trabalho - CLASI
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO<br />
LATO SENSU<br />
Uma parceria entre o <strong>CLASI</strong><br />
e a FAVI – Faculdade Vicentina de Curitiba<br />
Trabalho de Conclusão do Curso<br />
SER SER HUMANO: HUMANO: HUMANO: UM UM SER SER INTEGRADO INTEGRADO E E INTEGRAL<br />
INTEGRAL<br />
SILVIA DE SOUZA<br />
Campinas - 2011<br />
1
Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral<br />
EU<br />
Corpo<br />
”Quem olha para fora, sonha, e quem olha para dentro, acorda”. Jung<br />
REFLEXÃO<br />
“Servir é conhecer quem a outra pessoa é, e ser capaz de tolerar, dar passagem ao seu lixo.<br />
O que a maioria faz é deixar passar a qualidade da pessoa para lidar com o seu lixo. De fato,<br />
você deveria fazer exatamente ao contrário. Lidar com quem elas são, e deixar passar seu<br />
lixo. Interaja com elas como se fossem Deus.<br />
E, cada vez que você receber lixo delas, deixe o lixo passar e volte a interagir com elas como<br />
se fossem DEUS.”<br />
Werner Erhard<br />
2
AGRADECIMENTO<br />
Uma das qualidades que muito aprecio nas pessoas, e particularmente nos clientes ou pacientes, é<br />
a gratidão. Agradecer com um coração verdadeiro fortalece o vinculo, uma vez que o que está por<br />
trás desta gratidão, é o comprometimento das partes envolvidas.<br />
Como pessoa e profissional, sou imensamente grata a todos os mestres, líderes que tive e ainda<br />
tenho na vida, e aos clientes e pacientes que confiaram e confiam em mim, contribuindo para o meu<br />
aperfeiçoamento dia a dia.<br />
Agradeço aos meus pais (in memoriam), pelo compromisso incansável que eles tiveram para<br />
comigo, e principalmente com o Meu compromisso como ser humano.<br />
Apesar de alguns percalços ao longo do curso, e que julgo ter sido todos eles para nossa evolução,<br />
quero agradecer de coração a toda equipe de apoio e coordenação, e em especial, à Mani, por esta<br />
possibilidade e oportunidade.<br />
Silvia de Souza<br />
3
SUMÁRIO<br />
Contra capa..................................................................................................................................... 01<br />
Reflexão........................................................................................................................................... 02<br />
Agradecimento................................................................................................................................ 03<br />
Sumário............................................................................................................................................ 04<br />
Prefácio............................................................................................................................................ 05<br />
Introdução........................................................................................................................................ 06<br />
CAPÍTULO I - Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral<br />
Corpo, Mente e Espírito: Uma trindade em evolução...................................................................... 07<br />
O que é ser Integral?........................................................................................................................ 09<br />
A evolução da consciência................................................................................................................10<br />
Figura: O desenvolvimento psicológico e envolvimento................................................................. 14<br />
CAPÍTULO II - Grandes Contribuições: FREUD – JUNG – MASLOW e KEN WILBER<br />
Freud e a Psicanálise....................................................................................................................... 15<br />
Figura: Aparelho psíquico ou Estrutura psíquica............................................................................. 18<br />
Jung e o Inconsciente Coletivo........................................................................................................ 19<br />
Maslow e a “Pirâmide de Maslow”................................................................................................. 23<br />
Ken Wilber e a Psicologia Integral ................................................................................................... 27<br />
CAPÍTULO III - Psicologia Transpessoal: Uma nova abordagem<br />
10.0 Equilibrando os aspectos intelectuais, emocionais, físicos, sociais e espirituais................11<br />
Visão Transpessoal do Homem.......................................................................................... 32<br />
CAPÍTULO IV - Considerações Finais<br />
12.0 Uma experiência transpessoal pessoal............................................................................... 33<br />
13.0 Contribuição da Psicologia Transpessoal para mim........................................................... 33<br />
14.0 Conclusão............................................................................................................................ 34<br />
15.0 Referências Bibliográficas.................................................................................................... 37<br />
4
PREFÁCIO<br />
Sou assistente social e psicanalista, com atuação na área de RH há aproximadamente 20 anos, e,<br />
em consultório há aproximadamente 06 anos. Meu compromisso pessoal desde o início da minha<br />
carreira profissional tem sido o de apoiar/ajudar as pessoas a atingir seu maior poder de realização<br />
na vida: Acreditar Em Si Mesmas, que é o que eu também acredito!<br />
Sou grata a todas as pessoas que me ajudaram a elaborar e amadurecer minha visão profissional.<br />
Além disso, duas metodologias que contribuíram mais especificamente para a minha experiência<br />
como terapeuta: Capacitação em Hipnose e Hipnoterapia com ênfase nas Neurociências da<br />
Cognição e do Comportamento Humano, e, a Psicologia Transpessoal Integrativa e suas aplicações<br />
na Saúde e na Educação.<br />
Silvia de Souza<br />
5
INTRODUÇÃO<br />
Este <strong>trabalho</strong> tem como finalidade atender as exigências curriculares do Centro Latino Americano de<br />
Saúde Integral e Faculdade Vicentina, para a obtenção da certificação do curso de Especialização: A<br />
Psicologia Transpessoal Integrativa e suas Aplicações na Saúde e na Educação.<br />
O TCC deve expressar também a experiência individual de autotransformação vivenciada durante<br />
todo o processo do curso, a partir das 04 dimensões da existência:<br />
1.0 - O Saber Pensar<br />
2.0 - O Saber Fazer<br />
3.0 - O saber Conviver<br />
4.0 - O saber Ser<br />
Quero ressaltar que o meu interesse pela Pós em Psicologia Transpessoal, se deu por três razões<br />
importantes: primeiramente por tratar-se do estudo da consciência, como instrumento divino que nos<br />
aproxima da Consciência Absoluta que é DEUS, em seguida por contribuir para a evolução e<br />
transformação interior do homem, como ser humano, e por fim, por poder utilizar o método como<br />
recurso de intervenção terapêutico/pedagógica.<br />
O tema por mim escolhido Ser Humano: Um Ser Integrado e Integral, objetiva mostrar a minha<br />
apreciação pela evolução contínua do homem, frente à vida.<br />
Silvia de Souza<br />
6
1.0 – Corpo, Mente e Espírito: Uma trindade em evolução<br />
O que é Mente, Corpo e Espírito<br />
CAPÍTULO I<br />
Corpo, vem do latim corpu, que significa a “estrutura física do homem ou do animal”, “tudo que tem<br />
extensão e forma”; “porção da matéria (definição química).<br />
Mente, vem do latim, que significa “faculdade de conhecer”, “inteligência”; é o estado da consciência<br />
ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza humana. 'Mente' é um conceito bastante<br />
utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas a cognição e<br />
comportamento.<br />
Espírito, do latim spiritu, que significa “Princípio animador que dá vida aos organismos físicos”;<br />
“sopro vital”; “alma”; “as faculdades mentais do homem em contraposição à sua parte física”;<br />
“Inteligência”.<br />
O princípio do Equilíbrio<br />
O princípio do Equilíbrio afirma que, onde quer que várias partes formem um todo (um sistema),<br />
devemos prestar atenção e nos dedicar a cada parte, sob pena de que tanto as partes não atendidas<br />
quanto o todo sofram ou tenham problemas por isso. Por exemplo, se você estuda e tem 7<br />
disciplinas e não se dedica devidamente a todas, isto irá afetar as disciplinas negligenciadas e todo<br />
o curso que está fazendo. Se você tem 2 filhos e dá mais atenção a um, o outro sofrerá por isso,<br />
seja no futuro próximo ou no longo prazo, e a família pode ser afetada pelo problema.<br />
Ainda na família, há interesses que são de seus membros e outros da família em si. A tentativa de<br />
fazer prevalecer interesses individuais em detrimento dos familiares pode provocar desavenças e<br />
