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consumismo e desafios da sustentabilidade - Think Marketing

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André Cauduro D’Angelo*<br />

Fevereiro 2010<br />

CONSUMISMO E DESAFIOS DA<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

Um artigo recente do jornalista Irineu Guarnier Filho em Zero Hora (17/01/2010) provocou<br />

intensa repercussão. Nele, Irineu atacou os padrões de consumo atuais e alertou para os<br />

desequilíbrios ambientais que vêm causando. Zero Hora aproveitou para usar o texto como<br />

gancho para um debate, perguntando: “você acredita que é possível ser menos consumista numa<br />

socie<strong>da</strong>de na qual todos os apelos induzem ao contrário?”.<br />

As respostas publica<strong>da</strong>s se dividiram. Mas nenhuma contrariou o argumento central de<br />

Irineu: o <strong>consumismo</strong> está destruindo o planeta. De imediato, o conceito de sustentabili<strong>da</strong>de vem<br />

à mente como a solução obrigatória e impreterível para o problema. “Consumo sustentável”,<br />

“economia sustentável”, o que seja: tudo o que disser respeito a colocar um freio na veloci<strong>da</strong>de<br />

de utilização dos recursos naturais e na expansão <strong>da</strong>s vontades individuais é entendido como<br />

capaz de restabelecer a harmonia entre homem e meio-ambiente – e quiçá entre os próprios<br />

homens.<br />

Mas, então, se há um mal (o <strong>consumismo</strong>) cujas conseqüências são considera<strong>da</strong>s <strong>da</strong>nosas, e<br />

a ele já foi prescrito um remédio (a sustentabili<strong>da</strong>de), por que se vacila tanto em seguir o<br />

tratamento? Por que os padrões de consumo não recuam, as empresas não rompem o paradigma<br />

produtivista e os governos não empreendem esforços nesta direção?<br />

Existem dois motivos, basicamente. E compreendê-los é fun<strong>da</strong>mental para que militantes<br />

<strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de consigam, de fato, sensibilizar a socie<strong>da</strong>de para os problemas sócioambientais<br />

decorrentes dos parâmetros atuais de progresso material.<br />

O primeiro é que o <strong>consumismo</strong> não é uma “doença” fácil de ser identifica<strong>da</strong>. Numa<br />

definição simples, poderíamos afirmar que o <strong>consumismo</strong> é o consumo em excesso. “Excesso”,<br />

pontuam os defensores do chamado “consumo consciente”, é a compra que vai além do<br />

necessário, que atende apenas a “desejos e caprichos”. O <strong>consumismo</strong> combate-se “comprando<br />

somente aquilo que se precisa”. De imediato, fica patente a precarie<strong>da</strong>de do diagnóstico:<br />

“necessi<strong>da</strong>des” e “desejos” não são conceitos definitivos, indiscutíveis. Pelo contrário; são bem<br />

abstratos, indefinidos, quase pessoais. À exceção <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des físicas (alimento, abrigo,<br />

sono, sexo), to<strong>da</strong>s as demais são culturalmente construí<strong>da</strong>s, de modo que necessi<strong>da</strong>des ou<br />

desejos de consumo são tão ver<strong>da</strong>deiros e legítimos quanto quaisquer outros. O consumo é, em<br />

nossa socie<strong>da</strong>de, uma resposta a questões humanas, e não mero canal de suprimento de carências<br />

físicas. É um meio pelo qual a socie<strong>da</strong>de contemporânea transaciona significados, suprindo menos<br />

suas urgências materiais do que simbólicas. De na<strong>da</strong> adianta falar em “necessi<strong>da</strong>des” e<br />

“supérfluos”, ou em “comprar apenas o que se precisa”: não é disso que o consumo trata.<br />

