Reconhecimento precoce do quadro de sepse em terapia intensiva

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Reconhecimento precoce do quadro de sepse... – pp. 18-32
RECONHECIMENTO PRECOCE DO QUADRO DE SEPSE EM TERAPIA INTENSIVA:
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO
RESUMO
Rosane Kraus Schmitz 1 | Telma Pelaes 2 | Maria Cristina Paganini 3
Objetivo: Identificar como os enfermeiros da Unidade de Terapia Intensiva de um hospital Oncológico de
referência no Paraná reconhecem os sinais e sintomas da sepse.
Métodos: Foi realizada uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa. Os sujeitos da
pesquisa foram os oito Enfermeiros que atuam na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital escola
considerado referência em oncologia no Paraná. A coleta de dados ocorreu no período de Março de 2010,
através de um questionário estruturado.
Resultados: Foram elencadas quatro categorias sendo elas: Conceituando sepse: expressões e termos
utilizados pelos enfermeiros; Identificando a origem e a causa da sepse; Relacionando as alterações dos
sinais vitais à sepse; Reconhecimento precoce da sepse: mecanismos práticos.
Considerações finais: Os Enfermeiros na sua maioria afirmam que conseguem reconhecer a sepse
precocemente, mas suas respostas mostram que reconhecem sua forma grave ou quando evolui a um choque
séptico. Se faz necessário uma melhor compreensão ou atualização sobre o assunto, para reduzir os altos
índices de mortalidade associados com a sepse não tratada.
Palavras-chave: Enfermeiros; Sepse; Unidade de Terapia Intensiva; oncologia.
ABSTRACT
Objective: To identify how nurses from the Intensive Care Unit of a cancer hospital in Parana recognize the
signs and symptoms of sepsis.
Methods: This exploratory, descriptive, qualitative approach involving eight nurses working in intensive care
unit of a teaching hospital considered a benchmark in oncology in Parana. Data collection occurred from
March 2010 through a structured questionnaire.
Results: After analysis identified four categories namely: Conceptualizing sepsis: expressions and terms used
by nurses; Identifying the origin and cause of sepsis, correlating the changes in vital signs of sepsis; Early
recognition of sepsis: practical mechanisms.
Conclusion: The nurses say they mostly fail to recognize sepsis early. The answers, however, show that
nurses recognize the severe or when it evolves to septic shock. For this you need to upgrade or improve the
understanding on the subject, to reduce the high mortality associated with sepsis not treated
Keywords: Nurses; sepsis, Intensive Care Unit, oncology.
1
Graduanda do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.
2
Mestre em Distúrbios da comunicação. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná.
3
Enfermeira do Hospital de Clínicas – UFPR – Mestre em Assistência de Enfermagem; Professora do Curso de Enfermagem da
Universidade Tuiuti do Paraná; Doutoranda Programa Interunidades EEUSP.UTP: Rua Sydnei Rangel dos Santos , 238 CEP 82010-100.
E-mail : telma.pelaes@utp.br

INTRODUÇÃO
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A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o setor que reúne recursos humanos
especializados, materiais específicos e infra-estrutura própria para o tratamento de
pacientes em estado crítico, através de uma prática assistencial contínua visando o
restabelecimento das funções vitais do corpo (AMANTE, ROSSETTO, SCHNEIDER,
2009).
Esta prática assistencial é assegurada pelo enfermeiro, líder da equipe de
enfermagem e é alcançada através da Utilização da Sistematização da Assistência
Enfermagem (SAE), que segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2002)
busca a identificação da saúde-doença através de um método e uma estratégia de trabalho
científico que irá embasar as ações da equipe de enfermagem, contribuindo para a
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde.
O COFEN na resolução n°. 293/2004 estabelece ainda, que devam ser
consideradas 17,9 horas de enfermagem por leito em 24 horas, por paciente em UTI, no
que tange ao planejamento do cuidado.
Segundo Cavalheiro, Shiramizo, Moura Junior (2009) a sepse é uma das causas
mais freqüentes de admissão em UTI, sendo a décima causa de óbitos nos Estados Unidos e
a principal nas Unidades de Terapia Intensiva de todo o mundo. Mediante a gravidade do
assunto o enfermeiro deve estar preparado para detectá-la precocemente.
No Brasil, um estudo publicado em 2004 mostrou que 61,4% dos pacientes
internados em UTI desenvolveram sepse, cerca de 35,6% desenvolveram na forma mais
grave. No ano de 2005, dados do DATASUS, mostram que ocorreu cerca de 54,365 casos
de internamentos para tratamento de sepse no Sistema Único da Saúde (SUS),
representando em média 0,5% do total das internações deste sistema. Estima-se uma
prevalência de morte por sepse ainda maior, este fato tem representado um pesado fardo
tanto no ponto de vista social quanto econômico para os sistemas de saúde de todo o
mundo (CARVALHO, TROTTA, 2003).
Sepse, do grego “sepsis” (podridão de matérias ou tecidos orgânicos) é definida
como Síndrome de Resposta Inflamatória Secundária (SIRS), a partir de um foco
infeccioso comprovado ou suspeito, e, caso não seja diagnosticada e tratada a tempo, pode

