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Wilhelm Reich: dados biográficos e orientações ... - Ifp-reich.com.br

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Abertura<<strong>br</strong> />

<strong>Wilhelm</strong> <strong>Reich</strong>: <strong>dados</strong> <strong>biográficos</strong> e <strong>orientações</strong> básicas<<strong>br</strong> />

Marcus Vinicius de A. Câmara<<strong>br</strong> />

<strong>Wilhelm</strong> <strong>Reich</strong>, ao longo de sua o<strong>br</strong>a, segue rotas que vão se desdo<strong>br</strong>ando<<strong>br</strong> />

umas nas outras. De psicanalista e, a seguir, marxista, passando pela<<strong>br</strong> />

sistematização teórica da análise caractero-vegetativa e alcançando a<<strong>br</strong> />

proposição tanto de uma nova ciência denominada Orgonomia, <strong>com</strong>o de um<<strong>br</strong> />

modo de produção social nomeado Democracia do Trabalho. Portanto, o<<strong>br</strong> />

Weltanschauung <strong>reich</strong>iano é <strong>com</strong>plexo, contemplando, a um só tempo, aspectos<<strong>br</strong> />

psíquicos, biológicos, sociais e energéticos. Mas, de que lugar se expressa <strong>Reich</strong>?<<strong>br</strong> />

Vamos, inicialmente, dar uma visada em suas raízes.<<strong>br</strong> />

1 - Raízes Familiares<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> (1922/1990) veio ao mundo em 24 de março de 1897, no então<<strong>br</strong> />

império austro-húngaro. Sua infância passou-se em uma granja, em profundo<<strong>br</strong> />

contato <strong>com</strong> a natureza. Possuía uma relação de maior proximidade <strong>com</strong> sua<<strong>br</strong> />

mãe do que <strong>com</strong> seu pai. Este era explosivo e, ao mesmo tempo, inteligente e<<strong>br</strong> />

amável. Tinha um irmão três anos mais moço, Robert, que reagia aos<<strong>br</strong> />

destemperos de seu pai, já <strong>Reich</strong> permanecia ressentido e introvertido.<<strong>br</strong> />

A vida amorosa de seus pais era conturbada, sua mãe era infeliz no<<strong>br</strong> />

casamento. Após uma fase depressiva, suicidou-se. O pai, aparentemente<<strong>br</strong> />

arrependido de suas ações <strong>com</strong> a mulher, veio a falecer alguns anos depois.<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> tornou-se um jovem intelectualmente curioso e vigoroso. Alistou-se<<strong>br</strong> />

voluntariamente aos 17 anos, e foi à guerra.<<strong>br</strong> />

Mais tarde, ingressou na Faculdade de Medicina em Viena. <strong>Reich</strong> era um<<strong>br</strong> />

estudante <strong>com</strong> dificuldades financeiras, vivia <strong>com</strong> so<strong>br</strong>as de sua herança e de<<strong>br</strong> />

aulas particulares para os demais estudantes. No meio acadêmico, além da


Medicina, interessou-se por escritos sócio-políticos. Por esta época iniciou sua<<strong>br</strong> />

formação em Psicanálise.<<strong>br</strong> />

2 – O Encontro <strong>com</strong> a Psicanálise<<strong>br</strong> />

Em sua formação de psicanalista, <strong>Reich</strong> produz seu primeiro trabalho. Os<<strong>br</strong> />

Conceitos de Pulsão e Libido de Jung a Forel (1925/1976f). Neste, aborda<<strong>br</strong> />

diversos autores e enfatiza a teoria da libido de Freud. Já neste momento, <strong>Reich</strong><<strong>br</strong> />

observa a necessidade de se fundamentar a teoria da libido em bases<<strong>br</strong> />

fisiológicas.<<strong>br</strong> />

Em 1920, <strong>Reich</strong> candidatou-se a mem<strong>br</strong>o da Sociedade Psicanalítica de<<strong>br</strong> />

Viena. Para tal, ministra a conferência O conflito da libido e a ilusão de Peer<<strong>br</strong> />

Gynt (1925/1976c). Nesta, ele analisa as facetas do personagem Peer Gynt, de<<strong>br</strong> />

Ibsen. Este personagem expressa o diferente, o ser solitário. Peer Gynt abarca<<strong>br</strong> />

ângulos da personalidade de <strong>Reich</strong>. Desde estudante permitia somente que uns<<strong>br</strong> />

poucos participassem de sua vida íntima.<<strong>br</strong> />

As diferenças entre os sexos <strong>com</strong> relação ao ato sexual é o objeto da<<strong>br</strong> />

pesquisa O Coito e os Sexos (1925/1976e) de <strong>Reich</strong>, em 1921. Assuntos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

orgasmo, ejaculação precoce e frigidez são abor<strong>dados</strong>. O autor estabelece a<<strong>br</strong> />

relação entre as perturbações sexuais e o sentimento de culpa, a cisão da<<strong>br</strong> />

ternura e da sexualidade, a valorização menor da vagina e maior do clitóris, a<<strong>br</strong> />

falta de diálogo entre homem e mulher, a carência de informação na área<<strong>br</strong> />

sexual, a atenção excessiva para <strong>com</strong> os filhos em detrimento do parceiro e a<<strong>br</strong> />

educação repressiva das mulheres.<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong>, médico (1922) e primeiro assistente de Freud na Policlínica<<strong>br</strong> />

Psicanalítica, publica O Caráter Impulsivo – um estudo psicanalítico so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

psicopatologia do Ego (1925/1976d), em 1925. Este caráter configura um quadro<<strong>br</strong> />

de impulsividade e instabilidade <strong>com</strong> frágil sentimento de culpa. A impulsividade<<strong>br</strong> />

não é observada pelo indivíduo <strong>com</strong>o patológica e é expressa por meio de um<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento desinibido. <strong>Reich</strong>, freudianamente, aponta que o caráter<<strong>br</strong> />

impulsivo sofre de uma deficiência no mecanismo de recalcamento ou, dito de<<strong>br</strong> />

outra maneira, no superego. A conclusão deste estudo estabelece que a relação<<strong>br</strong> />

2


de força entre a afirmação da pulsão e seu recalque deve ser equili<strong>br</strong>ada, ou<<strong>br</strong> />

seja, deve haver um balanceamento entre a liberação de prazer e sua redução.<<strong>br</strong> />

Nestes primeiros escritos, <strong>Reich</strong> demonstra um posicionamento<<strong>br</strong> />

psicanalítico ortodoxo quanto à necessidade de repressão e ao estabelecimento<<strong>br</strong> />

da sublimação, a fim de que as relações entre as pessoas, a cultura e a<<strong>br</strong> />

civilização, se consolidem. Entretanto, tal ponto de vista teórico so<strong>br</strong>e estas<<strong>br</strong> />

questões se modificará, aos poucos, <strong>com</strong>pletamente.<<strong>br</strong> />

Já em 1924, entre <strong>Reich</strong> e Freud havia surgido uma primeira fissura por<<strong>br</strong> />

meio da noção de “potência orgástica” de <strong>Reich</strong>. Esta que<strong>br</strong>a se amplia <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

trabalho de “análise das resistências” (1926) e a fratura definitiva ocorre <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

estudo so<strong>br</strong>e o “masoquismo” (1932). Aqui há uma cisão irreparável. Vamos<<strong>br</strong> />

aprofundar, posteriormente, estes pontos.<<strong>br</strong> />

3 – A Esquerda Psicanalítica<<strong>br</strong> />

1929 é o ano de publicação da importante o<strong>br</strong>a Materialismo Dialético e<<strong>br</strong> />

Psicanálise (1929/1983), <strong>Reich</strong> correlaciona marxismo e psicanálise por meio de<<strong>br</strong> />

pesquisas so<strong>br</strong>e três itens: a base materialista da psicanálise; a dialética na vida<<strong>br</strong> />

mental, a posição social da psicanálise. A base materialista da psicanálise é<<strong>br</strong> />

calcada na teoria da libido. Para <strong>Reich</strong>, a teoria da libido é o ponto mais<<strong>br</strong> />

concreto da psicanálise. A perspectiva dialética na vida mental proporciona a<<strong>br</strong> />

observação de <strong>Reich</strong> de que a im<strong>br</strong>icação mente/corpo deveria ser mais<<strong>br</strong> />

investigada, assim <strong>com</strong>o outras antíteses, tais <strong>com</strong>o: pulsão e inibição, tensão e<<strong>br</strong> />

relaxamento, libido narcísica e libido objetal, consciente e inconsciente, Ego e<<strong>br</strong> />