brigas. Se somente o interesse familiar predominar, os membros podem ser prejudicados. Entre<br />
marido e mulher, requerem equilíbrio fatores variados, como a distância (nem próximos nem<br />
distantes demais) e a possessividade.<br />
Como ser humano, você tem corpo, mente e espírito.<br />
No nível do Corpo: se você se dedicar muito ao corpo e ao espírito, esquecendo a mente, será<br />
forte, integrado e irá se dedicar a outras pessoas, mas com poucos conhecimentos e outros recursos<br />
racionais. Sua nutrição requer alimentos, ar e prazer (fique sem para ver). A alimentação por si<br />
requer variação para ser equilibrada.<br />
7
Mesmo o desenvolvimento do corpo requer equilíbrio. Se você for para a academia e fizer peso para<br />
um só braço, ou desenvolver mais a parte muscular em detrimento da aeróbica podem imaginar o<br />
que vai acontecer.<br />
No estágio do Corpo, denominado pela realidade Física, há uma busca por impulsos visando a<br />
sobrevivência, sensações e prazeres. Neste estágio prevalece o lado egocêntrico do “Eu”.<br />
No nível mental, uma pessoa pode se desequilibrar dedicando mais atenção ao passado<br />
(lembranças boas ou ruins), e esquecer os planos. Pode ficar sonhando com o futuro ou<br />
preocupando-se com ele (ânsia por mudanças imediatas e necessidade de antecipá-lo para livrar-se<br />
de ter de enxergar e, mais ainda, experimentar as dores do passado), e esquecer sua experiência.<br />
Ou pode ainda planejar e lembrar-se, esquecendo-se de estar no presente e usufruir das coisas<br />
boas que conquistou. E as pessoas que parecem que tomam decisões baseadas somente em<br />
emoções? Ou aquelas que parecem que são lógica pura? Tem também aquelas que só agem por<br />
necessidade, quando é preciso, enquanto que outras sabem temperar devidamente o “tenho que”,<br />
com o “quero”.<br />
No estágio da Mente, denominado pela realidade Emocional/Racional, o indivíduo se expande para<br />
além do corpo e começa a compartilhar relações com muitos outros, com base talvez em valores<br />
comuns, interesses mútuos, ideais ou sonhos comuns. Como eu posso usar a minha mente para<br />
assumir o papel de outro – colocar-me em sua pele e sentir como é estar em seu lugar... Neste caso,<br />
a minha identidade passa do “Eu” para o “Nós”.<br />
No nível do Espírito: o corpo precisa do espírito assim como um rádio, para funcionar, precisa da<br />
eletricidade. Pense num rádio a pilha, por exemplo. Ao colocarmos pilhas nele e ligá-lo, a<br />
eletricidade armazenada nas pilhas dá vida ao rádio, por assim dizer. Sem as pilhas o rádio não<br />
funciona. O mesmo se dá com um rádio elétrico, quando desligado da tomada. De modo similar, o<br />
espírito é a força que dá vida ao nosso corpo.<br />
Quando os nossos três corpos inferiores (físico, emocional e mental), perdem o vinculo com o<br />
(espírito), eles se desintegram...<br />
No estágio do Espírito, o corpo, a mente, o todo, é denominado por uma força impessoal, porque<br />
assim como é a eletricidade, que não tem a capacidade de sentir ou de pensar, o espírito o é. Neste<br />
caso, sem Este espírito, ou Esta Força de Vida, o nosso corpo “expira”.<br />
“Se você fosse cego, surdo, mudo, sem nariz e com o tato insensível, ainda estaria vivo dentro de si<br />
mesmo”.<br />
Somos um espírito, que opera uma mente, que opera um cérebro, que opera um corpo.<br />
O desequilíbrio, como podemos ver, pode ocorrer em todos os níveis, do mais genérico ao mais<br />
específico, e, portanto pode parecer crítico lidar com eles, o que não é necessariamente complicado.<br />
8
Por isso é importante estarmos em equilíbrio e evolução. Estar em equilíbrio e evolução, não é só<br />
cuidar do corpo físico... Muitas vezes resulta do cultivo e prática de certos valores, como<br />
cooperação, perdão e até hábitos perceptivos. É por isso que recebemos um ensinamento que tem o<br />
equilíbrio como eixo: “Amai ao próximo como a ti mesmo”.<br />
Na etiqueta chinesa, por exemplo, há uma tradição de cada um manter a xícara do outro cheia de<br />
chá. Isto faz com que as pessoas, além de praticar o cuidar, também treinem o hábito de olhar de<br />
vez em quando para o ambiente e para o outro, ao invés de manter a atenção exclusivamente em si.<br />
As pessoas precisam evoluir cuidando do seu corpo, da sua mente e do seu espírito,<br />
Qualquer fixação num dos níveis provoca desequilíbrio, infelicidade e doenças.<br />
Ocorre que por vezes o Mental (realidade Emocional/Racional), exige autoridade em tudo que diz.<br />
Logo, se instala um conflito, um barulho interno, que pode gerar a desintegração entre os corpos<br />
inferiores e conseqüentemente provocar doenças.<br />
Nesta realidade confusa e incompreendida, precisamos ouvir outra voz, a voz da nossa Alma...<br />
Para ouvir nossa Alma (Energia Divina, existência além da matéria,), temos de calar o barulho do<br />
medo em nossos três corpos inferiores e aprender a lei do silêncio. Do esvaziamento de nós<br />
mesmos, do ego, da pessoa.<br />
A idéia Zen da mente vazia, por exemplo, diz o professor Kenneth Kraft, estudioso budista da<br />
Universidade Lehigh, que a “Mente é símbolo do próprio universo; que na verdade, a mente do<br />
indivíduo e a mente do universo são consideradas como uma só coisa. Assim, quando esvaziamos<br />
nossa mente pessoal e menor,perdendo a arraigada autoconsciência, conseguimos mergulhar na<br />
mente universal, maior e mais criativa”.<br />
“A mente vazia não é a mente inconsciente; ao contrário, é uma percepção lúcida, durante a<br />
qual não se é perturbado pela costumeira tagarelice interior”.<br />
2.0 - O que é ser Integral?<br />
Integral – esta palavra significa integrar, reconciliar, juntar as partes, unir, abarcar. Ela não tem o<br />
sentido de uniformidade, nem relações com a tentativa de eliminar todas as extraordinárias<br />
diferenças, a multiplicidade de cores dos diferentes matizes do arco-íris humano. Essa palavra<br />
remete à idéia de unidade na diversidade, de compartilhar atributos comuns e respeitar nossas<br />
incríveis diferenças. Buscar, não só na humanidade, mas no Kosmos como um todo, uma visão mais<br />
abrangente, uma Teoria de Tudo (T.T.), que garanta um espaço legítimo para a arte, para a moral,<br />
para a ciência e para a religião.<br />
9
Uma conduta integralmente informada levará todas essas dimensões em consideração e, com isso,<br />
chegará a uma abordagem mais abrangente e eficiente.<br />
A questão é: será que é possível manter uma visão integral nos dias de hoje, dentro do clima de<br />
guerra cultural, de política da integridade, de um milhão de paradigmas conflitantes, do pós-<br />
modernismo descontrutivista, do relativismo pluralista e da política do eu?<br />
É possível que sim, só depende de “nós”. Uma prática de vida integral não dispensa conhecimentos,<br />
ideologias, sonhos, fé... Ao contrário, favorece o crescimento, o desenvolvimento na vida real, a<br />
transformação pessoal, mudança social, excelência nos negócios, consideração pelos outros ou<br />
simplesmente felicidade na vida.<br />
Como diz o mestre e doutor Taunay Daniel, “o conhecimento integral não invalida o conhecimento<br />
técnico... O conhecimento técnico não necessariamente transforma o conhecedor... O conhecimento<br />
Integral você esquece para transformar... Ele incorpora à pessoa e transforma... O conhecimento<br />
técnico é o que está fora, é igual ao TER... O conhecimento Integral é o que está dentro, é igual ao<br />
SER. Somos mais do que conhecimento técnico... Somos o que somos aqui e agora!”<br />
Talvez as massas estejam mais inclinadas à guerras tribal e à limpeza etnocêntricas; mas e se as<br />
próprias elites culturais tiverem essa mesma inclinação?<br />
Estamos falando, em outras palavras, sobre a ponta da lança da própria evolução da consciência,<br />
e se mesmo essa vanguarda estaria verdadeiramente pronta para uma visão integral.<br />
Consciência: um Instrumento divino que nos aproxima da Consciência Absoluta, que é DEUS.<br />
3.0 – A evolução da consciência<br />
Mas o que é Consciência e como surgiu?<br />
Como surgiu? Esta é uma pergunta para qual não há uma resposta. Admite-se, há muitos séculos,<br />
que existe um certo nível de consciência em todas as formas vivas, desde os minerais, passando<br />
pelos vegetais e animais até se tornar uma consciência auto-reflexiva como no ser humano. Um<br />
grande filósofo grego disse que “a consciência dorme no mineral, sonha no vegetal, desperta no<br />
animal e se torna consciência de si mesma no homem”.<br />
A questão fica ainda mais complexa quando entendemos que, no ser humano, a consciência se<br />
desdobra em níveis ou estágios bem diferenciados, que podem ser subconscientes e supra<br />
conscientes. Numa era extremamente voltada ao materialismo e avessa a tudo que indique a<br />
