MODELAGEM AMBIENTAL DO RESERVATÓRIO DO IRAI: estudo ...
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<strong>MODELAGEM</strong> <strong>AMBIENTAL</strong> <strong>DO</strong> <strong>RESERVATÓRIO</strong> <strong>DO</strong> <strong>IRAI</strong>: <strong>estudo</strong> preliminar da<br />
Fundão - Cx.Po. 68508; CEP:21945-970 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
variação de temperatura<br />
Cynara L. da Nóbrega Cunha 1 ; Guilherme Augusto Stefanelo Franz 2 , Aldo Pacheco<br />
Ferreira 3 ; Paulo C. C. Rosman 4 .<br />
RESUMO - Este trabalho apresenta uma modelagem ambiental preliminar do reservatório do Irai,<br />
com a simulação do parâmetro temperatura. O modelo é parte do SisBAHIA, sistema base de<br />
hidrodinâmica Ambiental. São apresentados os dados de radiação medidos e os calculados pelo<br />
modelo proposto, mostrando que para simulações de longa duração, o modelo proposto é bastante<br />
eficiente. A simulação refere-se ao período entre 01/04/2002 e 30/04/2003. Os resultados de<br />
temperatura obtidos pelo modelo foram confrontados com dados de campo medidos em alguns<br />
pontos do reservatório, apresentaram uma boa concordância.<br />
ABSTRACT --- In this work a preliminary environmental modelling of the Irai reservoir, with the<br />
simulation of the temperature parameter, is presented. This model is part of the Sistema de Base<br />
Hidrodinâmica Ambiental, denominated SisBaHia ® . The radiation data measured and computed by<br />
the proposed model are presented, demonstrating that the proposed model is quite efficient of long<br />
duration simulations. The application corresponds to the period between 01/04/2002 and<br />
30/04/2003. The temperature results furnished by the numerical model are compared with the<br />
measured data in some defined points of the reservoir and, good level of agreement is achieved.<br />
Palavras Chave: Modelagem ambiental – reservatório do irai – modelo de temperatura.<br />
1 Professor da Universidade Federal do Paraná, LEMMA/UFPR - Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19100, CEP:<br />
81531-990, Curitiba, Brasil. Email: cynara@ufpr.br<br />
2 Mestrando em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental da Universidade Federal do Paraná, LEMMA/UFPR - Centro Politécnico da<br />
Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19100, CEP: 81531-990, Curitiba, Brasil. Email: guifranz@gmail.com<br />
3 CESTEH/ENSP/FIOCRUZ – Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca,<br />
Fundação Oswaldo Cruz, Rua Leopoldo Bulhões 1480, Manguinhos. 21041-210 Rio de Janeiro RJ, Brasil. aldoferreira@ensp.fiocruz.br.<br />
4 Programa de Engenharia Oceânica – Área de Eng. Costeira - COPPE Universidade Federal do Rio de Janeiro. Campus Universitário – Ilha do<br />
1
INTRODUÇÃO<br />
A construção de um reservatório provoca impactos negativos e positivos no meio ambiente<br />
modificando as condições de escoamento; assim, por exemplo, um local onde anteriormente havia a<br />
predominância de elevadas velocidades, transforma-se num local de escoamento lento, com grande<br />
profundidade e largura.<br />
Um problema ambiental que merece destaque é a eutrofização de reservatórios. Este<br />
fenômeno é parte do processo natural de envelhecimento dos lagos, que ocorreria<br />
independentemente das atividades do homem; no entanto, pode acontecer de forma artificial,<br />
provocada pelo excesso de nutrientes lançados no corpo d’água. Reservatórios e lagos são sistemas<br />
