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SIMULAÇÃO AGROFLORESTAL E SUA VIABILIDADE ECONÔMICA COMO<br />

FERRAMENTA DE DECISÃO NA APLICAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR<br />

Mário J. C. <strong>do</strong>s Santos 1 Ana V. S Nascimento 2 Antonio C. Freitas 3<br />

1 Professor Dr. <strong>do</strong> Núcleo de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe – NEF/UFS, Cidade<br />

Universitária, São Cristóvão, SE, mjcsanto@ufs.br, 2 Acadêmica <strong>do</strong> Curso de engenharia Florestal <strong>do</strong> Núcleo de<br />

Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe – NEF/UFS., 3 Mestran<strong>do</strong> <strong>do</strong> Curso em Agroecossistemas,<br />

NEREN<br />

RESUMO: A pesquisa faz uma simulação sobre a tomada de decisão dentro de uma<br />

propriedade rural, tentan<strong>do</strong> avaliar as possibilidades de risco no estabelecimento de um<br />

Sistema Agroflorestal. Conclui-se que essas ferramentas são importantes na articulação de<br />

agentes rurais, técnicos agrícolas e a própria agricultura familiar buscan<strong>do</strong> novas alternativas<br />

de decisão na redução de perdas de produção e econômicas, bem como, para a formação de<br />

novas perspectivas para o desenvolvimento da agricultura familiar.<br />

Palavras-chave: Agricultura regional, projeção econômica, estratégia decisão.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Os sistemas agroflorestais podem ser defini<strong>do</strong>s como sen<strong>do</strong> a modalidade de uso<br />

integra<strong>do</strong> da terra para fins de produção florestal, agrícola e pecuário (NAIR, 1993).<br />

Os aspectos principais <strong>do</strong>s sistemas agroflorestais estão na presença deliberada de<br />

componentes florestais para fins de produção, de proteção ou visan<strong>do</strong> ambas as situações<br />

simultaneamente (SMITH et. al., 1996).<br />

Em comparação com os sistemas convencionais de uso da terra, a agrofloresta tem<br />

como objetivo principal de permitir maior diversidade e sustentabilidade. Do ponto de vista<br />

ecológico, a coexistência de mais de uma espécie em uma mesma área pode ser justificada em<br />

termos da ecologia de comunidades, desde que as espécies envolvidas ocupem nichos<br />

diferentes, de tal forma que sejam mínimos os níveis de interferência, nessas condições estas<br />

espécies podem coexistir (SZOT et.al., 1991; BANDY et al., 1994).<br />

Atualmente, os sistemas agroflorestais estão sen<strong>do</strong> vistos como alternativa promissora<br />

para propriedades rurais na utilização da agricultura familiar <strong>do</strong>s países em desenvolvimento.<br />

Pela integração da floresta com as culturas agrícolas e com a pecuária, esse sistema oferece<br />

uma alternativa quanto aos problemas da baixa produtividade, de escassez de alimentos e da<br />

degradação ambiental generalizada (MONTAGNINE, 1992).<br />

JIMENEZ et. al._ (2001) comentam que a agrissilvicultura, diferentemente da<br />

silvicultura convencional, pode apresentar múltiplas funções como: espécies forrageiras,<br />

espécies fixa<strong>do</strong>ras de nitrogênio, espécies que possuem sistema radicular profun<strong>do</strong> para<br />

diminuir a competição com as culturas agrícolas nas camadas mais superficiais <strong>do</strong> solo,<br />

espécies cuja serrapilheira seja adequada para proteção <strong>do</strong> solo, etc.<br />

2. OBJETIVO<br />

O objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi simular cenários agroflorestais para análise quanto sua<br />

viabilidade econômica para aplicação em pequenas propriedades rurais na agricultura<br />

familiar.<br />

1


3. MATERIAL E MÉTODOS<br />

Para a criação e simulação <strong>do</strong>s cenários agroflorestais (SAFs), utilizou-se os<br />

softweares AMAPMOLD para mensuração e arquitetura <strong>do</strong>s módulos agroflorestais e o<br />

softweare 3D Landscape V.5.0 para as montagens <strong>do</strong>s cenários.<br />

