05.08.2013 Views

25 Anos do Conselho Regional de Odontologia de Rondônia.pdf

Livro comemorativo dos 25 anos do Conselho Regional de Odontologia de Rondônia.

Livro comemorativo dos 25 anos do Conselho Regional de Odontologia de Rondônia.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>


Publicação comemorativa <strong>do</strong>s <strong>25</strong> anos <strong>de</strong> criação <strong>do</strong><br />

<strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

En<strong>de</strong>reço: Rua Duque <strong>de</strong> Caxias, n. 508, Bairro: Centro - Porto Velho - RO<br />

Tel: (69) 3221 1813 / (69) 3223 2601<br />

Cel: (69) 9209 1552 / (69) 9222 8960 / (69) 92<strong>25</strong> 2167<br />

www.cro-ro.org.br<br />

A publicação é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> CRO-RO. A reprodução não autorizada <strong>de</strong>sta<br />

publicação, no to<strong>do</strong> ou em parte, constitui em violação <strong>do</strong>s direitos autorais. (Lei <strong>de</strong><br />

Direitos Autorais n. 9160, <strong>de</strong> 19 fevereiro <strong>de</strong> 1998).<br />

Pesquisa e texto<br />

Gleice Mere<br />

Projeto gráfico, editoração e capa<br />

Gleice Mere<br />

E-mail: gleicemere@yahoo.com, tel: (69) 8112 1138<br />

Fotos<br />

Autoria i<strong>de</strong>ntificada nas legendas. As imagens que não possuem i<strong>de</strong>ntificação, sejam elas<br />

fotografias ou reproduções <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos e objetos, são <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Gleice Mere<br />

Tiragem<br />

2000 exemplares<br />

CRO-RO<br />

<strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

- <strong>25</strong> anos <strong>de</strong> Existência em Defesa da<br />

Profissão. Porto Velho: Edição institucional,<br />

2011<br />

152 p.<br />

Publicações oficiais e semioficiais.<br />

CDU: 087.7


<strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

<strong>25</strong> anos <strong>de</strong> Existência em Defesa da Profissão<br />

2011


8<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a to<strong>do</strong>s aqueles que colaboraram na elaboração <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento.<br />

O 5º Batalhão <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Construção pela disponibilização <strong>de</strong> seus arquivos<br />

para pesquisa. O Centro <strong>de</strong> Documentação Histórica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

Os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que prestaram seus <strong>de</strong>poimentos: Augusto Luiz Santos<br />

Veiga, Francisco das Chagas Me<strong>de</strong>iros, Francisco Alves Lacerda, Heitor Costa,<br />

Leandro Claro <strong>de</strong> Faria, Luiz Fernan<strong>do</strong> Rodrigues Rosa, Milton Jorge Foroni, Sílvio<br />

Nascimento Gualberto, Dúlcio da Silva Men<strong>de</strong>s, Esther Maria Lopes Men<strong>de</strong>s, Luiz<br />

Val<strong>de</strong>r Sanchotene Pinto, Francisco Salviano <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>, Maurício Chiecco, Carlos<br />

Henrique <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Carvalho, Maria Aparecida Cavalcante <strong>de</strong> Oliveira. José<br />

Freitas Atallah, que além <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento, em muito contribuiu na obtenção<br />

<strong>do</strong> primeiro levantamento CPOD e com a revisão <strong>do</strong> texto sobre a história da<br />

o<strong>do</strong>ntologia em <strong>Rondônia</strong>.


SUMÁRIO<br />

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7<br />

Breve histórico e perfil <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9<br />

Trajetória <strong>do</strong>s <strong>25</strong> anos <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> . . 16<br />

Contexto histórico <strong>do</strong> <strong>de</strong>ntista prático no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62<br />

História da o<strong>do</strong>ntologia no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />

História da o<strong>do</strong>ntologia em <strong>Rondônia</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83<br />

Depoimentos <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96<br />

Porto Velho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97<br />

Guajará-Mirim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111<br />

Ji-Paraná . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113<br />

Cacoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115<br />

Pimenta Bueno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117<br />

Rolim <strong>de</strong> Moura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119<br />