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comprometer o funcionamento de vários órgãos, evoluindo para o óbito (KNOBEL, BEER,
2005).
Stenbit e Serio, (2007) em seus estudos afirmam que as manifestações tardias da
sepse levam ao choque refratário e as disfunções de órgãos como, por exemplo,
insuficiência renal e lesão pulmonar aguda.
Os pacientes oncológicos, em função do desenvolvimento do próprio câncer, que é
considerado um fator de risco para a sepse, ou pela utilização intensa de terapia
antineoplásica, podem desenvolver sepse em sua forma mais grave (VOOS, 2009).
Segundo Leite (2007) o enfermeiro é o membro da equipe de saúde que,
usualmente, permanece ao lado dos pacientes durante todo o processo de internação, ou
seja, saúde-doença, o que o torna elemento essencial para o sucesso do tratamento.
Nesse sentido, o enfermeiro deve perceber e reconhecer as alterações
principalmente dos sinais vitais no início da sepse para um prognóstico positivo além de
reconhecer possíveis alterações orgânicas, como dispnéia (disfunção pulmonar), oligúria,
alteração do nível de consciência, no geral insuficiência de múltiplos órgãos que ocorrem já
no estado severo da sepse.
O exercício profissional em UTI vem se caracterizando, pela utilização de um
saber específico, diante da complexidade existente neste setor. Com isso os profissionais
envolvidos necessitam de constante aperfeiçoamento, atualização de seu conhecimento e
incorporação de novos conceitos. Com tantos avanços tecnológicos nesta área, a equipe de
enfermagem deve acompanhar esta evolução e requer assim enfermeiros preparados para
lidar com essa clientela e ambiente especializado (FERREIRA, SILVA, 2008).
Bernardina et al (2010) afirmam que a atuação do enfermeiro intensivista requer
conhecimento cientifico para realizar uma avaliação e compreensão dos sinais e sintomas
de forma ininterrupta com a finalidade da prevenção, detecção e identificação precoce de
complicações.
Frente ao exposto, a presente pesquisa se propõe a identificar como os enfermeiros
de uma UTI Oncológica reconhecem a Sepse.
OBJETIVO
Identificar como os enfermeiros da Unidade de Terapia Intensiva de um hospital
Oncológico de referência no Paraná reconhecem os sinais e sintomas da sepse.

MÉTODOS
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Foi desenvolvido um estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa.
O método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, trabalha com o
universo de significados, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões,
das relações, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem,
constroem seus artefatos e a si mesmo, sentem e pensam (MINAYO, 2007). Esse tipo de
abordagem é mais adequada para exploração e compreensão das vivências e discursos dos
enfermeiros em relação à sepse.
Os participantes da pesquisa foram oito enfermeiros que trabalham na UTI de um
hospital referência em oncologia no Paraná. Esses enfermeiros são distribuídos da seguinte
forma: dois no turno matutino, dois no período do vespertino, quatro nos plantões noturno,
par e ímpar. Para participar do estudo, a pesquisadora conversou com cada um previamente
sobre a pesquisa que iria desenvolver, verificando datas e local apropriado para as coletas
de dados sem informar o tema para impedir que procurassem na literatura informações,
alterando os dados e resultado da pesquisa.
Foram atendidos os princípios da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde, explicado o objetivo da pesquisa e o caráter voluntário da mesma, aplicado o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE, após os devidos esclarecimentos sobre a
importância do estudo.
A pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética (CEP) do hospital onde foi realizada a
pesquisa e aprovado sem restrições no dia 09/03/2010.
A coleta de dados foi feita em dois dias consecutivos no mês de março, mediante a
aplicação de um questionário estruturado (anexo 1), contendo três perguntas abertas
elaborada pela pesquisadora principal, tendo por objetivo analisar o entendimento dos
enfermeiros sobre o conceito de sepse, as alterações nos sinais vitais que os pacientes com
sepse apresentam e se conseguem reconhecê-la precocemente.
Para garantir o anonimato dos participantes foram utilizadas cores (branco, verde,
amarelo, azul, lilás, rosa, vermelho, laranja) colocando ao final de cada fala.