As simulações realizadas neste <strong>trabalho</strong>, consideraram os componentes madeireiro<br />

(nativas), em consorciação com as culturas agrícolas (anuais e temporárias) e culturas semiperenes<br />

(frutíferas e leguminosas) em três cenários distintos em zona de transição entre Mata<br />

Atlântica e semi-ári<strong>do</strong> no Esta<strong>do</strong> de Sergipe.<br />

No critério de simulação das culturas agrícolas anuais, perenes e semi-perenes, os<br />

perío<strong>do</strong>s de plantios obedeceram a um calendário regular local de cultivo e sem distúrbios<br />

naturais (geadas, chuva fora de época e etc.). Para uma padronização <strong>do</strong>s módulos simula<strong>do</strong>s,<br />

considerou-se (1) um hectare de SAF implanta<strong>do</strong> para cada propriedade.<br />

3.1 Delineamento experimental<br />

Utilizou-se três cenários distintos (M1, M2 e M3) obedecen<strong>do</strong> aos critérios<br />

socioeconômicos e ambientais na simulação. O delineamento experimental para a implantação<br />

<strong>do</strong>s módulos agroflorestais sucessionais (SAFs) baseou-se na escolha de espécies em culturas<br />

de ciclo curto, tradicionalmente, já cultivadas pelos agricultores, e em culturas de ciclo médio<br />

e longo, que já demonstraram sucesso quan<strong>do</strong> consorciadas em agroflorestas, além de<br />

algumas espécies leguminosas desejadas. Por tanto, foram simula<strong>do</strong>s modelos agroflorestais<br />

composto por espécies Pioneiras, Secundárias e Transicionais.<br />

Para o M1 foram cria<strong>do</strong>s cenários envolven<strong>do</strong> linhas de abacaxis a cada três metros<br />

com espaçamento na linha de 0,75 m, totalizan<strong>do</strong> quatro linhas com 177 plantas. Entre as<br />

linhas de abacaxis foram introduzidas plantas leguminosas e frutíferas usan<strong>do</strong> espaçamento de<br />

1,5m X 3,0 m, totalizan<strong>do</strong> 100 plantas. Seguida <strong>do</strong> mosaico <strong>do</strong> abacaxi, foram introduzidas<br />

1000 plantas de mandioca em 10 linhas com espaçamento de 1,0 m X 1,0 m. e nas entre linhas<br />

da mandioca foram incluídas Curcubitaceae para o consumo familiar (Figura 1).<br />

Figura 1. Perfil estrutural da consorciação de leguminosas com mandioca e milho.<br />

No cenário M2, criou-se módulos denomina<strong>do</strong>s de linhas arbóreas, essas linhas são<br />

composta de frutíferas e leguminosas, o uso da leguminosa tem funções na recomposição <strong>do</strong>s<br />

nutrientes <strong>do</strong> solo e complemento animal. No entorno <strong>do</strong> módulo foram incorporadas 200<br />

plantas leguminosas com função de cerca-viva. Na seqüência foram utilizadas espécies<br />

2


frutíferas com mamão 2,0 m X 3,0 m (166 plantas) com a inclusão da Banana nas entre linhas<br />

1,0 m X 3, m (166 plantas) (Figura 2).<br />

.<br />

Figura 2. Perfil estrutural da consorciação arbóreas leguminosas de cerca viva com frutíferas.<br />

Para a simulação M3, utilizou-se como cultura principal a banana, como espécie de<br />

importância econômica. O desenho básico foi constituí<strong>do</strong> de sete linhas de bananeiras 4 x 3 m<br />

com densidade 233 plantas, foi incluí<strong>do</strong> o milho nas entre linhas utilizan<strong>do</strong> espaçamento de<br />

