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livro_festas_juninas.pdf - Festa Junina

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Patrocínio:<br />

<strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s<br />

<strong>Festa</strong>s de São João<br />

Origens, Tradições e História<br />

LÚCIA HELENA VITALLI RANGEL


4<br />

Copyright © YOKI Alimentos S.A.<br />

EDIÇÃO, CAPA E FOTOGRAFIAS: Publishing Solutions<br />

IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Ipsis Gráfica e Editora<br />

Dados Dados Internacionais Internacionais de de Catalogação Catalogação na na na Publicação Publicação (CIP)<br />

(CIP)<br />

(Câmara (Câmara Brasileira Brasileira do do do Livro, Livro, SP SP, SP , Brasil)<br />

Brasil)<br />

Rangel, Lúcia Helena Vitalli<br />

<strong>Festa</strong>s <strong>juninas</strong>, <strong>festas</strong> de São João: origens, tradições e história / Lúcia Helena Vitalli<br />

Rangel. – São Paulo: Publishing Solutions, 2008.<br />

Bibliografia.<br />

ISBN 978-85-61653-00-2<br />

1. <strong>Festa</strong> de São João – História 2. <strong>Festa</strong>s <strong>juninas</strong> – História. I. Título.<br />

Índice Índice para para para catálogo catálogo catálogo sistemático:<br />

sistemático:<br />

1. <strong>Festa</strong>s <strong>juninas</strong> : Costumes : História 394.268209<br />

Todos os direitos desta edição são reservados à YOKI Alimentos S.A.<br />

Rua Paes Leme, 524 – 4º andar – São Paulo, SP<br />

CEP 05424-904 Tel.: (11) 4346-4177<br />

Endereço na Internet: www.yoki.com.br


“<br />

O balão vai subindo, vem caindo a<br />

garoa. O céu é tão lindo e a noite é<br />

tão boa. São João, São João, acende a<br />

fogueira no meu coração.”<br />

Quem não cantou e se encantou com<br />

essa música de Carlos Braga e Alberto<br />

Ribeiro? Ou não colocou chapéu de palha<br />

e dançou a quadrilha com o balancê e o<br />

caminho da roça? Ou ainda resistiu às<br />

delícias dessa festa?<br />

Aliás, a culinária junina é um capítulo à<br />

parte. A canjiquinha e o munguzá no<br />

Nordeste, o curau e o bolo de fubá com ervadoce<br />

no Sudeste, o amendoim torradinho ou<br />

em suas variações, como a paçoquinha, o<br />

pé-de-moleque e o gibi. Além, é claro, da<br />

pipoca, sem dúvida uma unanimidade<br />

nacional. E o cheirinho dessa época... <strong>Festa</strong><br />

junina sem quentão, quem já viu? No ar o<br />

Apresentação<br />

cheirinho do cravo, da canela e do gengibre.<br />

O fato é que as <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> são comemoradas<br />

em todo o país e representam<br />

uma das mais ricas manifestações culturais<br />

brasileiras. No entanto, na mesma medida<br />

em que essas tradições culturais permanecem,<br />

apesar das profundas mudanças<br />

estruturais do Brasil — que em pouco mais<br />

de meio século passou de eminentemente<br />

rural à condição de urbano —, começam a<br />

se esgarçar na memória das novas gerações<br />

de brasileiros as origens desses festejos.<br />

As crianças continuam dançando a quadrilha<br />

no mês de junho, porém não conhecem<br />

mais a história da festa e de seus santos,<br />

o significado de seus rituais, as letras das<br />

músicas mais tradicionais.<br />

Este <strong>livro</strong>, patrocinado pela Yoki, empresa<br />

ligada às tradições brasileiras e, em<br />

5


6<br />

especial, a essa festa, uma vez que está<br />

envolvida na produção de ingredientes e<br />

quitutes juninos há mais de quarenta anos,<br />

é uma colaboração no sentido de manter<br />

vivo na memória nacional esse verdadeiro<br />

patrimônio cultural. Na decisão de publicálo<br />

pesou também o compromisso da empresa<br />

com as novas gerações, pois a idéia<br />

é que o <strong>livro</strong> possa servir de subsídio para<br />

a pesquisa escolar.<br />

Para desenvolver um trabalho com o nível<br />

de profundidade adequado, a Yoki contratou<br />

a antropóloga Lúcia Helena Vitalli Rangel,<br />

especialista no assunto, que foi auxiliada por<br />

Vivian Catenacci. O conteúdo dessa pesquisa<br />

é agora lançado em forma de <strong>livro</strong>. <strong>Festa</strong>s<br />

<strong>Junina</strong>s, <strong>Festa</strong>s de São João abrange aspectos<br />

variados das comemorações. Narra sua história,<br />

que remonta a períodos anteriores à era<br />

cristã, e o papel dos santos juninos nos festejos;<br />

fala das diversidades regionais, da representação<br />

do boi-bumbá no Norte à tradição<br />

caipira no Sudeste; explica as origens<br />

da quadrilha e das roupas usadas na festa.<br />

Contém também o roteiro do casamento<br />

caipira e da dança da quadrilha, reproduz<br />

as letras das músicas mais representativas e<br />

ensina a fazer os quitutes típicos de todas as<br />

regiões de nosso país.<br />

Esperamos que você, leitor, aprecie a<br />

nossa contribuição e tenha tanto prazer em<br />

ler este <strong>livro</strong> quanto nós, da Yoki, tivemos<br />

em editá-lo.<br />

Bom proveito!<br />

GABRIEL JOÃO CHERUBINI<br />

VICE-PRESIDENTE – YOKI ALIMENTOS S.A.


Com o sucesso das edições ante-rio<br />

res, estamos apresentando a 3a edição de <strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s, <strong>Festa</strong>s de São João<br />

– Origens, Tradições e Histórias, totalizando<br />

180.000 exemplares publicados. O<br />

resultado da pesquisa elaborada por Lúcia<br />

Helena Vitalli Rangel mostra-se oportuna e<br />

atual. Os festejos juninos estão enraizados<br />

em nossas memórias, com suas melodias e<br />

aromas característicos.<br />

Esta edição apresenta nova diagramação<br />

e apresentação gráfica. Facilitar o<br />

acesso ao conteúdo da obra é nosso intuito.<br />

Buscamos uma aparência mais leve. No<br />

projeto gráfico note-se o destaque dado aos<br />

elementos ícones das <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>. Tudo<br />

para estimular a leitura desse material de<br />

pesquisa tão bem aceito, nas escolas e<br />

bibliotecas brasileiras.<br />

A Yoki participa dessas <strong>festas</strong> tão brasileiras,<br />

estimulando ações que dêem continuidade<br />

a essas vivências e também patrocinando<br />

eventos culturais que tenham<br />

Apresentação à 3 a Edição<br />

como tema a <strong>Festa</strong> <strong>Junina</strong>. Nesta 3 a edição<br />

estamos acrescentando um capítulo de<br />

poesias <strong>juninas</strong>, onde publicamos as<br />

poesias vencedoras do Concurso de Poesia<br />

de Dois Córregos, cidade do interior de São<br />

Paulo. Não deixe de ler!<br />

O <strong>livro</strong> tem como objetivo ajudar na<br />

perpetuação dessa tradição cultural tão<br />

importante. Para isso pretende ser um<br />

subsídio à pesquisa do tema, principalmente<br />

às crianças em idade escolar. Em<br />

seu conteúdo encontramos, simpatias <strong>juninas</strong>,<br />

adivinhas, letras de músicas cantadas<br />

nas <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>, representação de casamento<br />

matuto e evolução da quadrilha<br />

caipira. E como não poderia deixar de<br />

faltar, as saborosas comidas típicas encontradas<br />

em qualquer festa junina.<br />

Convido você, leitor, a entrar neste<br />

mundo maravilhoso.<br />

GABRIEL JOÃO CHERUBINI<br />

VICE-PRESIDENTE – YOKI ALIMENTOS S.A.<br />

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NOTA INTRODUTÓRIA<br />

1 Origem das <strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s<br />

A coleta e o cultivo<br />

Rituais de fertilidade<br />

O dia de São João na Sardenha<br />

2 As Comemorações <strong>Junina</strong>s no Brasil<br />

As relações sociais e o compadrio<br />

São João em Caruaru e Campina Grande<br />

Na Região Norte<br />

No Sudeste<br />

3 Santo Antônio, São João e São Pedro<br />

Santo Antônio: camarada e casamenteiro<br />

Simpatias, sortes e adivinhas para Santo Antônio<br />

A festa de Santo Antônio<br />

São João, a purificação pelo batismo<br />

Simpatias, sortes e adivinhas para São João<br />

A festa de São João<br />

São Pedro, fundador da Igreja Católica<br />

A festa de São Pedro<br />

Sumário<br />

Sumário


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4 Casamento Caipira ou Matuto<br />

Sugestão para a representação do casamento caipira ou matuto<br />

5 Danças <strong>Junina</strong>s<br />

Origem da quadrilha<br />

Trajes usados na dança<br />

Sugestão para a evolução da quadrilha caipira<br />

Fandango<br />

Bumba-meu-boi<br />

Lundu<br />

Cateretê<br />

6 Jogos Juninos<br />

Jogos de terreiro<br />

Jogos de barracas<br />

7 Músicas <strong>Junina</strong>s<br />

8 O Mastro<br />

9 Comidas e Bebidas <strong>Junina</strong>s<br />

Concurso de redações<br />

Concurso de Poesias<br />

Bibliografia<br />

9


Este <strong>livro</strong> é resultado de uma pesquisa<br />

realizada a pedido da Yoki,<br />

o que gerou uma troca fecunda entre<br />

universidade e empresa.<br />

O tema <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> proporciona um<br />

campo fértil de análise do significado desse<br />

período tão importante na cultura brasileira:<br />

sua origem, sua transformação na<br />

história européia e suas redefinições no<br />

contexto brasileiro, desde os tempos<br />

coloniais até a atualidade.<br />

A pesquisa, concebida por mim, foi realizada<br />

em conjunto com Vivian Catenacci,<br />

na ocasião minha aluna no curso de<br />

graduação em Ciências Sociais da PUC-SP.<br />

A prática da pesquisa representa um<br />

dos pilares fundamentais do conhecimento<br />

sobre a vida social. Aprender fazendo é<br />

muito importante na formação do aluno,<br />

Nota Introdutória<br />

não apenas porque a pesquisa a respeito<br />

da realidade social contribui para o<br />

conhecimento da vida de um povo e das<br />

questões sociais, políticas, econômicas e<br />

culturais que o configuram, mas também<br />

porque sua prática revela o prazer de<br />

conhecer.<br />

O ato de conhecer conduz ao descobrimento,<br />

à ampliação da capacidade de<br />

analisar, de sistematizar, de explicar.<br />

Conhecer, portanto, amplia os horizontes<br />

da consciência, da cidadania e da crítica.<br />

Tudo isso fornece bases consistentes<br />

para as instituições de ensino e, particularmente,<br />

para a universidade, centro de<br />

ensino, pesquisa e extensão.<br />

Outro aspecto importante a ressaltar<br />

é que a atividade de pesquisa enriquece<br />

de modo muito especial a relação pro-<br />

11


12<br />

fessor/aluno. Produzir em conjunto é<br />

estimulante para ambos porque ensinar<br />

e aprender são dimensões do mesmo ato,<br />

cuja base pode estar assentada na<br />

reciprocidade.<br />

Sendo assim, este <strong>livro</strong> tem caráter<br />

didático e constitui um convite à pesquisa.<br />

Agradeço à Yoki a oportunidade de realizar<br />

um trabalho prazeroso e importante e a<br />

Vivian a saudável prática da partilha.<br />

LÚCIA HELENA VITALLI RANGEL


1<br />

O<br />

calendário das <strong>festas</strong> católicas<br />

é marcado por diversas comemorações<br />

de dias de santos. Seu ciclo mais<br />

importante se inicia com o nascimento de<br />

Jesus Cristo e se encerra com sua paixão e<br />

morte. Na tradição brasileira, as maiores<br />

<strong>festas</strong> são Natal, Páscoa e São João. As<br />

comemorações de cunho religioso foram<br />

apropriadas de tal forma pelo povo<br />

brasileiro que ele transformou o Carnaval<br />

— ritual de folia que marca o início da<br />

Quaresma, período que vai da quarta-feira<br />

de Cinzas ao domingo de Páscoa — em<br />

uma das maiores expressões festivas do<br />

Brasil no decorrer do século XX.<br />

Do mesmo modo, as comemorações<br />

de São João (24 de junho) fazem parte de<br />

um ciclo festivo que passou a ser conhecido<br />

como <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> e homenageia, além<br />