presença da subjetividade humana, devemos a Freud a descoberta da existência de níveis mais<br />
10
profundos e desconhecidos da mente, e que, não obstante, exercem enorme influencia em nosso<br />
modo de ser.<br />
Para a Neurociência, a Consciência faz parte do cérebro e que resulta da combinação dos milhões<br />
de neurônios que produzem efeitos eletroquímicos e que portanto a consciência é como algo que<br />
aparece quando o homem sente que ele um ser em si mesmo. Quando pode guiar a imaginação e<br />
conduzir a criatividade por meio dessa consciência. Quando compreende o que é a dor, o<br />
sofrimento, e também o prazer das outras pessoas. Sendo assim, consciência é fruto da<br />
necessidade básica de nos mantermos vivos; é aquele estado em que a pessoa está ciente de suas<br />
ações físicas e mentais.<br />
Para a Psicologia, a consciência em si refere-se à excitabilidade do sistema nervoso central aos<br />
estímulos externos e internos sob o ponto de vista quantitativo e, também, à capacidade de<br />
integração harmoniosa destes estímulos internos e externos, passados e presentes, sob o ponto de<br />
vista qualitativo.<br />
Para a Psicanálise, a consciência é o conjunto de mecanismos psíquicos que se opõem à<br />
expressão das pulsões primárias. A primeira forma de consciência passa pelas interdições parentais<br />
recalcadas pela criança e conseqüente formação do superego. A consciência reflete sempre a<br />
individualidade e unidade do ser humano e é obviamente lugar de todas as percepções,<br />
pensamentos e emoções do indivíduo.<br />
A cada conteúdo psíquico, a cada estado e processo psíquico, corresponde num momento um certo<br />
grau ou nível de consciência. Este nível de consciência pode modificar-se com o tempo,<br />
independentemente do conteúdo. Assim, reconhecemos modificações quantitativas da consciência.<br />
Quanto à qualidade das vivências conscientes, embora sejam suscetíveis de transformação<br />
ilimitada, estão associadas às propriedades e capacidades individuais.<br />
Para a Psicologia Transpessoal, a consciência não é igual ao ego. Pelo contrário possui um<br />
estatuto mais abrangente, e representa um saber Absoluto, o Todo, e quando se individualiza, tornase<br />
um saber que vai se sabendo, uma auto percepção que vai se constituindo e se alargando, como<br />
uma luz que vai abargando cada vez mais um espaço maior na escuridão do não-saber.<br />
É oportuno considerar aqui, um conceito importantíssimo que a psicologia Transpessoal herdou de<br />
Jung, A INDIVIDUAÇÃO, que implica na idéia de uma continuidade progressiva da consciência em<br />
direção a um estado de plenitude ao qual ele chamou de Self. Esse movimento dinâmico da<br />
consciência foi chamado por Jung de “processo de individuação”, e significa um caminhar universal,<br />
autônomo, inconsciente, em busca do equilíbrio dos conteúdos psíquicos conscientes e<br />
inconscientes, das dualidades, dos princípios feminino e masculino, de luz e sombra.<br />
11
Desse modo, a individuação leva a personalidade, gradualmente, de um estado inicial de<br />
indiferenciação originária a uma diferenciação crescente, até chegar à supremacia do ego, e daí<br />
começa a sutilização crescente de um estado de unidade com o todo, até chegar no Self.<br />
Mas afinal, quem somos? De onde vivemos? Para onde vamos? Porque o mundo existe? Qual o<br />
sentido da existência? Essas perguntas existem desde a infância da humanidade e as respostas que<br />
foram dadas, constituem o núcleo das grandes tradições espirituais do planeta, sabedoria<br />
tradicional que já foi desprezada em nome da ciência, mas agora vem recebendo notáveis<br />
confirmações por parte da moderna pesquisa cientifica da consciência.<br />
Estamos vivendo um momento de crise social e planetária como nunca aconteceu antes na história.<br />
O nível de desequilíbrio físico, moral e social atingiu um grau de ameaça tamanho, que não só a vida<br />
humana está em perigo, como a do próprio planeta.<br />
Por muito tempo se acreditou que o máximo que podíamos chegar em termos de evolução, era<br />
conquistar um diploma universitário, ter uma família bem sucedida, um cargo de chefia ou uma<br />
posição de destaque na sociedade.<br />
Esse ideal de evolução já não satisfaz mais algumas mentes mais exigentes, que acreditam que<br />
para além dessas metas culturais, existem outras que nascem do interior e apontam para um<br />
desenvolvimento do Ser, e não da pessoa (persona, ego).<br />
Algo nessas mentes, busca ir além daquilo que lhes foi ensinado como sendo a vida. Buscam algo<br />
que dê sentido ao viver. Não se contentam com o modelo de consumo, sucesso e status que é<br />
vendido como sendo aquilo que precisamos para ser felizes.<br />
Este novo cenário está diretamente relacionado com uma visão integral, isto é, temos em nós<br />
matéria, corpo, mente, alma e espírito, e com o modo como ela será recebida no mundo de hoje.<br />
Existem centenas de diferentes pesquisadores tratando do crescimento e desenvolvimento da mente<br />
– o estudo do desenvolvimento interior e da evolução da consciência. É claro que existem muitos<br />
desacordos e detalhes conflitantes, mas todos, em geral, contam uma história parecida do<br />
crescimento e do desenvolvimento da mente como uma série de estágios ou ondas que se<br />
desdobram.<br />
Uma coisa interessante com respeito aos estados de consciência é que, assim como vêm, eles vão<br />
embora. Até mesmo experiências de pico ou estados alterados de consciência, por mais profundos<br />
que sejam, surgem permanecem por um instante e desaparecem. Por mais maravilhosas que sejam<br />
suas capacidades, elas são temporárias.<br />
Não obstante, ainda que os estados de consciência sejam temporários, os estágios de consciência<br />
são permanentes. Os estágios representam as conquistas efetivas alcançadas em termos de<br />
crescimento e desenvolvimento. Uma vez que você tenha alcançado um estágio, ele se torna uma<br />
12
aquisição permanente... Uma vez que tenha atingido um estágio estável de crescimento e<br />
desenvolvimento, você terá acesso às capacidades desse estágio – como uma consciência maior,<br />
amor mais abrangente, mais responsabilidade ética, mais inteligência e percepção – em<br />
praticamente qualquer hora que desejar. Estados passageiros tornam-se características<br />
permanentes.<br />
Quantos estágios de desenvolvimento existem? Existem modos infinitos de fatiar e mensurar o<br />
desenvolvimento e, portanto existem modos infinitos de conceber os estágios, segundo Ken Wilber.<br />
De acordo com o sistema do chakras da filosofia do yoga, por exemplo, existem sete principais<br />
estágios ou níveis de consciência. Para o célebre antropólogo Jean Gebser, existem cinco estágios:<br />
arcaico, mágico, mítico, racional e integral.<br />
Eu em particular, gosto de um exemplo bem simples e eficaz colocado por Ken Wilber, que envolve<br />
três níveis ou estágios: Egocêntrico, etnocêntrico e mundicêntrico.<br />
Se tomarmos o desenvolvimento moral, por exemplo, constatamos que, ao nascer, a criança ainda<br />
não foi socializada nos valores éticos e convenções da cultura; esse estágio é chamado de estágio<br />
pré-convencional. É também chamado de egocêntrico, porque a percepção do bebê está em<br />
grande parte voltada para si mesmo, portanto centrada no “eu”. Mas assim que a criança começa a<br />
assimilar as regras e normas de sua cultura, ele vai entrando no estágio convencional da<br />
moralidade. Esse estágio é também chamado de etnocêntrico (tradicional ou conformista), uma vez<br />
que está centrado no grupo, tribo, clã, ou nação em que a criança está inserida e tende, portanto, a<br />
excluir os que não pertencem a esse grupo. Mas no importante estágio seguinte de desenvolvimento<br />
moral, o estágio pós-convencional, a identidade da criança volta a se expandir, dessa vez para<br />
incluir a consideração e a preocupação com todas as pessoas, independentemente de sua raça, cor,<br />
sexo ou credo, motivo pelo qual esse estágio é também é chamado de mundicêntrico. Aqui a<br />
identidade pessoal se expande novamente, só que dessa vez, do “nós” para o “todos nós” ou todos<br />
os seres humanos.<br />
E se o desenvolvimento prosseguir, o próximo estágio será o do desenvolvimento moral, ao qual<br />
Carol Gilligan chama de integrado, e depois...<br />
Transformar-se não é negar as experiências e os conhecimentos anteriores, e sim aplicá-los cada<br />
vez melhor. É mudar de atitude, e, isso começa em cada pessoa, para que seja realidade no grupo,<br />
na empresa e no país.<br />
13
4.0 – Figura: O Desenvolvimento psicológico e envolvimento<br />
Corpo = Eu = Egocêntrico<br />
Mente = Nós = Etnocêntrico e<br />
Espírito = Todos nós = Mundicêntrico.<br />
14
Grandes Contribuições: FREUD – JUNG – MASLOW e KEN WILBER<br />
5.0 – Freud e a Psicanálise<br />