abertos que recebem grande parte dos poluentes da bacia hidrográfica, carreados pelas chuvas. São,<br />
portanto, parte integrante da bacia hidrográfica e apresentam problemas de qualidade de água, com<br />
o aumento da carga de nutrientes e matéria orgânica; como conseqüência, ocorre um aumento na<br />
taxa de produção primária, originando o processo denominado eutrofização.<br />
Os índices de trofia de um determinado reservatório podem ser determinados a partir do<br />
conhecimento de determinados parâmetros de qualidade de água, como a concentração de fósforo e<br />
clorofila_a. Nestes casos, a temperatura tem papel importante, como parâmetro regulador das<br />
reações cinéticas envolvendo estes parâmetros. Quando um reservatório altera seu estado trófico,<br />
reservatórios menos produtivos podem ser transformados em reservatórios mais produtivos,<br />
trazendo graves problemas para o corpo d´água. Com o aumento da concentração de nutrientes, a<br />
produtividade do fitoplâncton é incrementada. Nesta condição, apenas as espécies adaptadas<br />
sobrevivem, diminuindo assim a diversidade do reservatório.<br />
A produtividade e o crescimento e/ou morte da biomassa de fitoplâncton são controladas pelas<br />
variações da temperatura do corpo d´água, pela morfologia do reservatório, pelas variações de<br />
nutrientes e por outros fatores, tais como as variações das vazões afluentes e efluentes e pelo tempo<br />
de residência deste corpo d´água. Sendo assim, qualquer alteração nestas variáveis pode acelerar o<br />
crescimento dos fitoplânctons, estabelecendo uma floração de algas, onde algumas espécies, mais<br />
adaptadas, se tornam predominantes.<br />
As variações no aporte de nutrientes e, conseqüentemente, as variações de concentrações no<br />
corpo d´água e a penetração da luz na coluna d´água são os principais responsáveis pela distribuição<br />
temporal dos fitoplânctons em lagos e reservatórios. Outros fatores como o herbivorismo dos<br />
zooplânctons e mecanismos de transporte associados ao tempo de residência também regulam a<br />
dinâmica temporal (Chapra (1997)).<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
2
O balanço da taxa de crescimento dos fitoplânctons pode ser obtido, considerando a<br />
Clorofila_a como indicador da concentração da biomassa de fitoplânctons. Sendo assim, a taxa de<br />
crescimento passa a ser função da temperatura, nutriente e radiação, e a taxa de morte (ou perda),<br />
função da herbivoria.<br />
Modelos ambientais que simulam parâmetros de qualidade de água têm sido usados no<br />
monitoramento e no <strong>estudo</strong> dos impactos provocados pelo lançamento de efluentes em<br />
reservatórios. Neste sentido, os modelos de qualidade de água têm sido usados para monitorar e,<br />
principalmente, controlar a poluição de corpos d’água. Para o cálculo das concentrações são<br />
utilizadas as equações de balanço de massa, que podem ser aplicadas para vários contaminantes, tais<br />
como: sedimentos em suspensão, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido, clorofila, etc.<br />
Do ponto de vista da engenharia de meio ambiente, o conhecimento da variação da<br />
temperatura no corpo d’água é particularmente importante por três razões: as descargas de efluentes<br />
em diferentes temperaturas podem causar efeitos negativos no ecossistema aquático, a temperatura<br />
influencia as reações químicas e biológicas e no crescimento dos fitoplânctons e a variação da<br />
temperatura afeta a densidade da água e, como conseqüência, altera os processos de transporte. O<br />
