />
de Mangueira foi a campeã naquele ano, com o enre<strong>do</strong> Yes, Nós<br />
Temos Braguinha.<br />
Ó Abre Alas é considerada a primeira marchinha de carnaval,<br />
composta por Chiquinha Gonzaga, em 1899, para o cordão<br />
carnavalesco Rosa de Ouro. Virou símbolo <strong>do</strong> carnaval carioca,<br />
tocada to<strong>do</strong>s os anos em to<strong>do</strong>s os cantos da cidade.<br />
Ó abre alas<br />
que eu quero passar<br />
Eu sou da lira<br />
Chiquinha Gonzaga<br />
www.chiquinhagonzaga.com<br />
não posso negar<br />
Rosa de Ouro<br />
é quem vai ganhar<br />
Chiquinha Gonzaga<br />
www.chiquinhagonzaga.com<br />
Chiquinha Gonzaga<br />
nasceu no <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
em 1847. Foi pianista e<br />
compositora de choros,<br />
valsas e tangos, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />
a primeira mulher a reger<br />
uma orquestra no Brasil.<br />
Sua vida não foi nada fácil<br />
e bem diferente da vida das<br />
mulheres daqueles tempos.<br />
Por isso, causava espanto.<br />
Chiquinha ocupa um lugar<br />
de honra na música e na<br />
sociedade brasileiras.<br />
115
Outra característica <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> são as baianas venden<strong>do</strong> comidas<br />
típicas nas ruas.<br />
Com certeza, você já viu uma delas, toda bonita em sua saia<br />
rodada, com bata, turbante, colares, pulseiras e o tabuleiro<br />
cheinho de quitutes: bolo de aipim e fubá, cocada preta e branca,<br />
cuscuz, pé de moleque...<br />
Sem falar <strong>do</strong> acarajé frito na hora, espalhan<strong>do</strong> o cheiro de dendê<br />
em torno de suas barraquinhas.<br />
Baianas <strong>do</strong> Acarajé, de Amneris Hartley<br />
Junto com tais gostosuras, as “cariocas baianas” também<br />
oferecem aos fregueses um tanto da cultura e uma pitada da<br />
nossa história. Quem teria inicia<strong>do</strong> tão deliciosa tradição?<br />
Vin<strong>do</strong>s de Salva<strong>do</strong>r, onde eram persegui<strong>do</strong>s por praticarem o<br />
can<strong>do</strong>mblé, muitos escravos alforria<strong>do</strong>s fixaram-se na região<br />
onde hoje estão os bairros da Cidade Nova, da Gamboa, <strong>do</strong> Santo<br />
Cristo, <strong>do</strong> Catumbi e da Saúde, forman<strong>do</strong> o que ficou conheci<strong>do</strong><br />
como Pequena África.<br />
116<br />
http://amnerishartley.sites.uol.com.br<br />
Sua vez!<br />
Aqui está uma boa reflexão<br />
para a turma:<br />
De ontem para hoje, o que as<br />
mulheres conquistaram?<br />
Entrevistem duas mulheres em<br />
idades diferentes, uma com 20<br />
anos e outra com mais de 70<br />
anos. Como é a vida da mais<br />
nova? Como era a vida da mais<br />
velha aos 20 anos?<br />
O que mu<strong>do</strong>u? O que<br />
permanece igual? Quais foram<br />
as principais conquistas?<br />
As meninas da turma preferem<br />
a vida de ontem ou a de hoje?<br />
Por quê? E os meninos, o que<br />
acham de tu<strong>do</strong> isso?
Santo Cristo<br />
Cidade<br />
Nova<br />
Catumbi<br />
Mapa da “Pequena África” carioca<br />
Gamboa<br />
Central <strong>do</strong><br />
Brasil<br />
Foi assim que aqui chegou Hilária Batista de Almeida (1854-<br />
1924), conhecida como Tia Ciata, a mais famosa das “tias baianas”<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Mãe de santo e cozinheira de mão-cheia, sempre paramentada<br />
com roupas de baiana, vendia suas guloseimas na Rua Sete de<br />
Setembro, no Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
Sua casa era uma verdadeira capital da Pequena África, com boa<br />
comida e boa música. Lá se reuniam os grandes bambas da época,<br />
em pagodes e saraus supimpas. Foi lá que o samba nasceu.<br />
O próximo abre-alas é para a primeira mulher a fazer parte da ala<br />
<strong>do</strong>s compositores de uma escola de samba – a Império Serrano.<br />
Seu nome? Dona Ivone Lara.<br />
Carioca da gema, essa grande dama <strong>do</strong> samba trabalhou como<br />
enfermeira e, depois de se aposentar, dedicou-se, exclusivamente,<br />
à carreira artística.<br />
São muitas as suas composições, cantadas por ela própria e por<br />
grandes cantores brasileiros. Quer cantar uma? Vamos lá!<br />
Saúde<br />
Candelária<br />
Cinelândia<br />
Aeroporto<br />
Santos Dumont<br />
Juliana Gonçalves<br />
Alguns escravos conseguiam<br />
juntar dinheiro e comprar<br />
a própria liberdade. Outros<br />
eram liberta<strong>do</strong>s pelos<br />
seus senhores, ou seja,<br />
ganhavam a alforria.<br />
Sua vez!<br />
As rodas de samba são<br />
populares no <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro. Um <strong>do</strong>s lugares mais<br />
tradicionais é a Pedra <strong>do</strong> Sal.<br />
Monte com a turma um<br />
projeto sobre o local. Faça a<br />
pesquisa em etapas:<br />
1) Escolha <strong>do</strong> título<br />
2) O que já sabemos sobre<br />
o local<br />
3) O que desejamos saber<br />
4) Onde vamos pesquisar<br />
5) O que aprendemos<br />
117
118<br />
Sonho meu, sonho meu<br />
Vai buscar quem mora longe, sonho meu<br />
Vai mostrar esta saudade, sonho meu<br />
Com a sua liberdade, sonho meu<br />
(...)<br />
Sonho Meu<br />
(Dona Ivone Lara)<br />
Dona Ivone Lara, durante show no Tim Festival 2005<br />
Para essas três mulheres e muitas outras <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>, uma homenagem em forma de poesia.<br />
Há estrelas brancas, azuis, verdes, vermelhas.<br />
Há estrelas-peixes, estrelas-pianos, estrelas-meninas,<br />
estrelas-voa<strong>do</strong>ras, estrelas-flores, estrelas-sabiás.<br />
Há estrelas que veem, que ouvem, outras surdas e outras cegas.<br />
Há muito mais estrelas que máquinas, burgueses e operários.<br />
Quase que só há estrelas.<br />
Estrelas<br />
(Raul Bopp)<br />
Daniel Kfouri / UOL<br />
No carnaval de 2012, a<br />
escola de samba Império<br />
Serrano saiu com um<br />
tema empolgante – Dona<br />
Ivone Lara: O Enre<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Meu Samba. Mais <strong>do</strong> que<br />
mereci<strong>do</strong>, concorda?<br />
O primeiro samba grava<strong>do</strong><br />
em disco foi Pelo Telefone,<br />
de autoria de Donga.<br />
Isso foi em 1917. O(a)<br />
professor(a) pode ensinar<br />
essa música para a turma.