Origem das <strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s<br />

desse, outros santos reverenciados em<br />

junho: Santo Antônio (dia 13) e São Pedro e<br />

São Paulo (dia 29).<br />

Se pesquisarmos a origem dessas<br />

festividades, perceberemos que elas<br />

remontam a um tempo muito antigo, anterior<br />

ao surgimento da era cristã. De acordo<br />

com o <strong>livro</strong> O ramo de ouro, de sir James<br />

George Frazer, o mês de junho, tempo do<br />

solstício de verão (no dia 21 ou 22 de junho<br />

o Sol, ao meio-dia, atinge seu ponto mais<br />

alto no céu; esse é o dia mais longo e a noite<br />

mais curta do ano) no Hemisfério Norte, era<br />

a época do ano em que diversos povos —<br />

celtas, bretões, bascos, sardenhos, egípcios,<br />

persas, sírios, sumérios — faziam rituais de<br />

invocação de fertilidade para estimular o<br />

crescimento da vegetação, promover a<br />

fartura nas colheitas e trazer chuvas.<br />

15


16<br />

Na verdade, os rituais de fertilidade<br />

associados ao cultivo das plantas, incluindo<br />

todo o ciclo agrícola — a preparação do<br />

terreno, o plantio e a colheita —, sempre<br />

foram praticados pelas mais diversas<br />

sociedades e culturas em todos os tempos.<br />

Das tradições estudadas por Frazer<br />

destacam-se os ritos celebrados nas terras<br />

do Mediterrâneo oriental (Egito, Síria,<br />

Grécia, Babilônia) com o objetivo de regular<br />

as estações do ano, especialmente a<br />

passagem da primavera para o verão, que<br />

sela a superação do inverno.<br />

A Coleta e o Cultivo<br />

O ciclo anual da natureza prevê a morte<br />

e o ressurgimento da vegetação. Todos os<br />

anos as plantas passam por um processo de<br />

transformação: no outono, as folhas mudam<br />

de cor, tornando-se amareladas e murchas;<br />

no inverno, elas caem e deixam a planta sem<br />

folhas até que chega a primavera. O sol<br />

então começa a brilhar com mais inten-<br />

sidade e a vegetação renasce, brota e floresce<br />

para oferecer as sementes do novo<br />

ciclo, cujos frutos estarão maduros no verão.<br />

No Hemisfério Norte, as quatro estações<br />

do ano estão demarcadas nitidamente; na<br />

região equatorial e nas tropicais do Hemisfério<br />

Sul, o movimento cíclico alterna os períodos<br />

de chuva e de estiagem, mas ainda assim<br />

o ciclo vegetativo pode ser observado da<br />

mesma maneira — alteração na coloração e<br />

perda das folhas, seca e renascimento.<br />

O que ocorre com a natureza é algo<br />

semelhante à saga de Tamuz e Adônis, que<br />

submergem do mundo subterrâneo e<br />

retornam todos os anos para viver com<br />

suas amadas Istar e Afrodite e com elas<br />

fertilizar a vida.<br />

As lendas de Tamuz e Adônis<br />

“Na literatura religiosa da Babilônia,<br />

Tamuz amuz surge como o jovem esposo ou<br />

amante de Istar, a grande deusa-mãe, a<br />

personificação das energias reprodutivas da


natureza. [...] Tamuz morria anualmente [...]<br />

e todos os anos sua amante divina viajava,<br />

em busca dele, ‘para a terra de onde não<br />

há retorno, para a mansão das trevas, onde<br />

o pó se acumula na porta e no ferrolho’. Durante<br />

sua ausência, a paixão do amor deixava<br />

de atuar: homens e animais esqueciam<br />

de reproduzir-se, toda a vida ficava ameaçada<br />

de extinção. Tão intimamente ligadas<br />

à deusa estavam as funções sexuais de todo<br />

o reino animal que, sem a sua presença, elas<br />

não podiam ser realizadas. [...] A inflexível<br />

rainha das regiões infernais, Alatu ou Eresh-<br />

Kigal, permitia, não sem relutância, que Istar<br />

fosse aspergida com a água da vida e<br />

partisse, provavelmente em companhia do<br />

amante Tamuz, para o mundo superior e que,<br />

com esse retorno, toda a natureza revivesse.”<br />

<br />

“Refletida no espelho da mitologia<br />

grega a divindade oriental, Adônis Adônis surge<br />

como um belo jovem, amado de Afrodite. Em<br />

sua infância, a deusa o ocultou numa arca,<br />

que confiou a Perséfone, rainha dos infernos.<br />

Mas, quando Perséfone abriu a arca e<br />

viu a beleza da criança, recusou-se a<br />

devolvê-la a Afrodite [...]. A disputa entre as<br />

deusas do amor e da morte foi resolvida por<br />

Zeus, que determinou que Adônis devia viver<br />

parte do ano com Perséfone no mundo inferior,<br />

e com Afrodite, no mundo superior ou<br />

na terra, durante a outra parte. [...] a luta<br />

entre Afrodite e Perséfone pela posse de<br />

Adônis reflete claramente a luta entre Istar<br />

e Alatu na terra dos mortos, ao passo que a<br />

decisão de Zeus de que Adônis devia passar<br />

parte do ano no mundo inferior e parte do<br />

ano no mundo superior é apenas uma versão<br />

grega do desaparecimento e reaparecimento<br />

anual de Tamuz.”<br />

(Frazer, 1978, p. 123)<br />

Com o tempo os homens, além de<br />

desfrutar o ciclo da natureza coletando seus<br />

frutos, passaram a domesticar animais e a<br />

cultivar plantas para sua alimentação. O<br />

cultivo de raízes e legumes, juntamente com<br />

17


18<br />

a caça, a pesca e a coleta, representa o<br />

conjunto das atividades produtivas que<br />

tornaram possível a adaptação da espécie<br />

humana em todas as regiões do planeta,<br />

mas foi a produção de grãos e a domesticação<br />

de animais que ampliaram essa<br />

capacidade adaptativa.<br />

Imitando o ciclo anual da natureza, o<br />

homem descobriu as sementes que podia<br />

guardar a cada colheita e replantar no ano<br />

seguinte, quando seriam fertilizadas pela<br />

incidência solar e irrigadas pelas chuvas. As<br />

sementes dos grãos germinam e crescem. O<br />

homem colhe, debulha, seca e tritura os<br />

grãos para que eles se tornem seu alimento.<br />

Rituais de Fertilidade<br />

Com o cultivo da terra pelo homem,<br />

surgiram os rituais de invocação de fertilidade<br />

para ajudar o crescimento das plantas<br />

e proporcionar uma boa colheita.<br />

Na Grécia, por exemplo, Adônis era<br />

considerado o espírito dos cereais. Entre os<br />

rituais mais expressivos que o homenageavam<br />

estão os jardins de Adônis: na primavera,<br />

durante oito dias, as mulheres plantavam<br />

em vasos ou cestos sementes de trigo, cevada,<br />

alface, funcho e vários tipos de flores. Com o<br />

calor do sol, as plantas cresciam rapidamente<br />

e, como não tinham raízes, murchavam ao<br />

final dos oito dias, quando então os pequenos<br />

jardins eram levados, juntamente com as<br />

imagens de Adônis morto, para ser lançados<br />

ao mar ou em outras águas.<br />

Os rituais de fertilidade perduraram<br />

através dos tempos. Na era cristã, mesmo<br />

que fossem considerados pagãos, não era<br />

mais possível acabar com eles. Segundo<br />

Frazer, é por esse motivo que a Igreja<br />

Católica, em vez de condená-los, os adapta<br />

às comemorações do dia de São João, que<br />

teria nascido em 24 de junho, dia do solstício.<br />

O Dia de São João na Sardenha<br />

Conta Frazer que, no início do século XX,<br />

na Sardenha, os jardins de Adônis ainda eram


plantados na festa do solstício de verão, que<br />

lá tem o nome de festa de São João:<br />

“No final de março ou 1o de abril, um<br />

jovem da aldeia se apresenta a uma moça,<br />

pede-lhe para ser a sua comare (comadre<br />

ou namorada) e oferece-se para ser o seu<br />

compare. O convite é considerado como<br />

honra pela família da moça e aceito com<br />

satisfação. No fim de maio, a moça faz um<br />

vaso com a casca de um sobreiro, enche-o<br />

de terra e nele semeia um punhado de trigo<br />

e cevada. Como o vaso é colocado ao sol e<br />

regado com freqüência, os grãos brotam<br />

com rapidez e, na véspera do solstício<br />

(véspera de São João, 23 de junho), já está<br />

bem desenvolvido. [...] No dia de São João,<br />

o rapaz e a moça, vestidos com suas melhores<br />

roupas, acompanhados por uma<br />

grande comitiva e precedidos de crianças<br />

que correm e brincam, vão em procissão até<br />

uma igreja da aldeia. Ali quebram o vaso,<br />

lançando-o contra a porta do templo.<br />

Sentam-se em seguida em círculo na grama<br />

e comem ovos e verduras ao som da música<br />

de flautas. O vinho é misturado numa taça<br />

servida a todos, que dela vão bebendo,<br />

passando-a adiante. Em seguida dão-se as<br />

mãos e cantam ‘Namorados de São João’<br />

(Compare e comare di San Giovanni) várias<br />

vezes, enquanto as flautas tocam durante<br />

todo o tempo. Quando se cansam de cantar,<br />

levantam-se e dançam alegremente em<br />

círculo até a noite”.<br />

(Frazer, 1978, p. 133)<br />

Outro aspecto que aproxima a festa de<br />

São João às de Adônis e Tamuz é o costume<br />

de tomar banhos no mar, em rios, nascentes<br />

ou no sereno na noite da véspera. Também<br />

perdura, desde os tempos antigos, o costume<br />

de acender fogueiras e tochas, que devem<br />

livrar as plantas e colheitas dos espíritos maus<br />

que podem impedir a fertilidade.<br />

19


2<br />

Na Europa, os festejos do solstício<br />

de verão foram adaptados à<br />

cultura local, de modo que em Portugal foi<br />

incluída a festa de Santo Antônio de Lisboa<br />

ou de Pádua, em 13 de junho. A tradição<br />

cristã completou o ciclo com os festejos de<br />

São Pedro e São Paulo, ambos apóstolos<br />

da maior importância, homenageados em<br />

29 de junho.<br />

Quando os portugueses iniciaram o<br />

empreendimento colonial no Brasil, a partir<br />

de 1500, as <strong>festas</strong> de São João eram ainda<br />

o centro das comemorações de junho.<br />

Alguns cronistas contam que os jesuítas<br />

acendiam fogueiras e tochas em junho,<br />

provocando grande atração sobre os<br />

indígenas.<br />

Mesmo que no Brasil essa época marcasse<br />

o início do inverno, ela coincidia com<br />

As Comemorações <strong>Junina</strong>s no Brasil<br />

a realização dos rituais mais importantes<br />

para os povos que aqui viviam, referentes<br />

à preparação dos novos plantios e às<br />

colheitas. O período que vai de junho a<br />

setembro é a época da seca em muitas<br />

regiões do Brasil, quando os rios estão<br />

baixos e o solo pronto para enfrentar o<br />

plantio. Derruba-se a mata, queimam-se<br />

as ramagens para limpar o terreno, que é<br />

adubado com as cinzas, e a seguir começa<br />

o plantio. É a técnica da oivara, tão<br />

difundida entre os povos do continente<br />

americano.<br />

Nessa época os roçados velhos, do<br />

ano anterior, ainda estão em pleno vigor,<br />

repletos de mandioca, cará, inhame,<br />

batata-doce, banana, abóbora, abacaxi,<br />

e a colheita de milho, feijão e amendoim<br />

ainda se encontra em período de consumo.<br />

21


22<br />

Esse é um tempo bom para pescar e caçar.<br />

Uma série ritual, que dura todo o período,<br />

inclui um conjunto muito variado de <strong>festas</strong><br />

que congregam as comunidades indígenas<br />

em danças, cantos, rezas e muita fartura<br />

de comida. Deve-se agradecer a abundância,<br />

reforçar os laços de parentesco (as<br />

<strong>festas</strong> são uma ótima ocasião para alianças<br />

matrimoniais), reverenciar as divindades<br />

aliadas e rezar forte para que os<br />

espíritos malignos não impeçam a fertilidade.<br />

O ato de atear fogo para limpar<br />

o mato, além de fertilizar o solo, serve<br />

principalmente para afastar esses espíritos<br />

malignos.<br />

Houve, portanto, certa coincidência<br />

entre o propósito católico de atrair os índios<br />

ao convívio missionário catequético e as<br />

práticas rituais indígenas, simbolizadas<br />

pelas fogueiras de São João. Talvez seja por<br />

causa disso que os festejos juninos tenham<br />

tomado as proporções e a importância que<br />

adquiriram no calendário das <strong>festas</strong><br />

brasileiras.<br />

As Relações Sociais e o Compadrio<br />

Outro fato que ajuda a compreender a<br />

importância desses festejos está relacionado<br />

com a forma de sociabilidade que foi<br />

característica da sociedade brasileira. Desde<br />

o período colonial até meados do século XX,<br />

a maioria da população de todas as regiões<br />

do Brasil vivia no campo (até 1950, 70% da<br />

população brasileira vivia na zona rural;<br />

hoje, mais de 70% vive nas cidades). Fossem<br />

colonos e agregados das fazendas agrícolas<br />

ou vaqueiros em grandes fazendas de gado,<br />

fossem pescadores nas regiões litorâneas ou<br />

seringueiros na Amazônia, fossem sitiantes<br />

por esse Brasil afora, os brasileiros viviam<br />

integrados em grupos familiares, entendendo-se<br />

como família o conjunto de pais e<br />

filhos, tios e primos, avós e sogros.<br />

As relações familiares eram complementadas<br />

pela instituição do compadrio,<br />

que servia para integrar outras pessoas à<br />

família, estreitando assim os laços entre vizinhos<br />

e entre patrões e empregados. Até


mesmo os escravos podiam ser apadrinhados<br />

pelos senhores de terra.<br />

Havia duas formas principais de tornarse<br />

compadre e comadre, padrinho e<br />

madrinha: uma era, e ainda é, pelo batismo;<br />

a outra, por meio da fogueira. Nas <strong>festas</strong> de<br />

São João, os homens, principalmente,<br />

formavam duplas de compadres de fogueira:<br />

ficavam um de cada lado da fogueira e<br />

deveriam pular as brasas dando-se as mãos<br />

em sentido cruzado. Era comum recitarem<br />

versos como estes:<br />

São João dormiu,<br />

São Pedro acordô,<br />

vamo sê cumpadre<br />

que São João mandô.<br />

(Nordeste sertanejo)<br />

Ou:<br />

São João disse,<br />

São Pedro confirmou,<br />

que nosso Senhor Jesus Cristo mandou<br />

a gente ser compadre<br />

nesta vida e na outra também.<br />

(Amazônia cabocla)<br />

Os laços de compadrio<br />

eram muito importantes,<br />

pois os padrinhos podiam<br />

substituir os pais na<br />

ausência ou na morte<br />

destes, os compadres integravam<br />

grupos de cooperação<br />

no trabalho agrícola e os<br />

afilhados eram devedores de<br />

obrigações aos padrinhos. A instituição<br />

beneficiava os patrões, que tinham um<br />

séquito de compadres e afilhados leais<br />

tanto nas relações de trabalho como nas<br />

campanhas políticas, quando se beneficiavam<br />

do voto de cabresto.<br />

O compadrio ainda vigora em muitas<br />

localidades, mas o processo de urbanização<br />

que hoje atinge todas as regiões do país<br />

enfraquece essa instituição e promove<br />

diversas mudanças nas formas de sociabilidade.<br />

Atualmente, os favores (doações,<br />

pagamentos, promessas) têm sido mais<br />

importantes nas eleições do que a lealdade<br />

advinda dos laços de compadrio.<br />

23


24<br />

São João em Caruaru e<br />

Campina Grande<br />

Hoje as <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> possuem cor local.<br />

De acordo com a região do país,<br />

variam os tipos de dança, indumentária e<br />

comida. A tônica é a fogueira, o foguetório,<br />

o milho, a pinga, o mastro e as rezas dos<br />

santos.<br />

No Nordeste sertanejo, o São João é<br />

comemorado nos sítios, nas paróquias, nos<br />

arraiais, nas casas e nas cidades. A importância<br />

dessa festa pode ser avaliada pelo<br />

número de nordestinos e turistas que<br />

escolhem essa época do ano para sair de<br />

férias e participar dos festejos juninos. As<br />

cidades de Caruaru, em Pernambuco, e<br />

Campina Grande, na Paraíba, são as que<br />

mais atraem gente curiosa em conhecer as<br />

maiores <strong>festas</strong> de São João do mundo.<br />

Caruaru criou uma cidade cenográfica,<br />

a Vila do Forró, que é a réplica de uma<br />

cidade típica do sertão, com casas coloridas<br />

de arquitetura simples habitadas pela<br />

rainha do milho, pela rezadeira, pela<br />

rendeira, pela parteira. Ali há também<br />

correio, posto bancário, delegacia, igreja,<br />

restaurantes, teatro de mamulengo. Atores<br />

encenam nas ruas o cotidiano dos habitantes<br />

da região. O maior cuscuz do mundo,<br />

segundo o Livro Guinness de Recordes, é<br />

feito lá, numa cuscuzeira que mede 3,3<br />

metros de altura e 1,5 metro de diâmetro e<br />

comporta 700 quilos de massa.<br />

Uma das grandes atrações da festa é o<br />

desfile junino na véspera de São João de<br />

mais de vinte carros alegóricos, carroças<br />

ornamentadas com cortejo de bacamarteiros,<br />

bandas de pífaros, quadrilhas,<br />

casamentos matutos e grupos folclóricos.<br />

Campina Grande construiu um Forródromo<br />

que recebe todos os anos milhões<br />

de pessoas. Elas se divertem assistindo a<br />

apresentações do tradicional forró pé-deserra,<br />

de quadrilhas, cantores, bandas e<br />

desfiles de jegues, participam de jogos e<br />

brincadeiras e deleitam-se com as comidas<br />

típicas vendidas nas barracas.


Na Região Norte<br />

Na Amazônia cabocla, a tradição de<br />

homenagear os santos possui um calendário<br />

que tem início em junho, com Santo Antônio, e<br />

termina em dezembro, com São Benedito. Cada<br />

comunidade homenageia seus santos preferidos<br />

e padroeiros, com destaque para os santos<br />

juninos. São <strong>festas</strong> de arraial que começam no<br />

décimo dia depois das novenas e nas quais<br />

estão presentes as fogueiras, o foguetório, o<br />

mastro, banhos, muita comida e folia.<br />

No eixo Belém/Parintins/Manaus, desde os<br />

tempos coloniais, a criação do boi, introduzida<br />

pelos portugueses, deu lugar a manifestações<br />

culturais que lhe são típicas: o boi-bumbá,<br />

dançado em diversas ocasiões, transformou-se<br />

atualmente em grande espetáculo, cujo ápice<br />

é a disputa entre os grupos Caprichoso e<br />

Garantido no Bumbódromo de Parintins, nos<br />

dias 28, 29 e 30 de junho.<br />

No Sudeste<br />

A tradição caipira, especialmente a do<br />

Sudeste do Brasil, caracteriza-se pelas <strong>festas</strong><br />

realizadas em terreiros rurais, onde não<br />

faltam os elementos típicos dos três santos<br />

de junho. Mas elas também se espalharam<br />

pelas cidades e hoje as <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong><br />

acontecem, principalmente, em escolas,<br />

clubes e bairros.<br />

Como em outras partes do Brasil, o<br />

calendário das <strong>festas</strong> paulistas destaca os<br />

rodeios e as <strong>festas</strong> de peão boiadeiro<br />

como eventos ou espetáculos mais<br />

importantes, que se realizam de março a<br />

dezembro.<br />

As <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>, com maior ou menor<br />

