13.07.2013 Views

Alto paraopeba: finanças sem crise - Geopark Quadrilátero Ferrífero

Alto paraopeba: finanças sem crise - Geopark Quadrilátero Ferrífero

Alto paraopeba: finanças sem crise - Geopark Quadrilátero Ferrífero

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

REVISTA<br />

codApJAnEIRo/Julho<br />

2012<br />

VEículo InfoRmATIV o do conSóRcIo públIco pARA dESEnVolVImEnTo do AlTo pARAopEbA<br />

<strong>Alto</strong> <strong>paraopeba</strong>:<br />

<strong>finanças</strong> <strong>sem</strong> <strong>crise</strong><br />

codap:<br />

mudança<br />

de cultura<br />

Empresas:<br />

investimentos de<br />

R$ 25 bilhões até 2013<br />

municípios:<br />

crescem 320%<br />

em seis anos<br />

REVISTA codAp 1


Veículo Informativo<br />

do Codap<br />

Diretoria<br />

Presidente<br />

Anderson Cabido<br />

Vice-presidente<br />

Pe. Rogério de Oliveira Pereira<br />

Secretário executivo<br />

Luís Antônio Landini<br />

MunicíPioS e PrefeitoS<br />

Belo Vale<br />

Wanderlei de Castro<br />

congonhaS<br />

Anderson Cabido<br />

conSelheiro lafaiete<br />

José Milton de Carvalho Rocha<br />

entre rioS De MinaS<br />

Mário Augusto Alves Andrade<br />

JeceaBa<br />

Júlio César Reis<br />

ouro Branco<br />

Pe. Rogério de Oliveira Pereira<br />

São BráS Do Suaçuí<br />

Luiz Carlos Fernandes<br />

enDereço<br />

av. Prof. Manoel Martins, 636<br />

Bairro campo alegre<br />

cep 36400-000<br />

conselheiro lafaiete, Mg<br />

tel: 31 3721-3451<br />

codap.consorcio@alto<strong>paraopeba</strong>.mg.gov.br<br />

exPeDiente<br />

redação/edição: Vfazitto<br />

comunicação e consultoria ltda.<br />

Jornalista responsável:<br />

Vilma fazitto – 1.988/Mg/JP<br />

reportagens:<br />

Juliana gontijo – 06356/Mg/JP<br />

ana Murta<br />

revisão:<br />

Simone de almeida gomes<br />

foto de capa: Wilson avelar<br />

Projeto e edição gráfica:<br />

grupo de Design gráfico<br />

tiragem: 4.000 exemplares<br />

impressão: rona editora<br />

SumÁRIo<br />

3 EDITORIAL<br />

4 O CODAP<br />

união para receber investimentos privados<br />

Preparando o futuro<br />

o codap e seus prefeitos<br />

cooperação institucional<br />

alto Paraopeba – Mais do que ferro e aço<br />

30 OPINIÃO<br />

Viviane Macedo Garcia: “codap: essencial para o planejamento da região”<br />

32 ENTREVIsTA<br />

Ricardo Machado Ruiz: “alto Paraopeba: planejar para crescer”<br />

34 EMPREsAs<br />

Produção de ferro e aço: liderança de Minas<br />

companhia Siderúrgica nacional – planeja investir R$ 8,7 bilhões em MG<br />

ferrous resources do Brasil – mineroduto de 400 quilômetros de MG ao ES<br />

gerdau – vai dobrar sua produção anual de minério de ferro<br />

lga Mineração – futuro com plano de metas<br />

Vale S/a – prevê investimentos no estado na casa de R$ 27 bilhões até 2017<br />

Vallourec & Sumitomo tubos do Brasil – muda perfil econômico de Jeceaba<br />

48 EDUCAÇÃO FIsCAL<br />

Gestão das <strong>finanças</strong> é essencial para a sobrevivência dos municípios<br />

54 MUNICÍPIOs<br />

Vale do <strong>Alto</strong> Paraopeba ou vale do ferro e do aço?<br />

Belo Vale – Desenvolvimento <strong>sem</strong> traumas<br />

congonhas – Eficiência administrativa e situação financeira favorável<br />

conselheiro lafaiete – Superando dificuldades<br />

entre rios de Minas – Mudanças no perfil da economia<br />

Jeceaba – Vive o seu melhor momento<br />

ouro Branco – Situação de equilíbrio financeiro<br />

São Brás do Suaçuí – Melhoria da arrecadação própria<br />

79 FOTO QUE É FATO


EdIToRIAl<br />

O <strong>Alto</strong> Paraopeba, sucesso<br />

em números e em ações<br />

A<br />

região do <strong>Alto</strong> Paraopeba cresce a olhos vistos.<br />

Durante os últimos cinco anos, apesar da <strong>crise</strong><br />

mundial de 2008 e da <strong>crise</strong> europeia de 2011<br />

que se estende até os dias atuais, o balanço da<br />

união dos sete municípios que compõem o Codap<br />

é bastante positivo. As vantagens são enormes<br />

e, a cada reunião, descobre-se uma nova<br />

oportunidade, uma nova possibilidade.<br />

O consórcio foi criado inicialmente para<br />

preparar a região para um investimento (que<br />

na época era só da Gerdau) de R$ 2,4 bilhões,<br />

e que hoje soma também recursos financeiros<br />

de empresas como a VSB, Ferrous, Vale, CSN e<br />

LGA, que ultrapassam a casa dos R$ 25 bilhões.<br />

A região passa por uma revolução econômica e<br />

as oportunidades de trabalho são grandes. As<br />

receitas dos municípios aumentam consideravelmente,<br />

com a participação também de pequenas<br />

empresas que diversificam e economia<br />

baseada no minério e na siderurgia.<br />

Para se ter uma ideia, o balanço dos sete<br />

municípios do Codap demonstrou uma receita<br />

total aproximada de R$162 milhões no ano de<br />

2005, e de R$ 519 milhões em 2011, um aumento<br />

de 320% durante o período. É certo que<br />

as despesas e os investimentos também aumentaram,<br />

mas a gestão municipal administrou estrategicamente<br />

suas verbas, contribuindo para<br />

o crescimento planejado de cada município.<br />

O Codap teve participação importante nessas<br />

decisões, por meio de suas consultorias, <strong>sem</strong>inários<br />

e projetos de preparação para o crescimento.<br />

Se o crescimento trouxe um cenário de desenvolvimento<br />

para a região, trouxe também<br />

preocupações quanto à sustentabilidade do<br />

meio ambiente. O Codap vem trabalhando com<br />

a Associação dos Municípios Mineradores do<br />

Brasil (Amib) na busca por melhorias da Compensação<br />

Financeira pela Exploração de Recursos<br />

Minerais (Cfem).<br />

O custo ambiental decorrente das atividades<br />

mineradoras é outro assunto que preocupa<br />

o Codap. Mais fiscalização e maior participação<br />

dos órgãos públicos de defesa do meio<br />

ambiente são necessárias para minimizar os<br />

problemas gerados pela atividade.<br />

É necessário agregar uma nova vocação<br />

econômica para o <strong>Alto</strong> Paraopeba, sobretudo<br />

porque já existe uma <strong>sem</strong>ente chamada tecnologia<br />

e inovação, que começou a brotar a partir<br />

da criação do Campus do <strong>Alto</strong> Paraopeba da<br />

Universidade Federal de São João Del Rei, em<br />

funcionamento, e do projeto de criação do Parque<br />

Tecnológico, uma das importantes metas<br />

do futuro da região.<br />

É importante buscar a diversificação da<br />

economia, não porque o minério de ferro pode<br />

acabar, mas pela possibilidade de, um dia, a<br />

mineração e a siderurgia terem sua importância<br />

econômica diminuída, afetando negativamente<br />

toda a região.<br />

Anderson Cabido<br />

Presidente do codap e Prefeito de congonhas<br />

foto: Prefeitura De congonhaS<br />

REVISTA codAp 3


conSóRcIo<br />

o codAp E o<br />

AlTo pARAopEbA<br />

unIão pARA REcEbER InVESTImEnToS pRIVAdoS<br />

com o objetivo de preparar a região<br />

para investimentos da iniciativa privada<br />

orçados em r$ 25 bilhões e impulsionado<br />

pelo espírito de união, para superar<br />

as dificuldades, foi criado o consórcio<br />

Público para Desenvolvimento do alto<br />

Paraopeba (codap). a iniciativa, pioneira<br />

no país, reúne os municípios de Belo Vale,<br />

conselheiro lafaiete, congonhas, entre<br />

rios de Minas, Jeceaba, ouro Branco e São<br />

Brás do Suaçuí. a entidade não representa<br />

apenas uma parceria entre os sete<br />

municípios da região; sua criação significa<br />

uma mudança de cultura, onde a disputa<br />

oferece lugar à cooperação.<br />

4 REVISTA codAp<br />

Antes do surgimento do Codap, prevalecia o cenário<br />

da concorrência política entre os municípios<br />

limítrofes. Hoje o quadro é outro. Com a interveniência<br />

do consórcio observa-se uma preocupação de<br />

todos com o equilíbrio regional, o que leva à cooperação<br />

entre os municípios na busca de melhorar<br />

a qualidade de vida das cidades e seus moradores.<br />

A atuação do Codap é exemplo a ser seguido. Comprovação<br />

disto são os convites que seu presidente,<br />

Anderson Cabido, tem recebido para proferir pales-<br />

tras e participar de eventos, não apenas em Minas<br />

Gerais, mas em todo o país. A última delas na oficina<br />

promovida pelo IPEA sobre Cooperação Federativa<br />

para o Desenvolvimento em Áreas de Grandes<br />

Investimentos – SUAPE, realizada em Jaboatão dos<br />

Guararapes, estado de Pernambuco, em outubro de<br />

2011.<br />

pioneirismo em consórcio público<br />

Formado antes mesmo da regulamentação da Lei<br />

11.107/05 (marco regulatório dos consórcios públicos<br />

brasileiros) o Codap foi o primeiro consórcio<br />

público criado no Brasil, com o objetivo de gerar benefícios<br />

para os municípios participantes, através da<br />

integração regional. Embora o consórcio tenha sido<br />

formalizado em 2006, a história da aliança começou<br />

bem antes, em 2005. Foi iniciativa do então deputado<br />

estadual Padre João Carlos Siqueira (PT-MG),<br />

hoje deputado federal, juntamente com os atuais<br />

prefeitos Anderson Cabido, de Congonhas; Padre<br />

Rogério de Oliveira Pereira, de Ouro Branco; Júlio<br />

César Reis, de Jeceaba; Luiz Carlos Fernandes, de<br />

São Brás do Suaçuí, além do ex-prefeito de Conselheiro<br />

Lafaiete, Júlio Barros. A oficialização do Codap<br />

foi proposta em 2005 e, em 2006, foi realizada<br />

a as<strong>sem</strong>bleia para sua constituição e eleição da diretoria.<br />

Posteriormente, no ano de 2009, o consórcio<br />

foi ampliado com o ingresso dos municípios de Belo<br />

Vale e Entre Rios de Minas, por iniciativa de seus


atuais prefeitos, Wanderlei de Castro e Mário Augusto<br />

Alves Andrade.<br />

Atuação ampla e abrangente<br />

O Codap – diferentemente da grande maioria dos<br />

demais consórcios existentes no país cuja atuação<br />

restringe-se a um único setor de atividade – foi concebido<br />

para atuar de forma ampla em todas as áreas<br />

de interesse da administração pública municipal,<br />

podendo planejar e executar projetos e programas<br />

que vi<strong>sem</strong> ao desenvolvimento regional sustentável,<br />

ao aperfeiçoamento das gestões administrativas e à<br />

formulação de políticas públicas. Para a consecução<br />

de suas finalidades, o consórcio pode: promover a<br />

gestão associada de serviços públicos; a prestação<br />

de serviços públicos de interesse dos consorciados;<br />

o compartilhamento e uso comum de equipamentos<br />

e pessoal; a produção de informações, planos e<br />

projetos; o gerenciamento e administração de bens<br />

e serviços; o uso e proteção do patrimônio natural e<br />

cultural, e muitas outras iniciativas voltadas para a<br />

concretização de suas finalidades.<br />

Assim, as possibilidades de atuação do consórcio<br />

estendem-se a praticamente todas as áreas, incluindo:<br />

obras públicas, trânsito e transporte; meio ambiente<br />

e saneamento; educação; saúde; esporte e lazer;<br />

comunicação; cultura, desenvolvimento rural, social<br />

e econômico; defesa social; serviço jurídico e gestão<br />

administrativa, dentre outras.<br />

Em seus muitos objetivos específicos, o Codap<br />

tem a missão de planejar, licitar e contratar a realização<br />

de projetos de engenharia de interesse dos<br />

entes consorciados; planejar e implantar sistemas<br />

de fiscalização e licenciamento; realizar cursos de<br />

capacitação para funcionários; implantar programas<br />

de incentivo à produção agrícola; promover<br />

atividades esportivas e culturais; promover ações<br />

de defesa social; proteger o meio ambiente, os recursos<br />

naturais, históricos e culturais; a realização<br />

de compras coletivas, e muitos outros.<br />

Embora o Contrato de Consórcio firmado entre<br />

os pares estabeleça previamente essa série de<br />

objetivos, as ações são implementadas de acordo<br />

com as prioridades estabelecidas de comum acordo.<br />

No Codap, os prefeitos reúnem-se mensalmente,<br />

<strong>sem</strong>pre na primeira segunda-feira de cada mês,<br />

e extraordinariamente, quando necessário, para<br />

tomarem as decisões sobre os trabalhos e rumos a<br />

serem seguidos.<br />

Para o presidente do Codap, Anderson Cabido,<br />

o consórcio, tal como foi idealizado, permite antecipar<br />

a visão dos problemas, encontrar as melhores<br />

soluções e enxergar oportunidades. Ele observa<br />

que não poucas vezes “o problema de uma<br />

cidade recai sobre as outras, exigindo soluções coletivas<br />

e, por essa razão, cada vez mais, os órgãos<br />

estaduais e federais estimulam diferentes ações<br />

conjuntas das cidades – exatamente o que os municípios<br />

que integram o Codap têm feito”.<br />

O minério de<br />

ferro é o grande<br />

responsável pelo<br />

crescimento da<br />

região<br />

REVISTA codAp 5


6 REVISTA codAp<br />

Preparando o futuro<br />

desde que os municípios se organizaram através<br />

do Codap, uma das maiores preocupações do<br />

consórcio tem sido com a economia regional, uma<br />

vez que, com a chegada de novas grandes empresas<br />

de mineração e siderurgia, e com ampliação daquelas<br />

já existentes, o <strong>Alto</strong> Paraopeba se transformou<br />

definitivamente em uma região de investimentos de<br />

grande porte. Mas outras questões, como a sustentabilidade,<br />

a melhoria da administração, a segurança<br />

e outras que fazem parte dos seus objetivos, são<br />

também prioridades <strong>sem</strong>pre discutidas e avaliadas.<br />

Entre os vários projetos já viabilizados e em andamento<br />

vale destacar:<br />

fiscalização tributária<br />

Além do pioneirismo na formação de consórcios<br />

públicos, o Codap também o é em outras iniciativas<br />

relevantes, como o projeto de Fiscalização Tributária<br />

Conjunta, criado com o objetivo de implantar<br />

um sistema de gestão tributária que possa impedir a<br />

evasão de impostos, por meio da unificação de procedimentos<br />

na fiscalização e arrecadação municipal.<br />

O trabalho de consultoria para essa finalidade<br />

vem sendo prestado pela Mega Auditores e Consultores<br />

Ltda, tendo se iniciado com a fiscalização do<br />

Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS-<br />

QN) e, posteriormente, estendido para verificação<br />

do Valor Adicionado Fiscal (VAF).<br />

A finalidade neste caso é reduzir a evasão fiscal<br />

nos municípios integrantes do Codap, já que diversas<br />

empresas que atuam na região não informam<br />

as operações de venda e/ou prestações de serviços<br />

devidos, na origem, a essas cidades. Com a unificação<br />

do acompanhamento do VAF será possível ver a<br />

origem e destino dessas empresas, mesmo as não estabelecidas<br />

de direito, através da ausência de CNPJ<br />

nos municípios que integram o Codap.<br />

Como exemplo, as empresas transportadoras intermunicipais<br />

e interestaduais em sua maioria não<br />

têm sede na região e não declaram ao município de<br />

origem do transporte a parcela do VAF. Isso também<br />

ocorre com as empresas fornecedoras de refeição,<br />

telefonia móvel, energia elétrica, venda de veículos,<br />

entre outras.<br />

Também as empresas regionalmente estabelecidas<br />

merecem atenção especial, pois usualmente<br />

cometem equívocos no preenchimento dos formulários,<br />

o que prejudica os municípios em suas declarações,<br />

principalmente no campo das exclusões e<br />

ajustes de transferências.<br />

Para sanar este problema as empresas cadastradas<br />

nos municípios integrantes do programa estão<br />

sendo informadas sobre os valores declarados no<br />

ano anterior e sobre suas posições atuais, conforme<br />

a 1ª declaração do ano de 2011. Assim, é possível<br />

verificar nas informações prestadas indícios de irregularidades<br />

que levam à notificação do contribuinte<br />

para apresentação da documentação. Confirmada a<br />

irregularidade, são informados os erros cometidos<br />

para a devida regularização.<br />

compras coletivas<br />

O programa de “compras coletivas”, que inclui<br />

também a contratação de serviços de interesse<br />

geral, é um dos mais importantes programas permanentes<br />

do consórcio e tem sido paulatinamente<br />

aperfeiçoado. O objetivo é obter melhores preços<br />

para os produtos e serviços a serem adquiridos pelo<br />

consórcio e pelos municípios, através do aumento<br />

do volume contratado, uma vez que as licitações<br />

levam em consideração o somatório da demanda<br />

dos municípios e do próprio consórcio. Outro benefício<br />

inerente ao programa é a eliminação ou diminuição<br />

dos procedimentos licitatórios isolados por<br />

parte dos municípios, com economia de trabalho,<br />

pessoal e recursos.<br />

As licitações já realizadas incluem prestação de<br />

serviços de engenharia e transportes, aquisição de<br />

medicamentos e material médico-hospitalar, entre<br />

outras.<br />

modernização Administrativa (pmAT<br />

Regional)<br />

O Plano de Modernização da Administração Tributária<br />

e Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT),<br />

programa criado pelo Governo Federal para apoiar<br />

projetos de investimentos destinados à melhoria da


eficiência, qualidade e transparência da gestão municipal,<br />

em especial através de mecanismos voltados<br />

para o aumento das receitas e da redução do custo<br />

dos serviços, é um dos instrumentos que estão sendo<br />

utilizados pelo Codap para preparar administrativamente<br />

a região para o crescimento esperado.<br />

O projeto apresentado pelo Codap ao Banco<br />

Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social<br />

(BNDES) – instituição federal responsável pela con-<br />

proposta para o bndES<br />

• Criação da Rede de Dados Regional: para a<br />

implantação do governo digital, integrando<br />

edifícios e procedimentos administrativos,<br />

inclusive entre os municípios do consórcio,<br />

de forma a otimizar os serviços e reduzir<br />

gastos;<br />

• Elaboração de Plano Diretor de Desenvolvimento<br />

regional, para promoção do ordenamento<br />

da expansão urbana e industrial<br />

dos municípios do consórcio de forma integrada,<br />

com o objetivo de evitar o crescimento<br />

desordenado e o desequilíbrio econômico<br />

e social na região;<br />

dução do programa – visando à participação no<br />

PMAT é o primeiro a ser proposto para uma região<br />

e não para um município isolado, como idealizado<br />

originalmente para o programa. É uma inovação<br />

que pode ensejar nova orientação para o PMAT, com<br />

abertura para solicitações <strong>sem</strong>elhantes por parte de<br />

outras regiões brasileiras que apresentem grau de<br />

integração e demandas que justifiquem solicitação<br />

conjunta.<br />

• Revisão da legislação tributária, destinada à correção das falhas<br />

existentes nas legislações dos municípios, por meio da revisão dos<br />

códigos tributários, dando a eles uniformidade e criando mecanismos<br />

para evitar perda de receita e estimular o desenvolvimento<br />

das cidades;<br />

• Realização de geo-processamento em âmbito regional, para subsidiar<br />

as atividades de planejamento em diferentes áreas e dar<br />

suporte às ações de controle do uso e ocupação do solo, tanto<br />

na área urbana como rural, possibilitando inclusive o recadastramento<br />

imobiliário e revisão da planta de valores dos municípios<br />

do consórcio;<br />

• Implantação de ambiente de retaguarda no Codap para dar suporte<br />

aos projetos a serem implantados.<br />

foto: WilSon aVelar<br />

Equipe do Codap. Em<br />

pé: Eunice Gonçalves<br />

do Nascimento e Luís<br />

Landini. sentados:<br />

Francisco Albuquerque,<br />

silene Gonçalves da<br />

silva e José Pereira<br />

REVISTA codAp 7


8 REVISTA codAp<br />

defesa civil Regional<br />

A parceria entre os municípios do Codap também<br />

fez com que surgisse outra iniciativa pioneira<br />

no país: a Defesa Civil Regional. Criada em agosto<br />

de 2009 e vinculada à secretaria executiva do consórcio,<br />

a DCR tem como finalidade coordenar, em<br />

nível regional, todas as ações de defesa civil no território<br />

dos municípios participantes do Contrato de<br />

Programa firmado para esta finalidade.<br />

Idealizada para integrar equipamentos e pessoal<br />

das defesas civis dos municípios consorciados, como<br />

forma de superar a limitação de recursos disponíveis<br />

para a finalidade em cada um deles, a Defesa Civil<br />

Regional conta com um colegiado integrado pelos<br />

coordenadores municipais de defesa civil e presidido<br />

por um coordenador regional, a quem compete<br />

gerenciar as atividades e dirigir as ações necessárias.<br />

Conta, ainda, com um Conselho Consultivo do qual<br />

participam representantes das forças de segurança<br />

pública e órgãos estaduais que operam na região,<br />

como o Instituto Estadual de Florestas (IEF), bem<br />

como das empresas públicas e grandes empresas<br />

privadas, especialmente do setor minero-metalúrgico,<br />

instaladas no <strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

A defesa civil criada pelo Codap tem suscitado<br />

interesse e vem sendo considerada como modelo a<br />

ser seguido por outras regiões. Vários municípios<br />

que não fazem parte do consórcio já manifestaram<br />

interesse em participar, o que deve ocorrer em<br />

breve.<br />

Agenda 21 Regional<br />

Com a participação de representantes de entidades<br />

da sociedade civil, das empresas, dos sindicatos<br />

e do governo, a região do <strong>Alto</strong> Paraopeba vem<br />

trabalhando regularmente para a construção da sua<br />

Agenda 21, em conformidade com a proposta originalmente<br />

aprovada por 180 paises durante a Conferência<br />

das Nações Unidas sobre o meio Ambiente<br />

e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em<br />

1992.<br />

Para o secretário executivo do Codap, Luís Antônio<br />

Landini, a Agenda 21 Regional teve como ponto<br />

de partida os trabalhos da Agenda 21 Mineral de<br />

Congonhas, apropriados pelos demais municípios<br />

da região, em função das <strong>sem</strong>elhanças existentes<br />

Luís Antônio Landini, secretário executivo do Codap<br />

entre Congonhas e os demais municípios: “Estas devem<br />

se acentuar com o desenvolvimento decorrente<br />

dos investimentos econômicos em curso, o que resultará<br />

em inevitável interconexão entre as cidades<br />

e intensificação de suas <strong>sem</strong>elhanças e problemas”,<br />

afirma.<br />

Ele ressalta que a Agenda 21 Regional confirma<br />

a preocupação do consórcio em desenvolver o <strong>Alto</strong><br />

Paraopeba, <strong>sem</strong> deixar de lado a preocupação com<br />

o meio ambiente e os aspectos sociais: “Buscamos<br />

o desenvolvimento com sustentabilidade”, salienta.<br />

diagnóstico rural georreferenciado e<br />

estradas rurais<br />

O diagnóstico georreferenciado da Zona Rural,<br />

realizado para identificar a situação, potencialidades<br />

e dificuldades existentes no campo, foi um dos<br />

mais importantes trabalhos técnicos realizados pelo<br />

Codap. Encomendado à Fundação Arthur Bernardes,<br />

da Universidade Federal de Viçosa, o estudo<br />

tem sido fundamental para a orientação de ações e<br />

para a definição de políticas públicas voltadas para<br />

foto: WilSon aVelar


a melhoria da situação social e econômica na zona<br />

rural dos municípios do consórcio.<br />

Além do detalhado banco de dados disponibilizado<br />

para consulta das prefeituras e órgãos técnicos,<br />

com informações sobre as propriedades da região,<br />

suas características e produção, bem como sobre<br />

os moradores e sua situação, o trabalho apontou as<br />

principais vocações da agropecuária no <strong>Alto</strong> Paraopeba,<br />

com indicativo de ações e programas para o<br />

desenvolvimento do setor e melhoria das condições<br />

de vida da população rural.<br />

Várias ações e projetos indicados pelo estudo<br />

fazem parte do programa do Centro Regional de<br />

Referência em Agropecuária (ver matéria) e serão<br />

implementados brevemente, enquanto outros já foram<br />

concluídos com sucesso, como o mapeamento e<br />

a nomenclatura das estradas rurais dos municípios<br />

do Codap, estes em fase de implantação.<br />

Foram identificadas, georreferenciadas e mapeadas<br />

todas as estradas rurais da região, além de<br />

terem recebido nomenclatura e sigla específica, de<br />

acordo com as normas do Denatran; foram também<br />

georreferenciadas e mapeadas as propriedades rurais,<br />

igrejas, postos de saúde, associações comunitárias<br />

e outros elementos da zona rural.<br />

O principal benefício da iniciativa é proporcionar<br />

aos moradores e produtores da zona rural endereço<br />

certo e facilmente localizável, propiciando condições<br />

para identificação, cadastramento, negócios,<br />

entregas de materiais e de correspondência, além de<br />

contribuir para o incremento da visitação e o desenvolvimento<br />

do turismo rural.<br />

O <strong>Alto</strong> Paraopeba é a primeira região do Brasil a<br />

implantar projeto desta natureza, e no Codap, tem<br />

Jeceaba como o primeiro município do Brasil a sinalizar<br />

suas estradas rurais de acordo com a legislação<br />

vigente, outra iniciativa pioneira.<br />

centro de Referência em Agropecuária<br />

Com o crescente predomínio das atividades minero-siderúrgicas,<br />

inevitável diante da riqueza mineral<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba, alguns setores tradicionais<br />

da economia regional, em particular a agropecuária,<br />

têm registrado acentuado declínio. Isto faz com que<br />

seja urgente a adoção de políticas públicas voltadas<br />

para o fortalecimento da atividade, enfatizando a<br />

geração de trabalho e renda de forma a melhorar a<br />

qualidade de vida no campo e evitar o êxodo rural.<br />

Para isto, o Codap está implantando o Centro Regional<br />

de Referência em Agropecuária, em conjunto<br />

com técnicos e representantes do setor na região e<br />

apoio de diversas instituições de reconhecida competência.<br />

O centro agrícola foi planejado e está sendo estruturado<br />

para proporcionar as condições necessárias<br />

para apoio ao produtor e à produção, através<br />

de programas e projetos de transferência de conhecimento,<br />

treinamento, organização, assistência e<br />

oferta de insumos básicos para estruturação das atividades<br />

produtivas, objetivando proporcionar, efetivamente,<br />

real alternativa desta atividade econômica<br />

para a região.<br />

A iniciativa visa beneficiar os produtores rurais<br />

de toda a região, criando condições para o desenvolvimento<br />

do setor agrícola e beneficiando, principalmente<br />

e em primeiro lugar, mas não exclusivamente,<br />

os agricultores familiares.<br />

O objetivo é criar as condições básicas para que<br />

os produtores possam atender a demanda regional<br />

com produtos de qualidade e, principalmente, permitir<br />

a expansão de seus negócios para além das<br />

fronteiras regionais, garantindo assim níveis de<br />

renda adequados, sobretudo para os agricultores familiares,<br />

como forma de garantir inserção social e<br />

melhoria da qualidade de vida.<br />

Para garantir a sustentabilidade do setor, foram<br />

selecionadas atividades cujas cadeias produtivas serão<br />

prioritariamente incentivadas, com ênfase para<br />

a utilização de práticas agro-ecológicas. São elas:<br />

apicultura, fruticultura, olericultura e bovinocultura<br />

de leite - atividades de maior potencial e tradição<br />

na região.<br />

A implantação do centro se dará de forma gradual,<br />

seguindo um cronograma de atividades compatível<br />

com a evolução do quadro agropecuário regional,<br />

as necessidades básicas para seu funcionamento<br />

e disponibilidade de recursos.<br />

O Centro Regional de Referência em Agropecuária<br />

funcionará no distrito de Lobo Leite, em Congonhas,<br />

às margens da antiga estrada para Ouro<br />

Branco, acerca de 300m da MG-30. O terreno, com<br />

12,7 hectares, foi cedido pela Prefeitura Municipal<br />

de Congonhas.<br />

Segundo o engenheiro agrônomo Leandro Lima,<br />

responsável técnico da empresa contratada para<br />

planejamento e implantação do centro agrícola, as<br />

obras de infraestrutura básica já foram iniciadas. Ele<br />

REVISTA codAp 9


10 REVISTA codAp<br />

informa que até o final do ano serão instalados: o<br />

complexo de produção de mudas; as unidades demonstrativas<br />

de diferentes tecnologias sociais e ensaios<br />

de pesquisa sobre produção irrigada; as unidades<br />

de ensaios produtivos de espécies e variedades<br />

selecionadas; e as atividades de silagem e compostagem<br />

orgânica. O complexo de produção de mudas<br />

deverá atender as prefeituras, que serão beneficiadas<br />

em seus projetos e programas de interesse social<br />

e ambiental e em suas atividades de arborização urbana,<br />

além de agricultores e interessados em atividades<br />

agrícolas e de reflorestamento.<br />

A Embrapa, o Banco do Brasil e o Polo de Excelência<br />

Mineral Metalúrgico são parceiros do Codap<br />

no projeto, que deverá contar também com o apoio<br />

de outras entidades importantes do setor agrícola.<br />

Entenda como funcionará o centro<br />

1. Apoio à produção: fornecimento de<br />

insumos, serviços e tecnologias adaptadas à<br />

agricultura e pecuária.<br />

2. Apoio ao produtor: informação e<br />

capacitação de produtores para garantir maior<br />

autonomia de produção e melhor gestão e manejo<br />

de lavouras e criações, além de garantir sua<br />

emancipação.<br />

3. Apoio aos programas e projetos de<br />

interesse social e ambiental: fornecimento<br />

de mudas e orientações técnicas em programas<br />

e projetos de interesse social e ambiental de<br />

prefeituras e empresas privadas da região.<br />

parque Tecnológico do <strong>Alto</strong> <strong>paraopeba</strong><br />

A região do <strong>Alto</strong> Paraopeba abriga um dos mais<br />

importantes complexos de mineração e siderurgia<br />

do ferro do planeta e deverá receber, nos próximos<br />

anos, grandes investimentos voltados para a ampliação<br />

das atividades do seu complexo minero-metalúrgico.<br />

Para o secretário executivo da entidade, Luís<br />

Landini, prevê-se a multiplicação de oportunidades<br />

para a introdução de inovação nas cadeias de produção<br />

dessas indústrias e em outras áreas de tecnologias<br />

de ponta, de forma a garantir a diversificação<br />

da base econômica, prioridade estratégica do Codap<br />

para diminuir a dependência da região a um único<br />

setor da economia.<br />

Por isso, continua o secretário, “a criação do Parque<br />

Tecnológico do <strong>Alto</strong> Paraopeba, projeto que o<br />

Codap vem procurando viabilizar junto à Secretaria<br />

de Estado de Ciência Tecnologia e Ensino Superior<br />

(Sectes), com participação e apoio da Universidade<br />

Federal de São João Del Rey e concurso de outras<br />

instituições de ensino e pesquisa, com destaque<br />

para a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e<br />

Institutos Federais de Educação (Ifemg) de Congonhas<br />

e de Ouro Branco, é fundamental para o futuro<br />

das cidades do consórcio e de toda região”.<br />

4. Apoio ao processamento da produção:<br />

Disponibilização de instalações físicas,<br />

serviços e informações para fomento inicial<br />

dos procedimentos de beneficiamento e<br />

transformação da produção.<br />

5. Apoio à organização: Motivação e<br />

orientação dos produtores para a formação<br />

de associações e cooperativas de produção,<br />

transformação e comercialização.<br />

6. Apoio ao ensino técnico, capacitação<br />

e pesquisa: apoio a unidades de ensino em<br />

agropecuária, com oferecimento de cursos e<br />

realização de eventos de interesse do produtor,<br />

facilitando assim ensaios e pesquisas voltadas para<br />

atividades consideradas prioritárias para a região.