<strong>Rio</strong> <strong>do</strong> bota-abaixo<br />
Século XX, aqui estamos nós! E quais são as novidades? A partir<br />
da Constituição de 1891, o <strong>Rio</strong> passou a ser o Distrito Federal,<br />
sen<strong>do</strong> confirma<strong>do</strong> como capital <strong>do</strong> Brasil.<br />
A população crescia rapidamente: chegavam novos mora<strong>do</strong>res<br />
vin<strong>do</strong>s da Europa, e ex-escravos buscavam trabalho livre na<br />
cidade. Era mais de um milhão de pessoas, e a maioria carente<br />
de serviços como água, esgoto, moradia, saúde... Enfim, faltava<br />
muita coisa para muita gente.<br />
O Centro da cidade continuava com ruas e vielas estreitas e<br />
escuras e grande parte da população viven<strong>do</strong> em cortiços.<br />
O <strong>Rio</strong> precisava mudar, e mu<strong>do</strong>u. De 1902 a 1906, o então prefeito<br />
Pereira Passos transformou a cidade de ponta a ponta. Foi um tal<br />
de derruba daqui, alarga de lá que o povo, que nunca vira tanto<br />
rebuliço ao mesmo tempo, deve ter pensa<strong>do</strong> que o “mun<strong>do</strong> ia se<br />
acabar”. E chamou as reformas <strong>do</strong> prefeito de bota-abaixo.<br />
Obras para abertura da Avenida<br />
Central (atribuída a Augusto Malta)<br />
http://oriodeantigamente.blogspot.com<br />
Avenida Central, hoje Avenida <strong>Rio</strong><br />
Branco, no começo <strong>do</strong>s anos 1900<br />
Muita água <strong>do</strong> mar foi aterrada, muita casa foi derrubada para<br />
dar lugar a largas avenidas. Era preciso abrir caminhos, ligar<br />
vários pontos, arejar a cidade e embelezar o <strong>Rio</strong>. Mais ainda?<br />
Augusto Malta / Fundação<br />
Biblioteca Nacional<br />
Estalagem Localizada na Rua<br />
<strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>, de Augusto Malta<br />
Museu da Imagem e <strong>do</strong> Som<br />
Cortiços eram casarões onde<br />
moravam muitas famílias, com<br />
poucas condições de higiene.<br />
119
A Avenida Atlântica, na orla de Copacabana, foi uma das obras<br />
realizadas durante o governo Pereira Passos. O bairro, palco de<br />
shows, de competições esportivas nacionais e internacionais e da<br />
queima de fogos no réveillon, fica na zona sul, atrain<strong>do</strong> turistas<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro. Na década de 1970, a avenida foi alargada,<br />
depois ganhou ciclovia e quiosques para atendimento ao público.<br />
Avenida Atlântica e Praia de Copacabana<br />
120<br />
Cassino<br />
Atlântico<br />
Forte de<br />
Copacabana<br />
Ponta de<br />
Copacabana<br />
Oceano Atlântico<br />
Mapa <strong>do</strong> bairro de Copacabana<br />
Avenida Nossa Senhora de Copacabana<br />
Avenida Atlântica<br />
Praia de<br />
Copacabana<br />
Rua Barata Ribeiro<br />
Rua Tonelero<br />
Bairro<br />
Peixoto<br />
Copacabana<br />
Palace<br />
Li<strong>do</strong><br />
Praça<br />
<strong>do</strong> Li<strong>do</strong><br />
Antonio Hauaji<br />
Wikimedia Commons<br />
Forte de Copacabana<br />
No século XVII, peruanos<br />
comerciantes de prata<br />
construíram uma capela<br />
dedicada a Nossa Senhora<br />
de Copacabana onde<br />
hoje fica o Forte de<br />
Copacabana. A região era<br />
chamada de Sacopenapã<br />
(“caminho <strong>do</strong>s socós”,<br />
em língua tupi). Com o<br />
tempo, o nome da santa<br />
passou a nomear o bairro,<br />
e o antigo nome indígena<br />
foi esqueci<strong>do</strong>.<br />
Diretoria <strong>do</strong> Patrimônio Histórico<br />
e Cultural <strong>do</strong> Exército
Mas, enquanto vinham abaixo cortiços, casas, conventos, morros e<br />
ruas inteiras, para onde iam os seus habitantes?<br />
Alguns foram para os subúrbios em busca de um lugar para<br />
morar. Outros construíram suas casas nos morros próximos ao<br />
Centro da cidade. Em casebres de madeira com telha<strong>do</strong>s de zinco,<br />
as pessoas continuaram viven<strong>do</strong> de maneira tão ou mais difícil<br />
<strong>do</strong> que nos cortiços.<br />
Uma marchinha de carnaval gravada em 1952 canta e conta as<br />
dificuldades <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res das favelas, sem água, sem luz, sem...<br />
Lata d’água na cabeça<br />
Lá vai Maria, lá vai Maria<br />
Sobe o morro e não se cansa<br />
Pela mão leva a criança<br />
Lá vai Maria<br />
Maria lava roupa lá no alto<br />
Lutan<strong>do</strong> pelo pão de cada dia<br />
Sonhan<strong>do</strong> com a vida no asfalto<br />
Que acaba quan<strong>do</strong> o morro<br />
principia.<br />
Lata d’Água<br />
(Luis Antônio e Jota Jr.)<br />
Enquanto o <strong>Rio</strong> se modernizava, ganhan<strong>do</strong> ares de “grande<br />
cidade”, as <strong>do</strong>enças rondavam to<strong>do</strong>s os cantos: febre amarela,<br />
varíola, tuberculose e peste bubônica matavam mora<strong>do</strong>res e<br />
também visitantes.<br />
Uma verdadeira “guerra” foi decretada aos ratos e aos mosquitos,<br />
transmissores de <strong>do</strong>enças.<br />
Sob as ordens <strong>do</strong> médico Oswal<strong>do</strong> Cruz, os “mata-mosquitos”<br />
iam de porta em porta eliminan<strong>do</strong> focos de ratos e de mosquitos.<br />
Mas uma de suas ordens espantou a população: “Vacina<br />
obrigatória para to<strong>do</strong>s!”.<br />
Sua vez!<br />
Repare bem nas duas fotos.<br />
Você diria que se trata <strong>do</strong><br />
mesmo local?<br />
Jorge Brazil Augusto Malta<br />
Pesquise e identifique:<br />
Que lugar é esse? Onde fica?<br />
Como eram os prédios, os<br />
transportes e o vestuário<br />
ontem? Como são hoje?<br />
Uma pista: essa obra é<br />
considerada por muitos a<br />
mais importante <strong>do</strong> prefeito<br />
Pereira Passos. Merece um<br />
passeio com a turma.<br />
121
E muitas pessoas reagiram. Foi uma verdadeira revolução,<br />
conhecida como Revolta da Vacina. Bondes incendia<strong>do</strong>s, postes<br />
de luz destruí<strong>do</strong>s, pessoas mortas e feridas.<br />
Tu<strong>do</strong> porque a população não sabia <strong>do</strong>s benefícios trazi<strong>do</strong>s pela<br />
vacina e desconfiava daquilo que ignorava. Faltaram informações<br />
e também esclarecimentos.<br />
Charge de época retratan<strong>do</strong> a Revolta da Vacina, de Leônidas<br />
O <strong>Rio</strong> arranha o céu<br />
De 1930 a 1960, o visual da cidade mu<strong>do</strong>u muito. Veja só algumas<br />
alterações no traça<strong>do</strong> e na alma <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>:<br />
• Urbanização de bairros como Leblon, Ipanema e Copacabana.<br />