Id, amor e ódio, neurose e perversão, indivíduo e sistema sócio-político e outras<<strong>br</strong> />

mais. Segundo <strong>Reich</strong>, Freud, ainda jovem, cria que as neuroses eram resultantes<<strong>br</strong> />

da repressão social e sexual. Assim sendo, a psicanálise, para <strong>Reich</strong>, favoreceria<<strong>br</strong> />

uma tomada de consciência desta repressão e, deste modo, a posição social da<<strong>br</strong> />

psicanálise implicaria na articulação deste saber <strong>com</strong> o marxismo, visando a<<strong>br</strong> />

conscientização da classe explorada e auxiliando a criar uma sociedade mais<<strong>br</strong> />

justa e solidária, uma sociedade <strong>com</strong>unista.<<strong>br</strong> />

No entanto, <strong>Reich</strong> já produzia uma diferença em relação ás ortodoxias<<strong>br</strong> />

psicanalítica e marxista: a psicanálise deveria levar em consideração as<<strong>br</strong> />

3


diferenças sociais resultantes da exploração da classe do proletariado pela<<strong>br</strong> />

burguesia na produção da subjetividade; o movimento marxista não poderia<<strong>br</strong> />

enfatizar o campo social em detrimento do aspecto sexual, até porque o<<strong>br</strong> />

recalcamento sexual é um fenômeno que englobaria tanto a classe dominante<<strong>br</strong> />

quanto a dominada. Observações <strong>com</strong>o estas, marcam o pensamento não-<<strong>br</strong> />

alinhado de <strong>Reich</strong> a grandes correntes do pensamento <strong>com</strong>o a psicanálise e o<<strong>br</strong> />

marxismo. Embora estas tenham erigido as fundações do pensamento <strong>reich</strong>iano,<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> não era ingênuo e, <strong>com</strong> crivo crítico bastante apurado, já notava as<<strong>br</strong> />

limitações destas teorias, iniciando assim a dissidência destas grandes correntes<<strong>br</strong> />

do conhecimento. A independência e a originalidade de <strong>Reich</strong> marcam sua<<strong>br</strong> />

postura ao longo de sua o<strong>br</strong>a. Para ele, a psicanálise e o marxismo deveriam<<strong>br</strong> />

sustentar a perspectiva de uma revolução social e sexual a um só tempo.<<strong>br</strong> />

É <strong>com</strong> este ponto de vista que <strong>Reich</strong> aproxima-se da juventude. Em O<<strong>br</strong> />

Combate Sexual da Juventude (1934/1986), <strong>Reich</strong> questiona mitos sexuais <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

viéses conservadores <strong>com</strong>o: os malefícios da masturbação, a falsa moral que<<strong>br</strong> />

impedia encontros amorosos dos jovens, a distância afetiva e o autoritarismo dos<<strong>br</strong> />

pais em relação aos filhos. Desse modo, respectivamente, desvela a insatisfação<<strong>br</strong> />

dos jovens, repensa o contexto sócio-educacional repressor e coloca em xeque a<<strong>br</strong> />

cisão afeto/sexualidade, o embotamento afetivo e a sujeição a que são<<strong>br</strong> />

submetidos os jovens, respectivamente. O autor busca uma óptica sexual<<strong>br</strong> />

libertadora que associada a uma práxis social revolucionária, promova uma<<strong>br</strong> />

sociedade que ratificaria os valores humanos primordiais.<<strong>br</strong> />

Em <strong>Reich</strong>, o autoritarismo é in<strong>com</strong>patível <strong>com</strong> saúde emocional e assim ele<<strong>br</strong> />

passa a estudar <strong>com</strong>o se originou a moral sexual conservadora<<strong>br</strong> />

(<strong>Reich</strong>,1932/1988a). <strong>Reich</strong> analisa os estudos de Malinowski so<strong>br</strong>e a sociedade<<strong>br</strong> />

tro<strong>br</strong>iandesa e conclui que não havia distúrbios sexuais nas crianças ou<<strong>br</strong> />

adolescentes e nem dificuldades orgásticas nos adultos. A sociedade<<strong>br</strong> />

tro<strong>br</strong>iandesa por ser matriarcal (propriedade <strong>com</strong>unal de terra e das cabanas,<<strong>br</strong> />

trabalho e distribuição de produtos <strong>com</strong>uns, propriedade privada limitada a<<strong>br</strong> />

pequenos objetos) quase não utilizava repressão sexual. Assim sendo, seria a<<strong>br</strong> />

sociedade patriarcal que, por meio de repressão sexual, promoveria a estase<<strong>br</strong> />

(acúmulo energético) e distúrbios sexuais.<<strong>br</strong> />

4


As crianças tro<strong>br</strong>iandesas podiam ter jogos sexuais entre si e somente o<<strong>br</strong> />

tabu do incesto era estabelecido. As crianças tinham menos insatisfação sexual e<<strong>br</strong> />

tornavam-se mais independentes. Na sociedade tro<strong>br</strong>iandesa não havia disciplina<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pulsória, rapazes e moças podiam ter relações sexuais, homens e mulheres<<strong>br</strong> />

tratavam-se <strong>com</strong> respeito.<<strong>br</strong> />

Em seus estudos, o autor notava que à medida que as sociedades<<strong>br</strong> />

tornavam-se patriarcais, evoluíam a moral sexual conservadora, o sentido de<<strong>br</strong> />

propriedade privada, o casamento tradicional e a exigência de ascetismo para a<<strong>br</strong> />

juventude. O dote seria o mecanismo fundamental de transição do matriarcado<<strong>br</strong> />

para o patriarcado ou do <strong>com</strong>unismo primitivo (matriarcado) para a acumulação<<strong>br</strong> />

material de uma família (patriarcado). A acumulação material seria necessária<<strong>br</strong> />

para a constituição do dote. Desse modo, <strong>Reich</strong> alinhando-se a Marx e<<strong>br</strong> />

distanciando-se de Freud, concorda que são as condições sociais e materiais que<<strong>br</strong> />

determinam a moralidade vigente e não o parricídio primitivo investigado por<<strong>br</strong> />

Freud em Totem e Tabu (1914/1980).<<strong>br</strong> />

A ascensão do nazi-fascismo na Europa dos anos 30, faz <strong>Reich</strong> (1934/1988b)<<strong>br</strong> />

tentar <strong>com</strong>preender a relação entre estrutura psíquica e a estrutura social<<strong>br</strong> />

autoritárias. O nazi-fascismo se apóia na família, na igreja, na escola<<strong>br</strong> />

tradicional. Assim o homem é moldado e conformado a reproduzir tão somente<<strong>br</strong> />

valores morais conservadores: inibição da sexualidade, obediência cega às regras<<strong>br</strong> />

sociais, submissão à ordem vigente, e uma <strong>com</strong>binação de sujeição dócil, medo e<<strong>br</strong> />

ascetismo. A conseqüência deste processo é uma limitação da consciência<<strong>br</strong> />

crítica, da curiosidade, do questionamento de si e da realidade social. Surge um<<strong>br</strong> />

indivíduo oprimido, revoltado, que deseja o poder e que tem medo da liberdade.<<strong>br</strong> />

A repressão sexual produz estase e esta alimenta a moralidade<<strong>br</strong> />

conservadora. Ao longo da história percebe-se que todos os regimes de exceção<<strong>br</strong> />

pautaram-se na repressão sexual, isto enrijeceu a psique do indivíduo e este<<strong>br</strong> />

passou a temer a vida. Sentindo-se desamparado, o indivíduo oprimido busca<<strong>br</strong> />

equivocadamente um salvador que lhe possa restituir a dignidade e então a<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

mão de sua independência. O sistema autoritário aborta a autonomização dos<<strong>br</strong> />

grupos, incentiva o culto ao indivíduo e a força ditatorial. <strong>Reich</strong> finaliza: o<<strong>br</strong> />

autoritarismo está calcado nas organizações orgásticas não satisfeitas das<<strong>br</strong> />

massas, no em<strong>br</strong>utecimento de suas psiques.<<strong>br</strong> />

5


<strong>Reich</strong>, em O que é consciência de classe? (1934/1976b), pergunta-se <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

transformar a revolta do povo oprimido em consciência revolucionária. Responde<<strong>br</strong> />

afirmando que deve-se simplificar as análises históricas e do cotidiano. A política<<strong>br</strong> />

revolucionária deve pautar-se na participação coletiva, para que se torne<<strong>br</strong> />

acessível a todos. Pequenas mudanças e grandes transformações sociais devem<<strong>br</strong> />

ser viabilizadas por meio da consciência social cunhada nos coletivos de pessoas.<<strong>br</strong> />