Landini enfatiza que o Parque Tecnológico do<br />

<strong>Alto</strong> Paraopeba, à <strong>sem</strong>elhança daqueles já existentes,<br />

deverá articular, conciliar interesses e promover<br />

interação e sinergia, entre diferentes atores da<br />

iniciativa privada e do setor público, para estimular<br />

o surgimento e o desenvolvimento de empresas de<br />

alta competitividade em atividades de base tecnológicas,<br />

para o desenvolvimento de produtos e a<br />

criação de ambientes comuns de pesquisa em áreas<br />

estratégicas, induzindo o desenvolvimento sustentável<br />

e a elevação da competitividade das empresas.<br />

“O parque será um novo ambiente de fomento<br />

à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação, reunindo<br />

atores e organizando ambientes de apoio à<br />

criação e gestação de empreendimentos de base tecnológica,<br />

bem como promovendo a transferência e a<br />

difusão da cultura científica e tecnológica”, explica<br />

o secretário.<br />

Ele continua explicando que as atividades de<br />

pesquisa, desenvolvimento e inovação do parque,<br />

em consonância com a tendência de diversificação<br />

e condicionadas com o que for apontado pelos estudos<br />

básicos para sua implementação, deverão estar<br />

voltadas para demandas e negócios nas áreas de:<br />

materiais especiais e nanotecnologia; química e bioquímica;<br />

biotecnologia e tecnologia da informação e<br />

telecomunicações, além de mineração e siderurgia.<br />

A proposta para a criação do Parque Tecnológico<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba foi apresentada pelos prefeitos<br />

do Codap ao secretário de Estado de Ciência, Tecnologia<br />

e Ensino Superior (Sectes), Nárcio Rodrigues,<br />

para quem o parque é uma oportunidade de ouro<br />

para desenvolver uma ação planejada regionalmente,<br />

a partir da ferramenta da ciência e da tecnologia.<br />

Naquela oportunidade, Renato Ciminelli, gerente<br />

executivo do Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico,<br />

vinculado à Sectes, e que tem no <strong>Alto</strong> Paraopeba<br />

sua principal base de atuação, destacou que a<br />

viabilização do parque é de suma importância para<br />

o futuro da região.<br />

plataforma de fornecedores<br />

A presença de grandes empresas da área de mineração<br />

e siderurgia, que caracterizam a economia<br />

regional, enseja a atração de prestadores de serviços<br />

e indústrias fornecedoras desse ramo de atividade,<br />

o que ainda não foi plenamente alcançado. O Codap<br />

tem procurado atuar neste sentido, com o desenvolvimento<br />

de um programa de atração de fornecedores<br />

para diversificação e adensamento da cadeia<br />

de fornecedores de bens e serviços do setor, como<br />

forma de melhor aproveitar o potencial da principal<br />

atividade da região para gerar maiores e melhores<br />

oportunidades de emprego e renda à população e<br />

receita aos municípios consorciados.<br />

Está em curso a formação de parceria com a<br />

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial<br />

(ABDI), entidade vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior (MDIC),<br />

que possui a missão de promover a execução da política<br />

industrial, em consonância com as políticas de<br />

ciência, tecnologia, inovação e de comércio exterior.<br />

Esta parceria, quando concretizada, deve contar<br />

com apoio e a participação de importantes secretarias<br />

e órgãos de desenvolvimento do estado.<br />

O objetivo, entretanto, vai além do simples adensamento<br />

das cadeias produtivas. Almeja-se com este<br />

projeto, associado ao esforço de implantação do<br />

parque tecnológico, o estabelecimento de um moderno<br />

polo industrial minero-metalúrgico na região<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

foto: lúcia SeBe<br />

Nárcio Rodrigues,<br />

secretário de<br />

Estado de Ciência,<br />

Tecnologia e Ensino<br />

superior (sectes)<br />

REVISTA codAp 11


12 REVISTA codAp<br />

O Codap segundo seus prefeitos<br />

Para o prefeito de JeCeaBa,<br />

Júlio César reis, o consórcio<br />

é uma excelente ferramenta de<br />

gestão pública, pois é inovadora.<br />

ele salienta que o codap permite<br />

o planejamento estratégico<br />

regional e estimula ações<br />

conjuntas, o que implica em um<br />

menor custo para as prefeituras.<br />

o prefeito de Belo Vale,<br />

Wanderlei de Castro, ressalta<br />

que o codap contribuiu para<br />

que houvesse a sensibilização<br />

da importância da parceria.<br />

Segundo ele, “no passado, o que<br />

acontecia era uma disputa entre<br />

os municípios para saber quem<br />

fazia a melhor administração.<br />

hoje, os administradores dos<br />

municípios entendem que não<br />

adianta desenvolver sozinho e<br />

deixar a região para trás. a visão<br />

agora é macro, é regional”.<br />

o prefeito de<br />

Conselheiro lafaiete,<br />

José Milton de Carvalho<br />

rocha, frisa que há<br />

demandas difíceis de serem<br />

obtidas isoladamente. ele<br />

observa que o consórcio<br />

trouxe uma visão moderna de<br />

gestão aos administradores<br />

dos municípios participantes<br />

do codap.<br />

Segundo o prefeito de ouro<br />

BranCo, Padre rogério de<br />

oliveira Pereira, a grande<br />

vantagem do codap é poder<br />

resolver conjuntamente questões<br />

que, individualmente, cada<br />

prefeitura teria mais dificuldade<br />

para resolver: “Só há vantagens<br />

e são muitas as ações que estão<br />

sendo realizadas na busca de<br />

soluções coletivas. a parceria<br />

lhe dá força e respeitabilidade,<br />

até na busca de recursos. uma<br />

coisa é você buscar um recurso<br />

individualmente, outra é você<br />

buscá-lo coletivamente.” o<br />

prefeito acrescenta que “os<br />

governos estadual e federal,<br />

assim como o Banco nacional<br />

de Desenvolvimento (BnDeS),<br />

enxergam com bons olhos a<br />

iniciativa para a solução de<br />

problemas que são comuns aos<br />

municípios vizinhos”.


fotoS: WilSon aVelar<br />

o prefeito de são Brás<br />

do suaçuí, luiz Carlos<br />

fernandes, enfatiza que a união<br />

de forças é a melhor forma de<br />

alcançar metas comuns entre<br />

os municípios, em especial, os<br />

vizinhos: “trabalho em conjunto<br />

tem mais resultado do que o<br />

trabalho solitário”, diz.<br />

Mário augusto alves<br />

andrade, prefeito de entre<br />

rios de Minas, afirma: “o<br />

consórcio é uma ferramenta<br />

de gestão pública inovadora<br />

e que permitirá uma política<br />

diferenciada daqui para frente,<br />

além de aplicar a solidariedade<br />

entre os municípios. antes os<br />

municípios tentavam se organizar<br />

sozinhos, independente da cidade<br />

vizinha, <strong>sem</strong> planejamento.”<br />

Para o presidente do consórcio<br />

e prefeito de Congonhas,<br />

anderson Cabido, a grande<br />

lição propiciada pelo codap foi o<br />

pensamento regional. Segundo<br />

ele, “é importante entender que<br />

qualquer município fracassará<br />

se quiser agir isoladamente,<br />

ainda mais numa região tão<br />

interdependente quanto o alto<br />

Paraopeba”.<br />

foto: gil leonarD - SecoM/Mg<br />

Sedru trabalha para criar<br />

novos consórcios<br />

Segundo o secretário de Desenvolvimento<br />

Regional e Política Urbana<br />

(Sedru), Olavo Bilac Pinto,<br />

outros municípios mineiros já estão<br />

usufruindo os benefícios da formação<br />

de consórcios públicos, iniciativa<br />

que considera uma importante<br />

ferramenta de desenvolvimento regional,<br />

tanto que a secretaria está<br />

trabalhando com empenho para fomentar<br />

a criação de novos consórcios<br />

públicos intermunicipais.<br />

E acrescenta que, “analisando os<br />

primeiros anos do Codap, pode-se<br />

constatar os benefícios que a região<br />

vem atingindo graças à sua atuação.<br />

A título de exemplo, temos a<br />

articulação para a criação de parque<br />

tecnológico, que implicará em investimentos<br />

vultosos na região do <strong>Alto</strong><br />

Paraopeba. Notadamente, a criação<br />

do Codap traduziu-se em significativo<br />

desenvolvimento da região e<br />

acredito que ainda atrairá investimentos<br />

expressivos para o <strong>Alto</strong> Paraopeba”.<br />

Olavo Bilac Pinto: secretário<br />

de Desenvolvimento<br />

Regional e Política Urbana<br />

(sedru)<br />

REVISTA codAp 13


Cooperação institucional<br />

o codap tem buscado parcerias nacionais e<br />

internacionais com o objetivo de fortalecer<br />

o desenvolvimento sustentável da região.<br />

entendimentos com o Banco do Brasil,<br />

embrapa, fundação de educação para o<br />

trabalho de Minas gerais (utramig), Polo de<br />

excelência Mineral e Metalúrgico, Sebrae e<br />

outras entidades dão o tom das negociações,<br />

<strong>sem</strong>pre visando projetos importantes para<br />

o aprimoramento da administração, do<br />

desenvolvimento e da melhoria da qualidade<br />

de vida na região.<br />

diversas iniciativas do consórcio contam com<br />

o apoio destes parceiros, caso dos cursos de treinamento<br />

e capacitação da mais alta importância<br />

para a região, ministrados em parceria com o<br />

Sebrae; o apoio do Banco do Brasil (através do<br />

Programa Desenvolvimento Regional Sustentável<br />

– DRS), da Embrapa e outras instituições de<br />

desenvolvimento agrícola da região são exemplos<br />

de sucesso dessas parcerias.<br />

No plano internacional, a aproximação do <strong>Alto</strong><br />

Paraopeba com a região de Nord-Pas de Calais,<br />

na França, resultou na formalização de termo de<br />

cooperação com o Consórcio da Aglomeração de<br />

Hénin-Carvin. Este consórcio reúne 14 municípios<br />

da bacia mineradora da região de Nord-Pas<br />

de Calais, com o intuito de fomentar ações de cooperação<br />

nas mais diversas áreas, com destaque<br />

para negócios culturais, turísticos, ambientais,<br />

logísticos, energia, recuperação de áreas degradadas<br />

por mineração, entre outras.<br />

A parceria, a primeira firmada pelo Codap com<br />

uma instituição estrangeira, foi sedimentada com<br />

a visita de uma missão de executivos franceses<br />

ao <strong>Alto</strong> Paraopeba, para participar do Primeiro<br />

Encontro Internacional de Negócios do <strong>Alto</strong> Paraopeba,<br />

retribuída com a presença, em nome do<br />

Codap, do prefeito de Jeceaba, Júlio César Reis,<br />

ao II Fórum de Atores realizado na França, em<br />

dezembro de 2011.<br />

14 REVISTA codAp 14 REVISTA codAp<br />

Nord Pas de Calais<br />

O entendimento foi possível graças à articulação<br />

promovida pelo Polo de Excelência Mineral<br />

e Metalúrgico, com base no Acordo de Irmandade<br />

existente entre o governo de Minas Gerais e a<br />

França. A região de Nord-Pas de Calais foi escolhida<br />

para este intercâmbio por se tratar de antiga<br />

região mineradora que guarda muitas <strong>sem</strong>elhanças<br />

e afinidades com a região do <strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

Também com o estado australiano de Queesland<br />

existe grande possibilidade de cooperação,<br />

especialmente nas áreas de serviços e mineração.<br />

A primeira aproximação com os representantes<br />

da Austrália ocorreu em Belo Horizonte, em<br />

2010, durante workshop organizado pelo Polo de<br />

Excelência Mineral Metalúrgico, para apresentação<br />

dos atores do estado de Minas Gerais, com o<br />

qual existe um acordo de cooperação.<br />

Recentemente, o estado de Queesland inaugurou<br />

seu escritório de representação em Belo Horizonte,<br />

visando o fortalecimento da cooperação e<br />

novos negócios com entidades públicas e empresas<br />

de Minas Gerais. Na oportunidade, o Codap,<br />

representado por seu vice-presidente, prefeito<br />

Julio César Reis, aprofundou os entendimentos<br />

anteriores para consolidação de futuras parcerias<br />

de cooperação, especialmente nas áreas de mineração,<br />

siderurgia e inovação tecnológica.


ALTO PARAOPEBA<br />

Mais do que ferro e aço<br />

IndúSTRIA E SERVIçoS<br />

o Produto Interno Bruto (PIB) demonstra a<br />

grande evolução econômica no <strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

De 2000 a 2008, o PIB subiu 302% nos municípios<br />

do Codap, passando de R$ 1.116.933 mil para R$<br />

4.490.378 mil, conforme levantamento do Serviço<br />

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas<br />

Gerais (Sebrae-MG). A indústria foi a atividade que<br />

mais impulsionou a expansão da região, já que é<br />

responsável por quase metade da riqueza gerada,<br />

com alta de 386%.<br />

Embora as grandes empresas de mineração e<br />

siderurgia respondam pela maior parte da riqueza<br />

regional, nem tudo é ferro e aço no <strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

O setor de serviços (que engloba também as atividades<br />

comerciais e a administração pública) apresen-<br />

Distrito Industrial<br />

de Jeceaba<br />

tou expansão de 234%, passando de R$ 518.916 mil<br />

para R$ 1.732.950 mil (período 2000/08). O analista<br />

técnico da Unidade de Inteligência Empresarial<br />

do Sebrae-MG, Ricardo F. Leopoldo, ressalta que tais<br />

valores indicam a evolução do setor de serviços na<br />

economia da região, sugerindo, juntamente com a<br />

evolução do potencial do consumo, que o mercado<br />

consumidor do <strong>Alto</strong> Paraopeba tende a continuar<br />

crescendo significativamente nos próximos anos.<br />

Paralelamente à presença de grandes siderúrgicas<br />

e mineradoras, o setor industrial do <strong>Alto</strong> Paraopeba<br />

mostra diversidade e crescimento, notadamente,<br />

mas não exclusivamente, de atividades<br />

relacionadas com o setor minero-metalúrgico. Neste<br />

universo, cabe destacar as muitas empresas da área<br />

de metalurgia, principalmente em Ouro Branco,<br />

Congonhas e Conselheiro Lafaiete, das quais a mais<br />

recente é a fábrica de vagões da Usiminas Mecânica,<br />

foto: thiago fernanDeS<br />

REVISTA codAp 15


16 REVISTA codAp<br />

em Congonhas, com investimentos de R$ 32 milhões<br />

e capacidade de produção de 3 mil vagões por ano.<br />

Dos municípios do Codap, o polo microrregional<br />

de Conselheiro Lafaiete é o que apresenta maior e<br />

mais diversificada atividade industrial e de prestação<br />

de serviços. Empresas de diferentes portes estão<br />

presentes em todos os pontos da cidade, mas principalmente<br />

em seu distrito industrial - que está sendo<br />

significativamente ampliado pelo município para<br />

abrigar o crescente número de empresas interessadas<br />

em se estabelecer na região, devendo passar dos<br />

atuais 42 hectares para mais de 120 hectares.<br />

Também Congonhas e Ouro Branco estão planejando<br />

e instalando seus distritos industriais e<br />

condomínios empresariais. Congonhas está oferecendo<br />

mais de 30 lotes em seu distrito industrial<br />

para empresas de pequeno e médio porte, dos ramos<br />

de construção civil, metalurgia e indústrias de<br />

beneficiamento de produtos derivados do minério<br />

de ferro, alimentação e outros. A prefeitura está<br />

oferecendo 40 lotes no seu condomínio empresarial<br />

para atender empresas de prestação de serviços e de<br />

comercialização de bens de consumo. Ouro Branco<br />

inaugurou, no final de 2011, o Ouro Park Empresarial,<br />

para a instalação de 20 empresas de pequeno e<br />

médio portes, principalmente dos setores de alimentos,<br />

caldeiraria e usinagem, além de outras siderúrgicas,<br />

e está ultimando o projeto do seu distrito industrial,<br />

o do Ouro Park Industrial para a instalação<br />

de empresas de grande porte.<br />

A Codemig – Companhia de Desenvolvimento<br />

de Minas Gerais, vinculada à Secretaria de Estado<br />

de Desenvolvimento Econômico (Sede), além da<br />

parceria que mantém com Conselheiro Lafaiete no<br />

atual distrito daquele município, possui dois outros<br />

grandes distritos industriais na região, criados para<br />

abrigar empresas de grande porte. Um em Jeceaba,<br />

com área de 11,9 milhões de metros quadrados,<br />

na qual está instalada até o momento a Volourec &<br />

Sumitomo Tubos do Brasil; e outro em Congonhas,<br />

com 32,4 milhões de metros quadrados, que deverá<br />

abrigar o complexo siderúrgico da CSN e outras empresas<br />

de apoio as suas atividades.<br />

AGRopEcuÁRIA<br />

Embora a grande demanda de mão de obra decorrente<br />

da expansão das atividades de mineração<br />

e siderurgia, as demais atividades industriais e os<br />

A produção de mexerica<br />

ponkan é importante para<br />

a economia de Belo Vale<br />

serviços em crescimento na região tenham provocado<br />

significativa redução da população rural e, consequentemente,<br />

das atividades agropecuárias, esse<br />

setor tem ainda papel importante na economia de<br />

alguns municípios da região e para uma razoável<br />

parcela da sua população.<br />

No município de Belo Vale, apesar da intensa atividade<br />

minerária, é a produção de mexerica ponkan<br />

que garante a qualidade de vida e o aumento da<br />

renda de grande parte dos moradores do município<br />

– o maior produtor da fruta em Minas Gerais (mais<br />

informações na parte de municípios).<br />

Em Ouro Branco, o destaque é a produção hortícola.<br />

Em passado relativamente recente o município<br />

foi um dos maiores produtores de batata inglesa do<br />

estado, cultura que hoje é suplantada pela da batata<br />

baroa (mandioquinha salsa).<br />

Entre Rios de Minas, juntamente com Jeceaba<br />

e São Brás do Suaçuí, faz parte de uma importante<br />

bacia leiteira e, no município, além da produção de<br />

leite e laticínios, merece destaque a criação dos cavalos<br />

da raça Campolina Marchador por um criador<br />

local, o fazendeiro Cassiano Antônio da Silva Campolina,<br />

que deu início aos cruzamentos que levaram<br />

ao surgimento da raça na década de 1870 e que, por<br />

isso, foi batizada com o seu nome (mais informações<br />

na parte de municípios).<br />

Também a produção de cachaça não pode deixar<br />

de ser mencionada. Tradicional bebida feita à base<br />

de cana de açúcar, a cachaça é fabricada no Brasil<br />

desde o início da colonização, no século XVI, quando<br />

a cana de açúcar foi introduzida e os primeiros<br />

engenhos construídos. Apesar de feita exclusivamente<br />

do caldo da cana, <strong>sem</strong> a adição de produtos<br />

químicos, cada cachaça carrega características do<br />

solo e do clima da região, além da variedade em-


pregada, das técnicas utilizadas e do esmero de seu<br />

fabricante.<br />

Na região do <strong>Alto</strong> Paraopeba existem mais de<br />

400 alambiques produzindo cachaça de excelente<br />

qualidade, embora a maioria seja artesanal e tenha<br />

pequeno volume de produção. Segundo a Superintendência<br />

do Ministério da Agricultura em Minas,<br />

na região do <strong>Alto</strong> Paraopeba existem alambiques<br />

certificados em Jeceaba, Entre Rios de Minas, Congonhas<br />

e Conselheiro Lafaiete. O secretário executivo<br />

Luís Landini, informa, ainda, que em Belo Vale<br />

também existem cachaças certificadas. Ele informa<br />

que algumas marcas da região são famosas entre os<br />

conhecedores, podendo ser encontradas em lojas<br />

especializadas na venda ou degustação do produto,<br />

com algumas sendo exportadas para vários países,<br />

com destaque para a Alemanha e Espanha.<br />

Para o secretário executivo, a criação do Centro<br />

de Referencia Regional em Agropecuária (vide matéria),<br />

as atividades rurais, incluindo a agroindústria,<br />

serão intensificadas, ampliadas e modernizadas,<br />

com maior e melhor aproveitamento do potencial<br />

da região, fazendo com que o setor agropecuário<br />

tenha importância cada vez maior na economia do<br />

<strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

TuRISmo<br />

Cachaças da região do <strong>Alto</strong><br />

Paraopeba já são exportadas<br />

para outros estados<br />

Atrativos turísticos não faltam no <strong>Alto</strong> Paraopeba,<br />

sejam naturais, históricos, ou culturais. Para<br />

Luís Landini, o turismo deve ser visto como uma<br />

importante fonte potencial de geração de riqueza:<br />

“Identificar e valorizar os atrativos existentes é o<br />

primeiro passo para transformar todo este potencial<br />

em trabalho, renda e receita para os municípios.”<br />

foto: WilSon aVelar<br />

Mas complementa: “É necessário, divulgação, infra-<br />

-estruturação, e serviços à altura da expectativa dos<br />

visitantes, para não ficar aquém das expectativas.”<br />

ATRATIVoS nATuRAIS<br />

Graças à presença e interpenetração do cerrado,<br />

da Mata Atlântica e de campos nativos, estes com<br />

características e vegetação condicionadas pela natureza<br />

especial do solo - principalmente devido a cangas<br />

ferríferas e rochas quartzíticas que o originaram<br />

-, a fauna e a flora são amplamente diversificadas,<br />

conferindo à região um elevado endemismo e grande<br />

biodiversidade.<br />

Algumas áreas são especialmente privilegiadas<br />

quanto aos seus aspectos naturais. Uma dessas áreas<br />

é a serra do Ouro Branco, com sua vegetação típica<br />

e paisagens variadas, rios, cachoeiras, trilhas e<br />

mirantes. Especiais são também a flora e as paisagens<br />

das outras serras da região, que se orientam no<br />

sentido Congonhas – Belo Vale: Serra da Bandeira<br />

(Casa de Pedra), Serra do Esmeril e serra da Moeda.<br />

A presença das serras propicia a formação de<br />

inúmeros rios, corredeiras e cachoeiras. Das quedas<br />

d’água, presentes em todos os municípios do<br />

consórcio, merecem destaque as cachoeiras de São<br />

Mateus, da Tartária e de Santa Cruz, em Jeceaba.<br />

A primeira delas, considerada por muitos a mais<br />

bonita, é a maior e mais bem preservada, cercada<br />

por matas, clareiras e bosques. A Cachoeira da Tartária<br />

tem corredeiras, pequenas quedas de água e<br />

praias arenosas, enquanto a de Santa Cruz forma<br />

piscinas naturais em meio à belíssima paisagem de<br />

altas montanhas e amplos vales. Em Entre Rios de<br />

Minas também existem várias cachoeiras propícias<br />

para banhos, sendo as principais a dos Coqueiros,<br />

a 12 quilômetros do centro, e a do Gordo, a 18 quilômetros.<br />

Em Belo Vale, as mais procuradas são a<br />

cachoeira Boa Esperança e a cachoeira da Serra, cartão<br />

postal do município, ambas a aproximadamente<br />

6 quilômetros do centro da cidade.<br />

Inúmeras são também as oportunidades para os<br />

apreciadores do ecoturismo e turismo de aventuras:<br />

as trilhas para pedestres, ciclistas e mesmo para<br />

motos, espalham-se pela região. Algumas levam a<br />

mirantes de onde se pode observar as mais belas<br />

paisagens, dos quais o mais conhecido talvez seja o<br />

mirante do alto da Serra do Ouro Branco, de onde se<br />

avista, além da cidade de Ouro Branco, Conselheiro<br />

REVISTA codAp 17


18 REVISTA codAp<br />

Lafaiete, Congonhas e outras cidades próximas no<br />

amplo vale do Paraopeba. Jeceaba também possui<br />

dois magníficos mirantes, o Taquaral, situado a 10<br />

quilômetros do centro da cidade, e o da Serra do<br />

Gambá. É um magnífico maciço rochoso que atinge<br />

1.200 metros de altitude e se eleva acerca de 500<br />

metros acima da base do relevo local, permitindo<br />

avistar toda a região. A Serra do Gambá hoje é um<br />

Monumento Natural criado como compensação ambiental<br />

para a implantação de um distrito industrial<br />

no município.<br />

Outro atrativo natural do <strong>Alto</strong> Paraopeba é justamente<br />

o Paraopeba, rio que dá nome à região. Assim<br />

como outros rios de maior porte, como o Camapuã,<br />

seu afluente, que forma belíssimas paisagens e oferece<br />

condições para pescarias e esportes aquáticos.<br />

RESERVAS nATuRAIS<br />

A serra na região propicia a<br />

formaçaõ de cachoeiras<br />

A Serra do Ouro Branco, marco inicial do extremo<br />

sul da Cadeia do Espinhaço, está inserida na<br />

Reserva da Biosfera reconhecida pela Unesco no<br />

contexto do Programa MAB, criada para proteger<br />

as paisagens e a diversidade biológica desse maciço<br />

brasileiro de importância mundial, especialmente<br />

pelo alto grau de endemismo de suas espécies vegetais.<br />

Parque Estadual da Serra do Ouro Branco<br />

– No ano de 2009, o estado criou o Parque Estadual<br />

da Serra do Ouro Branco, com 7.520 hecta-<br />

foto: WilSon aVelar<br />

res, compreendendo terras nos municípios de Ouro<br />

Branco e Ouro Preto. O parque foi criado para proteger<br />

a rica flora endêmica da serra, especialmente<br />

dos campos rupestres e as paisagens geológicas existentes<br />

na área, englobando várias outras unidades<br />

de menor porte criadas anteriormente, como a Gruta<br />

da Igrejinha e a área Especial do Veríssimo - esta<br />

para proteger as nascentes dos rios que abastecem a<br />

cidade e atividades industriais de Ouro Branco.<br />

Monumento Natural Estadual do Itatiaia<br />

– Criado também em 2009 com 3,2 mil hectares, o<br />

Monumento Natural do Itatiaia está localizado no<br />

ponto de interligação das serras do Ouro Branco, do<br />

Itatiaia e do Bico de Pedra, em área contígua ao parque<br />

estadual igualmente situado no território dos<br />

municípios de Ouro Branco e Ouro Preto.<br />

Monumento Natural Estadual da Serra<br />

do Gambá – Situado no município de Jeceaba, o<br />

Monumento Natural da Serra do Gambá, com seus<br />

422 hectares, é uma das poucas áreas remanescentes<br />

de mata atlântica na região em que se encontra.<br />

Com seus 1.274 metros de altitude, aparece como<br />

uma ilha de mata isolada no meio do campo que domina<br />

a paisagem. O MNE Serra do Gambá foi criado<br />

em substituição ao parque estadual previsto para<br />

a proteção da serra e seus mananciais no licenciamento<br />

concedido à Companhia de Desenvolvimento<br />

Econômico de Minas Gerais (Codemig) pela implantação<br />

do Distrito Industrial de Jeceaba.<br />

Parque da Cachoeira – Localizado no municio<br />

de Congonhas, o Parque da Cachoeira é um<br />

parque municipal situado próximo à zona urbana.<br />

Recentemente reaberto ao público pela prefeitura<br />

municipal é muito procurado pela população da<br />

cidade, da região e, também, da grande Belo Horizonte.<br />

O Parque da Cachoeira, além do ambiente<br />

natural que protege e das várias quedas formadas<br />

pelo rio Santo Antônio - a principal delas com aproximadamente<br />

20 metros -, possui espaços construídos<br />

para lazer, incluindo piscinas de água natural,<br />

quadras (futebol, peteca, vôlei), campo gramado,<br />

área de camping, churrasqueiras, restaurante, lanchonete<br />

e sorveteria.<br />

Reservas Particulares do Patrimônio Natural<br />

– Das muitas reservas particulares existentes


na região, a maioria criada pelas grandes empresas<br />

mineradoras e siderúrgicas, merece destaque<br />

a RPPN Luis Carlos Jurovsky Tamassia,<br />

pertencente à Gerdau, com 1.247 hectares. Localizada<br />

no sopé da Serra do Ouro Branco – em<br />

área que não foi incluída no perímetro do parque<br />

estadual criado para proteção da serra - a<br />

reserva adquire maior importância por proteger<br />

formações de mata atlântica e de cerrado que<br />

não estão presentes no interior do parque e que<br />

abrigam espécies ameaçadas de extinção, bem<br />

como por resguardar de eventual descaracterização<br />

a paisagem proporcionada pelo paredão<br />

quase vertical da serra.<br />

<strong>Geopark</strong> do <strong>Quadrilátero</strong> ferrífero<br />

outra importante área protegida na região do codap é o<br />

recém-criado geopark do <strong>Quadrilátero</strong> ferrífero - categoria de<br />

reserva proposta pela unesco em 1999, que tem como objetivos<br />

promover o desenvolvimento sustentável, através da<br />

preservação de sítios geológicos de especial valor científico, e<br />

valorizar o patrimônio cultural local, além de proteger valores<br />

ecológicos, arqueológicos, históricos e culturais importantes<br />

para a identidade regional.<br />

além da proteção do patrimônio geológico, o conceito de<br />

geopark preza que o território definido apresente valores ecológicos,<br />

arqueológicos, históricos e culturais importantes para<br />

a identidade regional, o que favorece a preservação e o<br />

turismo.<br />

o geopark do <strong>Quadrilátero</strong> ferrífero é<br />

o segundo geopark a ser criado no país: o<br />

primeiro foi o do araripe, no ceará. está situado<br />

na região central de Minas gerais e inclui,<br />

em seus 5,9 mil quilômetros quadrados, a maior<br />

parte do território do codap.<br />

Para o presidente do comitê gestor do geopark<br />

do <strong>Quadrilátero</strong> ferrífero, renato ciminelli, esta é uma iniciativa<br />

positiva que vai causar impactos favoráveis em toda a<br />

área, inclusive no alto Paraopeba: “a partir dos atributos geológicos<br />

do <strong>Quadrilátero</strong> ferrífero haverá medidas para o desenvolvimento<br />

