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OUVINDO OS PROFESSORES - VSO

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Como em muitos casos, estas citações demonstram a interligação entre as diferentes questões<br />

levantadas: o acesso à formação está ligado ao acesso ao transporte; o fenómeno dos<br />

professores terem que sofrer enquanto levam a cabo procedimentos administrativos complexos<br />

está ligado às demoras e aos custos dos transportes. Em certas zonas, os professores de uma<br />

escola fazem xitike (mensalmente juntam parte dos seus salários para que de um deles de<br />

cada vez possa comprar uma motorizada). Esta ideia requer que os professores se confiem<br />

para continuar a juntar parte dos seus salários até que o último professor tenha também a sua<br />

motorizada. Em alguns casos, tudo dá errado e os últimos professores nunca chegam a receber<br />

as suas motorizadas.<br />

SOLUÇÕES SUGERIDAS PEL<strong>OS</strong> <strong>PROFESSORES</strong> E OUTR<strong>OS</strong> INTERVENIENTES<br />

• Providenciar transporte para os professores, proporcionando machimbombos ou chapas,<br />

ou ainda fazer com que os professores sejam capazes de comprar os seus próprios<br />

veículos ou motorizadas.<br />

• Dar aos professores acesso a crédito para que possam investir em motorizadas ou<br />

bicicletas.<br />

• Encorajar os professores para que continuem juntos na compra de motorizadas<br />

partilhadas ou compradas para cada membro do grupo de cada vez.<br />

3.4 FACTORES TRANSVERSAIS<br />

O plano estratégico para a educação realça várias desigualdades dentro do país, que procura<br />

englobar:<br />

“As oportunidades educacionais e a prestação de serviços de educação não estão<br />

distribuídas de forma uniforme entre as regiões do país. A redução das assimetrias<br />

regionais, bem como das disparidades entre ricos e pobres, rapazes e raparigas,<br />

populações urbanas e rurais, constitui um objectivo primordial. O financiamento do<br />

PEEC será direccionado no sentido de resolver as diferentes disparidades” (MEC, 2006: 19).<br />

Três destes temas transversais ou cruzados foram escolhidos como um foco específico deste<br />

estudo: as diferenças urbano/rural, o género e os factores regionais e étnicos.<br />

3.4.1 LOCALIZAÇÃO DA ESCOLA (URBANA E RURAL)<br />

CONTEXTO DA POLÍTICA<br />

Moçambique é um país grande, ocupa 800.000 quilómetros quadrados, com uma população de<br />

cerca de 19 milhões de habitantes, dois terços dos quais vivem nas zonas rurais, muitos na<br />

pobreza absoluta. Mais de 80 por cento das famílias pobres vivem nas zonas rurais, dependendo<br />

da agricultura de subsistência, mas com produtividade muito baixa. As comunidades rurais são<br />

extremamente vulneráveis a desastres naturais cíclicos tais como secas e cheias que afectam<br />

Moçambique, particularmente nas regiões do sul e centro, frequentemente levando à<br />

insegurança alimentar. Em 2002, cerca de 66 por cento de camponeses pobres perderam as<br />

suas culturas devido a calamidades naturais. Muitas zonas rurais estão extremamente isoladas<br />

e viajar é difícil. Muitas das vias de acesso às zonas rurais do país encontram-se em muito mau<br />

estado e os serviços básicos são inadequados. Dois terços da população rural vivem a mais de<br />

uma hora de caminhada da unidade de saúde mais próxima. Somente 60 por cento têm acesso<br />

a água potável (Portal da pobreza rural, URL).<br />

As crianças rurais estão em desvantagem em termos de acesso à educação. Não têm escolas<br />

suficientes e frequentemente a qualidade das infra-estruturas escolares é extremamente<br />

precária. As crianças rurais tendem a ter pais não escolarizados: mais de dois terços dos<br />

moçambicanos rurais são analfabetos. Também para os professores trabalhar em escolas<br />

rurais traz desafios de acesso e de transporte.<br />

Como foi discutido na secção 3.1.1 Recrutamento e afectação (ver página 19) e 3.1.6 Pacotes de<br />

remuneração (ver página 41), muitos professores, particularmente as professoras, não querem<br />

aceitar colocações em escolas rurais. Os incentivos destinados a encorajar os professores a<br />

aceitar colocações nas escolas rurais não fazem, na verdade, com que estas colocações sejam<br />

mais atractivas do que as colocações em escolas urbanas.<br />

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