Segundo motivo: além de não haver certeza sobre do que trata a doença, não há sequer<br />

consenso de que ela exista. O <strong>consumismo</strong> não ocorre contra a vontade <strong>da</strong>s pessoas. Ele<br />

representa, hoje, a vontade <strong>da</strong>s pessoas. E mesmo que todos prontamente se engajem em<br />

discursos anticonsumistas, são poucos os que realmente mu<strong>da</strong>m seu padrão de vi<strong>da</strong> em função de<br />

uma pretensa consciência. Por que? Voltamos ao parágrafo anterior: porque ca<strong>da</strong> um tem a sua<br />

visão do que seja “<strong>consumismo</strong>” e “exagero”, já que ca<strong>da</strong> um entende “necessi<strong>da</strong>de” e “desejo”<br />

de maneira diferente. O discurso de desaprovação ao consumo é forte, genérico e amplo o<br />

suficiente para ganhar a simpatia e a inércia de todos. Mesmo o mais ferrenho crítico do<br />

<strong>consumismo</strong> atual, to<strong>da</strong> vez que submetido a algum questionamento sobre suas próprias práticas,<br />

responde com base em justificativas que, evidentemente, o eximem de responsabili<strong>da</strong>de,<br />

transferindo-a para os outros. Todos temos nossas próprias razões para dirigirmos carros que<br />

poluem, acumularmos roupas e mais roupas no armário, ligarmos vários eletrodomésticos ao<br />

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mesmo tempo ou adotarmos sem remorsos as convenientes embalagens plásticas de<br />

decomposição lenta.<br />

Há um agravante adicional. Nas nações em desenvolvimento, como o Brasil, movimentos<br />

voluntários de moderação no consumo são ain<strong>da</strong> menos prováveis, pois populações emergentes<br />

tendem a idealizar o padrão de vi<strong>da</strong> dos países ricos, superdimensionando os benefícios do<br />

capitalismo. O consumo, entre populações pobres ou recém saí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> pobreza, funciona como<br />

uma forma de empowerment, de exercer um controle inédito sobre suas próprias vi<strong>da</strong>s,<br />

historicamente marca<strong>da</strong>s pela privação e pela falta de opções. Nos países ricos – ou nas classes<br />

mais altas dos países em desenvolvimento –, a liber<strong>da</strong>de de escolha relaciona<strong>da</strong> ao consumo é um<br />

fator do cotidiano, ao qual não se confere atenção, visto que entendi<strong>da</strong> como permanente e<br />

inalienável. Mas, para os pobres, é uma novi<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>mental que lhes aju<strong>da</strong> a desenvolver uma<br />

identi<strong>da</strong>de pessoal e um senso de pertencimento ao coletivo. Não surpreende que para estas<br />

pessoas o remédio <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de soe como uma injusta e oportunista tentativa de tolher<br />

conquistas há muito almeja<strong>da</strong>s, tal qual uma ameaça de apagar as luzes tão logo se tenha<br />

conseguido ingressar, após muito tempo e esforço, no salão <strong>da</strong> festa.<br />

Outro indicador forte <strong>da</strong>s limitações <strong>da</strong> crítica ao <strong>consumismo</strong> é o chamado “consumo<br />

verde” ou “consumo sustentável”. Com raras exceções, produtos e serviços que têm nesta sua<br />

característica primordial têm avançado a passos muito lentos no mercado. O consumidor não é<br />

exatamente atento a atributos ambientais dos produtos que consome, e não apenas isso: é<br />

bastante alheio a questões éticas de maneira geral, como exploração de trabalho infantil ou<br />

envolvimento <strong>da</strong>s corporações em episódios de corrupção. O consumidor “verde” ou “ético”, a<br />

despeito de muito do que se tem dito, é ain<strong>da</strong> mais um mito que uma reali<strong>da</strong>de.<br />