sustentável, que é justamente um dos objetivos<br />

do codap.”<br />

Reconhecendo a importância da iniciativa, o Codap firmou<br />

termo de cooperação com o geopark, que estabelece entre<br />

seus principais objetivos estudos e projetos sobre a área e seus<br />

atributos; criação de centro de educação ambiental e museu<br />

regional de geologia e mineração; promoção de cursos de educação<br />

ambiental; <strong>sem</strong>inários para conscientização da sociedade<br />

sobre a importância do patrimônio geológico, ecológico, artístico,<br />

cultural e turístico do parque e valorização da área.<br />

foto: WilSon aVelar<br />

serra do Ouro<br />

Branco, marco<br />

inicial da Cadeia<br />

do Espinhaço<br />

REVISTA codAp 19


20 REVISTA codAp<br />

Casa de Tiradentes em Ouro Branco, sede da<br />

Fazenda Carreiras que hospedou D. Pedro II<br />

ATRATIVoS hISTóRIco-culTuRAIS<br />

No <strong>Alto</strong> Paraopeba se escreveu parte importante<br />

da história de Minas Gerais e do Brasil. Belo Vale,<br />

às margens do rio Paraopeba, ostenta o título de<br />

primeiro povoamento de Minas Gerais, criado como<br />

arraial a partir do plantio de roças em 1672, para<br />

abastecimento da bandeira de Fernão Dias, época<br />

em que se iniciava o desbravamento dos sertões em<br />

busca de ouro.<br />

Congonhas, juntamente com Ouro Branco, Ouro<br />

Preto, Mariana e outras localidades próximas, constituíram<br />

a região das Minas Gerais dos Cataguás,<br />

região aurífera intensamente explorada ainda no<br />

final do século XVII. Aqui surgiram vilas importantes,<br />

que ostentaram a riqueza do ouro e as obras<br />

de arte custeadas, graças à sua abundância. Todo<br />

esse passado em parte se encontra ainda presente<br />

nas cidades e vilarejos do <strong>Alto</strong> Paraopeba, principalmente<br />

nos seus antigos caminhos, igrejas e fazendas<br />

centenárias.<br />

ESTRAdA REAl<br />

Em toda a região, natureza e história se completam<br />

e, muitas vezes, é impossível dissociar uma<br />

da outra. Exemplo disto são os atrativos da Estrada<br />

Real, antiga via do Brasil colônia presente em todos<br />

os municípios do consórcio. Percorrer a Estrada<br />

Real, principalmente nos seus trechos mais agrestes<br />

e conservados, é voltar no tempo; é ver a região, sua<br />

paisagem, natureza e edificações tal como eram na<br />

época da descoberta e exploração das minas.<br />

foto: WilSon aVelar<br />

Descrever todos os atrativos existentes ao longo<br />

da Estrada Real é tarefa difícil. Mas uma breve menção<br />

a alguns deles permite vislumbrar sua diversidade.<br />

Em Conselheiro Lafaiete, próximo à divisa<br />

com Ouro Branco, pode-se conhecer um dos muitos<br />

locais que remetem o visitante ao passado: junto às<br />

ruínas da Estalagem da Varginha do Lourenço, um<br />

dos locais em que os inconfidentes se reuniam, ainda<br />

pode ser vista a gameleira em que ficou exposta<br />

a perna direita de Tiradentes, para que servisse<br />

de exemplo e alerta ao povo. Pouco mais adiante,<br />

em Ouro Branco, está a chamada “Casa de Tiradentes”,<br />

sede da Fazenda Carreiras, uma bela propriedade<br />

da época colonial, que hospedou D. Pedro II<br />

em viagem à região. Seguindo em direção a Ouro<br />

Preto está a Fazenda Pé do Morro, além de muitos<br />

outros atrativos espalhados na paisagem inalterada<br />

da serra do Ouro Branco, ao longo do trecho que segue<br />

em direção a Ouro Preto. Em outros municípios<br />

do consórcio, especialmente em Congonhas, Entre<br />

Rios e Belo Vale, são também encontradas muitas<br />

ocorrências de interesse histórico e cultural, como<br />

o trecho calçado com pedra bruta, que faz a ligação<br />

da fazenda Boa Esperança com as minas de ouro de<br />

propriedade do Barão do Paraopeba e com o Forte<br />

das Casas Velhas, hoje em ruínas, que servia como<br />

prisão e alfândega.<br />

IGREJAS<br />

Das cidades da região, Congonhas, é a que oferece<br />

ao visitante o maior número de igrejas do período<br />

barroco. No Santuário do Bom Jesus de Matosinhos,<br />

o visitante vai encontrar o maior conjunto de arte<br />

barroca do mundo, constituído pelas obras de Antônio<br />

Francisco Lisboa, o Aleijadinho, com destaque<br />

para os 12 profetas que ornamentam o adro da igreja.<br />

Esculpidos em pedra sabão pelo artista, deram à<br />

cidade os títulos de Imagem de Minas e Patrimônio<br />

Cultural da Humanidade - embora não se possa deixar<br />

de mencionar, neste contexto, as 66 esculturas<br />

em cedro, alusivas aos passos da Paixão de Cristo,<br />

expostas nas capelas existentes ao longo do curto<br />

caminho de acesso à basílica.<br />

Além do conjunto do Bom Jesus dos Matosinhos,<br />

que incluí a chamada Romaria, prédio originalmente<br />

construído para abrigar os romeiros e suas montarias<br />

durante a tradicional festa de Bom Jesus - e<br />

que ainda é uma das principais festividades religiosas<br />

do país - vale a pena visitar a Igreja do Rosário,


construída por escravos e a mais antiga da cidade,<br />

datando do final do século XVII; a de Nossa Senhora<br />

da Ajuda, construída em 1746 e que guarda famoso<br />

chafariz em pedra-sabão; e a de São José, que<br />

se diferencia das demais igrejas barrocas por suas<br />

formas arredondadas. A Matriz, consagrada a Nossa<br />

Senhora da Conceição, datada de 1734, foi construída<br />

de modo que é possível perceber, em sua concepção,<br />

várias fases do barroco. A douração da sua capela-mor<br />

é atribuída ao pai de Aleijadinho, Manoel<br />

Francisco Lisboa. Existe também a Capela de Nossa<br />

Senhora da Soledade, no distrito de Lobo Leite, que<br />

é da primeira metade do século XVIII e possui um<br />

conjunto de interessantes imagens barrocas.<br />

Conselheiro Lafaiete tem na Matriz de Nossa Senhora<br />

da Conceição, construída em 1733 e reaberta<br />

no final do ano passado após restauração, sua principal<br />

igreja do período colonial, com representação<br />

das três fases do barroco no Brasil. Nela estão sepultados<br />

os restos mortais de figuras ilustres da cidade,<br />

entre os quais o Barão de Pouso Alegre, a baronesa<br />

e seus dois filhos, Washington e Lafayette Rodrigues<br />

Pereira. Este último, Conselheiro do Império e grande<br />

jurista, que empresta seu nome ao município antes<br />

denominado Queluz de Minas (antiga Villa Real<br />

de Queluz, cuja origem remonta ao Arraial dos Carijós,<br />

criado no final do século XVII).<br />

Matriz de santo Antônio,<br />

em Ouro Branco<br />

foto: WilSon aVelar<br />

foto: WilSon aVelar<br />

santuário de Bom Jesus do<br />

Matozinhos, em Congonhas<br />

Ainda no município de Conselheiro Lafaiete, a<br />

igreja de Nossa Senhora da Conceição da Passagem<br />

do Gagé, localizada no distrito de Gagé, às margens<br />

do trecho mineiro da antiga estrada União-Indústria,<br />

recentemente restaurada, também merece ser<br />

visitada, assim como a capela de Santo Antonio, datada<br />

de 1751 e localizada no distrito sede.<br />

Em Ouro Branco, a Matriz de Santo Antônio,<br />

cuja primeira menção data de 1717, possui preciosas<br />

pinturas do Mestre Ataíde. Seu arco-cruzeiro e<br />

sua capela-mor formam um conjunto de talhas dos<br />

mais belos de Minas. A Igreja de Santo Antônio, localizada<br />

no distrito de Itatiaia, é também uma das<br />

mais antigas de Minas, datando de 1714. Foi reconstruída<br />

em 1761 e, embora até hoje inconclusa,<br />

mostra no retábulo entalhes de autoria de Lourenço<br />

Rodrigues de Souza e pintura e douração realizadas<br />

por Manuel Ribeiro Rosa. Outra construção religiosa<br />

interessante na cidade é a Capela Nossa Senhora<br />

Mãe dos Homens, pequena construção da segunda<br />

metade do século XIX.<br />

Em São Brás do Suaçuí, a Igreja Matriz de São<br />

Brás, dedicada ao santo padroeiro da cidade, é<br />

um atrativo a mais para quem passa pela cidade.<br />

Sua construção data da segunda metade do século<br />

XVIII e apresenta uma arquitetura baseada no estilo<br />

barroco. Outro ponto para visita é a Capela de São<br />

João, que abriga em seu interior uma imagem em<br />

tamanho natural do Senhor dos Passos. Em Entre<br />

Rios de Minas merece destaque a Capela dos Olhos<br />

d´Água, também em estilo barroco da primeira fase<br />

da arte colonial mineira.<br />

REVISTA codAp 21


Igreja Matriz<br />

de são Brás<br />

do suaçui<br />

22 REVISTA codAp<br />

Igreja de N.s. da Conceição<br />

em Conselheiro Lafaiete<br />

Em Belo Vale, além da matriz de São Gonçalo no<br />

centro da cidade, construída no século XVIII em estilo<br />

barroco, não se pode deixar de visitar: a Igreja do<br />

Arraial de Vargem de Santana do Paraopeba, local<br />

em que foi assinado o primeiro documento oficial de<br />

Minas Gerais; a igreja de Santana, datada de 1735;<br />

e a de Nossa Senhora da Boa Morte, de 1760, localizada<br />

no arraial de mesmo nome, típico do século<br />

XVII, hoje reconhecido como quilombola.<br />

Matriz de são<br />

Gonçalo do Belo Vale<br />

foto: WilSon aVelar<br />

foto: WilSon aVelar<br />

foto: WilSon aVelar<br />

fAzEndAS<br />

Várias são as fazendas do período colonial remanescentes<br />

no <strong>Alto</strong> Paraopeba que, além das sedes<br />

bem conservadas, guardam outras construções e características<br />

da época.<br />

Algumas são mais conhecidas, por razão de localização,<br />

atrativos ou acessibilidade. Uma destas<br />

é a Fazenda dos Macacos, em Conselheiro Lafaiete,<br />

onde nasceu o ilustre personagem que empresta seu<br />

nome ao município. Localizada às margens da BR<br />

040, é de fácil acesso e se encontra aberta ao público.<br />

Na região de São Vicente de Paula, a aproximadamente<br />

a 20 km do centro da cidade, encontra-se<br />

a Fazenda Água Limpa, construída em 1729 e que<br />

pertenceu em data posterior ao Barão de Queluz.<br />

Também no mesmo município, a Fazenda do Paraopeba<br />

tem grande relevância arquitetônica e histórica,<br />

sendo remanescente da época da bandeira de<br />

Fernão Dias Pais Leme, tendo pertencido no século<br />

seguinte ao inconfidente Alvarenga Peixoto. Está situada<br />

nas proximidades das divisas de Conselheiro<br />

Lafaiete, Congonhas e São Brás do Suaçuí, às margens<br />

da rodovia MG 583, que leva a esse último município.<br />

Sua restauração está prevista para este ano.<br />

Em Belo Vale, a mais imponente propriedade rural<br />

dos tempos da colônia é a Fazenda Boa Esperança,<br />

datada de 1760. O casarão que serve de sede<br />

à fazenda que pertenceu ao Barão do Paraopeba,<br />

grande proprietário de minas de ouro em Congonhas<br />

e que chegou a ser presidente da província,<br />

tem um dos seus 23 cômodos ocupado por uma capela<br />

com altar barroco revestido de ouro e teto com<br />

pinturas do famoso Mestre Ataíde.<br />

Em Ouro Branco, além das já mencionadas Fazenda<br />

Carreiras e Fazenda Pé de Morro, esta última<br />

transformada em hotel fazenda, encontra-se entre<br />

seus atrativos a Capela de Santana do Pé do Morro,<br />

onde uma bela obra arquitetônica construída com<br />

perfis de aço e vidros coloridos protege as ruínas da<br />

antiga capela. Também vale a pena conhecer a sede<br />

da fazenda hoje conhecida como Fazendinha 1º de<br />

Maio, datada do final do século XVII, localizada na<br />

área urbana.<br />

ouTRAS EdIfIcAçõES<br />

Além do casario colonial remanescente, principalmente<br />

nos locais onde o conjunto urbano encontra-se<br />

mais bem conservado, como na ladeira que<br />

dá acesso à Basílica do Bom Jesus de Matosinhos,


em Congonhas, e no centro de Entre Rios de Minas,<br />

muitas outras edificações antigas podem ser encontradas.<br />

Para quem gosta de história militar, um bom<br />

atrativo é o Forte das Casas Velhas, em Belo Vale.<br />

Segundo a tradição oral, é uma antiga alfândega e<br />

forte militar da época do ciclo do ouro. As ruínas da<br />

Casa de Pedra ou Fortim dos Bandeirantes, construída<br />

pela bandeira de Fernão Dias Paes Leme, fica em<br />

Entre Rios de Minas, junto à serra do Gambá.<br />

Outras importantes obras arquitetônicas de um<br />

passado mais recente são as estações de trem, construídas<br />

no início do século XX, em estilo inglês, com<br />

destaque para as de Congonhas, Jeceaba e, especialmente,<br />

de Belo Vale. Nesta última cidade existe um<br />

conjunto ferroviário, composto por duas residências,<br />

duas plataformas e a sede da EFCB, inaugurado<br />

em 1917.<br />

Em uma região em que predominam hoje as atividades<br />

minero-metalúrgicas, não se pode deixar de<br />

mencionar as ruínas da Fábrica Patriótica, hoje em<br />

terras da Vale, construída em Congonhas no ano de<br />

1811 pelo Barão de Eschwege, onde se registrou no<br />

ano seguinte a primeira corrida do ferro em Minas<br />

Gerais. O bicentenário deste feito será comemorado<br />

este ano com grandes festividades em Congonhas.<br />

muSEuS<br />

Na cidade de Belo Vale está situado o Museu do<br />

Escravo, com mais de 4 mil peças em seu acervo, a<br />

maioria diretamente relacionada com a escravidão no<br />

Brasil. O museu permite ao visitante ter ideia do período<br />

de escravidão, principalmente pelos instrumentos<br />

de tortura existentes: tronco, correntes, gargantilhas,<br />

máscaras e outras peças – a maioria recolhida<br />

na própria região. O museu mostra ainda variados<br />

objetos de época, inclusive de povos indígenas, que<br />

foram também escravizados pelo colonizador.<br />

Para os amantes da história e da leitura vale a<br />

visitação à Biblioteca e ao Museu Antônio Perdigão,<br />

em Conselheiro Lafaiete. Seu acervo possui milhares<br />

de fotos e documentos centenários ligados à história<br />

do município, livros e revistas em geral, bem como<br />

obras de artes, coleções de variedades, vestuário,<br />

porcelanas e muitas outras peças antigas. O Museu<br />

da Imagem e Memória de Congonhas também conta<br />

com rica coleção de fotos, documentos, livros, obras<br />

de arte, utensílios e objetos que remetem ao passado<br />

do município.<br />

foto: WilSon aVelar<br />

foto: WilSon aVelar<br />

Estação de term construída no<br />

início de século XX em Congonhas<br />

Fazenda Boa<br />

Esperança em<br />

Belo Vale<br />

foto: WilSon aVelar<br />

Ruínas da<br />

Casa de Pedra<br />

em Entre Rios<br />

de Minas<br />

REVISTA codAp 23


24 REVISTA codAp<br />

Idealizado por Cláudio Henrique Cardoso Pena,<br />

um apaixonado pela cidade, o Museu dos Tropeiros,<br />

em Entre Rios de Minas, foi inaugurado em 2011.<br />

Durante 30 anos, Cláudio Henrique colecionou objetos<br />

antigos e tudo que um dia fez parte da história<br />

e da cultura da cidade, até que decidiu fundar o museu<br />

para dividir com todas as pessoas as lembranças<br />

do passado da cidade. O Museu dos Tropeiros fica<br />

na Praça Senador Ribeiro, em frente à Igreja Matriz<br />

Nossa Senhora das Brotas em um belo casarão que<br />

data de 1813.<br />

O Museu de Mineralogia e Artes Sacras de Congonhas,<br />

localizado na Romaria, possui mais de 2.000<br />

amostras de minerais, muitos da própria região, rica<br />

nos mais diversos tipos de minerais valiosos. Além<br />

destas amostras, o museu conta com imagens, mobiliário<br />

e outras peças de origem religiosa.<br />

O Espaço Arqueológico, inaugurado este ano em<br />

São Brás do Suaçuí, é o mais recente museu da região.<br />

Conta um pouco da história do <strong>Alto</strong> Paraopeba<br />

e de seus antepassados, a partir de achados arqueológicos<br />

realizados durante a implantação do Distrito<br />

Industrial da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil<br />

(VSB), na vizinha Jeceaba. No local foram descobertos<br />

16 sítios arqueológicos de comunidades indígenas<br />

que viveram na região há mais de mil anos.<br />

Cerca de 40 mil peças foram encontradas, entre as<br />

quais artefatos cerâmicos, fragmentos de potes, rochas<br />

que serviam de armas, raspadores, cachimbos e<br />

apitos. O acervo está exposto para visitação pública<br />

nas dependências do Centro Sociocultural de São<br />

Brás do Suaçuí.<br />

Museu dos Tropeiros em<br />

Entre Rios de Minas<br />

foto: WilSon aVelar<br />

fESTAS E EVEnToS<br />

A riqueza cultural do <strong>Alto</strong> Paraopeba se expressa<br />

de diversas formas em todas as cidades da região e<br />

pode ser conhecida através dos muitos eventos que<br />

ocorrem durante todo o ano.<br />

Parte da culinária local pode ser conhecida no<br />

tradicional Festival de Quitandas, realizado anualmente<br />

em Congonhas, e que tem nos produtos<br />

artesanais produzidos na região - doces, licores e<br />

especialmente bolos, roscas e biscoitos, as chamadas<br />

quitandas - seu principal atrativo. Também no<br />

Festival da Batata, em Ouro Branco, ainda é realizado<br />

concurso de pratos à base de batata, embora<br />

hoje a festa seja mais conhecida pelos shows que<br />

apresenta.<br />

Outra festa típica com origem nas tradições rurais,<br />

ao lado de muitas outras que são realizadas em<br />

comunidades menores de todos os municípios, é a<br />

Festa da Colheita, que acontece em Entre Rios de<br />

Minas há mais de 50 anos, e que culmina com um<br />

desfile de carros de boi pela cidade, no último dia<br />

dos festejos.<br />

Entre as festas religiosas merecem destaque as<br />

comemorações da Semana Santa e o Jubileu do Senhor<br />

Bom Jesus de Matosinhos. O Jubileu é uma<br />

das mais antigas e tradicionais festas religiosas do<br />

Brasil, realizada desde o século XVIII, atraindo a<br />

Congonhas romeiros e visitantes de todo o país. A<br />

festa guarda entre suas antigas tradições a realização<br />

de feira nas ruas próximas ao santuário, acontecimento<br />

que era comum nas festividades populares<br />

mais importantes na época da colônia e do império,<br />

quando a população podia adquirir produtos que<br />

normalmente não eram encontrados no comércio<br />

local das pequenas vilas. As comemorações da Semana<br />

Santa, embora presentes em todas as cidades<br />

da região, alcançam maior expressão em Belo Vale,<br />

Ouro Branco e, especialmente, em Congonhas: durante<br />

toda a <strong>sem</strong>ana ocorrem eventos religiosos que<br />

culminam com a representação da Paixão de Cristo<br />

na Sexta-Feira Santa.<br />

Também de origem religiosa, porém de caráter<br />

mais alegre e algo profano, são as manifestações conhecidas<br />

como Folia de Reis. Na região, essa tradicional<br />

festa é bastante comemorada – inclusive com<br />

a promoção de festivais em Entre Rios de Minas<br />

e Congonhas. Destaque especial deve ser dado ao<br />

congado, festividade que tem origem no sincretismo<br />

entre o catolicismo e os cultos africanos trazidos pe-


los escravos, realizado principalmente em Belo Vale,<br />

Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e Congonhas.<br />

A região conta com mais de trinta bandas de<br />

congado que mantêm viva essa rica tradição religiosa<br />

popular. Em Conselheiro Lafaiete é realizado<br />

há mais de 30 anos um grande festival de congado,<br />

com a participação de várias bandas e representações<br />

de todo o estado e até mesmo do país.<br />

Outra grande festa que merece destaque é o carnaval.<br />

Embora esta seja hoje uma festa de caráter<br />

profano, que em nada lembra suas origens religiosas,<br />

o carnaval é tradição na região – com especial<br />

destaque para as comemorações que acontecem em<br />

Congonhas e Entre Rios de Minas, e também para o<br />

pré-carnaval de Ouro Branco.<br />

Destaque especial deve ser dado à preservação<br />

da rica tradição das Congadas, principalmente em<br />

Belo Vale, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e Congonhas.<br />

São mais de trinta bandas organizadas que<br />

mantêm esta tradição, inclusive com a realização<br />

de um famoso festival em Conselheiro Lafaiete, que<br />

atrai várias representações do estado e ate mesmo<br />

do país.<br />

MúSICa – No campo musical, entre os atrativos<br />

da região estão: as famosas Violas de Queluz, cuja<br />

tradição remonta ao século XVIII e vem sendo resgatada<br />

em Conselheiro Lafaiete, através de eventos<br />

musicais em que o destaque são as antigas violas<br />

fabricadas na cidade; as serestas que acontecem em<br />

Para melhor aproveitar o potencial turístico da região<br />

e fortalecer o setor do turismo, aumentando sua<br />

importância para a economia regional e propiciando<br />

maiores e melhores oportunidades de emprego e<br />

renda para a população dos municípios do consórcio,<br />

o codap está dando início à elaboração de importantes<br />

projetos: a organização do calendário regional<br />

de eventos turísticos e culturais do alto Paraopeba,<br />

para divulgação da programação dos principais acontecimentos<br />

turísticos em cada cidade; a definição de<br />

roteiros turísticos temáticos e espaciais, em base<br />

geo-referenciada, para melhor orientar o visitante; e<br />

a criação de um museu aberto da mineração e siderurgia<br />

são os projetos iniciais – a serem complemen-<br />

Escola de Música em são Brás do suaçuí<br />

Entre Rios de Minas; e a vocação musical de São<br />

Brás do Suaçuí, muito bem preservada pela sua escola<br />

de música.<br />

Mais recentes são os Festivais de Inverno, que<br />

ocorrem no mês de julho nas cidades de Ouro Branco<br />

e Congonhas, com variada programação cultural<br />

que inclui música, dança, teatro, cinema, cursos e<br />

muitas outras atrações.<br />

Além dos eventos culturais, também são registrados<br />

na região eventos esportivos importantes: o<br />

Steel Goose (Encontro Nacional de Motociclismo) e<br />

o Campeonato Brasileiro de Rally, ambos sediados<br />

em Ouro Branco, merecem ser destacados; assim<br />

como a Caminhada da Inconfidência (Ouro Preto –<br />

Ouro Branco) nas comemorações da Inconfidência;<br />

e a Cavalgada da Inconfidência, realizada na mesma<br />

época e que atravessa a região em direção a Ouro<br />

Preto, evento de caráter predominantemente cívico.<br />

calendário Regional de Eventos Turísticos e culturais<br />

foto: WilSon aVelar<br />

tados com ações destinadas a melhor qualificar os trabalhadores<br />

e empresários do setor.<br />

no caso do Museu aberto de Mineração e Metalurgia, a<br />

ideia é identificar os sítios existentes na região, transformando-<br />

-os em atrativos turísticos espacialmente dispersos, para que<br />

o visitante possa ter ideia destas atividades e de sua evolução.<br />

Podem ser antigos, como minas esgotadas ou abandonadas,<br />

casas de fundição, construções de época e outros, ou mesmo<br />

recentes ou não tão antigos, como minas em processo de exploração,<br />

siderúrgicas, instalações de processamento, etc. o<br />

museu prevê, ainda, a existência de uma ou mais sedes, que<br />

reúnam e abriguem amostras de minérios, fotos, documentos,<br />

máquinas, veículos, ferramentas e outros equipamentos utilizados<br />

nessas atividades.<br />

REVISTA codAp 25


26 REVISTA codAp<br />

loGíSTIcA<br />

fundamental para o<br />

crescimento da região<br />

A principal via de acesso rodoviário à região<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba, localizada na Região Central<br />

do estado, é a BR 040, que liga o Rio de Janeiro a<br />

Brasília, passando por Belo Horizonte. Em um dos<br />

trechos desta rodovia está localizada importante<br />

conquista do Consórcio Público para Desenvolvimento<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba junto ao governo federal:<br />

o Viaduto Márcio Rocha Martins, que substituiu<br />

o antigo Viaduto Vila Rica, datado de 1957 e<br />

mais conhecido como Viaduto das Almas, cenário<br />

de várias tragédias.<br />

Outras rodovias importantes são a MG 129, de<br />

Conselheiro Lafaiete à BR 381 (São Paulo – Barra<br />

de São Francisco, via Belo Horizonte e Governador<br />

Valadares), passando por Ouro Branco e Ouro<br />

Preto, Mariana e Santa Bárbara; a MG 383, que<br />

interliga Congonhas a São João del-Rei, com início<br />

na BR 040, e conexão a partir deste município<br />

com a BR 381; e a BR 482, de Conselheiro Lafaiete<br />

até Porto Firme, onde se interliga com a MG<br />

120, que segue para Viçosa e outros municípios<br />

do estado.<br />

Com relação às ferrovias existentes na região,<br />

a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), criada<br />

em 1904 e considerada uma das mais eficientes e<br />

foto: WilSon aVelar<br />

produtivas do país, interliga as minas do Sistema<br />

Sudeste ao Complexo Portuário de Tubarão, no<br />

estado do Espírito Santo, e está integrada à Ferrovia<br />

Centro-Atlântica. A MRS Logística opera dois<br />

ramais da extinta Rede Ferroviária Federal (RFF-<br />

SA), um deles construído em 1917, o ramal Paraopeba<br />

da linha Centro da antiga Estrada de Ferro<br />

Central do Brasil (EFCB), fazendo a ligação com<br />

o Rio de Janeiro e São Paulo; e a Ferrovia do Aço,<br />

construída em 1977, que transporta produtos siderúrgicos<br />

da região e principalmente minério de<br />

ferro para a siderúrgica de Volta Redonda e para<br />

os portos de Sepetiba, em Itaguaí, e Ilha Guaíba,<br />

em Mangaratiba, no estado do Rio de Janeiro.<br />

A carga de minério de ferro produzido na região<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba é transportada via ferrovia<br />

pela MRS Logística, que realiza o trabalho<br />

para empresas como a Vale, Ferrous, Arcelor<br />

Mittal, CSN, entre outras.<br />

Segundo a Assessoria de Imprensa da companhia,<br />

a malha da MRS conecta várias cidades<br />

da região do <strong>Alto</strong> Paraopeba, entre elas, Sarzedo,<br />

Brumadinho, Belo Vale e Ibirité. A Assessoria informa,<br />

ainda, que uma parte da carga transportada<br />

para seus clientes é carregada na região de<br />

São Brás do Suaçuí, em direção ao porto de Itaguaí.<br />

A rede total da MRS possui uma extensão de<br />

aproximadamente 1.643 quilômetros e, na região<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba, a malha possui uma extensão<br />

aproximada de 150 quilômetros.<br />

A BR 040 é a principal via de<br />

acesso rodoviário à região


plano de desenvolvimento Regional – cedeplar<br />

a região, que conta atualmente com logística<br />

adequada, necessita rever a situação de sua infraestrutura<br />

para fazer frente ao ritmo crescente das suas<br />

atividades econômicas. o forte crescimento econômico<br />

decorrente dos grandes investimentos em curso<br />

(mais de r$ 25 bilhões) e o significativo aumento<br />

populacional esperado (com a população passando<br />

dos atuais 230 mil habitantes para cerca de 400 mil<br />

habitantes em 2025, com crescimento estimado em<br />

aproximadamente 75%, conforme estudos realizados<br />

pelo cedeplar/ufMg, o alto Paraopeba tem<br />

necessidade de reforçar sua infraestrutura, principalmente<br />

no que se refere à logística, através da melhoria<br />

e ampliação das suas vias de transporte.<br />

o governo do estado, através da Secretaria de<br />

estado de transportes e obras Públicas (Setop), já<br />

iniciou obras de duplicação na Mg 383, no trecho<br />

que vai da Br 040 até São Brás do Suaçuí, com<br />

construção de via de contorno neste município<br />

(atualmente cortado pela rodovia) e ampliação<br />

da Mg 155, que dá acesso a Jeceaba. Segundo o<br />

Setop, no novo programa de pavimentação do estado<br />

de Minas gerais, “caminhos de Minas”, estão<br />

sendo preparados sete projetos de engenharia<br />

que beneficiarão toda a região. obras de revitalização<br />

do trecho da Br 040 na zona de interesse<br />

regional já foram anunciadas e devem ser iniciadas<br />

em breve.<br />

REVISTA codAp 27


28 REVISTA codAp<br />

EducAção<br />

Apostando no futuro com<br />

educação de qualidade<br />

Para garantir o desenvolvimento regional sustentável,<br />

um dos pilares é a educação de qualidade,<br />

necessária para melhor formação e consequente garantia<br />

de emprego e renda aos moradores das cidades<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

O esforço neste sentido começa pela educação<br />

de base, lição de casa que os municípios do Codap<br />

têm feito com distinção. A qualidade das escolas públicas<br />

existentes tem proporcionado lugar de destaque<br />

ao ensino do <strong>Alto</strong> Paraopeba, que conta também<br />

com o concurso de excelentes escolas particulares.<br />

O ensino fundamental é um dos mais bem avaliados<br />

do estado, com destaque também para o ensino médio<br />

e cursos técnicos que oferece.<br />

A Escola Técnica Municipal Padres do Trabalho,<br />

de Conselheiro Lafaiete, oferece cursos técnicos em<br />

Mecânica, Elétrica e Eletrotécnica; a Escola Municipal<br />

Arnaldo Rodrigues Pereira, no mesmo município,<br />

proporciona Curso Técnico Agrícola, tendo<br />

como desafio fomentar a agricultura regional; e a<br />

Escola Municipal Napoleão Reis ministra curso de<br />

Administração.<br />

Recentemente, o ensino técnico na região foi<br />

reforçado com a criação de mais duas instituições<br />

públicas: o Instituto Federal de Educação de Congonhas,<br />

que oferece os cursos de Edificações, Mineração<br />

e Mecânica; e o Instituto Federal de Educação<br />

de Ouro Branco, com os cursos técnicos em Administração<br />

e em Metalurgia.<br />

Minas, através da Secretaria de Educação, está<br />

presente com 40 escolas estaduais, atendendo a 24<br />

mil alunos nos sete municípios do <strong>Alto</strong> Paraopeba.<br />

Além do ensino médio tradicional, o governo mineiro<br />

investe na educação profissionalizante. Conforme<br />

esclarece a diretora da Superintendência Regional<br />

de Ensino de Conselheiro Lafaiete, Heloísa Gontijo:<br />

“A Secretaria de Estado da Educação está ciente do<br />

crescimento econômico da região e busca atender às<br />

necessidades de qualificação.”<br />

O Programa de Educação Profissional (PEP) do<br />

governo do estado conta hoje com 1,5 mil alunos na<br />

região e já formou 2,5 mil em cursos técnicos, como:<br />

Automação Industrial, Eletromecânica, Logística,<br />

Ensino fundamental: um dos<br />

mais bem avaliados do estado<br />

Metalurgia, Meio Ambiente, Administração, Gestão,<br />

Segurança do Trabalho, entre outros.<br />

O superintendente de Desenvolvimento da Educação<br />

Profissional da Secretaria de Estado da Educação,<br />

Roberto Márcio Guerra, explica que o PEP<br />

foi criado e é mantido pelo governo mineiro desde<br />

2007 e que a média de duração dos cursos varia de<br />

um ano e meio a dois anos. Ele salienta que a educação<br />

profissional potencializa o desenvolvimento,<br />

ajudando na inserção no mercado de trabalho, e<br />

acrescenta que “os cursos qualificam e aperfeiçoam<br />

os cidadãos, atendendo às demandas de cada<br />

região”.<br />

As entidades de ensino privadas também contemplam<br />

a região com muitas opções de cursos técnicos,<br />

como a Unidade de Ensino Moderno (UEM), em<br />

Conselheiro Lafaiete, com os cursos de Segurança<br />

do Trabalho, Meio Ambiente, Mineração e Geologia<br />

do Colégio Potência; e os de Solda, Eletromecânica,<br />

Segurança do Trabalho, Instrumentação, Manutenção<br />

Mecânica Industrial, Nutrição, Química Industrial,<br />

e Farmácia.<br />

Em Congonhas, a Escola Politécnica Ramos, com<br />

atuação também em Conselheiro Lafaiete, oferece<br />

cursos de Segurança do trabalho, Meio Ambiente,<br />

Contabilidade, Eletromecânica, Metalurgia, Logística,<br />

Mecânica, e Mineração, Informática, Química<br />

Industrial e Eletrotécnica. E a Fundação CSN, os<br />

cursos de Mineração, Metalurgia, Eletromecânica e<br />

Segurança do Trabalho.<br />

Em Ouro Branco se sobressai o Colégio Batista Mineiro,<br />

que oferece cursos de técnicos de Informática,<br />

Metalurgia, Mecatrônica, Mineração e Mecânica.<br />

foto: iMPrenSa/conSelheiro lafaiete


Esforços para aumentar e diversificar a oferta de<br />

qualificação profissional de nível técnico e superior<br />

vêm sendo realizados com sucesso pelos municípios<br />

da região e pelo Codap. Com relação ao ensino superior,<br />

merece destaque a conquista do Campus <strong>Alto</strong> Paraopeba<br />

(CAP) da Universidade Federal de São João<br />

Del Rey (UFSJ); a instalação de polo da Universidade<br />

Aberta do Brasil (UAB); e a criação de dois Institutos<br />

Federais de Educação: o IFMG – Congonhas e IFMG<br />

– Ouro Branco (que oferecem também cursos de formação<br />

de nível médio, conforme descrito).<br />

O Campus <strong>Alto</strong> Paraopeba da UFSJ, dotado de<br />

12 modernos laboratórios, situado entre Ouro Branco<br />

e Congonhas, oferece cursos de Engenharia Civil,<br />

Engenharia de Bioprocessos, Engenharia de Telecomunicações,<br />

Engenharia Mecatrônica e Engenharia<br />

Química, alem de cursos de especialização e mestrados,<br />

estando previstos para breve também cursos de<br />

doutorado.<br />

Os Institutos Federais de Minas Gerais oferecem<br />

graduação em Física e Engenharia de Produção no<br />

Campus de Congonhas; e graduação em Computação<br />

no campus de Ouro Branco. Os IFMG contam<br />

também com excelentes laboratórios para ensino e<br />

pesquisa.<br />

O Polo da UAB em Conselheiro Lafaiete oferece<br />

cursos de graduação a distância em Administração<br />

Pública e Geografia (ministrados pela UFOP) e<br />

Matemática e Pedagogia (ministrados pela UFMG),<br />

além de cursos de pós-graduação (especialização).<br />

O Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete,<br />

criado pelo município, conta com a Faculda-<br />

foto: WilSon aVelar<br />

de de Ciências Econômicas, Faculdade de Ciências<br />

Sociais Aplicadas, Faculdade de Engenharia Elétrica,<br />

Faculdade de Direito; e Cursos de Engenharia<br />

Elétrica, Ciências Contábeis e Serviço Social.<br />

Nas Instituições privadas de Ensino Superior são<br />

oferecidos os cursos de graduação em Administração,<br />

Educação Física, Enfermagem, Engenharia de<br />

Computação, Engenharia de Controle e Automação,<br />

Engenharia Industrial Mecânica, Engenharia de Minas,<br />

de Produção, de Segurança do Trabalho, Medicina<br />

Veterinária e Pedagogia, estes na Universidade<br />

Presidente Antônio Carlos (UNIPAC - CL); Gestão<br />

Ambiental, Logística, Enfermagem e Gestão de Recursos<br />

Humanos (UNIPAC – CG); e em Administração,<br />

Educação Física, Enfermagem, Engenharia de<br />

Produção, Letras, Geografia (Meio Ambiente), Pedagogia,<br />

Nutrição, Ciências Econômicas, Turismo e Engenharia<br />

Ambiental na Faculdade Santa Rita – em<br />

Conselheiro Lafaiete.<br />

No futuro, a região contará também com a Fundação<br />

de Educação para o Trabalho de Minas Gerais<br />

(Utramig), inicialmente com cursos em Entre Rios<br />

de Minas, conforme termo de cooperação firmado<br />

entre o Codap e Utramig, em junho de 2011. A Utramig<br />

é uma prestigiada organização governamental<br />

que atua há 46 anos no estado e tem como missão<br />

formar profissionais competentes para o mercado<br />

de trabalho e promover educação em diversas áreas<br />

do conhecimento. A entidade está voltada para<br />

a qualificação profissional, formação técnica, pós-<br />

-graduação (lato sensu) e formação superior especial<br />

para professores.<br />

Instituto Federal de Educação de Congonhas<br />

REVISTA codAp 29


30 REVISTA codAp<br />

opInIão<br />

codap: essencial para o<br />

planejamento da região<br />

o Brasil possui uma forte tendência para<br />

centralizar o poder e os recursos financeiros.<br />

essa centralização, que remonta à época da<br />

instalação do governo geral, foi fortalecida<br />

pelos grandes períodos de ditadura. assim,<br />

apesar de o país ser uma federação composta<br />

pela união, estados, Distrito federal e<br />

municípios, os recursos públicos acabam<br />

por se concentrar no governo federal e os<br />

investimentos privados em algumas regiões.<br />

A constituição de 1988 inovou em relação às constituições<br />

anteriores ao prever mais recursos para as esferas<br />

estaduais e municipais, buscando a descentralização, a<br />

expansão dos controles realizados pelos poderes legislativo<br />

e Judiciário e o realizado pela sociedade civil organizada<br />

e, por fim, a universalização de vários serviços sociais<br />

(SouZa, 2006).<br />

Desta forma, buscou-se a cooperação entre os entes<br />

federados como forma de possibilitar a instituição de políticas<br />

públicas que venham a atender a demanda de serviços<br />

públicos, que foram garantidos constitucionalmente aos cidadãos,<br />

tais como direito à saúde, à educação, à moradia e<br />

ao meio ambiente saudável.<br />

apesar dos esforços da constituição de 1988 em criar<br />

um federalismo cooperativo, a <strong>crise</strong> financeira e o endividamento<br />