modelo apresentado neste trabalho permite o <strong>estudo</strong> de descargas de efluentes com diferentes<br />
temperaturas, além do <strong>estudo</strong> da influência da temperatura nas reações químicas e biológicas, a<br />
partir dos coeficientes de temperatura para cada reação específica, Thomann & Muller (1987).<br />
Alguns modelos específicos de temperatura podem ser encontrados na literatura. Losodo &<br />
Piedrahita (1991) apresentam um modelo vertical que descreve a transferência de energia entre a<br />
massa d’água e a atmosfera. Neste sentido, o entendimento das variações de fluxo de energia é vital<br />
para a correta simulação da temperatura. Outra contribuição foi fornecida pelo modelo apresentado<br />
por Culberson & Piedrahita (1996). Neste modelo, a temperatura é modelada junto com o oxigênio<br />
dissolvido, permitindo verificar a influência da temperatura nas reações químicas ligadas ao<br />
oxigênio.<br />
O modelo de temperatura usado neste trabalho faz parte do Sistema de Base Hidrodinâmica<br />
Ambiental, denominado SisBaHia ® ; no entanto, algumas modificações forma implementadas no<br />
modelo de temperatura. O SisBaHia ® é desenvolvido pela Área de Engenharia Costeira e<br />
Oceanográfica do Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ, e usado na área de<br />
ambiental, em vários projetos, com grande êxito, tanto para planejamento de longo e curto prazo<br />
Para maiores informações sobre o SisBahia o leitor deve reportar-se a Rosman (2000).<br />
O domínio estudado, o reservatório do Iraí, situa-se na região metropolitana de Curitiba<br />
(RMC), na longitude 49 0 06´W e na latitude 25 0 24´S, representando uma área de aproximadamente<br />
14 Km 2 , constituindo importante manancial de abastecimento da RMC. O reservatório encontra-se<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
3
inserido na bacia hidrográfica do Rio Iraí e seus principais tributários (rios Canguiri, Timbu,<br />
Cercado e Curralinho) drenam áreas densamente ocupadas, onde existem atividades industriais e<br />
agrícolas, além de áreas de invasão. O reservatório teve sua construção finalizada em 1999 e seu<br />
primeiro extravasamento em janeiro de 2001, atingindo um volume de 58.000.000 m 3 com<br />
profundidade média de 4,73 m. O reservatório apresentou a primeira elevação significativa da<br />
concentração de algas em maio de 2001, evidenciando a forte influência antrópica no processo de<br />
eutrofização, além da susceptibilidade imposta pelas próprias condições morfométricas do<br />
reservatório. Desde então tem havido eventos de florações de fitoplâncton bastante significativas,<br />
comprometendo seriamente a qualidade da água. Embora tenham sido observadas alterações na<br />
composição das espécies fitoplanctônicas ao longo do tempo, a predominância é basicamente de<br />
cianobactérias, algumas delas potencialmente tóxicas.<br />
Neste artigo é mostrada a implementação da modelagem ambiental do parâmetro temperatura<br />
no Reservatório do Irai usando SisBaHia ® , partindo de simulações hidrodinâmicas desenvolvidas<br />
anteriormente e apresentadas em Franz et al., 2007. A simulação foi realizada entre 01/04/2002 e<br />
21/03/2004. Neste período, através de um projeto Gestão Integrada de Mananciais de<br />
Abastecimento Eutrofizados (Andreoli e Careiro (2005)), foram feitas medições de temperatura em<br />
3 pontos do reservatório. Os resultados de temperatura obtidos pelo modelo foram confrontados<br />
com dados de campo medidos nas estações, apresentaram uma boa concordância.<br />