instrumento de investigação e uma profissão.<br />
CAPÍTULO II<br />
Sigmund Schlomo Freud:<br />
austríaco, formado em medicina e<br />
especializado em tratamentos para<br />
doentes mentais, foi o pai da<br />
psicanálise.<br />
ID, EGO e SUPEREGO: uma<br />
topografia hipotética do aparelho<br />
psíquico.<br />
Freud criou o termo "psicanálise"<br />
para designar um método para<br />
investigar os processos<br />
inconscientes e de outro modo<br />
inacessíveis do psiquismo.<br />
A psicanálise, apesar de ter surgido<br />
apenas como um método de<br />
tratamento das neuroses, se<br />
configurou posteriormente em uma<br />
teoria geral da mente, uma terapia<br />
para os problemas anímicos, um<br />
Trata-se de um complexo fenômeno intelectual, médico e sociológico. (WARD, ZÁRATE, 2002).<br />
Como um teoria da mente humana, ela fornece uma topografia hipotética do aparelho psíquico<br />
dividido em três sistemas, a saber: inconsciente, pré-consciente e consciente. Mas como afirma<br />
Tallaferro (1996), eles não devem ser concebidos como estruturas rígidas e delimitados em três<br />
planos distintos. Antes, devem ser considerados como forças, como investimentos energéticos que<br />
se deslocam de certa forma, que têm um tipo de vibração específico.<br />
15
Dentro desses campos ou “regiões”, encontram-se as três instâncias chamadas id, ego e superego.<br />
O ID é a instância psíquica mais arcaica e se encontra totalmente no inconsciente. É onde se<br />
localizam as pulsões, e tem conexão íntima com o biológico. (TALLAFERRO, 1996). Segundo<br />
Mednicoff (2008), “o id está voltado a satisfazer nossas necessidades básicas desde o começo da<br />
vida. A atividade dele consiste em impulsos que buscam o prazer. Ele procura adquirir gratificação<br />
imediata e não suporta frustração. É aquele nosso lado instintivo que não mede as conseqüências<br />
dos atos para se satisfazer.”<br />
Já o EGO, assim como o superego, é formado a partir do id. Segundo Tallaferro (1996), o ego nada<br />
mais é, para Freud, “do que uma parte do id modificado pelo impacto ou a alteração das pulsões<br />
internas e dos estímulos externos”. De acordo com Mednicoff (2008), para compreender a formação<br />
do ego a partir do id devemos observar a vida dos bebês. Quando estão com fome, sujos ou com<br />
alguma necessidade, eles choram e quase que imediatamente seus cuidadores atendem aos seus<br />
pedidos. Mas à medida que crescem, percebem que nem sempre podem conseguir tudo o que<br />
desejam, e dessa forma precisam se adaptar às exigências e condições impostas pelo meio em que<br />
vivem. Isso mostra que enquanto o id é regido pelo chamado “princípio de prazer” (satisfação<br />
imediata, sem pensar nas conseqüências), o ego é regido pelo “princípio de realidade” (o que é<br />
possível alcançar em determinada situação, como alcançar, quais as conseqüências, etc.). O ego<br />
tem como principal papel, portanto, “coordenar funções e impulsos internos, e fazer com que os<br />
mesmos possam expressar-se no mundo exterior sem conflitos.” (TALLAFERRO, 1996).<br />
O SUPEREGO, por sua vez, começa a se formar à medida que a criança percebe que existem<br />
normas, regras e padrões morais que ela ouve tanto dos pais quanto da sociedade. Ela começa a<br />
ser ensinada sobre o que é feio, o que é vergonhoso, etc., e acaba incorporando essas crenças à<br />
estrutura psíquica, dando forma, assim, ao superego. (MEDNICOFF, 2008). Segundo Tallaferro<br />
(1996), ele é aquilo a que normalmente damos o nome de “consciência” ou “voz da consciência”. O<br />
superego, da mesma forma que nossos pais faziam, nos observa, guia e ameaça, sendo formado<br />
pela introjeção do pai repressor. Ainda de acordo com Tallaferro (1996), seu mecanismo de<br />
formação pode ser explicado pelo fato de que, com a incorporação do pai no ego, o filho introjeta a<br />
atitude “má” daquele com o intuito de conservar o pai “bom” no mundo exterior. Isso é, o filho abstrai<br />
a parte “má” do pai, a introjeta em sua consciência para manter o pai “bom” disponível no mundo<br />
real. Assim ele escapa do perigo do pai “mau” e obtém, ao mesmo tempo, a proteção representada<br />
pela imagem paterna “boa”. O superego é o responsável por nos infligir aquilo que denominamos<br />
“remorso” ou “peso na consciência”. É por essa razão que verificamos que pessoas que tiveram pais<br />
muito rígidos também são muito rígidas consigo próprias, mesmo que não percebam isso.<br />
Essas instâncias psíquicas (id, ego e superego) não ficam, cada uma, localizadas especificamente<br />
dentro ou do inconsciente, ou do pré-consciente ou do consciente. O ego, por exemplo, se localiza<br />
dentro dessas três regiões, assim como o superego. São campos de limites imprecisos, dentro dos<br />
quais essas instâncias adquirem características próprias desse nível da atividade psíquica.<br />
16
V<br />
A<br />
L<br />
O<br />
R<br />
E<br />
S<br />
(TALLAFERRO, 1996). E é dentro desse aparato, dessa topografia hipotética do aparelho psíquico,<br />
que se dá lugar toda a dinâmica do psiquismo.<br />
Sigmund Schlomo Freud (que em 1877 abreviou seu nome para Sigmund Freud), morreu em 23 de<br />
setembro de 1939, aos 83 anos.<br />
6.0 – Figura: Aparelho psíquico ou Estrutura psíquica<br />
V<br />
A<br />
T<br />
O<br />
P<br />
(Aparelho) ESTRUTURA PSÍQUICA<br />
CONSCIENTE Censura<br />
O EGO<br />
recebe<br />
estímulos<br />
através dos 5<br />
sentidos<br />
Ao agir,<br />
o EGO<br />
consulta<br />
os<br />
valores<br />
do<br />
indivídu<br />
o!<br />
EGO<br />
EU<br />
Busca a<br />
adequação<br />
da Psiquê à<br />
realidade do<br />
meio<br />
•<br />
ambiente,<br />
aos padrões<br />
sociais,<br />
morais,<br />
educacionais<br />
, etc.<br />
Contra - investe<br />
SUPEREGO<br />
Moral<br />
Consciente<br />
Tu<br />
É uma voz<br />
que te<br />
acusa,<br />
cobra e<br />
provoca<br />
Culpa.<br />
Moral<br />
Inconsciente<br />
Mudinho<br />
Não acusa<br />
diretamente,<br />
mas produz<br />
Distonias<br />
Emocionais,<br />
como:<br />
insônia,<br />
taquicardia,<br />
falta de ar,<br />
dor de<br />
cabeça, nos<br />
ombros e<br />
costas, fobia,<br />
pânico, etc...<br />
Modelo criado por: Wilson Pedreira de Cerqueira – psicanalista<br />
e elaborado por Silvia de Souza<br />
INCONSCIENTE<br />
RECALQUE<br />
Complexo de:<br />
* Mágoas<br />
* Culpas<br />
* Sentimento<br />
de<br />
Inferioridade<br />
* Etc... Tendências<br />
Empática<br />
“Nós”<br />
Egocêntrica<br />
“Eu”<br />
Investe<br />
ID<br />
INSTINTO<br />
Fonte dos<br />
impulsos<br />
que<br />
influencia<br />
m o ego a<br />
agir na<br />
busca do<br />
prazer.<br />
17
7.0 – Jung e o Inconsciente Coletivo<br />
Carl Gustav Jung: foi um psiquiatra<br />
suíço e fundador da psicologia<br />
analítica, também conhecida como<br />
psicologia junguiana.<br />
Os assuntos com que Jung ocupouse<br />
surgiram em parte do fundo<br />
pessoal que é vividamente descrito<br />
em sua autobiografia, "Memórias,<br />
Sonhos, Reflexões" (1961). Ao longo<br />
de sua vida Jung experimentou<br />
sonhos periódicos e visões com<br />
notáveis características mitológicas e<br />
religiosas, os quais despertaram o<br />
interesse por mitos, sonhos e a<br />
psicologia da religião. Ao lado destas<br />
experiências, certos fenômenos<br />
parapsicológicos emergiam, sempre<br />
para lhe redobrar o espanto e o<br />
questionamento.<br />
Por muitos anos Jung sentiu possuir<br />
duas personalidades separadas: um<br />
ego público, exterior, que era<br />
envolvido com o mundo familiar, e um eu interno, secreto, que tinha uma proximidade especial para<br />
com Deus. Ele reconhecia ter herdado isso de sua mãe, que tinha a notável capacidade de "ver<br />
homens e coisas tais como são". A interação entre esses egos foi o tema central da sua vida pessoal<br />
e contribuiu mais tarde para a sua ênfase no esforço do indivíduo para integração e inteireza.<br />
O pai, um reverendo, já deixou-lhe como herança uma fé cega que se mantinha a muito custo com o<br />
sacrifício da compreensão. A tarefa do filho seria responder a ele com uma fé renovada, baseada<br />
justamente no conhecimento tão rejeitado. Além disso, Jung viria a usar as escrituras como<br />
referência para a experiência interior de Deus, não como dogmas estáticos à espera de devoção<br />
muda, castradores do desenvolvimento pessoal. Ele lamentava que à religião faltasse o empirismo,<br />
que alimentaria a sede da personalidade:<br />
n.º 1, É que às ciências naturais, que também tanto o fascinavam devido ao envolvimento com a<br />
realidade concreta, faltasse o significado, que saciaria a personalidade.<br />
18
n.º 2. Os dois aspectos, religião e ciência, não se tocavam, daí sua constante insatisfação, devido ao<br />
desencontro das duas instâncias interiores. E foi dessa tentativa de saciar tanto um aspecto quanto<br />