Vilhena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121<br />

Políticas públicas da saú<strong>de</strong> bucal no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124<br />

Símbolos da o<strong>do</strong>ntologia no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137<br />

Ética na o<strong>do</strong>ntologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141<br />

Associação Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia - Seção <strong>Rondônia</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145<br />

Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia em <strong>Rondônia</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147<br />

9


10<br />

Membros <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> biênio 2010 - 2012<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Rodrigues Rosa<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

Edval<strong>do</strong> Montello Jardim<br />

Secretário<br />

Hailton Cavalcante <strong>do</strong>s Santos<br />

Tesoureiro<br />

Selene Maria Chagas Coelho Higashi<br />

Presi<strong>de</strong>nta da Comissão <strong>de</strong> Tomada <strong>de</strong> Contas<br />

Glauco Pereira Moyses<br />

Membro da Comissão <strong>de</strong> Tomada <strong>de</strong> Contas<br />

Carlos Henrique Andra<strong>de</strong> Carvalho<br />

Membro da Comissão <strong>de</strong> Tomada <strong>de</strong> Contas<br />

Antônio Carlos Politano<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Ética<br />

José Marcelo Vargas Pinto<br />

Membro da Comissão <strong>de</strong> Ética<br />

Luciano Kazuo Murakami<br />

Membro da Comissão <strong>de</strong> Ética<br />

Meire <strong>de</strong> Souza Gonçalves<br />

Membro da Comissão <strong>de</strong> Ética


PREFÁCIO<br />

A história <strong>do</strong>s <strong>25</strong> anos <strong>de</strong> existência <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong> (CRO-RO) é um livro que, entre outros, narra as experiências <strong>do</strong>s<br />

cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas pioneiros <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, profissionais que venceram <strong>de</strong>safios e<br />

que, com seus exemplos <strong>de</strong> perseverança e <strong>de</strong>dicação, abriram o caminho para as<br />

novas gerações nesse jovem e importante Esta<strong>do</strong> da fe<strong>de</strong>ração.<br />

A obra engran<strong>de</strong>ce a o<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> que, através <strong>de</strong>sse<br />

<strong>do</strong>cumento histórico, passa a ter um registro oficial da trajetória <strong>de</strong> seu órgão<br />

maior <strong>de</strong> fiscalização.<br />

Os <strong>Conselho</strong>s <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia têm por formalida<strong>de</strong> a supervisão da<br />

ética profissional em to<strong>do</strong> o território nacional, caben<strong>do</strong>-lhes zelar pelo perfeito<br />

<strong>de</strong>sempenho ético da o<strong>do</strong>ntologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão<br />

e <strong>do</strong>s que a exercem legalmente. A sua criação ocorreu através da Exposição <strong>de</strong><br />

Motivos n. 185, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1960, submetida à apreciação <strong>do</strong> Excelentíssimo<br />

Senhor Presi<strong>de</strong>nte da República, o qual, através da Mensagem n. 357, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1960, a encaminhou ao Congresso Nacional. Após sua tramitação, o<br />

projeto foi converti<strong>do</strong> na Lei n. 4.324, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964.<br />

Em 1965 foi instala<strong>do</strong> o <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia e, em 1966, os<br />

primeiros <strong>Conselho</strong>s Regionais: Guanabara, São Paulo, Amazonas, Minas Gerais e<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral e, posteriormente, os <strong>de</strong>mais.<br />

11


12<br />

A partir <strong>de</strong> 1° <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1986 o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> obteve seu próprio <strong>Conselho</strong><br />

<strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, que foi <strong>de</strong>smembra<strong>do</strong> <strong>do</strong> CRO-Amazonas. A se<strong>de</strong> foi<br />

instalada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Velho.<br />

A jurisdição <strong>de</strong>sse novo CRO abrangeu, inicialmente, os Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong> e <strong>do</strong> Acre. Nesse último foi instalada uma <strong>de</strong>legacia seccional <strong>do</strong> CRO-<br />