Um fim aos chavões<br />

Para de fato endereçar um debate produtivo dos problemas ambientais e sociais<br />

decorrentes dos padrões de consumo atuais, há que se abandonar todos os clichês a ele<br />

relacionados: o moralista (que ataca o consumo de maneira irrefleti<strong>da</strong>); o naturalista (que vê o<br />

consumo apenas como resposta a necessi<strong>da</strong>des físicas); e, claro, o hedonista (exaltado pela<br />

publici<strong>da</strong>de, e que mostra o consumo apenas como sinônimo de prazer).<br />

Há, também, que se abandonar as duas visões consagra<strong>da</strong>s e quase caricatas sobre o<br />

consumidor: a de uma vítima <strong>da</strong>s empresas e do marketing; e a de um agente soberano e<br />

exigente, um “rei” ao qual to<strong>da</strong>s as empresas querem agra<strong>da</strong>r. Salvo casos de propagan<strong>da</strong><br />

enganosa, o consumidor não é vítima de na<strong>da</strong>. Ele é muito cônscio do jogo de imagens e fantasias<br />

do consumo, e nele ingressa de bom grado. Sabe <strong>da</strong> ilusão e a ela adere espontaneamente. Não<br />

é, tampouco, um “rei” exigente e plenamente informado. É sim um agente que detém uma<br />

quanti<strong>da</strong>de limita<strong>da</strong> de informações sobre o que consome e que mantém, com as empresas, uma<br />

relação ao mesmo tempo cooperativa e adversarial: os interesses <strong>da</strong>s partes tanto podem<br />

coincidir quanto divergir, e é impossível garantir 100% de transparência às intenções e às ações<br />

de lado a lado.<br />

Além de esquecer estes clichês, há que, sobretudo, encarar um fato: a proposta <strong>da</strong><br />

sustentabili<strong>da</strong>de é essencialmente impopular, porque representa um golpe no individualismo<br />

contemporâneo, alicerce <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de de consumo. A sustentabili<strong>da</strong>de é uma causa complica<strong>da</strong><br />

de “vender” para o consumidor (e, por conseqüência, para empresas e governos), pois diz<br />

respeito a restringir vontades pessoais imediatas em nome de benefícios coletivos futuros – sendo<br />

que os sacrifícios são muito claros (usar menos o carro, deixar de comprar mais uma calça jeans),<br />

enquanto os ganhos serão perceptíveis somente a longo prazo (redução do efeito estufa,<br />

diminuição do desmatamento).<br />

O desafio<br />

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Como então enfrentar com sucesso o desafio de difundir e gerar adesão à causa <strong>da</strong><br />

sustentabili<strong>da</strong>de?<br />

Há necessi<strong>da</strong>de de atuação em três frentes complementares, visto que to<strong>da</strong>s elas são<br />

apenas parcialmente eficazes.<br />

A primeira é, provavelmente, a mais desenvolvi<strong>da</strong> de to<strong>da</strong>s, mas ain<strong>da</strong> assim muito<br />

incipiente. Diz respeito à inserção <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de na lógica do sistema econômico atual,<br />

através de produtos orgânicos, ecologicamente certificados, socialmente responsáveis, etc. É o<br />

chamado „consumo sustentável‟. O alerta que se deve fazer a essa abor<strong>da</strong>gem é que, à diferença<br />

de outras reivindicações, a sustentabili<strong>da</strong>de não pode simplesmente fazer parte do universo<br />

empresarial e midiático, tornando-se uma causa-produto tal qual um “Criança Esperança” ou um<br />

“Câncer de Mama no Alvo <strong>da</strong> Mo<strong>da</strong>”. Isso contradiz sua própria essência, que é a <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça do<br />

paradigma de desenvolvimento material vigente. Resumir sua bandeira à criação de<br />