(0,70 X 0,50 m) em faixas de 5 linhas intercaladas totalizan<strong>do</strong> 1000 plantas por faixas. Após a<br />

segunda faixa <strong>do</strong> milho foi introduzida a mandioca com espaçamento 1,0 X 1,0 m totalizan<strong>do</strong><br />

800 plantas (Figura, 3).<br />

Figura 3. Perfil estrutural da consorciação de frutíferas com culturas anuais e temporárias.<br />

Vale ressaltar que to<strong>do</strong>s os cenários simula<strong>do</strong>s foram replica<strong>do</strong>s até a totalização de<br />

(1) um hectare.<br />

Para a simulação da rentabilidade econômica, utlizou-se os parâmetros <strong>do</strong>s preços<br />

pratica<strong>do</strong>s na região e para a mensuração <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de produtividade <strong>do</strong>s módulos simula<strong>do</strong>s,<br />

utilizou-se uma planilha eletrônica financeira (MATFIN).<br />

A rentabilidade econômica foi computada utilizan<strong>do</strong> critérios de avaliação econômica<br />

de projetos tais como: Valor Presente Líqui<strong>do</strong> (VPL). SILVA, (2003); REZENDE e<br />

OLIVEIRA, (1993); AZEVEDO FILHO, (1996); CASTRO & MOKATE, (1998). Valor<br />

Anual Equivalente (VAE), Razão Benefício Custo (RB/C), THUESEN (1991) e BUARQUE<br />

(1984). Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Espera<strong>do</strong> da Terra (VET) AZEVEDO FILHO<br />

3


(1996). Os cálculos na simulação utilizaram taxas de desconto de 10% e 12%. Para os<br />

cálculos finais foram consideradas todas as variáveis no estu<strong>do</strong> tais como: Mão-de-obra,<br />

insumo, plantio, replantio e tratos culturais.<br />

4. RESULTADOS<br />

Os indica<strong>do</strong>res econômicos simula<strong>do</strong>s no M1 mostram que as culturas (Abacaxi e<br />

Mandioca) apresentaram viabilidade econômica positiva em 10%, de acor<strong>do</strong> com os critérios<br />

de avaliação de projetos indican<strong>do</strong> que taxas superiores a este valor tornam-se o projeto<br />

economicamente inviável (Figura 4).<br />

Valor Presente (VP)<br />

R$ (1,00)<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

VP Custos VP Receitas<br />

0<br />

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%<br />

Taxa de Juros referente a simulação M1 na consorciação<br />

<strong>do</strong> abacaxi e mandioca como culturas principais.<br />

Figura 4. Simulação da viabilidade econômica da consorciação Abacaxi e Mandioca<br />

como produtos principais.<br />

Já para o M2 o projeto simula<strong>do</strong> foi superior ao M1, a razão da evolução desta<br />

superioridade (15%) esta relacionada a modalidade da cultura consorciada (Banana e Mamão)<br />

que possui um valor diferencia<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> (Figura 5). A produtividade e valor da produção<br />

servem para referenciar técnicos e agricultores, de acor<strong>do</strong> com seus preços, produtividade e<br />

nível tecnológico.<br />

M1<br />

4


Valor Presente (VP)<br />

R$ (1,00)<br />

3500<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

VP Custos VP Receitas<br />

0<br />

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%<br />

Taxa de Juros referente a simulação M2 na consorciação<br />

<strong>do</strong> Banana e Mamão como culturas principais.<br />

Figura 5. Simulação da viabilidade econômica da consorciação Banana com Mamão como<br />

produtos principais.<br />

Na simulação econômica <strong>do</strong> M3 observou-se que ocorreu um aspecto positivo até uma<br />

taxa de desconto de 15%, é importante frisar que para os cultivos de milho e mandioca, apesar<br />

da grande participação <strong>do</strong> plantio direto no desenvolvimento dessas atividades em algumas<br />

partes <strong>do</strong> país, para efeito dessa simulação considerou-se as operações de cultivo realiza<strong>do</strong><br />

através <strong>do</strong> sistema tradicional, ou seja, mecanização com uso da aração e gradeação <strong>do</strong> solo<br />