MODELO DE TEMPERATURA<br />
A temperatura no corpo d’água depende das trocas de calor na interface ar-água e,<br />
conseqüentemente, da distribuição de energia através da coluna d água. O fluxo total de calor por<br />
unidade de área é dado por (Edinger et al. (1968)):<br />
Hn = Hs − Hsr + Ha − Har − ( Hbr ± He ± Hc)<br />
(1)<br />
onde:Hn: Fluxo total de energia na interface ar-água (w/m 2 ),<br />
Hs: Fluxo de radiação solar de onda curta (w/m 2 ),<br />
Hsr: Fluxo de radiação solar de onda curta refletida (w/m 2 ),<br />
Ha: Fluxo de radiação atmosférica de ondas longas (w/m 2 ),<br />
Har: Fluxo de radiação atmosférica de ondas longas refletidas (w/m 2 ),<br />
Hbr :Fluxo de radiação de ondas longas da água em direção à atmosfera (w/m 2 ),<br />
He: Fluxo de calor por evaporação (w/m 2 ) e<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
4
Hc: Fluxo de calor por condução (w/m 2 ).<br />
Os fluxos de radiação de ondas curtas podem ser medidos ou modelados. Um dos modelos<br />
possivel para obter Hs é dado por (Feitosa (2003)):<br />
H S = H0 at (1 − Rs ) Ca<br />
(2)<br />
onde H0 é a quantidade de radiação incidente no topo da atmosfera, at fator de transmissão de<br />
radiação solar através da atmosfera, Rs é o coeficiente de reflexão e Ca é a fração de radiação solar<br />
absorvida pelas nuvens. A radiação no topo da atmosfera pode ser calculada como:<br />
H sc ⎧ ⎛ πθ ⎞ 12 ⎛ πθ ⎞<br />
⎫<br />
H0 = sen sen cos cos sen 2 ⎨ ⎜ ⎟ δ + ⎜ ⎟ δ ⎡ ( hf ) − sen ( hi<br />
) ⎤⎬<br />
Γ<br />
r ⎝180 ⎠ π ⎝180 ⎠<br />
⎣ ⎦<br />
⎩ ⎭ (3)<br />
onde Hsc é a constante solar (1390,0 W/m²), r a distância relativa entre a terra e o sol, θ é a latitude<br />
em graus, δ a declinação da terra, hf o ângulo horário solar, em radianos no final do período no qual<br />
H0 está sendo calculado, hi o ângulo horário solar, em radianos no início do período no qual H0 está<br />
sendo calculado e Γ é um fator de correção para exposição diurna de radiação solar. A distância<br />
relativa entra a terra e o sol, pode ser estimada por:<br />
⎛ 2π<br />
⎞<br />
r = 1+ 0,017 cos⎜ ( 186 − Dy<br />
) ⎟<br />
⎝ 365 ⎠ (4)<br />
onde Dy é o dia do ano(1º de Janeiro, Dy=1). A declinação da terra em relação ao sol pode ser<br />
estimada por:<br />
23,45π ⎛ 2π<br />
⎞<br />
δ = cos ⎜ ( 172 − Dy<br />
) ⎟<br />
180 ⎝ 365 ⎠ (5)<br />
O ângulo horário no início e no fim do período no qual a radiação solar está sendo calculada<br />
são computados como:<br />
⎡ π<br />
⎤<br />
hi =<br />
⎢<br />
hr − − ∆ ts + a + b π<br />
⎣12 ⎥<br />
⎦<br />
( ( 1) 12) ( 2 )<br />
⎡ π<br />
⎤<br />
hf =<br />
⎢<br />
hr − ∆ ts + a + b π<br />
⎣12 ⎥<br />
⎦<br />
( 12) ( 2 )<br />
onde hr é a hora do dia de 1 a 24. Os coeficientes a e b são considerados como:<br />
⎧+<br />
1.0 se hr<br />
≤ 12<br />
a = ⎨<br />
⎩−<br />
1.0 se hr<br />
> 12<br />
⎧+<br />
1.0 se os termos entre [..] acima forem negativos<br />
⎪<br />
b = ⎨−1.0<br />
se os termos entre [..] acima forem positivos e < 2π<br />
⎪<br />
⎩ 0.0 em outros casos<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
(6)<br />
(7)<br />
(8)<br />
5
O parâmetro ∆t é numericamente equivalente à fração de hora requerida pelo sol para cruzar o<br />
céu entre o meridiano padrão e o meridiano local, sendo dado por:<br />
Ea<br />
∆ ts = ( Lmp − Lml<br />
)<br />
(9)<br />
15<br />
sendo Ea =-1 para longitude oeste e Ea = 1 para longitude leste. O parâmetro Γ zera os valores de<br />
radiação solar para horários maiores que o do poente e menores que o do nascente. Os horários de<br />
