Utilização do Cinema na Sala de Aula: Aplicação da Química dos ...
Utilização do Cinema na Sala de Aula: Aplicação da Química dos ...
Utilização do Cinema na Sala de Aula: Aplicação da Química dos ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
160<br />
Relatos <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula<br />
<strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong>:<br />
<strong>Aplicação</strong> <strong>da</strong> <strong>Química</strong> <strong>do</strong>s Perfumes no Ensino <strong>de</strong><br />
Funções Orgânicas Oxige<strong>na</strong><strong>da</strong>s e Bioquímica<br />
Paloma Nascimento <strong>do</strong>s Santos e Kátia Apareci<strong>da</strong> <strong>da</strong> Silva Aquino<br />
O presente artigo <strong>de</strong>screve uma intervenção didática <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> com estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> duas turmas <strong>do</strong> 3º<br />
ano <strong>do</strong> ensino médio, <strong>na</strong>s quais se utilizou um filme comercial para abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funções<br />
orgânicas e bioquímica. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s incluíram resgate <strong>de</strong> conceitos prévios <strong>do</strong>s alunos após a exibição <strong>do</strong> filme,<br />
discussão e socialização <strong>de</strong> conhecimentos e produção <strong>de</strong> textos basea<strong>do</strong>s <strong>na</strong> temática química <strong>do</strong>s perfumes.<br />
Não há quem resista ao cinema.<br />
Seu uso em sala <strong>de</strong><br />
aula insere-se no campo <strong>da</strong>s<br />
chama<strong>da</strong>s mídias-educação, liga<strong>da</strong>s<br />
às tecnologias <strong>de</strong> informação. Diferentemente<br />
<strong>da</strong>s outras mídias (áudio,<br />
ví<strong>de</strong>o, internet), o cinema permite um<br />
envolvimento <strong>do</strong> especta<strong>do</strong>r com<br />
o filme a que assiste, relacio<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />
situações e experiências vivi<strong>da</strong>s.<br />
Serve também como exercício para<br />
o <strong>do</strong>cente, pois permite a criação <strong>de</strong><br />
um olhar crítico, que é <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
observação <strong>do</strong>s aspectos históricos,<br />
sociológicos, perfis psicológicos e<br />
visão <strong>de</strong> ciência apresenta<strong>do</strong>s nos<br />
filmes. Essa critici<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />
utiliza<strong>da</strong> para ilustrar e auxiliar <strong>na</strong><br />
conceituação <strong>da</strong>s aulas <strong>de</strong> Ciências<br />
e <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (Napolitano, 2006).<br />
Para Marcelino-Jr. e cols. (2004), o<br />
uso <strong>do</strong> ví<strong>de</strong>o em sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> ter<br />
um impacto inicial maior que um livro<br />
ou uma aula expositiva por permitir a<br />
associação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar a um<br />
conceito <strong>de</strong> entretenimento, e que,<br />
quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma correta,<br />
cinema, perfumes, química orgânica<br />
Recebi<strong>do</strong> em 04/04/2010, aceito em 31/05/2011<br />
exerce função<br />
motiva<strong>do</strong>ra, informativa,conceitual,investiga<strong>do</strong>ra,<br />
lúdica,<br />
metalinguística<br />
e atitudi<strong>na</strong>l.<br />
Para combater<br />
as muitas<br />
dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
no ensino <strong>de</strong><br />
ciências, esp<br />
e c i a l m e n t e<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong>,<br />
os professores<br />
são estimula<strong>do</strong>s<br />
a irem <strong>de</strong> encontro ao formalismo<br />
matemático <strong>na</strong> discipli<strong>na</strong>, a a<strong>de</strong>quar<br />
sempre que possível o conteú<strong>do</strong><br />
abor<strong>da</strong><strong>do</strong> ao cotidiano <strong>do</strong> aluno<br />
e a dialogar com discipli<strong>na</strong>s que<br />
apresentem conceitos em comum.<br />
Também é fun<strong>da</strong>mental a busca <strong>de</strong><br />
materiais alter<strong>na</strong>tivos que possam<br />
ser utiliza<strong>do</strong>s em sala <strong>de</strong> aula para<br />
auxiliar no processo <strong>de</strong> ensinoaprendizagem.<br />
Existe uma resistência <strong>do</strong>s<br />
professores em a<strong>do</strong>tar o<br />
cinema como ferramenta<br />
para o ensino <strong>de</strong> <strong>Química</strong>.<br />
Muitos justificam a não<br />
utilização <strong>de</strong>sse recurso<br />
por gosto pessoal,<br />
outros afirmam que não<br />
receberam formação para<br />
tal, e a afirmação mais<br />
recorrente é a <strong>de</strong> não<br />
conseguir fazer relações<br />
entre os filmes disponíveis<br />
e o conteú<strong>do</strong> científico<br />
requeri<strong>do</strong> pelo currículo.<br />
A seção “Relatos <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula” socializa experiências e construções vivencia<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> ou a elas<br />
relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s.<br />
A a<strong>de</strong>quação ao conteú<strong>do</strong><br />
curricular é o gran<strong>de</strong><br />
problema a ser enfrenta<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> utilizar<br />
filmes como material alter<strong>na</strong>tivo<br />
em sala <strong>de</strong> aula. É<br />
fato que há uma gran<strong>de</strong><br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> filmes comerciais<br />
que po<strong>de</strong>m ser<br />
utiliza<strong>do</strong>s em discipli<strong>na</strong>s<br />
como História, Sociologia e<br />
Filosofia, mas ain<strong>da</strong> existe<br />
uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em se<br />
escolher filmes e relacionálos<br />
a temáticas específicas<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Física e Biologia.<br />
Filmes como dramas, comédias<br />
e suspenses po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s<br />
para a<strong>na</strong>lisar a imagem <strong>de</strong> ciência e<br />
cientista, ten<strong>do</strong> seu conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>bati<strong>do</strong><br />
em sala <strong>de</strong> aula. A não utilização<br />
<strong>de</strong>sses materiais ocorre, em parte, por<br />
uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong> formação e por<br />
preferências pessoais <strong>do</strong> professor.<br />
Cabe o exercício <strong>do</strong> olhar.<br />
Mesmo com to<strong>da</strong>s as vantagens,<br />
ain<strong>da</strong> existe uma resistência <strong>do</strong>s professores<br />
em a<strong>do</strong>tar o cinema como<br />
ferramenta para o ensino <strong>de</strong> <strong>Química</strong>.<br />
Muitos justificam a não utilização<br />
<strong>de</strong>sse recurso por gosto pessoal,<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011
outros afirmam que não receberam<br />
formação para tal, e a afirmação mais<br />
recorrente é a <strong>de</strong> não conseguir fazer<br />
relações entre os filmes disponíveis e<br />
o conteú<strong>do</strong> científico requeri<strong>do</strong> pelo<br />
currículo. Propostas pe<strong>da</strong>gógicas<br />
interdiscipli<strong>na</strong>res e que utilizem o<br />
cinema configuram-se como alter<strong>na</strong>tivas<br />
para o <strong>de</strong>safio, cita<strong>do</strong> por Cunha<br />
e Gior<strong>da</strong>n (2009), que é tor<strong>na</strong>r o aluno<br />
crítico e exigente, com uma postura<br />
fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> e capaz <strong>de</strong> estabelecer<br />
relações entre o que está sen<strong>do</strong><br />
veicula<strong>do</strong> pela mídia e o conteú<strong>do</strong><br />
discuti<strong>do</strong> em sala <strong>de</strong> aula.<br />
Este trabalho objetivou a aplicação<br />
<strong>de</strong> uma intervenção didática para<br />
discussão <strong>de</strong> conceitos<br />
relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s<br />
a funções orgânicas<br />
oxige<strong>na</strong><strong>da</strong>s e bioquímica,<br />
utilizan<strong>do</strong> a<br />
temática química <strong>do</strong>s<br />
perfumes e ten<strong>do</strong> um<br />
filme comercial como<br />
elemento facilita<strong>do</strong>r<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Foi escolhi<strong>do</strong> o<br />
filme Perfume: A História<br />
<strong>de</strong> um Assassino<br />