“consumidores sustentáveis”, “consumidores verdes” ou qualquer rótulo do gênero é apenas<br />

inserir mais uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de clientes (ou segmento, para usar o jargão do marketing) na<br />

lógica do capitalismo tradicional. Trata-se somente de imprimir um carimbo verde aos<br />

parâmetros atuais de progresso material, uma fuga do enfrentamento <strong>da</strong>s questões-chave que ela<br />

mesma propõe. Porém, sendo bastante pragmático, é melhor estimular o consumo sustentável do<br />

que o não-sustentável – ain<strong>da</strong> que sob risco de oferecer ao mercado a matéria-prima cultural <strong>da</strong><br />

qual ele mais gosta: o simulacro <strong>da</strong> diferença e <strong>da</strong> contestação, mais útil para aplacar<br />

consciências em crise do que para gerar resultados práticos.<br />

A segun<strong>da</strong> frente é política – entendi<strong>da</strong> aqui tanto no sentido tradicional, de caráter<br />

partidário, quanto no sentido amplo, de negociação e busca de acordos entre atores sociais. Em<br />

tempos de desilusão com partidos e representantes políticos, pode soar um contra-senso, mas<br />

não é. O capitalismo é marcado por uma certa dubie<strong>da</strong>de ética no que se refere às relações entre<br />

empresas, consumidores e demais agentes. Não existem julgamentos definitivos sobre quaisquer<br />

temas – existem, sim, percepções e interpretações varia<strong>da</strong>s, evoca<strong>da</strong>s à luz <strong>da</strong>s conveniências<br />

pessoais e <strong>da</strong>s circunstâncias culturais. Neste cenário, as pessoas tendem a delegar a duas<br />

instâncias a competência para julgamento do que venha a ser certo e errado: o mercado e as leis.<br />

Estes são os grandes tribunais <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des democráticas e é com foco neles que se deve<br />

agir, através de grupos de pressão e partidos políticos. Pressionar por mu<strong>da</strong>nças legais e<br />

promover acordos entre representantes de agentes econômicos <strong>da</strong>s principais cadeias produtivas<br />

em prol de práticas mais sustentáveis – expressas em leis, normas e até em códigos de autoregulação<br />

- são caminhos que podem aju<strong>da</strong>r a socie<strong>da</strong>de a formar noções mais claras do que<br />

venha a ser certo e errado no território <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de. A ambigüi<strong>da</strong>de ética <strong>da</strong>s<br />

interpretações não vai sumir, mas tende a diminuir; leis e códigos funcionam como consensos aos<br />

quais as pessoas recorrem na hora de avaliar um fato. Quanto mais os defensores <strong>da</strong><br />

sustentabili<strong>da</strong>de puderem influenciá-los e monitorá-los, melhor.<br />

Finalmente, há uma terceira frente. Ela parte do princípio de que a sustentabili<strong>da</strong>de é uma<br />

reivindicação de fundo moral (e portanto, cultural), e não uma mera retórica mercadológica. Ela<br />

entende que recursos naturais e valores humanistas não podem ser dilapi<strong>da</strong>dos em nome de uma<br />

visão distorci<strong>da</strong> do que venha a ser “progresso”. Esse é seu ideal, seu norte moral. E, ao contrário<br />

do que muitos imaginam, não vivemos uma época de amorali<strong>da</strong>de (ou seja, de ausência de<br />

parâmetros éticos); “nas socie<strong>da</strong>des, há plurali<strong>da</strong>de moral, não niilismo moral”, lembra o filósofo<br />

francês Gilles Lipovetsky. A moral <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de não enfrenta, portanto, um cenário avesso<br />

aos ideais; enfrenta, sim, a concorrência de outros ideais, entre os quais o <strong>da</strong> afluência material<br />

como sinônimo de felici<strong>da</strong>de e sucesso pessoal.<br />

Se o consumo é um fator de ordem cultural, deve-se entender a sustentabili<strong>da</strong>de como um<br />

elemento igualmente cultural, voltado ao desenvolvimento de uma nova visão de mundo, à<br />

proposição de um modelo de vi<strong>da</strong> concorrente ao materialista. Se há uma ideologia que afirma<br />

que o valor de uma pessoa se mede pela quanti<strong>da</strong>de de bens que possui, há que se incentivar a<br />