ao outro, de fazer justiça ao ser como um todo, que decidiu formar-se em psiquiatria: "Lá estava o<br />
campo comum da experiência dos dados biológicos e dados espirituais, que até então eu buscara<br />
inutilmente. Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna<br />
realidade".<br />
Ao longo da sua juventude interessou-se por filosofia e por literatura, especialmente pelas obras de<br />
Pitágoras, Empédocles, Heráclito, Platão, Kant e Goethe. Uma das suas maiores revelações seria a<br />
obra de Schopenhauer. Jung concordava com o irracionalismo que este autor concedia à natureza<br />
humana, embora discordasse das soluções por ele apresentadas.<br />
Já estudante de medicina, decide dedicar-se à, então obscura, especialidade de psiquiatria, após a<br />
leitura ocasional de um livro do psiquiatra Krafft-Ebing. Em 1900, Jung tornou-se interno na Clínica<br />
Psiquiátrica Burgholzli, em Zurique, então dirigida pelo psiquiatra Eugen Bleuler, famoso pela sua<br />
concepção de esquizofrenia.<br />
Seguindo o seu treino prático na clínica, ele conduziu estudos com a associação de palavras. Já<br />
nessa época Jung propunha uma atitude humanista frente aos pacientes. O médico deveria "propor<br />
perguntas que digam respeito ao homem em sua totalidade e não limitar-se apenas aos sintomas".<br />
Desde cedo ele já adiantava a ideia do que hoje está ganhando força em todos os campos<br />
com o nome de "Holismo", o ponto de vista do homem integral. A seus olhos "diante do<br />
paciente só existe a compreensão individual". Por isso evitava generalizar um método, uma<br />
panaceia para um determinado tipo de anomalia psíquica. Cada encontro é único e, sendo assim,<br />
não pode incorrer em qualquer tipo de padronização.<br />
Anterior mesmo ao período em que estavam juntos (Freud e Jung), Jung começou a desenvolver um<br />
sistema teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde chamando-o<br />
de "Psicologia Analítica", como resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. O<br />
conceito de inconsciente já está bem sedimentado na sólida base psiquiátrica de Jung antes de seu<br />
contato pessoal com Freud, mas foi com Freud, real formulador do conceito em termos clínicos, que<br />
Jung pôde se basear para aprofundar seus próprios estudos. O contato entre os dois homens foi<br />
extremamente rico para ambos, durante o período de parceria entre eles. Aliás, foi Jung quem<br />
cunhou o termo e a noção básica de "complexo", que foi adotado por Freud.<br />
Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se<br />
dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto<br />
o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o<br />
inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com<br />
certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os<br />
arquétipos: da mesma forma que animais e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de<br />
instintos ("fato" este negado por correntes de ciências humanas, como por exemplo em antropologia<br />
19
o culturalismo de Franz Boas ), também é provável que em nosso psiquismo exista um material<br />
psíquico com alguma analogia com os instintos.<br />
Jung descobriu que todos nós carregamos uma herança psiquica tanto quanto genética. Ele define o<br />
inconsciente coletivo como essa parte da pisiquê, que deve sua existência exclusivamente à<br />
heridetariedade, e não a experiencias pessoais da história do indivíduo. Sua observação desse<br />
fenômeno se deve a sua pesquisa e estudos com o material dos sonhos de seus pacientes e de si<br />
próprio, bem como dos motivos relogioso, míticos e simbólicos da cultura.<br />
Desse modo, Jung diferencia-se radicalmente de Freud, que via o incosciente como um aspécto do<br />
psiquismo formado unicmente por conteúdos relacionados com a história individual, sendo o<br />
resultado dos recalques e pulsões reprimidas na primeira infância e constituindo o núcleo dos<br />
complexos.<br />
Para Jung, o consciente e o inconsciente são elementos de igual importância, mas o consciente é<br />
“descendente, nascido da psiquê incosciente”, o que significa que, primeiramente, há um “eu” em<br />
estado de incosciencia e indiferenciação, e desse estado começa a se formar um “ego”, constituido<br />
pelas identificações, projeções e auto-imagens, e que irá fazer parte da consciencia.<br />
Jung construiu sua própria casa de campo em Bollingen, para local de meditação. O <strong>trabalho</strong><br />
teve início em 1923 terminando em 1955. Nenhum pedreiro foi chamado. Alguns parentes o<br />
ajudaram no início, mas assim que a obra foi se tornando mais transparente ele não pediu mais<br />
ajuda a ninguém. A famosa torre da construção foi inspirada na arquitetura africana, continente que<br />
conheceu em 1920. Para ele a casa era “a representação em pedra dos meus mais íntimos<br />
pensamentos e dos conhecimentos que adquiri”. Está aí o processo de individuação. Não havia luz<br />
ou água encanada. O fogão era à lenha e só havia uma única e encardida panela de ferro para fazer<br />
toda a comida. E Jung era conhecido como um grande cozinheiro.<br />
Para Jung a religião era um fenômeno genuíno, uma função psíquica natural com múltiplas<br />
manifestações e sua importância no funcionamento da psique. Freud dizia que a religião era um<br />
derivado do complexo paterno e uma das sublimações do instinto sexual. Jung escreveu: “Entre<br />
todos os meus doentes, na segunda metade de suas vidas, isto é, com mais de 35 anos, não houve<br />
um só cujo problema mais profundo não fosse a questão religiosa. Todos, em última instância,<br />
estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos a<br />
seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recorrer a atitude religiosa que lhe fosse própria”.<br />
Sobre Deus: “Como cheguei a minha certeza sobre Deus? (…) Não se trata de uma idéia, de algo<br />
que fosse fruto de minhas reflexões. (…) Por que certos filósofos pretendiam que Deus fosse uma<br />
idéia? É perfeitamente evidente que Ele existe. (…) Para mim Deus era uma experiência imediata<br />
das mais certas”. Em uma entrevista para a BBC de Londres às vésperas de completar 80 anos<br />
declarou: “Não necessito crer em Deus. Eu sei”.<br />
20
Últimos dias:<br />
Carl Gustav Jung faleceu em 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa, margens do lago<br />
de Zurique, em Küsnacht após uma longa vida produtiva, que marcou - e tudo leva a crer que ainda<br />
marcará mais - a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, e também, em outros campos como a<br />
Arte, a Literatura e a Mitologia.<br />
Na casa em Küsnacht, onde morou de 1909 até o fim da vida, está gravado em pedra no alto da<br />
porta o oráculo de Delfos: Invocado ou não, Deus está sempre presente.<br />
8.0 – Maslow e a “Pirâmide de Maslow”<br />
Abraham Maslow: foi um Psicólogo<br />
norte-americano, criador da hierarquia<br />
de necessidades, conhecida como a<br />
“Pirâmide de Maslow”.<br />
Uma das muitas coisas interessantes<br />
que Maslow descobriu quando<br />
pesquisava o comportamento de<br />
macacos, logo no início de sua<br />
carreira, é que algumas necessidades<br />
têm mais prioridade que outras. Por<br />
exemplo, se você sente fome e sede,<br />
a tendência é tentar resolver a sede<br />
primeiro. Afinal, você pode ficar sem<br />
comida por semanas, mas apenas<br />
sobreviverá por alguns dias se não<br />
beber água. Por isso, a sede é uma<br />
necessidade “mais forte” que a fome.<br />
Do mesmo modo, se você está com<br />
muita sede e alguém impede você de<br />
respirar, o que é mais importante? A<br />
necessidade de respirar é claro. Por<br />
outro lado, sexo é a necessidade<br />
mais fraca de todas essas. Afinal, você não vai morrer se ficar sem fazer sexo.<br />
21
Na psicologia, defendeu a idéia de que as necessidades fisiológicas devem ser saciadas para que<br />
posteriormente sejam saciadas as necessidades de segurança, e na ordem as sociais, de<br />
autoestima e a auto-realização, etapa final da felicidade do ser humano.<br />
Maslow foi um pensador surpreendentemente original, pois a maioria dos psicólogos antes dele<br />
estava mais preocupada com a doença e com a anormalidade. Maslow queria saber o que constituía<br />
a saúde mental positiva. A psicologia humanista, corrente impulsionada por ele, deu origem a<br />
diversas diferentes formas de psicoterapia, todas guiadas pela idéia de que as pessoas possuem<br />
todos os recursos internos necessários ao crescimento e à cura e o objetivo da terapia é remover os<br />
obstáculos para que o indivíduo consiga isso. A mais famosa dessas técnicas foi a terapia centrada<br />
na pessoa, desenvolvida por Carl Rogers. Maslow foi também um dos grandes impulsionadores do<br />
movimento transpessoal em psicologia.<br />