Bairro de Copacabana<br />
122<br />
www.fiocruz.br<br />
http://oriodeantigamente.blogspot.com.br<br />
Morro da Providência<br />
Um <strong>do</strong>s morros mais<br />
habita<strong>do</strong>s pela população<br />
pobre foi o Morro da Favela,<br />
atual Providência, que deu o<br />
nome de “favela” aos demais.<br />
Sua vez!<br />
De lá para cá, muita coisa<br />
tem muda<strong>do</strong> nas favelas<br />
também. E para melhor.<br />
Você é capaz de apontar<br />
algumas mudanças?<br />
Daniel Garcia Neto
• Demolição <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Castelo, berço da cidade, e construção<br />
da Esplanada <strong>do</strong> Castelo, com muitos prédios de muitos andares.<br />
Demolição <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Castelo<br />
• Instalação de fábricas de teci<strong>do</strong>s, papel, lâmpadas, parafusos<br />
e pregos nos bairros de São Cristóvão, Del Castilho, Bonsucesso,<br />
Maria da Graça e Bangu.<br />
• Abertura de avenidas, como a Presidente Vargas e a Brasil.<br />
• Construção de hospitais: Getúlio Vargas (Penha), Carlos Chagas<br />
(Marechal Hermes), Jesus (Vila Isabel) e Miguel Couto (Gávea).<br />
• Criação de escolas, da Universidade <strong>do</strong> Distrito Federal e <strong>do</strong><br />
Instituto de Educação <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Instituto de Educação <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
www.rioquepassou.com.br<br />
Carlos Luis M. C. da Cruz /<br />
Wikimedia Commons<br />
Os prédios começam a subir, um andar sobre o outro, parecem<br />
mesmo querer chegar bem perto, “arranhar o céu”.<br />
Cristo Redentor<br />
De onde você mora dá para<br />
ver o Cristo?<br />
Quan<strong>do</strong> for ao Corcova<strong>do</strong>,<br />
veja se dá para encontrar<br />
sua casa lá de cima.<br />
Sean Vivek Crasto<br />
123
E, por falar em altura, os cariocas ganharam um belo presente<br />
no ano de 1931: foi inaugura<strong>do</strong> o Cristo Redentor, uma das<br />
maravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> moderno. Da estátua, construída no alto<br />
<strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Corcova<strong>do</strong>, dá para ver a zona sul, o Centro, boa<br />
parte da zona norte e até Niterói, <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da baía.<br />
O monumento é visita<strong>do</strong> o ano to<strong>do</strong> por cariocas e turistas<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro. Está presente em filmes, capas de revistas,<br />
charges, propagandas, poemas e músicas. Está na vida <strong>do</strong>s<br />
cariocas. Sem preconceitos, seus braços abertos dão boas-vindas<br />
e abençoam to<strong>do</strong>s.<br />
Pôster <strong>do</strong> filme <strong>Rio</strong><br />
124<br />
20 th Century Fox<br />
Capa da revista Veja <strong>Rio</strong><br />
E nessa época teve mais, muito mais! A criação das estações de<br />
rádio foi sucesso absoluto. A comunicação saía <strong>do</strong> simples “boca<br />
a boca”, das páginas impressas <strong>do</strong>s jornais e “botava no ar”<br />
programas humorísticos, notícias e músicas que chegavam às<br />
casas, aos bares, aos ouvi<strong>do</strong>s das pessoas.<br />
Editora Abril<br />
www.radioantigo.com.br<br />
Modelo de rádio <strong>do</strong>s anos 1930<br />
As ondas <strong>do</strong> rádio<br />
transmitiam também<br />
os jogos de futebol,<br />
paixão nacional. E ainda<br />
transmitem. Torce<strong>do</strong>res não<br />
abrem mão de vibrar ou<br />
sofrer com seu time, na voz<br />
<strong>do</strong>s empolga<strong>do</strong>s narra<strong>do</strong>res<br />
e comentaristas esportivos.
O Brasil já sediou uma Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>. Foi em 1950. Nosso time<br />
não ganhou o campeonato, mas o <strong>Rio</strong> ganhou um presentão: o<br />
Estádio Mário Filho, ou melhor, o Maracanã. Ou, ainda, o Maraca,<br />
como dizem orgulhosamente os cariocas.<br />
Projeção em 3D <strong>do</strong> Maracanã após as obras para a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> de 2014<br />
Em 1958, os brasileiros acompanharam a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>,<br />
disputada na Suécia, ouvin<strong>do</strong> os jogos pelo rádio. O Brasil foi<br />
pela primeira vez campeão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e os brasileiros fizeram<br />
grande festa nas ruas, mesmo sem ter televisão em casa.<br />
Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> de 1958: festa nas ruas<br />
CBF News<br />
Desfile da Seleção em carro de bombeiros<br />
UOL / Divulgação CBF<br />
CBF News<br />
Sua vez!<br />
Qual é o seu time <strong>do</strong><br />
coração? Qual é o time<br />
preferi<strong>do</strong> da turma?<br />
Cada aluno vai desenhar a<br />
camisa de seu clube, e vocês<br />
vão usar os desenhos para<br />
montar um gráfico de barras.<br />
Cada camisa desenhada<br />
representa um voto.<br />
Saudações flamenguistas,<br />
vascaínas, tricolores,<br />
botafoguenses e americanas<br />
para to<strong>do</strong>s!<br />
Escu<strong>do</strong>s de Wikimedia Commons<br />
125
Editora Cia. das Letras<br />
126<br />
Vai lá!<br />
Theatro Municipal<br />
Inaugura<strong>do</strong> em 1909, esse belíssimo prédio encanta to<strong>do</strong>s com sua<br />
cúpula <strong>do</strong>urada, seus vitrais e mosaicos. A decoração foi feita pelos<br />
mais importantes escultores e pintores da época. Vale uma visita<br />
para conhecer o seu interior – escadaria, plateia, palco, camarotes –,<br />
onde são encena<strong>do</strong>s óperas, balés e outros espetáculos.<br />
Endereço: Praça Marechal Floriano, s/n., Cinelândia.<br />
Estádio Mário Filho<br />
O nosso conheci<strong>do</strong> Maracanã é palco de emocionantes partidas<br />
de futebol e também de shows musicais. Antes da construção,<br />
existia no local grande concentração das aves maracanã-guaçu.<br />
Daí o seu nome popular. O nome oficial homenageia o jornalista<br />
Mário Filho, que muito incentivou a sua construção.<br />
Endereço: Rua Professor Eurico Rabelo, s/n.<br />
Livro à vista<br />
A Bola e o Goleiro<br />
Autor: Jorge Ama<strong>do</strong>.<br />
Editora: Companhia das Letras,<br />
São Paulo, 1984.<br />
Conta a história de uma dupla fantástica: a<br />
bola Fura-Redes e o goleiro Bilô-Bilô. Gols<br />
olímpicos, de efeito, de letra, de bicicleta<br />
tornam a leitura animada e inesquecível.<br />
Um verdadeiro gol de placa.<br />
E mais histórias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> vêm<br />
aí, cheias de muito gás.<br />
Prepare-se.