nascente e poente podem ser dados através das seguintes equações:<br />
⎛ ⎛ πθ ⎞ ⎞<br />
sen sen<br />
12 ⎜ ⎜ ⎟×<br />
δ<br />
180<br />
⎟<br />
t ⎜ ⎝ ⎠ ⎟ t<br />
π ⎜ ⎛ πθ ⎞<br />
cos cos<br />
⎟<br />
⎜ ⎜ ⎟×<br />
δ<br />
180<br />
⎟<br />
⎝ ⎝ ⎠ ⎠<br />
−1<br />
p = cos − + ∆ s + 12<br />
t = − t + 2∆ t + 24<br />
(11)<br />
n p s<br />
O fator de transmissão de radiação solar através da atmosfera at, ou seja, a fração da radiação<br />
que alcança a superfície de água após redução por absorção e espalhamento pode ser estimada por:<br />
a<br />
( d )<br />
( )<br />
a + 0,5 1−<br />
a − c<br />
2 1<br />
t =<br />
1− 0,5R s 1−<br />
a1 − cd<br />
onde cd é o coeficiente devido as partículas, que varia entre 0,0 e 0,13, possuindo um valor típico de<br />
0,06, a1 e a2 são coeficientes que se referem à transmissão da radiação através da atmosfera, que<br />
variam em função da umidade e da incidência sobre a atmosfera:<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
( ) ( ( ) )<br />
a2 = exp ⎡<br />
⎣<br />
− 0,465 + 0,134Pwc 0,179 + 0,421exp −0,721θ ⎤<br />
am θam<br />
⎦ (13)<br />
( ) ( ( ) )<br />
a1 = exp ⎡<br />
⎣<br />
− 0,465 + 0,134Pwc 0,129 + 0,171exp −0,88 θ ⎤<br />
am θam<br />
⎦ (14)<br />
onde Pwc é a média diária de água precipitável contida na atmosfera e θam corresponde a espessura<br />
da atmosfera a ser atravessada em função do ângulo de incidência da radiação solar:<br />
( )<br />
P = 0,85exp 0,11+ 0,0614T<br />
(15)<br />
wc d<br />
onde Td é temperatura do ponto de orvalho em ºC, calculada como:<br />
T<br />
d<br />
bγ( Ta , Ud<br />
)<br />
=<br />
a − γ(<br />
T , U )<br />
a d<br />
aTa ⎛ Ud<br />
⎞<br />
onde γ ( Ta , U d ) = + ln ⎜ ⎟<br />
b + T ⎝100 ⎠ , a = 17,27, b=237,7, Ta é a temperatura do ar em 0 C e Ud é a<br />
a<br />
umidade em %. θam pode ser computada em função da altitude do local (Z) e da elevação solar (α):<br />
5,256<br />
⎛ 288 − 0,0065Z<br />
⎞<br />
⎜ ⎟<br />
288<br />
θ am =<br />
⎝ ⎠<br />
⎛ α180<br />
⎞<br />
sen α + 0,15⎜ + 3,855 ⎟<br />
⎝ π ⎠<br />
−1,253<br />
(10)<br />
(12)<br />
(16)<br />
(17)<br />
6
α =<br />
⎛<br />
⎜<br />
α ⎞<br />
⎟ ∴ α =<br />
⎛ πθ ⎞<br />
δ +<br />
⎛ πθ ⎞<br />
δ<br />
⎝ ⎠<br />
−1 1 tan<br />
2<br />
1 sen sen cos cos cos h<br />
⎜<br />
⎜ ⎟ ⎜ ⎟<br />
1−<br />
α ⎟ ⎝180 ⎠ ⎝180 ⎠<br />
1<br />
O coeficiente de reflexão na superfície da água Rs é dado por:<br />
⎛180 ⎞<br />
Rs = a⎜ α⎟<br />
⎝ π ⎠ (19)<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
b<br />
onde α é a elevação solar e a e b são coeficientes que são função da cobertura de nuvens (condição<br />
do tempo). A fração de radiação solar que passa pelas nuvens é dada por:<br />
C = 1− 0,65 C<br />
(20)<br />
2<br />
a l<br />
onde Cl é o percentual de céu encoberto.<br />
Os demais fluxos podem ser calculados como seguem:<br />
Hsr = 0,03Hs<br />
(21)<br />
Ha = Ta + + e<br />
(22)<br />
−8<br />
4<br />
11,70.10 ( 273,0) (0,7 0,031 a )<br />
onde a varia entre 0,5 e 0,7 e ea é a pressão de vapor em mm de Hg, calculada como:<br />
U des e a = (23)<br />
100<br />
onde es é a pressão de vapor de saturação em mm de Hg, que pode ser calculada como:<br />
e = [0,1001exp(0,03(1,8 Ts + 32,0)) − 0,0837]25,4<br />
(24)<br />
s<br />
onde Ts é a temperatura da superfície da água em °C. No modelo, esta temperatura corresponde à<br />
temperatura da coluna de água, adicionada de 0,5 °C.<br />
Har = 0,03Ha<br />
(25)<br />
Hbr Ts<br />
−8<br />
4<br />
= 11,349.10 ( + 273,0)<br />
(26)<br />
He = + Vw e − e<br />
(27)<br />
2<br />
(19,0 0,95 )( s a )<br />
onde Vw é a velocidade do vento, obtida a partir do modelo hidrodinâmico.<br />