(2006), que teve seu<br />
roteiro basea<strong>do</strong> no livro<br />
homônimo <strong>do</strong> escritor<br />
Patrick Süskind.<br />
O filme, veicula<strong>do</strong> em<br />
2006, tem produção<br />
alemã, espanhola e francesa e conta<br />
a história <strong>de</strong> um jovem chama<strong>do</strong><br />
Jean-Baptiste Grenouille, que tem a<br />
incrível habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar to<strong>do</strong>s<br />
os o<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, mas não possui<br />
cheiro em seu próprio corpo. A partir<br />
<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scoberta e <strong>de</strong> uma vi<strong>da</strong> inteira<br />
<strong>de</strong> exclusão, o perso<strong>na</strong>gem busca<br />
um processo em que possa capturar<br />
o<strong>do</strong>res para to<strong>do</strong> sempre e inicia<br />
uma série <strong>de</strong> assassi<strong>na</strong>tos a fim <strong>de</strong><br />
produzir o perfume perfeito. O filme<br />
é rico em referências à fabricação <strong>de</strong><br />
perfumes e aos diversos processos<br />
<strong>de</strong> extração; mostra diversas aparelhagens<br />
<strong>de</strong> laboratório; <strong>de</strong>monstra a<br />
química <strong>da</strong>s sensações e a captura<br />
<strong>de</strong> o<strong>do</strong>res; e também oferece ce<strong>na</strong>s<br />
que po<strong>de</strong>m ser discuti<strong>da</strong>s basea<strong>da</strong>s<br />
em conceitos históricos, físicos e<br />
biológicos, sen<strong>do</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> a uma<br />
intervenção interdiscipli<strong>na</strong>r.<br />
Estratégias meto<strong>do</strong>lógicas<br />
Durante a exposição,<br />
os grupos revisaram e<br />
i<strong>de</strong>ntificaram as principais<br />
funções orgânicas<br />
presentes nos perfumes<br />
e ca<strong>da</strong> grupo recebeu<br />
exercícios contextualiza<strong>do</strong>s<br />
para i<strong>de</strong>ntificação e<br />
aplicação <strong>de</strong> funções<br />
orgânicas. Os exercícios<br />
utilizavam ce<strong>na</strong>s <strong>do</strong> filme<br />
como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong><br />
para questio<strong>na</strong>mentos<br />
sobre os processos<br />
utiliza<strong>do</strong>s pelo perfumista<br />
e a química envolvi<strong>da</strong> em<br />
muitos <strong>de</strong>les.<br />
O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em turmas<br />
<strong>do</strong> 3º ano <strong>do</strong> ensino médio em duas<br />
escolas – Escola Estadual Enei<strong>da</strong> Rabello<br />
(EEER) e no Colégio <strong>de</strong> <strong>Aplicação</strong><br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco<br />
(CAp/UFPE) – localiza<strong>da</strong>s<br />
<strong>na</strong> região metropolita<strong>na</strong> <strong>do</strong> Recife 1 .<br />
Na EEER, participou <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
um grupo <strong>de</strong> 35 alunos que foram<br />
dividi<strong>do</strong>s em 10 equipes <strong>de</strong> até 4 alunos.<br />
No CAp/UFPE, participaram 30<br />
alunos que foram dividi<strong>do</strong>s em 9 equipes<br />
<strong>de</strong> até 4 alunos. Em ca<strong>da</strong> uma<br />
<strong>da</strong>s escolas, a exibição <strong>do</strong> filme foi<br />
utiliza<strong>da</strong> como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para<br />
as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Para<br />
nortear a discussão,<br />
durante a exibição,<br />
foram estrutura<strong>da</strong>s<br />
pausas dialoga<strong>da</strong>s<br />
<strong>na</strong>quelas ce<strong>na</strong>s em<br />
que os conteú<strong>do</strong>s<br />
químicos eram mais<br />
evi<strong>de</strong>ntes (Tabela 1).<br />
A intervenção foi<br />
dividi<strong>da</strong> em <strong>do</strong>is momentos:<br />
<strong>na</strong> EEER,<br />
o filme foi utiliza<strong>do</strong><br />
<strong>na</strong>s discussões sobre<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />
funções orgânicas<br />
(alcoóis, al<strong>de</strong>í<strong>do</strong>s,<br />
ceto<strong>na</strong>s, áci<strong>do</strong>s carboxílicos,<br />
éteres e<br />
ésteres, terpenos e compostos benzênicos),<br />
bem como <strong>na</strong> conceituação<br />
<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> separação. Os alunos<br />
foram dividi<strong>do</strong>s em equipes por<br />
afini<strong>da</strong><strong>de</strong> e, após assistirem ao filme,<br />
receberam um roteiro <strong>de</strong> pesquisa no<br />
qual teriam que discutir inicialmente<br />
sobre alguns aspectos químicos e<br />
sociais mostra<strong>do</strong>s, registran<strong>do</strong> em<br />
produções textuais. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse<br />
<strong>de</strong>bate, os grupos realizaram uma<br />
pesquisa extraclasse, que constou<br />
<strong>de</strong> uma revisão bibliográfica sobre<br />
a <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Fabricação <strong>de</strong> Perfumes,<br />
utilizan<strong>do</strong> textos e situaçõesproblema,<br />
segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma nova ro<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> discussão, <strong>de</strong>ssa vez media<strong>da</strong><br />
pela professora. Nessa exposição,<br />
foram apresenta<strong>do</strong>s a estrutura <strong>do</strong>s<br />
perfumes, a composição química <strong>do</strong>s<br />
o<strong>do</strong>res e os compostos envolvi<strong>do</strong>s<br />
nos processos. Durante a exposição,<br />
os grupos revisaram e i<strong>de</strong>ntificaram<br />
as principais funções orgânicas presentes<br />
nos perfumes e ca<strong>da</strong> grupo<br />
recebeu exercícios contextualiza<strong>do</strong>s<br />
para i<strong>de</strong>ntificação e aplicação <strong>de</strong><br />
funções orgânicas. Os exercícios<br />
utilizavam ce<strong>na</strong>s <strong>do</strong> filme como ponto<br />
<strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para questio<strong>na</strong>mentos<br />
sobre os processos utiliza<strong>do</strong>s pelo<br />
perfumista e a química envolvi<strong>da</strong> em<br />
muitos <strong>de</strong>les.<br />
No CAp/UFPE, on<strong>de</strong> foi realiza<strong>do</strong><br />
o segun<strong>do</strong> momento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
os alunos também foram estimula<strong>do</strong>s<br />
a realizar uma pesquisa extraclasse<br />
sobre a bioquímica <strong>da</strong> fabricação<br />
<strong>de</strong> perfumes. Nas aulas seguintes,<br />
foi apresenta<strong>da</strong> aos alunos, em uma<br />
ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> discussão, a composição<br />
química <strong>do</strong>s o<strong>do</strong>res e a relação<br />
<strong>de</strong>stes com a Bioquímica. Logo em<br />
segui<strong>da</strong>, as equipes foram forma<strong>da</strong>s<br />
e os estu<strong>da</strong>ntes receberam um roteiro<br />
conten<strong>do</strong> exercícios contextualiza<strong>do</strong>s<br />
e relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s ao filme, que nortearam<br />
a produção textual <strong>do</strong>s alunos.<br />
A Tabela 2 resume as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
vivencia<strong>da</strong>s e os objetivos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s<br />
pelos alunos em ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las.<br />
No que se referem às transcrições<br />
presentes neste trabalho, elas foram<br />
reproduzi<strong>da</strong>s a partir <strong>do</strong>s textos produzi<strong>do</strong>s<br />
pelas turmas <strong>na</strong>s duas escolas<br />
e foi preserva<strong>da</strong> a forma origi<strong>na</strong>l<br />
<strong>de</strong> escrita <strong>da</strong>s equipes, além <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
um <strong>do</strong>s grupos ter si<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong><br />
por letras durante a análise.<br />
Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />
A simples menção <strong>da</strong> exibição <strong>de</strong><br />
um filme <strong>na</strong>s próximas aulas – e <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> – gerou muitas expectativas<br />
nos alunos. A curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre que<br />
título seria exibi<strong>do</strong> e qual a relação<br />
<strong>do</strong> filme com a discipli<strong>na</strong> gerou uma<br />
expectativa que já <strong>de</strong>monstrava<br />
um interesse por parte <strong>do</strong>s alunos.<br />
Observou-se um cui<strong>da</strong><strong>do</strong> não só em<br />
