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corpo e consumo: implicações para a educação física ... - Cesumar

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CORPO E CONSUMO: IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA<br />

ESCOLAR<br />

Valdiney Marques de Oliveira 1 , Wesley Luiz Delconti 2<br />

RESUMO: O consumismo é o foco da sociedade capitalista na atualidade e a mídia é seu veículo. O<br />

objetivo desta pesquisa foi identificar a influência da mídia na relação <strong>corpo</strong> e <strong>consumo</strong> e suas <strong>implicações</strong><br />

<strong>para</strong> a Educação Física Escolar a partir de análise bibliográfica. Existem diversos autores que abordam o<br />

assunto e dão conta de que o efeito da difusão do consumismo da sociedade capitalista assume um papel<br />

influenciador no que diz respeito à formação do indivíduo e da sociedade. Fato este que trouxe<br />

conseqüências <strong>para</strong> a Educação Física Escolar, sobretudo no que tange a visão de <strong>corpo</strong>. A estética ditada<br />

pela mídia e a competição mercadológica ditam padrões de beleza que influenciam os ideais de <strong>educação</strong>,<br />

saúde e inclusão, aspectos estes importantes <strong>para</strong> a Educação Física Escolar enquanto componente<br />

curricular. A ideologia do senso comum presente na prática cotidiana dos alunos revela os ideais de<br />

consumismo ditados pela mídia a serviço do mercado capitalista. O grande desafio é que por outro lado, a<br />

escola deve formar cidadãos críticos e não vê-los apenas como produto do meio. Conclui-se que, por meio<br />

das aulas de Educação Física, é possível contribuir <strong>para</strong> a promoção de <strong>educação</strong>, saúde, inclusão e<br />

qualidade de vida, a partir de uma problematização crítica dos padrões de beleza e competitividade ditados<br />

pela mídia. Para tanto, os professores de Educação Física devem estar comprometidos com a melhoria de<br />

suas aulas, embasando teoricamente a ação docente e unir a teoria e a prática.<br />

PALAVRAS-CHAVE: Visão de Corpo; Mídia; Aulas de Educação Física.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

O consumismo é o foco da sociedade capitalista e a mídia é seu veículo. O<br />

pensamento da sociedade é que determina os ideais de <strong>corpo</strong>. Assim o <strong>corpo</strong> ideal na<br />

história da humanidade foi sempre adequação ao modelo exigido por cada sociedade. O<br />

tipo de <strong>corpo</strong> esperado pela sociedade é o que se adapte às suas necessidades<br />

imediatas, sejam elas relacionadas ao trabalho, à religião, à guerra ou a estética (MATA,<br />

1999).<br />

Não se pensou no ser, mas no ter. Quando se fala do ser, logo vem a pauta que o<br />

<strong>corpo</strong> que cada um possui não caracteriza o que ele é. O <strong>corpo</strong> está sujeito a ação do<br />

tempo e as mudanças inevitáveis e imprevisíveis. Quando o mercado impõe um modelo<br />

de <strong>corpo</strong> ideal, impera ali a marginalidade, uma vez que nem todos podem “comprar” o tal<br />

modelo, e os que o “compram”, fazem em prejuízos de outros fatores e por um tempo<br />

limitado. O auge de modelos é tão rápido e deixa marcas eternizadas na sociedade como<br />

a desvalorização do ser.<br />

1 Acadêmico do Curso Educação Física do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR, Maringá – PR.<br />

Programa de Iniciação Científica do <strong>Cesumar</strong> (PICC). valdiney31@hotmail.com<br />

2 Orientador, docente do curso de Educação Física do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR.<br />

wdelconti@cesumar.br<br />

V Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica<br />

26 a 29 de outubro de 2010<br />

Anais Eletrônico<br />

V Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica<br />

CESUMAR – Centro Universitário de Maringá<br />

Maringá - Paraná<br />

ISBN 978-85-61091-69-9


Sendo a sociedade atual consumista, logicamente o que se interessa vender é a<br />

imagem do <strong>corpo</strong> que consome. O <strong>corpo</strong> feminino, por exemplo, foi tão intimamente<br />

ligado ao <strong>consumo</strong> que sua imagem vende desde cerveja até chinelo. O <strong>corpo</strong> da modelo<br />