Hc Vw Ts Ta<br />
2<br />
= 0,47(19,0 + 0,95 )( − )<br />
(28)<br />
A equação de advecção-difusão para a temperatura, considerando as três parcelas: o transporte<br />
advectivo, o transporte difusivo e os processos de transformação pode ser escrita como (Thoman &<br />
Muller,1987 e Rosman, 2000):<br />
2<br />
∂T ∂T 1 ∂ ⎛ ⎡ Λk<br />
+ Ui = ⎜ H ⎢Dij δ jk +<br />
∂t ∂xi H ∂x ⎜<br />
j ⎝ ⎢⎣ 12<br />
∂U j ⎤ ∂T<br />
⎞ Hn<br />
⎥ ⎟ +<br />
∂xk ⎥⎦ ∂xk ⎠ ρc<br />
H<br />
(29)<br />
onde Ui são as componentes da velocidade na direção xi promediadas na direção vertical, H é a<br />
altura da coluna de água, Dij é o tensor que representa o coeficiente de difusão turbulenta de massa,<br />
δjk representa o delta de Kronecker e Λk=αk∆xk é a largura do filtro na dimensão xk, sendo αk um<br />
(18)<br />
7
parâmetro de escala e c a energia específica. Na equação (29), i,j = 1,2 e k =1,2,3, sendo k = 3<br />
correspondente ao tempo t (no contexto x3 = t).<br />
APLICAÇÃO <strong>DO</strong> MODELO AO RESERVATORIO <strong>DO</strong> <strong>IRAI</strong><br />
O domínio definido na modelagem é mostrado na Figura 1, onde também pode ser observada<br />
a malha de elementos finitos quadráticos usada na discretização do domínio, a partir de elementos<br />
quadrangulares sub-paramétricos Lagrangeanos. A batimetria do reservatório é apresentada na<br />
Figura 2. O problema consiste na modelagem da variação de temperatura no reservatório do Irai<br />
durante dois anos, entre 01/04/2002 e 21/03/2004. Na simulação é considerado fluxo nulo ao longo<br />
de todo contorno fechado, exceto nas seções correspondentes aos rios; nestas seções foram usados<br />
valores medidos de temperatura mostrados na Figura 3. Na fronteiras aberta, definida para a seção<br />
do vertedouro, considera apenas a condição de efluxo, não sendo necessário definir valores da<br />
temperatura. As condições iniciais e os parâmetros gerais usados na simulação numérica são:<br />
• T ( x ,0) = 26,0<br />
• Ud = 70 %,<br />
• Tmax = 30 0 C,<br />
• Tmin = 10 0 C.<br />
0 C,<br />
Figura 1 - Domínio de modelagem para o reservatório do Irai, mostrando a malha com 310<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
elementos finitos e 1470 nós.<br />
8
Figura 2 – Domínio de modelagem do reservatório do Iraí, com a visualização da topografia de<br />
Temperatura (oC)<br />
40.0<br />
35.0<br />
30.0<br />
25.0<br />
20.0<br />
15.0<br />
10.0<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
fundo do domínio de modelagem e da posição das estações de monitoramento.<br />
5.0<br />
RESULTA<strong>DO</strong>S<br />
Rio Timbu Rio Cerrado Rio Curralinho Rio Canguiri<br />
0.0<br />
1/abr/02 16/mai/02 30/jun/02 14/ago/02 28/set/02 12/nov/02 27/dez/02 10/fev/03 27/mar/03 11/mai/03 25/jun/03 9/ago/03 23/set/03 7/nov/03 22/dez/03 5/fev/04 21/mar/04<br />
Figura 3 – Valores de temperatura considerados como condição de contorno.<br />
Os resultados da modelagem da variação da temperatura nos reservatório do Irai, apresentados<br />
nesta seção, devem ser considerados qualitativamente, considerando a dificuldade de uma possível<br />
calibração e validação do modelo dentro do intervalo de tempo simulado. As medições disponíveis<br />
para comparação referem-se ao período entre 01/04/2002 e 02/06/2003, realizadas nas estações<br />
9
RE1, RE2 e RE3, cuja as localizações são mostradas na Figura 2. Sendo assim, seria necessário<br />
alimentar o modelo com dados referentes a este período; os dados relativos os fluxos de radiação<br />