do setor público levaram a uma reconcentração<br />

de recursos em poder da união, gerando competição entre<br />

estados e municípios para obtenção de investimentos federais<br />

e uma verdadeira guerra fiscal para atração de investimentos<br />

privados.<br />

as diferenças econômicas entre as regiões, estados e<br />

municípios constituem um dos principais problemas do federalismo<br />

brasileiro.<br />

as inúmeras emendas constitucionais editadas afetaram<br />

o desenho original, concentrando ainda mais o poder<br />

na união. estados e municípios tiveram sua liberdade de<br />

aplicação de recursos próprios limitados em decorrência da<br />

política de ajuste fiscal, parcela de suas receitas foram vinculadas<br />

à aplicação em serviços de saúde (15%) e ensino<br />

fundamental (25%). foram reduzidos os recursos federais<br />

transferidos para estados e municípios <strong>sem</strong> vinculações, e<br />

criadas novas contribuições, aumentando as alíquotas de<br />

outras já existentes, <strong>sem</strong> que esta arrecadação fosse partilhada<br />

com os estados e municípios. assim, aumentou-se a<br />

concentração de recursos nas mãos do governo federal e<br />

reduziu-se a participação dos estados e municípios no total<br />

da arrecadação do país.<br />

a partir da década de 1990 os serviços públicos de saúde<br />

e de educação foram municipalizados, o que aumentou<br />

as obrigações dos municípios, mantendo-se o controle financeiro<br />

centralizado no governo federal.<br />

as receitas de impostos municipais (iPtu, itBi e<br />

iSSQn) nem <strong>sem</strong>pre são suficientes para fazer face a todas<br />

as obrigações constitucionais, ficando os pequenos municípios<br />

dependentes de transferências da união e dos estados<br />

para realizar investimentos<br />

as desigualdades entre os municípios e entre as regiões<br />

é um dos maiores desafios do federalismo cooperativo<br />

brasileiro.<br />

as regiões crescem de acordo com as vantagens que<br />

oferecem relativas à sua estrutura produtiva e à sua dotação<br />

interna de recursos, naturais e humanos. as empresas<br />

estrangeiras buscam investir nos locais mais favoráveis que<br />

contem com a existência de mão de obra qualificada, a<br />

presença de centros de ensino e pesquisa científica e tecnológica,<br />

a possibilidade de formar parcerias e alianças estratégicas<br />

e a existência de fornecedores locais de insumos<br />

e serviços.<br />

Desta forma, o crescimento econômico não se dá uniformemente<br />

entre as regiões, ocorrendo o surgimento de<br />

polos de crescimento econômico concentrado, que drenam<br />

recursos das áreas periféricas, aumentando a tendência de<br />

desigualdade. Segundo nali Souza, as noções de polo de<br />

crescimento e de região polarizada estão associadas com as<br />

ideias de urbanização e de industrialização, uma vez que a


indústria motriz acaba por atrair recursos e população para<br />

a cidade polo.<br />

o planejamento regional é uma experiência recente.<br />

Tânia Bacelar de Araújo adverte que os maiores avanços<br />

observados no mundo deveram-se a uma definição de um<br />

projeto de futuro, pactuado entre os principais atores públicos<br />

e não-públicos. o planejamento estratégico do desenvolvimento<br />

das regiões requer uma visão de médio e<br />

longo prazo, criando uma proposta norteadora das ações<br />

de todos os atores envolvidos (união, estados, municípios,<br />

sociedade civil organizada etc.), para evitar a fragmentação<br />

do país ou mesmo intrarregional.<br />

Neste cenário, é ressaltada a importância do consórcio<br />

como instituição que propicia o planejamento e o desenvolvimento<br />

de forma coordenada da região, buscando<br />

a identificação de outras vocações e potencialidades que<br />

permitam o crescimento integrado e a sua inserção na economia<br />

nacional e internacional de forma estável.<br />

Desta forma, torna-se necessário analisar de forma<br />

detalhada as potencialidades da região, as necessidades<br />

de investimentos e as possibilidades de diversificação, tratando<br />

de forma particularizada as questões internas, para<br />

criar-se um meio propício à inovação.<br />

De acordo com nali Souza, os meios inovadores compreendem<br />

o conjunto de relações e de atores que unem<br />

um sistema local de produção, gerando um processo dinâmico<br />

de aprendizagem coletiva: empresas interligadas,<br />

comprando e vendendo insumos e retransmitindo o conhecimento,<br />

agências de fomento, financiamento e pesquisa,<br />

universidades, órgãos governamentais, etc. o sucesso do<br />

local é função da capacidade “de fabricar novos produtos,<br />

adotar novos processos produtivos, bem como configurações<br />

organizacionais e instituições inovadoras”.<br />

“As desigualdades entre os<br />

municípios e entre as regiões<br />

é um dos maiores<br />

desafios do federalismo<br />

cooperativo brasileiro”<br />

o grande desafio da região do alto Paraopeba é o desenvolvimento<br />

de novas atividades nos municípios que não<br />

possuem extração mineral, buscando-se a diminuição das<br />

desigualdades intrarregionais e a manutenção da taxa de<br />

crescimento da região, com maior independência das exportações<br />

de minério de ferro e aço.<br />

O crescimento integrado da região é de vital importância<br />

para evitar-se o desequilíbrio no processo de ocupação<br />

foto: WilSon aVelar<br />

Viviane Macedo Garcia<br />

territorial, com o surgimento de bolsões de pobreza, e para<br />

que as cidades menores não virem “cidades-dormitórios”<br />

em função do crescimento das cidades polo.<br />

a região do alto Paraopeba precisa diversificar sua<br />

economia, bem como seus mercados externos, para ficar<br />

menos suscetível às oscilações e <strong>crise</strong>s internacionais, como<br />

a ocorrida em 2008, que gerou recessão na região. Quanto<br />

mais concentradas as exportações, mais suscetível às <strong>crise</strong>s<br />

internas e externas ficará a região. Muito embora a mineração<br />

para exportação seja a indústria motriz da região,<br />

é necessário criar fontes alternativas de desenvolvimento,<br />

gerando novos ciclos econômicos que ampliem a dimensão<br />

econômica da região, assegurando um crescimento estável<br />

e sustentável.<br />

O Codap possui papel de suma relevância no planejamento<br />

da região, na criação de espaços propícios para as<br />

discussões e na coordenação das ações dos governos municipais,<br />

em parceria com as empresas e a sociedade civil<br />

organizada.<br />

Viviane Macedo Garcia – advogada. administradora de<br />

empresas. especialista em controle externo da administração<br />

Pública. especialista em gestão de Pessoas. Mestranda em<br />

administração Pública.<br />

REVISTA codAp 31


32 REVISTA codAp<br />

EnTREVISTA<br />

<strong>Alto</strong> <strong>paraopeba</strong>:<br />

planejar para crescer<br />

o alto Paraopeba vem se preparando para<br />

os investimentos que aumentam a cada ano<br />

na região. com o apoio do consórcio Público<br />

para Desenvolvimento do alto Paraopeba<br />

(codap), várias são as conquistas que se<br />

materializaram na região, como a implantação<br />

do Diagnóstico rural georreferenciado que,<br />

entre outras ações, propiciou que as fazendas<br />

dos municípios que fazem parte do consórcio<br />

tives<strong>sem</strong> endereço certo e de fácil localização.<br />

embora haja dificuldades, o codap, por meio<br />

de parcerias com entidades públicas e privadas,<br />

desenvolve ações e vários projetos em diversas<br />

áreas. afinal, as barreiras existem para serem<br />

superadas e as perspectivas da entidade são de<br />

um futuro promissor para o alto Paraopeba.<br />

A mineração, importante atividade da região, vive<br />

um momento excepcional, traçando bons rumos para o<br />

alto Paraopeba. conforme dados do instituto Brasileiro de<br />

Mineração (ibram), no ano passado, a produção mineral<br />

brasileira contabilizou uS$ 40 bilhões, incremento de 67%<br />

frente a 2009 (uS$ 24 bilhões). o valor foi recorde, superando<br />

o também recorde de 2008, em 40%. o resultado<br />

demonstra que a <strong>crise</strong> econômica mundial que atingiu o<br />

setor, inclusive a região, realmente ficou para trás.<br />

É sobre a região, uma das que mais crescem no país,<br />

que o professor do centro de Desenvolvimento e Planejamento<br />

regional (cedeplar), da universidade federal de<br />

Minas gerais (ufMg), ricardo Machado ruiz, fala na entrevista<br />

que se segue. graduado em economia pela universidade<br />

estadual de campinas (1988) e com doutorado<br />

também em economia pela the new School for Social research<br />

(2003), ruiz afirma que diversos são os desafios do<br />

codap, entre eles, defender a atratividade do alto Paraopeba<br />

para a instalação de novas empresas, com o objetivo<br />

de gerar mais emprego e renda; possibilitar o aumento de<br />

escolas e cursos para treinamento de mão de obra qualifi-<br />

cada, além de manter a qualidade de vida da população e<br />

do meio ambiente, entre outros. São desafios que vêm sendo<br />

superados, com ações concretas do codap, junto com<br />

as prefeituras associadas.<br />

com base no Plano de Desenvolvimento regional, contratado<br />

pelo consórcio, o pesquisador ressalta que o alto<br />

Paraopeba necessita de investimentos em infraestrutura. o<br />

valor mínimo que deve ser gasto para a implementação<br />

de uma estrutura básica é da ordem de r$ 2,1 bilhões,<br />

durante cinco anos.<br />

O que mudou desde a divulgação do Estudo de Desenvolvimento<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba, contratado pelo Codap?<br />

Como é a situação hoje?<br />

Passado o terremoto econômico, com a <strong>crise</strong> de 2008, a<br />

economia dos municípios que fazem parte do codap melhorou,<br />

graças à elevação dos preços das matérias-primas,<br />

que ainda continuam em patamares elevados, valorizando<br />

a mineração, o que deve garantir a viabilidade dos investimentos.<br />

logo, a perspectiva para a mineração é boa, principalmente<br />

se a china mantiver o crescimento de 8% a 9%<br />

por ano. o país asiático é um grande comprador de minério.<br />

a companhia Siderúrgica nacional (cSn), por exemplo,<br />

quer diversificar seu negócio, quer se tornar um grupo<br />

minerador e siderúrgico e não apenas siderúrgico. no caso<br />

da VSB, há espaço para expansão, com a viabilização do<br />

Pré-Sal. Já a ferrous tem a seu favor o preço atrativo do<br />

minério, o que ajudará nos investimentos. o cenário do<br />

estudo está parcialmente mantido. agora, temos que levar<br />

em consideração a situação internacional combinada com<br />

o câmbio, o que pode mudar o panorama.<br />

O que vem atraindo as empresas para a região e ajudando<br />

a aumentar os investimentos?<br />

É a infraestrutura voltada para a exportação, com ferrovia<br />

e rodovias, além de gás e energia elétrica, e o minério. há<br />

condições de apoio à produção dos setores de mineração<br />

e siderurgia. a região tem mão de obra qualificada para as<br />

atividades e busca rapidamente a organização para atender<br />

às demandas.


foto: WilSon aVelar<br />

Ricardo Machado Ruiz<br />

Na avaliação do senhor, o <strong>Alto</strong> Paraopeba vive hoje o seu<br />

melhor momento econômico? Quando foi o auge de crescimento?<br />

no período do início dos anos 80 até 2000, a região viveu<br />

uma época de baixo crescimento econômico, sendo que<br />

a década de 1980 foi marcada pela estagnação. na fase<br />

atual, a partir de 2004, o crescimento foi significativo, sendo<br />

que os últimos cinco anos foram os melhores e acreditamos<br />

que o futuro seja ainda mais promissor.<br />

Os setores de mineração e siderurgia possuem um papel<br />

significativo na economia. O senhor acredita que o minério<br />

pode acabar? O ideal seria diversificar a economia da<br />

região?<br />

o cenário mundial não melhorou muito. É fato que a demanda<br />

de produtos siderúrgicos ficou mais complicada e<br />

ainda convivemos com a concorrência chinesa dentro do<br />

mercado europeu. no caso da mineração, hoje os preços<br />

são rentáveis. assim, minas que não eram consideradas um<br />

bom negócio passaram a ser. com relação à possibilidade<br />

do minério acabar, vale ressaltar que a mineração no alto<br />

Paraopeba é de superfície e a viabilidade é de cinco a seis<br />

décadas. hoje, não é barato, mas é rentável, por exemplo,<br />

extrair petróleo, a 2 mil, 3 mil metros. a mineração de minas<br />

de profundidade ainda não ocorreu. e profundidade<br />

não é barreira desde que os preços sejam atrativos. eu não<br />

trabalho com a perspectiva imediata de que a mineração<br />

vai acabar. agora, diversificar é bom, pois reduz a vulnera-<br />

bilidade da região. Só que é preciso saber como utilizar os<br />

ativos. no caso da malha ferroviária, ela está muito utilizada<br />

e as usinas têm uso intensivo de energia. a mineração<br />

é uma atividade fechada e, por isso mesmo, diversificar a<br />

região é fundamental, mas para isso é preciso ter o mínimo<br />

de infraestrutura, o que já vem sendo proposto e divulgado<br />

pelas empresas que atuam na região.<br />

Quais as deficiências, as carências do <strong>Alto</strong> Paropeba?<br />

os municípios ainda são carentes de infraestrutura e não<br />

dá para fazer muitas apostas se não tiver o básico. a universidade<br />

federal de São João del-rei (ufSJ), conquista<br />

do codap, foi um ganho espetacular, mas é preciso ainda<br />

preservar os rios e ter uma integração da malha de transportes<br />

de São João del-rei, conselheiro lafaiete, congonhas<br />

e ouro Branco. É preciso que haja uma integração<br />

intermunicipal plena, com investimentos em água, luz e<br />

habitação. os municípios do codap têm procurado seguir<br />

este “para casa”. as cidades de ouro Branco e congonhas,<br />

por exemplo, parâmetros de desenvolvimento em Minas<br />

gerais, foram classificadas em 1 o e 2 o lugares, respectivamente,<br />

entre as 853 cidades mineiras no índice firjan de<br />

Desenvolvimento Municipal (ifDM) em 2010 – estudo da<br />

federação das indústrias do rio de Janeiro que mede indicadores<br />

nas áreas de saúde, educação, emprego e renda<br />

registrados na amostra de 2007.<br />

O senhor acredita que a formação do consórcio ajudou no<br />

desenvolvimento da região?<br />

não há dúvidas que várias conquistas foram obtidas e o<br />

codap sabe que tem um longo trabalho pela frente, pois<br />

a construção política de qualquer consórcio é lenta. agora,<br />

com os investimentos privados acontecendo a todo vapor,<br />

os impactos são grandes na região, seja no aumento da<br />

população em cidades pequenas, seja no meio ambiente.<br />

o desafio do codap é defender a atratividade, a sustentabilidade<br />

e a qualidade de vida da região. É preciso ter<br />

governança antes que os investimentos ocorram, planejar<br />

antes, pois se isto não for feito, os problemas podem ser<br />

acirrados. o governo supramunicipal, além de organizar os<br />

investimentos e evitar problemas futuros, deixa os empresários<br />

numa situação mais confortável.<br />

Que investimentos governamentais devem ser feitos para<br />

que a região possa continuar crescendo?<br />

considerando números modestos, os investimentos necessários<br />

para preparar a região chegam a r$ 2,1 bilhões, levando<br />

em consideração o estudo feito para o codap. Valor<br />

distribuído em cinco anos. Menos que isso não dá. São gastos<br />

com o básico, luz, água, esgoto, hospital, infraestrutura<br />

educacional e transporte intermunicipal.<br />

REVISTA codAp 33


34 REVISTA codAp<br />

EmpRESAS<br />

pRodução dE fERRo E Aço:<br />

lIdERAnçA dE mInAS<br />

Minas Gerais lidera a produção mineral<br />

no país, mesmo com o desenvolvimento<br />

da atividade em outros estados. segundo<br />

o Instituto Brasileiro de Mineração<br />

(Ibram), a perspectiva é de crescimento<br />

ainda maior para o setor no Brasil, que<br />

somente no ano de 2011 teve produção<br />

de Us$50 bilhões. Em Minas a produção<br />

alcançou Us$ 25 bilhões, 50% daquele<br />

total. Os números representam<br />

um novo recorde do setor no estado,<br />

que em 2010 foi de Us$ 19,6 bilhões,<br />

49% do total da produção nacional (Us$<br />

40 bilhões). Os investimentos no Brasil,<br />

de 2011 a 2015, serão da ordem de<br />

Us$ 68,5 bilhões, sendo que Us$ 25<br />

bilhões ou 36,6% serão investidos no<br />

estado. O setor tem importância fundamental<br />

na geração de emprego e renda<br />

e, especialmente, na balança comercial,<br />

cujas exportações estimadas para o estado<br />

em 2011 chegaram a Us$ 21 bilhões.


O <strong>Alto</strong> Paraopeba é parte importante de<br />

todo esse processo produtivo. Prova disso<br />

é a instalação de empresas siderúrgicas e<br />

mineradoras na região durante os últimos<br />

anos, com investimentos que totalizarão<br />

R$ 25 bilhões até 2013. A previsão é que,<br />

até lá, sejam produzidas 12 milhões de<br />

toneladas de aço e 130 milhões de toneladas<br />

de minério de ferro. Com a conclusão<br />

dos investimentos, a expectativa<br />

é de que a região possuirá a maior mina<br />

de minério de ferro em operação do estado<br />

e a segunda maior do país. somando<br />

toda a produção, cerca de 100 milhões de<br />

toneladas de ferro devem ser extraídas e<br />

beneficiadas por ano na região.<br />

saiba um pouco da história das maiores<br />

empresas que investem na região:<br />

Cia. siderúrgica Nacional, Ferrous do<br />

Brasil, Gerdau s.A., LGA Mineração, Vale<br />

s.A. e Vallourec & sumitomo Tubos do<br />

Brasil (VsB).<br />

foto: WilSon aVelar<br />

REVISTA codAp 35


36 REVISTA codAp<br />

compAnhIA SIdERúRGIcA nAcIonAl<br />

CSN planeja investir R$ 8,7 bilhões<br />

em Minas Gerais<br />

Para chegar a uma produção de 89 milhões de<br />

toneladas anuais, a companhia Siderúrgica nacional<br />

(cSn) planeja investimentos de r$ 8,7 bilhões em<br />

suas jazidas em Minas gerais até 2015. Somente<br />

na mina casa de Pedra, em congonhas, os aportes<br />

totalizarão r$ 4,2 bilhões para obter 50 milhões<br />

de toneladas/ano. Já a nacional Minérios S/a<br />

(namisa), com 60% do capital da cSn e o restante<br />

de importantes siderúrgicas asiáticas, tem minas em<br />

congonhas e itabirito e conta com investimentos da<br />

ordem de r$ 4,5 bilhões para produzir 39 milhões<br />

de toneladas anualmente.<br />

A lavra da CSN possui um dos minérios com<br />

maior teor de pureza (até 68%) do mundo, com<br />

classificação do tipo “world class mine”, em granulado,<br />

“sinter feed” e “pellet feed”. O insumo é responsável<br />

pelo abastecimento integral da Usina Presidente<br />

Vargas, instalada em Volta Redonda (RJ).<br />

Os investimentos da Namisa que, também compreendem<br />

a implantação de duas pelotizadoras em<br />

Congonhas, estão sendo reavaliados, conforme informações<br />

divulgadas pela imprensa, em agosto,<br />

no que se refere ao volume de aportes e ao cronograma.<br />

Além de incrementar a receita do grupo,<br />

a produção de minério de ferro também reduz as<br />

despesas operacionais da CSN. O custo médio no<br />

setor siderúrgico no país para produzir uma tonelada<br />

de placa gira em torno de US$ 750. O grupo,<br />

por ser autossuficiente em minério, possui um custo<br />

entre US$ 550 e US$ 580 para a mesma quantidade.<br />

No que se refere ao setor de siderurgia, a receita<br />

líquida da companhia registrou recuo de 9,2%<br />

no primeiro <strong>sem</strong>estre de 2011 na comparação com<br />

o mesmo intervalo do ano anterior. O resultado<br />

passou de R$ 5,3 bilhões para R$ 4,8 bilhões e se<br />

deve aos preços praticados naquele ano, que ficaram<br />

abaixo dos verificados em 2010 em virtude dos<br />

descontos concedidos pelas siderúrgicas depois do<br />

incremento das importações. Desde então, as usinas<br />

não conseguiram reajustar os valores praticados no<br />

mercado interno, pois a ameaça da retomada das<br />

compras externas ainda existe devido à valorização<br />

do real frente ao dólar.<br />

mineração deu lucro<br />

Foi o minério que ajudou na lucratividade da CSN<br />

no acumulado dos primeiros seis meses de 2011. No<br />

primeiro <strong>sem</strong>estre, a receita no segmento de mineração<br />

foi recorde em R$ 2,7 bilhões, valor 110%<br />

superior ao registrado em igual intervalo de 2010<br />

(R$ 1,3 bilhão). Levando-se em consideração somente<br />

o segundo trimestre, o segmento respondeu<br />

por 34% da receita do grupo e 54% do Ebitda (lucros<br />

antes de juros, impostos, depreciação e amortização)<br />

ajustado. Entre janeiro e julho, a comercialização<br />

da commodity chegou a 33 milhões de toneladas,<br />

de<strong>sem</strong>penho recorde, com crescimento de 13%<br />

em relação ao mesmo período de 2010. Deste total,<br />

12,4 milhões de toneladas foram exportadas. A CSN<br />

comercializou cerca de 31 milhões de toneladas em<br />

2011 e este volume deverá saltar para 34,5 milhões<br />

de toneladas em 2012.


o que é a cSn<br />

A CsN é uma companhia verticalmente integrada, que produz uma vasta gama de<br />

produtos de aço de valor agregado, como chapas de aço galvanizado por imersão a<br />

quente e folhas de flandres, sendo o único produtor de folhas de flandres do Brasil.<br />

A companhia também opera suas próprias minas de minério de ferro, calcário<br />

e dolomita no estado de Minas Gerais, que atendem todas as necessidades da<br />

Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (Rio de Janeiro). Como complemento<br />

de suas atividades, a CsN tem uma planta de produção de cimento e realizou<br />

investimentos em ferrovias e projetos de geração de energia, entre outros.<br />

REVISTA codAp 37


38 REVISTA codAp<br />

fERRouS RESouRcES do bRASIl<br />

Mineroduto de 400 quilômetros<br />

de Minas ao Espírito Santo<br />

a ferrous resources do Brasil detém cinco ativos<br />

minerários no <strong>Quadrilátero</strong> ferrífero de Minas<br />

gerais (área aproximada de 7 mil quilômetros<br />

quadrados, na região central do estado, que<br />

concentra as maiores jazidas do mineral no país) e<br />

um ativo na Bahia. a empresa atua na região do<br />

alto Paraopeba desde 2007, quando adquiriu os<br />

direitos minerários da Mina Viga, localizada em<br />

congonhas. Desde então, desenvolve um projeto<br />

para lavra e beneficiamento de minério de ferro<br />

dessa mina, que deverá produzir 25 milhões de<br />

toneladas de minério de ferro por ano a partir de<br />

2014. Para viabilizar o empreendimento, a empresa<br />

irá investir r$ 3 bilhões.<br />

de acordo com o gerente Geral de Meio Ambiente<br />

e Relações Institucionais, Cristiano Parreiras,<br />

o Projeto Viga encontra-se em fase de licenciamento<br />

ambiental e de pré-produção. Em março de 2011,<br />

a empresa obteve a Licença de Instalação (LI) da<br />

mina e iniciou as obras de construção de sua unidade.<br />

Como parte do processo de implantação, a<br />

Ferrous deu início ao trabalho, que até dezembro<br />

produziu 1,4 milhão de toneladas de minério de ferro<br />

em Viga, processo para o qual a Ferrous já possui<br />

Licença de Operação (LO).<br />

A empresa, sediada em Belo Horizonte, planeja<br />

se tornar um dos maiores produtores e fornecedores<br />

mundiais de minério de ferro transportado por via<br />

marítima, com o objetivo de exportar para mercados<br />

internacionais, a um ritmo anual de 25 milhões de<br />

toneladas a partir de 2014 e 62 milhões de toneladas<br />

anuais em 2016.<br />

Pesquisa, prospecção, exploração, beneficiamento<br />

e comercialização de minério de ferro nos mer-<br />

cados interno e externo, com logística integrada,<br />

são ações da expertise da empresa, que, sediada em<br />

Belo Horizonte, aposta na inovação para o desenvolvimento<br />

da atividade de mineração, buscando aliar<br />

as mais avançadas tecnologias a uma atuação responsável<br />

e comprometida com o desenvolvimento<br />

sustentável.<br />

Os investimentos da Ferrous no país incluem<br />

a aquisição de ativos minerários, logística própria<br />

(construção de mineroduto), infraestrutura portuária<br />

e projetos siderúrgicos. Dessa maneira, pretende<br />

figurar, nos próximos anos, entre as cinco maiores<br />

empresas de mineração do mundo. Em 2007, ano<br />

de sua fundação, adquiriu os direitos minerários das<br />

minas de Esperança e Serrinha, em Brumadinho;<br />

Viga, em Congonhas; e Santanense, em Itatiaiuçu,<br />

todas localizadas no <strong>Quadrilátero</strong> <strong>Ferrífero</strong> de Minas<br />

Gerais.<br />

Em 2008, adquiriu os direitos minerários da<br />

mina de Viga Norte, em Itabirito, em Minas Gerais<br />

e, paralelamente, iniciou o licenciamento ambiental<br />

e os estudos de engenharia conceitual dos projetos<br />

Viga e Terminal Portuário, em Presidente Kennedy<br />

(ES). Ainda em 2008, deu início às pesquisas geológicas<br />

em Viga, Serrinha, Viga Norte e Santanense,<br />

além dos estudos de impacto ambiental para o mineroduto.<br />

capacidade de 25 milhões de t/ano<br />

Com aproximadamente 400 quilômetros, o mineroduto<br />

ligará a mina Viga, em Congonhas (MG),<br />

ao porto em Presidente Kennedy, no sul do Espírito<br />

Santo. Terá capacidade para transportar 25


milhões de toneladas de minério de ferro por ano na<br />

primeira fase, a partir de 2013, podendo expandir<br />

para 50 milhões de toneladas de minério anuais na<br />

segunda fase, a partir de 2017. Na primeira fase,<br />

o mineroduto passará por 22 municípios, sendo 17<br />

em Minas Gerais, três no Rio de Janeiro e dois no<br />

Espírito Santo.<br />

Foi no começo de 2010 que a Ferrous obteve a<br />

Licença Prévia para a mina Viga e foi reconhecida<br />

nacionalmente pela revista Minérios e Minerales,<br />

que premiou os trabalhos de recuperação ambiental<br />

realizados nas minas de Esperança e Serrinha.<br />

fonte: ferrous<br />

Cristiano Parreiras, gerente geral de Meio<br />

Ambiente e Relações Institucionais<br />

foto: coMunicação/ferrouS<br />

Em 2011, depois de cumprir todas as condicionantes,<br />

a empresa obteve, em fevereiro, a Licença<br />

Prévia do Porto de Presidente Kennedy e a Licença<br />

de Instalação da mina Viga, que permitiu à empresa<br />

dar início às obras na unidade.<br />

Inserção responsável na região<br />

A Ferrous quer se inserir de forma planejada e<br />

socialmente responsável no município de Congonhas,<br />

através de programas de diálogo, com o objetivo<br />

de compartilhar interesses e necessidades com<br />

a população local. “Assim, será possível construir<br />

uma agenda comum de projetos e programas, que<br />

tenham como resultado o ganho mútuo”, diz o gerente<br />

Geral de Meio Ambiente e Relações Institucionais<br />

da empresa, Cristiano Parreiras. Exemplo disso<br />

é a parceria da empresa com a Secretaria Municipal<br />

de Educação para elaboração do Projeto Político Pedagógico<br />

junto a 29 escolas de Congonhas, que é<br />

pioneira no país, e segundo ele, tem grande potencial<br />

transformador da relação entre os membros da<br />

comunidade escolar, e entre as escolas e as comunidades<br />

onde estão inseridas.<br />

Para manter o diálogo próximo, a Ferrous iniciou<br />

em junho de 2010 o Programa de Formação de<br />

Agentes Sociais para estreitar o relacionamento com<br />

a população local, tendo iniciado também um programa<br />

de diálogo junto às lideranças locais, que prevê a<br />

realização de reuniões mensais para atualização de<br />

informações sobre o andamento do projeto Viga.<br />

MINERODUTO – Na primeira fase, o mineroduto passará por 22 municípios,<br />

sendo 17 em Minas Gerais, três no Rio de Janeiro e dois no Espírito santo.<br />

REVISTA codAp 39


40 REVISTA codAp<br />

GERdAu<br />

Gerdau vai dobrar sua produção<br />

anual de minério de ferro<br />

Minas gerais é o destino de r$ 3,2 bilhões em<br />

investimentos do grupo gerdau, que representa<br />

30% do total programado pela companhia entre<br />

2011 e 2015 (r$ 10,8 bilhões). a informação foi<br />

confirmada à imprensa em agosto de 2011.<br />

os recursos serão destinados ao início da produção<br />

de aços planos na usina de ouro Branco, no alto<br />

Paraopeba, e para alcançar a autossuficiência em<br />

minério de ferro.<br />

conforme divulgado pela imprensa em 2011,<br />

entre os planos para Minas Gerais, a Gerdau deve<br />

dobrar a produção atual de minério de ferro, que<br />

pode passar das atuais 3,5 milhões de toneladas<br />

anuais para 7 milhões t/ano, com a instalação da<br />

segunda unidade de tratamento do minério. As reservas<br />

do insumo siderúrgico são da ordem de 2,9<br />

bilhões de toneladas e as jazidas estão localizadas<br />

no <strong>Quadrilátero</strong> <strong>Ferrífero</strong>. São quatro minas: Miguel<br />