escolher um filme comercial com subsídios<br />
para as aulas <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, mas<br />
também que se apresentasse como<br />
uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> diverti<strong>da</strong> e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />
à faixa etária <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes. Estes,<br />
que se encontram no ensino médio,<br />
possuem características que permitem<br />
ao professor uma abor<strong>da</strong>gem<br />
mais profun<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> se utiliza o<br />
cinema como proposta pe<strong>da</strong>gógica.<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011<br />
161
162<br />
Tabela 1. Processos químicos e físicos presentes em algumas ce<strong>na</strong>s <strong>do</strong> filme.<br />
Tempo ce<strong>na</strong> Descrição Conteú<strong>do</strong> possível <strong>de</strong> ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong><br />
[11min05seg] Jean-Baptiste, ain<strong>da</strong> criança, tentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>finir e nomear<br />
os cheiros ao seu re<strong>do</strong>r.<br />
Descrição <strong>de</strong> sensações, estruturação <strong>da</strong> sensação <strong>do</strong>s<br />
o<strong>do</strong>res em nosso corpo, dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em <strong>de</strong>finir alguns<br />
tipos <strong>de</strong> cheiros.<br />
[23min53seg] Morte <strong>da</strong> primeira moça. Causas <strong>da</strong> fuga <strong>do</strong> o<strong>do</strong>r <strong>da</strong> moça a partir <strong>da</strong> morte,<br />
características <strong>do</strong> cheiro pessoal, relação <strong>do</strong> cheiro pessoal<br />
com a estrutura biológica, relação <strong>do</strong> cheiro com a<br />
alimentação e o estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
[31min10seg] O perfumista Baldini experimenta um perfume para<br />
tentar <strong>de</strong>cifrar suas notas.<br />
[40min00seg] O perfumista Baldini repreen<strong>de</strong> Grenouille sobre o<br />
mo<strong>do</strong> como ele prepara o perfume.<br />
[45min50seg] O perfumista apresenta as notas <strong>de</strong> um perfume para<br />
Jean-Baptiste.<br />
[49min51seg] Baldini e Grenouille montam um aparelho <strong>do</strong> tipo<br />
alambique para extrair uma essência.<br />
[51min07seg] Baldini instrui Grenouille sobre um méto<strong>do</strong> novo <strong>de</strong><br />
esfriamento <strong>do</strong> alambique supostamente inventa<strong>do</strong><br />
por ele.<br />
[53min44seg] Grenouille tenta extrair o o<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ferro, vidro e cobre<br />
por meio <strong>da</strong> <strong>de</strong>stilação.<br />
Forma correta <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> perfumes, i<strong>de</strong>ntificação e<br />
tipos <strong>de</strong> notas, volatili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Óleos essenciais, mistura <strong>de</strong> aromas.<br />
Estruturação e divisão <strong>da</strong>s notas em um perfume, volatili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e sua relação com a duração <strong>de</strong> um perfume.<br />
Destilação, extração <strong>de</strong> óleos essenciais a vapor, con<strong>de</strong>nsação,<br />
processos físicos <strong>de</strong> extração.<br />
Otimização <strong>da</strong> extração por meio <strong>do</strong> resfriamento <strong>do</strong><br />
conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação.<br />
Quais são as prerrogativas <strong>da</strong> <strong>de</strong>stilação a vapor como<br />
méto<strong>do</strong> extrativo, por que o perso<strong>na</strong>gem não obteve<br />
sucesso <strong>na</strong>s extrações.<br />
[1h01min56seg] Jean-Baptiste percebe que não possui cheiro. O que caracteriza o cheiro pessoal, por que é essencial<br />
ter o<strong>do</strong>res no corpo, concentração maior <strong>de</strong> o<strong>do</strong>res em<br />
específicas partes <strong>do</strong> corpo, o<strong>do</strong>r como fator externo ou<br />
interno.<br />
[1h09min12seg] Visão geral <strong>de</strong> uma plantação <strong>de</strong> flores e <strong>de</strong> um<br />
galpão para extração.<br />
[1h09min57seg] Do<strong>na</strong> <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong> extração explica o processo <strong>de</strong><br />
extração utiliza<strong>do</strong>.<br />
[1h19min40seg] Jean-Baptiste otimiza o processo <strong>de</strong> extração <strong>de</strong>pois<br />
que mata a prostituta.<br />
Méto<strong>do</strong> para extração <strong>de</strong> o<strong>do</strong>res utilizan<strong>do</strong> banha, polari<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
estrutura <strong>de</strong> moléculas orgânicas e sua relação<br />
com a polari<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Processo chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> enfleurage. Lipí<strong>de</strong>os, proteí<strong>na</strong>s.<br />
Retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> banha, adição <strong>de</strong> solvente, filtração, fervura,<br />
con<strong>de</strong>nsação, obtenção <strong>da</strong> essência. Lipí<strong>de</strong>os, carboidratos<br />
e proteí<strong>na</strong>s.<br />
[1h28min24seg] Grenouille extrain<strong>do</strong> mais essências <strong>da</strong>s mulheres. Visão geral <strong>da</strong>s aparelhagens <strong>de</strong> um laboratório.<br />
[2h03min15seg] Grenouille espalha o perfume <strong>na</strong> praça, crian<strong>do</strong> uma<br />
espécie <strong>de</strong> transe coletivo.<br />
Para Napolitano (2006), os alunos<br />
<strong>de</strong>ssa faixa etária apresentam inter<strong>de</strong>pendência<br />
grupal, re<strong>de</strong>finições<br />
i<strong>de</strong>ntitárias, questio<strong>na</strong>mento<br />
<strong>do</strong> senti<strong>do</strong><br />
existencial e social<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
e uma maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> abstração.<br />
Foi possível observar<br />
o total envolvimento<br />
<strong>do</strong>s alunos durante<br />
a exibição <strong>do</strong> filme,<br />
e a estruturação <strong>da</strong><br />
exibição, com para<strong>da</strong>s para a discussão<br />
<strong>de</strong> ce<strong>na</strong>s, permitiu a socialização<br />
A curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre que<br />
título seria exibi<strong>do</strong> e<br />
qual a relação <strong>do</strong> filme<br />
com a discipli<strong>na</strong> geraram<br />
uma expectativa que já<br />
<strong>de</strong>monstrava um interesse<br />
por parte <strong>do</strong>s alunos.<br />
<strong>do</strong>s conhecimentos prévios sobre a<br />
temática e nortearam as diferentes<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>na</strong>s duas escolas.<br />
Intervenção <strong>do</strong> CAp/<br />
UFPE<br />
No CAp/UFPE,<br />
as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s subsequentes<br />
à apresentação<br />
<strong>do</strong> filme<br />
foram uma pesquisa<br />
individual extraclasse,<br />
cujos resulta<strong>do</strong>s<br />
seriam compartilha<strong>do</strong>s<br />
com to<strong>da</strong> a turma <strong>na</strong>s aulas seguintes.<br />
As mediações aconteceram<br />
<strong>Química</strong> <strong>da</strong>s sensações, prazer relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> ao cheiro.<br />
durante a aula expositivo-dialógica<br />
e versaram sobre a bioquímica <strong>do</strong>s<br />
perfumes. Foram abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s<br />
relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s a lipí<strong>de</strong>os, proteí<strong>na</strong>s,<br />
carboidratos e processos <strong>de</strong><br />
extração. A produção textual que se<br />
seguiu a essa aula expositiva permitiu<br />
a avaliação <strong>do</strong>s conceitos readquiri<strong>do</strong>s<br />
pelos alunos e foi basea<strong>da</strong> em<br />
três situações-problema relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
ao filme, sen<strong>do</strong> duas relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
aos processos <strong>de</strong> extração e funções<br />
bioquímicas e a última, sobre a experiência<br />
<strong>de</strong> assistir ao filme em sala <strong>de</strong><br />
aula. Na primeira questão proposta,<br />
os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>veriam formular uma<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011
Tabela 2. Resumo <strong>da</strong>s estratégias didáticas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s.<br />