Um <strong>Rio</strong> de muitos janeiros<br />
Dia de luz, festa de sol<br />
E um barquinho a deslizar<br />
No macio azul <strong>do</strong> mar<br />
(...)<br />
O Barquinho<br />
(Roberto Menescal e Ronal<strong>do</strong> Bôscoli)<br />
Séculos<br />
XV<br />
Competição de regata na Baía de Guanabara<br />
Em pleno século XX, o <strong>Rio</strong> ganha ares de metrópole moderna.<br />
Avenidas, pontes, túneis e viadutos transformam a paisagem da<br />
cidade. A fusão <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Guanabara com o <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
XX<br />
XVI XVII XVIII XIX XXI<br />
Esta<strong>do</strong> da Guanabara<br />
Aterros, túneis, vias expressas, viadutos<br />
Remoção de favelas<br />
Capital <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Capítulo 9<br />
Fedumendes
De cidade a esta<strong>do</strong><br />
No dia 21 de abril de 1960, o clima no Brasil estava quente. Nos<br />
rádios, nos jornais, na televisão, para a gente de to<strong>do</strong> canto, de<br />
Norte a Sul, o assunto era um só: a inauguração de Brasília, a<br />
nova capital.<br />
O presidente Juscelino Kubitschek já descera a escadaria <strong>do</strong><br />
Palácio <strong>do</strong> Catete, residência <strong>do</strong>s presidentes da República até<br />
aquele dia, e voara para o Planalto Central, centro geográfico <strong>do</strong><br />
país e, a partir de então, centro político também.<br />
A cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro não era mais a capital <strong>do</strong> país. Mas,<br />
nesse dia, a nova capital da República não brilhou sozinha. Teve<br />
que dividir os flashes e holofotes com um novo esta<strong>do</strong> cria<strong>do</strong>:<br />
o esta<strong>do</strong> da Guanabara.<br />
E o que se viu então? Obras por to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Com o aumento<br />
da população “motorizada” – pessoas se deslocan<strong>do</strong> em seus<br />
carros ou em ônibus para trabalhar ou se divertir –, a solução<br />
encontrada foi abrir túneis, construir viadutos, vias expressas<br />
e fazer aterros. Como o Aterro <strong>do</strong> Flamengo.<br />
Vista aérea <strong>do</strong> Aterro <strong>do</strong> Flamengo<br />
128<br />
Ascom <strong>Rio</strong>Tur<br />
Bandeira <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da Guanabara<br />
Isso mesmo! A cidade <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> virou esta<strong>do</strong>.<br />
E elegeu o seu primeiro<br />
governa<strong>do</strong>r em 1960.<br />
Carlos Lacerda tomou posse<br />
no dia 5 de dezembro, no<br />
Palácio Tiradentes.<br />
Wikimedia Commons
O Parque Brigadeiro Eduar<strong>do</strong> Gomes, nome oficial <strong>do</strong> Aterro <strong>do</strong><br />
Flamengo, ou simplesmente Aterro, como preferem os cariocas,<br />
foi construí<strong>do</strong> sobre aterros sucessivos.<br />
O material veio <strong>do</strong> desmonte de morros próximos (Morro <strong>do</strong><br />
Castelo e de Santo Antônio). Estende-se <strong>do</strong> Aeroporto Santos<br />
Dumont até o início da Praia de Botafogo, na zona sul.<br />
Percorrer suas vias expressas, contornan<strong>do</strong> a baía, é estonteante.<br />
Para onde olhar? Para os monumentos? Para os jardins? Para os<br />
barquinhos no “macio azul <strong>do</strong> mar”? Para a Praça Paris ou os<br />
belos edifícios no outro la<strong>do</strong>?<br />
Muita gente acha que seu maior tesouro é o imenso jardim<br />
projeta<strong>do</strong> pelo paisagista brasileiro Burle Marx.<br />
Lá, o principal atrativo é a diversidade da flora, com muitas<br />
plantas nativas que atraem aves de várias espécies.<br />
Passarela no jardim <strong>do</strong> Aterro<br />
Ronal<strong>do</strong> Miranda<br />
Galeria <strong>do</strong> Túnel Rebouças<br />
Wikimedia Commons<br />
O Túnel Rebouças,<br />
inaugura<strong>do</strong> em 1967, faz a<br />
ligação entre o <strong>Rio</strong> Compri<strong>do</strong><br />
e a Lagoa, na zona sul <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
Burle Marx desde criança<br />
colecionava plantas e<br />
cultivava mudas. São famosos<br />
os seus jardins em vários países.<br />
A mais importante coleção<br />
de plantas vivas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
está no Sítio Roberto Burle<br />
Marx, em Guaratiba, onde ele<br />
morou. Vale a pena conhecer!<br />
129
130<br />
Sua vez!<br />
Carioca a<strong>do</strong>ra um apeli<strong>do</strong>, concorda?<br />
Descubra o nome oficial destes lugares e onde estão localiza<strong>do</strong>s.<br />
1<br />
3<br />
5<br />
1 - Engenhão<br />
2 - Pedregulho<br />
MREBrasil<br />
Márcio Macha<strong>do</strong><br />
Guilherme Torelly<br />
3 - Cebolão<br />
2<br />
4<br />
6<br />
4 - Viaduto <strong>do</strong>s Cabritos<br />
5 - Minhocão<br />
6 - Piscinão<br />
Gabrielle k<br />
Clauber Stewart<br />
RLCS
Para onde ruma o <strong>Rio</strong><br />
Tantas obras, tantas mudanças, muito progresso chegou. Em<br />
busca de novos espaços, a ocupação da Barra da Tijuca, na zona<br />
oeste, surgiu como uma alternativa de moradia, comércio e lazer.<br />
Barra da Tijuca<br />
E de um novo estilo de vida: con<strong>do</strong>mínios fecha<strong>do</strong>s, autoestradas<br />
e shopping centers convidan<strong>do</strong> para o consumo.<br />
Interior <strong>do</strong> Barra Shopping<br />
Eduar<strong>do</strong> P / Wikimedia Commons<br />
Ruy Barbosa Pinto<br />
A região da Barra era<br />
um imenso areal com<br />
vegetação de restinga. Até<br />
mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, era<br />
frequentada quase só por<br />
pesca<strong>do</strong>res. A construção<br />
da Autoestrada Lagoa-Barra<br />
e da Linha Amarela tem<br />
trazi<strong>do</strong> para a Barra pessoas<br />
de todas as partes da Região<br />
Metropolitana <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> para<br />
morar, trabalhar ou mesmo<br />
para se divertir.<br />
131
Ao mesmo tempo, as favelas também continuavam crescen<strong>do</strong>.<br />
E crescen<strong>do</strong> com ruas e becos estreitos e desordena<strong>do</strong>s, barracos<br />
insalubres, perigo de desabamento. Enfim, pon<strong>do</strong> em risco a vida<br />
<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res.<br />
Pensa daqui, pensa de lá, o governo da época toma uma decisão<br />
que vai afetar a vida de muita gente: remover as favelas.<br />
Vista aérea <strong>do</strong> Complexo da Maré<br />
Deslocar, transferir, levar para outro lugar uma multidão<br />
de homens, mulheres, i<strong>do</strong>sos e crianças, com to<strong>do</strong>s os seus<br />
pertences. Já pensou?<br />
Nem to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> concor<strong>do</strong>u, nem to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> foi contra<br />
a ideia. Muitas remoções aconteceram. Surgiram, assim, a<br />
Cidade de Deus, as Vilas Kennedy, Aliança e Esperança e outras<br />
comunidades mais.<br />
132<br />
www.myzoom.com.br<br />
Hoje, a situação é bem<br />
outra em muitos locais.<br />
A capacidade de luta<br />
e de organização, a<br />
criatividade <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<br />
das favelas e também as<br />
ações <strong>do</strong>s governantes<br />
estão levan<strong>do</strong> projetos de<br />
urbanização e de segurança<br />
a várias comunidades, sem<br />
necessidade de remoção.