Burnier, Várzea do Lopes, Gongo Soco e Dom Bosco.<br />

Os investimentos no estado também compreendem<br />

o transporte de minério entre a mina de<br />

Miguel Burnier, em Ouro Preto (região Central), e<br />

a usina de Ouro Branco. O empreendimento, orçado<br />

em R$ 180 milhões, prevê a instalação de uma<br />

correia transportadora de nove quilômetros de extensão<br />

entre as duas unidades.<br />

A estratégia de ganhar o mercado de aços planos,<br />

através da fabricação de chapas grossas, foi<br />

definida e confirmada pelo presidente do grupo,<br />

André Gerdau Johannpeter, durante divulgação<br />

dos resultados do primeiro <strong>sem</strong>estre do ano passado.<br />

história no <strong>Alto</strong> <strong>paraopeba</strong><br />

A Açominas, posteriormente denominada Gerdau<br />

Açominas, foi fundada em 9 de novembro de<br />

1966, mas as operações de sua unidade industrial<br />

começaram no dia 25 de julho de 1986, ou seja, 20<br />

anos mais tarde. De acordo com informações da<br />

empresa, a unidade ocupa cerca de mil hectares de<br />

área nos municípios de Ouro Branco e Congonhas,<br />

região rica em minério de ferro e próxima aos principais<br />

centros consumidores do Brasil.<br />

Foi a última siderúrgica estatal a ser privatizada<br />

(em 1993) e contabilizou o maior ágio da história do<br />

processo brasileiro de privatizações. Comprada pela<br />

Siderúrgica Mendes Júnior, os colaboradores passaram<br />

a ser sócios da empresa, com ações adquiridas<br />

por intermédio do Clube de Participação Acionária<br />

dos Empregados da Açominas (CEA). Em 1997, a<br />

Gerdau se associou à Açominas e hoje é a maior<br />

acionista da empresa.<br />

Expansão da unidade<br />

Foi em outubro de 2007 que a Gerdau Açominas<br />

completou a principal etapa de um programa<br />

de investimentos de US$ 1,5 bilhão, o qual con-


foto: WilSon aVelar<br />

tou com a instalação de alto-forno, lingotamento<br />

contínuo de blocos, forno-panela, sinterização,<br />

entre outros equipamentos. Essa expansão aumentou<br />

sua capacidade produtiva anual ao longo do<br />

tempo, tornando-a a maior unidade siderúrgica da<br />

Gerdau. Seu mix de produtos é formado por tarugos,<br />

placas, blocos, perfis estruturais laminados de<br />

abas paralelas, fio-máquina, além de produtos carboquímicos.<br />

A planta exporta cerca de 70% de sua<br />

números nacionais da Gerdau de 2008 a 2010<br />

Produção de aço em milhões de toleladas<br />

30 ...............................................................................<br />

25 ...............................................................................<br />

19,5 17,8<br />

20 ...............................................................................<br />

15 ...............................................................................<br />

13,5<br />

10 ...............................................................................<br />

5 ...............................................................................<br />

0 ...............................................................................<br />

2008 2009 2010<br />

fonte: www.gerdau.com.br<br />

produção para mais de 40 países, consagrando-se<br />

como uma das maiores exportadoras de aço do estado<br />

de Minas Gerais e do país.<br />

Em 2004, a Gerdau Açominas adquiriu uma<br />

área de 9 mil hectares com reservas de minério<br />

de ferro no entorno da unidade de Ouro Branco.<br />

Em 2007, essa área já fornecia 25% do minério<br />

utilizado na produção de aço da unidade. No ano<br />

seguinte, esse número subiu para 32%.<br />

faturamento em r$ bilhões<br />

60 ...............................................................................<br />

50 ...............................................................................<br />

47,6<br />

40 ...............................................................................<br />

35,6<br />

30,1<br />

30 ...............................................................................<br />

20 ...............................................................................<br />

10 ...............................................................................<br />

0 ...............................................................................<br />

2008 2009 2010<br />

REVISTA codAp 41


42 REVISTA codAp<br />

lGA mInERAção<br />

Futuro com plano de metas<br />

a lga Mineração – empresa brasileira que<br />

comercializa minérios e ativos minerais – está<br />

presente em congonhas desde 2007. e desde<br />

então vem aumentando sua participação na vida<br />

da região. em 2010, a empresa definiu seu primeiro<br />

Plano estratégico e iniciou uma série de ações, como<br />

a compra de 100% de sua planta no município,<br />

além da implantação do sistema de concentração<br />

magnética de minérios, aumentando a produção<br />

de 200 para 800 mil toneladas por ano. os<br />

investimentos são da ordem de r$ 20 milhões.<br />

A preferência por Congonhas para abrigar negócios<br />

da empresa se deve às jazidas de minério de<br />

ferro e à proximidade com seus principais clientes.<br />

Também pesou na escolha a existência de escolas,<br />

fator importante para a formação e qualificação da<br />

mão de obra.<br />

Os investimentos resultam no aumento do quadro<br />

de pessoal, que saltou de 32 para 150 colaboradores<br />

diretos. Em busca do crescimento contínuo, a<br />

LGA iniciou neste ano o processo de ampliação da<br />

unidade de Lobo Leite, em Congonhas, com a instalação<br />

de uma nova britagem e instalação de tratamento<br />

de minérios finos. Com isso, a projeção é de<br />

aumento do volume de produção de 800 mil para 2<br />

milhões de toneladas por ano, o que significa mais<br />

20 novos empregos diretos, totalizando um efetivo<br />

de 170 colaboradores.<br />

Apesar de ter definido seu primeiro Plano Estratégico<br />

em 2010, foi em 2009 que a empresa<br />

deu um importante passo para o crescimento, ao<br />

adquirir 60% da planta de beneficiamento de mi-<br />

nério de ferro em Congonhas, produzindo hematitinha<br />

e sinter feed, produtos destinados à fabricação<br />

do aço.<br />

Em Lobo Leite, a estrutura da LGA conta com<br />

laboratório próprio, refeitório e escritório administrativo,<br />

além de toda instalação de tratamento de<br />

minério. A sede administrativa da empresa fica em<br />

Belo Horizonte<br />

prioridade nas vagas é de<br />

profissionais da região<br />

De acordo com a gerente de Gente e Gestão da<br />

LGA, Eunice Teixeira, a política de Recursos Humanos<br />

(RH) tem como objetivo assegurar uma gestão<br />

estratégica das pessoas por meio da atração, retenção,<br />

desenvolvimento e motivação dos colaboradores.<br />

“A prioridade nos processos de seleção internos<br />

e recrutamento é de profissionais da região”, diz.<br />

Atualmente, 90% do seu quadro é de residentes em<br />

Congonhas.<br />

Com o objetivo de aprimorar a expertise de sua<br />

equipe, a empresa tem programas de gestão que incluem<br />

parcerias com a Federação das Indústrias no<br />

estado de Minas Gerais (Fiemg), Fundação Gorceix<br />

e a Fundação Dom Cabral (FDC).<br />

crescer com sustentabilidade<br />

Segundo Eunice Teixeira, o objetivo não é só<br />

crescer, mas crescer com sustentabilidade. Dessa<br />

forma, a empresa busca conciliar desenvolvimento


A LGA duplicou sua produção anual, que<br />

passou de 200 para 800 mil toneladas<br />

econômico com o social e com o meio ambiente. O<br />

programa de Gestão Ambiental, por exemplo, tem<br />

como compromisso identificar os riscos ambientais<br />

a atuar com responsabilidade e em conformidade<br />

com as leis.<br />

A empresa também busca ter um bom relacionamento<br />

com a comunidade, o que é feito por meio de<br />

programas de incentivo a ações do poder público e<br />

regional locais, como a participação na Agenda 21<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba, elaborado pelo Consórcio Público<br />

para o Desenvolvimento do <strong>Alto</strong> Paraopeba (Codap)<br />

e no Programa de Desenvolvimento Integral de<br />

Jovens e Adolescentes voltado para a Comunidade<br />

de Lobo Leite.<br />

Conforme a gerente, existe diálogo constante entre<br />

a empresa, prefeitura, secretarias e comunidade,<br />

o que demonstra que é possível empresa e região<br />

crescerem conjuntamente e de forma sustentável,<br />

trazendo melhorias para todos.<br />

REVISTA codAp 43<br />

fotoS: coMunicação/lga


44 REVISTA codAp<br />

VAlE S/A<br />

Vale prevê investimentos no estado<br />

na casa de R$ 27 bilhões até 2017<br />

a Vale S/a, pretende investir r$ 27 bilhões em 13<br />

projetos a serem executados até 2017 em Minas<br />

gerais, segundo o governo mineiro. em março de<br />

2010, a empresa assinou protocolo de intenções<br />

com o estado, com investimentos de r$ 9,4 bilhões<br />

e criação de 2.210 empregos diretos. em 2011, a<br />

companhia reviu o montante previsto, ampliando<br />

para r$ 17,6 bilhões. Do total, r$ 500 milhões já<br />

foram executados. Serão gerados 3.105 postos de<br />

trabalho diretos até 2015.<br />

São vários projetos, entre eles, desenvolver,<br />

implantar e expandir uma mina e cinco usinas de<br />

beneficiamento de minério de ferro; implantação e<br />

duplicação de ferrovias, construção de barragens e<br />

sistema de captação de água, estradas e locais de<br />

rejeitos; implantação de um centro global de desenvolvimento<br />

minerário e um instituto tecnológico de<br />

pesquisas minerárias. Os investimentos contemplarão<br />

vários municípios, como Itabira, Itabirito, Barão<br />

de Cocais, Caeté, Raposos, Rio Acima, Nova Lima,<br />

Santa Bárbara, Belo Horizonte, Mariana, Ouro Preto<br />

e Sabará.<br />

A maior mineradora do país pretende expandir<br />

suas operações de minério de ferro e para que isto<br />

ocorra está realizando vários investimentos. Entre<br />

os projetos está o de Conceição Itabiritos, que compreende<br />

a construção de uma planta de concentração<br />

para adicionar 12 milhões de capacidade nominal<br />

de pellet feed, utilizando o run-of-mine (ROM)<br />

da mina de Conceição, no complexo de Itabira,<br />

na região Central do estado. O aporte total deste<br />

projeto é estimado em US$ 1,1 bilhão, dos quais<br />

US$ 411 milhões foram orçados para 2011. O início<br />

das operações está previsto para o segundo <strong>sem</strong>estre<br />

de 2013.<br />

Depois do início das obras de Conceição Itabiritos,<br />

as contratações de produtos e serviços em Itabira<br />

somaram R$ 62 milhões e em torno de 5,3 mil<br />

trabalhadores foram contratados para as obras. Foram<br />

mais de R$ 34 milhões injetados na economia<br />

local através do pagamento de salários.<br />

projeto Vargem Grande Itabiritos<br />

Outro grande projeto é o Vargem Grande Itabiritos,<br />

com recursos estimados em US$ 1,5 bilhão.<br />

O empreendimento compreende a construção de<br />

uma planta de concentração que será abastecida<br />

por itabiritos provenientes das minas de Abóboras,<br />

Tamanduá e Capitão do Mato. A capacidade nominal<br />

será de 10 milhões de toneladas/ano. Somente<br />

em 2011, os investimentos chegarão a US$ 356<br />

milhões.<br />

A mineradora também investirá na duplicação<br />

de 24 quilômetros da Estrada de Ferro Vitória a<br />

Minas (EFVM). O principal trecho, de 20 quilômetros,<br />

fica entre Barão de Cocais e São Gonçalo do<br />

Rio Abaixo, ambos os municípios na região Central<br />

do estado. As obras estariam previstas para começar<br />

em novembro.<br />

A Vale recebeu do Instituto Brasileiro do Meio<br />

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis<br />

(Ibama), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente<br />

(MMA), a Licença de Instalação do empreendimento.