O modelo de hierarquia de necessidades foi desenvolvido entre 1943 e 1954, e sua primeira<br />
publicação extensiva ocorreu em 1954, no livro Motivação e Personalidade. Nessa época, o modelo<br />
de hierarquia de necessidades era composto de cinco níveis, esses que apresentamos aqui. Mais<br />
tarde, em seu livro Introdução à Psicologia do Ser (1962), que acabou por se tornar o mais popular,<br />
Maslow já apresentava uma noção mais ampliada das necessidades humanas e já incorporava<br />
elementos do que seriam a semente do pensamento transpessoal em Maslow, em especial a<br />
noção de transcendência. Estudiosos da obra de Maslow posteriormente refizeram a clássica<br />
pirâmide, que passou então a ter oito camadas:<br />
22
Pirâmide de Necessidades de Maslow - 8 níveis<br />
No fim de sua vida, Maslow inaugurou o que ele chamou de Quarta Força em psicologia. O<br />
behaviorismo era a primeira força; A psicanálise freudiana e demais “psicologias profundas”<br />
constituíam a segunda; sua própria Psicologia Humanista, incluindo os existencialistas europeus era<br />
a terceira força. A Quarta Força é representada pela Psicologia Transpessoal que, buscando<br />
inspiração nas filosofias orientais, pesquisa assuntos como meditação, níveis superiores de<br />
consciência, e mesmo fenômenos parapsicológicos. Talvez o psicólogo transpessoal mais conhecido<br />
atualmente seja Ken Wilber, autor de livros como O Projeto Atman e Uma Breve História de Tudo.<br />
Maslow depositava uma esperança otimista nessa nova corrente da psicologia. Vejamos suas<br />
próprias palavras, no Prefácio à segunda edição de “Introdução à Psicologia do Ser”:<br />
“Considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia, apenas transitória, uma<br />
preparação para uma Quarta Psicologia ainda “mais elevada”, transpessoal, trans-humana, centrada<br />
mais no cosmo do que nas necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da<br />
identidade, da individuação e quejandos. [...] Esses novos avanços podem muito bem oferecer uma<br />
satisfação tangível, usável e efetiva do “idealismo frustrado” de muita gente entregue a um profundo<br />
desespero, especialmente os jovens. Essas Psicologias comportam a promessa de desenvolvimento<br />
de uma filosofia de vida, de um substituto da religião, de um sistema de valores e de um programa<br />
de vida cuja falta essas pessoas estão sentindo. Sem o transcendente e o transpessoal ficamos<br />
doentes, violentos e niilistas, ou então vazios de esperança e apáticos. Necessitamos de algo<br />
“maior do que somos”, que seja respeitado por nós próprios e a que nos entreguemos num<br />
novo sentido, naturalista, empírico, não-eclesiástico [...]’.<br />
23
Maslow não chegou a ver fundado a Associação de Psicologia Transpessoal (Association for<br />
Transpersonal Psychology), o que só ocorreu em 1972, dois anos após sua morte.<br />
Pensamentos de Maslow<br />
“Não acredito que a ciência mecanicista (que na psicologia corresponde ao behaviorismo) esteja<br />
incorreta, mas apenas que seja estreita e limitada demais para que sirva como uma filosofia geral ou<br />
abrangente.” — A. H. Maslow, Psychology of Science: A Reconnaissance<br />
“Se você planeja ser qualquer coisa menos do que aquilo que você é capaz, provavelmente você<br />
será infeliz todos os dias de sua vida.” — A. H. Maslow<br />
“Fui um garoto tremendamente infeliz… Minha família era miserável e minha mãe era uma criatura<br />
horrível… Cresci dentro de bibliotecas e sem amigos… Com a infância que tive, é de se surpreender<br />
que eu não tenha me tornado um psicótico”. (Maslow apud Hoffman, 1999, p. 1)<br />
Abraham Maslow faleceu em 8 de junho de 1970, aos 62 anos, de ataque cardíaco - após anos de<br />
problemas de saúde. Ele passou os anos finais de sua vida em semi-reclusão na Califórnia até 08 de<br />
junho de 1970, quando morreu de ataque cardíaco.<br />
9.0 – KEN WILBER e a Psicologia Integral<br />
Ken Wilber: (Kenneth Earl Wilber Jr.),<br />
nascido em 31 de Janeiro de 1949,<br />
Oklahoma City (EUA), é um famoso<br />
pensador e criador da Psicologia<br />
Integral, e de forma mais geral do<br />
Movimento Integral.<br />
Sua obra concentra-se basicamente na<br />
integração de todas as áreas do<br />
conhecimento (ciência, auto-ajuda, arte,<br />
ética e espiritualidade). A preocupação em<br />
unir ciência e religião apoia-se em sua<br />
própria experiência e na de diversos<br />
místicos de algumas das grandes tradições<br />
de sabedoria, tanto ocidentais quanto<br />
orientais; aliado à sua releitura transpessoal<br />
da psicologia analítica de Carl Gustav Jung.<br />
24
Mesmo sendo considerado um fundador da escola da Psicologia Transpessoal, desde então ele se<br />
dissociou dela. Em 1998 Wilber fundou o Instituto Integral (Integral Institute), organização que reúne<br />
os inúmeros pensamentos nas questões sobre a ciência e a sociedade de maneira integral. Ele tem<br />
sido pioneiro no desenvolvimento da Psicologia Integral, da Política Integral - e, mais recentemente,<br />
de uma nova Espiritualidade Integral.<br />
Em seus novos <strong>trabalho</strong>s, Wilber dedica-se à prospecção de uma "Teoria de Tudo", um metamodelo<br />
do conhecimento já produzido que possa unificar e estruturar a visão do que chama de Kosmos:<br />
físico, vida, mente, alma e espírito.<br />
Em "Uma Teoria de Tudo" (A Theory of Everything), texto introdutório ao paradigma integral, Wilber<br />
sintetiza suas teorias e ferramentas, e propõe uma visão integral - e unificável - para os negócios, a<br />
política, a ciência e a espiritualidade.<br />
Em "Espiritualidade Integral", Wilber expande sua visão Integral para formular uma nova teoria para<br />
a espiritualidade, propondo um papel inovador para a religião, transcendência e sua aplicação no<br />
cotidiano.<br />
Seguindo a tradição de muitos escritores de auto ajuda, Ken Wilber possui também uma obra de<br />
ficção (Boomerite: Um Romance que deixará você livre), onde seus questionamentos e conceitos<br />
podem ser absorvidos didaticamente ao serem retratados no cotidiano de um homem de seu tempo.<br />
Ken Wilber: 1ª entrevista brasileira (por Felipe Cherubin - em 29/08/2010 | Cultura, Entrevistas e perfis)<br />
Sobre psicologia transpessoal<br />
Quando eu comecei a escrever, era comum dizer que haviam quatro escolas de psicologia:<br />
psicanalítica, behaviorista, humanista e a transpessoal. Eu comecei escrevendo como psicólogo<br />
transpessoal, mas ao longo de dez anos eu pude constatar que a psicologia transpessoal<br />
apresentava muitas deficiências, não abria espaço para incluir muitas das verdades importantes das<br />
outras escolas.<br />
Então eu formalmente me distanciei da psicologia transpessoal e passei a chamar aquilo que estava<br />
fazendo de psicologia integral. Naquela época, nos Estados Unidos, entre um terço e talvez a<br />
metade dos psicólogos transpessoais vieram a mim e passaram a se identificar como psicólogos<br />
integrais. O termo integral foi selecionado para tentar dar uma indicação de que incluíamos todas<br />
aquelas escolas de psicologia na tentativa de desenvolver modelos mais abrangentes.<br />
Sobre um livro chamado “Uma Teoria de Tudo<br />
O título foi uma brincadeira que fiz. A razão porque escolhi esse título é que, de fato, no mundo da<br />
física existe uma busca daquilo que se convencionou chamar “Uma Teoria de Tudo”. O que eu quis<br />
fazer foi dizer:<br />
25
Espere um pouco, o que vocês estão chamando de “tudo” na realidade engloba uma parte muito<br />
pequena do mundo. Ao chamá-la de tudo e ao dizer que vocês têm uma teoria para tudo, vocês<br />
estão sendo incrivelmente reducionistas, ligando-se a um materialismo incrivelmente limitado onde<br />
não há espaço para o mundo interior: a consciência, as emoções, os valores, o bem e a beleza.<br />
Vocês reduzem o mundo a quatro forças – força nuclear forte, força nuclear fraca, força<br />
eletromagnética e força gravitacional –, alegam que essas são as únicas forças que existem na<br />
natureza e assim, na teoria de tudo, vocês mostram apenas como essas forças interagem.<br />
Bem, não resta dúvida de que seria uma descoberta importante se, de fato, fosse possível criar um<br />
único modelo físico que englobasse toda a realidade do mundo em que vivemos. Contudo, eu dei<br />
esse título para caçoar dessa noção de que você pode reduzir tudo a um punhado de partículas.<br />
Uma outra razão porque eu usei esse título foi porque, se você quer uma teoria que vai falar sobre<br />
tudo, então eu ofereço um modelo que, pelo menos, engloba muito mais aspectos da realidade. Este<br />
meu livro foi, portanto, uma maneira de chamar a atenção para o fato de que a busca desse tipo de<br />
materialismo científico é, na realidade, uma filosofia muito pobre. Um alerta para que as pessoas<br />
tenham cuidado com esse reducionismo simplista.<br />