A partir de questões práticas do cotidiano <strong>com</strong>o sexualidade, educação dos<<strong>br</strong> />

filhos, adolescência, fome, prazer, sofrimento, felicidade etc. é que se chegará<<strong>br</strong> />

aos grandes temas sócio-históricos, criando propostas alternativas à ideologia<<strong>br</strong> />

hegemônica.<<strong>br</strong> />

De acordo <strong>com</strong> <strong>Reich</strong> (1945/1976a), à medida que o autoritarismo for se<<strong>br</strong> />

transformando na autogestão das massas (<strong>com</strong>unismo), a repressão sexual se<<strong>br</strong> />

reduzirá ao mínimo. O fascismo ao reprimir o povo não só cria <strong>com</strong>portamentos<<strong>br</strong> />

sexuais “inadequados”, também produz, dialeticamente, <strong>com</strong>portamentos<<strong>br</strong> />

indesejados pelo próprio sistema autoritário. Estas expressões indesejadas, entre<<strong>br</strong> />

elas a revolta, são elementos facilitadores da revolução social, desde que<<strong>br</strong> />

devidamente canalizados para uma participação coletiva <strong>com</strong> consciência<<strong>br</strong> />

crítica.<<strong>br</strong> />

Em <strong>Reich</strong>, as relações sexuais duradouras devem substituir o casamento<<strong>br</strong> />

tradicional. Elas primariam pela independência da mulher, educação dos filhos<<strong>br</strong> />

pela sociedade e envolvimento amoroso genuíno. As relações duradouras são<<strong>br</strong> />

conseqüências da afirmação do desejo, da sexualidade espontânea e da alegria<<strong>br</strong> />

de viver.<<strong>br</strong> />

A teorização do referido autor no que concerne à construção social da<<strong>br</strong> />

subjetividade é, em parte, recuperada e enaltecida por autores contemporâneos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o Felix Guattari (1987). Para este, a análise que resulta na afirmação de<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> de que o indivíduo rígido, realmente deseja o fascismo, enfim, o<<strong>br</strong> />

autoritarismo social, é <strong>br</strong>ilhante. Contudo, de acordo <strong>com</strong> Guattari (1987), <strong>Reich</strong><<strong>br</strong> />

não teria alcançado a <strong>com</strong>preensão do processo de produção social do desejo, a<<strong>br</strong> />

que se propõe o autor juntamente <strong>com</strong> Deleuze.<<strong>br</strong> />

Paul Robinson (1978) observa que <strong>Reich</strong> foi um importante inventor de<<strong>br</strong> />

linhas políticas. A assinalação que relaciona as perdas da espontaneidade sexual<<strong>br</strong> />

“natural” e da autonomia social das massas seria uma ferramenta de análise<<strong>br</strong> />

6


fundamental para a <strong>com</strong>preensão de alguns processos sociais. Porém, Robinson<<strong>br</strong> />

crê que estes estudos <strong>reich</strong>ianos devam estar associados <strong>com</strong> aprofundamentos<<strong>br</strong> />

teóricos sócio-históricos necessários, não realizados por <strong>Reich</strong>.<<strong>br</strong> />

De acordo <strong>com</strong> Robinson, nos estudos de <strong>Reich</strong> so<strong>br</strong>e o fascismo, há<<strong>br</strong> />

especificidades históricas alemãs, não levadas em consideração por <strong>Reich</strong>, que<<strong>br</strong> />

propiciaram o surgimento deste sistema sócio-político. De modo semelhante,<<strong>br</strong> />

Robinson nota que <strong>Reich</strong> reduziu a análise histórica da estrutura familiar ao<<strong>br</strong> />

matriarcado e ao patriarcado. Em <strong>Reich</strong>, a transformação do matriarcado<<strong>br</strong> />

(autogoverno) em patriarcado (governo impositivo) torna-se a razão para se<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender a relação entre estruturas psíquicas rígidas e regimes autoritários<<strong>br</strong> />

(patriarcado). Segundo Robinson, as análises históricas so<strong>br</strong>e a evolução do<<strong>br</strong> />

escravagismo para o feudalismo e deste para o capitalismo perdem, na teoria<<strong>br</strong> />

<strong>reich</strong>iana, a devida importância. Além disso, embora Robinson reconheça a<<strong>br</strong> />

relação estabelecida entre repressão sexual e caráter conservador, crê que<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> produziu uma redução da estrutura rígida de caráter ao mecanismo da<<strong>br</strong> />

repressão sexual, simplificando em demasia o binômio sexual-social.<<strong>br</strong> />

As críticas destes autores contemporâneos, assim <strong>com</strong>o as de outros, não<<strong>br</strong> />

desprestigiam as o<strong>br</strong>as sociais de <strong>Reich</strong>, ao contrário, apesar delas, estes autores<<strong>br</strong> />

restituem <strong>Reich</strong> a um lugar de destaque na produção do conhecimento. Eles<<strong>br</strong> />

reconhecem a importância da teorização <strong>reich</strong>iana, diferentemente de outros<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o Erich Fromm que, em Medo à Liberdade (1977) apesar de tratar de um<<strong>br</strong> />

tema esquadrinhado profundamente por <strong>Reich</strong>, não o menciona sequer em uma<<strong>br</strong> />

linha no referido livro.<<strong>br</strong> />

4 – Análise Caractero-Vegetativa<<strong>br</strong> />

Nesta segunda fase, <strong>Reich</strong> vai se afastando das ortodoxias marxista e<<strong>br</strong> />

psicanalítica. Inventa seus próprios conceitos <strong>com</strong>o o de potência orgástica. Em<<strong>br</strong> />

1927, <strong>Reich</strong> havia lançado o livro “Psicopatologia e sociologia da vida sexual”<<strong>br</strong> />

(1927/1977), cujo título original em alemão era Die Funktion des Orgasmus ou A<<strong>br</strong> />

função do Orgasmo, que não deve ser confundido <strong>com</strong> sua o<strong>br</strong>a homônima<<strong>br</strong> />

lançada em 1942 nos EUA, também denominada A Função do Orgasmo. Com o<<strong>br</strong> />

objetivo de evitar a confusão de nomenclaturas, a primeira o<strong>br</strong>a é tratada neste<<strong>br</strong> />

7


capítulo tão somente por Psicopatologia e sociologia da vida sexual. Este livro<<strong>br</strong> />

apesar de ter sido escrito em 1927 é <strong>com</strong>entado aqui na sessão correspondente a<<strong>br</strong> />

sua segunda fase, uma vez que lança fundamentos da análise do caráter e da<<strong>br</strong> />

vegetoterapia.<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> restitui a importância da teoria da libido, que estava sendo preterida<<strong>br</strong> />

pelos psicanalistas em favor da segunda tópica (Id, Ego e Superego) para a<<strong>br</strong> />

explicação de neuroses. Afirma o autor que se houver um equilí<strong>br</strong>io entre carga<<strong>br</strong> />

e descarga da libido, será mais difícil o indivíduo adoecer. Desse modo, durante<<strong>br</strong> />

o processo terapêutico, enquanto os psicanalistas enfatizam a qualidade dos<<strong>br</strong> />

conteúdos simbólicos, <strong>Reich</strong> enfoca a quantidade de libido não descarregada<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o alimento da neurose.<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> parte do pressuposto de que se há vários modos de descarregar a<<strong>br</strong> />

libido (socar, gargalhar, chorar, prática de exercícios etc.), só há uma forma<<strong>br</strong> />

plena de eliminar o excesso de carga energética: o orgasmo. Potência orgástica<<strong>br</strong> />

foi o termo que o autor atribuiu à capacidade do organismo descarregar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletamente <strong>com</strong> freqüência o excedente de carga. O ato sexual satisfatório<<strong>br</strong> />

ou curva orgástica, implica quatro momentos: movimentos voluntários do corpo;<<strong>br</strong> />

pulsação involuntária do corpo; perda parcial da consciência; relaxação plena.<<strong>br</strong> />

Ao contrário, o conservadorismo da família, da escola, a repressão sexual/social<<strong>br</strong> />

produzem acúmulo de carga libidinal ou estase energética.<<strong>br</strong> />

O desequilí<strong>br</strong>io energético associado aos conflitos entre o ID e o superego<<strong>br</strong> />

produz sintomas. Estes são pseudo-soluções para os conflitos e o desequilí<strong>br</strong>io<<strong>br</strong> />

energético, já que mantém a neurose. Mas, a resolução genuína dos transtornos<<strong>br</strong> />

da potência orgástica passa pela instauração do primado genital. Se este não se<<strong>br</strong> />

afirma, o organismo regride à pré-genitalidade e o corpo não descarrega a estase<<strong>br</strong> />

energética.<<strong>br</strong> />

A teoria <strong>reich</strong>iana so<strong>br</strong>e a importância do primado genital <strong>com</strong>o necessário<<strong>br</strong> />

para se alcançar o orgasmo e a saúde biopsíquica é questionável. Parece que<<strong>br</strong> />

esta posição resulta em uma normatização sexual ou, o que é mais grave, na<<strong>br</strong> />

naturalização de padrões sexuais e, conseqüentemente na patologização de<<strong>br</strong> />

atitudes não conformadas a esta expectativa. Contudo, observa-se que na fase<<strong>br</strong> />

seguinte de <strong>Reich</strong> (Orgonomia), o autor amplia a noção de orgasmo e a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preende <strong>com</strong>o a capacidade de entrega, de envolvimento <strong>com</strong> o que se<<strong>br</strong> />