<strong>Rondônia</strong>. O primeiro presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> novo <strong>Conselho</strong> foi o cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Augusto Luiz Santos Veiga.<br />

Fatos relevantes da história da o<strong>do</strong>ntologia brasileira e <strong>do</strong> CRO-RO estão à<br />

disposição <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>sfrutar <strong>do</strong> prazer <strong>de</strong> ler este livro.<br />

Cumprimentamos o colega Luiz Fernan<strong>do</strong> Rodrigues Rosa pela feliz<br />

iniciativa <strong>de</strong> levar a história <strong>do</strong> CRO-RO ao conhecimento <strong>de</strong> seus jurisdiciona<strong>do</strong>s.<br />

Ailton Diogo Morilhas Rodrigues - Cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia


BREVE HISTÓRICO E PERFIL DE RONDÔNIA<br />

<strong>Rondônia</strong> está localizada no extremo oeste <strong>do</strong> país, fronteira com a Bolívia. Um <strong>do</strong>s<br />

primeiros relatos que existem a respeito da exploração da região datam da época da<br />

ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Raposo Tavares em 1647. Sua tropa era composta por 120 portugueses<br />

(pessoas com nacionalida<strong>de</strong> portuguesa naturais <strong>de</strong> Portugal e da América<br />

portuguesa) e 1200 índios tupis. A tropa partiu da Vila <strong>de</strong> São Paulo e alcançou<br />

Belém <strong>do</strong> Pará, através <strong>do</strong> rio Amazonas, três anos após ter parti<strong>do</strong>. No trajeto a<br />

ban<strong>de</strong>ira tomou conhecimento das cachoeiras <strong>do</strong> rio Ma<strong>de</strong>ira e das dificulda<strong>de</strong>s que<br />

esse aci<strong>de</strong>nte geográfico representava para a navegação <strong>do</strong> rio.<br />

Ocupação<br />

A população originária da região são indígenas que migraram da costa e <strong>do</strong><br />

interior para a bacia <strong>do</strong> rio Ma<strong>de</strong>ira na fuga à pressão da colonização. Quan<strong>do</strong> os<br />

coloniza<strong>do</strong>res chegaram a essa região a área já estava povoada por inúmeros povos.<br />

Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ssa população foi dizimada antes <strong>do</strong> século XX em virtu<strong>de</strong> da<br />

ocupação impulsionada pela existência <strong>de</strong> minas <strong>de</strong> ouro e a efetivação <strong>de</strong> trata<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> limites pela Coroa Portuguesa, que visava a assegurar a fronteira com os territórios<br />

da colônia espanhola. “Com a exaustão da exploração mineral a colonização<br />

europeia na região entrou em <strong>de</strong>cadência. Essa ocupação, e o senti<strong>do</strong> predatório<br />

que a caracterizou, <strong>de</strong>sorganizou e mesmo extinguiu drasticamente gran<strong>de</strong> parte da<br />

população indígena.” No século XIX o <strong>de</strong>terminante econômico para ocupação da<br />

13


Vara<strong>do</strong>uro <strong>do</strong><br />

salto <strong>de</strong> Jirau.<br />

A embarcação<br />

era retirada <strong>do</strong><br />

rio Ma<strong>de</strong>ira,<br />

arrastada sobre<br />

roletes <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira e<br />

novamente<br />

colocada na<br />

água <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

contornar a<br />

cachoeira.<br />

(Gravura <strong>de</strong> João<br />

Severiano da<br />

Fonseca, 1881)<br />

14<br />

área foi a extração da borracha, com a presença <strong>de</strong> cearenses e <strong>de</strong> peruanos como<br />

seringueiros. Foi um novo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong>s interétnicas. 1 No século XX essas<br />

populações continuaram a ser dizimadas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao trabalho escravo nos seringais, a<br />

epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> gripe, sarampo e a massacres para a ocupação <strong>de</strong> territórios indígenas.<br />

Até os dias <strong>de</strong> hoje não se sabe ao certo quantos povos indígenas vivem em <strong>Rondônia</strong>,<br />

ten<strong>do</strong> em vista os poucos estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s sobre o assunto e o fato <strong>de</strong> que alguns<br />

grupos não foram contata<strong>do</strong>s e vivem em regiões protegidas pelo governo fe<strong>de</strong>ral.<br />

