Os principais pensadores da sociologia Émile Durkheim - 1ª parte ...
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<strong>1ª</strong> PARTE<br />
COLÉGIO<br />
PADRE ANTONIO VIEIRA<br />
Nome do aluno(a):<br />
Data: 27/03/2012 Turma: <strong>1ª</strong> Série / Ensino Médio<br />
Disciplina: Sociologia Professor: Ana Christina de Oliveira<br />
<strong>Os</strong> <strong>principais</strong> <strong>pensadores</strong> <strong>da</strong> <strong>sociologia</strong><br />
<strong>Émile</strong> <strong>Durkheim</strong> - <strong>1ª</strong> <strong>parte</strong><br />
Foi francês <strong>Émile</strong> <strong>Durkheim</strong> quem deu forma aos trabalhos sociológicos como os conhecemos e quem<br />
instituiu o método de investigação científica <strong>da</strong> <strong>sociologia</strong>, transformando-a realmente em uma ciência. A<br />
influência de Augusto Comte no pensamento de <strong>Durkheim</strong> é percebi<strong>da</strong> claramente, principalmente quando<br />
<strong>Durkheim</strong> compara a socie<strong>da</strong>de a um organismo vivo.<br />
Fato social<br />
O aspecto mais importante <strong>da</strong> <strong>sociologia</strong> durkheimiana é a noção de fato social. Para <strong>Durkheim</strong>, fato<br />
social é um modo de agir e pensar que se impõe aos indivíduos que fazem <strong>parte</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. É social porque é<br />
externo ao indivíduo e independente dele, sendo capaz de condicionar e determinar suas ações. Assim, os fatos<br />
sociais não dizem respeito ao indivíduo singular, mas à socie<strong>da</strong>de. Por exemplo, as regras jurídicas, as regras<br />
morais, a cultura, a linguagem, a religião e o sistema financeiro.<br />
Dessa noção de fato social deriva a primeira regra metodológica estabeleci<strong>da</strong> por <strong>Durkheim</strong>: os fatos<br />
sociais devem ser tratados como coisas. Isso não significa, para <strong>Durkheim</strong>, entender os fatos sociais como algo<br />
material e sim abordá-los com objetivi<strong>da</strong>de, isolando-os <strong>da</strong>s manifestações individuais. Por exemplo, an<strong>da</strong>r<br />
vestido em nossa socie<strong>da</strong>de é um fato social, mas uma mulher usar bermu<strong>da</strong> ou saia é uma escolha particular,<br />
um ato individual isolado. Da mesma forma o uso do uniforme em nossa escola é um fato social, mas escolher<br />
usar a blusa <strong>da</strong> escola por dentro ou por fora <strong>da</strong> calça é um ato individual.<br />
Ao cientista cabe examinar os atos e os fatos com olhos inquiridores e isentos, libertando-se <strong>da</strong>s falsas<br />
evidências, porque elas são criações de fora do campo científico, que influem na paixão do observador sobre os<br />
objetos que se põe a examinar.<br />
<strong>Os</strong> fatos sociais se fun<strong>da</strong>mentam em três princípios básicos: a coercitivi<strong>da</strong>de, a exteriori<strong>da</strong>de e a<br />
generali<strong>da</strong>de. A coercitivi<strong>da</strong>de é a força que, através do constrangimento, obriga os indivíduos a se<br />
conformarem aos valores e às regras vigentes. A exteriori<strong>da</strong>de se manifesta através do conjunto de padrões
impostos aos indivíduos independentes de consciência deles. A generali<strong>da</strong>de porque permeiam to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de<br />
sobre a qual atuam.<br />
Exercícios<br />
1- Por que é grande a importância de <strong>Durkheim</strong> para a <strong>sociologia</strong>?<br />
2- Cite uma prova <strong>da</strong> influência de Comte no pensamento de <strong>Durkheim</strong>.<br />
3- Qual é o aspecto mais importante <strong>da</strong> teoria de <strong>Durkheim</strong> para a <strong>sociologia</strong>?<br />
4- O que é fato social?<br />
5- Cite dois exemplos de fatos sociais.<br />
6- O que significa dizer que os fatos sociais são coisas?<br />
7- Dê um exemplo diferente do texto mostrando a distinção entre fato social e ato individual.<br />
8- Quais são os três princípios básicos em que se fun<strong>da</strong>mentam os fatos sociais?<br />
2ª PARTE<br />
<strong>Émile</strong> <strong>Durkheim</strong> - 2ª <strong>parte</strong><br />
Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e Coesão Social<br />
Para <strong>Durkheim</strong> a socie<strong>da</strong>de se fun<strong>da</strong> na soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de. Mas na sua concepção, soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de não significa<br />
“espírito de fraterni<strong>da</strong>de” ou “inclinação para fazer o bem”. Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de é a condição do vínculo social, é o<br />
conjunto de laços que efetivamente prendem os elementos ao grupo, é a consciência interioriza<strong>da</strong> que os<br />
indivíduos têm de viver em socie<strong>da</strong>de e compartilhar os seus valores. É a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, portanto, que garante a<br />
integração geral <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. E é justamente pesquisando os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> coesão social que <strong>Durkheim</strong><br />