8


estiver fazendo. Em suas palavras: “Viver na plenitude e se abandonar ao que se<<strong>br</strong> />

faz” (<strong>Reich</strong>, 1953/1987, p. 32).<<strong>br</strong> />

A seguir <strong>Reich</strong> (1933/2001), em uma atitude a mais de fuga da ortodoxia<<strong>br</strong> />

psicanalítica, afirma que, em um processo analítico, primeiro deve se analisar as<<strong>br</strong> />

resistências dos pacientes para depois, no momento apropriado, se fazer as<<strong>br</strong> />

interpretações dos conteúdos inconscientes. Desse modo, <strong>Reich</strong> oferece uma<<strong>br</strong> />

alternativa ao método freudiano de livre associação de idéias, em que o<<strong>br</strong> />

psicanalista analisava os conteúdos expressos na seqüência em que estes<<strong>br</strong> />

apareciam. <strong>Reich</strong>, seguindo outra via, se propõe a analisar os recursos que fazem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que os pacientes sabotem o processo analítico, ou seja, as resistências.<<strong>br</strong> />

É dessa maneira que ele passa a apontar <strong>com</strong>o os pacientes resistem. Para<<strong>br</strong> />

isto <strong>Reich</strong> utiliza-se de várias ferramentas, entre elas, a imitação dos gestos de<<strong>br</strong> />

seus pacientes, sua forma de rir, chorar, cumprimentar, andar, silenciar, entre<<strong>br</strong> />

outras. Destas resistências manifestas chega às latentes: desconfiança,<<strong>br</strong> />

agressividade e outras. O trabalho <strong>com</strong> as resistências leva o paciente a cortar o<<strong>br</strong> />

excesso de proteção, a flexibilizar as defesas e então o paciente torna-se capaz<<strong>br</strong> />

de ouvir as interpretações, assimilá-las <strong>com</strong> menos resistência.<<strong>br</strong> />

Aos poucos ocorre a <strong>com</strong>preensão dos porquês dos <strong>com</strong>portamentos, ou<<strong>br</strong> />

seja, na análise <strong>reich</strong>iana, o porquê vem no bojo do <strong>com</strong>o. Se Freud preocupava-<<strong>br</strong> />

se <strong>com</strong> o porquê dos <strong>com</strong>portamentos, <strong>com</strong> <strong>Reich</strong> o <strong>com</strong>o ganha ênfase no<<strong>br</strong> />

setting analítico. Assim, vai sendo construído um novo objeto de estudo, não<<strong>br</strong> />

mais uma alma destituída de corpo, mas um sujeito <strong>com</strong> uma psique que se<<strong>br</strong> />

traduz no gesto, na expressão corporal. Do <strong>com</strong>o ao porquê é a equação<<strong>br</strong> />

<strong>reich</strong>iana.<<strong>br</strong> />

A proposta clínica <strong>reich</strong>iana configura uma espiral entre passado (porquê) e<<strong>br</strong> />

presente (<strong>com</strong>o), onde caminham analista e analisando. A partir do “aqui e<<strong>br</strong> />

agora” (presente) chega-se ao “lá e então” (passado), refazendo a história do<<strong>br</strong> />

paciente e produzindo um novo sujeito. A rota é difícil: das resistências vencidas<<strong>br</strong> />

ao surgimento da angústia a ser trabalhada. Este percurso inclui a flexibilidade<<strong>br</strong> />

das fixações e assim o paciente se encaminha para rever suas relações arcaicas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> aqueles que fizeram as funções de pais em sua infância. É no desenlace<<strong>br</strong> />

simbólico, e às vezes concreto, dos “pais”, que se consolida a direção da “cura”.<<strong>br</strong> />

Esta é a busca de um caminho próprio, singular, autônomo, <strong>com</strong> sua marca e<<strong>br</strong> />

9


estilo, é o sujeito liberto dos grilhões, embora, se saiba, que esta imagem é<<strong>br</strong> />

menos uma possibilidade a ser alcançada e mais uma luta cotidiana, um norte ou<<strong>br</strong> />

direção.<<strong>br</strong> />

A típica conduta psicorporal chama-se caráter. Este representa uma<<strong>br</strong> />

blindagem erguida pelo Ego para lidar <strong>com</strong> as pressões tanto Id <strong>com</strong>o do mundo<<strong>br</strong> />

exterior. Quando esta pressão torna-se intensa, o Ego enrijece e forma uma<<strong>br</strong> />

barreira de proteção. Esta blindagem se, de um lado, protege, de outro<<strong>br</strong> />

aprisiona. O caráter necessariamente está articulado ao momento sócio-<<strong>br</strong> />

histórico. Se o indivíduo aprende a lidar bem <strong>com</strong> os conflitos, faz-se presente<<strong>br</strong> />

um sujeito capaz de modificar a si e as situações sociais, caso contrário, tende a<<strong>br</strong> />

conservar a si próprio e a não enfrentar as condições sociais adversas.<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> descreveu algumas formas de caráter e suas fixações<<strong>br</strong> />

correspondentes, por exemplo, o caráter depressivo (fase oral); masoquista<<strong>br</strong> />

(fálica, sub-valorização do falus); fálico-narcisista (fálica, super-valorização do<<strong>br</strong> />

falus); histérico (fase “genital” incestuosa); <strong>com</strong>pulsivo (anal-sádica). Seu<<strong>br</strong> />

trabalho so<strong>br</strong>e a tipologia da personalidade é minucioso, leva em consideração<<strong>br</strong> />

os aspectos estrutural, dinâmico e econômico (carga e descarga energéticas) e<<strong>br</strong> />

menciona vários outros tipos de caráter.<<strong>br</strong> />

Entretanto, a relação entre estrutura de caráter e a fase onde a energia foi<<strong>br</strong> />

fixada não é vista pelo autor de maneira determinista, ao contrário, o autor nos<<strong>br</strong> />

fornece a <strong>com</strong>preensão de que as estruturas de caráter são produzidas sócio-<<strong>br</strong> />

historicamente e, por isto, guardam <strong>com</strong>plexidades singulares. Assim, a histérica<<strong>br</strong> />

de Freud não é mais observada, ao menos naquele formato, nos dias atuais. De<<strong>br</strong> />

modo semelhante, há tantos possíveis caracteres quanto a produção social puder<<strong>br</strong> />

fa<strong>br</strong>icá-los. Neste sentido, a tipologia <strong>reich</strong>iana não é fechada, nem restrita,<<strong>br</strong> />

mas dinâmica, aberta e potencializadora de modos diversificados de existir.<<strong>br</strong> />

Os estudos de <strong>Reich</strong> so<strong>br</strong>e um desses caracteres, o masoquista, produziu a<<strong>br</strong> />

ruptura <strong>com</strong> Freud de forma contundente. De acordo <strong>com</strong> o último, o masoquista<<strong>br</strong> />

busca o sofrimento pelo sofrimento, conduzido pela pulsão de morte. Para o<<strong>br</strong> />

primeiro, o masoquista porta um nível altíssimo de tensão e demanda sofrer,<<strong>br</strong> />

porque a cada ato de sofrimento ele alivia a tensão interna, gemendo,<<strong>br</strong> />

queixando-se, reclamando, etc. É assim que o masoquista diminui a estase<<strong>br</strong> />

energética, ou seja, a finalidade última de seu <strong>com</strong>portamento não é o<<strong>br</strong> />

10


sofrimento em si. O sofrimento é um meio distorcido que faz <strong>com</strong> que ele tenha<<strong>br</strong> />

algum bem-estar temporário, uma vez que suas expressões são aliviadas da<<strong>br</strong> />

tensão energética.<<strong>br</strong> />

Em 1934, <strong>Reich</strong> desenvolveu a noção de contato. Este concerne à percepção<<strong>br</strong> />

das correntes vegetativas (energéticas), à percepção de si enquanto se executa<<strong>br</strong> />

algo, ao olhar atento e à profunda ligação afetiva consigo e <strong>com</strong> os outros.<<strong>br</strong> />