Passeio no teleférico <strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> Alemão<br />
Longe <strong>do</strong>s locais de trabalho, separa<strong>do</strong>s de vizinhos e amigos,<br />
ainda assim alguns mora<strong>do</strong>res viram pontos positivos na<br />
nova situação: serviços, como água encanada e esgoto, e,<br />
principalmente, o <strong>do</strong>cumento de propriedade.<br />
O sonho da casa própria tornou-se realidade para muitos.<br />
Carioca ou fluminense?<br />
Depois de 15 anos separa<strong>do</strong>s, cariocas e fluminenses ficaram juntos<br />
outra vez. Em tempo: carioca é quem nasce na cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro, e fluminenses são os nasci<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Em 1975, sem nenhuma consulta à população, o governo federal<br />
fez a fusão <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s da Guanabara e <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Surgiu o<br />
novo esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro com o município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
como sua capital.<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Um passeio no teleférico<br />
sobre o Complexo <strong>do</strong><br />
Alemão, na zona norte,<br />
mostra, lá <strong>do</strong> alto,<br />
uma nova paisagem<br />
da cidade. O carioca<br />
mora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> lugar quer<br />
ver, ser visto e respeita<strong>do</strong>.<br />
133
Bandeira <strong>do</strong> município<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
134<br />
Wikimedia Commons<br />
Bandeira <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
A polêmica foi grande e, como sempre acontece nesses casos, não<br />
agra<strong>do</strong>u a to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />
Como se sentiram os cariocas diante de tantas mudanças<br />
políticas? Afinal, a cidade foi sede <strong>do</strong> Vice-Reino, capital <strong>do</strong><br />
Império, Distrito Federal, capital <strong>do</strong> Brasil, esta<strong>do</strong> da Guanabara<br />
e passou a ser um município <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Vista <strong>do</strong> Cristo Redentor com o bairro de Ipanema ao fun<strong>do</strong><br />
Wikimedia Commons<br />
Ricar<strong>do</strong> Zerrenner / Ascom <strong>Rio</strong>Tur<br />
Cada esta<strong>do</strong> brasileiro<br />
é forma<strong>do</strong> por vários<br />
municípios.<br />
O município tem uma<br />
cidade sede e distritos,<br />
um espaço urbano e<br />
outro rural.<br />
O <strong>Rio</strong> é um município<br />
diferente: só tem a cidade<br />
sede e sua antiga zona<br />
rural, que hoje já está<br />
praticamente urbanizada.
E como terão se senti<strong>do</strong> os niteroienses, ven<strong>do</strong> sua cidade perder<br />
a posição de capital <strong>do</strong> antigo esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro? Ainda<br />
hoje se discute essa questão. Há até quem sugira uma “desfusão”.<br />
Vista <strong>do</strong> Museu de Arte Contemporânea (MAC), com a Praia de Icaraí ao fun<strong>do</strong><br />
Polêmicas à parte, as duas cidades estão unidas. São ligadas pelas<br />
pessoas que moram lá e trabalham cá, por gente que se diverte<br />
nas praias de lá e nos cinemas e teatros de cá. Ontem viajan<strong>do</strong><br />
pelas barcas que cruzam as águas da Baía de Guanabara, hoje<br />
contam também com a Ponte <strong>Rio</strong>-Niterói, que virou cartão-postal.<br />
Ponte <strong>Rio</strong>-Niterói vista da Baía de Guanabara<br />
Wikimedia Commons<br />
Frank D2010<br />
Sua vez!<br />
Invente uma história<br />
em quadrinhos. Usan<strong>do</strong><br />
desenhos, balões e<br />
muita criatividade, crie<br />
personagens e uma<br />
história engraçada.<br />
Tema: O <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />
de esta<strong>do</strong> a município.<br />
Uma dica: consulte o<br />
livro Quadrinhos – Guia<br />
Prático, publica<strong>do</strong> pela<br />
Multi<strong>Rio</strong>, que você vai ter<br />
ótimas ideias.<br />
Juntan<strong>do</strong> todas as histórias,<br />
a turma pode organizar<br />
um diverti<strong>do</strong> gibi.<br />
135
Formato Editorial<br />
136<br />
Vai lá!<br />
Museu de Arte Moderna<br />
Situa<strong>do</strong> no Aterro <strong>do</strong> Flamengo, o MAM possui uma coleção<br />
fantástica de obras de arte nacionais e estrangeiras. Você vai<br />
se surpreender com pinturas e esculturas bem modernas.<br />
A construção já impressiona pela modernidade.<br />
Endereço: Avenida Infante Dom Henrique, 85, Parque <strong>do</strong> Flamengo.<br />
Palácio Pedro Ernesto<br />
O prédio abriga a Câmara Municipal <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, onde os<br />
verea<strong>do</strong>res se reúnem para elaborar as leis municipais.<br />
Fica pertinho <strong>do</strong> Theatro Municipal, da Biblioteca Nacional e <strong>do</strong><br />
Museu Nacional de Belas Artes. Mais <strong>do</strong> que um passeio, ir a esse<br />
lugar é um luxo!<br />
Endereço: Praça Floriano, s/n., Cinelândia.<br />
Livro à vista!<br />
<strong>Histórias</strong> de Ruas<br />
Autora: Maria Angela Resende.<br />
Editora: Formato Editorial, Belo Horizonte,<br />
2001.<br />
São várias histórias de ruas que têm nomes<br />
diferentes, poéticos, criativos, engraça<strong>do</strong>s.<br />
To<strong>do</strong>s reais, segun<strong>do</strong> a autora.<br />
Por falar nisso, você sabe por que a sua rua<br />
tem o nome que tem?<br />
Nossa história viu o <strong>Rio</strong> dar<br />
muitas voltas e reviravoltas,<br />
não é mesmo?<br />
E você pensa que terminou?<br />
Não perde por esperar.