é anoréxico <strong>para</strong> vender grifes, ao ponto que o <strong>corpo</strong> masculino musculoso é <strong>para</strong> vender<br />

aparelhos, medicamentos e suplementos. A anorexia e o halterofilismo não representam<br />

saúde, mas estética, vendendo uma imagem desejada e que vende produtos <strong>para</strong> as<br />

mais diversas finalidades (FUGIKAWA, 2006).<br />

Silva Junior et al (2005, p. 4) afirma que o consumismo dirige a <strong>educação</strong> e se<br />

transforma na pedagogia social manipulando o <strong>corpo</strong> como a mídia deseja. Educar <strong>para</strong><br />

ser gente, significa muito mais que seguir padrões que transformam o ser humano em<br />

produto, objeto e coisa. Quando a Educação Física na escola não apresenta uma<br />

definição clara sobre seu papel, ela acaba muitas vezes se reduzindo apenas como um<br />

momento recreativo de “rolar a bola”. Nesse aspecto, os alunos não entendem porque e<br />

nem como, mas o modelo de esporte “espetáculo” que a mídia transmite forja uma<br />

ideologia da busca do sucesso no futebol, elemento que traz um verdadeiro fascínio <strong>para</strong><br />

esses alunos e seus pais. E ensinar jogar <strong>para</strong> competir e enriquecer, mesmo que seja a<br />

minoria que enriqueça, a mídia passa a imagem de sucesso total. Hoje a mídia também<br />

está mostrando as conseqüências da falta de base, <strong>educação</strong> e respeito pela vida, pelo<br />

ser e não apenas admiração do “sucesso”.<br />

Diante disso, este trabalho teve por objetivo identificar as <strong>implicações</strong> que a mídia<br />

traz com o tema <strong>corpo</strong> e <strong>consumo</strong> <strong>para</strong> a Educação Física na escola, com a finalidade de<br />

implementar na escola uma nova ideologia no tocante a <strong>corpo</strong>, que desvencilhie do<br />

consumismo, coloque o ser acima do ter e trabalhe a Educação Física Escolar em<br />

conjunto com outras áreas interdisciplinares e multidisciplinares que venha fazer<br />

representação política da Educação Física e sua necessidade <strong>para</strong> a saúde, bem estar,<br />

qualidade de vida e diminuição de gastos com doenças.<br />

2 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

A pesquisa foi de Bibliográfica do tipo descritiva (MARTINS JUNIOR, 2008) acerca<br />

de Corpo e Consumo e suas <strong>implicações</strong> <strong>para</strong> a Educação Física Escolar. A busca de<br />

obras publicadas, e também artigos de alguns autores que trabalham o tema, publicados<br />

nas principais revistas da área, como forma de detectar as ideologias educacionais atuais<br />

na ordem dos conceitos. O trabalho procurou apresentar, embora sucintamente o<br />

contexto histórico do <strong>corpo</strong>, considerando as escalas de aplicabilidade do conceito-tema.<br />

As diferentes abordagens sobre Corpo, Consumo, Educação e especificamente Educação<br />

Física Escolar, serviram como forma de sistematizar a compreensão teórica e percepção<br />

social sobre Corpo e servir de referencial <strong>para</strong> o desenvolvimento de práticas de<br />

Educação Física Escolar.<br />

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Não está claro qual seja o ideal de <strong>corpo</strong> <strong>para</strong> a sociedade atual. Também não<br />

está claro o papel da Educação Física na Escola. Para muita gente, o professor de<br />

Educação Física tem que montar apresentações, descobrir talentos e formar atletas<br />

(JUNIA e VASCONCELLOS, 2009). Os conteúdos da Educação Física não podem ser<br />

vistos como fins em si mesmos e precisam ser aplicados a partir de uma pedagogia<br />

adequada que respeite o contexto escolar e curricular.<br />

Anais Eletrônico<br />

V Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação Científica<br />

CESUMAR – Centro Universitário de Maringá<br />

Maringá - Paraná


Fazendo uma breve retrospectiva histórica, o homem sempre utilizou-se de seu<br />

<strong>corpo</strong> <strong>para</strong> se adaptar ao ambiente, manter-se capaz de buscar alimentação, enfrentar o<br />

perigo, guerrear, ser capaz de desenvolver e utilizar a arte bélica <strong>para</strong> conquistar e<br />

defender seus territórios. Na Idade Média o ideal de <strong>corpo</strong> esteve ligado ao trabalho<br />