Escola Etapa Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> proposta Objetivos a serem alcança<strong>do</strong>s<br />
EEER<br />
CAp/UFPE<br />
1 Exibição <strong>do</strong> filme.<br />
2<br />
3<br />
4<br />
explicação química para uma sequência<br />
<strong>de</strong> ce<strong>na</strong>s em que o perso<strong>na</strong>gem<br />
executava um processo <strong>de</strong> extração.<br />
Observou-se, <strong>na</strong>s respostas <strong>do</strong>s alunos,<br />
que há uma total compreensão<br />
<strong>do</strong> processo utiliza<strong>do</strong> para extração<br />
e também uma compreensão sobre<br />
a relação entre os conceitos <strong>de</strong> polari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> moléculas e entropia <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong> com os trechos a seguir.<br />
Após a mistura<br />
<strong>da</strong> banha <strong>na</strong> pele/<br />
cabelo, que capta<br />
a essência corpórea<br />
individual<br />
<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mulher<br />
a partir <strong>da</strong> polari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
(apolar +<br />
apolar) é necessário<br />
adicio<strong>na</strong>r<br />
álcool para fixar<br />
(pren<strong>de</strong>r) melhor<br />
o cheiro <strong>na</strong><br />
própria mistura e<br />
aju<strong>da</strong>r <strong>na</strong> evaporação (para o<br />
processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação). Em<br />
segui<strong>da</strong>, é preciso transportar<br />
a substância (no caso até mesmo<br />
mais diluí<strong>da</strong>) para po<strong>de</strong>r<br />
realizar o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação,<br />
no qual é possível extrair<br />
o óleo essencial <strong>do</strong> “cheiro” <strong>da</strong><br />
pessoa. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe C)<br />
<strong>Aula</strong> teórica sobre a química <strong>do</strong>s<br />
perfumes.<br />
Produção textual e resolução <strong>de</strong><br />
exercícios contextualiza<strong>do</strong>s.<br />
Produção <strong>de</strong> histórias em quadrinhos<br />
relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s ao tema abor<strong>da</strong><strong>do</strong>.<br />
1 Exibição <strong>do</strong> filme.<br />
2<br />
<strong>Aula</strong> teórica sobre a bioquímica <strong>do</strong>s<br />
perfumes.<br />
3 Produção textual.<br />
Foi possível observar o<br />
total envolvimento <strong>do</strong>s<br />
alunos durante a exibição<br />
<strong>do</strong> filme, e a estruturação<br />
<strong>da</strong> exibição, com para<strong>da</strong>s<br />
para a discussão <strong>de</strong> ce<strong>na</strong>s,<br />
permitiu a socialização<br />
<strong>do</strong>s conhecimentos<br />
prévios sobre a temática<br />
e nortearam as diferentes<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>na</strong>s duas<br />
escolas.<br />
Inicialmente, o assassino<br />
prepara a banha que será<br />
utiliza<strong>da</strong> para extrair o o<strong>do</strong>r <strong>da</strong><br />
mulher. A extração ocorre por<br />
meio <strong>da</strong> afini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> banha<br />
com as substâncias presentes<br />
no corpo <strong>da</strong> vítima: a banha,<br />
que é um lipí<strong>de</strong>o, portanto é<br />
apolar, interage bem com as<br />
substâncias <strong>do</strong> corpo. Após<br />
isso, ele realiza uma diluição<br />
<strong>da</strong> banha com o<br />
álcool, para que<br />
o grau <strong>de</strong> entropia<br />
aumente<br />
passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />
sóli<strong>do</strong> (gordura)<br />
para líqui<strong>do</strong>. Esse<br />
processo vai facilitar<br />
a filtração<br />
e a consequente<br />
<strong>de</strong>stilação, uma<br />
vez que vai fazer<br />
com que as moléculas<br />
estejam<br />
mais espaça<strong>da</strong>s. Por fim, o<br />
óleo essencial vai evaporar<br />
primeiro, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua maior<br />
volatili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em segui<strong>da</strong> ele é<br />
con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong> e obti<strong>do</strong>. (Trecho<br />
<strong>da</strong> produção <strong>da</strong> equipe F)<br />
Nota-se que a equipe F, ao discutir<br />
que com o acréscimo <strong>do</strong> solvente<br />
haverá uma facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>de</strong>stilação<br />
Expor e dividir as concepções prévias a respeito <strong>da</strong> química <strong>do</strong>s<br />
perfumes com os colegas (funções orgânicas).<br />
Questio<strong>na</strong>r expon<strong>do</strong> dúvi<strong>da</strong>s pós-pesquisa e comparar opiniões<br />
e explicações com os <strong>de</strong>mais colegas.<br />
Apresentar conceitos sobre processos <strong>de</strong> extração, volatili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> funções orgânicas.<br />
Utilizar os conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s para resolver situaçõesproblema<br />
e escrita <strong>de</strong> textos.<br />
Socialização e aplicação <strong>do</strong>s conhecimentos, interação entre as<br />
equipes, utilização <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> informática.<br />
Expor e dividir as concepções prévias a respeito <strong>da</strong> química <strong>do</strong>s<br />
perfumes com os colegas (bioquímica e processos).<br />
Questio<strong>na</strong>r expon<strong>do</strong> dúvi<strong>da</strong>s pós-pesquisa e comparar opiniões<br />
e explicações com os <strong>de</strong>mais colegas.<br />
Apresentar conceitos aplica<strong>do</strong>s sobre lipí<strong>de</strong>os, carboidratos e<br />
proteí<strong>na</strong>s.<br />
Utilizar os conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s em produções textuais<br />
contextualiza<strong>da</strong>s.<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao espaçamento <strong>da</strong>s moléculas,<br />
<strong>de</strong>monstra que os alunos<br />
possuem um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>scontínuo <strong>da</strong><br />
matéria e não atribuem as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
macroscópicas <strong>da</strong>s substâncias<br />
(dissolver, no caso) às moléculas <strong>da</strong><br />
gordura. Segun<strong>do</strong> Bachelard (1984),<br />
os alunos, ao pensar <strong>de</strong>ssa forma,<br />
aban<strong>do</strong><strong>na</strong>m o atomismo substancialista<br />
e liga<strong>do</strong> aos fenômenos<br />
sensoriais e passam a mostrar uma<br />
percepção mais racio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> matéria.<br />
Com relação aos conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
Bioquímica discuti<strong>do</strong>s, foi possível<br />
observar que, mesmo o filme ten<strong>do</strong><br />
apresenta<strong>do</strong> processos simples,<br />
os alunos compreen<strong>de</strong>ram a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> corpo humano em se<br />
tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> compostos bioquímicos e<br />
compreen<strong>de</strong>ram também que esses<br />
compostos po<strong>de</strong>m estar presentes<br />
durante a extração.<br />
Entretanto, não ape<strong>na</strong>s os<br />
óleos essenciais, como também<br />
os lipí<strong>de</strong>os, carboidratos,<br />
áci<strong>do</strong>s carboxílicos e impurezas<br />
sobre a pele são carrega<strong>da</strong>s<br />
pela banha. (Trecho <strong>da</strong><br />
produção <strong>da</strong> equipe D)<br />
A gordura é uma substância<br />
apolar, forma<strong>da</strong> por ca<strong>de</strong>ias<br />
gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> triésteres, usa<strong>da</strong>s<br />
para extrair os aromas <strong>do</strong> corpo<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011<br />
163
164<br />
a partir <strong>do</strong>s óleos essenciais<br />
e consequentemente retirava<br />
os carboidratos, áci<strong>do</strong>s graxos<br />
e proteí<strong>na</strong>s. O<br />
cabelo teve uma<br />
atenção especial<br />
pelo fato <strong>de</strong> possuir<br />
uma gran<strong>de</strong><br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sses<br />
óleos. (Trecho<br />
<strong>da</strong> produção <strong>da</strong><br />
equipe G)<br />
Ao passar a banha<br />
por to<strong>do</strong> o<br />
corpo, Jean consegue<br />
retirar as<br />
proteí<strong>na</strong>s, carboidratos<br />
e lipí<strong>de</strong>os<br />
existentes no<br />
corpo e nos pelos. (Trecho <strong>da</strong><br />