Sobre religião, ciência e espiritualidade<br />
Eles são claramente três das mais importantes disciplinas que os seres humanos abraçam e são<br />
variações do Bem, da Verdade e da Beleza (ou Moral, Ciência e Arte).<br />
A ciência, naturalmente, é muito importante por causa dos insights e a verdade que ela propicia nas<br />
dimensões objetiva e intersubjetiva. As ciências trouxeram uma contribuição enorme ao mundo<br />
moderno e pós-moderno nos dando de tudo, desde a cura de doenças até nos colocar na Lua. É<br />
claramente uma parte importante do esforço humano no mundo.<br />
Já a espiritualidade e a religião são interessantes porque ambas estão se tornando cada vez mais<br />
separadas. É comum para as pessoas nos Estados Unidos dizerem que “São espirituais, mas não<br />
religiosas”, ou seja, elas estão separando ambas, elas se identificam com o espiritual mas não com<br />
a religião, existe algo sobre a religião que eles não apreciam e existe algo na espiritualidade que<br />
eles gostam e esta é a razão deles se definirem daquela forma.<br />
A espiritualidade significa uma consciência mística de uma experiência imediata, que passa<br />
diretamente por alguma forma de experiência que não pode ser descrita como parte de alguma<br />
mitologia ou dogma, mas pura e simplesmente uma experiência imediata. A religião para essas<br />
pessoas significa as formas institucionais de religião e seus mitos, crenças e dogmas; e elas não se<br />
sentem mais confortáveis com esse tipo de religião mas se sentem confortáveis com aquilo que eles<br />
denominam de espiritualidade, que consiste em não acreditar em dogmas e sim em um processo<br />
que emerge na consciência pessoal.<br />
26
Claramente ambas existem e são importantes para os seres humanos. Provavelmente cerca de 60%<br />
da população mundial freqüenta algum tipo de religião institucional, seja ela islamismo, judaísmo,<br />
cristianismo, budismo ou hinduísmo, eles acreditam em seus fundamentos, sendo muito importante<br />
o significado de tudo isso em suas vidas.<br />
Essas questões são centralmente importantes para a condição humana e , assim, continuo a<br />
escrever sobre ciência, espiritualidade e religião em uma tentativa de mostrar como elas se fundem<br />
e como elas podem ser incluídas em uma visão de mundo coerente.<br />
Sobre as principais características do novo milênio<br />
É interessante notar que pela primeira vez na história os principais problemas mundiais são globais<br />
e são essencialmente provocados pela ação do homem – e isso inclui coisas como a crise global<br />
financeira, a crise ambiental das mudanças climáticas e o terrorismo.<br />
Essas questões são de fato globais, são tendências transnacionais e não há nada que uma nação<br />
individualmente possa fazer. Então, estamos enfrentando não apenas problemas que são globais<br />
em sua natureza, mas que exatamente por isso as suas soluções precisam, também, ser globais.<br />
27
Psicologia Transpessoal: Uma nova abordagem<br />
10.0 – Equilibrando os aspectos intelectuais, emocionais, físicos, sociais e espirituais<br />
CAPÍTULO III<br />
A Psicologia Transpessoal é a abordagem mais atual dentro da psicologia. Esta nova forma de<br />
pensamento psicológico consolidou-se como tal na segunda metade do século XX. A maioria de<br />
seus expoentes ainda estão vivos, produzindo novos <strong>trabalho</strong>s e ampliando o conhecimento desta<br />
nova abordagem.<br />
A abordagem transpessoal é uma forma de ver o homem. As psicologias anteriores viam o homem<br />
como individuo que devia que se adaptar a sociedade na qual estava inserido; adaptar seu ego, sua<br />
forma de ser. Os conflitos do homem eram vistos como dificuldades dessa adaptação. As terapias<br />
visavam promover mudanças nos indivíduos para que conseguissem viver de forma harmônica com<br />
cultura da sociedade.<br />
A psicologia transpessoal dá um passo a mais. Não nega as psicologias anteriores, as integra dentro<br />
de uma nova visão do homem. Confirma a necessidade de o homem viver em sociedade de forma<br />
harmônica e amplia essa necessidade de harmonia para com a natureza que o cerca, com o planeta<br />
(ecologia) e vai alem. Vê a necessidade de o homem viver em harmonia como grupo, como<br />
humanidade que se integra com o resto da Existência. É uma mudança paradigma como foi a de<br />
Galileu em que o planeta Terra deixou de ser o centro e viu o Sol como tal. Essa mudança de<br />
paradigma é uma ampliação de consciência, uma ampliação da percepção: ver o homem inserido<br />
num sistema muito maior, interagindo e ampliando a sua consciência.<br />
A ampliação de consciência nas psicologias anteriores significa ver, perceber ou de alguma forma<br />
assumir comportamentos, sentimentos, padrões de pensamentos e posicionamentos íntimos que<br />
estavam produzindo conflitos no individuo. Essa consciência habilita ao homem a promover<br />
mudanças nele para atingir uma situação mais confortável e socialmente mais adaptada.<br />
Na psicologia transpessoal isso ainda continua valendo, só que o objetivo já não é a adaptação do<br />
individuo à cultura da sociedade, e sim a integração do indivíduo numa realidade maior, numa<br />
realidade social e ecológica. É o individuo fazendo parte e servindo a algo maior que ele. Para<br />
produzir essa integração é necessário entender o que é a visão transpessoal do homem.<br />
28
11.0 – Visão Transpessoal do Homem<br />
A psique humana impulsiona o individuo a vivenciar uma experiência. O sujeito sente desejos,<br />
vontade de fazer algo na sua realidade, que inclui família, outros indivíduos, instituições e natureza<br />
em que ele habita. O homem está inserido nesses sistemas que estão interligados entre si, e toda<br />
ação que ele pratique tem seu reflexo nesses sistemas.<br />
Dessa interação é que surgem os conflitos, da expressão não tão acertada do desejo do individuo no<br />
sistema em que ele atua. Para esclarecer o que é um sistema consideremos o primeiro sistema em<br />
que nascemos, ou seja, a família. Outro sistema é o bairro, a cidade, o estado, o pais em que<br />
vivemos. E nesses locais fazemos parte de outros sistemas: instituições de ensino por onde<br />
passamos, empresas nas quais trabalhamos, etc.<br />
As psicologias anteriores ajudam ao individuo a adaptar seus desejos e vontades numa expressão<br />
harmônica com esses sistemas através da ampliação de consciência, e pára por ai.<br />
A Psicologia Transpessoal olha pro homem como um Ser integrado nos sistemas. Dos<br />
conflitos vividos, da percepção da sua própria expressão e da reação do sistema surgem novas<br />
formas de ação mais comprometidas com a realidade que o cerca, com os sistemas aos quais se<br />
pertence. Nasce a consciência transpessoal, alem de sua pessoa.<br />
Esta é a consciência de que seu desejo serve a um propósito maior, ao propósito do sistema<br />
ao qual ele pertence. Transcende a percepção de sua atuação para um nível em que ele faz parte<br />
de algo maior.<br />
A evolução da consciência consiste na percepção de nossa inserção nos sistemas, das<br />
conseqüências de nossas ações e do saber da expressão das vontades. Quando o individuo<br />
progride, o sistema progride através dele. Quando o individuo se harmoniza na sua expressão, o<br />
sistema se harmoniza.<br />
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Considerações Finais<br />
12 - Uma experiência transpessoal pessoal...<br />
CAPÍTULO IV<br />
A prática de servir ao desenvolvimento do outro cria um vínculo tão poderoso que, quando a pessoa<br />
(paciente), atinge seus objetivos, é como se o próprio terapeuta (transpessoal), estivesse no “pódio”.<br />
E de verdade está, pois o objetivo do terapeuta é assegurar que o paciente produza os resultados<br />
desejados.<br />
Na vida não somos treinados para escutar e sim para não dar ouvidos aos outros... Por isso, o<br />
curador transpessoal tem por dever saber calar a sua pessoa, para ouvir a sua Alma e do seu<br />
paciente; se não, também imerso em seus barulhos internos, ele vai ouvir seus próprios barulhos<br />
projetados no outro que está diante de si.<br />
Na maioria das vezes, visualizamos um propósito de vida poderoso à medida que realizamos<br />
projetos intermediários, ou seja, entre aquilo que eu tenho como valioso para mim e aquilo que<br />
atende exclusivamente aos desejos e necessidades dos outros. Esta é a própria dialética da<br />
construção. Só que, para descobrir que eu queria de fato dedicar-me a transformação humana<br />
(do outro), eu precisei transformar-me algumas vezes. Hoje entendo que sem conhecer o<br />
caminho da transformação pessoal, fica difícil (se não impossível), facilitar a transformação<br />
dos outros.<br />
Percebo-me como uma pessoa privilegiada porque <strong>trabalho</strong> naquilo que gosto e que me estimula a<br />
