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Prova testemunhal - Tribunal da Relação de Guimarães

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prolongado do álcool (que po<strong>de</strong> levar à chama<strong>da</strong> síndrome <strong>de</strong> Korsakoff, uma forma <strong>de</strong>vastadora<br />

<strong>de</strong> amnésia anterógra<strong>da</strong>) são causas <strong>de</strong> amnésia. Uma outra manifestação <strong>de</strong> amnésia, mas esta<br />

não patológica, é a amnésia infantil. Traduz-se na incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> natural, universal, para evocar<br />

vivências ocorri<strong>da</strong>s na infância até aos 4 ou 5 anos.<br />

O esquecimento consiste numa frustração <strong>da</strong> recuperação <strong>da</strong> informação armazena<strong>da</strong>. Há<br />

falhas <strong>de</strong> acesso à memória. Estas falhas po<strong>de</strong>m ter muitas causas. Algumas surgem <strong>de</strong> uma<br />

codificação <strong>de</strong>feituosa, enquanto outras surgem no momento <strong>da</strong> recuperação. De uma maneira<br />

geral o esquecimento aumenta com o intervalo <strong>de</strong> retenção (o tempo que me<strong>de</strong>ia entre a aquisição<br />

<strong>da</strong> informação e a sua evocação). Diversas teorias 8 foram propostas quanto às causas <strong>da</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

informação armazena<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s quais as prevalecentes são a (i) teoria <strong>da</strong> <strong>de</strong>terioração e a (ii) teoria<br />

<strong>da</strong> interferência. (i) A teoria <strong>da</strong> <strong>de</strong>terioração sustenta que o traço mnésico enfraquece<br />

gradualmente com o tempo, a menos que algo seja feito para conservá-lo intacto. Na origem <strong>da</strong><br />

erosão <strong>da</strong> memória po<strong>de</strong>riam estar processos metabólicos normais por acção dos quais o material<br />

armazenado vai enfraquecendo até acabar por se <strong>de</strong>sintegrar. (ii) A teoria <strong>da</strong> interferência<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o traço se per<strong>de</strong> no meio <strong>de</strong> outros traços adquiridos antes e <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> aprendizagem<br />

do material. O esquecimento ocorre porque a nova informação interfere na antiga informação,<br />

<strong>de</strong>slocando-a. Na perspectiva <strong>de</strong>sta teoria, uma recor<strong>da</strong>ção esqueci<strong>da</strong> não está perdi<strong>da</strong> nem<br />

<strong>de</strong>teriora<strong>da</strong>, está simplesmente mal coloca<strong>da</strong> no meio <strong>de</strong> outras recor<strong>da</strong>ções que interferem com a<br />

recuperação <strong>da</strong> informação visa<strong>da</strong>. Quanto maior for o intervalo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>corrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

aquisição <strong>da</strong> informação, tanto maior a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para novas aquisições interferirem.<br />

Distingue-se, a propósito, entre a interferência retroactiva (também <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> inibição<br />

retroactiva) e a interferência proactiva (também <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> inibição proactiva). A primeira<br />

traduz-se no facto <strong>de</strong> novas aprendizagens perturbarem a recor<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> aprendizagens anteriores.<br />

O esquecimento é assim causado pela activi<strong>da</strong><strong>de</strong> que ocorre <strong>de</strong>pois que apren<strong>de</strong>mos alguma coisa,<br />

mas antes <strong>de</strong> sermos solicitados a evocar essa coisa. Na interferência proactiva, a interferência<br />

funciona para a frente, numa direcção efectivamente proactiva. Aqui a interferência manifesta-se<br />

quando o conteúdo interferente ocorre antes, e não <strong>de</strong>pois, <strong>da</strong> aprendizagem do conteúdo a ser<br />

lembrado. Os <strong>da</strong>dos disponíveis sugerem que ambos os factores <strong>de</strong>sempenham um papel no<br />

processo <strong>de</strong> esquecimento. Apesar <strong>de</strong> tudo, não parece produzir-se esquecimento em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />

circunstâncias. Uma <strong>de</strong>las tem a ver com a chama<strong>da</strong> memória fotográfica. Esta reporta-se a<br />

8 Para melhor informação, v. Robert Sternberg, ob. cit.; Belina Nunes et al., ob. cit.

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