liquida, Hn, na interface ar-água deveriam ser conhecidos. Considerando este dado é estimado, bem<br />
como os valores de vazões afluentes ao reservatório, pode-se explicar a diferença encontrada entre<br />
os valores de temperatura medidos e os calculados pelo modelo neste período. No período de<br />
02/06/2003 a 21/03/2004 não foram realizadas medições, sendo assim, as condições de contorno<br />
usadas pelo modelo foram geradas a partir dos dados do período anterior. A simulação durante dois<br />
anos permite verificar a estabilidade do sistema, que foi atingida pelo SisBaHia ® .<br />
Com objetivo de verificar se o modelo proposto para o calculo do fluxo de radiação solar de<br />
onda curta, Hs é adequado, são realizadas comparações entre valores medidos em uma estação<br />
próxima (Estação Pinhais, Latitude: 25, 25´ S, Longitude: 49, 08´ W ) e os valores obtidos através<br />
do modelo proposto. As Figuras 4, 5 e 6 mostram os resultados obtidos, considerando os valores<br />
calculados e os valores medidos. Pode-se observar que o modelo, considerando uma cobertura de<br />
nuvem de 70%, é capaz de reproduzir os valores médios, com as tendências para as várias estações<br />
do ano. Considerando os resultados para um mês (Figuras 5 e 6), é possível verificar que o modelo é<br />
bastante preciso na determinação da hora do nascente e do poente, com valores médios de Hs<br />
podendo ser usados para simulações de longa duração, sendo modelo proposto bastante eficiente.<br />
1000<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
900<br />
800<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
Hs - SisBAHIA- w/m2<br />
Hs - Medido - w/m2<br />
168 por. Méd. Móv. (Hs - Medido - w/m2)<br />
168 por. Méd. Móv. (Hs - SisBAHIA- w/m2)<br />
0<br />
01/04/02 01/05/02 31/05/02 30/06/02 30/07/02 29/08/02 28/09/02 28/10/02 27/11/02 27/12/02 26/01/03 25/02/03 27/03/03 26/04/03<br />
Figura 4 – Valores de Hs medido, Hs calculado pelo SisBaHia ® e médias moveis para um<br />
período de sete dias durante o primeiro ano.<br />
10
1000<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
900<br />
800<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
Hs - SisBAHIA- w/m2<br />
Hs - Medido - w/m2<br />
168 por. Méd. Móv. (Hs - Medido - w/m2)<br />
168 por. Méd. Móv. (Hs - SisBAHIA- w/m2)<br />
0<br />
03/06/02 08/06/02 13/06/02 18/06/02 23/06/02 28/06/02<br />
Figura 5 - Valores de Hs medido, Hs calculado pelo SisBaHia ® e médias móveis para um<br />
1000<br />
900<br />
800<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
período de sete dias durante junho de 2002.<br />
Hs - SisBAHIA- w/m2<br />
Hs - Medido - w/m2<br />
168 por. Méd. Móv. (Hs - Medido - w/m2)<br />
168 por. Méd. Móv. (Hs - SisBAHIA- w/m2)<br />
0<br />
28/02/03 05/03/03 10/03/03 15/03/03 20/03/03<br />
Figura 6 - Valores de Hs medido, Hs calculado pelo SisBaHia ® e médias móveis para um<br />
período de sete dias durante março de 2003.<br />
Observando os resultados de temperatura na estação RE1, localizada na parte mais interna do<br />
reservatório, onde as profundidades são menores, os valores apresentam uma boa concordância com<br />
os valores medidos. O erro máximo entre as temperaturas calculadas pelo SisBahia ® considerando<br />
os valores de Hs medido e o calculado pelo modelo é da ordem de 5% para a estação RE1,<br />
mostrando que neste ponto do reservatório as condições de contorno tem forte influencia sobre os<br />
valores de temperatura. As estações RE2 e RE3 apresentam o mesmo padrão. Os erros máximos<br />
