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4 As empresas da cadeia automotiva vêm operando num con- texto de elevado ritmo de mudan- ças, conseqüência da crescente ocor- rência de inovações e da maior complexidade do processo produtivo, no qual o peso de fatores in- tangíveis torna-se decisivo na competitividade empresarial. A globalização das tecnologias e dos mercados, a intensificação da con- corrência, a falta de dimensão crítica e capacidade de mobilização de recursos para atuar em mercados globais, a necessidade de com- petências e concentração em elos específicos da cadeia de valor, a redução do ciclo de vida dos produtos e das tecnologias, a necessidade de agilidade no lançamento de novos produtos a baixo custo e ele- vada qualidade e o aumento do custo e risco associado ao desenvolvimento de novos produtos con- Angelo Rodrigues Goldoni Supervisor da Administração de Ferramentas GEF2 DaimlerChrysler do Brasil Ltda. O Mundo da Usinagem duzem, efetivamente, as organiza- ções à necessidade de cooperar. Para alcançar essas novas dimen- sões competitivas, as empresas em todo o mundo vêm reconfigurando suas atividades e fronteiras orga- nizacionais na direção de estraté- gias de atuação conjunta, onde as interações passam a se dar através de novos modelos de relacionamentos entre empresas clientes e fornecedoras, com visão de longo prazo, transparência e comprome- timento nos negócios e colabora- ção tecnológica. Esse modelo de relacionamento, denominado de relação evoluída, é hoje conside- rado fator prioritário na estratégia industrial (MERLI, 1998). CONCEITOS DE SUPRIMENTO O relacionamento tradicional caracterizava-se por práticas deno- minadas arm’s length – transações baseadas exclusivamente no menor preço, distintivo da produção em massa (BESANKO et al., 2000). Nele, o papel dos fornecedores é mar- cado pelo baixo incentivo ao in- vestimento e pela capacidade de inovação, resultado da sua passividade diante do relaciona- O trabalho analisa as relações de fornecimento entre fabricantes de ferramentas de corte e empresas do segmento de usinagem da cadeia automotiva brasileira, extraindo, dos resultados de pesquisa, as práticas e características predominantes nas relações de fornecimento vigentes. mento adversário comum com as empresas clientes. No novo padrão de relacionamento, também conhecido por “associativo”, o modo vigente de negociação é a solução conjunta de problemas, com as empresas ex- plorando o futuro em conjunto, focando as melhorias que venham assegurar a satisfação do cliente fi- nal e criar vantagens competitivas sustentáveis (POIRIER e REITER, 1997). A metamorfose que emerge tem por base a adoção dos precei- tos e práticas da organização de manufatura sob o sistema produção enxuta (WOMACK et al., 1992). Em termos gerenciais, esse modelo se expressa por conceitos e práticas como visão de longo prazo, benchmarking, parceria, qualidade total, inovação e aprimoramen- to contínuo dos fatores produtivos, novas formas de organização do trabalho – participativa e integrada (ARKADER, 1997). A evolução no relacionamento entre a empresa cliente e seus fornecedores exige uma total mudança de perspectiva da atividade de comprar (função operacional) para gerenciar forne- cimentos (função estratégica).
METODOLOGIA DE PESQUISA A estratégia que se apresentou como mais adequada para a pesquisa foi o estudo de caso no segmento de usinagem da cadeia automotiva brasileira, abordando três montadoras de automóveis e cinco fabricantes-fornecedores de ferramentas de corte com grande representatividade no cenário nacional e mundial. O método de pesquisa, em conformidade pelo exposto por GODOY(1995 p.25-27) e YIN(2001 p.21), teve por objetivo oferecer vivência da realidade por meio do debate, análise e tentativa de solução de um problema extraído da vida real. Um quadro conceitual da pesquisa foi desenvolvido e adaptado para o relacionamento no fornecimento de ferramentas de corte, sendo caracterizado por dois conjuntos extremos de práticas de fornecimento, rotulados de modelo “tradicional” e “relação evoluída”. Ele sintetiza o antigo e o novo padrão nas relações de fornecimento de ferramentas, apontando para o avanço na direção de um modelo mais colaborativo. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Foram significativas as mudan- ças na política de suprimentos de ferramentas de corte e nos padrões de relacionamento entre empresas no Brasil nos últimos 12 anos. Ficou caracterizado que práticas como horizonte temporal dos contratos, fornecedores por item e atitude frente à qualidade vêm normalmente sendo aceitas e empregadas pelas empresas do segmento de usinagem da cadeia automotiva brasileira e sedimentadas pelas amplas mudanças ocorridas nos últimos anos. A configuração do suprimento e as práticas de entregas são influenciadas por fatores ambientais como a estrutura fiscal e tributária do país e sistemas logísticos. O enfoque global nas compras, ainda que aplicado de forma tí- mida, vem sendo implementado por políticas de global sourcing, de modo a conquistar melhores condições segundo os critérios preferenciais do comprador. Quan- to à prática de envolvimento em projetos e nas soluções dos proble- Quadro 1 – Modelos de relações de fornecimento de ferramentas mas, está claro que as empresas fornecedoras estarão cada vez mais participando dos processos de fabricação das empresas clientes, tornando-se co-produtoras, e o diferencial competitivo desta relação está na prestação de ser- viços e assistência técnica especializada acompanhando o produto “ferramenta”. As outras práticas estudadas, como padrões de negociação e relacionamento, seleção e avaliação de fornecedores, geren- ciamento de ferramentas e ativos Sandvik Coromant do Brasil 5
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