Durante a análise, as sensações de corrente vegetativa articuladas às primeiras<<strong>br</strong> />

sensações orgásticas – o <strong>br</strong>ilho nos olhos, o sentimento de inteireza corporal, a<<strong>br</strong> />

graça do movimento do corpo, constituem uma condição de recuperação do<<strong>br</strong> />

contato a que o terapeuta deve estar atento.<<strong>br</strong> />

Na seqüência, <strong>Reich</strong> (1942/1984a) nota que a blindagem de caráter<<strong>br</strong> />

corresponde à contração de grupamentos musculares. A este conjunto muscular<<strong>br</strong> />

rígido ele denominou couraça muscular. Mas tarde, amplia o sentido deste<<strong>br</strong> />

conceito e passa a <strong>com</strong>preender que couraça diz respeito não só a contração,<<strong>br</strong> />

mas também a frouxidão dos grupos de músculos e finalmente, conclui que a<<strong>br</strong> />

couraça muscular corresponde à falta de pulsação vital (contração e expansão<<strong>br</strong> />

constantes de tudo que é vivo). É a liberação da expansão energética, ou seja, a<<strong>br</strong> />

potencialização da sexualidade que confronta o estado de contração e rigidez<<strong>br</strong> />

contínuas (angústia). Dessa maneira, estabelece uma antítese inicial da vida:<<strong>br</strong> />

sexualidade x angústia.<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> inicia, então, o trabalho direto so<strong>br</strong>e as tensões corporais<<strong>br</strong> />

(respiração, favorecimento de movimentos expressivos, manejo so<strong>br</strong>e as tensões<<strong>br</strong> />

corporais). À medida que este cresce em sua clínica, observa que quanto mais<<strong>br</strong> />

bem auto-regulado está o indivíduo, mais o organismo pulsa de maneira plena e<<strong>br</strong> />

“natural” isto é, contrai e expande de forma harmoniosa. A estase leva à<<strong>br</strong> />

tensões corporais, ao medo da entrega, ao desenvolvimento da falta de contato<<strong>br</strong> />

e de envolvimento, ao crescimento da angústia e do desequilí<strong>br</strong>io entre os<<strong>br</strong> />

sistemas vegetativos simpático (geralmente responsável pela contração) e<<strong>br</strong> />

parassimpático (na maioria das vezes <strong>com</strong>preende a expansão). <strong>Reich</strong> estabelece<<strong>br</strong> />

assim sua meta terapêutica nesta segunda fase: a pulsação vital.<<strong>br</strong> />

A couraça muscular aprisiona o corpo, suprime a espontaneidade. A<<strong>br</strong> />

flexibilização da couraça proposta por <strong>Reich</strong>, traz à consciência a história e o<<strong>br</strong> />

significado daquela rigidez e, conseqüentemente, uma maior e melhor<<strong>br</strong> />

11


circulação energética. Se o corpo pulsa plenamente, pode chegar ao reflexo do<<strong>br</strong> />

orgasmo. Este reflexo é uma onda energética que corre do centro vegetativo por<<strong>br</strong> />

todo o corpo. Para alcançá-lo, além do trabalho, <strong>Reich</strong> observa a respiração, os<<strong>br</strong> />

movimentos expressivos e maneja cada um dos sete segmentos corporais (ocular,<<strong>br</strong> />

oral, cervical, torácico, diafragmático, abdominal e pélvico).<<strong>br</strong> />

A análise caractero-vegetativa segue, portanto, um caminho que vai da<<strong>br</strong> />

análise das resistências, passando por tornar consciente os conteúdos<<strong>br</strong> />

inconscientes juntamente <strong>com</strong> a flexibilização das couraças e a ab-reação<<strong>br</strong> />

emocional, ao estabelecimento da potência orgástica. O estudo de Claudio Mello<<strong>br</strong> />

Wagner (2003) so<strong>br</strong>e transferência na vegetoterapia caractero-analítica<<strong>br</strong> />

aprofunda as implicações do trabalho corporal na clínica <strong>reich</strong>iana.<<strong>br</strong> />

A análise de caráter vegetoterapêutica não é um percurso fácil. <strong>Reich</strong><<strong>br</strong> />

relata que é <strong>com</strong>um, ao final da terapia, a força neurótica tentar capturar<<strong>br</strong> />

novamente seu espaço, podendo ser observadas a angústia do prazer, o medo da<<strong>br</strong> />

entrega e da vida. No entanto, recuperados o reflexo do orgasmo e o caminho da<<strong>br</strong> />

entrega, o sujeito permite-se seguir os fluxos da vida e aumentar o contato<<strong>br</strong> />

consigo e <strong>com</strong> os outros no trabalho e na vida amorosa. Dessa maneira, ele<<strong>br</strong> />

conclui que se há energia em todo o vivo e este contrai e responde obedecendo<<strong>br</strong> />

a uma fórmula de quatro tempos: carga – tensão – descarga – relaxação (curva<<strong>br</strong> />

orgástica), então todos os seres vivos devem ser regidos por um princípio que os<<strong>br</strong> />

regularia energeticamente, denominado pelo autor de Princípio de<<strong>br</strong> />

Funcionamento Comum ou PFC.<<strong>br</strong> />

5- Orgonomia e Democracia do Trabalho<<strong>br</strong> />

Em Oslo, a produção do construto teórico “reflexo do orgasmo” motiva<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> a estudá-lo experimentalmente em microorganismos. <strong>Reich</strong> (1938/1979b)<<strong>br</strong> />

observou que existiam vesículas que pareciam estar vivas e pulsavam,<<strong>br</strong> />

denominou-as bions. Investigou-as e percebeu que as vesículas não vinham do ar.<<strong>br</strong> />

Concluiu que os bions são estágios primitivos da vida, formas transitórias entre o<<strong>br</strong> />

inorgânico e o orgânico. Alguns cientistas ratificam os experimentos de <strong>Reich</strong>,<<strong>br</strong> />

outros não.<<strong>br</strong> />

12


No final dos anos 30, <strong>Reich</strong> já não era mais <strong>com</strong>preendido nem pelos<<strong>br</strong> />

psicanalistas, nem pelos <strong>com</strong>unistas. A análise vegetoterapêutica afastara-se da<<strong>br</strong> />

psicanálise, e a importância da sexualidade em um processo social<<strong>br</strong> />

revolucionário pregada por <strong>Reich</strong> o afastou da ortodoxia marxista. Naquele<<strong>br</strong> />

momento, <strong>Reich</strong> aceitou o convite para mudar-se para os EUA e lecionar na New<<strong>br</strong> />

School for Social Research em Nova York. Paralelamente, <strong>Reich</strong> iniciou pesquisas<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o câncer e desenvolveu estudos so<strong>br</strong>e bions “sapa” (bions da areia da<<strong>br</strong> />

praia) que constituem a energia orgônica – energia irradiada pelos bions e que<<strong>br</strong> />

possui efeitos so<strong>br</strong>e o organismo.<<strong>br</strong> />

Segundo <strong>Reich</strong> (1948/1985b), contrariando a ciência tradicional, o câncer<<strong>br</strong> />

não é um tumor em si. É sintoma de uma patologia advinda da retração do<<strong>br</strong> />

sistema vital. Conjuntamente <strong>com</strong> as pesquisas so<strong>br</strong>e o câncer, <strong>Reich</strong> incrementa<<strong>br</strong> />

seus estudos so<strong>br</strong>e energia vital. Na fase psicanalítica de <strong>Reich</strong> a energia era<<strong>br</strong> />

conceituada <strong>com</strong>o libido (expressão da energia sexual), na segunda fase ou<<strong>br</strong> />

análise caractero-vegetativa, a energia passou a ser por ele <strong>com</strong>preendida <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

bioenergia (energia do vivo), agora na terceira fase – orgonomia, recebeu a<<strong>br</strong> />

denominação de energia orgônica. Esta entendida <strong>com</strong>o energia primordial<<strong>br</strong> />

porque precederia a matéria. Para <strong>Reich</strong>, no princípio tudo era energia e a<<strong>br</strong> />

matéria seria energia condensada. O autor chega a esta conclusão após uma<<strong>br</strong> />

pesquisa denominada “Experimento XX”.<<strong>br</strong> />

Nos EUA, <strong>Reich</strong> dedica-se cada vez mais à pesquisa da energia orgônica.<<strong>br</strong> />

Constrói um aparelho que armazenaria orgônio. Seu princípio de funcionamento<<strong>br</strong> />

era simples. O artefato era uma caixa constituída de material orgânico<<strong>br</strong> />

externamente (algodão e madeira) e de metal internamente. O material<<strong>br</strong> />

orgânico absorve energia e o metal reflete para dentro da caixa a energia,<<strong>br</strong> />

acumulando-a em seu interior. Ao articular a pesquisa do orgônio <strong>com</strong> a do<<strong>br</strong> />

câncer, <strong>Reich</strong> notou que o que há em <strong>com</strong>um é a importância da pulsação vital.<<strong>br</strong> />