destaque, ainda são realizadas em todas as<br />

regiões do Brasil e representam uma das<br />

manifestações culturais brasileiras mais<br />

expressivas.<br />

25


3<br />

Santo Antônio:<br />

Camarada e Casamenteiro<br />

Festejado no dia 13 de junho, Santo<br />

Antônio é um dos santos de maior<br />

devoção popular tanto no Brasil como em<br />

Portugal. Fernando de Bulhões nasceu em<br />

Lisboa em 15 de agosto de 1195 e faleceu<br />

em Pádua, na Itália, em 13 de junho de<br />

1231. Recebeu o nome de Antônio ao<br />

passar, em 1220, da Ordem de Santo<br />

Agostinho para a Ordem de São Francisco<br />

e é conhecido como Santo Antônio de<br />

Lisboa ou Santo Antônio de Pádua.<br />

Santo Antônio era admirado por seus<br />

dotes de ótimo orador, pois quando pregava<br />

a palavra de Deus ela era entendida<br />

até mesmo por estrangeiros. É por assim<br />

dizer o “santo dos milagres”, como afirmou<br />

Santo Antônio, São João e São Pedro<br />

o padre Antônio Vieira em um sermão de<br />

1663 realizado no Maranhão: “Se vos<br />

adoece o filho, Santo Antônio; se vos foge<br />

um escravo, Santo Antônio; se requereis o<br />

despacho, Santo Antônio; se aguardais a<br />

sentença, Santo Antônio; se perdeis a<br />

menor miudeza de vossa casa, Santo<br />

Antônio; e, talvez se quereis os bens<br />

alheios, Santo Antônio”.<br />

É o santo familiar e protetor dos<br />

varejistas em geral, por isso é comum<br />

encontrar sua figura em estabelecimentos<br />

comerciais. É também o padroeiro das<br />

povoações e dos soldados, pois enfrentou<br />

em vida aventuras guerreiras como soldado<br />

português. Sua figura aparece com destaque<br />

em episódios da História do Brasil:<br />

teria desempenhado o papel de heróico<br />

defensor da integridade do solo brasileiro,<br />

27


28<br />

como explicam os cronistas que relatam a<br />

libertação de Pernambuco dos holandeses,<br />

assim como os que falam da defesa da<br />

colônia do Sacramento, ao Sul, e do Rio de<br />

Janeiro com relação aos franceses, atribuindo<br />

a vitória à proteção deste santo.<br />

Sua influência é marcante entre o povo<br />

brasileiro. Seus devotos, em geral, não têm<br />

em casa uma imagem grande do santo e<br />

preferem levar no bolso uma pequena para<br />

se proteger. É a ele que as moças ansiosas<br />

pedem um noivo. A prática de colocar o santo<br />

de cabeça para baixo no sereno, amarrada<br />

num esteio, ou de jogá-lo no fundo do poço<br />

até que o pedido seja atendido, por exemplo,<br />

é bastante comum entre os devotos.<br />

Dos santos juninos, somente Santo Antônio<br />

é feito de madeira. Em geral, é esculpido em<br />

nó de pinho, daí terem surgido os versos:<br />

Meu querido Santo Antônio<br />

feito de nó de pinho,<br />

com vós arranjo o que quero,<br />

porque peço com jeitinho.<br />

Os devotos mais exagerados só<br />

confiam seu pedido à imagem do Santo<br />

Antônio das igrejas franciscanas, procuradas<br />

especialmente nas terças-feiras e<br />

de modo particular no dia 13 de junho.<br />

Todos são devotos desse santo<br />

“camarada”. Os cantadores se apegam<br />

muito a Santo Antônio para tentar vencer<br />

os desafios, pois o consideram o mais fiel e<br />

o maior intercessor; os vaqueiros pedem<br />

proteção contra o estouro da boiada e os<br />

pescadores acreditam que no dia 13 de<br />

junho as redes se enchem de peixes. Basta<br />

lançá-las dizendo:<br />

No dia 13 de junho<br />

é pô a rede e tirá:<br />

os peixes ’stão na fiúza<br />

de Santo Antônio falá.<br />

Em homenagem a Santo Antônio,<br />

geralmente realizam-se duas espécies de<br />

rezas e <strong>festas</strong>: os responsos, quando ele é<br />

invocado para achar objetos perdidos, e a


trezena, cerimônia que se prolonga com<br />

cânticos, foguetório e comes e bebes de 1o a 13 de junho de cada ano.<br />

Simpatias, Sortes e Adivinhas<br />

para Santo Antônio<br />

O relacionamento entre os devotos e<br />

os santos juninos, principalmente Santo<br />

Antônio e São João, é quase familiar:<br />

cheio de intimidades, chega a ser, por<br />

vezes, irreverente, debochado e quase<br />

obsceno. Esse caráter fica bastante<br />

evidente quando se entra em contato com<br />

as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos<br />

feitos a esses santos:<br />

Confessei-me a Santo Antônio,<br />

confessei que estava amando.<br />

Ele deu-me por penitência<br />

que fosse continuando.<br />

Os objetos utilizados nas simpatias e<br />

adivinhações devem ser virgens, ou seja,<br />

estar sendo usados pela primeira vez,<br />

senão… nada de a simpatia funcionar!<br />

<br />

A seguir, algumas simpatias feitas para<br />

Santo Antônio:<br />

Em certas zonas paulistas, como na<br />

Serrana e na Mantiqueira, Santo Antônio<br />

recebe um vintém para achar os animais<br />

perdidos nas matas e uma pequena moeda<br />

de cobre para o porco voltar ao chiqueiro.<br />

Moças solteiras, desejosas de se casar,<br />

em várias regiões do Brasil, colocam-no de<br />

cabeça para baixo atrás da porta ou dentro<br />

do poço ou enterram-no até o pescoço.<br />

Fazem o pedido e, enquanto não são<br />

atendidas, lá fica a imagem de cabeça para<br />

baixo. E elas pedem:<br />

Meu Santo Antônio querido,<br />

meu santo de carne e osso,<br />

se tu não me dás marido,<br />

não tiro você do poço.<br />

29


30<br />

Meu querido Santo Antônio,<br />

feito de nó de pinho,<br />

me arranje um casamento<br />

com um moço bonitinho (ou bonzinho).<br />

Santo Antônio, casamenteiro,<br />

não deixe a (dizer o nome) ficar solteira.<br />

Santo Antônio, me case já,<br />

enquanto sou moça e viva.<br />

O milho colhido tarde<br />

não dá palha nem espiga.<br />

Minha avó tem lá em casa<br />

um Santo Antônio velhinho.<br />

Em os moços não me querendo<br />

dou pancadas no santinho.<br />

Santo Antônio, Santo Antônio,<br />

abaixai-me esta barriga,<br />

que não sei que tem dentro,<br />

se é rapaz ou rapariga.<br />

Santo Antônio pequenino,<br />

mansador de burro brabo,<br />

vem amansar minha sogra,<br />

que é levada do diabo.<br />

<br />

Para arrumar namorado ou marido,<br />

basta amarrar uma fita vermelha e outra<br />

branca no braço da imagem de Santo<br />

Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um<br />

Pai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar a<br />

imagem de cabeça para baixo sob a cama.<br />

Ela só deve ser desvirada quando a pessoa<br />

alcançar o pedido.<br />

<br />

Para sonhar com o noivo, basta colocar<br />

três rosas vermelhas debaixo do travesseiro<br />

na véspera de Santo Antônio.<br />

<br />

A moça quer saber com quem vai se<br />

casar? Então, no dia de Santo Antônio, em<br />

cada refeição que fizer, deve deixar um pouco<br />

de comida no prato. No final do dia, ela<br />

precisa rezar para Nossa Senhora e pedir


para que o homem amado venha comer os<br />

restos que deixou durante o dia. Depois é só<br />

adormecer, e o amado aparecerá em seus<br />

sonhos comendo a comida.<br />

<br />

No dia 13, é comum ir à igreja para<br />

receber o “pãozinho de Santo Antônio”, que<br />

é dado gratuitamente pelos frades. Em<br />

troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O<br />

pão, que é bento, deve ser deixado junto<br />

aos demais mantimentos para que estes<br />

não faltem jamais.<br />

Feito um pedido a Santo Antônio, caso<br />

a pessoa tenha pressa em ser atendida, deve<br />

rezar um Pai-Nosso pela metade que o santo<br />

a atenderá logo, para que o suplicante<br />

termine a oração.<br />

<br />

Santo Antônio também é bastante<br />

lembrado nos acalantos:<br />

Numa ponta, Santo Antônio,<br />

noutra ponta, São João,<br />

no meio, Nossa Senhora,<br />

com seu raminho na mão.<br />

<br />

Se o noivado não vai muito bem ou se<br />

está se prolongando muito, as donzelas<br />

rezam a seguinte oração:<br />

“Padre Santo Antônio dos cativos, vós que<br />

sois um amarrador certo, amarrai, por vosso<br />

amor, quem de mim quer fugir, empenhai o<br />

vosso hábito e o vosso santo cordão com<br />

algemas fortes e duros grilhões que façam<br />

impedir os passos de (nome do amado), que<br />

de mim quer fugir, e fazei, ó meu bemaventurado<br />

Santo Antônio, que ele case<br />

comigo sem demora!<br />

Pelos vossos milagres; pela palavra<br />

quando a Jesus faláveis; pela defesa do<br />

vosso pai, um pedido eis-me a fazer.<br />

Abrandai a ira do mar; o sopro do vento;<br />

o negrume da noite; a chama abrasadora<br />

do sol; a frialdade da lua; a voracidade das<br />

feras; o horror dos desertos. Depois de tudo<br />

isso, abrandai o que de mais empedernido<br />

31


32<br />

existe sobre a terra: o coração dos homens.<br />

Oh!, meu milagroso Santo Antônio, fazei<br />

com que aquele por quem meu coração<br />

chama ouça a minha voz e, ouvindo-a, vá<br />

aos pés de Deus Nosso Senhor, comigo, vossa<br />

humilde devota.<br />

Amém.”<br />

A <strong>Festa</strong> de Santo Antônio<br />

Nos primeiros treze dias de junho, os<br />

devotos de Santo Antônio rezam as trezenas<br />

com o intuito de alcançar graças através da<br />

sua intervenção ou de agradecer um milagre<br />

que o santo tenha realizado:<br />

Se queres milagres,<br />

implora confiante<br />

de Antônio o favor.<br />

Seu braço é tão forte<br />

que do erro e da morte<br />

destrói o furor…<br />

O folclorista Basílio de Magalhães, no<br />

artigo “Santos padroeiros no domínio<br />

folclórico” (Cultura Política, n. 35, dez. 1943),<br />

descreve uma festa de Santo Antônio na<br />

cidade de Guarabira (Espírito Santo): na<br />

noite de 13 de junho, no centro de um terreiro<br />

bem varrido, decorado com bambu e<br />

bandeirinhas de papel coloridas, encontrase<br />

um mastro com uma bandeira e a figura<br />

de Santo Antônio em seu topo. Numa casa<br />

em frente, há um oratório preparado com a<br />

imagem do padroeiro da festa.<br />

Em determinado momento, começam as<br />

cantorias e danças matutas/caipiras ao som<br />

de violas, pandeiros e tambor. Os devotos entram<br />

dançando no meio do terreiro e cantam:<br />

Fui ao mato cortar lenha,<br />

Santo Antônio me chamou.<br />

Quando o santo chama a gente<br />

que fará os pecador.<br />

E todos na roda respondem:<br />

Na porta da sala,<br />

tá me chamando.


Oh gente danada,<br />

tá me xingando!<br />

Eu não sou daqui,<br />

vou me arretirando.<br />

Ai, ai, ai! Ai, ai, ai!<br />

Santo Antônio me chamou!<br />

Como o dia de Santo Antônio é<br />

comemorado alguns dias antes do<br />

nascimento de São João, estão presentes<br />

em suas festividades elementos próprios<br />

das <strong>festas</strong> deste último, como os fogos e<br />

a fogueira.<br />

33


34<br />

São João,<br />

a Purificação pelo Batismo<br />

João Batista nasceu no dia 24 de<br />

junho, alguns anos antes de seu primo Jesus<br />

Cristo, e morreu em 29 de agosto do ano<br />

31 d.C., na Palestina. Foi degolado por<br />

ordem de Herodes Antipas a pedido de sua<br />

enteada Salomé, pois a pregação do filho<br />

de Santa Isabel e São Zacarias incomodava<br />

a moral da época. Antes mesmo de<br />

Jesus, João Batista já pregava publicamente<br />

às margens do rio Jordão. Ele instituiu,<br />

pela prática de purificação através da<br />

imersão na água, o batismo, tendo inclusive<br />

batizado o próprio Cristo nas águas<br />

desse rio.<br />

São João ocupa papel de destaque nas<br />

<strong>festas</strong>, pois, dentre os santos de junho, foi<br />

ele que deu ao mês o seu nome (mês de<br />

São João) e é em sua homenagem que se<br />

chamam “joaninas” as <strong>festas</strong> realizadas no<br />

decurso dos seus trinta dias. O dia 23 de<br />

junho, véspera do nascimento de São João<br />

e início dos festejos, é esperado com especial<br />

ansiedade. Segundo Frei Vicente do<br />

Salvador, um dos primeiros brasileiros a<br />

escrever a história de sua terra, já no ano<br />

de 1603 os índios acudiam a todos os festejos<br />

portugueses, em especial os de São<br />

João, por causa das fogueiras e capelas.<br />

São João é muito querido por todos,<br />

sem distinção de sexo nem de idade.<br />

Moças, velhas, crianças e homens o fazem<br />

de oráculo nas adivinhações e festejam o<br />

seu dia com fogos de artifício, tiros e<br />

balões coloridos, além dos banhos<br />

coletivos de madrugada. Acende-se uma<br />

fogueira à porta de cada casa para<br />

lembrar a fogueira que Santa Isabel<br />

acendeu para avisar Nossa Senhora do<br />

nascimento do seu filho.<br />

São João, segundo a tradição, adormece<br />

no seu dia, pois se estivesse<br />

acordado vendo as fogueiras que são<br />

acesas para homenageá-lo não resistiria:<br />

desceria à Terra e ela correria o risco de<br />

incendiar-se.


A lenda do surgimento da fogueira de São João<br />

Dizem que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitarse.<br />

Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que<br />

dentro de algum tempo nasceria seu filho, que se chamaria João Batista.<br />

Nossa Senhora então perguntou:<br />

— Como poderei saber do nascimento dessa criança?<br />

— Vou acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e saberá<br />

que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.<br />

Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e depois<br />

umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde<br />

seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no dia 24 de junho.<br />

A lenda das bombas de São João<br />

Antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste por não ter filhos.<br />

Certa vez, um anjo de asas coloridas, envolto em uma luz misteriosa, apareceu à frente de<br />

Zacarias e anunciou que ele seria pai.<br />

A alegria de Zacarias foi tão grande que ele perdeu a voz desse momento em diante. No<br />

dia do nascimento do filho, perguntaram a Zacarias como a criança se chamaria. Fazendo um<br />

grande esforço, ele respondeu “João” e a partir daí recuperou a voz. Todos fizeram um barulhão<br />

enorme. Foram vivas para todos os lados.<br />

Vem daí o costume de as bombinhas, tão apreciadas pelas crianças, fazerem parte<br />

dos festejos juninos.<br />

35


36<br />

Simpatias, Sortes e<br />

Adivinhas para São João<br />

A moça deve apanhar pimentas num pé<br />

de pimenteira com os olhos vendados.<br />

Caso ela colha pimenta verde, seu noivo<br />

será jovem; se for madura, o casamento será<br />

com um velho ou viúvo; se a pimenta for de<br />

verde para madura, o casamento será com<br />

um homem de meia-idade.<br />

<br />

Aplicar um jejum forçado a um galo por<br />

três dias. À noite, no terreiro iluminado,<br />

colocar montículos de milho nos pés de<br />

moços e moças, que devem ter formado<br />

uma grande roda. Soltar, então, o galo<br />

faminto no centro. O montículo de milho<br />

escolhido pelo galináceo será daquele(a)<br />

que se casará em breve.<br />

<br />

Passar descalço sobre as brasas da<br />

fogueira com uma faca nova na mão. A<br />

seguir, enfiar a faca numa bananeira. No<br />

outro dia, pela manhã, retirá-la e interpretar<br />

o desenho, ou melhor, as iniciais do nome<br />

da pessoa com quem vai se casar.<br />

<br />

Na noite de São João, escrever o nome de<br />

quatro pretendentes em cada ponta do lençol<br />

e dar um nó em cada uma delas. De manhã, o<br />

nó que estiver desmanchado tem o nome<br />

daquele com quem a pessoa vai se casar.<br />

<br />

No dia de São João, perguntar o nome<br />

do primeiro mendigo que lhe pedir<br />

esmolas. Esse será o nome do futuro cônjuge.<br />

Na noite de São João, encher uma bacia<br />

com água e ir com ela para a beira da<br />

fogueira. Rezar então uma Ave-Maria e,<br />

quando terminar, aparecerá na água a sombra<br />

do rapaz com quem a moça se casará.<br />

<br />

Escrever três nomes em pedaços de


papel. Dobrá-los bem e colocar, aleatoriamente,<br />

um no fogão, outro na rua e o último<br />

sob o travesseiro. Ao amanhecer, desdobrar<br />

o que está sob o travesseiro; esse<br />

será o futuro cônjuge.<br />

<br />

Na noite de São João, passar um ramo<br />

de manjericão na fogueira e jogá-lo no telhado.<br />

Se na manhã seguinte ele estiver<br />

verde, a pessoa vai se casar com moço. Se<br />

estiver murcho, o noivo será velho.<br />

<br />

Ainda ao pé da fogueira, segurar um<br />

papel branco e passá-lo por cima da fogueira.<br />

Sem deixar o papel queimar, girálo<br />

enquanto se reza uma Salve-Rainha. A<br />

fumaça vai desenhar o rosto do futuro<br />

marido.<br />

<br />

Na noite de 23 de junho, quebrar um<br />

ovo dentro de um copo e deixá-lo ao<br />

relento. Na manhã seguinte, interpretar o<br />

que está desenhado na clara: torre de<br />

igreja é casamento (em algumas regiões<br />

do Brasil) ou ingresso na vida religiosa<br />

(Maranhão); túmulo, caixão de defunto ou<br />

rede de defunto significa morte na certa em<br />

algumas regiões; em outras, a rede<br />

também pode ser interpretada como<br />

renda, de que é feito o véu de noiva;<br />

significa, portanto, casamento.<br />

<br />

Encher uma bacia ou prato virgem com<br />

água e levá-la para a beira da fogueira<br />

na noite de São João. Acender então uma<br />

vela e, enquanto se vai rezando uma Ave-<br />

Maria, deixar os pingos da cera caírem na<br />

água. Depois é só interpretar a inicial do<br />

nome da pessoa com quem vai se casar.<br />

<br />

Pôr três pratos sobre uma mesa: um com<br />

flores, outro com água e o terceiro com um<br />

terço ou rosário. Os candidatos à sorte en-<br />

37


38<br />

tram na sala com os olhos vendados e<br />

postam-se atrás das cadeiras à frente das<br />

quais estão os pratos. As flores significam<br />

casamento; o terço, ingresso na vida religiosa;<br />

a água, viagem. Esta é uma sorte característica<br />

de regiões marítimas ou fluviais.<br />

<br />

Quando estiverem soltando um balão,<br />

pensar em algo que se deseja. Se ele subir,<br />

acontecerá o que se pensou; caso se incendeie,<br />

certamente o “sorteiro” ficará solteiro.<br />

Prender uma fita no travesseiro e rezar<br />

para São João. No outro dia, se ela aparecer<br />

solta é porque a pessoa vai se casar.<br />

<br />

Numa bacia com água, colocar duas<br />

agulhas. Se elas se juntarem, é sinal de que<br />

a pessoa deve se casar em breve.<br />

<br />

Às 6 da tarde da véspera de São João,<br />

pôr um cravo num copo com água. Na ma-<br />

nhã seguinte, se ele estiver viçoso, é sinal<br />

de casamento; se estiver murcho, nada de<br />

casamento.<br />

<br />

Para curar verrugas, passar sobre elas<br />

o primeiro ramo que encontrar ao clarear<br />

o dia de São João.<br />

<br />

À meia-noite de São João, aquele que<br />

não enxergar sua imagem completa no rio<br />

morrerá logo. Quem enxergar seu corpo<br />

apenas pela metade morrerá no decorrer<br />

do ano.<br />

Salve-Rainha<br />

Esta oração está presente em muitas<br />

adivinhações de São João e Santo Antônio.<br />

“Salve-Rainha, mãe de misericórdia,<br />

vida, doçura e esperança nossa, salve!<br />

A vós bradamos, os degredados filhos<br />

de Eva.