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construção de outra, tão forte quanto, que estimule o desenvolvimento de dimensões de prazer,<br />

satisfação pessoal e reconhecimento do indivíduo pelos seus pares que não apenas através <strong>da</strong><br />

acumulação material.<br />

Evidências favoráveis neste sentido não faltam: pesquisas mostram que pessoas e países<br />

menos materialistas – ou seja, que atribuem menor importância aos objetos – têm maior índice de<br />

felici<strong>da</strong>de e satisfação com a vi<strong>da</strong>. O que não significa dizer que sejam anticapitalistas ou coisa<br />

do gênero; embora o <strong>consumismo</strong> seja fruto <strong>da</strong> economia de mercado, não é seu subproduto<br />

inevitável. Existem economias de mercado nas quais o mundo material não constitui o referencial<br />

mais forte de reprodução cultural e socialização.<br />

Religião, família, ativi<strong>da</strong>des intelectuais e artísticas, o que seja: grupos de interesse aos<br />

quais as pessoas possam se filiar e nos quais o ethos dominante não seja o do progresso material<br />

são bem-vindos na tentativa de mu<strong>da</strong>r os parâmetros de felici<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> um, tornando-os<br />

menos materialistas. Nossos desejos e necessi<strong>da</strong>des dependem de nosso contexto, do ambiente<br />

no qual convivemos. Se estimularmos a convivência em espaços nos quais as posses sejam menos<br />

valoriza<strong>da</strong>s, é mais provável que as noções do que sejam nossas necessi<strong>da</strong>des e vontades mudem.<br />

Para que ideologias contrárias à hegemônica prosperem, mesmo em pequenos grupos, elas<br />

precisam do respaldo mútuo oferecido pelos seus integrantes.<br />

Mas aqui cabe um alerta: uma perspectiva menos materialista <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> não significa,<br />

necessariamente, zerar o impacto ambiental decorrente <strong>da</strong>s ações humanas. Qualquer tipo de<br />

ideologia ou visão de mundo pode valer-se de objetos para tangilbilizar seu ethos e modus<br />

operandi. Pegue-se a religião, por exemplo: todo culto é rico em objetos que, em última<br />

instância, são produtos os quais as pessoas podem acumular em seu afã religioso. Não é possível<br />

afirmar que trocar iPods por Bíblias diminua a pega<strong>da</strong> ecológica de alguém. Pode-se, tão<br />

somente, supor que isso venha a ocorrer.<br />

O maior obstáculo que os defensores <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de enfrentam pode não ser a<br />

teimosia <strong>da</strong>s empresas, a omissão dos governos ou a alienação <strong>da</strong>s pessoas, e sim a<br />

incompreensão do papel que o consumo desempenha na socie<strong>da</strong>de atual. O consumo diz respeito<br />

menos ao movimento de mercadorias do que ao de conhecimentos, idéias, símbolos. A<br />

sustentatibili<strong>da</strong>de será melhor defendi<strong>da</strong> se resistir à tentação do discurso autoritário e moralista<br />

que pré-determina o que é aceitável comprar e usar, esquecendo que estas não são questões<br />

absolutas, e sim relativas. Seu desafio exige mais inteligência do que força bruta.<br />

Mestre em Administração/<strong>Marketing</strong> pela Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande do Sul<br />

(UFRGS). Consultor <strong>da</strong> <strong>Think</strong>! <strong>Marketing</strong> & Cultura do Consumo. Autor de “Precisar, não precisa –<br />

um olhar sobre o consumo de luxo no Brasil” (editora Lazuli, no prelo). Contato:<br />

think@thinkmarketing.com.br e www.thinkmarketing.com.br.<br />

www.thinkmarketing.com.br<br />

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