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Primeiramente, foi feita a caracterização da amostra, em seguida foi realizada a
análise dos dados através da temática proposta por Minayo (2007) que desenvolve a
análise seguindo as seguintes etapas:
1ª Etapa – Ordenação dos dados.
Nesta etapa as respostas obtidas foram lidas várias vezes pela pesquisadora, para
separar as falas de cada sujeito participante do estudo. Foi distribuído as cores para
identificação e anonimato dos sujeitos.
2ª Etapa – Classificação dos dados.
A partir da leitura e releitura do material foram elaboradas as categorias do estudo.
Nesta etapa ocorreu o aprofundamento nas respostas dos enfermeiros que trabalham na
Unidade de Terapia Intensiva onde foi realizado o estudo, para apreender as significações
que os mesmos expressam. Todo o material foi aproveitado para constar na análise, para
chegar ao objetivo do trabalho e, portanto respondem o objetivo da pesquisa.
3ª Etapa – Análise final.
Após a elaboração das categorias foi procurado relacionar os dados aos referenciais
teóricos da pesquisa, procurando elucidar o objetivo da mesma. É nessa etapa que se
articula as respostas ou idéias dos sujeitos com a literatura. As apresentações dos resultados
incluem citações literais dos entrevistados para ilustração, em número suficiente para
determinar e caracterizar aquele segmento de análise.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados serão apresentados a seguir, sendo esses divididos na primeira parte
em gráficos, configurando a caracterização dos enfermeiros envolvidos na pesquisa e em
seguida, através da apresentação das categorias resultantes da analise de discursos, por
Minayo (2007).
O gráfico 1 mostra que o tempo de formação profissional dos entrevistados que
prevalece é de 4 e 5 anos. Juntos representam 74%, caracterizando os enfermeiros desta

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UTI Oncológica como jovens em tempo de formação, ou seja, a instituição contrata
enfermeiros com pouca experiência profissional.
Cunha e Holanda (2005) referem que um hospital escola, como é o caso da
instituição envolvida na pesquisa, contrata com maior freqüência enfermeiros recém
formados que está em busca de seu aprendizado, de aprimorar suas técnicas e obter maior
segurança.
Gráfico 1: Tempo de formação profissional dos enfermeiros da UTI Oncológica, Curitiba, Março de 2010.
13%
13%
37%
Existe também uma rotatividade de enfermeiros, o gráfico abaixo caracteriza este
fato, pois a UTI deste hospital escola foi fundada em 1972, estando a 38 anos atendendo
pacientes com doença neoplásica que necessitam de cuidados intensivos, o maior tempo de
contrato de trabalho entre os enfermeiros no período que foi desenvolvido a pesquisa varia
de 3 anos á 5 anos, 38% dos sujeitos seguido de 37% que trabalham de 1 ano á 3 anos,
permanência dos enfermeiros relativamente baixa.
Cunha e Holanda (2005) justificam esta rotatividade e baixa permanência, devido
à complexidade do trabalho realizado pelos enfermeiros em UTIs, além do grande número
de atividades assistências que estes pacientes necessitam, gerando tensão, sobrecarga de
trabalho, ansiedade, cansaço, estresse, levando há desligamento ou abandono do trabalho.
37%
5 anos
4 anos
3 anos
9 anos