Correias transportadoras na Instalação de<br />

Tratamento de Minério Itabirítico (ITM-I),<br />

em Itabiritos<br />

De acordo com a empresa, o objetivo é melhorar<br />

a infraestrutura ferroviária para atender ao aumento<br />

previsto na demanda pelo transporte de minério<br />

de ferro, além de carga geral. A conclusão da duplicação<br />

deve acontecer em março de 2015.<br />

Em São Gonçalo do Rio Abaixo está instalada a<br />

mina de Brucutu, uma das maiores operações de minério<br />

da companhia, com capacidade de 30 milhões<br />

de toneladas por ano. Quando passou por investimentos,<br />

em 2006, ela foi considerada a maior do<br />

mundo.<br />

Os aportes na área de logística da Vale, segundo<br />

informações divulgadas pela imprensa, somaram<br />

somente em 2011 US$ 5 bilhões. Os recursos<br />

serão aplicados nos portos e ferrovias controlados<br />

pela empresa. Entre as concessionárias estão a<br />

EFVM, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e a Estrada<br />

de Ferro Carajás.<br />

Correia transportadora na Usina de<br />

Pelotização do Projeto Itabiritos da Vale<br />

REVISTA codAp 45<br />

fotoS: Marcelo araúJo


46 REVISTA codAp<br />

VAllouREc & SumITomo TuboS do bRASIl<br />

Instalação da VSB muda perfil<br />

econômico de Jeceaba<br />

a Vallourec & Sumitomo tubos do Brasil (VSB)<br />

– joint venture formada entre a Vallourec e a<br />

Sumitomo Metals, parceiros há mais de 30 anos no<br />

campo de conexões premium para o setor de óleo<br />

e gás – deu o primeiro passo para a sua inserção<br />

na economia do alto Paraopeba em 2007, com o<br />

lançamento da pedra fundamental das obras da<br />

usina. e se inseriu de vez na economia de Jeceaba<br />

com a inauguração do empreendimento em<br />

setembro de 2011, que contou com a presença de<br />

autoridades, entre elas a presidente Dilma rousseff.<br />

os investimentos são da ordem de r$ 5 bilhões.<br />

A usina integrada de tubos de aço <strong>sem</strong> costura<br />

ocupa uma área de 2,5 milhões de metros quadrados<br />

no município, com capacidade total de produção<br />

de aço bruto de 1 milhão de toneladas por ano<br />

e 600 mil toneladas por ano de tubos de aço <strong>sem</strong><br />

costura.<br />

A escolha de Minas Gerais se deve ao fato de o<br />

estado já acolher a V & M do Brasil (usina Barreiro),<br />

e suas subsidiárias, a V & M Florestal (VMFL) e<br />

a V&M Mineração (VMMN). A VSB utilizará minério<br />

de ferro e carvão vegetal oriundos da VMMN e<br />

VMFL, respectivamente.<br />

E a opção por Jeceaba, segundo a assessoria de<br />

imprensa da empresa, é fruto de sua localização<br />

geográfica estratégica, com fácil acesso rodoviário e<br />

ferroviário para os portos do Rio de Janeiro, Santos<br />

e Vitória, por onde serão escoados seus produtos.<br />

Durante a cerimônia de inauguração da usina,<br />

a presidente Dilma Rousseff (PT) destacou em seu<br />

discurso a importância de se agregar valor a pro-<br />

dutos básicos. A presidente destacou que o Brasil,<br />

grande produtor de minério de ferro, havia parado<br />

de investir em siderurgia, mas que agora as coisas<br />

estão mudando. “Neste momento, participamos da<br />

inauguração de uma siderúrgica de tecnologia avançada<br />

e que agrega valor em nosso território”, enfatizou<br />

a presidente.<br />

Conforme noticiado pela imprensa, os líderes<br />

das gigantes francesa e japonesa preferiram não comentar<br />

o impacto da <strong>crise</strong> econômica mundial nos<br />

negócios. Entretanto, destacaram que a competitividade<br />

da unidade de Jeceaba é “excepcional” e,<br />

por isso, vai aprimorar os resultados mundiais dos<br />

conglomerados. O complexo siderúrgico está próximo<br />

dos fornecedores de minério de ferro e carvão,<br />

matérias-primas fundamentais no processo de produção.<br />

É cortado por ferrovias, que seguem para os<br />

portos do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.<br />

Tem ainda a vantagem de contar com gás natural e<br />

linhas de energia de alta tensão. As 600 mil toneladas<br />

de tubo de aço <strong>sem</strong> costura produzidas pela<br />

VSB serão transportadas pela Ferrovia do Aço, cartão<br />

postal da cidade, rumo a Santos (SP) ou ao Rio<br />

de Janeiro (RJ).<br />

O fato é que a VSB mudou o panorama do emprego<br />

em Jeceaba e nos municípios próximos do<br />

município, já que foram gerados 11 mil postos de<br />

trabalho durante as obras. A expectativa é que a<br />

operação atual gere 1.600 empregos diretos e 2.000<br />

postos de trabalho terceirizados.<br />

De acordo com o prefeito de Jeceaba, Júlio César<br />

Reis, houve uma transformação literal nos últimos<br />

anos em função da construção da usina. Ele diz:<br />

“O que eu percebo é que todo o comércio, todas as


foto: thiago fernanDeS<br />

atividades estão direcionadas hoje para a área siderúrgica.<br />

E é natural que seja assim. Afinal de contas<br />

são muitos empregos que serão criados na cidade,<br />

com o funcionamento da empresa.”<br />

No município, as mudanças também têm sido<br />

notadas pela população. A vendedora da Iza Móveis,<br />

Cláudia Helena dos Reis, conta que o proprietário<br />

da loja decidiu investir na cidade em razão do crescimento<br />

da economia de Jeceaba, fruto dos investimentos<br />

da VSB. O empreendimento tem pouco mais<br />

de dois anos de atividade na cidade. “Hoje, as condições<br />

de emprego estão melhores. E Jeceaba oferece<br />

ainda a tranquilidade”, observa.<br />

A proprietária da Vidraçaria Jeceaba, Paula Gabriele<br />

Gonçalves Rocha, também acompanha as<br />

alterações que estão acontecendo na cidade. “Tem<br />

muita loja que abriu em Jeceaba depois do anúncio<br />

do investimento da usina”, diz a empresária.<br />

Aço produzido em Jeceaba será<br />

exportado<br />

O aço produzido pela VSB em Jeceaba, num<br />

primeiro momento, será destinado ao mercado externo.<br />

A perspectiva é que até o segundo <strong>sem</strong>estre<br />

deste ano, a siderúrgica produza 1 milhão de tone-<br />

ladas de aço, sendo 700 mil toneladas voltadas para<br />

a produção de tubos para prospecção de petróleo e<br />

outras 300 mil para as demais aplicações do grupo<br />

Vallourec, tudo destinado à exportação, principalmente<br />

para Angola, Gana, Moçambique e Tanzânia.<br />

O minério de ferro necessário para a produção<br />

virá da mina de Pau Branco, em Brumadinho. Dentro<br />

do investimento total de R$ 5 bilhões, está prevista<br />

também a construção de uma usina de pelotização,<br />

que vai alimentar dois alto-fornos. A capacidade da<br />

pelotizadora será de 1,3 milhão de toneladas por<br />

ano. O combustível utilizado na usina será o carvão<br />

vegetal, que virá da V&M Florestal.<br />

1.600<br />

eMPregos<br />

diretos<br />

600.000 t/ano<br />

Produção<br />

de tuBos<br />

1.000.000 t/ano<br />

Produção<br />

de aço Bruto<br />

2.500.000 m 2<br />

área<br />

industrial<br />

6.600.000 m 2<br />

área do Centro<br />

de referÊnCia<br />

eM reVegetação<br />

de Mata atlÂntiCa<br />

r$ 5.000.000.000<br />

inVestiMento<br />

total<br />

REVISTA codAp 47


48 REVISTA codAp<br />

EducAção fIScAl<br />

Gestão das <strong>finanças</strong> é essencial para<br />

a sobrevivência dos municípios<br />

Para um município investir em saúde,<br />

educação e em toda a infraestrutura<br />

necessária à manutenção de uma cidade,<br />

pagar o funcionalismo e garantir os serviços<br />

à população são necessários recursos<br />

provenientes de repasses dos governos<br />

do estado e federal, além da arrecadação<br />

própria. as procuradoras do município de<br />

Belo horizonte, Maria Jocélia nogueira lima,<br />

especialista em Direito tributário, e Bernadete<br />

Dias guimarães, especialista em Direito<br />

administrativo, explicam o funcionamento da<br />

administração municipal, além de abordar a<br />

composição das receitas e sua procedência.<br />

É importante destacar que, para boa parte das<br />

prefeituras do país, as transferências federais e estaduais<br />

representam a maior parte da receita. Sem impostos<br />

e tributos, não é possível que os municípios<br />

sobrevivam. Quando a prefeitura deve mais do que<br />

tem em caixa, ela apresenta insuficiência financeira.<br />

E a situação inversa significa que ela possui suficiência<br />

financeira. Dessa forma, a gestão das despesas,<br />

com o objetivo de que elas possam até mesmo expandir,<br />

mas <strong>sem</strong> ultrapassar a receita, é importante<br />

para a obtenção de bons resultados.<br />

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei<br />

Complementar n o 101, de 4 de maio de 2000 – estabelece<br />

que as administrações públicas devem dar total<br />

transparência às suas gestões fiscais, com divulgação<br />

ampla, utilizando meios eletrônicos de acesso<br />

público e de versões simplificadas de documentos,<br />

como planos, orçamentos, leis de diretrizes orçamentárias,<br />

prestações de conta e diversos relatórios.<br />

Antes da lei, a administração pública, de modo<br />

geral, não tinha o mesmo grau de compromisso com<br />

o orçamento. Em muitos casos, gastava-se dinheiro,<br />

muitas vezes, contando com verbas futuras incertas.<br />

A partir da LRF, a forma de gerir os recursos mudou.<br />

Se a despesa não estiver prevista no orçamento, serão<br />

necessários cortes e ajustes mais adiante.<br />

Estrutura da administração municipal<br />

A administração pública dos municípios brasileiros<br />

não está nas mãos exclusivamente dos prefeitos;<br />

ela é exercida pelos poderes Executivo e Legislativo,<br />

sendo este comandado pela Câmara Municipal, que<br />

tem como função acompanhar, fiscalizar e regular<br />

os atos do Executivo, além de propor e aprovar leis<br />

de interesse da cidade e aprovar as contas da prefeitura.<br />

Para exercer essa última função, as câmaras<br />

têm o apoio dos tribunais de contas dos estados, que<br />

emitem pareceres técnicos sobre a conta das prefeituras.<br />

Ao Poder Executivo compete a prestação dos<br />

serviços públicos. Ele é composto pelas administrações<br />

direta e indireta, e quem exerce a primeira é a<br />

prefeitura, que é formada pelo gabinete do prefeito,<br />

secretarias e órgãos. Cada secretaria é responsável<br />

pelo desenvolvimento de sua respectiva política pública<br />

e de programas e serviços a ela inerentes. Já<br />

a administração indireta é composta por entidades<br />

como autarquias, fundações, sociedades de economia<br />

mista e empresas públicas, que são ligadas à<br />

prefeitura e prestam serviços públicos ou de interesse<br />

coletivo.<br />

A procuradora de Belo Horizonte, Maria Jocélia<br />

Nogueira Lima, explica que a administração das


<strong>finanças</strong> públicas, como a de um município, tem suas<br />

normas gerais disciplinadas pela Constituição da República<br />

do Brasil (1988), através dos artigos 163 a<br />

169, bem como pela Lei de Responsabilidade Fiscal<br />

(LRF), lei complementar n o 101, de 04/05/2000,<br />

que estabelece normas de <strong>finanças</strong> públicas voltadas<br />

para a responsabilidade na gestão fiscal, sendo<br />

complementar. Afinal, as normas gerais estão disciplinadas<br />

no texto da Constituição.<br />

De acordo com ela, a administração das <strong>finanças</strong><br />

se verifica por meio de mecanismos próprios, voltados<br />

todos para a responsabilidade na gestão fiscal,<br />

a partir de uma ação planejada e transparente, em<br />

que se previnem riscos e se corrigem desvios capazes<br />

de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante<br />

o cumprimento de metas de resultados entre<br />

receitas e despesas, além da obediência a limites e<br />

condições no que tange à renúncia de receita, geração<br />

de despesas com pessoal (a do município é<br />

de no máximo 60% ao ano), da seguridade social e<br />

outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações<br />

de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão<br />

de garantia e inscrição em Restos a Pagar.<br />

“Esses mecanismos devem ser observados pelo administrador<br />

público, sob pena de incorrer em crime<br />

de responsabilidade fiscal”, observa.<br />

Ela ressalta que compete à Secretaria de Finanças<br />

do município toda a política e administração<br />

tributárias, bem como sua política econômico-financeira,<br />

a administração das <strong>finanças</strong> municipais e das<br />

licitações e materiais públicos.<br />

Atribuição das secretarias de <strong>finanças</strong><br />

dos municípios:<br />

1) Receber e gerenciar todos os<br />

recursos municipais – despesas e<br />

receitas.<br />

2) destinar as verbas necessárias às<br />

demais secretarias.<br />

3) destinar verbas para custeio,<br />

manutenção e investimentos.<br />

4) pagar dívidas contraídas pelo<br />

município.<br />

5) Toda a política e administração<br />

tributária é discutida e aprovada<br />

pelo prefeito.<br />

REVISTA codAp 49


Impostos e Taxas<br />

• Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores<br />

(iPVa) é arrecadado pelos governos estaduais sobre o<br />

valor venal dos veículos automotores que são licenciados<br />

em seu território. a alíquota mínima é definida pelo<br />

Senado federal. Do total do iPVa recolhido, 50%<br />

ficam com os estados e a diferença é repassada aos<br />

seus respectivos municípios, onde os veículos foram<br />

licenciados. Por determinação constitucional e legislação<br />

complementar, os estados devem repassar 25%<br />

da arrecadação desse imposto aos seus municípios.<br />

o incremento da receita de iPVa está diretamente<br />

relacionado ao aumento da frota de veículos em cada<br />

município.<br />

• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (issQn)<br />

incide sobre a prestação de serviços por empresas e<br />

profissionais autônomos. o fato gerador são os serviços<br />

listados na lei complementar n o 116, de 31 de junho de<br />

2003.<br />

• Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos (itBi)<br />

tem como fato gerador a transmissão de bens móveis. a<br />

base de cálculo é o valor venal do bem.<br />

•Imposto de Renda (ir) é um imposto federal. Porém, a<br />

parcela cobrada sobre o rendimento pago pela prefeitura,<br />

como salários, aposentadoria e pensões, é contabilizada<br />

como receita do município, o que significa que não é<br />

repassada à união. essa parcela é denominada imposto de<br />

renda retido na fonte (irrf).<br />

• Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço<br />

(iCMs) é arrecadado pelos estados. conforme a<br />

constituição federal e legislação complementar, os<br />

estados repassam 25% da arrecadação desse imposto aos<br />

municípios, aqui chamado de QPM-icMS.<br />

• Imposto Territorial Rural (itr) é repassado pela união em<br />

50% da sua receita aos municípios.<br />

• Imposto sobre Produtos Industrializados (iPi) é<br />

repassado em 10% aos estados pela união. os estados<br />

transferem 25% do que recebem aos municípios,<br />

conforme o índice de participação destes no icMS.<br />

• Taxas municipais são tributos com destino vinculado ao<br />

custeio de determinadas atividades feitas pelo governo.<br />

elas são divididas em dois grupos, sendo o primeiro<br />

composto pelas atividades relacionadas à prestação de<br />

serviços públicos prestados aos contribuintes ou postos<br />

à disposição dele. o outro, pelo exercício do poder de<br />

polícia, quando as taxas são recolhidas para custear<br />

atividades públicas de controle, fiscalização, vistoria,<br />

inspeção ou concessão de licença.<br />

50 REVISTA codAp<br />

bernadete dias Guimarães:<br />

“As receitas são um conjunto de<br />

recursos financeiros creditados<br />

aos cofres públicos com o fim de<br />

suprir as despesas e os adicionais<br />

orçamentários.”<br />

Receitas<br />

A arrecadação total é formada por impostos,<br />

taxas e contribuições de competência dos municípios,<br />

além das transferências de outras esferas de<br />

governo, que têm como objetivo as despesas de manutenção,<br />

serviços e necessidades de investimentos<br />

públicos. “As receitas são um conjunto de recursos<br />

financeiros creditados aos cofres públicos com o fim<br />

de suprir as despesas e os adicionais orçamentários”,<br />

diz a procuradora de Belo Horizonte e especialista<br />

em Direito Administrativo, Bernadete Dias<br />

Guimarães.<br />

foto: WilSon aVelar


As receitas municipais são classificadas em dois<br />

grandes grupos: receitas correntes e receitas de capital.<br />

As primeiras são compostas por recursos que<br />

ingressam com regularidade nos cofres públicos. Os<br />

tributos municipais e as transferências constituicionais<br />

da União e do governo estadual são os principais<br />

itens da receita corrente.<br />

Já as receitas de capital não têm uma periodicidade<br />

regular de entrada no tesouro municipal e<br />

os recursos classificados dessa forma só podem ser<br />

aplicados em atividades específicas. Entre as receitas<br />

de capital, as mais importantes são as provenientes<br />

de operações de crédito, alienação de bens<br />

e transferências voluntárias realizadas pela União e<br />

pelo governo estadual para serem aplicadas em investimentos<br />

pelos municípios.<br />

Dessa forma, a composição da receita municipal<br />

se verifica por meio da arrecadação de tributos<br />

de sua competência, como Imposto Sobre Serviços<br />

de Qualquer Natureza (ISSQN), Imposto sobre a<br />

Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU),<br />

Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI),<br />

contribuições de melhorias e taxas ou transferências<br />

de cota-parte tributária de outros entes da federação<br />

(União e/ou estados onde se localizam os municípios),<br />

como também de fundos de participação.<br />

– Verbas<br />

A procuradora ressalta que as verbas para que<br />

o município pague suas contas e possa investir é<br />

proveniente da arrecadação dos tributos, das receitas<br />

indiretas, como por exemplo, as transferências<br />

de outros entes da federação ou mesmo através de<br />

captação de crédito junto ao sistema financeiro. As<br />

transferências correntes foram criadas com o objetivo<br />

de redistribuir recursos entre os três níveis de<br />

governo (União, estados e municípios) e entre as<br />

regiões do país que apresentam níveis de renda e<br />

desenvolvimento diferentes. Tais transferências são<br />

formadas por recursos provenientes da arrecadação<br />

de tributos federais e estaduais em todo o território<br />

nacional.<br />

A distribuição das transferências correntes aos<br />

municípios é pautada pelos critérios estabelecidos<br />

pela Constituição e pelas legislações federal e estadual.<br />

Há critérios próprios para cada distribuição<br />

das transferências, que procuram atender a determinados<br />

objetivos. O Fundo de Participação dos Mu-<br />

nicípios (FPM), por exemplo, é uma transferência<br />

federal que leva em conta o número de habitantes<br />

do município, de forma a beneficiar as cidades menores.<br />

Afinal, no geral, as fontes de arrecadação destes<br />

entes são restritas.<br />

Já a transferência estadual do Imposto de Circulação<br />

sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) beneficia<br />

os municípios mais desenvolvidos, com uma<br />

geração maior de riqueza. E as transferências federais<br />

para o Sistema Único de Saúde (SUS) são pautadas<br />

pelo número de habitantes dos municípios e<br />

os procedimentos realizados, de forma a ressarcir<br />

as cidades pelos serviços prestados em saúde. Para<br />

boa parte das prefeituras do país, as transferências<br />

representam a maior parte da receita.<br />

Ela explica que o dinheiro arrecadado pela cobrança<br />

do IPTU, do ITBI e do ISSQN vai para o caixa<br />

da prefeitura e será aplicado de acordo com o<br />

previsto no orçamento municipal, ou seja, é predominantemente<br />

fiscal. “A finalidade desses impostos<br />

é a obtenção de recursos financeiros para os municípios,<br />

e em assim sendo, se previsto do orçamento,<br />

pode-se destinar essa arrecadação para manutenção<br />

das vias públicas, escolas, hospitais, iluminação pública,<br />

obras de saneamento básico, saúde, projetos<br />

sociais, segurança ou qualquer necessidade dos munícipes”,<br />

diz,<br />

despesas<br />

Segundo Bernadete Dias Guimarães, além dos<br />

impostos, todas as demais fontes de recursos do município<br />

serão utilizadas para fazer frente às despesas<br />

municipais. Pode ser considerada despesa todo dispêndio<br />

que a administração faz para o custeio de<br />

seus serviços, remuneração dos servidores, aquisição<br />

de bens, execução indireta de obras e serviços e<br />

outros empreendimentos necessários à consecução<br />

de seus fins. As despesas municipais, conforme o<br />

seu destino, podem ser agrupadas em dois grandes<br />

blocos, que são os das despesas de custeio e de investimento.<br />

– o que são?<br />

• DEsPEsAs DE CUsTEIO – São todas as tarefas<br />

que a prefeitura realiza de forma contínua e<br />

permanente para manter em operação os serviços<br />

REVISTA codAp 51


52 REVISTA codAp<br />

públicos que presta. Ex: despesas com material de<br />

consumo, com serviços de terceiros, com pessoal<br />

ativo, entre outras.<br />

• DEsPEsAs DE INVEsTIMENTO – São ações<br />

da prefeitura que aumentam a capacidade ou<br />

aperfeiçoam a ação da administração, criando novos<br />

serviços e novos equipamentos urbanos, como por<br />

exemplo, novas escolas, creches, postos de saúde,<br />

reformas em geral, melhorias no sistema viário, etc.<br />

Saiba mais sobre os repasses<br />

• Fundo de Participação dos Municípios (fPM) é formado<br />

por 22,5% da receita líquida do imposto de renda (ir) e<br />

do imposto sobre Produtos industrializados (iPi), mais o<br />

adicional de 1% estabelecido pela emenda constitucional<br />

n o 55/07. esse montante é dividido em três fundos:<br />

FPM – Interior é constituído por 86,4% do fPM total<br />

e distribuído a todos os municípios, com exceção das<br />

capitais. São levados em consideração os coeficientes<br />

pautados no tamanho populacional, definidos pelo<br />

Decreto n. 1.881/81;<br />

FPM – Capital é formado por 10% do fPM total e<br />

distribuído às capitais, de acordo com os coeficientes que<br />

levam em conta o tamanho populacional da capital e o<br />

inverso da renda per capita do estado;<br />

FPM – Reserva é constituído por 3,6% do fMP total e<br />

distribuído às cidades do interior com mais de 142.633<br />

habitantes, com base em coeficientes calculados da<br />

mesma forma daqueles que servem para a repartição do<br />

fPM-capital.<br />

• O Fundo Municipal de Saúde (fMs) recebe do fundo<br />

nacional de Saúde (fnS) e do fundo estadual de Saúde<br />

(feS), além de recursos próprios do município (15%<br />

da sua receita de impostos). o fMS é formado pelas<br />

receitas da arrecadação da contribuição sobre o lucro<br />

das Pessoas Jurídicas (cSSl), da contribuição para o<br />

financiamento da Seguridade Social (cofins) e do Seguro<br />

obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos<br />

(DPVat). o feS é formado por 12% da receita estadual<br />

de impostos e pelos recursos que o estado recebe<br />

do fnS.<br />

É importante salientar que a parcela dos recursos<br />

que são distribuídos pelo fnS é fixa, conforme a<br />

população municipal, e outra, variável, de acordo com<br />

os procedimentos ambulatoriais, médicos e hospitalares<br />

feitos pelo Sistema único de Saúde (SuS).<br />

maria Jocélia nogueira lima:<br />

“os municípios devem buscar<br />

a sua independência para não<br />

depender do poder da união<br />

ou do estado.”<br />

Além das despesas de custeio e de investimento,<br />

a prefeitura conta ainda com outros encargos gerais<br />

como a amortização e juros das dívidas públicas, o<br />

pagamento de inativos e pensionistas, o pagamento<br />

de desapropriações e o pagamento de tarifas públicas,<br />

tais como energia elétrica, água e telefone.<br />

Para a procuradora de Belo Horizonte, Maria Jocélia<br />

Nogueira Lima, o município deve buscar a sua<br />

independência econômica, financeira, política e administrativa.<br />

Assim, poderá deixar de depender do<br />

poder central, da União, ou mesmo do estado onde<br />

está localizado, para aplicar com os recursos arrecadados<br />

a melhoria naquela municipalidade em todos<br />

os aspectos como, social, saúde e educação.<br />

foto: WilSon aVelar


Avaliação financeira<br />

Há dois indicadores importantes para se avaliar<br />

a situação financeira de uma prefeitura: um deles<br />

é o resultado orçamentário; o outro, é a suficiência<br />

financeira. O comportamento desses dois aspectos<br />

mostra se a gestão fiscal está sendo bem conduzida<br />

ou não.<br />

É importante analisar a tendência ao longo dos<br />

anos, já que as administrações podem passar por períodos<br />

de ajustes. Afinal, em alguns casos, é necessário<br />

um tempo maior para que as dívidas sejam quitadas<br />

ou ainda para que a despesa seja adaptada ao tamanho<br />

da receita.<br />

– o que é:<br />

• Resultado oRçamentáRio – É a diferença<br />

entre a receita e as despesas totais.<br />

• supeRávit oRçamentáRio – Ocorre quando<br />

a receita é maior que as despesas totais.<br />

• déficit oRçamentáRio – Ocorre quando as<br />

despesas totais são maiores que a receita.<br />

Segundo a procuradora do município de Belo Horizonte,<br />

Maria Jocélia Nogueira Lima, especialista em<br />

Direito Tributário, para que uma administração pública<br />

possua mais resultados positivos do que negativos<br />

no decorrer dos anos, é preciso que ela geralmente<br />

gaste menos do que arrecada. Os superávits proporcionam<br />

acúmulos de recursos que podem ser utilizados<br />

nos investimentos para pagar dívidas e servem<br />

como reserva para enfrentar períodos de queda nas<br />

receitas, como acontece em momentos de <strong>crise</strong> econômica.<br />

A suficiência financeira é a diferença entre ativos e<br />

passivos financeiros. Os principais ativos financeiros<br />

são os valores que a prefeitura tem em suas contas<br />

bancárias, enquanto os passivos financeiros são os valores<br />

que a prefeitura deve pagar no curto prazo, sendo<br />

formado em sua maior parte pelos restos a pagar,<br />

despesas realizadas e não pagas em um mesmo ano.<br />

Quando a prefeitura deve mais do que tem em caixa,<br />

ela apresenta insuficiência financeira. E a situação<br />

inversa significa que ela possui suficiência financeira.<br />

Dessa forma, a gestão das despesas, com o objetivo<br />

de que elas possam até mesmo expandir, mas <strong>sem</strong> ultrapassar<br />

a receita, é importante para a obtenção de<br />

bons resultados.<br />

minas Gerais tem arrecadação<br />

recorde com a cfem<br />

apesar de a alíquota da compensação financeira pela<br />

exploração de recursos Minerais (Cfem) ser questionada<br />

pelos municípios mineradores, a arrecadação dos royalties<br />

da mineração bateu em 2011 o recorde no estado, assim<br />

como já ocorreu no país. Minas gerais é o primeiro<br />

colocado no ranking nacional. conforme os dados do<br />

Departamento nacional de Produção Mineral (DnPM),<br />

o volume arrecadado em Minas no ano passado foi da<br />

ordem de r$ 788,9 milhões, superior ao total acumulado<br />

durante todo o ano de 2010. em todo o exercício<br />

de 2011, o estado foi responsável por 51% da cfem<br />

arrecadada em todo o Brasil.<br />

O que é a Cfem?<br />

É uma taxa de compensação financeira obtida por ocasião<br />

da venda do produto mineral de áreas de jazidas,minas,<br />

salinas ou outros produtos minerais.<br />

Quem administra a Cfem?<br />

o Departamento nacional de Produção Mineral –<br />

DnPM, que baixa normas e exerce a fiscalização sobre a<br />

arrecadação da cfem (lei n o 8.876/94,<br />

art. 3 o - inciso ix).<br />

sobre qual valor incide a Cfem?<br />

a compensação financeira é calculada sobre o valor do<br />

faturamento líquido, obtido por ocasião da venda do<br />

produto mineral.<br />

Quais são as alíquotas aplicadas para o cálculo da Cfem?<br />

as alíquotas são aplicadas sobre o faturamento líquido<br />

para obtenção do valor da cfem:<br />

– 3% para: minério de alumínio, manganês, sal-gema e<br />

potássio.<br />

– 2% para: ferro, fertilizante, carvão e demais substâncias.<br />

– 0,2% para: pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis,<br />

carbonados e metais nobres.<br />

– 1% para: ouro.<br />

Os recursos da Cfem são distribuídos da seguinte forma:<br />

– 12% para a união (DnPM, ibama e Mct).<br />

– 23% para o estado onde for extraída a substância<br />

mineral.<br />

– 65% para o município produtor.<br />

REVISTA codAp 53


54 REVISTA codAp<br />

munIcípIoS<br />

VAlE do AlTo pARAopEbA<br />

ou VAlE do fERRo E do Aço?


desbravada no século XVIII, a região hoje conhecida como “<strong>Alto</strong> <strong>paraopeba</strong>” está<br />

vivendo uma das fases áureas de sua história. mineradoras e siderúrgicas que se<br />

instalaram há mais tempo ou que se instalam agora acreditam e investem na região<br />

e continuam mantendo minas Gerais no primeiro lugar no ranking da produção<br />

mineral brasileira. desenvolvimento, crescimento e aumento nos números das<br />

receitas das sete cidades do codap: belo Vale, congonhas, conselheiro lafaiete,<br />

Entre Rios de minas, Jeceaba, ouro branco e São brás do Suaçui é o que a Revista<br />

do codap mostra a seguir. Vale a pena conferir.<br />

REVISTA codAp 55<br />

foto: WilSon aVelar


56 REVISTA codAp<br />

bElo VAlE<br />

Desenvolvimento <strong>sem</strong> traumas<br />

Depois de assumir a prefeitura <strong>sem</strong> energia<br />

elétrica em 2005 e enfrentar a <strong>crise</strong> financeira<br />

internacional, Belo Vale vive hoje um novo<br />

momento, fruto da melhoria da gestão<br />

municipal. “atualmente quase 100% dos<br />

débitos da prefeitura foram saldados, observa o<br />

prefeito do município, Wanderlei de castro.<br />

o secretário da Fazenda da cidade, Itamar Fernandes<br />

Monteiro, afirma que a atual administração<br />

ainda está quitando o resto de sentenças judiciais de<br />

salários atrasados da gestão anterior à do prefeito<br />

Wanderlei de Castro, que foi reeleito. “Quando chegamos<br />

aqui não havia arquivos, nem a estrutura que<br />

existe hoje, havia documentos perdidos e frota sucateada,<br />

além da herança das dívidas passadas. Para<br />

se ter uma ideia, no primeiro dia do mandato do<br />

Wanderlei, não tinha luz elétrica no prédio”, conta.<br />

De acordo com ele, a situação melhorou muito,<br />

com o domínio sobre todas as áreas da prefeitura.<br />

“Temos uma fiscal e já estamos montando uma estrutura<br />

de fiscalização mais eficiente, principalmente,<br />

em relação à atividade mineradora, que requer<br />

um acompanhamento mais aproximado, o que já<br />

tem surtido bastante efeito. Entretanto, ainda existe<br />

uma limitação entre o prefeito querer fazer e fazer<br />

dentro do que é possível”, observa.<br />

Monteiro lembra que em 2005, o déficit da prefeitura<br />

de Belo Vale era bem alto. “A outra administração<br />

deixou dívidas consideráveis para o município.<br />

Hoje, já pagamos boa parte, como à Cemig, por<br />

exemplo”, ressalta.<br />

Valor Adicional fiscal (VAf)<br />

O prefeito de Belo Vale salienta que é feito um<br />

trabalho baseado no Valor Adicionado Fiscal (VAF),<br />

que é um indicador econômico-contábil utilizado<br />

pelo estado para calcular o índice de participação<br />

municipal no repasse de receita do Imposto sobre<br />

Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e<br />

sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual<br />

e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)<br />

Itamar Fernandes Monteiro,<br />

secretário da Fazenda<br />

e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)<br />

aos municípios mineiros.<br />

O VAF é apurado pela Secretaria de Estado da<br />

Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG), com base em<br />

declarações anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas<br />

nos respectivos municípios. “Foi através<br />

dele que foi possível levantar o crescimento do Imposto<br />

sobre Circulação de Mercadorias e Prestação<br />

de Serviços (ICMS), que aos nossos olhos acontecia,<br />

mas não era tributado. E o município levava prejuízo.<br />

Hoje, o VAF no nosso município cresceu, teve um<br />

avanço considerável”, diz.<br />

Ele ressalta que, além da fiscalização habitual, a<br />

prefeitura buscou sensibilizar a população e as empresas<br />

para o pagamento em dia dos tributos, que<br />

obteve bons resultados. Conforme dados da prefeitura,<br />

a receita tributária prevista para 2011 cresceu<br />

na comparação com 2005, já que saltou de cerca<br />

de R$ 443,9 mil para R$ 523,2 mil. A alta foi de<br />

17,9%. Entretanto, o valor do exercício de 2011<br />

foi menor que o contabilizado em 2010 (cerca de<br />

R$ 689,8 mil). O valor recorde foi verificado em<br />

2007, com R$ 780,7 mil.<br />

foto: WilSon aVelar


Para 2012, as receitas correntes previstas levam<br />

em consideração um acréscimo de 5% de previsão<br />

do crescimento do PIB. E os valores de 2011 foram<br />

os previstos no orçamento.<br />

No caso da receita tributária, a previsão é que ela<br />

seja maior em 2012, chegando a R$ 549,4 mil, valor<br />

superior ao de 2011 (R$ 523,2 mil).<br />

Arrecadação do IpTu subiu<br />

26 vezes em cinco anos<br />

A arrecadação do Imposto Predial Territorial<br />

Urbano (IPTU) também aumentou em 2010<br />

frente a 2005, já que saltou de R$ 763,7 para<br />

R$ 20,5 mil. Em 2011, a arrecadação foi de<br />

R$ 24 mil. E em 2012, a projeção é de chegar a<br />

R$ 25,2 mil. Ainda assim, os valores são menores<br />

frente a 2007, quando o imposto rendeu aos cofres<br />

de Belo Vale R$ 41,5 mil.<br />

No que se refere ao Imposto sobre Serviços de<br />

Qualquer Natureza (ISSQN), houve redução em 2010<br />

na comparação com 2005. Afinal, o valor passou de<br />

R$ 248,7 mil em 2005 para R$ 247 mil em 2010. Em<br />

2011 foram arrecadados R$ 183,9 mil. A previsão<br />

para 2012 é de incremento frente a 2011, somando<br />

R$ 193,1 mil. Novamente, o ano de 2007 detém o<br />

recorde de arrecadação, com R$ 464,5 mil.<br />

As transferências do estado e da União tiveram<br />

trajetória crescente de 2005 a 2010. Em 2010 o valor<br />

computado pela prefeitura de Belo Vale foi da<br />

ordem de R$ 5,9 milhões, enquanto que em 2005<br />

foram contabilizados cerca de R$ 3,1 milhões de<br />

transferências feitas pelo governo mineiro, o que re-<br />

Vista parcial da cidade de Belo Vale<br />

presenta uma alta de 86,3%. Em 2011 o valor chegou<br />

a R$ 5,4 milhões. A previsão é de crescimento<br />

para 2012, com cerca R$ 5,6 milhões.<br />

No que se refere às transferências da União, em<br />

igual período, o incremento foi de 297,7%, já que<br />

o valor passou de cerca de R$ 1,6 milhão em 2005<br />

para R$ 6,2 milhões em 2010. Em 2011, o valor passou<br />

a R$ 6,8 milhões e deverá ser ainda maior em<br />

2012, somando R$ 7,2 milhões.<br />

despesas também aumentaram<br />

Se as transferências tiveram expansão, os gastos<br />

do município também. Somente as despesas<br />

com pessoal saltaram de cerca de R$ 2,4 milhões<br />

em 2005 para aproximadamente R$ 6,1 milhões no<br />

ano passado. Nesse intervalo, a alta foi de 157%.<br />

Em 2011, o valor chegou a R$ 6,5 milhões e neste<br />

ano chegará a R$ 6,8 milhões.<br />

De 2005 a 2010, o custeio também teve expansão,<br />

passando de cerca de R$ 2,4 milhões em 2005<br />

para R$ 4,9 milhões em 2010. Em 2011, os gastos<br />

ficaram próximos de R$ 5,1 milhões. Este ano deve<br />

ser ainda maior, somando aproximadamente R$ 5,4<br />

milhões.<br />

Os gastos com saúde aumentaram na cidade entre<br />

os anos de 2005 e 2010, passando de R$ 670,8<br />

mil para R$ 2,4 milhões. O mesmo aconteceu com o<br />

setor de educação, que saltou de R$ 1,2 milhão para<br />

R$ 3,9 milhões. Os investimentos nas secretarias<br />

sociais tiveram um salto expressivo nesse período,<br />

saindo de R$ 45,8 milhões em 2005 para R$ 499,4<br />

milhões em 2010.<br />

foto: WilSon aVelar<br />

REVISTA codAp 57


mudanças na legislação para<br />

se adequar aos novos tempos<br />

além da melhora na estrutura da fiscalização, outra mudança<br />

significativa para Belo Vale, conforme o secretário de fazenda<br />

do município, itamar fernandes Monteiro, foi relacionada<br />

a algumas mudanças na legislação. o prefeito Wanderlei de<br />

castro frisa que o código tributário era de 1968 e foi necessário<br />

refazê-lo. entre as mudanças, o alvará para as mineradoras iria<br />

passar para r$ 10 mil em 2012 “o valor da guia de alvará para<br />

uma mineradora era o mesmo preço para um bar”, diz.<br />

Segundo ele, o município depende dos repasses habituais<br />

do governo para sobreviver, como fundo de Participação dos<br />

Municípios (fPM), imposto sobre circulação de Mercadorias e<br />

Prestação de Serviços (icMS) e compensação financeira pela<br />

exploração de recursos Minerais (cfem). “aliás, o valor dos repasses<br />

da cfem é baixo”, salienta. atualmente, a cfem é calculada<br />

sobre o valor do faturamento líquido do produto mineral.<br />

no caso do minério de ferro, a alíquota aplicada hoje é de 2%,<br />

o que desagrada às cidades mineradoras, que reivindicam uma<br />

fatia maior. no entanto, o novo marco da mineração aguarda<br />

votação no congresso nacional.<br />

entre as mudanças que podem vir com a nova legislação,<br />

está a previsão de dobrar a alíquota cobrada. no caso do minério<br />

de ferro, por exemplo, ela passaria a 4% do faturamento<br />

bruto. De acordo com a proposição, a cfem incidirá sobre o<br />

faturamento bruto resultante da venda do produto obtido após<br />

a última etapa de beneficiamento do minério e antes de sua<br />

transformação industrial. Para a formação da base de cálculo da<br />

compensação, o projeto também equipara à venda o consumo<br />

ou a utilização do minério como insumo da mineradora.<br />

Minas gerais concentra a maior fatia da arrecadação no<br />

cfem no país, com participação de mais de 50%, seguido pelo<br />

Pará. a receita é dividida entre municípios, que ficam com 65%,<br />

estados (23%) e união, que recolhe 12% do valor total. a alíquota<br />

da contribuição, no caso do minério de ferro, é de 2% do<br />

faturamento líquido das empresas.<br />

58 REVISTA codAp<br />

Agropecuária e qualidade de vida<br />

A atividade agropecuária é importante para o<br />

município, segundo o prefeito de Belo Vale, Wanderlei<br />

de Castro, não só pelos recursos financeiros,<br />

como pela qualidade de vida. “Belo Vale é o maior<br />

produtor de mexerica ponkan do estado. E isso gera<br />

renda para a população. É uma atividade que pro-<br />

move a distribuição pulverizada dos recursos. Entre<br />

as atividades, o que realmente gera verba para os<br />

cofres públicos é o setor de mineração, responsável<br />

por cerca de 80% do caixa da prefeitura, o próprio<br />

PIB aponta dessa forma”, diz. No território de Belo<br />

Vale, há 5% da lavra da Namisa e da Vale, fora outras<br />

mineradoras menores.<br />

Levantamento do sistema de acompanhamento<br />

de safra agrícola da Empresa de Assistência Técnica<br />

e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG)<br />

confirma que o município ocupa o primeiro<br />

lugar no ranking entre os cinco maiores produtores<br />

mineiros, com 52,5 mil toneladas em 1,5 mil hectares<br />

de área. Em todo território do estado, a produção<br />

de tangerina é de 140,1 mil toneladas em 5,3<br />

mil hectares de área.<br />

O município vende frutas para diversos estados<br />

do Nordeste (Bahia, Alagoas, Pernambuco, Ceará e<br />

Sergipe), além de Rio de Janeiro e Distrito Federal.<br />

A safra começou em maio na região e durou até setembro.<br />

Em 2011 foram colhidas em torno de 14 mil<br />

toneladas de mexerica.<br />

Turismo: opção para gerar riquezas<br />

Belo Vale tem na natureza um dos pontos fortes.<br />

Conforme o prefeito da cidade, Wanderlei de Castro,<br />

esse potencial pode gerar riquezas para a população,<br />

entretanto, é preciso atrair mais turistas e<br />

criar uma boa infraestrutura para o visitante.<br />

Para ele, tanto o patrimônio histórico como o<br />

ambiental são uma das formas interessantes de investimento<br />

no município. Ele ressalta que, apesar<br />

do potencial, falta investimento no turismo. “Nós temos<br />

duas potencialidades, uma é o turismo histórico,<br />

já que Belo Vale é considerada o berço do estado<br />

de Minas Gerais; nós temos aqui igrejas do século<br />

XVII, ruínas de fazendas do tempo da escravidão e<br />

muitas outras coisas. E temos uma natureza exuberante<br />

como cachoeiras, rios, muita coisa bonita para<br />

se ver no município de Belo Vale, além de um povo<br />

hospitaleiro”, observa.<br />

Além das cachoeiras, o município conta com o<br />

Museu do Escravo, único especializado do gênero<br />

no país, fundado em 13 de maio de 1988. Outro<br />

ponto turístico é a Matriz de São Gonçalo, construída<br />

toda em pedra, contando com três altares, sendo<br />

dois laterais e o altar mor, no mais clássico estilo<br />

barroco. É um monumento edificado em meados do<br />

século XVIII, datado de 1764.


De acordo com Castro, a criação da Secretaria de<br />

Turismo foi uma das primeiras atitudes da prefeitura<br />

para alavancar o turismo no município, além da<br />

capacitação de agentes. “Quando assumi não havia<br />

sequer secretaria de Turismo”, frisa.<br />

houve avanços, mas há muito o que fazer<br />

Apesar de hoje a prefeitura ter uma situação<br />

mais equilibrada, fruto do trabalho realizado desde<br />

2005, o secretário da Fazenda diz que a administração<br />

anterior contava com mais recursos, o que<br />

facilitava a administração e a realização de obras.<br />

Castro diz que, antigamente, a cidade recolhia valores<br />

maiores de ICMS. Entretanto, havia dúvidas<br />

se o imposto pertencia a Ouro Preto, Belo Vale ou<br />

Congonhas.<br />

MuniCíPio de Belo Vale – receitaS e DeSPeSaS – SÉrie hiStÓrica – 2005 a 2012 – (r$)<br />

“Houve várias ações judiciais, e com liminares o<br />

dinheiro veio para Belo Vale. Só que, posteriormente,<br />

com decisão desfavorável à nossa cidade, tivemos<br />

que devolver os recursos para Ouro Preto. Isso tem<br />

impacto nas <strong>finanças</strong> até hoje e há também a dívida<br />

do Instituto Nacional do Seguro Social, o INSS. São<br />

dois descontos muito representativos para o município<br />

todo mês. Além de não contarmos mais com o<br />

recurso, tivemos que devolver”, explica.<br />

Para o prefeito, o município soma avanços, mas<br />

faltam investimentos em infraestrutura urbana,<br />

embora sua gestão já tenha feito muita coisa. Ele<br />

ressalta que os avanços também são fruto do apoio<br />

da Câmara Municipal e das parcerias. “Das obras<br />

relevantes do município nenhuma foi feita exclusivamente<br />

com recursos próprios. Tivemos que contar<br />

com a participação do governo do estado”, frisa.<br />

RECEITAs 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

tributárias 443.908,28 588.934,75 780.751,13 739.843,58 655.135,80 689.819,96 523.247,00 549.409,35<br />

iPtu 763,71 9.015,32 41.508,62 20.605,67 27.479,63 20.527,42 24.000,00 25.200,00<br />

iSSQn 248.672,88 355.853,81 464.510,44 423.132,75 254.639,99 247.011,90 183.920,00 193.116,00<br />

transferências do estado 3.157.099,10 3.772.136,73 4.609.499,64 3.116.491,41 4.370.026,48 5.881.709,60 5.388.158,00 5.657.565,90<br />

transferências da união 1.569.724,63 1.732.417,51 1.780.320,88 6.021.194,98 6.553.228,84 6.240.134,34 6.859.830,00 7.202.821,50<br />

receita de capital 20.000,00 459.892,00 60.000,00 568.157,30 2.207.979,55 589.455,98 2.300.000,00 1.000.000,00<br />

alienação 60.300,00 2.182,00 100.000,00 50.000,00<br />

transferências de capital 20.000,00 459.892,00 60.000,00 568.157,30 2.138.879,55 587.273,98 1.300.000,00 800.000,00<br />

5.460.168,60 7.378.142,12 7.796.590,71 11.457.582,99 16.267.669,84 14.258.115,18 16.679.155,00 15.478.112,75<br />

observações: os valores de 2011 são os previstos no orçamento. as receitas correntes previstas para 2012 levam em consideração um acréscimo de 5% de previsão do crescimento do PiB.<br />

DEsPEsAs 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

Pessoal 2.395.698,44 2.929.333,93 3.502.393,95 4.384.558,40 5.590.052,37 6.156.191,55 6.464.001,12 6.787.201,18<br />

custeio 2.433.553,21 2.664.206,70 3.019.405,79 3.492.367,09 4.989.382,17 4.877.397,21 5.121.267,07 5.377.330,42<br />

Dívida 220.478,13 273.334,74 249.555,82 316.391,01 310.758,77 341.193,71 358.252,65 376.165,28<br />

Precatórios 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Saúde 670.850,53 731.039,47 1.017.554,50 1.565.148,62 2.137.197,23 2.410.119,93 2.530.624,95 2.657.156,19<br />

educação 1.242.923,68 1.084.803,60 1.855.375,11 2.406.161,04 2.538.199,54 3.868.991,80 4.062.441,39 4.265.563,45<br />

Secretarias Sociais 45.801,77 113.507,73 145.752,56 243.475,98 176.133,63 499.457,50 524.430,37 550.651,90<br />

7.009.305,76 7.796.226,17 9.790.037,73 12.408.102,14 15.741.723,71 18.153.351,70 19.061.017,55 20.014.068,42<br />

reCeitas e desPesas (r$)<br />

25.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

20.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

15.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

10.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

5.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

0 .....................................................................................................................................................................................<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