(Figura 6).<br />

Valor Presente (VP)<br />

R$ (1,00)<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

VP Custos VP Receitas<br />

0<br />

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0%<br />

Taxa de Juros referente a simulação M3 na consorciação<br />

<strong>do</strong> Banana e Milho e Mandioca como culturas principais.<br />

Figura 6. Simulação da viabilidade econômica da consorciação Banana, Milho e<br />

Mandioca como produtos principais.<br />

Para o componentes arbóreos leguminosos, foram realizadas projeções de amortização<br />

com função <strong>do</strong> não pagamento da inclusão de insumos nas culturas e posterior uso para<br />

suplementação <strong>do</strong> componente animal na propriedade, ou seja, o agricultor deixaria de pagar<br />

por estes insumos.<br />

M3<br />

M2<br />

5


CONCLUSÂO<br />

Para a simulação determinada neste estu<strong>do</strong>, detectou-se que ferramentas de decisão ou<br />

de projeção para implantação de Sistemas Agroflorestais em propriedades rurais devem ser<br />

incorporadas, administradas e implementadas por técnicos agrícolas conjuntamente com os<br />

agricultores para amenizar futuras perdas econômicas consideráveis no tocante a agricultura<br />

familiar.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AZEVEDO FILHO, O. R. Agricultura familiar e reforma agrária. In. Programa de apoio à<br />

reforma agrária, V.1, n.3, p. 19-22, 1996.<br />

BANDY, D.; GARRATY, D. P.; SANCHES, P. 1994. El problema mundial de la agricultura<br />

de tala y quema. Agroforesteria en las Americas, 1 (3):14-20.<br />

BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1984.<br />

p.130-178.<br />

CASTRO,R.;MOKATE,K. Evaluación económica y social de proyectos. Ediciones<br />

Uniandes: Colombia, 1998. 200p.<br />

JIMENEZ, F.; MUSCHLER, R.; KÖPSELL, E. Funciones y aplicaciones de sistemas<br />

agroflorestales. Costa Rica: CATIE, 2001.<br />

MONTAGNINI, F. 1992. Sistemas agroflorestales: principios y aplicaciones en los trópicos.<br />

San José, Costa Rica: IICA. 622p.<br />

NAIR, P.K.R. 1993. Introduction to Agro forestry. Kluwer Academic Publishers,<br />

Dordrecht. 499p.<br />

REZENDE, J. L. P.; OLIVEIRA, A. D. Avaliação de projetos florestais Viçosa: UFV, 1993.<br />

47p.<br />

SILVA, M.A.R. “Economia <strong>do</strong>s recursos naturais” in MAY, P.& LUSTOSA, M.C. &<br />

VINHA, V. Economia <strong>do</strong> Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Campus, 2003, pp 33-60<br />

SMITH, N.J.H.; FALESI, I.C.; ALVIM, P. De T. e SERRÃO, E.A.S. 1996. Agro forestry<br />

trajectories among smallholdrs in the Brasilia Amazon: innovation and resiliency in<br />

pioneer and older settled areas. Ecological Economics 18: 15-27.<br />

SZOT, L.T. FERNABDES, E.C.M. e SANCHEZ, P.A. 1991. Soil-plant interactions in agro<br />

forestry systems. In: Jarvis, P.G. (ed.), Agro forestry: Principles and Practice, pp. 127-<br />

152. Elsevier, Amsterdam, The Netherlands.<br />

THUESEN, H. G; FABRYCKY, W. J; TAVESEN, G. J. Ingenieria economica. Madrid:<br />

1991. 592p.<br />

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