Rosácea na infância com acometimento ocular - Dermato.med
Rosácea na infância com acometimento ocular - Dermato.med
Rosácea na infância com acometimento ocular - Dermato.med
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PE-010<br />
67 o Congresso da Sociedade Brasileira de <strong>Dermato</strong>logia<br />
Felipe Cupertino de Andrade<br />
Pablo Vitoriano Cirino<br />
Juliany Estefan<br />
Eliane Abad<br />
Simone Saintive<br />
Rio de Janeiro – Setembro 2012<br />
<strong>Rosácea</strong> <strong>na</strong> <strong>infância</strong> <strong>com</strong><br />
a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong><br />
Serviço de <strong>Dermato</strong>logia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ,<br />
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira,<br />
Faculdade de Medici<strong>na</strong> - Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />
Ausência de conflito de interesse
<strong>Rosácea</strong> <strong>na</strong> <strong>infância</strong> <strong>com</strong> a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong><br />
INTRODUÇÃO<br />
• <strong>Rosácea</strong> é uma condição inflamatória crônica de etiologia desconhecida,<br />
cujas manifestações cutâneas incluem eritema, telangectasias, papulopústulas<br />
e hipertrofia de glândulas sebáceas, usualmente confi<strong>na</strong>das às<br />
regiões malares, <strong>na</strong>riz, fronte, mento e região cervical. Mais da metade<br />
dos pacientes apresentam algum grau de a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong>, podendo<br />
apresentar blefarite, meibomianite, episclerite, irite, ceratoconjuntivite e<br />
úlceras córneas, que podem evoluir para lesões cicatriciais. Apesar das<br />
manifestações cutâneas e <strong>ocular</strong>es de rosácea ocorrerem mais<br />
<strong>com</strong>umente entre a 3ª e 5ª décadas, ambas podem ser obsevadas <strong>na</strong><br />
<strong>infância</strong>.<br />
• Motivo da <strong>com</strong>unicação: Relatar três casos de rosácea <strong>na</strong> <strong>infância</strong>, dois<br />
deles evoluindo <strong>com</strong> a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong> importante.
<strong>Rosácea</strong> <strong>na</strong> <strong>infância</strong> <strong>com</strong> a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong><br />
RELATO DO CASO 1<br />
• Paciente do sexo feminino, 9 anos, parda, <strong>na</strong>tural e residente do RJ.<br />
• HDA: Mãe refere surgimento de lesões <strong>na</strong> pele e vermelhidão nos olhos<br />
há 1 ano. Consultou oftalmologista, que prescreveu ciprofloxaci<strong>na</strong> e<br />
dexametaso<strong>na</strong> colírio <strong>com</strong> melhora do quadro <strong>ocular</strong>, e encaminhou à<br />
<strong>Dermato</strong>logia.<br />
• Ao exame: Observamos pápulas eritematosas e pústulas no <strong>na</strong>riz e <strong>na</strong>s<br />
regiões malares e no mento, algumas encimadas por crostas. Não havia<br />
<strong>com</strong>edões. Além disso, apresentava intensa hiperemia conjuntival e<br />
lacrimejamento.
CASO 1<br />
Avaliação da<br />
oftalmologia apontou<br />
blefarite intensa<br />
bilateral, <strong>com</strong> formação<br />
de flictênula <strong>na</strong> córnea<br />
esquerda, que evoluiu<br />
para cicatriz extensa.<br />
A<strong>com</strong>etimento corneano:<br />
lesão cicatricial acinzentada<br />
que se extende ao centro da<br />
íris (seta)
CASO 1<br />
Conduta: Iniciamos<br />
eritromici<strong>na</strong> VO 50<br />
mg/kg/dia, de 6/6h. Após<br />
15 dias, paciente retor<strong>na</strong><br />
apresentando melhora<br />
importante das lesões<br />
cutâneas (foto 2) e dos<br />
sintomas <strong>ocular</strong>es.<br />
Devido à boa resposta,<br />
associamos eritromici<strong>na</strong><br />
2% gel <strong>na</strong>s lesões da face,<br />
2x/dia.<br />
Após 15 dias de tratamento,<br />
apresentando ape<strong>na</strong>s algumas<br />
pápulas eritematosas <strong>na</strong> face
CASO 2<br />
Sexo feminino, 10 anos, branca, <strong>na</strong>tural e residente do RJ, apresentando<br />
lesões <strong>na</strong> face há um ano, que pioravam <strong>com</strong> a exposição solar. Seis meses<br />
após o início do quadro, surgiram sintomas <strong>ocular</strong>es. Ao exame: eritema,<br />
telangectasias, pápulas eritematosas e pústulas no <strong>na</strong>riz e regiões malares.<br />
Exame oftalmológico: hiperemia conjuntival, fotofobia e lacrimejamento .<br />
Pápulas eritematosas e pústulas no <strong>na</strong>riz e <strong>na</strong> região malar<br />
bilateralmente<br />
A<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong>: hiperemia conjuntival e<br />
lacrimejamento
CASO 2<br />
Conduta: Iniciamos<br />
eritromici<strong>na</strong> VO 50mg/kg/dia<br />