A vós suspiramos, gemendo e chorando,<br />

neste vale de lágrimas.<br />

Eia, pois, advogada nossa, esses vossos<br />

olhos misericordiosos a nós volvei e depois<br />

deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito<br />

fruto do vosso ventre,<br />

Ó clemente,<br />

Ó piedosa,<br />

Ó doce sempre Virgem Maria.<br />

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para<br />

que sejamos dignos das promessas de Cristo.<br />

Amém.”<br />

A <strong>Festa</strong> de São João<br />

Em festa de São João, na maioria das<br />

regiões brasileiras, não faltam fogos de<br />

artifício, fogueira, muita comida (o bolo de<br />

São João, principalmente nos bairros rurais,<br />

é essencial), bebida e danças típicas de<br />

cada localidade.<br />

No Nordeste, por exemplo, essa festa é<br />

tão tradicional que no dia 23 de junho,<br />

depois do meio-dia, em algumas localida-<br />

des ninguém mais trabalha. Enfeitam-se<br />

sítios, fazendas e ruas com bandeirolas<br />

coloridas para a grande festa da véspera<br />

de São João. Prepara-se a lenha para a<br />

grande fogueira, onde serão assados batata-doce,<br />

mandioca, cebola do reino e<br />

milho. Em torno dela sentam-se os familiares<br />

de sangue e de fogueira.<br />

O formato da fogueira varia de lugar<br />

para lugar: pode ser quadrada, piramidal,<br />

empilhada… Quanto mais alta, maior é o<br />

prestígio de quem a armou. A madeira<br />

utilizada também varia bastante: pinho,<br />

peroba, maçaranduba, piúva. Não se<br />

queimam cedro, imbaúba nem as ramas da<br />

videira, por terem uma relação estreita com<br />

a passagem de Jesus na terra.<br />

Os balões levam, segundo os devotos,<br />

os pedidos para o santo. Quando a<br />

fogueira começa a queimar, o mastro, que<br />

recebeu a bandeira do santo homenageado,<br />

já se encontra preparado. Ele é levantado<br />

enquanto se fazem preces, pedidos<br />

e simpatias:<br />

39


40<br />

São João Batista, batista João,<br />

levanto a bandeira<br />

com o <strong>livro</strong> na mão.<br />

O nosso corpo é uma podridão,<br />

no fundo da terra,<br />

no centro do chão.<br />

São João adormeceu<br />

no colo de sua tia.<br />

Se meu São João soubesse<br />

quando era seu dia,<br />

descia do céu na terra<br />

cum bandeira de alegria.<br />

Depois do levantamento do mastro, tem<br />

início a queima de fogos, soltam-se os buscapés<br />

e as bombinhas. A arvorezinha, também<br />

chamada de mastro, que é plantada em frente<br />

às casas e, no lugar da festa, é plantada perto<br />

da fogueira, está enfeitada com laranja,<br />

milho verde, coco, presentes, garrafas, etc.<br />

A cerimônia do batismo simbólico de<br />

São João Batista faz parte da tradição da<br />

festa, mesmo que ela tenha deixado de ser<br />

praticada em alguns lugares hoje em dia.<br />

Os devotos se dirigem ao rio cantando<br />

com entusiasmo:<br />

Vamos, vamos,<br />

toca a marchar,<br />

n’água de São João<br />

vamos nos lavar.<br />

Depois do banho coletivo, todos voltam<br />

para o terreiro cantando:<br />

N’água de São João me lavei.<br />

Toda mazela que tinha deixei!<br />

Ou ainda trazem na cabeça grinaldas<br />

de folhagens:<br />

Capelinha de melão<br />

é de São João.<br />

É de cravo, é de rosa,<br />

é de manjericão.<br />

A cerimônia do banho varia de uma


egião para outra. No Mato Grosso, por<br />

exemplo, não são as pessoas que se banham<br />

nos rios, e sim a imagem do santo.<br />

Na Região Norte, principalmente em<br />

Belém e Manaus, o banho-de-cheiro faz<br />

parte das tradições <strong>juninas</strong>. A preparação<br />

do banho de São João inicia-se alguns<br />

dias antes da festa. Trevos, ervas e cipós<br />

são pisados, raízes e paus são ralados<br />

dentro de uma bacia ou cuia com água e<br />

depois guardados em garrafas até o<br />

momento do banho.<br />

Chegada a hora da cerimônia, os<br />

devotos lavam e esfregam o corpo com<br />

esses ingredientes. Acredita-se que o banhode-cheiro<br />

tenha o poder mágico de trazer<br />

muita felicidade às pessoas que o praticam.<br />

As danças regionais, o som de violas,<br />

rabecas e sanfonas, o banho do santo, o<br />

ato de pular a fogueira, a fartura de alimentos<br />

e bebidas — tudo isso transforma a<br />

festa de São João numa noite de encantamento<br />

que inspira amores e indica a sorte<br />

de seus participantes. No fim da festa, todos<br />

pisam as brasas da fogueira para demonstrar<br />

sua devoção.<br />

41


42<br />

São Pedro,<br />

Fundador da Igreja Católica<br />

São Pedro, o apóstolo e pescador do<br />

lago de Genezareth, cativa seus devotos<br />

pela história pessoal. Homem de origem<br />

humilde, ele foi apóstolo de Cristo e depois<br />

encarregado de fundar a Igreja Católica,<br />

tendo sido seu primeiro papa.<br />

Considerado o protetor das viúvas e<br />

dos pescadores, São Pedro é festejado no<br />

dia 29 de junho com a realização de<br />

grandes procissões marítimas em várias<br />

cidades do Brasil. Em terra, os fogos e o<br />

pau-de-sebo são as principais atrações de<br />

sua festa.<br />

Depois de sua morte, São Pedro,<br />

segundo a tradição católica, foi nomeado<br />

chaveiro do céu. Assim, para entrar no céu,<br />

é necessário que São Pedro abra as portas.<br />

Também lhe é atribuída a responsabilidade<br />

de fazer chover. Quando começa a trovejar,<br />

e as crianças choram com medo, é costume<br />

acalmá-las dizendo: “É a barriga de São<br />

Pedro que está roncando” ou “ele está<br />

mudando os móveis de lugar”.<br />

No dia de São Pedro, todos os que<br />

receberam seu nome devem acender fogueiras<br />

na porta de suas casas. Além disso,<br />

se alguém amarrar uma fita no braço de<br />

alguém chamado Pedro, ele tem a obrigação<br />

de dar um presente ou pagar uma<br />

bebida àquele que o amarrou, em homenagem<br />

ao santo.<br />

Acalanto de São Pedro<br />

Acalanto registrado em Cunha (São<br />

Paulo):<br />

Acordei de madrugada,<br />

fui varrê a Conceição.<br />

Encontrei Nossa Senhora<br />

com dois livrinhos na mão.<br />

Eu pedi um com ela,<br />

ela me disse que não;<br />

eu tornei a lhe pedi,<br />

ela me deu um cordão.


Numa ponta tinha São Pedro,<br />

na outra tinha São João,<br />

no meio tinha um letreiro<br />

da Virgem da Conceição.<br />

A <strong>Festa</strong> de São Pedro<br />

Em homenagem ao santo, acendemse<br />

fogueiras, erguem-se mastros com sua<br />

bandeira e queimam-se fogos, porém<br />

não há, na noite de 29 de junho, a<br />

A mãe de São Pedro<br />

mesma empolgação presente na festa de<br />

São João.<br />

Também se fazem procissões terrestres,<br />

organizadas pelas viúvas, e fluviais, pois,<br />

como vimos, São Pedro é o protetor dos<br />

pescadores e das viúvas. Em várias regiões<br />

do Brasil, a brincadeira mais comum na<br />

festa é a do pau-de-sebo.<br />

Embora São Paulo também seja homenageado<br />

em 29 de junho, ele não é figura<br />

de destaque nas festividades desse mês.<br />

A bondade, a simplicidade e a boa-fé desse santo estão presentes nesta história:<br />

“A mãe de São Pedro era uma velhinha muito má, não tinha amizades e todos fugiam<br />

dela. Certo dia, quando estava lavando num córrego um molhe de folhinhas de cebolas,<br />

uma delas se desprendeu, ganhou a correnteza e lá se foi água abaixo. Ao não conseguir<br />

pegá-la, ela exclamou:<br />

— Ora, seja tudo pelo amor de Deus!<br />

Não levou muito tempo, ela morreu e foi apresentar-se no céu. Mas acabou indo para<br />

43


44<br />

o inferno, tão grande era o peso de seus pecados. O filho ainda andava pelo mundo e não<br />

lhe podia valer.<br />

Quando São Pedro morreu, foi nomeado chaveiro do céu. Sua mãe o viu no gozo das<br />

glórias celestes e pediu-lhe por gestos que a salvasse. Como ele não podia resolver nada<br />

por si, apelou ao Senhor:<br />

— Salva minha mãe, Divino Mestre.<br />

O Senhor lhe respondeu com essas palavras:<br />

— Se houver, no Livro das Almas, na vida de tua mãe, ao menos uma boa ação, estará<br />

salva caso ela saiba aproveitá-la.<br />

Examinou-se o <strong>livro</strong> e a certa altura, nas contas da mãe de São Pedro, encontrou-se a<br />

folhinha de cebola, nada mais! Era a mesma que motivara o comentário da velha, que ao<br />

menos uma vez na vida se mostrara conformada:<br />

— Seja tudo pelo amor de Deus!<br />

Então o Senhor disse a Pedro:<br />

— Lança uma das pontas da folhinha em direção ao inferno. Tua mãe que se agarre a<br />

ela e tu a puxarás. Se ela conseguir subir até aqui, estará salva.<br />

Pedro fez tudo o que o Senhor lhe ordenou.<br />

A velhinha agarrou-se à folha, mas uma porção de almas, querendo aproveitar a<br />

oportunidade de salvação, segurou-se às pernas da velha. Apesar disso, ela subia.<br />

Quando o grupo já estava a certa altura, outras almas se agarravam às pernas das<br />

primeiras.<br />

A velha, indignada, de avara que era, esperneou e atirou novamente ao inferno as<br />

companheiras, pois não queria levá-las para o céu. Nesse mesmo instante, porém, a<br />

folha de cebola partiu-se, e a mãe de São Pedro ficou no espaço. Não tinha por onde


subir ao céu, e o pedacinho de folha que conservava nas mãos não a deixava voltar ao<br />

inferno.<br />

E até hoje ela vive assim: nem na terra nem no céu.<br />

Costuma-se dizer que quem fica com a mãe de São Pedro não está nem com Deus nem<br />

com o diabo.”<br />

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subir ao céu, e o pedacinho de folha que conservava nas mãos não a deixava voltar ao<br />

inferno.<br />

E até hoje ela vive assim: nem na terra nem no céu.<br />

Costuma-se dizer que quem fica com a mãe de São Pedro não está nem com Deus nem<br />

com o diabo.”<br />

45


4<br />

O<br />

casamento caipira ou matuto<br />

aborda de forma bem-humorada<br />

a instituição do casamento e as relações<br />

sexuais pré-nupciais e suas conseqüências.<br />

Seu enredo, com algumas variações<br />

de uma região para outra, é o<br />

seguinte:<br />

A noiva fica grávida antes do casamento<br />

e seus pais obrigam o noivo a se<br />

Casamento Caipira ou Matuto<br />

casar com ela. Como ele tenta fugir, o pai<br />

pede a interferência do delegado e de<br />

seus ajudantes. Em algumas localidades,<br />

o casamento civil é realizado após a cerimônia<br />

religiosa, sob a vigilância do<br />

delegado e de seus auxiliares. Depois, é<br />

só acompanhar a sanfona, o triângulo e<br />

a zabumba e comemorar o casamento<br />

com a dança da quadrilha.<br />

Sugestão para a Representação do Casamento Caipira ou Matuto<br />

Personagens<br />

Padre, coroinha, noiva, noivo, delegado,<br />

ajudantes do delegado, pais da noiva<br />

e padrinhos.<br />

Cenário<br />

Representação de um altar de igreja<br />

ou capela.<br />

Os convidados estão posicionados em<br />

47


48<br />

duas fileiras, deixando o centro para a noiva. O padre anuncia a<br />

chegada da noiva, que entra com o pai e vai até o altar, onde<br />

estão o padre, devidamente paramentado, seu coroinha e os<br />

padrinhos e pais dos noivos.<br />

Os personagens, carregando bastante no sotaque interiorano,<br />

dizem o seguinte:<br />

PADRE ADRE ADRE: ADRE : A noiva tá chegano! Vamo batê parma pr’ela, pessoar!!!<br />

Cadê o noivo???<br />

NOIVA OIVA OIVA: OIVA : Ai, mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... (E,<br />

simulando um desmaio, é acudida pela mãe e pela madrinha.)<br />

O pai da noiva faz um sinal para o delegado e cochicha<br />

com ele.<br />

D ELEGADO<br />

ELEGADO: ELEGADO Peraí, seu padre, eu já vô buscá ele. (Sai<br />

acompanhado por dois ajudantes, armados de espingarda e<br />

cassetetes.)<br />

Entra o noivo empurrado pelo delegado, que permanece no<br />

altar, grande parte da cerimônia, atrás do noivo, para que ele<br />

não fuja.<br />

ADRE: Bão, vamo começá logo esse casório. Ocê, Chiquinha<br />

PADRE ADRE ADRE


Dengosa, promete, de coração, pra marido toda vida o Pedrinho<br />

Foguetão?<br />

NOIVA OIVA OIVA: OIVA : Mas que pregunta isquisita seu vigário faz pra mim. Eu<br />

vim aqui mais o Pedrinho num foi pra dizê que sim???<br />

PADRE ADRE ADRE: ADRE : E ocê, Pedrinho, que me olha assim tão prosa, qué mesmo<br />

pra sua esposa a sinhá Chiquinha Dengosa?<br />

NOIVO OIVO OIVO: OIVO : Num havia de querê, num é essa minha opinião, mas,<br />

se não caso com a Chiquinha, vô direto pro caixão... (Vira-se para<br />

o delegado, que está com a espingarda em punho.)<br />

PADRE ADRE ADRE: ADRE : Então, em nome do cravo e do manjericão, caso a<br />

Chiquinha Dengosa com o Pedrinho Foguetão! E viva os noivos!<br />

CONVIDADOS<br />

ONVIDADOS<br />

ONVIDADOS: ONVIDADOS Viva!!! (Conforme os noivos passam pelos<br />

convidados, pode-se jogar arroz.)<br />

PADRE ADRE ADRE ADRE: ADRE<br />

: E vamo pro baile, pessoar!!!<br />

Com os convidados já devidamente formados, tem início a<br />

quadrilha — o grande baile do casamento.<br />

49


5<br />

Origem da Quadrilha<br />

Também chamada de quadrilha<br />

caipira ou de quadrilha matuta, é<br />

muito comum nas <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>. Consta de<br />

diversas evoluções em pares e é aberta pelo<br />

noivo e pela noiva, pois a quadrilha<br />

representa o grande baile do casamento<br />

que hipoteticamente se realizou.<br />

Esse tipo de dança (quadrille) surgiu<br />

em Paris no século XVIII, tendo como<br />

origem a contredanse française, que por<br />

sua vez é uma adaptação da country dance<br />

inglesa, segundo os estudos de Maria<br />

Amália Giffoni.<br />

A quadrilha foi introduzida no Brasil durante<br />

a Regência e fez bastante sucesso nos<br />

salões brasileiros do século XIX, principalmente<br />

no Rio de Janeiro, sede da Corte.<br />

Danças <strong>Junina</strong>s<br />

Depois desceu as escadarias do palácio e<br />

caiu no gosto do povo, que modificou suas<br />

evoluções básicas e introduziu outras,<br />

alterando inclusive a música.<br />

A sanfona, o triângulo e a zabumba são<br />

os instrumentos musicais que em geral<br />

acompanham a quadrilha. Também são<br />

comuns a viola e o violão. Nossos compositores<br />

deram um colorido brasileiro à<br />

sua música e hoje uma das canções preferidas<br />

para dançar a quadrilha é <strong>Festa</strong> na<br />

roça, de Mario Zan.<br />

O marcador, ou “marcante”, da quadrilha<br />

desempenha papel fundamental,<br />

pois é ele que dá a voz de comando em<br />

francês não muito correto misturado com o<br />

português e dirige as evoluções da dança.<br />

Hoje, dança-se a quadrilha apenas nas<br />

<strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> e em comemorações festivas<br />

51


52<br />

no meio rural, onde apareceram outras<br />

danças dela derivadas, como a quadrilha<br />

caipira, no Estado de São Paulo, o baile<br />

sifilítico, na Bahia e em Goiás, a saruê<br />

(combina passos da quadrilha com outros<br />

de danças nacionais rurais e sua marcação<br />

mistura francês e português), no Brasil Central,<br />

e a mana-chica (quadrilha sapateada)<br />

em Campos, no Rio de Janeiro.<br />

A quadrilha é mais comum no Brasil<br />

sertanejo e caipira, mas também é dançada<br />

em outras regiões de maneira muito<br />

própria, caso de Belém do Pará, onde há<br />

mistura com outras danças regionais. Ali,<br />

há o comando do marcador e durante a<br />

evolução da quadrilha dança-se o carimbó,<br />

o xote, o siriá e o lundum, sempre com os<br />

trajes típicos.<br />

Trajes Usados na Dança<br />

No fim do século XIX as damas que<br />

dançavam a quadrilha usavam vestidos até<br />

os pés, sem muita roda, no estilo blusão,<br />

com gola alta, cintura marcada, mangas<br />

“presunto” e botinas de salto abotoadas do<br />

lado. Os cavalheiros vestiam paletó até o<br />

joelho, com três botões, colete, calças<br />

estreitas, camisa de colarinho duro, gravata<br />

de laço e botinas.<br />

Hoje em dia, na tradição rural brasileira,<br />

o vestuário típico das <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> não difere<br />

do de outras <strong>festas</strong>: homens e mulheres usam<br />

suas melhores roupas. Nos centros urbanos,<br />

há uma interpretação do vestuário caipira<br />

ou sertanejo baseada no hábito de<br />

confeccionar roupas femininas com tecido de<br />

chita florido e as masculinas com tecidos de<br />

algodão listrados e escuros. Assim, as roupas<br />

usadas para dançar a quadrilha variam<br />

conforme as características culturais de cada<br />

região do país.<br />

Os trajes mais comuns são: para os<br />

cavalheiros, camisa de estampa xadrez,<br />

com imitação de remendos na calça e na<br />

camisa, chapéu de palha, talvez um lenço<br />

no pescoço e botas de cano; as damas<br />

geralmente usam vestidos com estampas


florais, de cores fortes, com babados e<br />

rendas, mangas bufantes e laçarotes no<br />

cabelo ou chapéu de palha.<br />

Sugestão para a Evolução da<br />

Quadrilha Caipira<br />

CAMINHO AMINHO DA F FFEST<br />

F FEST<br />

EST ESTA: EST os pares seguem atrás<br />

dos noivos, iniciando a dança e parando em<br />

determinado momento no centro terreiro.<br />

ANARIÊ NARIÊ (do francês en arrière, para trás):<br />

as damas e os cavalheiros se separam (4<br />

metros, aproximadamente), formando duas<br />

colunas.<br />

OS C CCAVALHEIROS<br />

C ALHEIROS CC<br />

CUMPRIMENT C UMPRIMENT<br />

UMPRIMENTAM<br />

UMPRIMENT AM AS AS D DDAMAS<br />

D AMAS AMAS: AMAS<br />

eles se aproximam das damas, cumprimentando-as.<br />

Flexionam o tronco, mantendo a<br />

cabeça erguida, e voltam a seus lugares,<br />

caminhando de costas.<br />

D<br />

C<br />

C<br />

elas repetem a evolução dos cavalheiros.<br />

AS DDAMAS<br />

D AMAS CCUMPRIMENT<br />

C UMPRIMENT<br />

UMPRIMENTAM<br />

UMPRIMENTAM<br />

AM OS OS CCAVALHEIROS<br />

C ALHEIROS ALHEIROS:<br />

ALHEIROS<br />

SAUDAÇÃO<br />

AUDAÇÃO G GGERAL<br />

G ERAL ERAL: ERAL tanto as damas como<br />

os cavalheiros andam para a frente e,<br />

quando se encontram, cumprimentam-se.<br />

“BALANCÊ ALANCÊ ALANCÊ” ALANCÊ ” E “T “TUR “T UR UR” UR ” (balanceio e giro):<br />