Então, ele partiu do pressuposto de que a energia acumulada na caixa orgônica<<strong>br</strong> />

poderia ajudar a organizar melhor a energia das pessoas <strong>com</strong> câncer, uma vez<<strong>br</strong> />

que estas sofreriam de retração vital. Assim, passou a associar a utilização do<<strong>br</strong> />

acumulador de orgônio <strong>com</strong> a psicoterapia nos pacientes <strong>com</strong> tumores<<strong>br</strong> />

cancerígenos. Obteve reconhecida so<strong>br</strong>evida em alguns dos pacientes.<<strong>br</strong> />

13


De acordo <strong>com</strong> <strong>Reich</strong> não só o câncer, mas várias outras doenças <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

hipertensão, a asma etc. são biopatias, ou seja, enfermidades resultantes de<<strong>br</strong> />

mau funcionamento de sistema vegetativo. O acumulador contribui para<<strong>br</strong> />

restaurar a capacidade de pulsação (contração e expansão) dos corpos retraídos<<strong>br</strong> />

das pessoas que sofrem de biopatias. Dizendo de outro modo, a orgonoterapia<<strong>br</strong> />

(naquele momento a associação da psicoterapia <strong>com</strong> o acumulador) favoreceria<<strong>br</strong> />

a auto-regulação dos indivíduos.<<strong>br</strong> />

No final da década de 40, <strong>Reich</strong> conclui a o<strong>br</strong>a La Biopatia del Cáncer e<<strong>br</strong> />

toma a vereda de estudos existenciais-humanistas, cujo tema central seria o<<strong>br</strong> />

assim chamado Zé Ninguém (1948/1982). Abastado ou não, este indivíduo está<<strong>br</strong> />

paralisado de medo diante da tarefa de mudar o mundo. Não toma o destino em<<strong>br</strong> />

suas mãos, sente-se impotente, prefere submeter-se a lideranças autocráticas,<<strong>br</strong> />

agarra-se à segurança, não assume riscos que poderiam torná-lo mais feliz,<<strong>br</strong> />

aliena-se em um trabalho que embota sua criatividade. <strong>Reich</strong> fustiga o Zé<<strong>br</strong> />

Ninguém, visando uma sociedade melhor.<<strong>br</strong> />

Uma sociedade mais justa implica crianças educadas para este fim. O texto<<strong>br</strong> />

Crianças do futuro. So<strong>br</strong>e a prevenção da patologia sexual (1950/1984b)<<strong>br</strong> />

caminha nesta direção. Os pais e educadores deveriam capacitar as crianças a<<strong>br</strong> />

cuidarem de si próprias e dos outros coletivamente. O sentido de um auto-<<strong>br</strong> />

governo deveria ser favorecido desde cedo nas crianças. Em 1949, <strong>Reich</strong> e outros<<strong>br</strong> />

profissionais fundam o Centro Orgonômico para a Pesquisa so<strong>br</strong>e a Infância –<<strong>br</strong> />

OIRC. Ali foram desenvolvidos trabalhos <strong>com</strong> gestantes, supervisões do parto e<<strong>br</strong> />

dos recém-nascidos, prevenção do encouraçamento até os 5 ou 6 anos e<<strong>br</strong> />

a<strong>com</strong>panhamento das crianças até depois da puberdade.<<strong>br</strong> />

A criança possui uma condição imanente de auto-regulação obstacularizada<<strong>br</strong> />

pelas sociedades autoritárias. Aos pais e profissionais da educação caberia<<strong>br</strong> />

propiciar um maior contato das crianças <strong>com</strong> seus núcleos ou centros<<strong>br</strong> />

vegetativos. Isto as habilitaria a lidar melhor <strong>com</strong> os impulsos secundários<<strong>br</strong> />

destruidores da vida, a flexibilizar mais suas couraças e a confrontar a repressão<<strong>br</strong> />

sexual. A criança em contato <strong>com</strong> seu centro vegetativo torna-se mais graciosa,<<strong>br</strong> />

alegre, solta, <strong>com</strong> olhos mais vivos, mais atenta a si e aos outros, enfim,<<strong>br</strong> />

potencializa-se sua existência.<<strong>br</strong> />

14


De acordo <strong>com</strong> <strong>Reich</strong> (1951/1979a), a contrariar o sujeito em profundo<<strong>br</strong> />

contato consigo e <strong>com</strong> as correntes energéticas, que produzem sensação de<<strong>br</strong> />

bem-estar, surge o indivíduo místico, encouraçado, que distorce as sensações<<strong>br</strong> />

energéticas em seu corpo e as percebe <strong>com</strong> um sentido so<strong>br</strong>enatural. De acordo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> Câmara (1998), o pensamento de <strong>Reich</strong> a respeito de religião <strong>com</strong>bate a<<strong>br</strong> />

institucionalização desta por se constituir em uma das ferramentas de alienação<<strong>br</strong> />

do Estado, e restaura seu sentido mais radical – re-ligação ao cosmo, a Deus, que<<strong>br</strong> />

para ele é a própria energia cósmica.<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> (1951/1979) incrementa seus estudos so<strong>br</strong>e Orgonomia. Para ele o<<strong>br</strong> />

homem e o planeta Terra são sistemas orgonóticos <strong>com</strong> um centro energético,<<strong>br</strong> />

uma mem<strong>br</strong>ana periférica e um campo de energia ou envoltório orgonótico.<<strong>br</strong> />

Teoriza que a descarga energética obedece a um princípio que a precede: a<<strong>br</strong> />

superposição. Esta concerne ao fenômeno em que os sintomas orgonóticos<<strong>br</strong> />

buscam fundir-se orgonoticamente, ou seja, o encontro de sistemas orgonóticos<<strong>br</strong> />

provocam uma superposição que, por ser universal, é denominada superposição<<strong>br</strong> />

cósmica. Procuramos conexões, seja conosco ou <strong>com</strong> os outros. A vida é conexão<<strong>br</strong> />

e desconexão para que uma nova conexão possa ser realizada um pouco mais<<strong>br</strong> />

adiante e assim sucessivamente. A entrega, o a<strong>br</strong>aço genital, a união <strong>com</strong> Deus,<<strong>br</strong> />

a ligação <strong>com</strong> o cosmo, representa a inteireza, o contato energético e o<<strong>br</strong> />

sentimento de pertencimento ao Universo. O maior obstáculo a este fim é o<<strong>br</strong> />

encouraçamento da alma e do corpo.<<strong>br</strong> />

Na década de 50 a guerra fria entre os EUA e a antiga União Soviética<<strong>br</strong> />

sinaliza a possibilidade catastrófica de uma guerra nuclear. A radiação nuclear<<strong>br</strong> />

era tema corriqueiro nas casas, escolas e organizações sociais em geral. Vivia-se<<strong>br</strong> />

um momento de incertezas quanto ao futuro da existência terrestre. No<<strong>br</strong> />

princípio dos anos 50, <strong>Reich</strong> (1951) preocupou-se <strong>com</strong> a radiação nuclear e<<strong>br</strong> />

imaginou uma maneira de <strong>com</strong>bater as possíveis doenças decorrentes do contato<<strong>br</strong> />

dos indivíduos <strong>com</strong> esta radiação. Iniciou uma experiência denominada ORANUR I<<strong>br</strong> />

(sigla que quer dizer Orgônio Antinuclear). Supôs que poderia usar a energia<<strong>br</strong> />

orgônica para <strong>com</strong>bater os efeitos devastadores da radiação nuclear. Houve uma<<strong>br</strong> />

série de dificuldades ao longo desta experiência e seus resultados não foram<<strong>br</strong> />

conclusivos.<<strong>br</strong> />

15


Paralelamente à pesquisa ORANUR I, <strong>Reich</strong> escreveu Pessoas em Dificuldade<<strong>br</strong> />

(1953/1978), uma autobiografia referente ao período entre 1927 e 1937. Aqui<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong> formula seus princípios sociais: a Democracia do Trabalho é uma sociedade<<strong>br</strong> />

de trabalhadores que executa tarefas socialmente necessárias. Sua proposição é<<strong>br</strong> />

de um sistema onde funcione a autogestão social, favorecedor da auto-regulação<<strong>br</strong> />

individual.<<strong>br</strong> />

Em 1953, <strong>Reich</strong> escreve outro livro, na linha de Escuta Zé Ninguém<<strong>br</strong> />

(mencionado anteriormente), seguindo a vertente humanista. Denominou-o O<<strong>br</strong> />