dar o meu melhor para as pessoas. A minha busca por novos e conhecimentos e técnicas é uma<br />
forma de servir/retribuir tudo que tenho recebido das pessoas, pacientes, clientes, enfim... da vida!<br />
13 - Contribuição da Psicologia Transpessoal para mim...<br />
Tenho procurado aplicar nos meus atendimentos ou sessões, o método da Psicologia Transpessoal,<br />
ou seja, uma abordagem intercultural, inter-religiosa e interdisciplinar.<br />
As técnicas relacionadas ao Psicodrama, Arteterapia, 4 Elementos, Cone Hindu, Transpedagogia,<br />
Relaxamento e Meditação, até então desconhecidas por mim, contribuiram muito no<br />
aperfeiçoamento do meu <strong>trabalho</strong>.<br />
A utilização de cada uma delas no momento e com o cliente/paciente apropriados, tem trazido<br />
resultados muito positivos.<br />
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14 - Conclusão<br />
CONCLUSÃO<br />
Você já notou que na história de praticamente todos os Grandes Homens e Mulheres ligados à<br />
espiritualidade, nas mais diversas tradições da humanidade, sempre há uma narrativa sobre o<br />
deserto e a montanha?<br />
Eu, Você, Nós, precisamos de muita energia para atravessar “o deserto” e subir a “montanha”.<br />
Há períodos de “aridez” e “escalada” na vida de todos nós. Para vencê-los, precisamos associar<br />
energia física, mental e espiritual.<br />
Todos os grandes atletas, artistas e gênios da humanidade, sempre foram unânimes em afirmar que<br />
precisamos estar de “corpo e alma” naquilo que fazemos, para fazê-lo bem.<br />
Tudo que existe precisa de nutrição para continuar a existir. Precisamos nutrir o corpo, a mente e a<br />
alma, se quisermos possuir a energia necessária para vencer todos os obstáculos.<br />
Desprezar as necessidades do corpo, cedo ou tarde, ele cobrará o seu preço. Um corpo sem<br />
energia pode não impedir-nos de todas as nossas realizações, mas seguramente, tornará muito<br />
mais difícil atingi-las.<br />
Uma mente exaurida, desnutrida não consegue manter-se ativa e focada por muito tempo. E um<br />
espírito afastado da luz, perde seu próprio brilho.<br />
Lembre–se de alimentar seus três tipos básicos de existência: físico, mental e espiritual.<br />
Cuidando do espírito<br />
Nossa existência não possui apenas características passíveis de explicação somente pela ciência ou<br />
pela lógica formal; independente de qualquer vinculação a essa ou aquela doutrina religiosa, as<br />
repercussões da força espiritual, ético/moral do Homem, são inegáveis.<br />
Observe o poder da oração e suas repercussões, e comprove por si mesmo, a fantástica<br />
característica transcendente de sermos humanos, conectados à Fonte da Vida.<br />
Amor, Entusiasmo, Coragem e Fé, são os verdadeiros remédios para a alma; nenhum mal pode<br />
resistir à ação conjunta desses gigantes.<br />
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Dedique mais tempo a cuidar da vida em seus três aspectos propostos. Se você acredita não<br />
possuir tempo para todos, certamente não é problema de tempo, e sim de prioridade. Se ainda<br />
assim você preferir se defender dizendo que lhe falta tempo para tudo, ao menos não se esqueça de<br />
de um deles: o amor.<br />
Em algum momento você precisará de muita energia para atravessar o deserto e subir a montanha.<br />
Acredite, a travessia valerá a pena, e a escalada revelará cenários inesquecíveis e reflexões<br />
fundamentais.<br />
Lembre-se que: Seus filhos crescem, os amigos partem, o corpo envelhece, o sexo se modifica e a<br />
oportunidade para amar, ainda que sempre exista, nunca contará com a mesma quantidade de<br />
tempo disponível.<br />
Então, para ser um Ser Integrado e Integral, precisamos cuidar de nós, sem esquecer o<br />
nosso próximo.<br />
E como podemos acabar com o nosso egocentrismo?<br />
Mudando o foco do em mim, para o foco do em Deus, o EU SOU!<br />
Ninguém. Nem mesmo Deus fez Deus. “Desde os dias mais antigos eu sou” (Bíblia Sagrada – Isaias<br />
43:13). Por essa razão, temos Deus fazendo afirmações como “antes de Abraão nascer, Eu Sou!”<br />
(Bíblia Sagrada – João 8: 58).<br />
Deus nunca diz “eu fui”, porque ele ainda o é. Ele é – agora – nos dias de Abraão e até o final dos<br />
tempos. Ele é eterno. Ele não vive momentos seqüenciais, dispostos em uma linha do tempo, um<br />
seguido do outro. Seu mundo é um momento ou, melhor dizendo, sem momentos. Ele não vê a<br />
história como uma progressão de séculos, mas como uma única fotografia. Ele captura sua vida, sua<br />
vida inteira, em apenas um olhar. Ele vê seu nascimento e sua morte em uma moldura só. Ele<br />
conhece seu começo e seu fim, porque ele não tem nenhum dos dois.<br />
ELE permite que você sobressaia, para que você possa Fazê-lo ser percebido.<br />
Pensemos agora no que havia em nossa percepção cinco minutos atrás. A maioria das sensações<br />
fisicas mudou e, provavelmente a maior parte do ambiente também mudou. Mas algo não mudou.<br />
Algo em você permanece agora sendo o mesmo que cinco minutos atrás. O que está presente agora<br />
que esteve presente cinco minutos atrás?<br />
O “Eu sou”. O sentimento-percepção do “Eu sou” continua presente. Eu sou essa percepção sempre<br />
presente. Essa percepção está presente agora, esteve presente um instante, 1 minuto, 5 minutos, 5<br />
horas, 5 anos, 5 séculos atrás.<br />
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É uma percepção que está sempre presente, radiante, aberta, vazia, clara, ampla, transparente,<br />
livre. Sempre se autoconhecendo, se auto-reconhecendo e se auto-avaliando.<br />
Todos os meus pensamentos mudaram, todas as sensações do meu corpo mudaram, o ambiente ao<br />
meu redor mudou, muitos objetos apareceram e desapareceram, tantos sentimentos vieram e se<br />
foram, muitos pensamentos surgiram e foram embora, muitos dramas e terrores e amores e ódios<br />
vieram, ficaram por um tempo e se foram. Mas uma coisa não veio nem foi embora. O que é essa<br />
coisa? Essa percepção intemporal sempre presente do “Eu sou” .<br />
Toda pessoa tem essa mesma percepção do “Eu sou” – porque ela não é um corpo, não é um<br />
pensamento, não é um objeto, não é o ambiente circundante, não é nada que possa ser visto, mas é<br />
antes Aquele que Vê, o Observador sempre presente, o Testemunho constante, aberto e vazio de<br />
tudo que está surgindo em toda e qualquer pessoa, em qualquer mundo, lugar e tempo em todos os<br />
mundos até o fim dos tempos...<br />
E o que esteve presente 5 milenios atrás?<br />
Antes de Abraão existir, EU SOU. Antes de o universo existir, EU SOU. Esta é a minha Face<br />
original, a face que eu tinha antes de meus pais nascerem, a face que eu tinha antes de o universo<br />
nascer, a Face que eu tive por toda eternidade...<br />
Antes de Abraão existir, EU SOU.<br />
EU SOU não é nada mais do que o Espírito na primeira pessoa, o Ser último, sublime e radiante<br />
criador de tudo e de todo o Cosmos, presente em mim, em você, nele, nela e neles – como a<br />
persepção sempre presente do “Eu Sou” que todo e cada um de nós sente.<br />
Vida é tempo! Viva a vida na plenitude, viva com energia. Cuide do seu corpo, da sua mente e do<br />
seu espírito!<br />
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14 - Referências Bibliográficas<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ALVAREZ, Mani, Apostila a Evolução da Consciência na Civilização, Campinas, março/2011.<br />
ALVAREZ, Mani, Apostila a Mitos e Arquétipos: Uma Introdução ao Pensamento de Jung,<br />
Campinas, março/2011.<br />
ALVAREZ, Mani, Apostila o Sistema Energético Humano e Novo Paradigma Holístico na Saúde.<br />
Campinas, abril2011.<br />
ALVAREZ, Mani, Apostila a Catografia da Consciência, Campinas, outubro/2011.<br />
ARAÚJO, Ane, Coach um parceiro para seu sucesso, Ed. Gente, 1999.<br />
GOLEMAN, Daniel, Espírito Criativo, Ed.Cultrix, São Paulo, 1999-2000.<br />
WILBER, Ken, Uma Teoria de Tudo, Ed.Cultrix, São Paulo, 2003.<br />
WILBER, Ken, A Visão Integral, Ed.Cultrix, São Paulo, 2009.<br />
MEDNICOFF, Elizabeth. Dossiê Freud. São Paulo: Universo dos Livros, 2008.<br />
TALLAFERRO, Alberto. Curso básico de Psicanálise. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.<br />
WARD, Ivan; ZÁRATE, Oscar. Psicoanálisis para principiantes.<br />
JUNG, C. G.. Phénomènes occultes. Paris: Ed. Montaigne, 1939.<br />
ROCHA FILHO, J.B. Física e Psicologia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003, 4a ed. (Google Books)<br />
LUCADO, Max, Você Não Está Sózinho, Ed.Thomas Nelson, Rio de Janeiro, 2010.<br />
Internet:<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow<br />
http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Maslow_Biografia.htm<br />
http://www.watchtower.org/t/bh/article_07.htm<br />
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/atitudes_mente_corpo.htm<br />
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