produção <strong>da</strong> equipe H)<br />
No segun<strong>do</strong> problema, os alunos<br />
<strong>de</strong>veriam oferecer um quadro<br />
comparativo entre <strong>do</strong>is processos<br />
<strong>de</strong> extração apresenta<strong>do</strong>s no filme:<br />
um processo <strong>de</strong> extração a quente,<br />
utilizan<strong>do</strong> água como solvente; e<br />
outro processo <strong>de</strong> extração a frio,<br />
utilizan<strong>do</strong> banha <strong>de</strong> porco como<br />
solvente. A equipe D consi<strong>de</strong>rou o<br />
mesmo solvente nos <strong>do</strong>is processos,<br />
o que contribuiu para que eles não<br />
conseguissem discutir a diferença<br />
entre as duas extrações (solvente<br />
polar e apolar), apresentan<strong>do</strong> uma<br />
explicação basea<strong>da</strong> no aumento <strong>da</strong><br />
pressão <strong>de</strong> vapor <strong>do</strong>s compostos,<br />
como se observa no trecho abaixo.<br />
No primeiro processo, ele<br />
pôs a mulher inteira em um<br />
tubo cheio <strong>de</strong> banha <strong>de</strong>rreti<strong>da</strong><br />
(a quente) e no segun<strong>do</strong> ele<br />
aplicou a banha fria diretamente<br />
<strong>na</strong> pele <strong>da</strong> mulher. Ele não<br />
obteve sucesso no primeiro<br />
processo <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à alta pressão<br />
<strong>de</strong> vapor <strong>do</strong>s compostos<br />
provenientes <strong>da</strong> mulher, que<br />
acabaram se volatilizan<strong>do</strong> com<br />
a alta temperatura. (Trecho <strong>da</strong><br />
produção <strong>da</strong> equipe D)<br />
Os <strong>de</strong>mais alunos respon<strong>de</strong>ram à<br />
questão consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a diferença <strong>de</strong><br />
polari<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os solventes e seu<br />
O uso <strong>do</strong> cinema em sala<br />
<strong>de</strong> aula, <strong>na</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
proposta, <strong>de</strong>monstrou<br />
ser um veículo atrativo,<br />
<strong>de</strong> interação social, que<br />
incentivou a pesquisa<br />
e estimulou os alunos a<br />
perceberem que é possível<br />
notar arte e ciência em<br />
to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>de</strong><br />
nossas vi<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />
um significa<strong>do</strong> àqueles<br />
conceitos que apren<strong>de</strong>mos<br />
em sala <strong>de</strong> aula.<br />
papel <strong>na</strong> extração <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong><br />
interesse. Os alunos também salientaram<br />
em suas respostas o papel <strong>da</strong><br />
temperatura no pro-<br />
cesso,<strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> conhecimentos<br />
relativos à volatili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong><br />
forma bem aplica<strong>da</strong><br />
às ce<strong>na</strong>s <strong>do</strong> filme.<br />
Por fim, foi pergunta<strong>do</strong><br />
às equipes sobre<br />
a experiência <strong>de</strong> se<br />
assistir a um filme<br />
em sala <strong>de</strong> aula que<br />
aparentemente não<br />
tem qualquer relação<br />
com <strong>Química</strong>. Essa<br />
pergunta foi formula<strong>da</strong><br />
a partir <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ia<br />
<strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> aprendizagem<br />
é basea<strong>do</strong> <strong>na</strong> construção <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Vygotsky (1988).<br />
Para o autor, a aprendizagem ocorre<br />
no momento em que o indivíduo interage<br />
discursivamente e só então constrói<br />
significa<strong>do</strong>s, contextualizan<strong>do</strong> e socializan<strong>do</strong><br />
seus conhecimentos prévios.<br />
O uso <strong>do</strong> cinema em sala <strong>de</strong> aula,<br />
<strong>na</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> proposta, <strong>de</strong>monstrou<br />
ser um veículo atrativo, <strong>de</strong> interação<br />
social, que incentivou a pesquisa e<br />
estimulou os alunos a perceberem<br />
que é possível notar arte e ciência em<br />
to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>de</strong> nossas vi<strong>da</strong>s,<br />
<strong>da</strong>n<strong>do</strong> um significa<strong>do</strong> àqueles conceitos<br />
que apren<strong>de</strong>mos em sala <strong>de</strong> aula,<br />
conforme os trechos a seguir.<br />
A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> proposta foi uma<br />
experiência bastante enriquece<strong>do</strong>ra.<br />
A aparente surpresa<br />
<strong>de</strong> assistir a um filme (não<br />
<strong>do</strong>cumentário) com tantas<br />
aplicações químicas foi bastante<br />
prazerosa e diverti<strong>da</strong>,<br />
pois nos <strong>de</strong>monstrou outras<br />
possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s no aprendiza<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong>. O filme mostrou os<br />
aspectos químicos <strong>de</strong> forma<br />
simples e, acompanha<strong>do</strong> por<br />
quem tem um bom conhecimento,<br />
tornou-os bastante<br />
perceptíveis. Tu<strong>do</strong> <strong>na</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
foi agradável, pois levou <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a um <strong>de</strong>bate coletivo até uma<br />
aula explicativa que culminou<br />
<strong>na</strong> melhor compreensão <strong>do</strong><br />
assunto. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe I)<br />
A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> nos fez perceber<br />
a forte presença <strong>da</strong> <strong>Química</strong><br />
no nosso cotidiano e as várias<br />
formas em que po<strong>de</strong>mos nos<br />
aproveitar <strong>de</strong>la. A dinâmica utiliza<strong>da</strong><br />
durante a exibição, com<br />
intervenções e comentários, foi<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> aju<strong>da</strong> para ampliar<br />
nossa visão química sobre as<br />
ce<strong>na</strong>s. Apesar <strong>do</strong> filme girar em<br />
torno <strong>de</strong> outra temática, on<strong>de</strong> é<br />
retrata<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Grenouille,<br />
o trabalho em grupo realiza<strong>do</strong><br />
pelos alunos e pelas professoras<br />
foi uma forma diferente<br />
e interessante <strong>de</strong> se estu<strong>da</strong>r<br />
Bioquímica. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe F)<br />
Assistir ao filme Perfume foi<br />
uma experiência ímpar nos<br />
quatro anos <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Química</strong>. Além <strong>de</strong> ser uma película<br />
agradável e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
artísticas, ela colaborou com a<br />
contextualização <strong>do</strong> assunto <strong>de</strong><br />
sala <strong>de</strong> aula – momento que<br />
tanto faz falta no ensino médio<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral [...]. (Trecho <strong>da</strong><br />
produção <strong>da</strong> equipe B)<br />
Intervenção <strong>da</strong> EEER<br />
Após a exibição <strong>do</strong> filme, os alunos<br />
foram estimula<strong>do</strong>s a realizar uma pesquisa<br />
sobre a química <strong>do</strong>s perfumes,<br />
ten<strong>do</strong> em mãos situações-problema<br />
nortea<strong>do</strong>ras. As questões relacio<strong>na</strong>vam<br />
as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s químicas <strong>do</strong>s<br />
perfumes e o<strong>do</strong>res a uma abor<strong>da</strong>gem<br />
mais social. A primeira pergunta <strong>de</strong>safiava<br />
os alunos a tentar relacio<strong>na</strong>r<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> perso<strong>na</strong>gem que não<br />
fossem as <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> cheiros.<br />
Po<strong>de</strong>mos observar uma heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>na</strong>s respostas conforme trechos<br />
abaixo. Os alunos não <strong>de</strong>senvolveram<br />
em suas respostas questões <strong>do</strong> âmbito<br />
<strong>da</strong> ética como, por exemplo, matar<br />
para obter as essências e a cruel<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
em torno <strong>de</strong> um projeto pessoal.<br />
Ele não tinha quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
(Trecho <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> equipe<br />