Assassinato de Cristo (<strong>Reich</strong>, 1953/1987). Este versa so<strong>br</strong>e a estrutura do homem<<strong>br</strong> />

que se deixa tomar pela peste emocional. Esta, na <strong>com</strong>preensão de <strong>Reich</strong>, é uma<<strong>br</strong> />

doença emocional “contagiosa” que torna os indivíduos conservadores nos<<strong>br</strong> />

hábitos e costumes. As pessoas praguejadas tomam uma direção destruidora da<<strong>br</strong> />

vida. São rígidas e invejosas das mais saudáveis.<<strong>br</strong> />

Nesta o<strong>br</strong>a o autor traça um paralelo entre o homem desencouraçado e<<strong>br</strong> />

Cristo. Este, para <strong>Reich</strong>, representa o contato <strong>com</strong> Deus – energia cósmica, em<<strong>br</strong> />

oposição ao homem paralisado, rígido e que é, às vezes, tomado pela peste<<strong>br</strong> />

emocional. Este último não conseguiria viver <strong>com</strong> alguém desencouraçado e por<<strong>br</strong> />

isto Cristo teria morrido.<<strong>br</strong> />

Nos dias 18 e 19 de outu<strong>br</strong>o de 1952, <strong>Reich</strong> (Higgins e Raphael-Orgs.-,<<strong>br</strong> />

1954/1979) foi entrevistado por um dos representantes dos Arquivos Sigmund<<strong>br</strong> />

Freud. Aqui <strong>Reich</strong> recupera algumas noções teóricas, analisa historicamente o<<strong>br</strong> />

percurso da psicanálise à orgonoterapia e emite opiniões a respeito das<<strong>br</strong> />

organizações pelas quais passou, das pessoas que conviveu, de suas desavenças e<<strong>br</strong> />

das condições sociais que as envolveu. <strong>Reich</strong> fala de Freud integra uma trilogia<<strong>br</strong> />

autobiográfica que se inicia <strong>com</strong> Paixão de Juventude, se estende em Pessoas<<strong>br</strong> />

em Dificuldade e finaliza <strong>com</strong> a primeira o<strong>br</strong>a referida.<<strong>br</strong> />

A última o<strong>br</strong>a de <strong>Reich</strong> é ORANUR II – Contato <strong>com</strong> o espaço (<strong>Reich</strong>,<<strong>br</strong> />

1957/1985a). <strong>Reich</strong> constrói um aparelho – cloudbuster – que objetivava<<strong>br</strong> />

influenciar as nuvens pesadas e sem vitalidade. Realizou algumas experiências<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> este artefato, obteve alguns sucessos, mas, assim <strong>com</strong>o em ORANUR I não<<strong>br</strong> />

alcançou resultados conclusivos. Contudo, no caminho do Maine (onde residia)<<strong>br</strong> />

ao deserto do Arizona, ele escreveu belíssimas palavras so<strong>br</strong>e o deserto terrestre<<strong>br</strong> />

e estabeleceu sua correspondência <strong>com</strong> o “deserto emocional” do homem<<strong>br</strong> />

16


encouraçado. De modo semelhante, produziu <strong>com</strong>entários so<strong>br</strong>e a poluição ao<<strong>br</strong> />

redor de Washington. É interessante notar esta preocupação <strong>com</strong> a poluição nos<<strong>br</strong> />

idos dos anos 50. Não há <strong>com</strong>o deixar de notar o olhar agudo e visionário de<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong>. Assim <strong>com</strong>o já havia sido um dos precursores da Psicologia Comunitária<<strong>br</strong> />

(Vasconcelos, 1985), nos anos 20, parece que, àquela época, era um dos poucos<<strong>br</strong> />

cientistas a assinalar os perigos da poluição para os seres vivos na Terra.<<strong>br</strong> />

Quando <strong>Reich</strong> (Sharaf, 1983) retorna ao Maine é preso por violação do<<strong>br</strong> />

mandado de segurança que exigia a destruição dos acumuladores e da literatura<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e energia orgônica. O parecer da FDA (Food and Drugs Administration) dos<<strong>br</strong> />

EUA era o de que os acumuladores eram ineficazes. <strong>Reich</strong> acreditava que os<<strong>br</strong> />

pesquisadores da FDA não teriam realizado pesquisas extensas e profundas nem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os acumuladores, nem <strong>com</strong> as pessoas que se beneficiaram de seu uso.<<strong>br</strong> />

Ademais, <strong>Reich</strong> recusou-se a <strong>com</strong>parecer ao tribunal porque imaginava que os<<strong>br</strong> />

seus integrantes não teriam condições de avaliar sua o<strong>br</strong>a, particularmente, suas<<strong>br</strong> />

pesquisas so<strong>br</strong>e o orgônio e disto resultou sua prisão. <strong>Reich</strong> é condenado e morre<<strong>br</strong> />

na prisão, de ataque cardíaco, a três de novem<strong>br</strong>o de 1957.<<strong>br</strong> />

6 – Alguns Fios Condutores<<strong>br</strong> />

É importante observar que <strong>Reich</strong>, ainda psicanalista, vai realizando<<strong>br</strong> />

pequenas rupturas <strong>com</strong> a teoria psicanalítica até seu afastamento: o conceito de<<strong>br</strong> />

potência orgástica, a análise das resistências, a <strong>com</strong>preensão da estrutura<<strong>br</strong> />

masoquista e a descrença na pulsão de morte <strong>com</strong>o força primária.<<strong>br</strong> />

Em oposição ao pensamento cartesiano no que concerne às instâncias<<strong>br</strong> />

psique-soma ou às dimensões indivíduo-sociedade, <strong>Reich</strong> utiliza a óptica<<strong>br</strong> />

dialética. Em sua primeira fase e, parcialmente, na segunda, emprega o método<<strong>br</strong> />

materialista dialético. Na vegetoterapia vale-se exclusivamente do método<<strong>br</strong> />

funcionalista-dialético. Já na terceira fase seu método de investigação passa a<<strong>br</strong> />

ser denominado funcionalismo orgônico.<<strong>br</strong> />

As observações de <strong>Reich</strong> a respeito da subjetividade fazem <strong>com</strong> que ele<<strong>br</strong> />

constitua o termo blindagem de caráter. A seguir, o corresponde à couraça<<strong>br</strong> />

muscular. A flexibilização do encouraçamento psicossomático ocorre por meio da<<strong>br</strong> />

restauração da pulsação vital que, por sua vez, pode desencadear o reflexo do<<strong>br</strong> />

17


orgasmo (carga e descarga energéticas). Na seqüência, nota que a fórmula do<<strong>br</strong> />

orgasmo está presente em tudo que está vivo e assim cunha o Princípio de<<strong>br</strong> />

Funcionamento Comum (PFC) que organizaria a própria vida, ou seja, tudo que é<<strong>br</strong> />

vivo pulsa, contrai e expande.<<strong>br</strong> />

O conceito de energia vai sendo ampliado ao longo de sua o<strong>br</strong>a: primeiro<<strong>br</strong> />

libido, depois bioenergia e, finalmente, energia orgônica. De energia sexual e<<strong>br</strong> />

energia da vida à energia primordial e universal. A circulação de energia no<<strong>br</strong> />

corpo propicia a pulsação plena e assim o sujeito se auto-regula, em um<<strong>br</strong> />

freqüente equilí<strong>br</strong>io dinâmico, objetivo último da orgonoterapia.<<strong>br</strong> />

A entrada nas fileiras marxistas é seguida de dissidência e de sua proposta<<strong>br</strong> />

de democracia do trabalho. Esta <strong>com</strong>patibiliza auto-regulação individual e<<strong>br</strong> />

autogestão social, processos que devem ocorrer ao mesmo tempo e que são<<strong>br</strong> />

buscados no dia a dia. <strong>Reich</strong>, ao final de sua vida, continua a ser um<<strong>br</strong> />

revolucionário a sonhar <strong>com</strong> um homem que viva em condições justas e dignas.<<strong>br</strong> />

7 – Breves Indicações de Rotas<<strong>br</strong> />

A o<strong>br</strong>a de <strong>Reich</strong> em português tem seu início de publicação a partir da<<strong>br</strong> />

década de 70. Nos anos 80, a publicação dos livros de José Ângelo Gaiarsa e de<<strong>br</strong> />

Roberto Freire, <strong>com</strong> referenciais <strong>reich</strong>ianos, constituíram propulsores<<strong>br</strong> />

fundamentais da produção teórica que, a partir daí, adviria. Nestes anos, a<<strong>br</strong> />

produção bibliográfica so<strong>br</strong>e a teoria e a clínica <strong>reich</strong>iana esteve centrada,<<strong>br</strong> />

principalmente, nas editoras e instituições de São Paulo.<<strong>br</strong> />

Na década de 90 e no século que se inicia contempla-se a disseminação do<<strong>br</strong> />

pensamento <strong>reich</strong>iano no Rio de Janeiro, Porto Alegre e em outras capitais por<<strong>br</strong> />

meio do lançamento de livros, artigos, monografias, dissertações de mestrado e<<strong>br</strong> />

teses de doutorado.<<strong>br</strong> />

Em 1997 o “Encontro Comemorativo do Centenário de <strong>Reich</strong>” realizado em<<strong>br</strong> />

