Consumo e identidade em blogs de moda - Programa de Pós ...

A jovem Thássia Naves é blogueira e publicitária por formação, se auto-afirma
apaixonada por moda e viajante em busca de novas experiências e tendências. A cada dia,
Thássia posta fotos com “looks” diferentes nos quais, na maioria das vezes, ela é personagem,
e, referente às fotos, um texto.
Ao acessarem o site, as leitoras interagem com os “looks” e o estilo de vida da
publicitária, com as tendências do mundo da moda e com lojas e marcas de produtos voltados
para este mercado. Elas analisam e curtem os “posts” de Thássia e se inserem naquele
imaginário social 1 , procurando fazer parte daquela “tribo”, assim confirmando ou afirmando
suas identidades. Há um diálogo entre publicitária, leitoras, marcas e/ou lojas e imaginário
social que compõe toda a “tribo”. Observa-se no Anexo 1, referente ao link “Sobre a Thássia”,
que a leitora considera-se “amiga” de Thássia, comprovando o envolvimento emocional.
Os “posts” do blog são categorizados. O site é bem visitado e nota-se, a cada post,
muitos comentários, o que chama a atenção de lojas e marcas que contratam os serviços da
publicitária. Na margem direita do blog, no espaço “Categorias”, percebe-se que muitas destas
são referentes a alguma loja ou marca de roupa ou acessório que contrataram os serviços da
jovem publicitária, o que mostra que ela cumpre o seu papel persuasivo para o consumo e já é
referência, como mostram os elogios no comentário do Anexo 1.
O sujeito atual está em constante busca de superação da crise de identidade pós-
moderna (ou moderna). Na sua apresentação e apresentação do blog, ao afirmar que a mulher
moderna é a “personagem principal de toda essa história”, Thássia insere as leitoras nesse
imaginário social “moderno” e, ao mesmo tempo, as individualiza, o que, segundo Campbell,
faz o indivíduo sentir-se mais autêntico. Isso traz ao consumidor satisfação por sentir que
pode escolher o que consumir, mesmo que esta escolha tenha sido persuadida.
A consumidora-leitora é “definida” pelo seu próprio “gosto”, opta pelo site, que já
é questão de “gosto” e deseja pertencer àquele imaginário. No momento em que tem acesso
ao blog, seus desejos foram intensamente experimentados e, de acordo com Campbell, foram
reais em mente e espírito, identitários do seu “eu”. É como se para ela, tal opção fosse a única
verdade.
No Anexo 2, observa-se um post seguido de uma das fotos que o compõe. Na
legenda da foto, a blogueira propaga as marcas que compõem o look. Para o post, há 160
1
Segundo Jurandir Silva (2006), é o trajeto antropológico de um ser que bebe numa ‘bacia semântica’ (encontro
e repartição das águas) e estabelece o seu próprio lago de significados.
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