damas e cavalheiros fazem o passo no<br />

lugar, balançando os braços naturalmente,<br />

e giram dançando juntos.<br />

GRANDE RANDE P PPASSEIO<br />

P ASSEIO ASSEIO: ASSEIO as damas colocam-se<br />

à direita dos cavalheiros e os dois dão-se<br />

os braços. Do lado de fora o outro braço<br />

continua balanceando ao longo do corpo.<br />

Formam um círculo e seguem dançando.<br />

Quando o marcador anuncia nova evolução,<br />

a progressão cessa e os participantes<br />

fazem o que foi ordenado.<br />

“C “CHANGÊ “C “CHANGÊ<br />

HANGÊ HANGÊ” HANGÊ ” DE DE DE D DDAMAS<br />

D DAMAS<br />

AMAS (trocar de damas):<br />

no grande passeio, os cavalheiros avançam<br />

e colocam-se ao lado da dama imediatamente<br />

à frente. Se for dito “mais uma vez”,<br />

repetem o movimento. Os comandos<br />

“passar duas” e “passar quatro” também<br />

são executados pelo cavalheiro.<br />

OLHA LHA LHA O T TTÚNEL<br />

T ÚNEL ÚNEL: ÚNEL os noivos, que estão na<br />

frente, param e elevam os braços internos<br />

para cima e, de mãos dadas, fazem o túnel.<br />

O segundo par flexiona o tronco, passa pelo<br />

túnel, coloca-se à frente dos noivos e eleva<br />

53


54<br />

os braços, e assim sucessivamente, até que<br />

todos passem. Executa-se o passo no lugar<br />

durante essa evolução.<br />

SEGUE EGUE EGUE O P PPASSEIO<br />

P PASSEIO<br />

ASSEIO ASSEIO: ASSEIO é a voz de comando<br />

para que o grande passeio continue.<br />

CAMINHO AMINHO DA DA DA RR<br />

ROÇA RR<br />

OÇA OÇA: OÇA as fileiras de damas e<br />

cavalheiros fundem-se, formando uma só coluna.<br />

O primeiro segura, com as mãos à altura<br />

dos ombros, as mãos de quem está atrás. Os<br />

demais colocam as mãos nos ombros de<br />

quem está à sua frente. A coluna progride,<br />

fazendo curvas para um lado e para outro,<br />

como se fosse uma serpente. O marcador da<br />

quadrilha continua dando voz de comando.<br />

OLHA LHA A CCHUVA<br />

C HUVA<br />

C<br />

HUVA!: todos dão meia-volta.<br />

JÁ P PPASSOU<br />

P ASSOU ASSOU!: ASSOU todos dão meia-volta<br />

novamente dizendo “ehh!”.<br />

OLHA LHA A CCCOBRA<br />

C OBRA OBRA!: OBRA as damas gritam e<br />

pulam, os cavalheiros procuram segurá-las<br />

em seus braços.<br />

É É M MMENTIRA<br />

M ENTIRA ENTIRA!: ENTIRA os “caipiras” ou “matutos”<br />

continuam o passo e gritam “uhh!”.<br />

A A P PPONTE<br />

P PONTE<br />

ONTE Q QQUEBROU<br />

Q UEBROU UEBROU!: UEBROU todos dão meiavolta<br />

novamente.<br />

C<br />

outro sentido.<br />

JÁ CCONSERT<br />

C ONSERT ONSERTOU<br />

ONSERT OU<br />

OU!: voltam a dançar no<br />

OLHA LHA O C CCARACOL<br />

C ARACOL ARACOL!: ARACOL em coluna e com as mãos<br />

ainda sobre os ombros de quem está à frente,<br />

todos obedecem às ordens do marcador, que<br />

começará a descrever um percurso cheio de<br />

curvas que fazem lembrar o casco de um caracol.<br />

Quando o marcador disser “desvirar”, o<br />

guia deverá fazer as curvas em sentido contrário,<br />

voltando a dançar em linha reta.<br />

FORMAR ORMAR A GG<br />

GRANDE GG<br />

RANDE R RRODA<br />

R ODA ODA: ODA os participantes<br />

da quadrilha dão as mãos formando uma<br />

grande roda e, ao ouvir a voz de comando<br />

“à direita”, “à esquerda”, deverão se deslocar<br />

no sentido determinado pelo marcador.<br />

DAMAS AMAS AO AO C CCENTRO<br />

CC<br />

ENTRO ENTRO: ENTRO as damas formam<br />

uma roda no centro e deslocam-se no<br />

sentido indicado pelo marcador.<br />

COROA OROA DE DE R RROSAS<br />

R OSAS OSAS: OSAS os cavalheiros, de mãos<br />

dadas, erguem os braços na vertical sobre a<br />

cabeça das damas, como se as coroassem,<br />

depois abaixam os braços passando-os pela<br />

frente, até a altura da cintura das damas,<br />

contornando-as. Fazem o passo no lugar


durante a coroação. Depois podem<br />

deslocar-se “à direita” e “à esquerda”.<br />

COROA OROA DE DE EE<br />

ESPINHOS EE<br />

SPINHOS SPINHOS: SPINHOS nesse momento, são<br />

as damas quem elevam os braços sobre a<br />

cabeça dos cavalheiros, coroando-os.<br />

OLHA LHA O G GGRANDE<br />

G GRANDE<br />

RANDE P PPASSEIO<br />

P ASSEIO ASSEIO!: ASSEIO repetem a<br />

formação descrita anteriormente.<br />

C<br />

G<br />

B<br />

. O<br />

VAI AI CCOMEÇAR<br />

C OMEÇAR O GGRANDE<br />

G RANDE BBAILE<br />

B AILE AILE. AILE . OOLHA<br />

O LHA A<br />

VALSA ALSA ALSA DOS DOS N NNOIVOS<br />

N NOIVOS<br />

OIVOS OIVOS!: OIVOS os noivos entram no centro<br />

da roda e dançam juntos.<br />

OLHA LHA OS OS P PPADRINHOS<br />

P ADRINHOS<br />

ADRINHOS!: ADRINHOS os padrinhos<br />

dançam no centro da roda.<br />

BAILE AILE G GGERAL<br />

G ERAL ERAL!: ERAL todos os pares dançam no<br />

centro da roda.<br />

O O G GGRANDE<br />

G GRANDE<br />

RANDE B BBAILE<br />

B AILE E EESTÁ<br />

E STÁ A AACABANDO<br />

A CABANDO<br />

CABANDO. CABANDO.<br />

. V VVAMOS<br />

V AMOS<br />

D<br />

P<br />

ESSOAL!: todos executam a<br />

evolução do grande baile e se retiram do<br />

centro do terreiro, despedindo-se das pessoas<br />

que estão assistindo.<br />

NOS NOS DDESPEDIR<br />

D ESPEDIR DO DO PPESSOAL<br />

P ESSOAL<br />

Fandango<br />

Dançado em várias regiões do país em<br />

festividades católicas como o Natal e as<br />

<strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>, o fandango tem sentidos<br />

diferentes de acordo com a localidade.<br />

No Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio<br />

Grande do Sul e até em São Paulo) o fandango<br />

é um baile com várias danças<br />

regionais: anu, candeeiro, caranguejo,<br />

chimarrita, chula, marrafa, pericó, queroquero,<br />

cana-verde, marinheiro, polca, etc.<br />

A coreografia não é improvisada e segue a<br />

tradição.<br />

O fandango se divide em três grupos<br />

nessa região:<br />

1. BATIDOS TIDOS<br />

TIDOS: caracterizam-se pelo forte<br />

sapateado, barulhento, que quase abafa o<br />

conjunto de tocadores. Apenas os homens<br />

sapateiam.<br />

2. VALSADOS ALSADOS ALSADOS: ALSADOS:<br />

: dança lenta com pares<br />

fixos, do começo ao fim.<br />

3. MIST IST ISTOS IST OS<br />

OS: as valsas são intercaladas<br />

de batidos.<br />

Em São Paulo, o fandango é uma<br />

dança que se aproxima do cateretê e às<br />

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vezes é sinônimo de chula (bailado<br />

masculino muito comum no Rio Grande do<br />

Sul, de coreografia agitada e bastante<br />

complexa).<br />

No Norte do Brasil, o fandango não é<br />

baile nem dança de par ou individual. É<br />

sempre um auto popular, seqüência de temas<br />

com certa articulação, que tem origem na<br />

convergência das cantigas portuguesas,<br />

como aponta Cascudo (1988, p. 320 e 321),<br />

e está presente no nosso país desde a<br />

primeira década do século XIX.<br />

Já no Nordeste brasileiro, o fandango<br />

é o auto característico dos marujos, sendo<br />

conhecido também como chegança dos<br />

marujos ou marujada.<br />

A cana-verde<br />

cana-verde, cana-verde dançada principalmente<br />

no Sul e no Centro do Brasil, apesar de fazer<br />

parte do fandango, também é bem popular<br />

em outras festividades. Nas <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>,<br />

as quadras dessa dança são geralmente<br />

improvisadas, podendo encarregar-se dessa<br />

tarefa tanto os violeiros como os próprios<br />

dançadores.<br />

Eu plantei caninha-verde<br />

sete palmos de fundura.<br />

Quando foi de madrugada<br />

a cana ’stava madura.<br />

Uai, uai, sete palmos de fundura.<br />

Quando foi de madrugada<br />

a cana ’stava madura.<br />

Pra cantar caninha-verde<br />

não precisa imaginá.<br />

De qualquer folha de mato<br />

tiro um verso pra cantá.<br />

Eu tenho um chapéu de palha,<br />

de pano não posso ter.<br />

De palha eu mesmo faço,<br />

de pano não sei fazer.<br />

Eu tenho um chapéu de palha<br />

que custou mil e quinhentos.<br />

Quando eu ponho na cabeça<br />

não me falta casamento.<br />

Formação<br />

Forma-se uma roda em fila, no sentido<br />

dos ponteiros do relógio. A cana-verde


pode ser dançada só por homens e<br />

também por pares.<br />

Movimentação<br />

Os participantes deslocam-se, saindo<br />

com o pé esquerdo (eu); no quarto passo,<br />

batem o pé direito (verde) com uma palma<br />

para o centro da roda. Quando cantam<br />

“madrugada”, a palma deverá estar do<br />

lado de fora, sempre junto com o pé<br />

direito. No refrão (uai, uai) a roda faz meiavolta,<br />

girando no sentido contrário, e segue<br />

sempre a mesma movimentação, ou seja,<br />

uma palma para dentro e outra para fora,<br />

sempre batendo com o pé direito.<br />

No Maranhão, essa dança é executada<br />

de forma bastante semelhante à da<br />

quadrilha.<br />

Bumba-meu-boi<br />

Dança dramática presente em várias<br />

festividades, como o Natal e as <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>,<br />

o bumba-meu-boi tem características diferentes<br />

e recebe inclusive denominações<br />

distintas de acordo com a localidade em que<br />

é apresentado: no Piauí e no Maranhão,<br />

chama-se bumba-meu-boi; na Amazônia,<br />

boi-bumbá; em Santa Catarina, boi-demamão;<br />

no Recife, é o boi-calemba e no<br />

Estado do Rio de Janeiro, folguedo-do-boi.<br />

O enredo da dança é o seguinte: uma<br />

mulher grávida (cujo nome varia de acordo<br />

com a região do Brasil) sente vontade de<br />

comer língua de boi. O marido resolve<br />

atender a seu desejo e mata o primeiro boi<br />

que encontra. Logo depois, o dono do boi,<br />

que era seu patrão, aparece e fica muito<br />

zangado ao ver o animal morto. Para consertar<br />

a situação, surge um curandeiro, que<br />

consegue ressuscitar o boi. Nesse momento,<br />

todos se alegram e começam a brincar.<br />

Os participantes do bumba-meu-boi<br />

dançam e tocam instrumentos enquanto as<br />

pessoas que assistem se divertem quando<br />

o boi ameaça correr atrás de alguém. O<br />

boi do espetáculo é feito de papelão ou<br />

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madeira e recoberto por um pano colorido.<br />

Dentro da carcaça, alguém faz os movimentos<br />

do boi.<br />

Lundu<br />

(lundum/londu/landu)<br />

De origem africana, o lundu foi trazido<br />

para o Brasil pelos escravos vindos principalmente<br />

de Angola. Nessa dança,<br />

homens e mulheres, apesar de formar pares,<br />

dançam soltos.<br />

A mulher dança no lugar e tenta seduzir<br />

com seus encantos o parceiro. A princípio<br />

ela demonstra certa indiferença, mas, no<br />

desenrolar da dança, passa a mostrar interesse<br />

pelo rapaz, que a seduz e a envolve.<br />

Nesse momento, os movimentos são mais<br />

rápidos e revelam a paixão que passa a<br />

existir entre os dançarinos. Logo o cavalheiro<br />

passa a provocar outra dama e o lundu<br />

recomeça com a mesma vivacidade.<br />

O lundu é executado com o estalar dos<br />

dedos dos dançarinos, castanholas e sapa-<br />

teado, além do canto acompanhado por<br />

guitarras e violões. Em geral, a música é<br />

executada como compasso binário, com<br />

certo predomínio de sons rebatidos.<br />

Essa dança é típica das <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong><br />

nos Estados do Norte (como parte da quadrilha<br />

tradicional e independente desta),<br />

Nordeste e Sudeste do Brasil.<br />

Cateretê<br />

Dança rural do Sul do país, o cateretê<br />

foi introduzido pelos jesuítas nas comemorações<br />

em homenagem a Santa Cruz, São<br />

Gonçalo, Espírito Santo, São João e Nossa<br />

Senhora da Conceição. É uma dança bastante<br />

difundida nos Estados de São Paulo,<br />

Rio de Janeiro e Minas Gerais e também<br />

está presente nas <strong>festas</strong> católicas do Pará,<br />

Mato Grosso e Amazonas.<br />

Nas zonas litorâneas, geralmente é<br />

dançado com tamancos de madeira dura. No<br />

interior desses Estados, os dançarinos dançam<br />

descalços (Taubaté, Cunha, Lagoinha) ou usam


esporas nos sapatos (Barretos, Guaratinguetá,<br />

Itararé). Em algumas cidades o cateretê é<br />

conhecido como catira (Araçatuba, Nazaré<br />

Paulista, Piracaia e Pereira Barreto).<br />

Em geral, o cateretê é dançado apenas<br />

por homens, porém, em alguns Estados,<br />

como Minas Gerais, as mulheres também<br />

participam da dança. Os dançarinos formam<br />

duas fileiras, com acompanhamento de<br />

viola, cantos, sapateado e palmas. Os saltos<br />

e a formação em círculo aparecem rapidamente.<br />

Os dançarinos não cantam, apenas<br />

batem os pés e as mãos e acompanham a<br />

evolução. As melodias são cantadas por dois<br />

violeiros, o mestre, que canta a primeira voz,<br />

e o contramestre, que faz a segunda.<br />

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6<br />

Os jogos que valem prendas são<br />

uma atração tradicional nas<br />

<strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>. Dividem-se em jogos de<br />

terreiro e jogos de barracas.<br />

Jogos de Terreiro<br />

Pau-de-sebo<br />

Brincadeira que anima as <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>,<br />

principalmente a festa em homenagem a<br />

São Pedro no Sudeste, e também está<br />

presente nas <strong>festas</strong> natalinas, no Nordeste.<br />

O pau-de-sebo é um mastro (não confundir<br />

com o mastro dos santos juninos) de<br />

madeira envernizada com aproximadamente<br />

5 metros de altura. É cuidadosamente<br />

preparado: tiram-se todos os<br />

nódulos da madeira, que depois é lixada,<br />

e passa-se sebo de boi ou cera. O pau-de-<br />

Jogos Juninos<br />

sebo é então solidamente plantado no chão<br />

e muitas vezes recebe, no topo, um triângulo<br />

de madeira ao qual se amarra dinheiro<br />

(uma cédula de valor alto ou um depósito<br />

repleto de dinheiro).<br />

A brincadeira consiste em, abraçado ao<br />

pau-de-sebo, tentar subir e alcançar o<br />

prêmio. Como o mastro foi revestido com<br />

cera, dificilmente os que participam da<br />

brincadeira conseguem subir até seu topo,<br />

Escorregam até perto do chão e voltam a<br />

insistir várias vezes, até desistir ou atingir o<br />

alvo, quando recebem palmas e vivas das<br />

pessoas que estão assistindo.<br />

Catar amendoim<br />

Cada criança deve apanhar, com uma<br />

colher, os amendoins colocados à sua<br />

frente, a uma certa distância, e levá-los<br />

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para seu lugar, junto à linha de partida,<br />

um de cada vez. Vence quem primeiro<br />

reunir cinco grãos.<br />

Corrida de funis<br />

Introduzir dois funis numa corda, com<br />

a parte mais estreita voltada para um laço<br />

feito no centro. Os jogadores terão de,<br />

apenas soprando, levar os funis até o laço.<br />

Corrida do saci<br />

Riscar no chão duas linhas paralelas,<br />

sendo uma a de chegada. Ao sinal combinado,<br />

as crianças saem pulando num pé só<br />

em direção à linha de chegada.<br />

Corrida de sacos<br />

Semelhante à corrida do Saci, cada<br />

jogador faz o percurso com o corpo enfiado<br />

num saco bem preso à cintura.<br />

Corrida de três pés<br />

Cada jogador amarra a sua perna<br />

esquerda à perna direita do parceiro e,<br />

assim, os dois pulam até a linha de chegada.<br />

Jogos de Barracas<br />

Acertar o Alvo<br />

Cada jogador recebe três bolinhas e,<br />

de certa distância, procura jogá-las dentro<br />

da boca de um grande caipira, desenhado<br />

em cartolina. Em algumas regiões, um palhaço<br />

substitui o caipira no cartaz.<br />

Jogo de argolas<br />

Colocam-se várias garrafas estrategicamente<br />

no centro de uma barraca. Cada<br />

jogador recebe determinado número de<br />

argolas e tenta encaixá-las nas garrafas.<br />

Pescaria<br />

Num tanque de areia, colocam-se<br />

peixinhos feitos de lata ou papelão. Cada<br />

um tem na boca uma argolinha, que deverá


ser enganchada pelo anzol do pescador, ou<br />

jogador. Cada peixinho tem um número que<br />

corresponde a uma prenda.<br />

Tiro ao Alvo<br />

Coloca-se um alvo a certa distância; o<br />

jogador deverá acertá-lo utilizando dardos.<br />

Toca do Coelho<br />

Várias tocas numeradas são espalhadas<br />

num espaço fechado da barraca. Os<br />

jogadores apostam em determinada<br />

toca. Quando se solta ali um coelhinho,<br />

vence o jogador da toca em que ele<br />

primeiro entrar.<br />

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7<br />

As músicas típicas das <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong><br />