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Gráfico 2: Tempo de trabalho na instituição com função de enfermeiro, Curitiba, Março de 2010
38%
37%
25%
1mês - 1ano
1 ano - 3 anos
3 anos - 5 anos
A partir da análise de conteúdo das respostas encontradas nos questionários
aplicados foram destacadas as categorias ou indicadores descritos abaixo:
1. Conceituando sepse: expressões e termos utilizados pelos enfermeiros;
2. Identificando a origem e a causa da sepse;
3. Relacionando as alterações dos sinais vitais à sepse;
4. Reconhecimento precoce da sepse: mecanismos práticos;
1. CONCEITUANDO
ENFERMEIROS.
SEPSE: EXPRESSÕES E TERMOS USADOS PELOS
Apreende-se, pela fala dos enfermeiros que os termos e expressões mais usadas para
conceituar a sepse são infecção generalizada e infecção sistêmica sendo que esta infecção
segundo os mesmos pode evoluir a óbito se não for tratada. Ainda referem o longo tempo
de hospitalização destes pacientes sem apresentar uma melhora no quadro. Revelam que
pacientes com este diagnóstico são comuns em UTIs.
Explicam que a sepse apresenta sinais e sintomas característicos sendo notadas
primeiramente alterações nos sinais vitais, como exemplo febre.
Matos e Victorino (2005) explicam que devido à alta taxa de
mortalidade relacionada com a sepse, surgiu a necessidade da padronização de critérios
para diagnóstico e conceitos, em 1991 foi realizado a conferência de consenso de Sepse,
citada por Diament e Lomar (2005), Knobel e Beer (2005), Oliveira e Viana (2009), a
Sepse é definida como Síndrome de resposta inflamatória secundária (SIRS) descrita

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abaixo, a partir de um foco infeccioso comprovado ou suspeito, e, caso não seja
diagnosticada e tratada a tempo, pode comprometer o funcionamento de vários órgãos,
evoluindo a óbito.
SIRS traduz a reação do organismo á presença de infecção, sendo caracterizada
pelos no mínimo 2 dos sintomas a seguir: alteração da temperatura ( T >38°C ou
12.000/mm³) ou 10% de formas jovens (bastões) (MESQUITA, 2009).
Almeida (2009) afirma que sepse é uma das causas mais significativas de óbito
dentre os pacientes de alto e médio risco das Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
Esteban et al (2007) comentam que metade dos pacientes com sepse são tratados nas
Unidades de Terapia Intensiva. No Brasil em 2005, dados da DATASUS, ocorreu cerca de
54,365 casos de internamentos para tratamento de sepse no Sistema Único da Saúde
(SUS).
Os depoimentos dos enfermeiros deste estudo ilustram o exposto.
“Infecção generalizada com foco definido ou indefinido com sinais e
sintomas característicos” (Laranja).
“Infecção generalizada que acomete vários órgãos, caracterizada por
febre, alterações dos sinais vitais...” (Lilás).
“Sepse é uma infecção sistêmica... é muito comum em UTI, causa uma
inflamação podendo levar a falência múltipla de órgãos, se a sepse não
for tratada rapidamente pode levar á morte” (Verde).
2. IDENTIFICANDO A ORIGEM E A CAUSA DA SEPSE.
Quanto à origem da infecção, ou seja, a causa primária da sepse, três participantes
consideram como sendo de foco pulmonar e pós- operatório ou procedimento invasivo por
outros três.
O fato de ser uma UTI oncológica, recebendo muitos pacientes neoplásicos com
imunidade baixa também é considerado por um sujeito.
Os tipos de infecção que mais evoluem para sepse segundo estudos de Calandra e
Cohen (2005) são de 30% a 40% proveniente da corrente sanguínea, 40% trato urinário,
outros focos comuns eram infecção de ferida operatória, endocardite e infecções