O <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
no presente<br />
Monumento <strong>do</strong>s Pracinhas, no Aterro <strong>do</strong> Flamengo<br />
Carlos Monte Jr.<br />
XV XVI XVII<br />
A cigana leu o meu destino<br />
Eu sonhei!<br />
Bola de cristal<br />
Jogo de búzios, cartomante<br />
E eu sempre perguntei<br />
O que será o amanhã?<br />
Como vai ser o meu destino?<br />
O Amanhã<br />
(João Sérgio para G.R.E.S.<br />
União da Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r/1978)<br />
Chegamos ao século XXI. O <strong>Rio</strong> de Janeiro é sede de três eventos sobre<br />
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A cidade recebe o<br />
título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana.<br />
Séculos<br />
XVIII XIX XX<br />
Meio ambiente<br />
Tecnologia<br />
Capítulo 10<br />
XXI
De olho no futuro<br />
O que vou ser quan<strong>do</strong> crescer? Em que vou trabalhar? Serei pai<br />
ou mãe de algumas crianças? Onde estarei moran<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> for<br />
adulto? Como será o meu futuro?<br />
Você já deve ter feito essas perguntas mais de “mil vezes” quan<strong>do</strong><br />
está sozinho com seus pensamentos ou em um bate-papo com os<br />
amigos, não é?<br />
O futuro, esse desconheci<strong>do</strong>, sempre provoca curiosidade, às<br />
vezes preocupação, dúvida... Em algumas situações, queremos<br />
que o tempo passe voan<strong>do</strong>, que o futuro chegue logo. Já em<br />
outras, que vá bem devagar, devagarinho. Faz parte da vida, faz<br />
parte da história de cada um esse desejo de mandar no “destino”.<br />
Em seus diferentes espaços geográficos, os cariocas estudam,<br />
trabalham e constroem o futuro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Centro econômico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
138<br />
Pedro Kirilos / Ascom <strong>Rio</strong>Tur<br />
Em 1965, o <strong>Rio</strong> completou<br />
400 anos de idade.<br />
O 4° Centenário foi<br />
festeja<strong>do</strong> com muita<br />
animação. Na época,<br />
shows, eventos e até a<br />
escolha de uma rainha<br />
ajudaram a promover<br />
o turismo em nossa<br />
Cidade Maravilhosa.<br />
To<strong>do</strong>s os anos, no dia 1°<br />
de março, pipocam festas<br />
por to<strong>do</strong> la<strong>do</strong>.
Sua vez!<br />
Enigma secreto<br />
Para símbolo igual, letra igual.<br />
Substitua os símbolos por letras e descubra o que está escrito.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Resposta <strong>do</strong> enigma secreto: “O futuro não é algo escondi<strong>do</strong> na<br />
esquina. O futuro a gente constrói no presente”. (Paulo Freire)<br />
<br />
<br />
.<br />
.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Paulo Freire<br />
Quem disse a frase <strong>do</strong><br />
enigma ao la<strong>do</strong> foi um<br />
grande educa<strong>do</strong>r brasileiro.<br />
Peça ao(à) professor(a)<br />
para contar a história dele<br />
para a turma.<br />
Instituto Paulo Freire<br />
139
Passo a passo, a cidade caminha em um vai e vem contínuo,<br />
com erros e acertos, e chega ao século XXI. Muito já se fez, muito<br />
ainda precisa ser feito. Mas, para que o <strong>Rio</strong> seja mesmo um lugar<br />
maravilhoso para to<strong>do</strong>s os seus habitantes, é preciso, ainda,<br />
vencer muitos desafios:<br />
• moradia digna e adequada para os cariocas;<br />
• preservação de florestas, restingas, mangues e encostas;<br />
• melhoria <strong>do</strong>s transportes de massa, como trem e metrô;<br />
140<br />
Estação de Integração com a<br />
Interchange with SuperVia Trains<br />
Mapa esquemático das estações <strong>do</strong> Metrô <strong>Rio</strong><br />
Metrô <strong>Rio</strong><br />
A escola em que você<br />
estuda faz parte de um<br />
conjunto de mais de mil<br />
unidades escolares mantidas<br />
pela Prefeitura <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
Da creche ao Ensino<br />
Fundamental, milhares de<br />
alunos aprendem a ler,<br />
a escrever, a calcular, a<br />
refletir, a criticar, a inventar<br />
o mun<strong>do</strong> da ciência, da arte<br />
e da cultura. Com toda essa<br />
bagagem, você vai poder<br />
montar um belo projeto<br />
para a sua vida futura.
• ampliação da oferta de trabalho que atenda às necessidades<br />
básicas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res;<br />
• segurança para se deslocar por toda a cidade e viver em paz;<br />
• despoluição da Baía de Guanabara, de lagoas e de rios.<br />
Baía de Guanabara<br />
O <strong>Rio</strong> em flashes<br />
Se esta rua fosse minha<br />
Eu mandava ladrilhar<br />
Não para automóvel matar gente<br />
Mas para criança brincar.<br />
Se esta rua fosse minha<br />
Eu não deixava derrubar<br />
Se cortarem todas as árvores<br />
Onde é que os pássaros vão morar?<br />
Se este rio fosse meu.<br />
Eu não deixava poluir<br />
Joguem esgotos noutra parte<br />
Que os peixes moram aqui.<br />
Se este mun<strong>do</strong> fosse meu<br />
Eu fazia tantas mudanças<br />
Que ele seria um paraíso<br />
De bichos, plantas e crianças.<br />
Paraíso<br />
(José Paulo Paes)<br />
Anatoly Terentiev / Wikimedia Commons<br />
Sua vez!<br />
Faça com a turma um<br />
passeio pelo bairro de<br />
sua escola.<br />
Vocês podem fotografar,<br />
desenhar ou escrever o que<br />
observarem que está certo,<br />
o que está erra<strong>do</strong> e quais<br />
são as necessidades <strong>do</strong> lugar.<br />
Que tal levar esses<br />
<strong>do</strong>cumentos para a<br />
Associação de Mora<strong>do</strong>res?<br />
Aproveite para pesquisar as<br />
atividades da associação.<br />
Isso é participação!<br />
141
Ah! Se o mun<strong>do</strong> fosse assim... Mas não é. Acontece que, em sua<br />
busca incessante pelo progresso, muitas vezes, a humanidade<br />
interfere na natureza como se fosse um preda<strong>do</strong>r sem consciência,<br />
danifican<strong>do</strong> o ambiente onde vive.<br />
O <strong>Rio</strong> vem sofren<strong>do</strong> bastante com a ação irresponsável de muitos.<br />
Incêndios, enchentes, lixo fora <strong>do</strong> lugar, derramamento de óleo<br />
nas águas da Baía de Guanabara e poluição das lagoas fazem<br />
parte <strong>do</strong> cotidiano carioca.<br />
Queimada<br />
Aqui no <strong>Rio</strong>, como no mun<strong>do</strong> inteiro, há pessoas e organizações<br />
se movimentan<strong>do</strong> para salvar e preservar o planeta.<br />
A cidade foi sede de eventos ambientais muito importantes, como<br />
a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o<br />
Desenvolvimento (ECO-92), realizada em 1992.<br />
Cinco anos depois, em 1997, a <strong>Rio</strong>+5 foi uma nova conferência<br />
internacional que discutiu o <strong>do</strong>cumento Agenda 21, aprova<strong>do</strong> na<br />
ECO-92. Esse <strong>do</strong>cumento estabeleceu a importância e a forma<br />