podem ser apenas cantadas ou<br />

também dançadas. Até hoje muitas são<br />

compostas especialmente pelos nordestinos,<br />

e formam o repertório do forró, que<br />

se transformou em baile realizado não<br />

apenas no período junino.<br />

Entre os compositores e cantores mais<br />

famosos, destaca-se o pernambucano Luiz<br />

Gonzaga. Algumas estrofes de suas músicas<br />

são conhecidas de todos os brasileiros,<br />

como as de Olha pro céu, meu amor (em<br />

parceria com José Fernandes):<br />

Olha pro céu, meu amor.<br />

Vê como ele está lindo.<br />

Olha praquele balão multicor<br />

como no céu vai sumindo<br />

Músicas <strong>Junina</strong>s<br />

as de Derramando o gai (coco de Luiz<br />

Gonzaga e Zé Dantas):<br />

Eu nesse coco num vadeio mai,<br />

apagaro o candihero,<br />

derramaro o gai<br />

Apagaro o candihero,<br />

derramaro o gai.<br />

Coisa boa nesse escuro<br />

eu sei que não sai.<br />

Já não tão mai respeitando<br />

nem eu qui sou pai,<br />

pois me dero um beliscão,<br />

quase a carça cai.<br />

Não se pr’onde vai<br />

por isso nesse coco<br />

num vadeio mai<br />

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e as de São João na roça (em parceria<br />

com Zé Dantas):<br />

A fogueira tá queimando<br />

em homenagem a São João.<br />

O forró já começou.<br />

Vamos, gente, arrasta pé nesse salão.<br />

Algumas das músicas <strong>juninas</strong> mais<br />

conhecidas, pelo menos na Região Sudeste,<br />

são as seguintes:<br />

Cai, cai, balão<br />

Cai, cai, balão.<br />

Cai, cai, balão.<br />

Aqui na minha mão.<br />

Não vou lá, não vou lá, não vou lá.<br />

Tenho medo de apanhar.<br />

Capelinha de melão<br />

(João de Barros e Adalberto Ribeiro)<br />

Capelinha de melão<br />

é de São João.<br />

É de cravo, é de rosa,<br />

é de manjericão.<br />

São João está dormindo,<br />

não me ouve não.<br />

Acordai, acordai,<br />

acordai, João.<br />

Atirei rosas pelo caminho.<br />

A ventania veio e levou.<br />

Tu me fizeste com seus espinhos<br />

uma coroa de flor.<br />

Pedro, Antônio e João<br />

(Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago)<br />

Com a filha de João<br />

Antônio ia se casar,<br />

mas Pedro fugiu com a noiva<br />

na hora de ir pro altar.


A fogueira está queimando,<br />

o balão está subindo,<br />

Antônio estava chorando<br />

e Pedro estava fugindo.<br />

E no fim dessa história,<br />

ao apagar-se a fogueira,<br />

João consolava Antônio,<br />

que caiu na bebedeira.<br />

Isto é lá com Santo Antônio<br />

(Lamartine Babo)<br />

Eu pedi numa oração<br />

ao querido São João<br />

que me desse um matrimônio.<br />

São João disse que não,<br />

São João disse que não,<br />

isto é lá com Santo Antônio.<br />

Implorei a São João<br />

desse ao menos um cartão<br />

que eu levasse a Santo Antônio.<br />

São João ficou zangado.<br />

São João só dá cartão<br />

com direito a batizado.<br />

São João não me atendendo<br />

a São Pedro fui correndo.<br />

No portão do paraíso<br />

disse o velho num sorriso:<br />

”Minha gente eu sou chaveiro,<br />

nunca fui casamenteiro”.<br />

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Balãozinho<br />

Venha cá, meu balãozinho.<br />

Diga aonde você vai.<br />

Vou subindo, vou pra longe,<br />

vou pra casa dos meus pais.<br />

Ah, ah, ah, mas que bobagem.<br />

Nunca vi balão ter pai.<br />

Fique quieto neste canto<br />

e daí você não sai.<br />

Toda mata pega fogo.<br />

Passarinhos vão morrer.<br />

Se cair em nossas matas,<br />

o que pode acontecer.<br />

Já estou arrependido.<br />

Quanto mal faz um balão.<br />

Ficarei bem quietinho,<br />

amarrado num cordão.


Chegou a hora da fogueira<br />

(Lamartine Babo)<br />

Chegou a hora da fogueira.<br />

É noite de São João.<br />

O céu fica todo iluminado,<br />

fica todo estrelado,<br />

pintadinho de balão.<br />

Pensando na cabocla a noite<br />

também fica uma fogueira<br />

dentro do meu coração.<br />

Quando eu era pequenino,<br />

de pé no chão,<br />

recortava papel fino<br />

pra fazer balão.<br />

E o balão ia subindo<br />

para o azul da imensidão.<br />

Hoje em dia meu destino<br />

não vive em paz.<br />

O balão de papel fino<br />

já não sobe mais.<br />

O balão da ilusão<br />

levou pedra e foi ao chão.<br />

Sonho de papel<br />

(Carlos Braga e Alberto Ribeiro)<br />

O balão vai subindo,<br />

vem caindo a garoa.<br />

O céu é tão lindo<br />

e a noite é tão boa.<br />

São João, São João,<br />

acende a fogueira<br />

no meu coração.<br />

Sonho de papel<br />

a girar na escuridão<br />

soltei em seu louvor<br />

no sonho multicor.<br />

Oh! Meu São João.<br />

Meu balão azul<br />

foi subindo devagar.<br />

O vento que soprou<br />

meu sonho carregou.<br />

Nem vai mais voltar.<br />

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Sem título<br />

(Djalma da Silveira Allegro e Paulo Soveral)<br />

A mesa tá preparada,<br />

os conviva vão chegando,<br />

o quentão vai se servido,<br />

o leitão tá esturricando.<br />

Tem pipoca, tem pamonha,<br />

mio verde com fartura.<br />

Tem cabrito e frango assado,<br />

tem doce de rapadura.<br />

Tem tanta coisa gostosa<br />

que barriga quase fura…<br />

Chame o Mané Sanfoneiro<br />

que o baile vai começá!<br />

Vamos dançá a quadrilha,<br />

cada um no seu lugar.<br />

E a festança continua,<br />

continua o arrasta-pé.<br />

Dança home com otro home<br />

e muié com otra muié.<br />

Um já gastô as butinas,<br />

otro já sentô cansado.<br />

As moça dançam com o padre,<br />

as véia com o delegado.<br />

Uns ainda tão na mesa<br />

comendo doce e salgado.<br />

A fogueira vai queimando<br />

que dá gos to a gente vê.<br />

As estrelas ain da piscando,<br />

o sol quase pra nascê.<br />

Tá todo mundo esperando<br />

otro dia amanhe cê…<br />

Pula a fogueira<br />

(João B. Filho)<br />

Pula a fogueira Iaiá,<br />

pula a fogueira Ioiô.<br />

Cuidado para não se queimar.<br />

Olha que a fogueira<br />

já queimou o meu amor.


Nesta noite de festança<br />

todos caem na dança<br />

alegrando o coração.<br />

Foguetes, cantos e troca<br />

na cidade e na roça<br />

em louvor a São João.<br />

Nesta noite de folguedo<br />

todos brincam sem medo<br />

a soltar seu pistolão.<br />

Morena flor do sertão,<br />

quero saber se tu és<br />

dona do meu coração.<br />

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8<br />

Como os demais elementos das<br />

<strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> que estão diretamente<br />

relacionados com a época da colheita<br />

(do milho, principalmente, no Brasil),<br />

os mastros são símbolos da fecundação<br />

vegetal, segundo o folclorista Câmara<br />

Cascudo (1988, p. 481 e 482).<br />

No topo do mastro, que deve ter mais<br />

ou menos 5 a 6 metros de altura, fica a bandeira<br />

do santo padroeiro da festa, símbolo<br />

da sua presença durante a festividade. A<br />

crença popular é de que o mastro tem o<br />

poder de sinalizar, dependendo do lado<br />

para onde virar a bandeira que está no seu<br />

topo, muita prosperidade ou morte.<br />

Em alguns lugares, colocam-se três<br />

bandeiras sobre o mastro, cada uma com<br />

a figura de um dos santos juninos: Santo<br />

Antônio é representado como um homem<br />

O Mastro<br />

de meia-idade que segura o menino Jesus<br />

nos braços; São João é uma criança de<br />

cabelos encaracolados que tem um carneirinho<br />

no colo, simbolizando Jesus Cristo,<br />

apontado por São João Batista como o<br />

verdadeiro Cordeiro de Deus; São Pedro<br />

aparece na bandeira como uma pessoa<br />

idosa que tem nas mãos as chaves do céu.<br />

A preparação do mastro, até a ocasião<br />

de seu erguimento, é parte essencial das<br />

<strong>festas</strong> em homenagem aos santos juninos,<br />

principalmente São João. O mastro recebe<br />

um tratamento especial desde o momento<br />

da escolha da madeira. O tronco da árvore<br />

deve ser o mais reto possível e ser cortado<br />

em uma sexta-feira de lua minguante por<br />

três pessoas que, antes de derrubá-lo, devem<br />

rezar o Pai-Nosso. No momento em<br />

que a árvore é derrubada e cai no chão,<br />

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esses homens, em sinal de respeito, devem<br />

tirar o chapéu e evitar cuspir naquele lugar.<br />

O transporte do tronco escolhido para<br />

mastro também requer cuidado especial.<br />

A madeira deve ser colocada sobre um tipo<br />

de andor ou nos ombros dos homens, que<br />

não precisam ser os mesmos que derrubaram<br />

a árvore. Na verdade, todos os<br />

homens que participarão da festa querem<br />

carregá-lo pelo menos por alguns<br />

instantes, até o seu levantamento. As<br />

mulheres levam a bandeira que será<br />

colocada em seu topo.<br />

A preparação do mastro não inclui<br />

necessariamente a pintura. Quando ele é<br />

pintado, em geral adquire uma só cor no<br />

Norte do Brasil e duas cores no Sul, onde o<br />

azul e o vermelho são as cores preferidas.<br />

Evita-se pôr pregos no mastro e é geralmente<br />

o promotor da festa quem determina<br />

onde será feito o buraco para levantá-lo.<br />

Também são chamadas de mastro as<br />

árvores que em geral nessa época, mais<br />

especificamente no dia de cada santo junino,<br />

são plantadas em frente às casas dos<br />

roceiros enquanto eles rezam a oração<br />

Salve-Rainha. Depois de erguidas, essas<br />

arvorezinhas são decoradas com fitas,<br />

flores, laranjas espetadas nos galhos e<br />

cipós de flor-de-são-joão. Seu pé fica repleto<br />

de ovos de galinha, grãos de milho e feijão,<br />

para assegurar que a colheita seja farta e<br />

haja uma boa produção de ovos, sem<br />

pestes nem doenças.


9<br />

Produtos agrícolas genuinamente<br />

americanos, como milho, amendoim,<br />

batata-doce e mandioca, cultivados<br />

pela população indígena, tornaram-se a<br />

base da alimentação dos brasileiros. Os<br />

portugueses trouxeram a tecnologia, como<br />

o forno de fazer farinha, e costumes —<br />

Arroz-Doce<br />

Arroz lavado<br />

Leite, açúcar (ou leite condensado)<br />

Canela em pau<br />

Raspas de limão ou laranja<br />

Canela em pó<br />

Cozinhe o arroz na água com a canela em pau e, se quiser, com<br />

as raspas de limão ou laranja. Depois de cozido, acrescente o leite<br />

quente e o açúcar ou leite condensado. Salpique canela em pó.<br />

Comidas e Bebidas <strong>Junina</strong>s<br />

modo de preparo dos pratos e temperos<br />

variados — que provocaram mudanças no<br />

processamento desses produtos.<br />

Hoje eles constituem o cardápio básico<br />

das <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>, acrescentando-se produtos<br />

regionais como o pinhão sulino, as<br />

castanha-de-caju e a do pará.<br />

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Bolo de Batata-Doce<br />

1 quilo de batatas-doces cozidas e amassadas<br />

3 xícaras de açúcar refinado<br />

4 gemas, leite puro de 1 coco<br />

120 gramas de manteiga<br />

100 gramas de castanhas-do-pará torradas e moídas<br />

1 xícara de farinha de trigo<br />

1 colher de chá de fermento<br />

2 claras em neve<br />

Misture a batata-doce com todos os ingredientes. Se ficar<br />

pesado, junte um pouco de leite de vaca. Bata bem e coloque, por<br />

último, as claras em neve. Forno quente em fôrma untada.<br />

Bolo de Fubá<br />

1 xícara e meia de açúcar<br />

1 xícara e meia de farinha de trigo<br />

1 xícara de fubá<br />

1 xícara de óleo<br />

1 xícara de leite<br />

1 colher de chá de fermento<br />

3 ovos<br />

1 colher de chá de erva-doce<br />

Bata todos os ingredientes e leve ao forno para assar, de<br />

preferência numa forma com buraco no meio.