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abdominais (primária e secundária), não relatam foco pulmonar, mas os sujeitos podem ter
citado mediante suas experiências, seu cotidiano na UTI, como demonstrado nos relatos
abaixo:
“Sepse... causada por bactérias. Pode se originar de uma infecção
pulmonar ou de qualquer outro órgão...” (Verde).
“... pacientes pós-operatórios com imunidade baixa” (Lilás).
“... foco pulmonar abdominal entre outros...” (Rosa).
“... estado clínico do paciente e/ou procedimentos invasivos...”
(Amarelo).
3. RELACIONANDO AS ALTERAÇÕES DOS SINAIS VITAIS À SEPSE.
Em relação aos sinais vitais, as participantes indicam a febre, taquicardia, hipotensão,
hipertensão e dispnéia, presente no paciente com quadro de sepse conforme apresenta o
quadro abaixo.
Quadro 1: Alterações dos Sinais Vitais na Sepse segundo entrevistados,Curitiba, 2010.
Sujeito Febre Taquicardia Hipotensão Hipertensão Dispnéia
Branco X X X
Azul X X X
Laranja X X X
Lilás X X X
Rosa X X X X
Verde X X X
Amarelo X X X
Vermelho X X
Pelos resultados demonstrados no quadro acima é possível constatar que a
Hipertermia é o evento relacionado à sepse mais citado, lembrada por todos os sujeitos
além da taquicardia citada sete vezes. Exemplificado nas citações abaixo.
“Febre, taquicardia, dispnéia, rebaixamento do nível de consciência”
(Lilás).
“Hipotensão, perfusão periférica diminuída, hipertermia, pele fria”
(Vermelho).

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De acordo com o consenso de Sepse realizado em 1991 e atualizado em 2001 pela
Conferência Internacional de Definição da Sepse, citada por Carvalho e Trotta (2003),
Diament e Lomar (2005) e atualmente, por Henkin, et al (2009), no quadro de sepse ocorre
a alteração de 2 dos 4 sinais da Sindrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS)
secundária á infecção.
Ainda segundo estes autores ocorre hipotensão (PAM < 90 mmHg) quando se
estabelece a sepse grave ou choque séptico, cinco dos entrevistados relacionam este sinal
como sendo da Sepse, ficando claro a dificuldade da distinção entre os sinais presentes no
quadro da Sepse, Sepse grave e choque séptico.
Mesquita (2009) afirma que os enfermeiros devem conhecer e diferenciar estes e
outros conceitos para reconhecer as manifestações clínicas iniciais de um paciente com
quadro de sepse.
Segundo Carvalho e Trotta (2003), citado também Henkin, et al (2009), sepse
grave é quando ocorre a sepse associada com disfunção de órgãos e hipoperfusão tecidual,
caracterizada por oligúria ou alteração do nível de consciência, hipotensão arterial, acidose
lática, quando a hipotensão e a hipoperfusão persiste após ocorrer ressuscitação volêmica
adequada fica caracterizado o choque séptico.
A hipertensão citada por dois participantes, não foi encontrada associada à sepse
ou com a identificação precoce da mesma.
4. RECONHECIMENTO PRECOCE DA SEPSE: MECANISMOS PRÁTICOS.
Os participantes ao serem questionados se conseguiriam reconhecer a sepse
precocemente, responderam como demonstra o gráfico abaixo:

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Gráfico 2: Reconhecimento precoce de um paciente com sepse, Curitiba, Março de 2010.
13%
25%
62%
Sim
Não
Depende
A partir das respostas dos participantes pode-se verificar que 13% ou seja, um
sujeito não reconhece precocemente a sepse, 62% dos sujeitos conseguem sim reconhecêla,
alguns pelas alterações nos Sinais Vitais, alteração do nível de consciência, conforme
relatos abaixo citados;
“Paciente apresenta alteração do nível de consciência, pulso filiforme
associado à taquicardia, hipertermia muitas vezes não diminui mesmo
com antitérmico” (Branco).
“Observar sinais vitais, febre, taquicardia, dispnéia, infecções locais
(incisões cirúrgicas que apresentam dor, calor, rubor, edema) presença
de exsudato nas incisões cirúrgicas. Estar atento as respostas
ventilatórias do paciente” (Lilás).
“... Aumento de temperatura, aumento da freqüência cardíaca, queda da
pressão, (Verde).”
“Alterações de sinais vitais, hiperglicemia, PVC baixa tudo isto em
alteração pode ocasionar a sepse, resultado de culturas em geral”
(Rosa).
Alterações dos sinais vitais já foram citadas anteriormente na tabela 1, no que diz
respeito à alteração do nível de consciência, Mesquita (2009), afirma que no quadro de
sepse grave é esperado paciente confuso, letárgico, desorientado e agitado além de ocorrer
uma hipoperfusão cerebral.
Sabe-se que deve ser controlada a glicemia dos pacientes com sepse, pois o quadro
de hiperglicemia piorra o prognóstico destes pacientes, segundo Viana e Oliveira (2009),
Nascimento et al (2009), citada também por Calandra e Cohen (2005), deve-se manter os
níveis glicêmicos < 150mg/dL, com monitorização freqüente no máximo a cada duas
horas.