árduo, escravo e punido pelo pecado. Na Idade Moderna houve em primeiro momento em<br />

que o <strong>corpo</strong> deveria ser mecanizado, depois especializado <strong>para</strong> observar o movimento da<br />

industrialização sem maiores esforços (MATA, 1999).<br />

Na sociedade atual o <strong>corpo</strong> se encontra num impasse e indefinição entre: saúde e<br />

beleza. O sedentarismo e o consumismo são ao mesmo tempo <strong>para</strong>doxo e sinônimos. O<br />

capitalismo desenfreado apresenta o veneno e o remédio, o real e o ideal e faz da sua<br />

<strong>educação</strong> o <strong>consumo</strong>. Os profissionais de Educação Física na Escola são desafiados a<br />

enfrentar a mídia e formar cidadãos. Cidadão é sempre alguém consciente, capaz de<br />

interação, transformação e eticamente critico.<br />

Há um marco histórico na Educação Física Escolar, uma nova proposta<br />

educacional que foi construída a partir da década de 80 no Brasil, que visa desenvolver o<br />

ser humano por completo, não apenas <strong>para</strong> a esportivização, mas levando em<br />

consideração as dimensões cognitivas, psicomotoras e sociais (DARIDO et al, 2003).<br />

Quando se fala de saúde é importante saber que competição, esportes e treinamentos<br />

intensivos nunca foram e nunca serão saudáveis, ao contrário, têm sido comprovados os<br />

perigos, as perdas e os riscos à saúde por ter como foco a competitividade (FUGIKAWA,<br />

2006 p. 50-56).<br />

Florindo (1998, p.84-89) afirma que a “promoção em saúde, além de incluir a<br />

<strong>educação</strong> em saúde em suas ações, refere-se a mudanças muito mais amplas de ordem<br />

estrutural, que incluem ações políticas e econômicas”. Não basta apenas existir leis, mas<br />

recursos disponíveis <strong>para</strong> que a lei seja cumprida. Esses recursos incluem espaços,<br />

materiais, equipamentos, mas principalmente e profissionais capacitados.<br />

Para Martins et al (2000 p. 3) há dois problemas <strong>para</strong> a Educação Física, o<br />

primeiro está ligado em dar ênfase as habilidades cognitivas, o que traria desprestigio<br />

<strong>para</strong> Educação Física dentro da Escola por não estar vinculada ao movimentar-se e as<br />

dimensões físico-<strong>corpo</strong>rais e o segundo coloca a Educação Física como responsável<br />

<strong>para</strong> difundir os valores éticos e morais da sociedade dominante. Assim a moda fitness e<br />

hábitos saudáveis mantém o plano econômico e social <strong>para</strong> formação do cidadão<br />

trabalhador. Os esportes, o <strong>consumo</strong> e a manifestação <strong>corpo</strong>ral passam ser essencial ao<br />

novo homem, o consumidor, o que justifica toda a propaganda e iniciativas<br />

governamentais e privadas.<br />

Em meio a confusão de um plano e de outro, a Educação Física deve se localizar,<br />

entendendo seu lugar na Escola e na vida da sociedade. Esforços políticos educacionais<br />

convencionaram a Educação Física na grande área da Saúde. Estar inserida na grande<br />

área da Saúde é o maior trunfo que se tem hoje <strong>para</strong> alavancar mudanças radicais na<br />

<strong>educação</strong>. Matsudo (2007 p. 107) diz que as doenças são temidas e mais frequente em<br />

população cada vez mais nova.<br />

A Educação Física na área da saúde tem a proposta de prevenção. Logicamente<br />

os exercícios físicos programados <strong>para</strong> grupos especiais ajudam na diminuição e cura de<br />

patologias, mas não é esse o principal foco da Educação Física. A saúde deve ser<br />

considerada na formação e mudança de hábitos de vida. A consciência de <strong>corpo</strong> por parte<br />

da sociedade resultaria em maior investimento em Educação, saúde preventiva e<br />

conseqüentemente menor gasto com doenças e patologias (FLORINDO, 1998).<br />

A valorização do ser humano é o início de uma nova epistemologia. O ser deve<br />

estar antes do ter. O preço da lucratividade capitalista veiculada pela propaganda de<br />

Anais Eletrônico<br />

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estereótipos são vidas, este tipo de ação se utiliza de todos os meios <strong>para</strong> vender e<br />

lucrar, não se importando com as conseqüências. Os resultados visíveis e estatísticos<br />

são: obesidade, doenças aliadas a esta, como por exemplo, pressão arterial elevada,<br />

diabetes, colesterol elevado, depressão e até mesmo a morte (MATSUDO, 2007).<br />