de 6/6h, associada ao<br />
metronidazol tópico 0,75% gel<br />
<strong>na</strong>s lesões da face. Após 15<br />
dias, paciente retor<strong>na</strong><br />
apresentando discreto eritema,<br />
ausência de pápulas ou<br />
pústulas e conjuntivas claras,<br />
sem secreção. Reduzimos<br />
progressivamente a dose da<br />
eritromici<strong>na</strong> em 30 dias e<br />
mantivemos o metronidazol<br />
tópico 2x/dia. Iniciamos<br />
manutenção <strong>com</strong> metronidazol<br />
1% gel tópico 1x/dia, havendo<br />
ausência de lesões após 9<br />
meses de a<strong>com</strong>panhamento.<br />
Melhora após o tratamento
CASO 3<br />
Paciente do sexo masculino, 10 anos, branco, <strong>na</strong>tural e residente do RJ. Havia<br />
sido encaminhado devido a quadro de tinea capitis. Porém, ao exame, além<br />
das lesões no couro cabeludo, apresentava pápulas e eritema no dorso <strong>na</strong>sal,<br />
pápulas eritematosas e algumas pústulas <strong>na</strong>s regiões malares, peri<strong>ocular</strong> e<br />
perioral. Nos olhos, apresentava hiperemia conjuntival e lacrimejamento leves.<br />
Eritema difuso no <strong>na</strong>riz, pápulas eritematosas<br />
e pústulas <strong>na</strong> região malar bilateral e perioral<br />
Leve a<strong>com</strong>etimento<br />
<strong>ocular</strong>
CASO 3<br />
Foi iniciado o mesmo tratamento<br />
proposto para os casos 1 e 2, <strong>com</strong><br />
melhora após um mês de<br />
antibioticoterapia sistêmica e<br />
manutenção <strong>com</strong> gel de<br />
metronidazol a 0,75% tópico SOS,<br />
havendo manutenção da<br />
estabilidade do quadro após 10<br />
meses de a<strong>com</strong>panhamento.<br />
Melhora das lesões após o<br />
tratamento
<strong>Rosácea</strong> <strong>na</strong> <strong>infância</strong> <strong>com</strong> a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong><br />
DISCUSSÃO<br />
• Apesar de ser sub-reportada provavelmente devido à falta de critérios diagnósticos<br />
nessa faixa etária, as características clínicas da rosácea infantil parecem ser similares<br />
àquelas do adulto.<br />
• Com relação às lesões cutâneas, a forma papulo-pustular não apresenta <strong>com</strong>edões e<br />
deve ser diferenciada da acne juvenil, que por sua vez não apresenta eritema e<br />
telangectasias.<br />
• As lesões <strong>ocular</strong>es podem ser confundidas <strong>com</strong> ceratite herpética, infecções<br />
bacteria<strong>na</strong>s, alergia ou atopia, e o diagnóstico tor<strong>na</strong>-se de exclusão.
<strong>Rosácea</strong> <strong>na</strong> <strong>infância</strong> <strong>com</strong> a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong><br />
DISCUSSÃO<br />
• Quanto ao tratamento, há relatos de boa resposta <strong>com</strong> o uso sistêmico de tetracicli<strong>na</strong>,<br />
doxicicli<strong>na</strong> e eritromici<strong>na</strong>, este último sendo o de nossa escolha devido à idade dos<br />
pacientes.<br />
• Eritromici<strong>na</strong> e metronidazol tópicos podem ser usados <strong>na</strong>s lesões cutâneas e<br />
<strong>ocular</strong>es, nos devidos veículos.<br />
• Deve-se destacar a importância do diagnóstico precoce, pois duas de nossas<br />
pacientes permaneceram sem o diagnóstico até um ano após o aparecimento das<br />
lesões e uma delas evoluiu <strong>com</strong> cicatriz cornea<strong>na</strong> extensa e prejuízo da acuidade<br />
visual no olho a<strong>com</strong>etido.<br />
• Portanto, <strong>na</strong> vigência de lesões cutâneas de rosácea, uma consulta oftalmológica<br />
está indicada e tem ótima relação custo-benefício para os portadores da doença.<br />
• Da mesma maneira, a presença de si<strong>na</strong>is e sintomas <strong>ocular</strong>es associados à<br />
dermatose inflamatória da face <strong>na</strong> consulta oftalmológica levanta suspeita diagnóstica<br />
de rosácea e deve ser solicitada a avaliação pelo dermatologista.
<strong>Rosácea</strong> <strong>na</strong> <strong>infância</strong> <strong>com</strong> a<strong>com</strong>etimento <strong>ocular</strong><br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1. Chamaillard M, Mortemousque B, Boralevi F, Marques da Costa C, Aitali F, Taïeb A, Léauté-Labrèze C.<br />
Cutaneous and <strong>ocular</strong> signs of childhood rosacea. Arch <strong>Dermato</strong>l. 2008 Feb;144(2):167-71.<br />
2. Del Rosso J. Systemic therapy for rosacea: focus on oral antibiotic therapy and safety. Cutis. 2000;66:7-<br />
13.<br />
3. Lima KBO, Sousa LB, Santos NC, et al. Análise do custo-benefício da avaliação <strong>ocular</strong> de pacientes<br />
portadores de rosácea. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(1):37-43.<br />
4. Tanzi E, Weinberg J. The <strong>ocular</strong> manifestations of rosacea. Cutis. 2001;68:112-14.