Transporte <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias<br />

Des<strong>de</strong> o século XVIII, por um perío<strong>do</strong> que durou 190 anos, comerciantes <strong>de</strong> Belém,<br />

capital <strong>do</strong> Pará, e <strong>de</strong> Vila Bela, então capital <strong>do</strong> Mato Grosso, organizaram meios<br />

próprios para transportar merca<strong>do</strong>rias através <strong>de</strong> 20 aci<strong>de</strong>ntes geográficos, cachoeiras,<br />

ao longo <strong>de</strong> 400 km <strong>do</strong> rio Ma<strong>de</strong>ira, os quais eram obstáculos para navegação<br />

entre as duas cida<strong>de</strong>s. Os esforços para transportar os bens eram sobre-humanos.<br />

Consistiam, em alguns trechos mais aci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong>s, na <strong>de</strong>scarrega da merca<strong>do</strong>ria para<br />

a margem <strong>do</strong> rio, estivamento <strong>do</strong> caminho com troncos para a rolagem das canoas<br />

por terra e, novamente, carregamento das canoas para o prosseguimento da viagem<br />

até a próxima cachoeira. Além <strong>do</strong> trabalho árduo os navegantes tinham que lutar<br />

com as diversas <strong>do</strong>enças que acometiam os trabalha<strong>do</strong>res, em uma região altamente<br />

insalubre, assim como contra os ataques <strong>de</strong> indígenas.<br />

1 TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues; FONSECA, Dante Ribeiro da. História <strong>Regional</strong>: <strong>Rondônia</strong>. Porto<br />

Velho, Ron<strong>do</strong>niana, 2001, 2ª edição. P. vi


Essa forma <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias perdurou <strong>de</strong> 1722 a 1912, quan<strong>do</strong><br />

foi inaugurada a Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré. Uma história marcada<br />

por discussões <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> econômica, uma epopeia à parte, com um fun<strong>do</strong><br />

histórico fabuloso, que só foi possível realizar a partir da assinatura <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Petrópolis em 1903. O trata<strong>do</strong> foi uma medida <strong>de</strong> compensação <strong>do</strong> Brasil para<br />

a Bolívia <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à incorporação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre, antes pertencente à Bolívia,<br />

ao território brasileiro. No entanto, a discussão <strong>de</strong> ligar a Bolívia ao Atlântico<br />

através <strong>do</strong> Amazonas já existia concretamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1851. A ligação seria possível<br />

somente através da construção <strong>de</strong> uma ferrovia, empreendimento que levou<br />

diversos investi<strong>do</strong>res ingleses a assumirem riscos através da compra <strong>de</strong> ações para<br />

a construção da ferrovia Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré na bolsa <strong>de</strong> Londres.<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré<br />

Em 1907 foi iniciada a construção da Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré através<br />

da empresa americana Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré Railway, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> empresário<br />

Percival Farquhar. A obra (1907-1912) trouxe trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> diversas partes <strong>do</strong> país<br />

e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (entre esses: barbadianos, jamaicanos, bolivianos, ingleses, libaneses,<br />

alemães, espanhóis, indianos, gregos) para a região, atraí<strong>do</strong>s pela oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> emprego. Muitos <strong>de</strong>les faleceram acometi<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>enças tropicais, ataques <strong>de</strong><br />

animais ou <strong>de</strong>sapareceram nas matas. Segun<strong>do</strong> estimativas <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r Manoel<br />

Rodrigues Ferreira, aproximadamente 6.200 trabalha<strong>do</strong>res per<strong>de</strong>ram suas vidas na<br />

obra. A ferrovia foi o motivo da criação das duas cida<strong>de</strong>s mais antigas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong>: Porto Velho e Guajará-Mirim, pontos inicial e final da ferrovia <strong>de</strong> 366<br />

km que tinha a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligar a Bolívia ao Atlântico através <strong>do</strong> rio Amazonas.<br />