I)<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011
Ele era gênio por ter feito um<br />
perfume capaz <strong>de</strong> manipular o<br />
mun<strong>do</strong>, era <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong>, pois<br />
queria ser o melhor perfumista<br />
<strong>da</strong> época. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe F)<br />
Para Grenouille o olfato era<br />
sua única via <strong>de</strong> reconhecimento<br />
e relacio<strong>na</strong>mento com o<br />
mun<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> assim ele acabou<br />
cometen<strong>do</strong> males incorrigíveis<br />
e imper<strong>do</strong>áveis, porém<br />
não se po<strong>de</strong> negar que ele era<br />
muito trabalha<strong>do</strong>r, inteligente,<br />
perseverante, não <strong>de</strong>sistiu e<br />
conseguiu criar a melhor essência<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. (Trecho <strong>da</strong><br />
produção <strong>da</strong> equipe A)<br />
Na segun<strong>da</strong> questão, os alunos<br />
<strong>de</strong>veriam relacio<strong>na</strong>r o aparente<br />
<strong>de</strong>saparecimento <strong>do</strong> cheiro <strong>do</strong><br />
corpo <strong>da</strong> moça com a fi<strong>na</strong>lização<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s metabólicas a partir<br />
<strong>da</strong> morte. Essa informação <strong>de</strong>veria<br />
ter si<strong>do</strong> apreendi<strong>da</strong><br />
após a pesquisa<br />
extraclasse. Uma<br />
equipe justificou o<br />
<strong>de</strong>saparecimento<br />
utilizan<strong>do</strong> o termo<br />
evaporação. Nenhuma<br />
<strong>da</strong>s equipes<br />
discutiu a mu<strong>da</strong>nça<br />
<strong>de</strong> aromas a partir<br />
<strong>da</strong> morte nem o<br />
processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição<br />
<strong>do</strong> corpo. De acor<strong>do</strong><br />
com as respostas a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s, há<br />
uma confusão evi<strong>de</strong>nte com os<br />
o<strong>do</strong>res forma<strong>do</strong>s pós-morte. Na próxima<br />
pergunta, os alunos <strong>de</strong>veriam<br />
associar a aplicação <strong>do</strong> perfume<br />
sobre o lenço com a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
volatilização <strong>da</strong>s substâncias aromáticas<br />
e a influência <strong>da</strong> percepção<br />
<strong>da</strong>s notas a partir <strong>da</strong> interação <strong>do</strong><br />
perfume com a pele.<br />
Ao colocar o perfume sobre<br />
a pele, o cheiro <strong>do</strong> perfume<br />
se mistura com o cheiro <strong>da</strong><br />
própria pessoa, pois a pele tem<br />
cheiro. (Trecho <strong>da</strong> produção <strong>da</strong><br />
equipe I)<br />
A química e a oleosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Para os alunos, foi<br />
importante não só<br />
i<strong>de</strong>ntificar as funções<br />
orgânicas por meio <strong>da</strong><br />
memorização <strong>de</strong>las, mas<br />
compreen<strong>de</strong>r que as<br />
diferenciar é a forma mais<br />
aplica<strong>da</strong> <strong>de</strong> caracterizá-las<br />
em essências, aromas e<br />
perfumes.<br />
<strong>na</strong>tural <strong>da</strong> pele reagem com as<br />
essências <strong>do</strong> perfume, fazen<strong>do</strong><br />
com que ele nunca fique igual<br />
<strong>de</strong> pessoa para pessoa, sen<strong>do</strong><br />
assim o lenço neutro, sem<br />
oleosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>na</strong>turais, o mesmo<br />
aplica o perfume no lenço. (Trecho<br />
<strong>da</strong> produção <strong>da</strong> equipe A)<br />
Porque a pele é uma característica<br />
essencial <strong>na</strong> fixação <strong>de</strong><br />
um perfume e os tipos <strong>de</strong>stes<br />
variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a miscige<strong>na</strong>ção<br />
até a porosi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em peles<br />
oleosas as fragrâncias duram<br />
mais, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à oleosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
pele que combi<strong>na</strong> com as notas<br />
e as essências. Nas peles<br />
secas as fragrâncias evaporam<br />
com maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />
porosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a essência não<br />
tem como se fixar. (Trecho <strong>da</strong><br />
produção <strong>da</strong> equipe F)<br />
Percebe-se que os alunos formulam<br />
explicações basea<strong>da</strong>s em<br />
proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ma-<br />
croscópicas, não relacio<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />
tamanho<br />
e polari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s moléculas<br />
orgânicas à<br />
volatili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mesmo<br />
ten<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> uma<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa<br />
antes <strong>da</strong> discussão<br />
com o gran<strong>de</strong> grupo,<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> essa em que<br />
pu<strong>de</strong>ram discutir a<br />
estrutura <strong>de</strong> um perfume e a divisão<br />
e combi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> suas fragrâncias (as<br />
chama<strong>da</strong>s notas), os alunos não se<br />
referiram à estruturação <strong>do</strong> perfume<br />
em notas e <strong>na</strong>s diferenças estruturais<br />
entre elas, o que causou uma<br />
repetição <strong>de</strong> respostas simplistas à<br />
questão. A partir <strong>de</strong>ssa problemática,<br />
é preciso apresentar aos alunos<br />
a diferença entre as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
macro e microscópicas <strong>da</strong> matéria e<br />
a relação <strong>de</strong>stas com os fenômenos<br />
percebi<strong>do</strong>s.<br />
A questão seguinte dizia respeito<br />
ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação e às<br />
diferenças entre as amostras que o<br />
perso<strong>na</strong>gem escolheu para <strong>de</strong>stilar.<br />
Os alunos <strong>de</strong>veriam i<strong>de</strong>ntificar porque<br />
o perso<strong>na</strong>gem principal não obteve<br />
sucesso quan<strong>do</strong> tentou <strong>de</strong>stilar ferro<br />
e vidro. A maioria <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes<br />
relacionou a presença <strong>de</strong> óleos essenciais<br />
ao sucesso <strong>da</strong> extração no<br />
primeiro caso conforme os trechos<br />
abaixo.<br />
No processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação<br />
somente é extraí<strong>do</strong> óleos essenciais<br />
<strong>de</strong> plantas (raízes,<br />
folhas, flores, sementes), neste<br />
caso a vapor. O vapor <strong>de</strong> água<br />
quebra os teci<strong>do</strong>s <strong>da</strong> planta<br />
liberan<strong>do</strong> o óleo essencial em<br />
forma vaporiza<strong>da</strong>. As essências<br />
vaporiza<strong>da</strong>s, juntamente com<br />
o vapor <strong>de</strong> água, passam por<br />
um duto e são envia<strong>do</strong>s para<br />
compartimentos <strong>de</strong> resfriamento.<br />
Os vapores retor<strong>na</strong>m à<br />
forma líqui<strong>da</strong>, são separa<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> água e captura<strong>do</strong>s como<br />
óleo essencial puro <strong>de</strong> uma<br />
planta. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe A)<br />
Porque as rosas possuem<br />
óleos essenciais e outros objetos<br />
não possuem, como o<br />
aroma <strong>do</strong>s perfumes é obti<strong>do</strong><br />
a partir <strong>da</strong> fermentação, o único<br />
meio <strong>de</strong> se extrair essências<br />
é pelas coisas que possuem<br />
notas. (Trecho <strong>da</strong> produção <strong>da</strong><br />
equipe F)<br />
Porque as rosas contêm o<br />
óleo <strong>de</strong> essência e os objetos<br />
não contém. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe I)<br />
Ele conseguiu retirar o cheiro<br />
<strong>da</strong>s rosas porque ela tem essência.<br />
E não conseguiu tirar<br />
o cheiro <strong>do</strong>s objetos porque<br />
eles não possuem essência<br />
(cheiro). Com exceção <strong>do</strong> gato,<br />
pois ele obteria sucesso se tivesse<br />
escolhi<strong>do</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
partes <strong>do</strong> animal, por exemplo,<br />
a pele e a gordura. (Trecho <strong>da</strong><br />
produção <strong>da</strong> equipe C)<br />