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) abordam o quadro atual da<br />

Educação Física como sendo passivo de confusão, interpretação liberal e distorcida,<br />

prevalecendo interesses econômicos e políticos em detrimento do valor de sua função de<br />

processo pleno educativo (BRASIL, 1998, pp. 26,27).<br />

Não podemos ignorar o fato de que cidadania plena somente será exercida com a<br />

garantia de pelo estado de <strong>educação</strong> suficiente <strong>para</strong> exercer direitos e deveres. Educação<br />

Física com espaço, recursos materiais e profissionais qualificados é direito de cidadania,<br />

bem como <strong>para</strong>r com a veiculação de produtos e serviços que visam lesar o cidadão é<br />

dever do próprio cidadão critico.<br />

4 CONCLUSÃO<br />

O caos da prática da Educação Física na escola é visível, mostrando que alunos e<br />

professores desejam mudar, mas não se sabe como, quando e nem por onde começar.<br />

Quando nos remetemos a história da Educação Física no Brasil, encontramos o processo,<br />

os motivos e as causas da construção e da desconstrução da Educação Física Escolar (<br />

BRASIL, 1998, pp. 21-26). Hoje, com seu espaço garantido dentro da grande área da<br />

saúde, a Educação Física pode articular parceria com a Nutrição, Fisioterapia e<br />

Psicologia, formando uma equipe multidisciplinar, até mesmo porque estas áreas não<br />

estão no currículo escolar e a Educação Física é componente curricular obrigatório.<br />

Educar é formar a base <strong>para</strong> ir contrário a mídia que difunde o comércio de<br />

produtos nocivos à saúde, alimentos empobrecidos, que aliados ao sedentarismo<br />

afunilam diversos tipos de doenças. A conseqüente informação/desinformação pode ser<br />

amenizada por profissionais qualificados. As causas devem ser erradicadas e esta inicia<br />

pela <strong>educação</strong> escolar, atinge famílias e por fim a sociedade como um todo. Uma nova<br />

escola desencadeia numa nova sociedade e vice-versa.<br />

REFERÊNCIA<br />

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ministério da Educação, 1998.<br />

DARIDO, Profa. Dra. Suraya Cristina et al 2003. Saúde, Educação Física Escolar e a<br />

Produção de Conhecimentos no Brasil. Disponível em:<br />

http://www.cbce.org.br/cd/resumos/026.pdf. Acesso em 20/06/2010.<br />

FLORINDO, A. A. Educação <strong>física</strong> e promoção em saúde. Revista Brasileira de<br />

Atividade Física & Saúde 1998; 3(1): 84-89.<br />

FUGIKAWA, Cláudia Sueli Litz et al. Educação Física: Ensino Médio. Curitiba: SEED-<br />

PR, 2006.<br />

JUNIA, Raquel; VASCONCELOS, Marcos. Professores acreditam que falta de<br />

estrutura afasta estudantes da Educação Física. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:<br />

Anais Eletrônico<br />

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http://www.emdialogo.uff.br/materia/professores-acreditam-que-falta-de-estrutura-afastaestudantes-da-educa%C3%A7%C3%A3o-f%C3%ADsica.<br />

Acesso em 30/12/2009.<br />

MARTINS, André Silva et al, 2000. As “Novas Competências” como Definidoras dos<br />

Projetos de Educação e de Educação Física no Brasil Contemporâneo. Disponível<br />

em: http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu1427.htm. Acesso em 12/05/2010.<br />

MARTINS JUNIOR, Joaquim. Como Escrever Trabalhos de Conclusão de Curso.<br />

Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.<br />

MATA, Vilson Aparecido. Do Guerreiro ao Camponês: as transformações do <strong>corpo</strong><br />

em Homero e Hesíodo. Teoria e Prática da Educação. Maringá, v.1, n. 2, 1999, pp. 43-<br />

52.<br />

MATSUDO, Sandra Mahecha; MATSUDO, Victor Kihan Rodrigues. Atividade Física e<br />

Obesidade: prevenção e tratamento. São Paulo: Atheneu, 2007.<br />

SILVA JUNIOR, José Aelson et al. A Moda na Carne Viva: Imagem, Corpo e<br />

Consumo: Aproximações Teóricas. Disponível em:<br />

acesso em: 08/04/2009.<br />

Anais Eletrônico<br />

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