O trajeto da ferrovia correspondia ao trecho encachoeira<strong>do</strong> <strong>do</strong>s rios Ma<strong>de</strong>ira e<br />

Mamoré que impediam o transporte <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias para o rio Amazonas. Até<br />

então essa região amazônica era habitada por índios e por seringueiros. A principal<br />

ativida<strong>de</strong> econômica era a extração da borracha (látex) e da castanha-<strong>do</strong>-brasil<br />

para exportação.<br />

No mesmo ano <strong>do</strong> início da construção da ferrovia o Presi<strong>de</strong>nte Afonso Pena<br />

nomeou Cândi<strong>do</strong> Mariano da Silva Ron<strong>do</strong>n, mais conheci<strong>do</strong> como Marechal<br />

Ron<strong>do</strong>n, chefe da Comissão <strong>de</strong> Linhas Telegráficas Estratégicas <strong>de</strong> Mato Grosso ao<br />

15


16<br />

Amazonas. Ron<strong>do</strong>n foi incumbi<strong>do</strong> <strong>de</strong> construir uma linha telegráfica entre Cuiabá<br />

e Santo Antônio <strong>do</strong> Ma<strong>de</strong>ira (povoa<strong>do</strong> que existia ao la<strong>do</strong> da hoje cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto<br />

Velho). Para a realização da obra Ron<strong>do</strong>n e sua comissão abriram uma picada<br />

para instalação da linha telegráfica que consistia no assentamento <strong>de</strong> postes para a<br />

extensão <strong>de</strong> uma fiação <strong>de</strong> cobre sobre eles. A re<strong>de</strong> telegráfica foi inaugurada no dia<br />

21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1914 e seus fios tinham uma extensão <strong>de</strong> 1.786 km.<br />

Território <strong>do</strong> Guaporé<br />

O atual Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> foi constituí<strong>do</strong>, inicialmente, em 1943, como Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Guaporé em virtu<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> geopolítica brasileira no plano<br />

internacional. O governo Getúlio Vargas se comprometeu com o governo americano<br />

a fornecer látex para a produção <strong>de</strong> material bélico para a Segunda Guerra Mundial.<br />

Para tal era preciso criar uma melhor administração política da região. Em 1956, em<br />

homenagem ao sertanista Marechal Cândi<strong>do</strong> Ron<strong>do</strong>n, foi mudada a <strong>de</strong>nominação <strong>do</strong><br />

território fe<strong>de</strong>ral, que passou a se chamar Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Em 1981<br />

o Território foi eleva<strong>do</strong> à categoria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>. Hoje é constituí<strong>do</strong> por 52 municípios.<br />

O extrativismo da castanha e da borracha como base da economia da região<br />

perdurou até a década <strong>de</strong> 60. A partir <strong>de</strong>sse perío<strong>do</strong> até a década <strong>de</strong> 70 houve um<br />

crescimento acelera<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a incentivos fiscais e a intensos investimentos<br />

<strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral, como projetos <strong>de</strong> colonização dirigi<strong>do</strong>s que estimularam a<br />

migração, em gran<strong>de</strong> parte originária <strong>do</strong> centro-sul. Além disso, o acesso fácil à<br />

terra boa e barata atraiu empresários interessa<strong>do</strong>s em investir na agropecuária e<br />

na indústria ma<strong>de</strong>ireira. Nessa época, a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> ouro e cassiterita também<br />

contribuiu para o aumento populacional. Entre 1960 e 1980, o número <strong>de</strong> habitantes<br />

cresceu quase oito vezes. A população passou <strong>de</strong> 70 mil para 500 mil habitantes.<br />

Diversida<strong>de</strong> migratória<br />

Essa migração tornou a população <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> uma das mais diversificadas <strong>do</strong><br />

país. Após a construção da Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré permaneceram<br />

em Porto Velho, entre outras, 14 famílias <strong>de</strong> migrantes da região <strong>do</strong> Caribe com<br />

inúmeros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Entre esses estão as famílias Allen, Alleyne, Banfield,<br />

Blackman, Denis, Hol<strong>de</strong>r, Johnson, Julien, Maloney, Rivero, Schockness, Tommy,