Bolo de Fubá Cozido<br />

2 xícaras de chá de fubá<br />

2 xícaras de chá de açúcar<br />

2 xícaras de chá de leite<br />

2 colheres de sopa cheias de manteiga<br />

1 colher de chá de erva-doce<br />

4 cravos-da-índia<br />

1 rama de canela<br />

1 pitada de sal<br />

Faça um mingau com todos os ingredientes, mexendo sempre<br />

até ficar solto da panela. Deixe esfriar.<br />

4 ovos<br />

1 colher de sopa bem cheia de fermento em pó<br />

1 xícara de chá de leite<br />

1 pires de queijo parmesão ralado<br />

Bata as claras em neve e adicione as gemas batendo um pouco<br />

mais. Junte ao mingau já frio, adicione o fermento em pó dissolvido<br />

no leite e o queijo parmesão ralado. Leve ao forno quente em<br />

fôrma untada com manteiga.<br />

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Bolo de Macaxeira<br />

1 quilo de macaxeira crua ralada<br />

1 coco ralado<br />

1/2 litro de leite<br />

1 colher de sopa de manteiga<br />

Açúcar a gosto<br />

Misture tudo e leve ao forno em fôrma untada.<br />

Bolo de Milho<br />

500 gramas de milho para angu (xerém)<br />

1 colher de chá de erva-doce<br />

2 cocos<br />

250 gramas de açúcar refinado<br />

3 xícaras de água quente para retirar o leite dos cocos<br />

Sal a gosto<br />

2 colheres de sopa de fubá<br />

Cozinhe o xerém no leite de coco. Depois de cozido, acrescente<br />

os outros ingredientes e leve a assar em tabuleiros untados. Uma<br />

vez assado, corte em retângulos.<br />

Bolo de Milho Elétrico<br />

1 lata de milho sem água<br />

1 medida da lata de açúcar<br />

1 medida da lata de milho de leite de coco


1 medida da lata de flocos de milho<br />

3 ovos inteiros<br />

1/2 pote pequeno de margarina<br />

Bata bem o milho (sem a água) com o leite de coco e os ovos no<br />

liquidificador, acrescente os demais ingredientes, um por vez, batendo<br />

sempre até formar uma massa homogênea. Asse em forno regular,<br />

em fôrma bastante untada e polvilhada. Assim que desenformar,<br />

polvilhe açúcar peneirado por cima do bolo ainda quente.<br />

Bolo de Milho Verde<br />

6 espigas de milho verde<br />

2 xícaras de chá de leite<br />

2 colheres de sopa de margarina derretida<br />

2 xícaras de chá de açúcar<br />

4 ovos<br />

1 colher de café de canela em pó<br />

1 colher de sobremesa de fermento em pó<br />

Retire os grãos de milho verde com uma faca afiada, cortandoos<br />

rente ao sabugo. Coloque o milho e o leite no liquidificador e<br />

bata muito bem. Junte os ovos, o açúcar, a canela e a margarina,<br />

batendo até ficar uma mistura homogênea. Finalmente acrescente<br />

o fermento. Unte muito bem uma assadeira com margarina. Leve<br />

ao forno por aproximadamente 40 minutos. Deixe esfriar durante<br />

duas a três horas e corte em quadradinhos.<br />

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82<br />

Bolo de Santo Antônio<br />

250 gramas de farinha de trigo<br />

250 gramas de manteiga<br />

8 ovos<br />

250 gramas de açúcar<br />

10 gramas de erva-doce<br />

100 gramas de castanhas-do-pará assadas sem casca<br />

Misture o açúcar com a manteiga até ficarem bem ligados,<br />

acrescente a erva-doce e vá colocando as gemas uma a uma,<br />

mexendo sempre. Bata bastante e, por fim, junte a farinha de trigo.<br />

Asse em fôrma redonda, untada e forrada com papel vegetal,<br />

também untado. Forno regular. Com as claras, faça uma massa<br />

de suspiro e cubra o bolo depois de assado, enfeitando-o com<br />

castanhas. Volte ao forno para o suspiro dourar.<br />

Bolo de São João<br />

1 tigela de massa de mandioca lavada<br />

14 gemas de ovos<br />

1/2 quilo de açúcar<br />

100 gramas de manteiga<br />

1 xícara de leite de coco<br />

Bata as gemas e, quando estiverem bem batidas, acrescente<br />

100 gramas de manteiga e 1 xícara de leite de coco sem água.<br />

Junte os demais ingredientes e continue a bater até que tudo esteja


em ligado. Leve ao forno regular numa assadeira untada com<br />

manteiga.<br />

Bolo Souza Leão<br />

1 quilo de açúcar<br />

4 cocos<br />

2 quilos de mandioca mole<br />

400 gramas de manteiga<br />

5 xícaras de água<br />

12 gemas<br />

1 pitada de sal<br />

Desmanche a mandioca em bastante água. Peneire. Ponha num<br />

saco grande e lave bastante, até perder completamente a goma.<br />

Esprema e pese 1 quilo. Coloque a massa em uma tigela grande<br />

e “machuque” as gemas uma a uma. Reserve.<br />

Com 3 xícaras de água quente, retire o leite dos cocos e acrescente<br />

à massa. Faça uma calda rala com o açúcar e 2 xícaras de água,<br />

desmanche nela a manteiga e despeje-a quente na massa, aos<br />

poucos, mexendo com uma colher de pau. Tempere com sal. Peneire<br />

e leve a assar em fôrma untada. Forno quente. Está assado quando,<br />

introduzindo um palito no bolo, ele sair melado com uma massa<br />

ligada, como grude.<br />

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84<br />

Broa de Fubá<br />

700 gramas de farinha de trigo<br />

300 gramas de fubá<br />

150 gramas de açúcar<br />

150 gramas de margarina<br />

10 gramas de sal (1 pitada)<br />

100 gramas de fermento de pão<br />

Erva-doce<br />

Numa bacia, coloque a farinha e, fazendo no centro uma cova,<br />

junte o fermento desmanchado em um pouco de água ou leite (vai<br />

dobrar de volume). Acrescente o sal, o açúcar, o fubá, a margarina<br />

e a erva-doce. Misture e bata bem. Deixe descansar por 40 minutos.<br />

Faça então as broinhas do formato que quiser e deixe crescer já<br />

na fôrma untada com manteiga e farinha de trigo ou fubá. Depois<br />

de crescerem, leve ao forno a 200 graus.<br />

Canjica ou Mungunzá<br />

Milho próprio para canjica<br />

Leite<br />

Canela em pau<br />

Opcionais: casquinhas de limão ou laranja, leite condensado, coco<br />

ralado, amendoim torrado.<br />

Deixe o milho da canjica de molho na água de preferência de<br />

um dia para outro. Cozinhe em água suficiente na panela de


pressão por mais ou menos 20 minutos com a canela em pau e, se<br />

quiser, as casquinhas de limão ou laranja. Depois de cozido,<br />

acrescente o leite quente e o açúcar (ou leite condensado) e deixe<br />

ferver mais um pouco (querendo, pode-se pôr também coco ralado<br />

e amendoim torrado).<br />

Canjica Pernambucana<br />

25 espigas de milho verde<br />

1 xícara de leite de coco grosso<br />

4 litros de leite de coco ralo<br />

3 xícaras de açúcar refinado<br />

1 colher de sopa de manteiga<br />

1 colher de sopa rasa de sal<br />

1 xícara de chá de erva-doce<br />

50 gramas de queijo de manteiga ralado (opcional)<br />

Rale as espigas e lave a massa com parte do leite ralo em<br />

peneira finíssima. Passe na máquina de carne (peça sem dente) ou<br />

no liquidificador. Junte o resto do leite ralo e leve ao fogo, mexendo<br />

sempre com colher de pau. Depois de meia hora de fervura,<br />

acrescente os outros ingredientes e, por último, o leite grosso.<br />

Cozinhe com fervura constante, sempre mexendo. Despeje em<br />

pratos e polvilhe com canela em pó.<br />

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86<br />

Curau<br />

Espigas de milho verde<br />

Açúcar<br />

Água (ou leite)<br />

Canela em pó<br />

Retire o milho da espiga com uma faca, rale-o ou bata-o no<br />

liquidificador e passe-o em peneiras finas, apertando bem com<br />

uma colher para obter o suco. Junte o açúcar e leve ao fogo,<br />

acrescentando água ou leite e mexendo sempre com uma colher<br />

de pau, até que o creme fique totalmente cozido. Despeje em<br />

recipientes untados com água fria e salpique canela em pó.<br />

Com o farelo que sobrou na peneira ao preparar o curau,<br />

aproveite para fazer bolinhos de milho verde fritos. Basta<br />

acrescentar ovos, sal, um pouco de óleo e uma pitada de fermento.<br />

Com uma colher, em panela com óleo quente, vá fritando pequenas<br />

quantidades de massa.<br />

Cuscuz de Milho<br />

250 gramas de flocos de milho<br />

1 coco raspado<br />

Sal ou açúcar a gosto<br />

Água<br />

Com a água salgada, umedeça os flocos de milho, misture bem<br />

e leve a cozinhar no cuscuzeiro. Ou faça o seguinte: ferva água numa


chaleira; coloque a massa em um pires, formando montes; cubra<br />

com um guardanapo úmido, amarre embaixo do pires e tampe<br />

com ele a boca da chaleira. Em 10 a 15 minutos o cuscuz estará<br />

cozido. Deixe esfriar e ensope-o com leite de coco açucarado e com<br />

um pouquinho de sal. Leve ao fogo e mexa sempre até ferver.<br />

Grude<br />

1 quilo de goma (polvilho)<br />

250 gramas de coco raspado<br />

1 colher de café de sal<br />

Lave a goma até tirar o azedo, passe por um tecido fino e<br />

seque, colocando um pano sobre ela. Quando estiver apenas úmida,<br />

passe numa peneira e junte o coco e o sal, misturando bem<br />

para a massa ficar ligada. Leve para assar no forno em assadeira.<br />

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88<br />

Pamonha com coco<br />

25 espigas<br />

2 1/2 xícaras de açúcar refinado<br />

Leite grosso de 2 cocos<br />

Leite ralo de 2 cocos (7 xícaras)<br />

1 xícara de chá de erva-doce<br />

1 colher de sopa de manteiga derretida<br />

Cascas de milho verde em formato de saquinhos<br />

Rale o milho. Com a metade do leite do coco ralo, lave a<br />

massa e passe-a por peneira mais grossa do que a da canjica.<br />

Acrescente o restante dos ingredientes. Encha os saquinhos feitos<br />

com as palhas, amarre-os com tiras finas de palha e leve a cozinhar<br />

em bastante água fervente com um pouquinho de sal.<br />

Pamonha<br />

Fazer pamonha no interior é sempre um acontecimento festivo<br />

que reúne familiares, vizinhos e amigos. Todos dividem as tarefas<br />

e trabalham num clima de muita alegria e empolgação.<br />

Espigas de milho verde<br />

Leite<br />

Banha<br />

Açúcar (se for pamonha doce)<br />

Sal (se for pamonha salgada)


Reservar boas palhas de milho para fazer os saquinhos das pamonhas e<br />

também para amarrá-las.<br />

Descasque e rale as espigas de milho, raspando os sabugos com<br />

uma colher. Acrescente o leite, a banha quente em quantidade suficiente<br />

para uma massa consistente e tempere com açúcar ou com sal.<br />

Coloque a massa em cada saquinho feito da palha, amarreos<br />

e leve para cozinhar em um caldeirão com água fervente. Cubra<br />

com sabugos para que as pamonhas afundem na água,<br />

proporcionando cozimento homogêneo.<br />

OBSERVAÇÃO: na pamonha salgada, pode-se acrescentar, em<br />

cada uma, pedaços de queijo fresco.<br />

Pé-de-moleque<br />

1 quilo de amendoim cru e com casca<br />

2 copos de açúcar<br />

1 colher de café de bicarbonato<br />

Leve uma panela ao fogo com o amendoim e o açúcar e vá<br />

mexendo com uma colher de pau para torrar. Quando estiver<br />

caramelado, apague o fogo e jogue o bicarbonato.<br />

Mexa bem e jogue numa superfície de mármore devidamente<br />

untada com manteiga. Deixe esfriar e quebre os pedaços.<br />

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90<br />

Pé-de-moleque da Amazônia<br />

1 quilo e meio de massa de macaxeira (aipim ou mandioca) mole<br />

2 cocos<br />

600 gramas de açúcar refinado<br />

5 gramas de cravo torrado<br />

5 gramas de erva-doce torrada<br />

1 litro de água quente<br />

300 gramas de castanhas-do-pará torradas e moídas<br />

100 gramas de castanhas-do-pará torradas para enfeitar<br />

2 ovos inteiros<br />

2 gemas<br />

1 colher de sopa de manteiga derretida<br />

Desmanche a massa na água; peneire e lave até perder o<br />

azedo. Esprema e pese 1 quilo. Retire o leite dos cocos com toda a<br />

água e junte à massa com o restante dos ingredientes. Enfeite com<br />

castanhas inteiras. Fôrma untada e forno quente.<br />

Esta receita também pode ser feita de maneira mais simples,<br />

com macaxeira cozida e amassada, castanha-do-pará, açúcar e<br />

erva-doce. Misturar bem todos os ingredientes e fazer pequenas<br />

porções redondas e achatadas. Levar à chapa do fogão a lenha.<br />

O resultado é uma espécie de bolacha torrada por fora e macia<br />

por dentro. Essa é uma das delícias culinárias típicas das<br />

populações ribeirinhas da Amazônia.


Pé-de-Moleque de Rapadura<br />

1 rapadura pura<br />

1/2 quilo de amendoim torrado sem casca e ligeiramente<br />

moído ou passado no liquidificador<br />

1 xícara de café de leite<br />

1 pedaço médio de gengibre cortado miúdo<br />

Pique bem a rapadura e leve ao fogo para derreter juntamente<br />

com o leite e o gengibre, mexendo com uma colher de pau. Quando<br />

desmanchar e formar um melado, coloque um pouco deste numa<br />

xícara com água — se estiver no ponto, formará uma bolinha<br />

consistente. Apague o fogo, acrescente o amendoim e bata bem.<br />

Quando o fundo da panela começar a ficar esbranquiçado,<br />

despeje numa superfície de mármore untada com manteiga. Deixe<br />

esfriar e corte os pés-de-moleque.<br />

Pipoca Doce<br />

1 xícara de chá de milho de pipoca<br />

1 xícara de açúcar<br />

1 xícara de chá de água<br />

1 1/2 xícara de óleo<br />

Misture bem os ingredientes até formar uma calda. Tampe a<br />

panela e deixe a pipoca estourar. Depois de pronta, despeje-a numa<br />

assadeira e deixe esfriar para ficar crocante.<br />

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Pipoca Salgada<br />

Numa panela ou pipoqueira, coloque o milho de pipoca com<br />

um pouco de óleo. Tampe a panela, dando umas sacudidelas para<br />

que os grãos estourem. Acrescente sal e misture bem.<br />

Sopa de Milho Verde<br />

20 espigas de milho verde<br />

5 espigas de milho maduro<br />

1 quilo de costelinha de boi<br />

Temperos secos a gosto<br />

Sal<br />

Vinagre<br />

Coentro<br />

Cebolinha<br />

2 dentes de alho amassados<br />

4 tomates picados<br />

2 cebolas picadas<br />

1 pimentão picado<br />

2 colheres de sopa de extrato de tomate<br />

Rale os 5 milhos maduros e reserve. Em um caldeirão, refogue<br />

as costelinhas com todos os temperos secos e verdes e junte os<br />

grãos dos milhos ralados e as outras espigas de milho. Cubra tudo<br />

com bastante água e deixe em fogo brando até que as espigas<br />

estejam cozidas. É preciso mexer constantemente, pois os grãos


alados descem ao fundo do caldeirão. Observe sempre a água<br />

para que o milho cozinhe bem.<br />

Tapioca<br />

Goma<br />

Sal a gosto<br />

Coco ralado<br />

Lave bem a goma para tirar todo o azedo. Deixe secar numa<br />

vasilha coberta com um guardanapo e, quando estiver úmida, passe<br />

na peneira. Ponha sal com muito cuidado, pois ela salga com<br />

facilidade.<br />

Leve uma frigideira ao fogo e, quando estiver bem quente,<br />

acrescente uma xícara ou um punhado da goma e espalhe com a<br />

mão mesmo em toda a superfície da frigideira. Espalhe por cima<br />

um pouco de coco ralado e polvilhe sobre o coco um pouco de<br />

goma. Quando estiver levantando dos lados, retire e feche em<br />

forma de papel.<br />

Para Assar na Fogueira<br />

Batata-doce<br />

Embrulhe em papel-alumínio e coloque na fogueira para<br />

cozinhar. Depois de cozida, abra ao meio e cubra com manteiga<br />

ou queijo catupiry.<br />

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Cebola do reino<br />

Embrulhe em papel-alumínio e coloque na fogueira para<br />

cozinhar. Depois de cozida, corte em pedaços e tempere com azeite<br />

de oliva.<br />

Bebidas <strong>Junina</strong>s<br />

Quentão<br />

1 garrafa de pinga<br />

2 xícaras de açúcar<br />

2 xícaras de água<br />

Gengibre<br />

Canela em pau<br />

Cravo<br />

Noz-moscada ralada<br />

Limão cortado em quatro<br />

Leve ao fogo todos os ingredientes, menos a pinga, e deixe ferver<br />

até soltar o sabor. Tire do fogo e acrescente a pinga. Leve novamente<br />

ao fogo até levantar fervura.<br />

Vinho tinto<br />

Canela em pau<br />

Cravo<br />

Vinho Quente


Gengibre picado<br />

2 xícaras de açúcar<br />

2 xícaras de água<br />

Opcional: frutas picadas (maçã, abacaxi, uva, pêssego...)<br />

Leve todos os ingredientes ao fogo, menos o vinho e as frutas, e<br />

deixe ferver até soltar o sabor. Tire do fogo e acrescente o vinho,<br />

leve ao fogo novamente até levantar fervura. Se quiser, acrescente<br />

as frutas picadas.<br />

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Sandro Silva escreve que ficou bonito<br />

vestido de noivo e a noiva ficou<br />

linda na dança da quadrilha de sua escola.<br />

Raiza Ribeiro descreve que São João dormiu<br />

no dia de seu aniversário e Caroline Cracho<br />

que São João, Santo Antônio e São Pedro<br />

brigaram no céu para saber qual deles era<br />

o santo mais importante da festa junina.<br />

Letícia Abelha informa que essa festa já teve<br />

o nome de <strong>Festa</strong> Joanina, porque São João<br />

era homenageado.<br />

David Silva afirma que a criançada fica<br />

esperando a hora da comilança e Rodrigo<br />

da Costa que “soltou balão, que faz parte<br />

da tradição, mas que tomou cuidado para<br />

não queimar nada não”.<br />

Priscila Brito garante que é preciso ter<br />

bom coração para entrar na festa, que é<br />

considerada por Daniel Lisboa como uma<br />

das mais antigas e populares do Brasil.<br />

Alessandra Mallmann conta que em uma<br />

época que não tinha telefone ou correio,<br />

Apresentação das Redações Nota 10<br />

Concurso de Redações<br />

a moça Isabel avisou sua prima Maria do<br />

nascimento de seu filho através de uma<br />

fogueira bem alta acendida na noite de<br />

São João.<br />

Hugo Bertazoni aprendeu histórias das<br />

<strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> com seus avós. “Minha avó diz<br />

que conquistou meu avô em uma dessas <strong>festas</strong>.<br />

“Ela só não diz que deixou Santo Antônio<br />

de cabeça para baixo, aquela tradicional<br />

simpatia para arrumar casamento”. Ele diz<br />

saber “que os tempos são outros, mas se<br />

Deus quiser essas <strong>festas</strong> nunca vão acabar”.<br />

Essas frases, retiradas das dez redações<br />

de crianças que venceram o Concurso Cultural,<br />

promovido pela Yoki em 2003, refletem<br />

duas coisas muito importantes. Primeiro,<br />

são o resultado de um trabalho de pesquisa,<br />

que tão bem faz ao desenvolvimento intelectual<br />

das crianças; segundo, explicitam<br />

vivências positivas e alegres que acabam<br />

conferindo à infância aquela aura mágica que<br />

depois de adultos elas nunca esquecerão!<br />

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“<strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s”<br />

Conta a lenda dos mais velhos que no dia do seu aniversário São João não conseguiu<br />

ser acordado por sua mãe. Tanto dormiu, que perdeu o mais lindo espetáculo de uma<br />

noite <strong>Junina</strong>. O céu fica iluminado como se fosse dia, com a explosão dos fogos de artifícios,<br />

dando colorido especial juntando-se ao brilho das estrelas. No chão o calor das fogueiras<br />

a que das noites frias do mês de junho; incendeia o coração dos namorados; que com<br />

suas crendices tradicionais, tiram sua sorte nas brincadeiras e advinhações.<br />

O clima festeiro de alegria toma conta do povo, da cidade aos lugarejos mais<br />

distantes. O Terreiro se transforma em arraiá, ao som do forró, quadrilha e xaxado ninguém<br />

dança sozinho; somente de rosto colado, o suor castiga o corpo os pés ficam encaliçado<br />

mais o povo não arreda o pé, e quando vem da fé, o dia já tem clareado. Comida não<br />

pode faltar, pamonha, canjica e milho assado. Fica a vontade do próximo São João<br />

poder brincar mais animado.<br />

RAIZA LEITE VIANA RIBEIRO • RECIFE – PE<br />

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O Arraial da Paz<br />

Precisamos fazer uma grande festa, a maior possível, bem enfeitada, colorida, com<br />

muitas bandeirinhas, balõezinhos, uma grande fogueira, muita música, e danças, com<br />

muita alegria e inúmeros convidados.<br />

Com barracas de doces, comidas, bebidas, pipocas, milho-verde e tudo de bom que<br />

existir.<br />

Vamos fazer brincadeiras, reunir todos os amigos e as famílias, nessa grande festa é<br />

proibido indiferenças, todas as pessoas podem ir, ricos e pobres, brancos e negros, enfim<br />

todos aqueles que querem paz, amor e diversão.<br />

Nessa festa tudo será dividido haverá muita união, compreensão, afeto, harmonia e<br />

muita esperança no futuro para que se mantenha tudo isso sempre.<br />

Para entrar nessa festa é preciso ter um bom coração, gostar da natureza e dos animais,<br />

respeitar o próximo e ter fé em Deus.<br />

Essa festa pode ser comemorada todos os dias do ano, sempre que você quiser.<br />

É um verdadeiro arraial da paz feito para você, nunca deixe de sonhar, de ser feliz, de<br />

acreditar que o mundo pode ser uma grande festa colorida e que você será sempre o<br />

convidado especial.<br />

Então vamos todos começar a comemorar dar as mãos e cantar. E se cantarmos bem<br />

alto o mundo irá ouvir e só basta começar.<br />

PRISCILA NUNES DE BRITO • CAMPINAS – SP<br />

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Briga na <strong>Festa</strong> <strong>Junina</strong><br />

No céu, São João, Santo Antônio e São Pedro estavam brigando para ver qual era o<br />

santo mais importante das <strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s:<br />

