A Agricultura eo Desafio do Desenvolvimento Sustentável - Embrapa
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A <strong>Agricultura</strong> e o <strong>Desafio</strong> <strong>do</strong> <strong>Desenvolvimento</strong> <strong>Sustentável</strong><br />
plataformas densas de trigo e cevada selvagem. Isso<br />
significa que o Crescente Fértil oferecia certos locais<br />
específicos extraordinariamente ricos para ban<strong>do</strong>s<br />
ambulantes de caça<strong>do</strong>res-coletores humanos. Eles não<br />
só caçavam animais e colhiam plantas comestíveis,<br />
mas também juntavam os cereais abundantes que<br />
cresciam de forma selvagem na região.<br />
Logo foi descoberto que os cereais podiam ser<br />
armazena<strong>do</strong>s para consumo durante meses ou mesmo<br />
anos, se fossem manti<strong>do</strong>s secos e em algum lugar<br />
seguro. Essa descoberta levou ao desenvolvimento de<br />
instrumentos e técnicas para colher, processar e<br />
armazenar grãos. Isso exigia muito esforço, mas<br />
constituía uma maneira de se proteger contra a<br />
possibilidade de escassez de alimentos no futuro. A<br />
habilidade em armazenar cereal começou a encorajar<br />
as pessoas a permanecer em um único lugar e cultivar<br />
trigo e cevada intencionalmente. Em conseqüência,<br />
surgiram os primeiros assentamentos permanentes e<br />
os primeiros recipientes de barro para cozinhar e<br />
armazenar alimentos.<br />
A agricultura espalhou-se por to<strong>do</strong> o Crescente Fértil,<br />
entre 7000 e 5.000 a.C., à medida que um número<br />
crescente de plantas e animais era <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong> e<br />
novas técnicas de irrigação eram incorporadas,<br />
tornan<strong>do</strong> possível sua expansão nas terras baixas<br />
quentes e secas da Mesopotâmia e <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> Nilo, no<br />
Egito. Assim, com o advento revolucionário da<br />
agricultura, o homem passou a desenvolver trabalhos<br />
que modificavam o meio natural para produzir vegetais<br />
e animais úteis a si próprio. A agricultura, então,<br />
possibilitou ao homem transcender os limites naturais<br />
impostos pelo meio físico, porque ele passou a<br />
modificá-lo em seu próprio benefício.<br />
Evolução da <strong>Agricultura</strong><br />
Desde essa remota origem, a agricultura tem sofri<strong>do</strong><br />
uma evolução contínua, procuran<strong>do</strong> sempre favorecer<br />
a espécie de seu interesse. A agricultura dita moderna<br />
surge nos séculos XVIII e XIX, a partir da<br />
intensificação <strong>do</strong>s sistemas rotacionais com plantas<br />
forrageiras e da fusão das atividades agrícola e<br />
pecuária. Nessa fase, conhecida como Primeira<br />
Revolução Agrícola, a introdução de plantas<br />
forrageiras nos sistemas produtivos, além de servir<br />
como fonte alimentar para os animais, possibilitou<br />
melhorias na fertilidade <strong>do</strong>s solos, principalmente<br />
quan<strong>do</strong> se empregaram plantas leguminosas, capazes<br />
de fixar o nitrogênio atmosférico.<br />
Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, o químico alemão Justus<br />
von Liebig (1803-1873), com base em experimentos<br />
laboratoriais, afirmava que todas as exigências<br />
nutricionais das plantas poderiam ser supridas por um<br />
conjunto balancea<strong>do</strong> de substâncias químicas. Suas<br />
descobertas introduziram a prática da adubação<br />
química na agricultura e abriram um amplo merca<strong>do</strong><br />
para o setor industrial. Para os agricultores, esses<br />
produtos possibilitaram a substituição da fertilização<br />
promovida pela rotações de culturas e pelo esterco<br />
animal, trazen<strong>do</strong> as seguintes vantagens: simplificação<br />
<strong>do</strong> processo produtivo e aumento da produtividade das<br />
lavouras.<br />
Toda a credibilidade atribuída às descobertas de Liebig<br />
deu-se ao fato de estarem apoiadas em comprovações<br />
científicas. Junto com Jean-Baptiste Boussingault, que<br />
estu<strong>do</strong>u a fixação de nitrogênio atmosférico pelas<br />
plantas leguminosas, Liebig é considera<strong>do</strong> o maior<br />
precursor da “agroquímica” (EHLERS, 1996). As<br />
descobertas de to<strong>do</strong>s esses cientistas marcam o fim de<br />
uma longa data, da antiguidade até o século XIX, na<br />
qual o conhecimento agronômico era essencialmente<br />
empírico. A nova fase será caracterizada por um<br />
perío<strong>do</strong> de rápi<strong>do</strong>s progressos científicos e<br />
tecnológicos.<br />
Nas primeiras décadas <strong>do</strong> século XX, além da<br />
fertilização <strong>do</strong>s solos, outras etapas <strong>do</strong> processo<br />
produtivo passaram a ser assumidas ou apropriadas<br />
pelo setor industrial emergente. Nessa fase, os<br />
sistemas de cultivos rotacionais, integra<strong>do</strong>s com<br />
produção animal, foram substituí<strong>do</strong>s, em larga escala,<br />
por sistemas especializa<strong>do</strong>s, basea<strong>do</strong>s no emprego<br />
crescente de energia fóssil e de insumos industriais,<br />
como: os adubos químicos, os agrotóxicos, os motores<br />
de combustão interna e as variedades vegetais de alto<br />
potencial produtivo. Do ponto de vista ambiental, a<br />
substituição <strong>do</strong>s sistemas de rotação com alta