A última pergunta, que foi bastante<br />
discuti<strong>da</strong> no <strong>de</strong>bate pós-filme,<br />
referia-se ao perfil <strong>do</strong> perso<strong>na</strong>gem e<br />
não se relacio<strong>na</strong>va à <strong>Química</strong>, mas<br />
se apresentou como importante<br />
para que os alunos e suas equipes<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011<br />
165
166<br />
pu<strong>de</strong>ssem pensar sobre questões<br />
éticas e sociais apresenta<strong>da</strong>s. To<strong>do</strong>s<br />
concor<strong>da</strong>ram que atitu<strong>de</strong>s que<br />
provocam exclusão, as mínimas<br />
que sejam, po<strong>de</strong>m ser refletivas em<br />
comportamentos futuros. Os alunos<br />
acrescentaram ao <strong>de</strong>bate questio<strong>na</strong>mentos<br />
sobre exclusão, violência e o<br />
papel <strong>da</strong> mulher <strong>na</strong><br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A próxima ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
consistiu em<br />
uma aula expositivodialógica,<br />
<strong>na</strong> qual os<br />
alunos foram apresenta<strong>do</strong>s<br />
à química<br />
<strong>do</strong>s perfumes, apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />
sua estrutura,<br />
formação e produção<br />
<strong>de</strong> perfumes, interação<br />
e extração <strong>de</strong> essências<br />
e compostos<br />
presentes nos óleos<br />
essenciais. Nesse<br />
momento, os alunos<br />
pu<strong>de</strong>ram fazer associações<br />
entre os conhecimentos<br />
prévios<br />
que traziam e aqueles<br />
a que estavam<br />
sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que assistiram ao filme. Novamente,<br />
a priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> processo<br />
<strong>de</strong> aprendizagem foi a construção<br />
<strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s, contextualizan<strong>do</strong><br />
a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> funções com as<br />
moléculas presentes nos perfumes<br />
e inserin<strong>do</strong> algum significa<strong>do</strong> ao<br />
procedimento <strong>de</strong> diferenciar se uma<br />
molécula é um áci<strong>do</strong> ou uma ceto<strong>na</strong>,<br />
como nos instrui Vygotsky (1988).<br />
Para os alunos, foi importante não<br />
só i<strong>de</strong>ntificar as funções orgânicas<br />
por meio <strong>da</strong> memorização <strong>de</strong>las, mas<br />
compreen<strong>de</strong>r que as diferenciar é a<br />
forma mais aplica<strong>da</strong> <strong>de</strong> caracterizálas<br />
em essências, aromas e perfumes.<br />
Após a exposição dialoga<strong>da</strong>,<br />
os alunos receberam as questões<br />
<strong>do</strong> tipo situação-problema e to<strong>da</strong>s as<br />
equipes conseguiram i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong><br />
forma correta as funções solicita<strong>da</strong>s<br />
nos exercícios, além <strong>de</strong> diferenciar<br />
o processo <strong>de</strong> extração, utilizan<strong>do</strong><br />
conceitos <strong>de</strong> polari<strong>da</strong><strong>de</strong> e volatili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong>s moléculas, o que não foi visto<br />
quan<strong>do</strong> o primeiro questionário foi<br />
respondi<strong>do</strong>.<br />
O filme utiliza<strong>do</strong> atuou,<br />
segun<strong>do</strong> Marcelino-Jr. e<br />
cols. (2004), como um<br />
elemento configura<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> uma diferente relação<br />
entre professor, estu<strong>da</strong>ntes<br />
e conteú<strong>do</strong>s, não sen<strong>do</strong><br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s<br />
como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
extra <strong>de</strong>sconecta<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s a serem<br />
abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s no ano letivo.<br />
[...] Além <strong>de</strong> se mostrar<br />
como uma ferramenta<br />
que aju<strong>da</strong> a resgatar<br />
conhecimentos prévios e<br />
a relacio<strong>na</strong>r a ciência com<br />
a arte e questões sociais,<br />
é ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para a<br />
socialização sem me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
conhecimentos <strong>do</strong>s alunos.<br />
Semelhante ao que foi apresenta<strong>do</strong><br />
no CAp/UFPE, para avaliar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
propostas, a terceira pergunta<br />
<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> questionário solicitava<br />
que os alunos <strong>de</strong>screvessem sobre<br />
a experiência <strong>de</strong> assistir a um filme<br />
sem qualquer relação aparente com<br />
<strong>Química</strong>. Os alunos avaliaram a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
como diverti<strong>da</strong><br />
e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>,<br />
merecen<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>staque os trechos<br />
<strong>da</strong>s equipes abaixo.<br />
Ver o filme <strong>na</strong><br />
aula <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
foi importante<br />
pra gente compreen<strong>de</strong>r<br />
que a<br />
<strong>Química</strong> faz parte<br />
<strong>da</strong>s nossas vi<strong>da</strong>s.<br />
Nunca antes<br />
assistimos a<br />
um filme conversan<strong>do</strong><br />
sobre ele<br />
durante as ce<strong>na</strong>s<br />
e também com<br />
<strong>de</strong>bate <strong>de</strong>pois.<br />
Normalmente os<br />
professores não<br />
dão significa<strong>do</strong><br />
após o filme. Apren<strong>de</strong>r <strong>Química</strong><br />
<strong>de</strong>ssa forma foi bastante<br />
produtivo. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe A)<br />
Já que é possível usar filmes<br />
em aulas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> aqui no<br />
colégio, porque só agora nós<br />
tivemos essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>? Faltam<br />
professores prepara<strong>do</strong>s<br />
e antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isso, força <strong>de</strong><br />
vonta<strong>de</strong>. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe E)<br />
Figura 1<br />
Apren<strong>de</strong>mos, nos divertimos<br />
e ain<strong>da</strong> vimos que <strong>Química</strong> não<br />
é um bicho como muita gente<br />
pensa. (Trecho <strong>da</strong> produção<br />
<strong>da</strong> equipe F)<br />
Por fim, partiu <strong>do</strong>s próprios alunos<br />
a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> materiais que<br />
servissem como avaliação fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> proposta. Após um intenso<br />
<strong>de</strong>bate entre as equipes, a turma escolheu<br />
produzir histórias em quadrinhos<br />
cujos roteiros estivessem centra<strong>do</strong>s<br />
nos conceitos discuti<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s últimas<br />
aulas. O uso <strong>de</strong> quadrinhos <strong>na</strong>s aulas<br />
<strong>de</strong> ciências já foi relata<strong>do</strong> em alguns<br />
estu<strong>do</strong>s como sen<strong>do</strong> um importante<br />
meio <strong>de</strong> divulgação científica, além <strong>de</strong><br />
servir como exercício <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />
textos e roteiros, exercício <strong>do</strong> humor,<br />
sensibilização com relação à arte e<br />
trabalho em equipe (Ferreira e cols.,<br />
2009; Santos, 2003). Os alunos utilizaram<br />
o site Strip Generator 2 que permite<br />
a criação <strong>de</strong> tirinhas ou histórias em<br />
quadrinhos online e a Figura 1 exemplifica<br />
uma <strong>da</strong>s criações <strong>da</strong>s equipes.<br />
Durante essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> fi<strong>na</strong>l, os<br />
alunos foram <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>s a criar<br />
histórias curtas <strong>na</strong>s quais pu<strong>de</strong>ram<br />
apresentar os conceitos aprendi<strong>do</strong>s<br />
por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>duções e diálogos<br />
criativos. O uso <strong>de</strong> histórias em<br />
quadrinhos em aulas <strong>de</strong> ciências e<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> especificamente vem<br />
sen<strong>do</strong> reporta<strong>do</strong> como mais um tipo<br />
<strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que proporcio<strong>na</strong> uma<br />
maior compreensão <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s<br />