como governos, empresas, organizações não governamentais e<br />
to<strong>do</strong>s os setores da sociedade de cada país cooperaram no estu<strong>do</strong><br />
de soluções para os problemas socioambientais.<br />
142<br />
Valter Campanato/Agência Brasil<br />
Meio ambiente preserva<strong>do</strong><br />
O meio ambiente é tu<strong>do</strong> o<br />
que faz parte da natureza,<br />
os seres vivos e tu<strong>do</strong> o que<br />
é construí<strong>do</strong> pelo homem.<br />
Fulviusbsas
www.rio20.info<br />
Em 2012, 20 anos depois da ECO-92, a cidade <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> sediou<br />
a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento<br />
Sustentável, que definiu as metas e ações de desenvolvimento<br />
sustentável para as próximas décadas.<br />
Muitas ideias e projetos genuinamente cariocas estão em<br />
andamento. Tu<strong>do</strong> para o <strong>Rio</strong> continuar lin<strong>do</strong>. Conheça alguns<br />
realiza<strong>do</strong>s pelo poder público e pelos próprios mora<strong>do</strong>res: coleta<br />
sistemática <strong>do</strong> lixo; plantio de árvores; limpeza de bueiros e<br />
calhas das casas; e dragagem de lagoas e rios.<br />
Lixeiras seletivas<br />
Ministério da Saúde<br />
www.rio20.info<br />
http://classic.globe.gov<br />
Garis trabalhan<strong>do</strong><br />
O <strong>Rio</strong> de Janeiro foi a<br />
primeira cidade <strong>do</strong> Brasil<br />
a contratar uma empresa<br />
para fazer a limpeza<br />
das ruas, em 1876. Era<br />
comandada por Aleixo<br />
Gary. O seu sobrenome<br />
virou sinônimo de coletor<br />
de lixo – o nosso gari.<br />
www. rio.rj.gov.br<br />
143
Apenas no final <strong>do</strong> século XIX, o lixo começou a ser visto com<br />
preocupação, e hoje é uma questão mundial. Por isso, você<br />
escuta tanto falar em reduzir, reutilizar, reciclar (3 RR). O artista<br />
plástico Vik Muniz representa bem esse movimento. Em seus<br />
quadros, ele utiliza os mais diferentes materiais. “Pinta” usan<strong>do</strong><br />
açúcar, chocolate, fios, arames e... lixo. O <strong>do</strong>cumentário Lixo<br />
Extraordinário mostra o trabalho <strong>do</strong> artista com cata<strong>do</strong>res de<br />
material reciclável no aterro <strong>do</strong> Jardim Gramacho, no município<br />
de Duque de Caxias. Vale a pena assistir!<br />
Abaixo, veja o painel Paisagem. Vik fotografou a Baía de<br />
Guanabara, <strong>do</strong> alto <strong>do</strong> Mirante Dona Marta, e recriou a imagem,<br />
durante a <strong>Rio</strong>+20, com material reciclável trazi<strong>do</strong> por ele e pelo<br />
público que compareceu à Cúpula <strong>do</strong>s Povos, realizada no<br />
Aterro <strong>do</strong> Flamengo.<br />
Painel Paisagem, obra de Vik Muniz na Cúpula <strong>do</strong>s Povos da <strong>Rio</strong>+20<br />
144<br />
Alberto Jacob Filho<br />
E por falar nisso... Como<br />
você e seus colegas cuidam<br />
<strong>do</strong> ambiente da escola?<br />
Sua vez!<br />
Seja repórter por um dia.<br />
A turma vai visitar uma<br />
cooperativa de cata<strong>do</strong>res<br />
de lixo reciclável e fazer<br />
uma reportagem sobre o<br />
trabalho realiza<strong>do</strong> por eles.<br />
Planejem o roteiro da visita,<br />
como chegar ao local, o<br />
que levar, as entrevistas.<br />
Na volta, preparem o<br />
texto contan<strong>do</strong> o que<br />
viram e aprenderam. Não<br />
esqueçam as fotos!
O <strong>Rio</strong> em rede<br />
Você pode imaginar um mun<strong>do</strong> sem TV, celular ou computa<strong>do</strong>r?<br />
Pois o mun<strong>do</strong> já foi assim, e não faz muito tempo, não. Se antes<br />
de 1950 ninguém tinha televisão no Brasil, hoje, sabe-se que mais<br />
de 90% da população brasileira possui o aparelho em casa. Os<br />
aparelhos mudaram muito de lá para cá.<br />
Modelo de TV <strong>do</strong>s anos 1950<br />
Modelo de telefone antigo<br />
Wikimedia Commons<br />
Wikimedia Commons<br />
Modelo de TV atual<br />
Com o telefone não foi diferente. Dos antigos telefones, surgi<strong>do</strong>s<br />
no século XIX, até os celulares por meio <strong>do</strong>s quais você fala, filma,<br />
faz foto e acessa a internet, foi um passo gigantesco.<br />
Telefone celular moderno<br />
E você já imaginou o que é ter um “milhão de amigos”,<br />
espalha<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>, gente que você nunca vai tocar nem<br />
abraçar, com quem nunca vai trocar um aperto de mão?<br />
www.samsung.com<br />
www.businessinsider.com<br />
No Brasil, os primeiros<br />
telefones foram instala<strong>do</strong>s<br />
no <strong>Rio</strong> de Janeiro, ainda no<br />
tempo <strong>do</strong> Império.<br />
O impera<strong>do</strong>r D. Pedro II<br />
conheceu essa invenção em<br />
uma exposição nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, em 1876.<br />
Diziam até que, na ocasião,<br />
ele teria dito em alto e bom<br />
som: “Meu Deus! Isto fala!”.<br />
145
Talvez não seja possível ter tantos amigos assim. Mas a verdade é<br />
que o computa<strong>do</strong>r veio chegan<strong>do</strong>, rapidamente, ocupan<strong>do</strong> espaço<br />
no trabalho e na vida social. Uma máquina que transporta as<br />
pessoas para um mun<strong>do</strong> novo e virtual.<br />
“Criar meu website, fazer minha homepage”, bater papo no<br />
Facebook, conectar-se com lugares nunca antes vistos passou a<br />
fazer parte <strong>do</strong> cotidiano de muita gente. Cada vez mais. Uma<br />
tela “mágica” informa, diverte, dá notícias de amigos e parentes<br />
distantes, mantém to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> (o tempo to<strong>do</strong>).<br />
Homem usan<strong>do</strong> laptop<br />
146<br />
Alberto Jacob Filho<br />
Nos bancos, nos merca<strong>do</strong>s, na praia, trabalhan<strong>do</strong>, se informan<strong>do</strong><br />
ou se entreten<strong>do</strong>, há sempre alguém conecta<strong>do</strong>. O computa<strong>do</strong>r,<br />
definitivamente, é a cara <strong>do</strong> século XXI.<br />
Mas, como tu<strong>do</strong> na vida, é preciso ter cuida<strong>do</strong> também ao usar a<br />
tecnologia. Leia o poema Passarinho Fofoqueiro, de José Paulo Paes,<br />
e tire suas conclusões.<br />
Um passarinho me contou<br />
Que a ostra é muito fechada<br />
Que a cobra é muito enrolada<br />
Lan house<br />
Que a arara é uma cabeça oca<br />
E que o leão-marinho e a foca...<br />
Xô, passarinho! Chega de fofoca!<br />
Almig<br />
Você conhece alguma<br />
lan house? Perto de sua<br />
casa tem? Você costuma<br />
frequentar? Pois saiba<br />
que esses espaços existem<br />
em várias comunidades<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, e é lá que muitas<br />
crianças, jovens e adultos<br />
experimentam pela<br />
primeira vez conectar-se<br />
com o mun<strong>do</strong> virtual.