— Eu sou o santo mais importante das <strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s. As moças me deixam até de<br />

castigo; de ponta cabeça e embaixo da cama. Eu arranjo muitos casamentos sofridamente<br />

e me orgulho disso! — disse Santo Antônio.<br />

— E eu que além de guardar as portas do céu, tenho que confirmar os compadres<br />

que pulam fogueiras, pois a música diz: “ São João falou, São Pedro confirmou, que nós<br />

somos compadres, porque Deus mandou ”! — disse São Pedro.<br />

— Eu também já estou cansado de ler o futuro das pessoas e me acordarem nas<br />

<strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s! — falou São João.<br />

— Xiii! Não estão vendo que a quadrilha vai começar! — exclamou Deus.<br />

E a quadrilha começou. Lindo como nunca. As moças com tranças e vestidos floridos<br />

e os moços com chapéis de palhas, camisa xadrez e calça jeans.<br />

— Quantas guloseimas! Pipocas, paçocas, pamonhas, tapiocas!<br />

— Por isso que você está engordando alguns quilinhos João! — falou São Pedro.<br />

— Mas você não é nenhum santinho, vive alagando a grande São Paulo! – exclamou<br />

São João.<br />

— Agüenta! — gritou Deus<br />

Eu tenho barracas com jogos, como pescaria e argolinhas. E como Deus e os santos<br />

estavam vendo uma <strong>Festa</strong> <strong>Junina</strong> lá no Maranhão, a rua ficou repleta de Bois-Bumbá. A<br />

festa estava repleta de bandeirinhas coloridas, também tinha uma fogueira imensa. E se<br />

você quer saber como terminou a briga, Deus deu uma bronca nos santos e eles nunca<br />

mais brigaram.<br />

CAROLINE ANDREASSA CARACHO • SÃO PAULO – SP<br />

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<strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s<br />

Foi com meu avô que aprendi muitas coisas sobre <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>.<br />

Ele com sua simplicidade, criado na roça me falou o quanto essas <strong>festas</strong> eram<br />

importante para as famílias que viviam na zona rural.<br />

Sempre quando ele começa a falar fico atento. Eu sei que essa tradição foi trazida<br />

pelos europeus, onde lá eles comemoravam as grandes safras. Aprendi isso na escola.<br />

Mas as histórias que meu avô conta é demais!<br />

Todo ano no mês de junho acontecia a tão esperada festa.<br />

As moças e os rapazes chegavam na festa sem par, mas nunca iam embora sem<br />

deixar um coração apertado.<br />

Sempre acabava em casamento.<br />

Jura a minha avó que foi numa dessas <strong>festas</strong> que meu avô à conquistou. Ela só não<br />

diz que deixou Santo Antônio de cabeça pra baixo. Aquela tradicional simpatia para<br />

arrumar casamento.<br />

Uma vez meu avô disse que algumas pessoas ridicularizam esse povo da roça.<br />

Na escola sempre aprendi que devemos respeitar e resgatar os costumes desse povo.<br />

Falei isso pro meu avô e ele ficou feliz.<br />

Ignorar esses costumes é impossível pois o cheirinho da pipoca e o gostinho da paçoca<br />

é inresistível. E o meu avô concorda.<br />

Não dá também prá resistir ao som da sanfona e as guloseimas dessa gostosa festa.<br />

Ah! Mas uma coisa é certa, eu adoro essas <strong>festas</strong>.<br />

Sei que os tempos são outros. Mas se Deus quiser essas <strong>festas</strong> nunca vão deixar de existir.<br />

HUGO BERTAZOLI • MOGI GUAÇU – SP<br />

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História de um Milhinho de Pipoca<br />

Eu sou um pequeno grão de milho de pipoca. Nasci há alguns meses junto com<br />

muitos irmãozinhos, todos enfileiradas na mamãe espiga. E foi ela que contou que estamos<br />

reservados para uma festa muito especial.<br />

— O destino de vocês é ajudarem a animar uma festa junina.<br />

Como nós não sabíamos o que era esta festa, nos explicou tudo bem direitinho: disse<br />

que a comemoração é bem antiga e era chamada “festa Joanina” porque homenageava<br />

São João. Sendo uma festa religiosa, não faltavam procissões e missas.<br />

Com o passar do tempo, São Pedro e Santo Antônio também começaram a ser<br />

homenageados. Como as <strong>festas</strong> sempre aconteciam nos meses de junho, viraram tradição.<br />

Sendo um mês frio, havia sempre uma fogueira para aquecer o povo. As bebidas também<br />

eram quentes: canjicão e quentão. A pipoca quentinha não podia faltar e o local da<br />

festança era todo enfeitado com bandeirolas.<br />

Eu e meus irmãozinhos começamos a ficar preocupados.<br />

— A pipoca quentinha somos nós?<br />

— Claro, a maior glória para um milhinho de pipoca como vocês é estourarem de alegria<br />

no mês de junho – mamãe nos acalmou, fazendo com que todos imaginassem a cena –<br />

Enquanto um gostoso cheirinho invade o ar, olhinhos gulosos de crianças com roupinhas<br />

caipiras brilham aguardadndo o momento de saborear esta delícia tão simples e insubstituível.<br />

Desde o dia que mamãe nos falou sobre esta festa, não vemos a hora de participar.<br />

Hoje estamos dentro de uma sacolinha esperando o grande momento de ir para panela.<br />

Oba! O mês de junho chegou!<br />

LETÍCIA SOARES ABELHA • IPATINGA – MG<br />

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“<strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s”<br />

A noite estava fria. O céu cheinho de estrelas curiosas. Todas olhavam para a casa de<br />

Isabel. Queriam ser as primeiras a ver o menino que ia nascer.<br />

O mês era de junho. O dia, 24!<br />

Foi nesta noite fria, cheia de estrelas e grilos, que João nasceu.<br />

Zacarias e sua esposa estavam felicíssimos. Os vizinhos e parentes também estavam<br />

alegras.<br />

Mas no meio de tanta felicidade surgiu uma preocupação:<br />

— Zacarias, disse Isabel, minha prima Maria não sabe, que Joãozinho nasceu. Como<br />

vou avisá-lá?<br />

Não havia telefone naquele tempo. Nem telégrafo. Nem correio.<br />

Então, acenderam uma fogueira e levantaram um mastro ali perto.<br />

Nossa Senhora, que morava muito longe, viu a claridade e adivinhou:<br />

— Garanto que o filho de Isabel nasceu.<br />

Esperou o dia amanhecer. Arrumou uns presentes e montou num camelo.<br />

Ia visitar sua prima. Ia dar-lhe os parabéns. E sabe de uma coisa? Ainda hoje o povo<br />

acende fogueira na noite de São João. E comem muitas coisas gostosas!<br />

ALESSANDRA MALLMANN • ESTRELA – RS<br />

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<strong>Festa</strong> de São João<br />

Fui na festa de São João, pra cantar uma canção, e tocar meu violão. Mas chegando<br />

lá esqueci o refrão.<br />

Fui então soltar balão, pois faz parte da tradição, mas tomei cuidado pra não queimar<br />

nada não.<br />

Comi Pipoca Yoki pra ficar bem mais forte e também tomei quentão.<br />

Fui dançar a quadrilha, com uma linda menina, vestida de <strong>Festa</strong> <strong>Junina</strong>.<br />

Estava tudo legal, tinha fogos e foguetes na festa do arraial.<br />

Tinha tudo de bom, algodão doce, pé de moleque, vinho e pinhão.<br />

Naquela noite estrelada, toda a criançada brincava animada.<br />

Fui pular a fogueira, queimei meus pés e tive que me jogar na cachoeira.<br />

Saí todo molhado, mas o mais engraçado foi na hora do casamento, quando os<br />

noivos chegaram encima de um jumento.<br />

Veio a melhor parte, teria que ter muita sorte, como toda festa de São João, teve um<br />

bingão e o prêmio seria um computador. Aí fiz uma oração ao querido São João pra<br />

ganhar no bingão. Pena que era muita gente envolvida pra realizar o sonho da minha<br />

VIDA!<br />

RODRIGO DA COSTA • BLUMENAU – SC<br />

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Redação sobre <strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s<br />

A <strong>Festa</strong> <strong>Junina</strong> é uma das mais antigas e populares do Brasil.<br />

Ela começa no dia 13 de junho e dura todo o mês.<br />

O céu cheio de estrelas<br />

Parece trazer uma canção<br />

Para comemorar neste mês<br />

Santo Antônio, São Pedro e São João.<br />

Antigamente, os agricultores pediam aos santos uma boa colheita. E para se<br />

protegerem dos maus espíritos, eles usavam bombas e fogos de artifício.<br />

As crianças soltaram bombinhas<br />

Os adultos soltaram rojões<br />

São Pedro respondeu<br />

Com muitos trovões.<br />

São três os santos homenageados nas <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong> no dia 13, São João, no dia 24,<br />

São Pedro, no dia 25 de junho.<br />

No interior, as <strong>festas</strong> ainda são muito parecidas com aquelas trazidas da Europa.<br />

Na cidade há uma lei que proíbe soltar balões e fazer fogueiras nas ruas. Mas as<br />

quermesses nas escolas, igrejas e clubes continuam animando o mês.<br />

Na noite de São João<br />

em volta da alegre fogueira<br />

com a turma tocando violão<br />

vamos dançar a noite inteira.<br />

No céu-espada-buscape-balão; na mesa-milho, licor, cocada YOKI. Uma festa típica<br />

de São João, lá fora onde, a fogueira queima chama Maria Helena.<br />

DANIEL LISBOA • SALVADOR – BA<br />

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As <strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s<br />

<strong>Festa</strong> junina é festa pra valer.<br />

Todo mundo gosta de <strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>, velho, rapaz, moça, menino e menina.<br />

As crianças fazem a maior festa nos dias de festa junina é muita alegria e correria<br />

nesses dias de festança, a gente fica só esperando a hora da comilança, os vizinhos se<br />

ajuntam para acender a fogueira, soltam bombas e rojões, só não pode soltar balão pra<br />

não causar confusão.<br />

As mocinhas e rapazes se preparam pra quadrilhas, todos cantam e dançam nos<br />

modos de antigamente, dos tempos dos meus avós. depois de tanta folia é a hora da<br />

alegria e pra repor a energia comemos de tudo um pouco, bolo de milho, mugunzá,<br />

arroz doce, amendoins, pé-de-moleque, cocada, milho assado e cozido, doses de diversos<br />

tipos e tapioca recheada.<br />

Os homens bebem quentão pra alegrar o coração e arrastar pé no forró, as mulheres<br />

amimadas dançam até de madrugada e só então vão para casa levar a criançada<br />

cansada de tanta festa e folia, aí agente dorme sonhando e fica só esperando o ano que<br />

vem, para ter novamente muita festa no Brasil, e fartura, muita dança e alegria durante as<br />

<strong>festas</strong> <strong>juninas</strong>.<br />

DAVID ABRANAVEL SANTOS SILVA • MACEIÓ – AL<br />

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<strong>Festa</strong> <strong>Junina</strong><br />

Oi meu nome é Sandro Lino da Silva tenho 7 anos<br />

Eu gosto muito do mês de junho porque é comemorada a festa junina e também o<br />

dia dos santos = São João, São Pedro e Santo Antônio.<br />

Quando chega a festa junina as pessoas enfeitam toda a rua com bandeiras balões.<br />

fazem barracas e vendem doces, pipocas, amendoim, pé de moleque e batata doce<br />

assada na brasa da fogueira e toca da música caipira para as pessoas dançarem. eu<br />

gosto muito de estourar bombinhas e buscapés<br />

Eu sei que é um pouco perigoso mais eu tomo cuidado.<br />

Na minha escola todo ano as professoras fazem festinhas pra nós, enfeitam a escola<br />

toda com bandeiras de papel e nós dança quadrilha<br />

Eu já dancei 3 vez mais a vez que eu mais gostei foi o ano passado porque eu fui o<br />

noivo a professora me emprestou o terno porque eu não tinha fiquei bem bonito a minha<br />

noiva também ficou linda esse ano eu quero dançar de novo as professoras, fazem bolo<br />

de fubá e canjica é muito bom<br />

Eu estudo num colégio de freiras elas são muito boazinhas eu queria muito ganhar os<br />

<strong>livro</strong>s pra ajudar a minha escola, porque ela é municipal e nós só temos ajuda do prefeito,<br />

as professoras ia ficar muito feliz se eu desse os <strong>livro</strong>s pra escola.<br />

Se eu ganhar o dinheiro eu vou dar pra minha mãe porque ela tá precisando mais a<br />

minha mãe nunca vai poder me da um. Eu assisto a Fábrica Maluca todo dia daí eu vi a<br />

Eliana falando dessa promoção daí eu escrevi pra ver se eu ganho. A Eliana mandou<br />

pesquisar na internet ou no <strong>livro</strong> pra saber mais sobre a festa junina mais como eu não<br />

tenho nenhum dos dois eu escrevi o que eu sabia.<br />

Espero que tenha gostado da minha histórinha,<br />

Ficarei muito feliz se eu ganhar<br />

Muito obrigado fiquem todos com Deus.<br />

SANDRO LINO DA SILVA • LUPIONÓPOLIS – PR<br />

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Este capítulo é dedicado às poesias<br />

<strong>juninas</strong>. Um material rico e que traduz,<br />

por meio de versos, a importância das<br />

<strong>Festa</strong>s <strong>Junina</strong>s em nossa cultura. Todos os<br />

trabalhos foram selecionados durante o<br />

tradicional Concurso Regional de Quadrilhas<br />

promovido, em 2007, pela prefeitura de Dois<br />

Córregos, no interior Paulista.<br />

Concurso de Poesias<br />

A cidade é tradicional incentivadora<br />

de eventos, que mantêm vivos os costumes<br />

e hábitos do interior. Essa filosofia, de<br />

promover atividades que resgatam as<br />

raízes do povo brasileiro, também faz<br />

parte da missão da Yoki Alimentos, que<br />

apoiou essa manifestação cultural da<br />

região.<br />

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Sonho Caipira<br />

Se tem coisa que me anima<br />

É ver uma festa junina<br />

Não sei bem o que me troca<br />

Se o calor da fogueira ou o cheiro da pipoca<br />

Só sei que fico de um jeito<br />

Me dá uma sardade no peito<br />

Uma vontade de grita, de tirá o sapato<br />

E corrê pro arraia<br />

Mas a vida tem seus caminhos<br />

E com moço fino eu fui me casá<br />

Vim morá aqui na cidade e tenho que me comportá<br />

Ele diz que moça fina não pode se misturá<br />

Então eu fico na janela vendo a quadria dançá<br />

E quando a fogueira apaga<br />

A minha maior alegria<br />

É esperá junho de novo chegá<br />

M.C.P.C. - DOIS CÓRREGOS (CONCURSO REGIONAL)


<strong>Festa</strong> <strong>Junina</strong><br />

<strong>Festa</strong> de comemoração<br />

E muita animação<br />

Todos reunidos<br />

Para festejar o mês de São João<br />

Tem quadrilha e tem família<br />

Tem bomba e tem rojão<br />

Todos dançam, comem e bebem<br />

Na maior agitação<br />

<strong>Festa</strong> junina é pra isso<br />

Pular, sorrir e se divertir<br />

Não importa idade, raça ou cor<br />

O que todos querem é curtir<br />

A festa começa ao escurecer<br />

E vai até o sol raiar<br />

Ninguém tem a menor vontade<br />

De fazer essa alegria terminar<br />

LETHICIA MASSOLINI ROMAQUELI - DOIS CÓRREGOS(CONCURSO MUNICIPAL)<br />

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Se nóis não recicrá o mundo vai acabá<br />

Quando chega as festa junina<br />

Fico esperano a sanfona tocá<br />

E só folia e alegria, que o coração chega a apertá<br />

Prá agradecê, no pé do mastro, a coieita eu vô ofertá<br />

Antonio, Pedro e João, parô prá adimirá<br />

Esse ano o tema é fazê o povo conscientizá<br />

As roupa tão bonita, não dá prá compará<br />

paper, vidro, latinha e prástico, usamo pra enfeitá<br />

Até a lenha prá fogueira logo, logo<br />

Nem árvore vai precisá cortá<br />

Ceis vão vê, o fogo vai sê recicrave, hão de inventá.<br />

Lá de longe vai dá pra avistá, o brilho do arraiá<br />

A emporgação é tanta com essa história de recicrá<br />

Que dá vontade até de prantá os mio dos piruá<br />

Já pensô se os grão brota, que bonito vai sê o miará<br />

É o jeito caipira prá camada de ozônio preservá.<br />

MARILDA CASONATO – MINEIROS DO TIETÊ (CONCURSO REGIONAL)


Ao Reciclar, Viver<br />

I<br />

A vontade de viver bem nesta terra<br />

Se encontra lá bem dentro do teu ser<br />

Da consciência soberana que carrega<br />

Dentro dela, reciclado o saber<br />

II<br />

II<br />

Temos metas ao forjar este ambiente<br />

Vidro , plástico, embalagens ganham vida<br />

Conquistando a natureza no presente<br />

Geração que aproveita não é perdida<br />

III<br />

III<br />

Lixo orgânico, eu entendo sua história<br />

Mais parece um arauto do amor<br />

Quando quase não resiste à luto inglória<br />

Húmus forte, gera a inesperada flor<br />

IV<br />

IV<br />

Cate aquilo que não possa mais usar<br />

Na coleta seletivo e inteligente<br />

Vamos descalçar a bota da miséria<br />

Reciclando este país e sua gente<br />

MARCONDES SEROTINI FILHO – BARRA BONITA (CONCURSO REGIONAL)<br />

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Reciclagem<br />

O O planeta em que vivemos<br />

Tem recursos limitados<br />

Muitos já estão esgotados<br />

Disso tudo já sabemos.<br />

Mas estamos aguardando<br />

Um milagre acontecer<br />

Com os braços cruzados e sem nada fazer<br />

Assim, os dias vão passando!<br />

Há tempo ainda, talvez!<br />

Não fique só no abstrato<br />

Reciclar é um belo ato<br />

Faça então sua vez!<br />

Mais o que é reciclagem?<br />

É evitar desperdício pela reutilização<br />

De materiais como vidro, plásticos, papelão<br />

E Tantos outros: é impossível a contagem!<br />

ANTONIO VIEIRA - JAÚ (CONCURSO REGIONAL)


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