pelos alunos a partir <strong>do</strong> momento<br />
que pensam e produzem as histórias.<br />
Além disso, os estu<strong>da</strong>ntes exercitam<br />
a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> síntese, a leitura, a<br />
produção <strong>de</strong> textos e a i<strong>de</strong>ntificação e<br />
utilização <strong>da</strong> linguagem visual durante<br />
a construção <strong>da</strong>s tirinhas.<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011
Consi<strong>de</strong>rações fi<strong>na</strong>is<br />
As estratégias utiliza<strong>da</strong>s neste<br />
trabalho reafirmam o uso <strong>do</strong> cinema<br />
em aulas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e os ganhos no<br />
processo <strong>de</strong> ensino aprendizagem<br />
<strong>de</strong>ssa discipli<strong>na</strong>. O filme utiliza<strong>do</strong><br />
atuou, segun<strong>do</strong> Marcelino-Jr. e cols.<br />
(2004), como um elemento configura<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> uma diferente relação entre<br />
professor, estu<strong>da</strong>ntes e conteú<strong>do</strong>s,<br />
não sen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s como<br />
uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> extra <strong>de</strong>sconecta<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s a serem abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s no<br />
ano letivo. Os resulta<strong>do</strong>s só reforçam<br />
a função <strong>do</strong> cinema e <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
interdiscipli<strong>na</strong>res e significativas como<br />
auxiliares no processo <strong>de</strong> ensino e<br />
aprendizagem <strong>de</strong> <strong>Química</strong>. Além <strong>de</strong><br />
se mostrar como uma ferramenta<br />
que aju<strong>da</strong> a resgatar conhecimentos<br />
prévios e a relacio<strong>na</strong>r a ciência com<br />
a arte e questões sociais, é ponto <strong>de</strong><br />
Referências<br />
BACHELARD, G. A filosofia <strong>do</strong> não;<br />
O novo espírito científico; A poética <strong>do</strong><br />
espaço. São Paulo: Abril Cultural, 1984.<br />
(Série Os pensa<strong>do</strong>res).<br />
CUNHA, M.B. e GIORDAN, M. A imagem<br />
<strong>da</strong> ciência no cinema. <strong>Química</strong> Nova<br />
<strong>na</strong> Escola, n. 1, v. 31, 2009.<br />
FERREIRA, D.M.; FRACETO, L.F. e LEO-<br />
NARDO, F. Histórias em quadrinhos: uma<br />
ferramenta para o ensino <strong>de</strong> química. In:<br />
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO<br />
QUÍMICA, 7, 2009, Salva<strong>do</strong>r. A<strong>na</strong>is...<br />
Disponível em: < http://www.abq.org.br/<br />
simpequi/2009/trabalhos/60-5668.htm>.<br />
Acesso em: 1 abr. 2010.<br />
MARCELINO-JR., C.A.C.; BARBOSA,<br />
parti<strong>da</strong> para a socialização sem me<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s conhecimentos <strong>do</strong>s alunos. A<br />
avaliação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s propostas<br />
por meio <strong>da</strong>s discussões em grupo<br />
e <strong>da</strong>s produções textuais <strong>do</strong>s alunos<br />
nos permite observar que a utilização<br />
<strong>de</strong> um filme comercial relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> à<br />
temática química <strong>do</strong>s perfumes cumpriu<br />
os objetivos traça<strong>do</strong>s e auxiliou<br />
a autoconstrução <strong>de</strong> conceitos e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e a socialização <strong>de</strong><br />
conhecimentos por parte <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes.<br />
Os alunos pu<strong>de</strong>ram também<br />
apresentar os conceitos aprendi<strong>do</strong>s,<br />
utilizan<strong>do</strong> para isso a produção <strong>de</strong><br />
histórias em quadrinhos relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
ao tema. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que envolveu<br />
produção <strong>de</strong> texto, síntese <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias<br />
e uso <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> informática,<br />
<strong>de</strong>monstrou ser uma gran<strong>de</strong> alia<strong>da</strong> à<br />
chama<strong>da</strong> alfabetização científica, além<br />
<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> estímulo à curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
ao aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes.<br />
R.M.N.; CAMPOS, A.F.; LEÃO, M.B.C.;<br />
CUNHA, H.S. e PAVÃO, A.C. Perfumes<br />
e essências: a utilização <strong>de</strong> um ví<strong>de</strong>o <strong>na</strong><br />
abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> funções orgânicas. <strong>Química</strong><br />
Nova <strong>na</strong> Escola, n. 19, 2004.<br />
NAPOLITANO, M. Como usar o cinema<br />
<strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula. 4. ed. São Paulo: Contexto,<br />
2006.<br />
PERFUME, a história <strong>de</strong> um assassino.<br />
Direção: Tom Tykwer. Produção: Bernd<br />
Eichinger. Intérpretes: Ben Whishaw; Alan<br />
Rickman; Rachel Hurd-Wood e Dustin<br />
Hoffman. Roteiro: Andrew Birkin. Música:<br />
Tom Tykwer; Johnny Klimek; Reinhold Heil.<br />
Paris Filmes, c2006. 1 DVD (147 min), fullscreen,<br />
color. Produzi<strong>do</strong> por Paris Filmes e<br />
Constantin Film.<br />
SANTOS, R.E.A História em quadrinhos<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA <strong>Utilização</strong> <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> <strong>na</strong> <strong>Sala</strong> <strong>de</strong> <strong>Aula</strong><br />
Vol. 33, N° 3, AGOSTO 2011<br />
Notas<br />
1. Não foi objetivo <strong>do</strong> trabalho<br />
fazer quaisquer comparações entre<br />
as duas escolas e turmas. A divisão<br />
se <strong>de</strong>u pelo fato <strong>de</strong> o filme ter apresenta<strong>do</strong><br />
subsídios suficientes para<br />
ser a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> ao currículo <strong>da</strong>s duas<br />
instituições, que são distintos.<br />
2. As histórias em quadrinhos<br />
po<strong>de</strong>m ser cria<strong>da</strong>s e armaze<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
gratuitamente no site www.stripgenerator.com<br />
Paloma Nascimento <strong>do</strong>s Santos (pns.paloma@gmail.<br />
com), licencia<strong>da</strong> e mestre em <strong>Química</strong> pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco (UFRPE), é<br />
professora <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Governo<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco. Kátia Apareci<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
Silva Aquino (aquino@ufpe.br), licencia<strong>da</strong> em<br />
<strong>Química</strong> pela UFRPE e <strong>do</strong>utora em Tecnologias<br />
Energéticas Nucleares pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco (UFPE), é professora <strong>do</strong> Colégio<br />
<strong>de</strong> <strong>Aplicação</strong> e pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong><br />
Energia Nuclear <strong>da</strong> UFPE.<br />
<strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula. In: CONGRESSO BRASI-<br />
LEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO,<br />
26, 2003, Belo Horizonte. A<strong>na</strong>is... São<br />
Paulo: PORTCOM/INTERCOM; Belo Horizonte:<br />
PUC-MG, 2003. [CD-ROM]<br />
VYGOTSKY, L.S. Formação social <strong>da</strong><br />
mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.<br />
Para saber mais<br />
SÜSKIND, P. O perfume: a história <strong>de</strong><br />
um assassino. Rio <strong>de</strong> Janeiro: BestBolso,<br />
2008.<br />
MASCARELLO, F. História <strong>do</strong> cinema<br />
mundial. Campi<strong>na</strong>s: Papirus, 2006.<br />
FORTINEAU, A.D. Chemistry perfumes<br />
your <strong>da</strong>ily life. Jour<strong>na</strong>l of Chemical Education,<br />
n. 1, v. 81, 2004.<br />
Abstract: The Usage of <strong>Cinema</strong> in Classroom: Application of Perfumes Chemistry in Oxygen Organic Functions Teaching and Biochemistry - This paper reports a di<strong>da</strong>ctic intervention carried out<br />
with high-school stu<strong>de</strong>nts in two classes, that involved a commercial movie as a motivating activity to discuss organic functions and biochemistry. Activities inclu<strong>de</strong>d preconceptions rescue for the<br />
stu<strong>de</strong>nts, discussion and text production after viewing the movie based in “Chemistry of Perfumes”.<br />
Keywords: cinema, perfumes, organic chemistry<br />
167