REVISTA codAp 59


60 REVISTA codAp<br />

60 REVISTA codAp<br />

conGonhAS<br />

Eficiência administrativa e<br />

situação financeira favorável<br />

a eficiência administrativa, com melhoria<br />

da gestão fiscal da prefeitura, entre outras<br />

medidas, contribuiu para que a situação<br />

financeira de congonhas desse um salto na<br />

comparação com 2004. a receita municipal<br />

aumentou em 516,5% entre 2004 e 2010,<br />

enquanto que a média brasileira foi de 123%.<br />

“desenvolvemos uma estratégia tributária que<br />

conseguiu aumentar a arrecadação do município<br />

<strong>sem</strong> onerar o cidadão comum, <strong>sem</strong> que o nosso<br />

povo, a nossa gente pagasse mais impostos”, ressalta<br />

o prefeito da cidade, Anderson Cabido. A estratégia<br />

de retomada do crescimento econômico do município,<br />

adotada a partir de 2005, com a criação de uma<br />

diretoria especializada em captação de recursos e<br />

apresentação de projetos, colaborou para o fortalecimento<br />

da Secretaria de Finanças. Além disso, a<br />

criação da Diretoria de Tributação e Fiscalização e<br />

do Departamento de Fiscalização Fazendária, a ampliação<br />

do número de fiscais, o convênio com o Departamento<br />

Nacional de Produção Mineral (DNPM)<br />

e as ações que fizeram com que as grandes empresas<br />

passas<strong>sem</strong> a pagar o Imposto Predial Territorial Urbano<br />

(IPTU), foram medidas cruciais que tiveram<br />

impacto na receita da administração municipal.<br />

O prefeito conta que foi feito um trabalho de<br />

como devem funcionar as contas municipais. “Pegamos<br />

receita por receita e fizemos um trabalho específico<br />

em cada um dos impostos, taxas e tributos,<br />

seja ISSQN, IPTU, ICMS. Por exemplo, no ICMS foram<br />

levadas em consideração todas as suas variáveis.<br />

Trabalhamos muito as receitas de capital”, diz.<br />

Cabido salienta que a prefeitura conseguiu aumentar<br />

a arrecadação do município. Ele frisa que<br />

as grandes empresas de Congonhas não pagavam o<br />

Imposto Predial Territorial Urbano e que, hoje, apenas<br />

o IPTU da Gerdau representa quase 10 vezes<br />

o imposto de toda a cidade. “Nós conseguimos dar<br />

um salto enorme na arrecadação de IPTU, na arre-<br />

cadação do ISSQN, com as ações de fiscalização e<br />

qualificação da nossa equipe”, observa.<br />

O prefeito de Congonhas explica que com a Compensação<br />

Financeira pela Exploração de Recursos<br />

Minerais (Cfem), o royalty da mineração, também<br />

foi feito um trabalho de fiscalização e realizado um<br />

convênio com o Departamento Nacional de Produção<br />

Mineral (DNPM) para ampliar e fortalecer essa<br />

fiscalização na cidade. “Tudo isso fez com que as<br />

nossas contas do lado da receita melhoras<strong>sem</strong> bastante”,<br />

diz.<br />

custos aumentaram, mas<br />

investimentos também<br />

De acordo com ele, os custos aumentaram, mas<br />

a conta que mais aumentou proporcionalmente foi<br />

a dos investimentos. “O nosso custeio aumentou<br />

num ritmo menor que o aumento dos investimentos.<br />

E isto é bom. Afinal, com mais investimentos foi<br />

possível fazer muito mais ações, muito mais obras”,<br />

frisa. Anderson Cabido ressalta que foram realizadas<br />

ações em várias áreas. “Na área da educação, a<br />

gente conseguiu avanço em indicadores muito especiais,<br />

como o Índice de Desenvolvimento da Educação<br />

Básica, o Ideb, que foi o que mais cresceu na<br />

região. Além disso, com o programa de erradicação<br />

do analfabetismo e elevação de escolaridade quase<br />

jogou a zero nosso índice de analfabetismo”, observa.<br />

Na área da saúde, está sendo viabilizada a construção<br />

da unidade de pronto-atendimento. “O nosso<br />

hospital foi totalmente remodelado, requalificado,<br />

hoje ele é considerado um dos melhores hospitais<br />

da região, inclusive oferece serviços altamente especializados,<br />

como transplante de córnea, cirurgia de<br />

catarata”, conta o prefeito.<br />

Ele diz que muita coisa mudou no município<br />

quando assumiu a prefeitura em 2005. Entre outros<br />

avanços estão os investimentos em infraestrutura<br />

urbana. Naquele ano, 25 bairros de Congonhas não<br />

tinham infraestrutura. E com o final do mandato


todas as obras nesses bairros estarão concluídas.<br />

“Todo o trabalho realizado, como a gestão fiscal,<br />

com o objetivo de aumentar a eficiência e a arrecadação,<br />

foi com o propósito de dar ao município<br />

condições de realizar mais investimentos”, frisa.<br />

obras, frutos de parcerias<br />

Além da melhora da eficiência, Cabido salienta<br />

que os grandes projetos, quase todas as principais<br />

obras que estão sendo realizadas foram fruto de parcerias.<br />

“Fomos buscar recursos fora. Fizemos convênios<br />

com a União, com o governo do estado, parcerias<br />

com grandes empresas. Tudo isso possibilitou a<br />

realização de um conjunto enorme de obras que se<br />

fôs<strong>sem</strong>os fazer com recursos próprios, ainda que tenhamos<br />

avanços na gestão fiscal do município, não<br />

seria suficiente para todas as ações”, diz.<br />

Para ele, o governo municipal foi competente na<br />

aplicação das suas receitas, melhorando significativamente<br />

a vida das pessoas e competente para buscar<br />

os recursos que possibilitaram todos os avanços.<br />

O prefeito afirma ter superado várias dificuldades<br />

durante o seus anos de gestão, as maiores relacionadas<br />

à capacitação do governo e à mudança de uma<br />

cultura de pouca iniciativa e pouco protagonismo<br />

municipal. “Fazer com que a prefeitura e a socie-<br />

santuário do Bom Jesus de Matosinhos, uma<br />

das mais belas obras barrocas do mundo<br />

dade compreendes<strong>sem</strong> os seus novos papéis <strong>sem</strong><br />

dúvida foi e ainda é um dos maiores desafios do governo”,<br />

frisa.<br />

De acordo com ele, a prefeitura tem uma diretoria<br />

especializada em captação de recursos e apresentação<br />

de projetos. “Devemos fechar o mandato<br />

com quase R$ 100 milhões em caixa. Eu diria que<br />

dos recursos para investimento em torno da metade<br />

foram captados através de convênios, de receita de<br />

capital”, ressalta.<br />

Qualificação profissional<br />

Também ajudaram a incrementar a receita a<br />

qualificação e profissionalização dos servidores e<br />

os investimentos em informatização e em sistemas<br />

de informação. “E por fim a articulação política do<br />

governo municipal junto ao estado e à União, tudo<br />

para ampliar fortemente a receita <strong>sem</strong> que onerasse<br />

o cidadão comum”, diz.<br />

Houve um salto no que se refere ao volume de<br />

serviços prestados à população frente a 2005, inclusive<br />

com a inclusão de novos serviços como políticas<br />

voltadas para a juventude, criança e adolescente,<br />

idoso, mulher, portador de deficiência, entre outros.<br />

Conforme o prefeito, embora o volume de serviços<br />

oferecido à população tenha mais que dobrado, a<br />

REVISTA codAp 61<br />

REVISTA codAp 61<br />

foto: WilSon aVelar


62 REVISTA codAp<br />

prefeitura está praticamente com o mesmo número<br />

de servidores de 2005. “Nós conseguimos um grande<br />

ganho de produtividade do servidor graças aos<br />

investimentos em modernização administrativa, novos<br />

sistemas de gestão e qualificação profissional.<br />

Atribuímos boa parte do sucesso do nosso governo<br />

ao ganho de produtividade e eficiência. Hoje, a gente<br />

faz muito mais com praticamente o mesmo número<br />

de servidores”, salienta.<br />

desafios continuam existindo<br />

Embora a situação de Congonhas tenha melhorado<br />

muito na comparação com 2005, quando o atual<br />

prefeito assumiu, ele frisa que ainda há muitos desafios<br />

pela frente. “Congonhas é uma cidade diferente<br />

da que encontramos em 2005. Naquele ano, a situação<br />

era de uma cidade que não crescia, estagnada,<br />

e que convivia com altos índices de de<strong>sem</strong>prego.<br />

A pobreza era muito presente na vida das pessoas.<br />

A ação do nosso governo, a ação de buscar investimentos,<br />

de trazer para cá grandes empresas, fez<br />

com que isso mudasse”, diz.<br />

Conforme ele, a situação hoje é bem diferente,<br />

a renda do trabalhador aumentou, o de<strong>sem</strong>prego é<br />

quase zero. “A cidade hoje é rica em oportunidades<br />

para juventude e os seus moradores. Só que junto<br />

com o crescimento vêm os desafios que o próprio<br />

crescimento impõe, como as questões relacionadas<br />

ao meio ambiente, por exemplo”, observa.<br />

problemas ambientais preocupam<br />

De acordo com Cabido, antes os problemas eram<br />

o de<strong>sem</strong>prego, a pobreza extrema, a falta de perspectivas<br />

para a população, a ausência de políticas<br />

sociais em diferentes áreas, educação e saúde públicas<br />

de baixa qualidade. “Agora, outros problemas<br />

ganharam importância, como a poeira, os aspectos<br />

urbanísticos da cidade, áreas de convívio e de lazer<br />

e trânsito. Como as necessidades humanas são infinitas,<br />

alguns problemas são resolvidos e as demandas<br />

recaem sobre outros”, analisa.<br />

Ele ressalta que com a opção pelo crescimento e<br />

pelo desenvolvimento da cidade, a população vem<br />

crescendo mais rapidamente e isso tem provocado<br />

uma sobrecarga nos serviços públicos em geral,<br />

além de uma sobrecarga sobre o ambiente e sobre<br />

a infraestrutura urbana. “Desta maneira, a principal<br />

preocupação do município para os próximos anos<br />

Romaria, importante ponto<br />

turístico de Congonhas<br />

deverá ser manter as políticas de crescimento com<br />

desenvolvimento e qualidade de vida, as políticas<br />

sociais e de melhoria dos serviços públicos, principalmente<br />

educação e saúde, e de dotação de nova<br />

concepção urbanística para a cidade, discussão essa<br />

já em estágio avançado dentro do atual governo”,<br />

observa.<br />

Cabido conta que a mineração é responsável por<br />

cerca de 80% da receita de Congonhas. Daí, a importância<br />

da diversificação da economia. “Não pelo<br />

risco do minério de ferro acabar, mas pelo risco de,<br />

um dia, a mineração não ser mais viável na nossa<br />

cidade. E o caminho que a cidade escolheu recentemente<br />

foi o do desenvolvimento tecnológico”, diz.<br />

Para ele, o primeiro passo foi dado na região, com<br />

o campus da Universidade Federal de São João del-<br />

-Rei (UFSJ), no <strong>Alto</strong> Paraopeba, através de ações<br />

do Consórcio Público para o Desenvolvimento do<br />

<strong>Alto</strong> Paraopeba (Codap).Além do desenvolvimento<br />

tecnológico, ele frisa que há diversas iniciativas de<br />

estímulo a outras atividades como a agricultura familiar,<br />

o turismo e o comércio.<br />

O prefeito lembra que a história do município,<br />

no que se refere às <strong>finanças</strong>, começou a mudar em<br />

2005 com a entrada do novo governo municipal e<br />

com as medidas que começaram a ser tomadas naquela<br />

época. “Dali em diante, exceção feita ao ano de<br />

2009 devido à <strong>crise</strong> mundial, a receita do município<br />

manteve um ritmo acelerado de crescimento”, diz.<br />

principais fontes de receita<br />

As principais fontes de receita de Congonhas<br />

são: a quota – parte do ICMS, o ISSQN e a Compensação<br />

Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).<br />

foto: WilSon aVelar


Anderson Cabido ressalta que as medidas tomadas<br />

vão se tornando ainda mais eficazes ao longo<br />

dos anos. Para ele, a receita cresceu frente a 2010<br />

e isso se deve ao fato de que com o aumento da<br />

eficiência da prefeitura, o crescimento econômico<br />

acima da média por que a cidade passa, são captados<br />

e transformados em receitas para o governo.<br />

Segundo ele, o recorde de crescimento ocorreu<br />

em 2010 em relação a 2009, ano em que a receita<br />

manteve-se praticamente a mesma do ano anterior,<br />

devido à <strong>crise</strong> mundial. “Lembrando que a maioria<br />

dos municípios teve quedas acentuadas de suas receitas,<br />

principalmente os municípios mineradores.<br />

Em 2011, crescemos com extraordinário índice de<br />

27%”, conta.<br />

De acordo com o prefeito, a receita de 2011<br />

chegou à casa dos R$ 243 milhões, valor superior<br />

ao de 2010, quando a prefeitura contabilizou<br />

em torno de R$ 178 milhões. “Em 2009, ano<br />

de repercussão da <strong>crise</strong> financeira internacional<br />

de 2008, não houve o crescimento esperado, o resultado<br />

foi de praticamente empate ante o ano<br />

anterior. Assim, vários projetos tiveram que ser<br />

postergados”, lembra. Entretanto, o resultado foi<br />

melhor que o verificado em 2005, quando a receita<br />

foi de R$ 64 milhões.<br />

MuniCíPio de Congonhas – receitaS, DeSPeSaS e inVeStiMentoS – SÉrie hiStÓrica – 2004 a 2012 – (r$)<br />

RECEITAs 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 (Projeção) 2012 (Estimativa)<br />

Demais receitas tributárias 1.606.739,53 717.745,69 1.975.607,02 2.310.474,76 3.584.061,00 2.954.729,44 4.963.391,06 5.537.500,00 549.409,35<br />

iPtu/ iSSQn 4.255.151,45 8.468.054,06 11.324.766,73 21.462.209,71 25.733.757,34 24.900.258,95 30.650.693,03 25.370.000,00 27.400.000,00<br />

transferências do estado 23.546.509,49 33.392.034,00 47.424.134,20 56.508.773,87 64.319.747,65 62.080.229,02 89.435.415,29 95.000.000,00 120.550.000,00<br />

transferências da união 15.897.173,62 20.327.357,07 22.222.185,54 26.673.069,37 36.981.330,92 41.581.082,11 48.718.771,53 57.600.000,00 76.495.000,00<br />

receita de capital 986.154,02 417.363,98 731.795,02 1.408.968,30 7.313.452,09 902.540,50 2.462.761,39 38.487.000,00 14.600.000,00<br />

alienação 450.942,41<br />

transferências de capital 922.383,00 417.363,98 731.795,02 1.408.968,30 5.377.735,19 1.736.450,39 2.223.278,76 20.887.000,00 4.500.000,00<br />

47.214.111,11 63.739.918,78 84.410.283,53 109.772.464,31 143.761.026,60 134.155.290,41 178.454.311,06 242.881.500,00 244.094.409,35<br />

observações: os valores de 2011 são os previstos no orçamento. as receitas correntes previstas para 2012 levam em consideração um acréscimo de 5% de previsão do crescimento do PiB.<br />

DEsPEsAs 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 (Projeção) 2012 (Projeção)<br />

Pessoal (folha) Prefeitura 24.058.117,58 30.316.259,48 39.055.011,99 44.602.995,17 56.899.040,31 61.975.739,88 75.825.904,45 87.000.000,00 97.000.000,00<br />

custeio 38.875.920,75 40.301.607,86 62.741.075,45 78.202.063,74 93.696.615,84 105.343.161,91 122.579.766,19 144.200.000,00 160.500.000,00<br />

Dívida 17.480.450,42 17.597.305,27 24.201.612,52 23.318.707,20 23.773.078,19 48.730.779,20 48.896.113,46 44.231.485,30 46.500.000,00<br />

Precatórios 1.077.772,09 668.156,83 724.345,01 2.946.250,36 3.878.294,42 1.591.180,73 1.718.567,17 2.840.578,16 4.121.000,00<br />

81.492.260,84 88.883.329,44 126.722.044,97 149.070.016,47 178.247.028,76 217.640.861,72 249.020.351,27 278.272.063,46 308.121.000,00<br />

INVEsTIMENTOs<br />

Saúde, educação e<br />

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 (Projeção)<br />

secretarias sociais 14.758.665,01 22.646.343,38 32.292.677,07 40.356.407,07 52.673.068,28 51.150.334,33 66.207.982,30 72.970.467,40 81.100.000,00<br />

observações: Para atender a demanda dos investimentos, nos últimos anos foram utilizados recursos de superávit financeiro do exercício anterior.<br />

reCeitas, desPesas e INVEsTIMENTOs (r$)<br />

180.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

160.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

140.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

120.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

100.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

80.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

60.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

40.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

20.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

0 .....................................................................................................................................................................................<br />

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

REVISTA codAp 63


64 REVISTA codAp<br />

conSElhEIRo lAfAIETE<br />

Superando dificuldades<br />

a cidade mais populosa do alto Paraopeba<br />

é conselheiro lafaiete. com mais de 116<br />

mil habitantes, o município tem hoje uma<br />

situação fiscal melhor do que a verificada em<br />

2009, quando José Milton de carvalho rocha<br />

assumiu a prefeitura. “De lá para cá, muita<br />

coisa melhorou, a situação é mais confortável,<br />

mas ainda preocupante”, destaca. entre os<br />

avanços, ele aponta o pagamento em dia do<br />

funcionalismo municipal.<br />

José Milton conta que, quando assumiu, encontrou<br />

um grande passivo previdenciário, além dos<br />

precatórios. “Não havia insumos, instrumentos de<br />

trabalho. As condições não eram das melhores”,<br />

lembra. A gestão e a austeridade fiscal da nova<br />

gestão municipal ajudaram a melhorar as <strong>finanças</strong>.<br />

“Nós cumprimos a Lei de Responsabilidade Fiscal,<br />

que tem como objetivo impor o controle dos gastos<br />

de estados e municípios, condicionados à capacidade<br />

de arrecadação dos tributos.”<br />

O prefeito salienta que a meta é buscar o equilíbrio<br />

entre a receita e a despesa para que não haja<br />

endividamento e para que não ocorra um “atropelamento”<br />

das regras básicas de uma boa gestão financeira,<br />

que é pautada pela máquina pública enxuta,<br />

pela austeridade e pelo cumprimento da Lei de Responsabilidade<br />

Fiscal.<br />

Ele ressalta que no começo, diante das dificuldades<br />

no orçamento, os investimentos na cidade eram<br />

básicos. “Tivemos que nos contentar com o arroz<br />

com o feijão”, diz. Entretanto, através de parcerias,<br />

muitas obras estão saindo do papel, uma delas é o<br />

do hospital regional de urgência e emergência, que<br />

em agosto de 2011 estava em fase final de alvenaria.<br />

As obras começaram no final de 2009 e a previsão<br />

é que o funcionamento tenha início em julho<br />

deste ano.<br />

De acordo com José Milton, as obras civis custaram<br />

em torno de R$ 18 milhões, recurso proveniente<br />

do governo estadual. O município contribuiu com<br />

o terreno, terraplenagem e outros serviços complementares.<br />

Serão 150 leitos e 20 leitos de CTI (Centro<br />

de Tratamento Intensivo). “É uma grande obra<br />

sonhada há anos. É o maior investimento na área<br />

de saúde dos últimos 50 anos”, ressalta. Embora o<br />

hospital esteja em Conselheiro Lafaiete, o prefeito<br />

frisa que ele irá atender não só o município como 26<br />

cidades do entorno, reduzindo assim, a dependência<br />

dos serviços de saúde de Belo Horizonte, Juiz de<br />

Fora e Barbacena.<br />

cidade passa por transformações<br />

Ele ressalta que a cidade e toda a região estão<br />

passando por transformações, fruto dos investimentos<br />

privados, o que faz com que os municípios<br />

tenham que se adequar. “Toda a nossa gestão está<br />

focada na modernização da máquina administrativa,<br />

preparando o município para o crescimento da<br />

região. Vivemos atualmente o melhor momento da<br />

história de Conselheiro Lafaiete e do <strong>Alto</strong> Paraopeba”,<br />

diz.<br />

O prefeito explica ainda que nas principais receitas<br />

do município (ISSQN e IPTU) e nas transferências<br />

da União e do estado, houve um crescimento<br />

nominal em 2011 de 19,6% em relação a 2010,<br />

cuja receita foi de R$ 83,6 milhões. Este aumento<br />

se deve ao bom de<strong>sem</strong>penho da economia estadual,<br />

à ampliação dos serviços de educação, saúde, e ao<br />

acompanhamento do Valor Adicionado Fiscal (VAF).<br />

As receitas de Conselheiro Lafaiete, sejam elas provenientes<br />

de impostos e transferência dos governos<br />

estadual e federal, aumentaram desde 2005. Nesse<br />

mesmo intervalo, também tiveram expansão os gastos<br />

com pessoal e encargos sociais, que passaram<br />

R$ 28 milhões em 2005 para R$ 57 milhões em<br />

2010: uma diferença de 201%.


Investimentos cresceram<br />

De acordo com dados da prefeitura, os investimentos<br />

também cresceram, saindo da casa de<br />

R$ 4 milhões em 2005 para R$ 14,5 milhões em<br />

2011, alta da ordem de 283%. As áreas de saúde,<br />

educação e secretarias sociais tiveram expansão<br />

nesse tipo de análise.<br />

Foi em 2008 que a receita da cidade começou a<br />

ter um incremento mais expressivo, chegando a cerca<br />

de R$ 98 milhões. No ano seguinte, fruto da <strong>crise</strong><br />

financeira internacional, o incremento foi pouco expressivo<br />

e somou aproximadamente R$ 93 milhões.<br />

Em 2010, foi verificado o melhor resultado fechado<br />

até o momento, com R$ 120,3 milhões. Para 2012,<br />

a projeção é de número ainda melhor, na casa dos<br />

R$ 153 milhões.<br />

Diante de números que mostram crescimento da<br />

receita, o prefeito de Conselheiro Lafaiete lembra<br />

de períodos conturbados da economia brasileira,<br />

marcado por <strong>crise</strong>s, falências e alto índice de de<strong>sem</strong>prego.<br />

“Foi o que aconteceu na década de 1980,<br />

vivemos isso na região. Hoje, o cenário é diferente,<br />

temos um dos menores índices de de<strong>sem</strong>prego do<br />

país”, observa.<br />

Conselheiro Lafaiete pensa no futuro e<br />

planeja ações para o crescimento<br />

primeiro distrito Industrial<br />

Para atender ao aumento de interesse das empresas<br />

pelas cidades da região, Conselheiro Lafaiete<br />

está viabilizando seu primeiro distrito industrial<br />

(DI), em fase de licenciamento ambiental. A área<br />

que irá abrigar as empresas tem 1 milhão de metros<br />

quadrados e terá capacidade para receber 360<br />

módulos industriais. A ideia, conforme o prefeito, é<br />

atender pequenas e médias empresas, com até 200<br />

postos de trabalho cada. O projeto também é fruto<br />

de parcerias entre o governo mineiro e a prefeitura<br />

municipal. “O estado entrou com o terreno e<br />

nós vamos fazer as obras de urbanização”, conta.<br />

O investimento em infraestrutura é da ordem de<br />

R$ 10 milhões.<br />

De acordo com o chefe da administração municipal,<br />

enquanto a prefeitura aguarda o licenciamento<br />

ambiental, já está sendo realizado o cadastramento<br />

de empresas interessadas em se instalar na cidade.<br />

“Até o momento, temos 112 cadastradas, que irão<br />

passar por um processo de monitoração e aprovação”,<br />

diz. O município possui um DI em operação,<br />

que é administrado pela Companhia de Desenvolvimento<br />

Econômico de Minas Gerais (Codemig).<br />

foto: WilSon aVelar<br />

REVISTA codAp 65


66 REVISTA codAp<br />

Hamylton Reis simões, secretário<br />

municipal de Planejamento e Gestão<br />

Embora Conselheiro Lafaiete seja o berço da<br />

indústria ferroviária no país, o comércio é hoje a<br />

principal atividade econômica da cidade e é a mais<br />

expressiva da região. “O município também já foi o<br />

maior produtor de batatas do Brasil”, ressalta. Entre<br />

outras riquezas, está o manganês, com as maiores<br />

jazidas de Minas Gerais.<br />

Entre outras obras que estão sendo realizadas<br />

na cidade, destacam-se a revitalização do Parque<br />

de Exposições Tancredo Neves, a construção do estádio<br />

municipal, além da recuperação de praças e<br />

jardins. “Um dos nossos objetivos é transformar o<br />

município, deixando-o bonito e bem cuidado, queremos<br />

nos destacar pela qualidade de vida. Queremos<br />

atrair mão de obra qualificada da região para morar<br />

aqui”, diz.<br />

O prefeito frisa que cada cidade que faz parte<br />

do Consórcio para o Desenvolvimento do <strong>Alto</strong> Paraopeba<br />

(Codap) tem suas peculiaridades, os seus<br />

atrativos, e o de Conselheiro Lafaiete é a qualidade<br />

de vida, os bons hotéis, uma boa rede de hospitais,<br />

escolas, além de uma boa estrutura de lazer. “Temos<br />

nossos trunfos. Não temos grandes indústrias, mas<br />

temos mão de obra qualificada e boa qualidade de<br />

vida”, ressalta. Ele conta que está sendo viabilizado<br />

um grande hotel na cidade, com 200 apartamentos,<br />

foto: WilSon aVelar<br />

e três grandes universidades, com mais de 40 cursos<br />

de graduação, além de três importantes cursos profissionalizantes.<br />

pensando no futuro<br />

A prefeitura de Conselheiro Lafaiete está tomando<br />

medidas para que o crescimento da cidade não<br />

seja caótico no futuro, segundo o secretário municipal<br />

de Planejamento e Gestão, Hamylton Reis<br />

Simões. “Com base nos investimentos da região<br />

contemplada pelos municípios do Codap, estamos<br />

fazendo um planejamento de longo prazo, para<br />

daqui a 20 anos. São projetos estruturadores, que<br />

serão feitos através de parcerias de governos e até<br />

mesmo da iniciativa privada”, explica.<br />

Para isso, medidas estão sendo tomadas desde<br />

já. Uma das mudanças feitas pelo atual mandato<br />

passou pela legislação, com a criação da Lei de Uso<br />

e Ocupação do Solo e revisão do Código de Obras.<br />

“Em 2011, a prefeitura recebeu projetos para a<br />

construção de 7.410 unidades habitacionais, que<br />

devem ser viabilizadas neste ano, o que representa<br />

meia cidade de Congonhas”, diz.<br />

Do alto, onde se encontra o<br />

Cristo, avista-se toda a cidade<br />

foto: WilSon aVelar


Os dados do Imposto Predial Territorial Urbano<br />

(IPTU) confirmam o crescimento do mercado imobiliário<br />

na cidade. O valor passou de R$ 916,5 mil em<br />

2005 para cerca de R$ 2,7 milhões em 2010. Para o<br />

exercício de 2011, o IPTU chegou a R$ 3,4 milhões. O<br />

valor arrecadado deve ser ainda maior em 2012, na<br />

casa dos R$ 3,8 milhões.<br />

Simões conta que o crescimento está impactando<br />

o trânsito de Conselheiro Lafaiete. “A cidade é antiga,<br />

com ruas estreitas, só que não foi feito nenhum<br />

planejamento antes, e ela foi crescendo de forma<br />

desordenada. Pensando nisto, nos antecipando ao<br />

agravamento do problema, fizemos um projeto com<br />

grandes avenidas perimetrais ao longo dos cursos<br />

d’água. Serão avenidas sanitárias, que irão ligar<br />

MuniCíPio de Conselheiro lafaiete – receitaS, DeSPeSaS e inVeStiMentoS – SÉrie hiStÓrica – 2005 a 2012 – (r$)<br />

RECEITAs 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

receita tributária 6.460.130,45 7.582.598,91 7.801.467,37 10.196.593,46 9.837.612,05 13.891.407,56 19.239.410,11 21.269.424,00<br />

receita de contribuições 1.625.479,53 1.815.029,99 2.112.539,17 2.040.140,60 2.054.938,29 2.174.321,89 2.421.219,39 2.650.000,00<br />

receita Patrimonial 1.199.855,16 729.317,48 706.742,37 1.552.334,00 1.511.511,38 1.312.132,75 3.047.842,70 285.636,00<br />

receita de Serviços 9.037.174,67 9.906.139,86 370.935,08 414.682,84 389.818,95 396.222,31 518.500,91 1.521.900,00<br />

transferências correntes 40.569.055,84 47.132.961,58 66.261.573,32 80.613.232,74 83.178.657,46 93.766.613,33 110.144.963,03 116.183.500,00<br />

outras receitas correntes 1.911.984,93 2.156.357,08 5.695.865,27 2.408.043,56 2.214.093,69 2.194.645,37 2.745.636,62 2.191.000,00<br />

Dedução transf. correntes -3.442.561,85 -4.033.735,83 -5.647.594,28 -7.680.449,15 -8.448.901,93 -9.646.984,14 -11.846.832,79 -12.190.460,00<br />

alienação de Bens 37.045,00 241.290,00 278.214,55<br />

transferências de capital 720.704,87 101.227,40 616.359,84 4.387.302,21 1.801.061,57 10.541.372,07 3.304.363,64 21.089.000,00<br />

operações de credito 5.463.880,00 519.210,00<br />

TOTAL 58.118.868,60 65.389.896,47 77.917.888,14 93.931.880,26 92.538.791,46 120.334.901,14 130.372.528,15 153.000.000,00<br />

DEsPEsAs 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

Pessoal e encargos Sociais 28.143.132,55 33.595.220,74 33.265.880,78 47.479.134,30 48.953.852,60 56.595.051,01 54.803.428,13 64.349.130,00<br />

outras Despesas correntes 23.390.496,50 30.113.461,36 31.073.248,47 34.596.013,00 39.503.802,05 38.738.986,92 42.768.261,07 52.426.720,00<br />

investimentos 4.002.724,87 5.497.893,85 8.308.770,77 5.590.214,48 6.017.749,36 11.311.341,77 14.474.478,42 26.115.150,00<br />

inversões 270.027,04 347.000,00 105.700,88 271.856,64 1.312.095,44<br />

amortização da Divida 1.146.513,17 745.774,99 845.556,51 799.544,79 2.123.563,54 3.978.329,66 3.646.816,44 5.871.000,00<br />

TOTAL 56.952.894,13 70.299.350,94 73.599.157,41 88.736.763,21 97.911.062,99 110.623.709,36 115.692.984,06 148.762.000,00<br />

reCeitas e desPesas (r$)<br />

bairros mais distantes até o centro, <strong>sem</strong> necessidade<br />

de passar por ruas estreitas”, conta.<br />

A verticalização do município, com a construção<br />

de vários prédios altos, muitos com 15 andares,<br />

também vai impactar no trânsito, afirma o secretário,<br />

já que será mais gente ocupando praticamente<br />

um mesmo espaço, serão mais carros em cada<br />

um dos apartamentos. O bom momento da economia,<br />

que possibilitou ao brasileiro comprar carros<br />

com prestações longas, também tem reflexos nas<br />

ruas da cidade, são mais de 50 mil veículos, quase<br />

um carro para dois habitantes, numa cidade com<br />

mais de 116 mil habitantes, conforme o Censo do<br />

IBGE. “Por isso, desenvolvemos os projetos das<br />

avenidas”, frisa.<br />

180.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

160.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

140.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

120.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

100.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

80.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

60.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

40.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

20.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

0 .....................................................................................................................................................................................<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

REVISTA codAp 67


68 REVISTA codAp<br />

EnTRE RIoS dE mInAS<br />

Mudanças no perfil da economia<br />

os investimentos no alto Paraopeba estão<br />

mudando o perfil econômico de vários<br />

municípios. É o caso de entre rios de<br />

Minas. com a economia ainda baseada na<br />

agropecuária, a cidade vem passando por<br />

transformações, com fortalecimento dos setores<br />

de comércio e prestação de serviços. De acordo<br />

com o prefeito do município, Mário augusto<br />

alves andrade, as pessoas estão trocando<br />

o trabalho no campo por ocupações nas<br />

indústrias da região.<br />

Apesar dos avanços na economia, o prefeito do<br />

município ressalta que ainda há vários desafios a serem<br />

superados, um deles é a necessidade de parcerias<br />

para a realização de obras na cidade, conhecida<br />

como o berço da raça de cavalos Campolina Marchador.<br />

“Qualquer obra que a prefeitura vá realizar, ou<br />

até mesmo os investimentos em educação e saúde,<br />

é necessária a parceria com o estado ou com o governo<br />

federal. Afinal, boa parte da nossa receita vem<br />

do Fundo de Participação dos Municípios, o FPM”,<br />

observa Andrade.<br />

De acordo com ele, o município, dentro das possibilidades<br />

orçamentárias, está procurando se adequar<br />

ao novo momento do <strong>Alto</strong> Paraopeba. Uma das<br />

iniciativas foi a criação de um distrito industrial, que<br />

já consta no plano diretor de Entre Rios de Minas.<br />

“Posso dizer que é um distrito industrial bastante<br />

significativo, que tem como atrativo a boa logística.<br />

O município está situado numa região privilegiada,<br />

estamos entre duas BRs importantes, que é a<br />

BR-040 e a Fernão Dias”, ressalta.<br />

O prefeito explica que o distrito já foi aprovado<br />

pelo plano diretor, só que ele é privado. “Assim,<br />

vai depender de parcerias com empresas para a<br />

implantação dos empreendimentos no local. Não<br />

há nada formal ainda, mas existe interesse da iniciativa<br />

privada. O projeto está em fase de estudos”,<br />

observa.<br />

Igreja de santa Efigênia<br />

Mário Augusto conta que esteve no Instituto de<br />

Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi),<br />

que representa o braço operacional do governo mineiro<br />

na atração de investimentos e assistência ao<br />

investidor, e apresentou várias reivindicações. “Falei<br />

do interesse em desenvolver parcerias para que<br />

as empresas possam se instalar em Entre Rios de<br />

Minas”, diz.<br />

mais da metade da receita vem do fpm<br />

Assim como a maioria dos municípios do país,<br />

boa parte da receita da cidade, mais de 60%, é proveniente<br />

do Fundo de Participação dos Municípios<br />

(FPM). De acordo com dados da prefeitura, as receitas<br />

do município estão crescendo. Em 2005, o<br />

valor era da ordem de R$ 7 milhões e, em 2010,<br />

saltou para cerca de R$ 14,9 milhões. O auge da<br />

arrecadação foi em 2008, quando os cofres do município<br />

contaram com recursos na casa de R$ 14,9<br />

milhões. Embora, a receita tenha aumentado entre<br />

2005 e 2010, as despesas também tiveram expansão<br />

foto: WilSon aVelar


considerável neste intervalo, passando de cerca de<br />

R$ 6,3 milhões para em torno de R$ 16,7 milhões.<br />

Boa parte da receita de Entre Rios de Minas é<br />

gasta com o pagamento do funcionalismo, com<br />

45,9% em 2010, seguido pelos gastos com educação<br />

(28,9%) e saúde (26,5%). Os percentuais são<br />

superiores ao de 2005 com 44,1% dos recursos destinados<br />

ao funcionalismo, 26,4% voltados para a<br />

educação e 22,4% destinados à saúde.<br />

Para o consultor de Gestão Administrativo/Financeiro<br />

do município, Ivan Duque de Paiva Filho, a<br />

maior preocupação da administração de Entre Rios<br />

está centrada no foco da responsabilidade fiscal,<br />

para que dessa forma se possa garantir a execução<br />

e a manutenção da máquina pública, com eficiência<br />

e eficácia, já que a capacidade de investimento com<br />

recursos próprios é muito limitada.<br />

o ingresso no codap<br />

Obter recursos para estruturar Entre Rios de Minas<br />

e preparar a cidade para os impactos que estão<br />

acontecendo, graças aos investimentos de empresas<br />

previstos para o <strong>Alto</strong> Paraopeba, é uma das prioridades<br />

do prefeito do município, Mário Augusto Alves<br />

Andrade. “Esse é o nosso grande projeto. O desenvolvimento<br />

é importante. Afinal, o que mais neces-<br />

MuniCíPio de entre rios de Minas – receitaS, DeSPeSaS e inVeStiMentoS – SÉrie hiStÓrica – 2005 a 2010<br />

Interior da Chácara s. J. Batista, uma das<br />

propriedades preservadas na região<br />

ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />

RECEITA r$ 7.037.771,80 r$ 8.883.315,31 r$ 10.620.979,01 r$ 14.956.982,85 r$ 14.308.537,50 r$ 14.879.284,79<br />