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A hiperglicemia e a resistência à insulina ocorrem devido ao chamado estresse
orgânico, gerado em situação como sepse, trauma dentre outras situações comuns em UTI,
independentemente da história pregressa de Diabetes Mellitus (NASCIMENTO, et al,
2009).
Quando o diagnóstico da sepse não é precoce permitindo alguma intervenção,
pode evoluir para choque, falência orgânica e óbito, mas isso não é sempre fácil, pois suas
manifestações podem ser confundidas ou despercebidas (CHAVES, LISBOA, FILHO,
2009). Está dificuldade é relatada por um sujeito.
“Paciente pode apresentar sinais vitais estáveis por mais de 48horas e
alterar repentinamente mascarando o início do quadro...” (Amarelo).
O reconhecimento precoce da sepse e seus diferentes aspectos clínicos pelo
enfermeiro são de extrema importância não só para o diagnóstico, mas para as definições
dos planos terapêuticos e estratégias de monitorização (MESQUITA, 2009).
Existe uma Campanha mundial chamada “Campanha sobrevivendo á sepse”, no
Brasil ela é coordenado pelo Instituto Latino Americano da Sepse, o hospital pode se
cadastrar e participar tendo alguns benefícios como segundo os organizadores redução em
5 anos de 25% dos óbitos relacionado com a sepse, redução de custos, recebem
treinamentos sobre novas práticas, dentre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa de campo apresentou que os enfermeiros afirmam reconhecer a sepse
precocemente, no entanto, suas respostas mostram que reconhecem na sua forma grave ou
quando evolui para um choque séptico. Este dado é confirmado quando citam alterações
dos sinais vitais que estão presente no inicio do quadro, como hipotensão, hiperglicemia,
alteração no nível de consciência, sendo que estes sinais são tardios.
Uma melhor compreensão ou atualização sobre a esse assunto, poderá ajudar
efetivamente a reduzir os índices de mortalidade, hospitalização e custos associados com a
sepse não tratada, que evolui para sepse grave, choque séptico em pacientes críticos. No
caso de doença neoplásica o quadro é ainda mais grave, devido à falta de condições de
recuperação do paciente, o que exige maior preparo do enfermeiro.

REFERÊNCIAS
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STENBIT, A.; SERIO, K. J. Sepse. In_IRWIN, Richard S; RIPPE, James M. Manual de Terapia Intensiva. 4
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VIANA, R.A.P.P; OLIVEIRA, J.B. Definições e condutas baseadas em evidencias. In:__. VIANA, R.A.P.P.
Sepse para Enfermeiros. 1°ed. São Paulo, SP: Ed. Atheneu, 2009. Cap. 1, P. 1- 10.
VOOS, F.L. Atuação do farmacêutico clinico na otimização do tratamento da sepse grave de pacientes
oncológicos em UTI. 2009.66 f. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Farmácia Oncológica) -
Hospital Erasto Gaertner, Curitiba, 2009.

ANEXO 1
INSTRUMENTO DE PESQUISA
32
Reconhecimento precoce do quadro de sepse... – pp. 18-32
QUESTIONÁRIO PARA ENFERMEIROS DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Tempo que trabalha na Instituição:
Tempo de formação profissional:
Vamos abordar um tema importante para a vida e saúde das pessoas, vamos falar sobre sepse.
Queremos que se sinta a vontade para responder as questões a seguir sem constrangimentos, as
respostas são sigilosas e servirão para uma melhor organização dos serviços que atendem os
pacientes com sepse.
1- O que você entende por sepse?
2- Que alteração nos sinais vitais pode se verificar em um paciente com sepse?
3- Você consegue reconhecer precocemente a sepse? Se sim como?