observados entre as temperaturas calculadas pelo SisBahia ® considerando os valores de Hs medido<br />
e o calculado pelo modelo são da ordem de 9%, para a estação RE2, e 10%, para a estação RE3,<br />
11
evidenciando que nestas estações as temperaturas sofrem maior influência dos fluxos de radiação<br />
liquida, tendo uma menor influência das condições de contorno.<br />
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
Temperatura ( o C)<br />
40.0<br />
35.0<br />
30.0<br />
25.0<br />
20.0<br />
15.0<br />
10.0<br />
5.0<br />
Dados_ Sup Dados_Fundo<br />
SisBAHIA- Hs calculado SisBAHIA- Hs medido<br />
0.0<br />
1-abr-02 16-mai-02 30-jun-02 14-ago-02 28-set-02 12-nov-02 27-dez-02 10-fev-03 27-mar-03 11-mai-03 25-jun-03 9-ago-03 23-set-03 7-nov-03 22-dez-03 5-fev-04 21-mar-04<br />
Figura 7 - Valores de temperatura medidos na estação RE1, na superfície e no fundo e obtidos<br />
numericamente pelo SisBahia ® .<br />
Temperatura ( 0 C)<br />
40.0<br />
35.0<br />
30.0<br />
25.0<br />
20.0<br />
15.0<br />
10.0<br />
5.0<br />
Dados_ Sup Dados_Fundo<br />
SisBAHIA- Hs calculado SisBAHIA- Hs medido<br />
0.0<br />
1-abr-02 16-mai-02 30-jun-02 14-ago-02 28-set-02 12-nov-02 27-dez-02 10-fev-03 27-mar-03 11-mai-03 25-jun-03 9-ago-03 23-set-03 7-nov-03 22-dez-03 5-fev-04 21-mar-04<br />
Figura 8 - Valores de temperatura medidos na estação RE2, na superfície e no fundo e obtidos<br />
numericamente pelo SisBahia ® .<br />
12
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste<br />
T (oC)<br />
40.0<br />
35.0<br />
30.0<br />
25.0<br />
20.0<br />
15.0<br />
10.0<br />
5.0<br />
0.0<br />
1/4/2002 16/5/2002 30/6/2002 14/8/2002 28/9/2002 12/11/200<br />
2<br />
Dados_ Sup Dados_Fundo<br />
SisBAHIA- Hs Calculado SisBAHIA- Hs Medido<br />
27/12/200 10/2/2003 27/3/2003 11/5/2003 25/6/2003 9/8/2003 23/9/2003 7/11/2003 22/12/200 5/2/2004 21/3/2004<br />
2<br />
3<br />
Figura 9 - Valores de temperatura medidos na estação RE3, na superfície e no fundo e obtidos<br />
numericamente pelo SisBahia ® .<br />
CONCLUSÃO<br />
Os resultados apresentados neste trabalho mostram que o <strong>estudo</strong> preliminar da modelagem<br />
ambiental do reservatório do Irai é adequado e pode ser usado de modo qualitativo. Pode-se<br />
considerar a modelagem da variação de temperatura com base na simulação de outros parâmetros de<br />
comportamento semelhante, como a clorofila_a. Considerando que o transporte advectico e difusivo<br />
é independente do parâmetro modelado, com a correta definição dos processos químicos, físicos e<br />
biológicos envolvidos em cada parâmetro de qualidade de água é possível, a partir desta<br />
modelagem, caracterizar a distribuição deste parâmetro no reservatório do Irai. Por outro lado, o<br />
conhecimento dos valores de temperatura no reservatório é necessário na correção das variáveis<br />
envolvidas nos processos químicos, físicos e biológicos, que variam fortemente com a temperatura.<br />
Os resultados de temperatura obtidos pelo SisBahia ® no reservatório do Iraia quando são<br />
comparados com os dados medidos em campo, mesmo considerando que o modelo não tenha sido<br />
calibrado, mostram que o sistema apresentado é capaz de responder aos objetivos deste trabalho.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
ANDREOLI, C. V. & CARNEIRO, C. (2005). Gestão Integrada de Mananciais de Abastecimento<br />
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13
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control. Harper International Edition. 644 p.<br />
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14