DEsPEsA r$ 6.350.382,50 r$ 9.231.339,90 r$ 10.162.780,63 r$ 13.174.569,46 r$ 13.189.167,36 r$ 16.753.917,45<br />

INVEsTIMENTO r$ 351.795,50 r$ 1.145.959,38 r$ 806.020,98 r$ 1.900.226,59 r$ 852.073,75 r$ 3.948.915,87<br />

reCeitas, desPesas e inVestiMento (r$)<br />

sitamos é geração de emprego e renda e uma vida<br />

melhor para os municípios da região”, diz.<br />

Para ele, um passo importante feito pelo município<br />

foi ter ingressado no Consórcio Público para<br />

o Desenvolvimento do <strong>Alto</strong> Paraopeba (Codap).<br />

“Entre Rios de Minas é um município pequeno, <strong>sem</strong><br />

muitos recursos financeiros, <strong>sem</strong> indústria. E ele foi,<br />

com certeza, beneficiado pela parceria com o consórcio”,<br />

frisa.<br />

Além da implantação do campus do <strong>Alto</strong> Paraopeba<br />

da Universidade Federal de São João del-Rei<br />

(UFSJ), uma das conquistas do Codap e que vai beneficiar<br />

o município, segundo o prefeito, é a unidade<br />

da Fundação de Educação para o Trabalho de<br />

Minas Gerais (Utramig). O termo de compromisso<br />

com o Codap foi assinado em junho deste ano, em<br />

Conselheiro Lafaiete.<br />

18.000.000,00 ....................................................................................................................................................................................<br />

16.000.000,00 ....................................................................................................................................................................................<br />

14.000.000,00 ....................................................................................................................................................................................<br />

12.000.000,00 ....................................................................................................................................................................................<br />

10.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

8.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

6.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

4.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

2.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

0 .....................................................................................................................................................................................<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />

foto: WilSon aVelar<br />

REVISTA codAp 69


70 REVISTA codAp<br />

JEcEAbA<br />

Vive o seu melhor momento<br />

o bom momento da economia nacional e a<br />

implantação da usina da Vallourec & Sumitomo<br />

tubos do Brasil (VSB), inaugurada em setembro<br />

de 2011, contribuíram para o momento<br />

auspicioso da economia de Jeceaba. conforme<br />

o prefeito do município, Júlio césar reis, a<br />

cidade conta hoje com uma reserva fiscal<br />

estratégica para realizar investimentos. “É uma<br />

reserva que a gente não imaginava e que nos<br />

permite elaborar projetos mais sofisticados de<br />

médio e longo prazos”, diz. ele ressalta que a<br />

situação fiscal do município é mais confortável<br />

na atualidade. Prova disso foi a colocação da<br />

cidade em primeiro lugar estadual no ranking<br />

da firjan, que avalia a qualidade da gestão<br />

fiscal de todas as cidades brasileiras.<br />

Somente em 2011, os investimentos foram da<br />

ordem de R$ 22,5 milhões e compreenderam várias<br />

obras, entre elas, um moderno centro administrativo,<br />

com prédio destinado à prefeitura, além de uma<br />

creche para 220 alunos, centro esportivo e cultural,<br />

garagem para a prefeitura, 100 unidades de habitação<br />

popular e centro de referência em educação<br />

ambiental. “Estamos terminando o asfaltamento de<br />

sete quilômetros de estradas vicinais do município,<br />

que também vai promover um desenvolvimento social<br />

imenso, uma possibilidade de integração do cidadão<br />

que vive nas comunidades rurais com a sede.<br />

E todos esses investimentos são com recursos próprios”,<br />

ressalta Reis.<br />

projeto do novo centro<br />

administrativo de Jeceaba<br />

O tesoureiro municipal, Célio Pereira de Vasconcelos,<br />

confirma o bom momento nas contas de Jeceaba.<br />

Ele diz que antes de 2008, a receita mensal da<br />

cidade oscilava de R$ 300 mil a R$ 400 mil, enquanto<br />

que atualmente varia de R$ 1,5 milhão a R$1,6<br />

milhão mensais. “Com a instalação da usina, a situ-<br />

ação financeira do município melhorou muito. Vivemos<br />

uma outra realidade. Hoje, a prefeitura não deve<br />

mais nada. Antigamente, havia os precatórios”, frisa.<br />

mudança na história<br />

Célio Pereira de<br />

Vasconcelos,<br />

tesoureiro<br />

Para o prefeito, o município vive um momento de<br />

mudança na sua história. “É a partir daqui que Jeceaba<br />

se integra literalmente ao processo de desenvolvimento<br />

econômico do país, que é <strong>sem</strong> volta. E não<br />

é somente em Jeceaba que esse empreendimento se<br />

instalou, já que permite também a integração dos<br />

municípios vizinhos. O município não caminha sozinho<br />

nesse processo. É uma indústria de ponta, que<br />

exige diversos níveis de aperfeiçoamento, de profissionais.<br />

Logo, toda a região é beneficiada”, analisa.<br />

Ele ressalta que a cidade passou por uma mudança<br />

na sua estrutura econômica, pois há cerca de<br />

quatro anos o município vivia praticamente da produção<br />

agropecuária de subsistência. “Toda a cidade<br />

caminha para o ramo da siderurgia, quer seja na<br />

formação dos alunos que planejam se formar nesta<br />

área, quer seja nos empregos, que aumentou muito<br />

a massa salarial no município. O que eu percebo<br />

é que todo o comércio, todas as atividades estão<br />

foto: WilSon aVelar


direcionadas hoje para a siderurgia, o que é natural.<br />

Afinal, são cerca de 2 mil empregos que estão sendo<br />

criados na cidade. Então, todo o comércio tem<br />

que se redirecionar, tem que se readequar para esse<br />

novo momento”, observa.<br />

Entretanto, embora a situação dos cofres seja<br />

positiva, ainda há dificuldades que devem ser superadas<br />

e uma delas, segundo o chefe da administração<br />

municipal, é o déficit habitacional. “A habitação<br />

voltada para a população de baixa renda é uma<br />

das preocupações. E nós não poderíamos deixar de<br />

abraçar o problema e buscar resolvê-lo. O crescimento<br />

econômico é muito bom, mas é fato que nem<br />

todas as pessoas estão participando desse boom de<br />

desenvolvimento. Com o crescimento você tem a inflação,<br />

a inflação dos imóveis, aluguéis, e as pessoas<br />

que não têm formação acabam sendo as mais prejudicadas”,<br />

diz.<br />

programa municipal de habitação<br />

Para resolver o problema, a prefeitura implantou<br />

em 2011 o programa municipal de habitação,<br />

com três linhas de ação. Uma delas tem como foco<br />

atender as necessidades de reforma e ampliação das<br />

habitações. A segunda linha é o kit construção para<br />

as pessoas que têm lote. E a terceira é fornecer habitação<br />

pronta para as pessoas que se adequarem<br />

MuniCíPio de JeCeaBa – receitaS, DeSPeSaS e inVeStiMentoS – SÉrie hiStÓrica – 2005 a 2010<br />

ao perfil estabelecido pela administração municipal.<br />

“Ao doar as casas, vamos cobrar um determinado<br />

valor de forma a constituir um fundo municipal da<br />

habitação, que servirá ao próprio cidadão, quando<br />

necessitar de recursos para reformas e ampliações.<br />

Trata-se de uma parceria com o cidadão”, conta.<br />

Reis explica que existe um distrito industrial em<br />

Jeceaba, que pertence ao estado e é gerenciado pela<br />

Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas<br />

Gerais (Codemig). No local fica situada a Vallourec<br />

& Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), que ocupa<br />

quase 30% do terreno. Ele afirma que a prefeitura<br />

está estudando a possibilidade de criar um distrito<br />

municipal. “Ainda não está certo, mas vamos conseguir”<br />

, diz.<br />

De acordo com o prefeito, a receita do município<br />

manteve-se no mesmo patamar em 2011, com<br />

mudanças previstas para o próximo exercício. “Em<br />

2012, vamos ter um recrudescimento, uma diminuição<br />

da receita. Nós já estamos trabalhando com este<br />

horizonte, pois até 2012 a VSB conta com subsídios<br />

do governo estadual, por meio da isenção do ICMS.<br />

A previsão é que a receita volte a crescer a partir de<br />

2013, quando a arrecadação deste imposto passará<br />

a ser feita. Com isso, nossa receita será bem maior<br />

do que a de hoje, pois de 60% a 70% do que arrecadamos<br />

vêm do ISSQN, sendo a maior parte da<br />

VSB ”, diz.<br />

ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />

RECEITAs r$ 3.751.709,02 r$ 4.598.928,92 r$ 5.156.089,70 r$ 8.934.109,31 r$ 16.128.792,84 r$ 28.129.402,99<br />

DEsPEsAs r$ 3.857.078,76 r$ 4.418.095,22 r$ 5.514.714,39 r$ 8.232.148,58 r$ 11.608.652,40 r$ 20.792.851,99<br />

INVEsTIMENTOs r$ 323.953,79 r$ 261.107,28 r$ 430.432,99 r$ 1.317.056,20 r$ 2.912.491,70 r$ 7.073.513,67<br />

reCeitas, desPesas e inVestiMento (r$)<br />

300.000.000,00 ....................................................................................................................................................................................<br />

250.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

200.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

150.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

100.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

50.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

0 .....................................................................................................................................................................................<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />

REVISTA codAp 71


72 REVISTA codAp<br />

ouRo bRAnco<br />

Situação de equilíbrio financeiro<br />

graças ao trabalho de contenção de despesas,<br />

após alguns momentos difíceis que incluíram<br />

a queda de arrecadação no ano de 2009,<br />

fruto da <strong>crise</strong> financeira internacional, ouro<br />

Branco apresenta equilíbrio em suas contas, o<br />

que permite que a prefeitura conclua alguns<br />

projetos e inicie outros que tiveram que ser<br />

suspensos desde o início do segundo mandato<br />

do prefeito Padre rogério de oliveira Pereira.<br />

A Secretária de Planejamento e Procuradora<br />

Geral do município, Rosangela Braga, informa que<br />

tanto no primeiro, quanto no segundo mandato do<br />

Padre Rogério, a trajetória financeira foi muito parecida,<br />

embora isso tenha se dado por motivos totalmente<br />

diferentes. “Quando assumimos em 2005,<br />

encontramos as contas da prefeitura em situação<br />

tão caótica que tivemos que impor um regime de<br />

total contenção de despesas. Todos os recursos que<br />

sobravam eram utilizados para quitar os débitos<br />

com os fornecedores. Fizemos um compromisso<br />

com esses empresários e nos dedicamos, com toda<br />

nossa força, a recuperar a credibilidade da prefeitura.<br />

Aos poucos fomos quitando todas as dívidas,<br />

<strong>sem</strong> comprometer a prestação dos serviços básicos<br />

à população”, conta.<br />

Ela ressalta que, embora a administração atual<br />

tenha despendido recursos com compromissos de<br />

outro governo, o que, em princípio, comprometeu<br />

o plano de governo, a prefeitura conseguiu superar<br />

todas as dificuldades e partir para uma fase de<br />

muitos investimentos. “Construímos escolas nas<br />

áreas urbana e rural, mudamos o visual do bairro<br />

São Francisco, que foi urbanizado e ganhou uma<br />

das melhores creches da região. Investimos na infraestrutura<br />

do esporte e construímos quadras poliesportivas<br />

cobertas em vários pontos da cidade e na<br />

Zona Rural. Com recursos próprios, construímos a<br />

Rodovia da Batata, que liga o Centro à Comunidade<br />

de João Gote. Foram tantos investimentos e tão diversificados,<br />

que pela primeira vez a população reelegeu<br />

um prefeito em dois mandatos consecutivos,<br />

em aprovação ao seu trabalho”, frisa.<br />

<strong>crise</strong> financeira<br />

Entretanto, as dificuldades não pararam, conforme<br />

a secretária, já que no início do segundo mandato,<br />

a administração de Ouro Branco se deparou com<br />

a <strong>crise</strong> financeira mundial, o que impactou significativamente<br />

a arrecadação. De acordo com ela, em<br />

2008 a arrecadação foi de R$ 73,5 milhões. Já em<br />

2009, primeiro ano do segundo mandato, o valor<br />

caiu para R$ 65,5 milhões. “Para uma administração<br />

municipal, uma queda de arrecadação nessas<br />

proporções representa um violento choque, já que<br />

muitas despesas não param de subir, como é o caso<br />

da folha de pessoal. Mesmo <strong>sem</strong> nenhum aumento<br />

ou <strong>sem</strong> que se contrate nenhum servidor, como de<br />

fato aconteceu, a folha de salários continua crescendo,<br />

pois a prefeitura paga alguns direitos de seus<br />

servidores que são automáticos.<br />

Sem o reajuste da inflação na arrecadação e, ainda,<br />

com queda na arrecadação, tivemos que arcar<br />

também com o reajuste do salário mínimo, com percentual<br />

superior ao da inflação. Isso significa que<br />

a prefeitura enfrentou um cenário de despesa crescente,<br />

enquanto a receita diminuiu”, observa. Rosangela<br />

Braga disse que, apesar das dificuldades da<br />

<strong>crise</strong>, os serviços essenciais, em especial, os serviços<br />

de saúde e educação, foram mantidos. “Mas, para<br />

que isso pudesse ser feito, fomos obrigados a adotar<br />

uma política de contenção das despesas de custeio.<br />

Hoje podemos dizer que estamos mais tranquilos e<br />

que superamos o impacto da <strong>crise</strong> econômica mundial,<br />

e já estamos realizando várias obras. Temos<br />

muitas outras por começar”, diz.


Responsabilidade com os<br />

compromissos<br />

Ela ressalta que desde o primeiro dia da atual<br />

administração de Ouro Branco o foco foi o planejamento<br />

das ações administrativas, baseado na responsabilidade<br />

com o cumprimento dos compromissos<br />

assumidos. “Algumas verbas do governo já estão<br />

comprometidas para quitarmos despesas como o<br />

13 o salário dos servidores e com obras já iniciadas e<br />

programas em execução. Sabemos que a prefeitura<br />

tem um significado muito grande para a economia<br />

do município e nunca nos esquecemos do quanto a<br />

irresponsabilidade ou a impontualidade nos pagamentos<br />

causaram no passado sérios transtornos aos<br />

servidores e a todo o comércio local. Por isso, este é<br />

um governo que se diferencia, pois sabe fazer e com<br />

responsabilidade”, observa.<br />

A secretária conta que já foi iniciada a construção<br />

do Bairro Campo Novo e, em princípio, são 60<br />

casas destinadas à população de baixa renda. Ao<br />

todo, a carteira de obras e ampliação de serviços totalizam<br />

um investimento superior a R$ 25 milhões<br />

até o final do mandato. “É bom lembrar que para<br />

que isso fosse possível, tivemos que revolucionar a<br />

Ouro Branco, campeã de qualidade de vida no estado<br />

gestão dos recursos públicos, e economizar nas despesas<br />

do dia a dia, como os gastos com água, luz,<br />

telefone, material de escritório, dentre outros.<br />

Investimentos e reajuste salarial<br />

histórico<br />

Depois da <strong>crise</strong> de 2008, que repercutiu em 2009,<br />

Ouro Branco vive hoje um bom momento na sua<br />

economia, com recursos em caixa para vários investimentos.<br />

Situação bem diferente do ano de 2009,<br />

quando o funcionalismo deixou de ter aumento. “O<br />

reajuste de 7,5% deste ano, acima da inflação, foi<br />

um percentual notável na prefeitura de Ouro Branco”,<br />

frisa o prefeito do município, Padre Rogério de<br />

Oliveira Pereira. Ele ressalta que o pagamento dos<br />

servidores está rigorosamente em dia, desde o início<br />

do seu mandato.<br />

De acordo com o chefe da administração municipal,<br />

a receita melhorou em relação ao período<br />

marcado pela <strong>crise</strong> financeira internacional, mas<br />

não voltou aos patamares de 2008, melhor momento<br />

para Ouro Branco, auge da receita, apesar da<br />

<strong>crise</strong> mundial que se avizinhava. “Hoje a situação é<br />

confortável. Não só o município, mas a região toda<br />

REVISTA codAp 73


74 REVISTA codAp<br />

Rosângela Braga, secretária de<br />

Planejamento e procuradora geral<br />

de Ouro Branco<br />

vive um momento especial, de crescimento, de investimento.<br />

Se não for o maior, é um dos maiores<br />

investimentos de empresas privadas numa região.<br />

Aqui em Ouro Branco, há a expansão da Gerdau,<br />

que está duplicando a sua produção”, conta.<br />

polos econômicos<br />

Atualmente, dos cerca de R$ 6 milhões mensais<br />

arrecadados pela administração municipal, de<br />

R$ 2,3 milhões a R$ 2,4 milhões são provenientes<br />

dos impostos pagos pela Gerdau. Para oferecer um<br />

espaço mais adequado à necessidade das empresas,<br />

a prefeitura inaugurou recentemente o Ouro Park<br />

Empresarial, voltado para empresas de pequeno e<br />

médio portes, não poluentes, que fica dentro do município.<br />

A ideia é receber de 14 a 18 empreendimentos.<br />

“Temos uma demanda reprimida, formada por<br />

empresas localizadas na área urbana, que precisam<br />

se deslocar”, explica.<br />

Há também o Ouro Parque Industrial, próximo da<br />

rodovia que liga Ouro Branco a Lafaiete, para empresas<br />

maiores, cujo projeto foi aprovado pela Câmara<br />

foto: WilSon aVelar<br />

Municipal. O terreno tem capacidade para abrigar<br />

até cinco indústrias. Embora tenha havido desafios,<br />

a receita de 2011 cresceu frente a 2010: passou<br />

de R$ 70 milhões para R$ 80 milhões.<br />

campeã em qualidade de vida<br />

Conciliar a qualidade de vida e o desenvolvimento<br />

econômico é um dos grandes desafios de Ouro<br />

Branco, situada aos pés da serra com o mesmo nome,<br />

uma das mais belas paisagens de Minas Gerais. Conforme<br />

levantamento da Federação das Indústrias do<br />

Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a cidade foi considerada<br />

em 2010 a campeã em qualidade de vida no<br />

estado. No país, está na 40ª posição. A pesquisa, que<br />

analisa todos os municípios do país, conta com três<br />

índices básicos: educação, saúde e emprego e renda.<br />

ciclovia na serra<br />

Buscando manter a qualidade de vida no município,<br />

a prefeitura está construindo a avenida José<br />

Pinto Souza, mais conhecida como a LO1. Além de<br />

conter uma pista de caminhada, a avenida terá a<br />

primeira ciclovia da cidade e, segundo Padre Rogério,<br />

vai dar mais charme ao município, já que a<br />

avenida vai acompanhar a serra, cartão postal de<br />

Ouro Branco. O prefeito acrescenta que “o espaço<br />

será uma forma de convívio com a natureza, pois<br />

está bem ao pé da serra”.<br />

Tanto a ciclovia, como a pista de caminhada e<br />

a pavimentação da avenida estão a pleno vapor. O<br />

investimento é da ordem de R$ 4 milhões e as obras<br />

deverão estar prontas em 2012.<br />

serra de Ouro Branco, cartão de<br />

visita do município<br />

foto: WilSon aVelar


MuniCíPio de ouro BranCo – receitaS, DeSPeSaS e inVeStiMentoS – SÉrie hiStÓrica – 2005 a 2010<br />

reCeitas, desPesas e inVestiMentoS (r$)<br />

Ouro Parque Empresarial, que receberá<br />

de 14 a 18 empreendimentos<br />

ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />

RECEITA r$ 41.284.923,03 r$ 53.021.641,15 r$ 68.897.037,47 r$ 73.593.639,66 r$ 65.662.157,59 r$ 76.382.161,74<br />

DEsPEsA r$ 32.759.202,47 r$ 48.537.150,18 r$ 60.108.463,48 r$ 78.910.369,21 r$ 61.566.631,00 r$ 69.480.926,92<br />

INVEsTIMENTO r$ 2.863.600,85 r$ 4.028.637,69 r$ 7.181.685,96 r$ 13.712.247,47 r$ 5.998.755,62 r$ 3.672.820,36<br />

100.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

80.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

60.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

40.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

20.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

0 .....................................................................................................................................................................................<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />

foto: Prefeitura MuniciPal De ouro Branco<br />

REVISTA codAp 75


76 REVISTA codAp<br />

São bRÁS do SuAçuí<br />

Melhoria da arrecadação própria<br />

São Brás do Suaçuí vive o melhor momento<br />

econômico dos últimos dez anos, na avaliação<br />

do prefeito do município, luiz carlos<br />

fernandes. “Desde 2005, nós priorizamos a<br />

melhoria da arrecadação própria.<br />

conseguimos melhorar, mas ainda é pouco<br />

diante da demanda, das necessidades<br />

da população”, ressalta. entretanto, as<br />

perspectivas são de crescimento da receita<br />

com a instalação da planta de aços longos da<br />

companhia Siderúrgica nacional (cSn) e de<br />

outras indústrias na cidade.<br />

para o secretário de Administração e Fazenda<br />

do município, Tiago Augusto Fernandes, a boa gestão<br />

fiscal é essencial para que as obras e serviços<br />

possam sair do papel. É ela que vai dar o suporte<br />

técnico, vai dar condições de todo o poder executivo<br />

municipal, através de suas secretarias, de realizar<br />

diversas obras e serviços. Ele defende que, além do<br />

cenário econômico favorável, a boa gestão fiscal<br />

tem relação direta com o desenvolvimento do município.<br />

“E nesse contexto, vale destacar que há várias<br />

linhas de trabalho, desde a arrecadação própria do<br />

município, que depende da fiscalização, passando<br />

pelo acompanhamento da receita e também dos repasses,<br />

como do ICMS e do Fundo de Participação<br />

dos Municípios (FPM), oriundos das ações fiscais do<br />

município”, explica.<br />

orçamento apertado<br />

Augusto Fernandes diz que o orçamento da prefeitura<br />

ainda é bem apertado, dependendo basicamente<br />

dos repasses federais e estaduais. Ele ressalta<br />

que a principal fonte de receita, como em 99%<br />

dos municípios do porte de São Brás, é o FPM, mas<br />

desde 2005 existe um trabalho para reduzir essa<br />

dependência, valorizando as fontes de recursos<br />

municipais. Para se ter uma ideia, em 2005 o FPM<br />

representava 57,6% da nossa receita, já em 2010<br />

representou 42%, R$ 3,8 milhões, de um total de<br />

receita de cerca de R$ 9 milhões.<br />

Ele salienta que as contas estão muito bem equilibradas.<br />

“Trabalhamos com estimativa de receita<br />

para o ano seguinte e, em cima disso, fazemos o<br />

orçamento da realidade de arrecadação. No ano de<br />

2011, tivemos um orçamento um pouco apertado,<br />

mas continuamos fazendo a manutenção dos diversos<br />

serviços públicos e também investimentos para<br />

melhorar a estrutura do município”, diz.<br />

O secretário frisa que existe um crescimento<br />

orgânico da receita, e, como dito anteriormente, o<br />

município depende em grande parte dos repasses<br />

federais. “Logo, se o país cresce economicamente,<br />

isso reflete no aumento da arrecadação e consequentemente<br />

na redistribuição de tais recursos”, observa.<br />

Em 2005, a receita de São Brás ficou na casa de<br />

R$ 4,4 milhões e em 2010 foi da ordem de R$ 9<br />

milhões, maior valor desde 2005.<br />

De acordo com ele, de 2005 pra cá, foram obtidas<br />

grandes conquistas na gestão financeira. “Podemos<br />

citar, o retorno da confiança do credor municipal,<br />

a eliminação de pagamento de multas e juros,<br />

o pagamento em dia dos servidores, a transparência<br />

dos investimentos com as prestações de contas periódicas,<br />

a quitação e a eliminação de boa parte do<br />

passivo municipal”, observa.<br />

Governança de empreendimento<br />

privado<br />

Tiago Augusto Fernandes salienta que a administração<br />

pública é extremamente regulamentada<br />

e, apesar do que muitas pessoas pensam, no que<br />

tange às práticas de boa governança, é bem parecida<br />

a um empreendimento privado, com algumas<br />

diferenças. Enquanto a empresa tem seus acionistas,<br />

o município tem a população; enquanto uma grande<br />

empresa é fiscalizada pela Comissão de Valores<br />

Mobiliários (CVM), o município é fiscalizado pelos


Tribunais de Contas. “Mas o que difere mais entre<br />

uma administração pública e a privada é no que diz<br />

respeito ao resultado. A empresa privada deve gerar<br />

lucro aos acionistas, enquanto a pública não objetiva<br />

lucro e deve gerar satisfação à população. Com<br />

esse objetivo, a nossa administração é voltada a investir<br />

quase que integralmente nossos recursos em<br />

ações com esta finalidade”, diz.<br />

O secretário conta que a gestão municipal vem,<br />

ao longo dos anos, se preocupando em executar o<br />

que é planejado, <strong>sem</strong>pre com respeito às <strong>finanças</strong>,<br />

procurando não exceder além do que arrecada e assim<br />

evitando comprometer o município. Ele afirma<br />

que as perspectivas para o futuro da cidade são otimistas.<br />

“A nossa expectativa com relação à receita é<br />

baseada no crescente número de investimentos na<br />

região, tanto no entorno como no próprio município”,<br />

ressalta.<br />

De acordo com Fernandes, há dez loteamentos<br />

na cidade sendo viabilizados, alguns em fase de implantação<br />

e outros aguardando aprovação de projetos.<br />

“Isto dá uma perspectiva grande de crescimento.<br />

É possível mais que dobrar a população do município<br />

se todos esses loteamentos se concretizarem.<br />

Podemos imaginar a proporção que o município vai<br />

crescer nos próximos 10, 15 anos”, analisa. Embora<br />

as perspectivas sejam otimistas, São Brás do Suaçuí<br />

Tiago Augusto Fernandes, secretário<br />

de Administração e Fazenda<br />

foto: WilSon aVelar<br />

ainda não conta com grandes recursos em seus cofres,<br />

segundo o prefeito do município. “Temos hoje<br />

uma condição administrativa razoável. Temos trabalhado<br />

bastante a questão da arrecadação própria,<br />

além de buscar recursos do estado”, diz.<br />

desafio<br />

Altar da Paróquia de são Brás<br />

Para o secretário, São Brás vive a melhor época<br />

de expectativas de crescimento econômico: “Existem<br />

muitas conjecturas favoráveis para o crescimento<br />

econômico efetivo, porém, existe um grande<br />

desafio em termos de planejamento municipal que<br />

consiste em planejar o crescimento, buscando manter<br />

um equilíbrio financeiro, e ao mesmo tempo ser<br />

eficiente na transparência da gestão pública, uma<br />

vez que essa especulação gera grandes anseios na<br />

população da cidade. Enfim, o município vive um<br />

momento crucial na sua história em termos de desafios<br />

e planejamento”, diz.<br />

O secretário afirma que a cidade vive um momento<br />

interessante, com bastante movimentação<br />

econômica, com destaque, além dos segmentos de<br />

comércio e prestação de serviços, para o mercado<br />

imobiliário. “Antes da VSB havia lotes em alguns<br />

pontos da cidade, que custavam de R$ 30 mil a<br />

R$ 40 mil. Atualmente, oscilam de R$ 100 mil a<br />

R$ 200 mil”, conta.<br />

foto: WilSon aVelar<br />

REVISTA codAp 77


78 REVISTA codAp<br />

A alta também aconteceu para os aluguéis, que<br />

antes variavam de meio a um salário mínimo, para<br />

dois ou três. Fernandes ressalta que uma das principais<br />

necessidades da cidade é o saneamento urbano.<br />

“Não temos o serviço, atualmente. Cada morador dá<br />

o seu próprio destino para o esgotamento sanitário.<br />

Precisamos melhorar a estrutura urbana também<br />

com pavimentação. Há ainda muitas ruas de terra”,<br />

observa.<br />

Apesar dos problemas, o prefeito conta que tem<br />

buscado soluções dentro das possibilidades orçamentárias<br />

do município. “Já fizemos um plano diretor,<br />

que vai determinar para onde a cidade vai<br />

crescer. Aliás, São Brás avançou muito em termos<br />

da rede de proteção social”, frisa.<br />

Ele destaca que a localização estratégica e a boa<br />

qualidade de vida é um dos atrativos para a instalação<br />

de empresas na cidade. “A prefeitura foi premiada<br />

em 2007 pela Confederação Nacional dos Municípios<br />

(CNM) pelos bons índices de gestão fiscal e<br />

social”, ressalta.<br />

boas perspectivas com a VSb e<br />

outras indústrias<br />

Além do impacto da usina da Vallourec & Sumitomo<br />

Tubos do Brasil (VSB), inaugurada em setembro<br />

de 2011 no município vizinho de Jeceaba, São<br />

MuniCíPio de são Brás do suaçuí – receitaS e DeSPeSaS – SÉrie hiStÓrica – 2005 a 2010<br />

reCeitas e desPesas (r$)<br />

Brás do Suaçuí vive a expectativa da implantação da<br />

unidade de aços longos da Companhia Siderúrgica<br />

Nacional (CSN). “Com a VSB houve um aumento na<br />

movimentação nos setores de comércio e serviços da<br />

cidade”, frisa o prefeito do município, Luiz Carlos<br />

Fernandes.<br />

Diante do cenário econômico favorável, a criação<br />

de um distrito industrial (DI) na cidade pode ser viabilizada.<br />

De acordo com o prefeito, durante a inauguração<br />

da usina em Jeceaba foi assinado um protocolo<br />

de intenções entre o governo do estado, a Companhia<br />

de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais<br />

(Codemig), VSB, CSN e os empresários que serão<br />

responsáveis pelo empreendimento. Conforme o prefeito,<br />

estudos sobre o distrito já estão em andamento,<br />

apesar de o cronograma ainda não estar definido.<br />

De acordo com Fernandes, os empresários, que<br />

são proprietários da área, ficarão responsáveis pelos<br />

investimentos em infraestrutura no DI, e a Codemig<br />

deverá colaborar com o desenvolvimento do projeto.<br />

Já as duas companhias deverão indicar os fornecedores<br />

e clientes que se instalarão no distrito.<br />

Somente a planta de aços longos da CSN contará<br />

com investimentos da ordem de R$ 400 milhões. O<br />

prefeito de São Brás do Suaçuí conta que a companhia<br />

já adquiriu um terreno de aproximadamente<br />

100 hectares e realiza estudos de impacto ambiental<br />

na região.<br />

ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010<br />

RECEITAs r$ 4.407.489,40 r$ 5.052.977,00 r$ 5.926.550,00 r$ 7.813.346,00 r$ 7.481.120,00 r$ 9.020.978,00<br />

DEsPEsAs r$ 3.930.098,00 r$ 4.659.866,00 r$ 5.668.424,00 r$ 6.609.549,00 r$ 6.623.521,00 r$ 8.840.073,00<br />

10.000 000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

8.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

6.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

4.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

2.000.000,00 .....................................................................................................................................................................................<br />

0 .....................................................................................................................................................................................<br />

2005 2006 2007 2008 2009 2010


foTo QuE É fATo<br />

“O Campus da Universidade Federal de Sao João del-Rei<br />

(UFSJ) materializou o sonho da população da região<br />

do <strong>Alto</strong> Paraopeba. Ele só se tornou possível, porque os<br />

prefeitos de Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Jeceaba,<br />

Ouro Branco e São Brás do Suaçuí fizeram a leitura<br />

desse sonho e, mobilizados, articularam com o Governo<br />

Federal e com a Gerdau a sua implantação. Poucas<br />

vezes pude encontrar em minha trajetória um trabalho<br />

sendo realizado de forma tão séria e comprometida com<br />

o coletivo regional como o do Codap. O Campus <strong>Alto</strong><br />

Paraopeba da Universidade Federal de São João del-Rei<br />

é uma realidade bem sucedida e fruto da articulação do<br />

Codap.”<br />

Helvécio Luiz Reis<br />

reitor da universidade federal de São João del-rei<br />

fotoS: coMunicação ufSJ<br />

REVISTA codAp 79


conSÓrcio PúBlico<br />

coDaP – consórcio Público para Desenvolvimento do alto Paraopeba<br />

av. Professor Manoel Martins, 636, Bairro campo alegre<br />

conselheiro lafaiete, Mg, cep 36400-000<br />

telefone: 31 3721-3451<br />

e-mail: codap.consorcio@alto<strong>paraopeba</strong>.mg.gov.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!