20.06.2013 Views

Untitled - circuitos de exhibición alternativos

Untitled - circuitos de exhibición alternativos

Untitled - circuitos de exhibición alternativos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

significativas modificações. É compreensível, portanto, que tal panoramaincite<br />

variadas tentativas <strong>de</strong> categorização, como a proposta por Duffy 9 .<br />

Consi<strong>de</strong>ramos, contudo, tais tentativas incipientes, pois, ou partem <strong>de</strong> um<br />

princípio binário (aborda-se ou não a promoção da paz ou apenas o horror da<br />

guerra) ou pecam por insular certos aspectos - como a luta pelos direitos civis<br />

- <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um universo periférico da luta pela paz, constituindo como que um<br />

satélite do campo <strong>de</strong> atuação principal, apenas aceito pela necessida<strong>de</strong><br />

expressa <strong>de</strong> “flexibilização” conceitual.<br />

A<strong>de</strong>mais, é importante salientar que as abordagens e categorizações<br />

sobre o tema surgem, em geral, no campo da Polemologia e da Educação,<br />

não da Museologia. Com isso, consi<strong>de</strong>ramos que um gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />

análise se per<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> engendrar teorizações acerca da prática<br />

museológica que consi<strong>de</strong>ramos equivocadas 10 .<br />

BREVE PANORAMA SOBRE A IDÉIA DE PAZ<br />

Para compreen<strong>de</strong>rmos a legitimida<strong>de</strong> da atuação do museu enquanto<br />

elemento <strong>de</strong> militância em prol da paz, é fundamental que tenhamos em<br />

mente a dimensão essencialmente social <strong>de</strong> tal conceito e seu itinerário <strong>de</strong><br />

significação. Historicamente, a idéia que se faz <strong>de</strong> “paz” foi interpretada <strong>de</strong><br />

múltiplas maneiras, por civilizações e socieda<strong>de</strong>s diversas, em momentos<br />

cronológicos distintos, caracterizando, <strong>de</strong>ssa forma, conjuntos <strong>de</strong><br />

compreensão e <strong>de</strong> vivência que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nominar como tradições <strong>de</strong><br />

interpretação. Mencionaremos algumas brevemente.<br />

Na matriz clássica grega, no plano mitológico, às importantes<br />

divinda<strong>de</strong>s da natureza conhecidas como “As Horas” 11 (Talo, Carpo e<br />

Auxo 12 ), filhas <strong>de</strong> Zeus e Têmis, cabia o papel <strong>de</strong> acompanhar os gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>uses e certos heróis, além <strong>de</strong> guardar as portas do céu. Ligadas à<br />

vegetação – personificando alguns períodos do tempo - são divinda<strong>de</strong>s cujos<br />

po<strong>de</strong>res estão atrelados à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> semear, medrar e frutificar 13 . Eirene, uma<br />

das Horas, também era consi<strong>de</strong>rada e venerada pelos gregos como a<br />

personificação da paz. Representada como uma bela jovem, sua existência no<br />

imaginário grego nos indica a idéia fugaz que os gregos alimentavam da paz –<br />

9 Para o autor, po<strong>de</strong>ríamos, para fins didáticos, categorizar esses museus em diferentes<br />

“mo<strong>de</strong>los”, como issue-based museums (museus criados em resposta a eventos/problemáticas<br />

específicos, como os do holocausto), museus da paz que focalizam assuntos humanitários <strong>de</strong><br />

natureza geral <strong>de</strong> grupos/indivíduos, como o Museu da Cruz Vermelha (Genebra) e o daquele<br />

grupo <strong>de</strong> museus que po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>finidos “<strong>de</strong> maneira bastante flexível” (adverte ele) como<br />

os “museus <strong>de</strong> não-violência”, <strong>de</strong> que são exemplo os <strong>de</strong>votados a tal temática na Índia e nos<br />

EUA.<br />

10 Terrence Duffy, por exemplo, estudioso da Paz e da Resolução <strong>de</strong> Conflitos - além <strong>de</strong><br />

importante referência para o estudo sobre nosso tema -, utiliza constantemente da expressão<br />

“museologia da paz” (Cf. DUFFY, 1998), cujo emprego julgamos equivocado. Não acreditamos<br />

na existência <strong>de</strong> uma “Museologia da Paz”, como empregado pelo autor. O museu da paz é<br />

apenas uma expressão ética do efervescente campo da Museologia; não constituindo, <strong>de</strong>ssa<br />

forma, um arcabouço suficiente que justifique tal nomenclatura. Além disso, falar em uma<br />

“museologia da paz” implica falar em uma museologia da arte, da história, da etnografia, ou <strong>de</strong><br />

qualquer outro tipo <strong>de</strong> coleção com que o museu trabalhe. O que existe é uma Museologia,<br />

aplicável a diferentes contextos, como propõe André Desvallées (1988).<br />

11 VICTORIA, 2000, p. 72.<br />

12 São os nomes que os atenienses davam às divinda<strong>de</strong>s: Eunomia (or<strong>de</strong>m), Diqué (justiça) e<br />

Eirene<br />

13 No caso, a divinda<strong>de</strong> Eirene.<br />

626

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!