São Paulo, sob a coordenação geral de Cláudio Mello Wagner, foi um importante<<strong>br</strong> />

disparador de produção teórica, aprofundamento e articulações da o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

<strong>reich</strong>iana <strong>com</strong> autores contemporâneos.<<strong>br</strong> />

Um dos possíveis desenvolvimentos da teoria <strong>reich</strong>iana é sua contribuição<<strong>br</strong> />

para o campo da educação. Visando aprofundar tal conhecimento, o leitor pode<<strong>br</strong> />

18


ecorrer ao livro <strong>Reich</strong>: história das idéias e formulação para a Educação, de<<strong>br</strong> />

Paulo Albertini.<<strong>br</strong> />

Acreditamos que estudos so<strong>br</strong>e a noção de caráter podem auxiliar os<<strong>br</strong> />

interessados a <strong>com</strong>preender este conceito <strong>reich</strong>iano fundamental. Há uma<<strong>br</strong> />

variedade de livros e duas revistas <strong>reich</strong>ianas em circulação <strong>com</strong> um grande<<strong>br</strong> />

número de artigos so<strong>br</strong>e este tema, são elas: Revista <strong>Reich</strong>iana, do Instituto<<strong>br</strong> />

Sedes Sapientiae, e a Pensamento <strong>Reich</strong>iano em Revista, promovida por um<<strong>br</strong> />

coletivo de profissionais <strong>reich</strong>ianos.<<strong>br</strong> />

O objeto de conhecimento inventado por <strong>Reich</strong>, ou seja, a <strong>com</strong>plexidade<<strong>br</strong> />

psicobioenergeticassocial, <strong>com</strong>porta atravessamentos e interfaces <strong>com</strong> outras<<strong>br</strong> />

ciências. Um sentido bastante a<strong>br</strong>angente e que contempla áreas diferentes<<strong>br</strong> />

pode ser encontrado em <strong>Reich</strong> em Diálogo <strong>com</strong> Freud: estudos so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

psicoterapia, Educação e Cultura, organizado por Paulo Albertini e que tem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o autores o próprio organizador, além de Cláudio Mello Wagner, Ricardo<<strong>br</strong> />

Rego e Sara Matthiesen.<<strong>br</strong> />

A questão orgônica tem merecido o olhar atento de autores <strong>com</strong>o José<<strong>br</strong> />

Guilherme Oliveira em seu escrito “Ser e Não Ser: a dinâmica do universo” e nos<<strong>br</strong> />

artigos de Nicolau Maluf Jr so<strong>br</strong>e Epistemologia e Orgonomia publicados nas<<strong>br</strong> />

revistas <strong>reich</strong>ianas aqui citadas. Não são menos abordadas as temáticas de cunho<<strong>br</strong> />

clínico/social na o<strong>br</strong>a <strong>reich</strong>iana e aí gostaríamos de mencionar a tese de<<strong>br</strong> />

doutorado Para Além do Claustro Bipessoal: proposições teóricas para uma<<strong>br</strong> />

psicoterapia grupal de base <strong>reich</strong>iana, de Marcus Vinicius de A. Câmara e, mais<<strong>br</strong> />

especificamente no campo social, o livro de André Valente Barreto A Revolução<<strong>br</strong> />

das Paixões e o artigo Possíveis relações entre religiosidade <strong>br</strong>asileira no<<strong>br</strong> />

contemporâneo e Psicologia de Massas do Fascismo de <strong>Wilhelm</strong> <strong>Reich</strong>, de Karina<<strong>br</strong> />

Siviero e Simone Aparecida Ramalho, publicado na Revista <strong>Reich</strong>iana n o 15/2006<<strong>br</strong> />

do Sedes Sapientiae.<<strong>br</strong> />

Em 1997, fomos co-organizadores do evento “Cem anos de <strong>Reich</strong>”, um<<strong>br</strong> />

seminário na UFRJ, que resultou em artigos publicados no número especial (v.49,<<strong>br</strong> />

n o 2, 1997) so<strong>br</strong>e o centenário de <strong>Reich</strong> da prestigiosa revista Arquivos<<strong>br</strong> />

Brasileiros de Psicologia da UFRJ. Cremos que esta publicação foi um marco na<<strong>br</strong> />

produção teórica <strong>reich</strong>iana na cidade do Rio de Janeiro. A partir daí livros e<<strong>br</strong> />

artigos referenciados em <strong>Reich</strong> cresceram em quantidade e qualidade. Autorias<<strong>br</strong> />

19


coletivas <strong>com</strong>o as dos livros <strong>Reich</strong> Contemporâneo: perspectivas clínicas e sociais<<strong>br</strong> />

e <strong>Reich</strong>: o Corpo e a Clínica, ambos organizados por Nicolau Maluf Jr, sendo o<<strong>br</strong> />

primeiro associado a Luiz Gibier, incrementaram a produção teórica do final dos<<strong>br</strong> />

anos 90. Os artigos podem ser encontrados no CD-ROM <strong>Reich</strong> – O Saber em<<strong>br</strong> />

Movimento, organizado por José Guilherme Oliveira e Henrique Rodrigues, na<<strong>br</strong> />

Revista <strong>Reich</strong>iana da sociedade <strong>Wilhelm</strong> <strong>Reich</strong> do Rio Grande do Sul, na Revista<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong>iana do Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo e na atual Pensamento<<strong>br</strong> />

<strong>Reich</strong>iano em Revista, herdeira da primeira. A articulação da o<strong>br</strong>a de <strong>Reich</strong> <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

teóricos contemporâneos pós-críticos, notadamente aqueles que <strong>com</strong>põem a<<strong>br</strong> />

denominada Filosofia da Diferença (Deleuze, Guattari, Foucault, Nietzsche),<<strong>br</strong> />

pode ser observada em livros e em artigos de autores <strong>com</strong>o Amadeu Weinmann,<<strong>br</strong> />

Maria Zeneide Monteiro, André Valente Barreto, Marcus Vinicius de A. Câmara,<<strong>br</strong> />

Lorene Soares, Luis Gonçalves, Regina Favre, entre muitos outros.<<strong>br</strong> />

Na área clínica, algumas das referências importantes são o livro de Claudio<<strong>br</strong> />

Mello Wagner A Transferência na Clínica <strong>Reich</strong>iana e os livros do pós-<strong>reich</strong>iano<<strong>br</strong> />

Federico Navarro. São também re<strong>com</strong>en<strong>dados</strong> os artigos de Ernani Trotta<<strong>br</strong> />

publicados na primeira e última revistas citadas no penúltimo parágrafo desse<<strong>br</strong> />

texto, além de uma dezena de outros escritos, produzidos por teóricos do campo<<strong>br</strong> />

clínico, facilmente encontrados utilizando-se as referências mencionadas neste<<strong>br</strong> />

capítulo.<<strong>br</strong> />

A relação da teoria <strong>reich</strong>iana <strong>com</strong> a Biologia atual e a Neurociência pode<<strong>br</strong> />

ser observada nos recentes trabalhos de José Ignácio Xavier Atenção a Si e<<strong>br</strong> />

Psicoterapia Corporal: efeito das estimulações somatossensoriais so<strong>br</strong>e o corpo,<<strong>br</strong> />

as emoções e a cognição (tese de doutorado pela UFRJ) e de Ricardo Rego<<strong>br</strong> />

Psicanálise e Biologia: uma discussão da pulsão de morte em Freud e <strong>Reich</strong> (tese<<strong>br</strong> />

de doutorado pela USP).<<strong>br</strong> />

Finalmente, gostaríamos de assinalar que, principalmente, nas duas últimas<<strong>br</strong> />

décadas a produção teórica <strong>reich</strong>iana tem ganho um fôlego novo. Já são dezenas<<strong>br</strong> />

de autores a escrever referenciados no pensamento <strong>reich</strong>iano. Se nas décadas de<<strong>br</strong> />

70 e 80, houve o boom das clínicas <strong>reich</strong>ianas e neo-<strong>reich</strong>ianas, especialmente<<strong>br</strong> />

nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, o que se observa desde os anos 90 é<<strong>br</strong> />

uma produção de trabalhos escritos sem precedentes, que, sem dúvida, re-<<strong>br</strong> />

oxigena e traz novas veredas teóricas pautadas na o<strong>br</strong>a <strong>reich</strong>iana.<<strong>br</strong> />

20


Referências<<strong>br</strong> />

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