Sua vez!<br />
O <strong>Rio</strong> de Janeiro é um verdadeiro calei<strong>do</strong>scópio, à sua disposição.<br />
Teste seus conhecimentos e tente descobrir que lugares são estes das fotos.<br />
1<br />
3<br />
5<br />
Jorge Brazil<br />
Danielxfiles<br />
Kulo<br />
2<br />
4<br />
6<br />
Resposta <strong>do</strong> calei<strong>do</strong>scópio<br />
1) Quinta da Boa Vista; 2) Morro Dona Marta; 3) Praia de Copacabana; 4) Igreja<br />
da Candelária; 5) Centro de Tradições Nordestinas; 6) Lagoa Rodrigo de Freitas.<br />
Fernan<strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong> Carmo Carmo<br />
Julio Garcia<br />
Sheila Tostes<br />
147
Alberto Jacob Filho<br />
148
O <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />
agora, é uma<br />
Cidade Maravilhosa<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro!<br />
O <strong>Rio</strong> amanheceu<br />
cantan<strong>do</strong>...<br />
O dia 1º de julho de 2012, um<br />
<strong>do</strong>mingo solar, foi histórico<br />
para o <strong>Rio</strong> de Janeiro e para o<br />
Brasil. Nossa cidade recebeu o<br />
título de Patrimônio Mundial<br />
como Paisagem Cultural<br />
Urbana, concedi<strong>do</strong> pela Unesco,<br />
uma organização internacional.<br />
A soma da beleza natural<br />
com as intervenções humanas<br />
fez <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> uma paisagem<br />
admirada e cantada por to<strong>do</strong>s<br />
aos quatro ventos.<br />
149
Editora Salamandra<br />
150<br />
Vai lá!<br />
Museu das Telecomunicações – Oi Futuro<br />
Por meio das mais avançadas tecnologias, conheça a história da<br />
comunicação humana. Uma empolgante viagem virtual conduz<br />
os visitantes pelo passa<strong>do</strong>, presente e futuro.<br />
Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63, nível 6, Flamengo.<br />
Museu da Vida<br />
Instituição que discute temas liga<strong>do</strong>s à vida, forma, informa e<br />
educa em ciência, saúde e tecnologia. O visitante percorre seus<br />
espaços embarca<strong>do</strong> no “trenzinho da ciência”. Não perca!<br />
Endereço: Avenida Brasil, 4.365, Manguinhos.<br />
Livro à vista!<br />
Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos<br />
Humanos<br />
Autores: Ruth Rocha e Otávio Roth.<br />
Editora: Salamandra, São Paulo, 1988.<br />
O livro é uma adaptação <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento<br />
elabora<strong>do</strong> pela Organização das<br />
Nações Unidas e faz o leitor entender<br />
que o caminho a ser trilha<strong>do</strong> pela<br />
humanidade é o da paz, <strong>do</strong> respeito,<br />
<strong>do</strong> amor e da igualdade.<br />
Nossa viagem chega ao<br />
final, mas não as histórias<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, que vão<br />
continuar sen<strong>do</strong> vividas<br />
e escritas por você e por<br />
to<strong>do</strong>s os cariocas. Afinal,<br />
uma “história puxa a outra”.<br />
Para você, que viajou<br />
comigo ao longo <strong>do</strong> tempo<br />
e <strong>do</strong> espaço...<br />
Aquele abraço!
Referências bibliográficas<br />
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Record, 1930.<br />
______. Versiprosa: crônica da vida cotidiana e de algumas miragens. <strong>Rio</strong> de Janeiro: J. Olympio,<br />
1967.<br />
______. Amar se aprende aman<strong>do</strong>. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Record, 1985.<br />
ANTOLOGIA de poesia brasileira para crianças. Introdução e seleção Célia Ruiz Ibáñez. São Paulo:<br />
Girassol Brasil Ed., 2002.<br />
AZEVEDO, Ricar<strong>do</strong>. Armazém <strong>do</strong> folclore. São Paulo: Ática, 2000.<br />
BRANDÃO, Toni. A carta de Pero Vaz de Caminha (para crianças). São Paulo: Studio Nobel, 1999.<br />
CASTANHA, Marilda. Agbalá, um lugar continente. Belo Horizonte: Formato Ed., 2001.<br />
COLASANTI, Marina. O menino que achou uma estrela. São Paulo: Global, 2003.<br />
FUNARI, Raquel <strong>do</strong>s Santos; BUGELLI, Mônica Lungov. Aprender juntos história, 4º Ano: Ensino<br />
Fundamental. São Paulo: Ed. SM, 2010.<br />
KAHN, Marina. O ABC <strong>do</strong>s povos indígenas no Brasil. São Paulo: Ed. SM, 2011.<br />
LOPES, Sandra. Convite carioca. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Escrita Fina, 2010.<br />
MATTOS, Ilmar R. de et al. O <strong>Rio</strong> de Janeiro, capital <strong>do</strong> Reino. São Paulo: Atual Ed., 1995.<br />
MULTIRIO. Mestre <strong>do</strong> tempo, série televisiva: textos complementares. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Empresa<br />
Municipal de Multimeios, 2011.<br />
MURRAY, Roseana. O Mar e os sonhos. Belo Horizonte: Miguilim, 1996.<br />
______. Receitas de olhar. São Paulo: FTD S.A., 1997.<br />
151
152<br />
PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 1990.<br />
PATAXÓ, Angthichay et al. O povo pataxó e suas histórias. São Paulo: Global Ed., 1999.<br />
REZENDE, Maria A. História de ruas. Belo Horizonte: Formato Ed., 2001.<br />
RICON, Luiz Eduar<strong>do</strong>. Mini Gurps: o descobrimento <strong>do</strong> Brasil. São Paulo: Devir, 1999.<br />
RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Educação. Orientações curriculares: áreas específicas<br />
Geografia e História. <strong>Rio</strong> de Janeiro, 2009.<br />
SCHWARCZ, Lilia Moritz. D. João carioca: a corte portuguesa chega ao Brasil. São Paulo:<br />
Companhia das Letras, 2007.<br />
SOUZA, Angela Leite de. Meus rios. Belo Horizonte: Formato Ed., 2000.<br />
TORRES, Antonio. O nobre sequestra<strong>do</strong>r. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Record, 2003.<br />
XAVIER, Marcelo. Mitos: O folclore de Mestre André. Belo Horizonte: Formato Ed., 1997.
Mestre <strong>do</strong> Tempo conta<br />
<strong>Histórias</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
Impressão<br />
Gráfica e Editora <strong>Rio</strong> DG<br />
Tiragem<br />
15.000 exemplares<br />
Setembro 2012
Multi<strong>Rio</strong> - Empresa Municipal de Multimeios Ltda.<br />
Largo <strong>do</strong>s Leões, 15 • Humaitá • <strong>Rio</strong> de Janeiro/RJ • Brasil • CEP 22260-210<br />
Central de Atendimento ao Cidadão: 1746 • Fora <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>: (21) 3460-1746<br />
Fax: (21) 2535-4424 • www.multirio.rj.gov.br • ouvi<strong>do</strong>ria.multirio@rio.rj.gov.br<br />
ISBN 978-85-60354-06-1<br />
9 788560 354061<br />
Realização<br />
Secretaria Municipal de Educação