identifica dois tipos de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de:<br />
• Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de mecânica – É própria <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des pré-capitalistas. É mecânica porque nela a interação entre<br />
os membros é praticamente automática e o sentido coletivo é mais forte que o individual.<br />
Nas socie<strong>da</strong>des mais simples (pré-modernas), nas quais a divisão do trabalho é feita por sexo ou i<strong>da</strong>de,<br />
não há espaço para as diferenças e para a individuali<strong>da</strong>de. Mesmo quando ocorre uma especialização, isso não<br />
se dá por talento ou vocação, mas sim porque os as profissões vão sendo passa<strong>da</strong>s de pai para filho. O indivíduo<br />
se submete à família, a família se submete ao clã e o clã se submete à tribo. A vi<strong>da</strong> social ocupa todos os<br />
espaços <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dos indivíduos e é forte a reprovação social por qualquer ato que transgri<strong>da</strong> as normas.<br />
Prevalece um sistema jurídico do tipo repressivo e romper o vínculo de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de traz sempre sérias<br />
consequências. Nessas socie<strong>da</strong>des, a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de é mecânica, não depende de uma reflexão intelectual ou de<br />
uma escolha. O nível de coesão social é altíssimo.
• Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de orgânica – É própria <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des capitalistas, principalmente <strong>da</strong>s que se formaram após a<br />
Revolução Industrial. É orgânica porque nela a socie<strong>da</strong>de funciona como um organismo em que vários órgãos<br />
cumprem funções diferentes, mas dependentes entre si.<br />
Nas socie<strong>da</strong>des modernas, de forte divisão do trabalho, a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de não se fun<strong>da</strong> mais na igual<strong>da</strong>de e<br />
sim na diferença. Ca<strong>da</strong> indivíduo e ca<strong>da</strong> grupo exerce funções diferentes e permanecem juntos porque nenhum é<br />
auto-suficiente e todos dependem de outros. Isso implica a cooperação consciente e livre dos agentes sociais e o<br />
surgimento de instituições novas como a escola, a prisão e o Estado moderno. O sistema jurídico não visa mais<br />
reprimir e sim restabelecer o equilíbrio quebrado por quem viola as normas.<br />
A anomia<br />
Para <strong>Durkheim</strong>, a socie<strong>da</strong>de não é uma simples soma de indivíduos, é um todo, uma reali<strong>da</strong>de específica<br />
dota<strong>da</strong> de características próprias. A interseção dos grupos, a interdependência constante <strong>da</strong>s instituições<br />
determina o social, mas dessas interações nasce uma série de fenômenos que dizem respeito ao todo diretamente<br />
e não às <strong>parte</strong>s que o compõem. No pensamento do sociólogo, portanto, a socie<strong>da</strong>de prevalece sobre o<br />
indivíduo, pois quando este nasce tem de se a<strong>da</strong>ptar às normas já cria<strong>da</strong>s, como leis, costumes, línguas, etc. É a<br />
socie<strong>da</strong>de, como coletivi<strong>da</strong>de, que organiza, condiciona e controla as ações individuais. O indivíduo aprende a<br />
seguir normas e regras que não foram cria<strong>da</strong>s por ele, essas regras limitam sua ação e prescrevem punições para<br />
quem não obedecer aos limites sociais.<br />
<strong>Durkheim</strong> observou um fenômeno intrigante nas socie<strong>da</strong>des capitalistas, a anomia moral, que é a ausência<br />
de regras ou a falta de limites.<br />
A anomia é resultado do individualismo exagerado, que leva as pessoas a se esquecerem de que por maior<br />
que seja sua especiali<strong>da</strong>de ou até sua importância para a socie<strong>da</strong>de, todos precisam do grupo. Perdem-se os<br />
valores comuns pelos quais os indivíduos podem se orientar, e os interesses individuais e os coletivos ficam<br />
ca<strong>da</strong> vez mais distantes.<br />
Exercícios<br />
1- Qual é a concepção comum de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de?<br />
2- O que <strong>Durkheim</strong> chama de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de?<br />
3- Explique com suas palavras o que é a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de mecânica.<br />
4- Em que tipo de socie<strong>da</strong>de prevalece a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de mecânica?<br />
5- Explique com suas palavras o que é soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de orgânica.<br />
6- Em que tipo de socie<strong>da</strong>de prevalece a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de orgânica?<br />
7- Por que, para <strong>Durkheim</strong>, a socie<strong>da</strong>de prevalece sobre o indivíduo?<br />
8- Explique o que é anomia.<br />
9- Por que a anomia prevalece nas socie<strong>da</strong>des modernas e não nas pré-modernas.