Winte e Wiles 2 . Os principais grupos migratórios, a partir <strong>do</strong>s anos da década<br />

<strong>de</strong> 1970, foram os: paranaenses, paulistas, mineiros, gaúchos, capixabas, baianos<br />

e matogrossenses, cuja presença é marcante nas cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Cearenses, maranhenses, amazonenses e acreanos, que se fixaram na capital nas<br />

décadas seguintes à construção da estrada <strong>de</strong> ferro, preservam ainda os fortes<br />

traços amazônicos da população nativa nas cida<strong>de</strong>s banhadas por gran<strong>de</strong>s rios,<br />

sobretu<strong>do</strong> em Porto Velho e em Guajará-Mirim.<br />

A migração <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada para a extração <strong>de</strong> ouro na região <strong>de</strong> Porto Velho<br />

causou uma recessão sem prece<strong>de</strong>ntes no município na década <strong>de</strong> 90. Alguns a<br />

chamavam da capital <strong>do</strong>s contracheques, pois o dinheiro pago pelo Esta<strong>do</strong> aos<br />

servi<strong>do</strong>res públicos era o principal capital da economia local que impulsionava o<br />

comércio.<br />

2 TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues; FONSECA, Dante Ribeiro da. Op. cit.p. vii<br />

Estação da<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />

Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré.<br />

No primeiro plano,<br />

pelas <strong>de</strong> borracha<br />

para serem<br />

transportadas pelo<br />

trem até Porto<br />

Velho.<br />

(Foto: Franz Caspar,<br />

1955)<br />

17


18<br />

Economia<br />

Nas <strong>de</strong>mais regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a produção <strong>de</strong> cassiterita, boa parte retirada <strong>de</strong><br />

Bom Futuro, em Ariquemes, foi uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> capital.<br />

Hoje a ativida<strong>de</strong> é exercida por gran<strong>de</strong>s empresas minera<strong>do</strong>ras, controladas pelo<br />

Departamento Nacional <strong>de</strong> Produção Mineral (DNPM). A exploração irracional<br />

da ma<strong>de</strong>ira esgotou esse recurso. A pecuária e a agropecuária passaram a ser a<br />

maior fonte econômica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que tem no setor primário, em especial na<br />

agricultura familiar, sua base produtiva, sen<strong>do</strong> essa responsável pela maior parcela<br />

da produção <strong>de</strong> alimentos básicos.<br />

Desenvolvimento<br />

Des<strong>de</strong> o final da década <strong>de</strong> 2000 <strong>Rondônia</strong> tem passa<strong>do</strong> por um importante<br />

crescimento econômico. Há a implantação <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> infraestrutura (saneamento<br />

básico na capital, asfaltamento nas cida<strong>de</strong>s e expansão <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>vias), além<br />

<strong>de</strong> investimentos <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC) com a<br />

construção das hidroelétricas <strong>de</strong> Santo Antônio e Jirau, ambas no rio Ma<strong>de</strong>ira. Em<br />

consequência <strong>de</strong>ssas obras existe uma atração <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> outras regiões<br />

<strong>do</strong> Brasil. Foi implantada a primeira indústria <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital da região Norte<br />

para o fornecimento <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s projetos hidroelétricos no Brasil<br />

e na América Latina. A verticalização imobiliária é responsável pela geração <strong>de</strong><br />

empregos na capital.<br />

A ro<strong>do</strong>via Transoceânica, transitável a partir <strong>de</strong> 2011, passou a ligar o Brasil<br />

ao oceano Pacífico com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saída para portos <strong>do</strong> Chile e Peru. Esse<br />

novo canal facilita o escoamento da produção brasileira para o merca<strong>do</strong> asiático.<br />

Passou a existir a perspectiva <strong>de</strong> não ser mais necessário contornar o continente<br />

e entrar no oceano Pacífico via Canal <strong>do</strong> Panamá. Além disso, a implantação <strong>de</strong><br />

uma matriz energética renovável abundante, construção das usinas hidroelétricas<br />

<strong>do</strong> rio Ma<strong>de</strong>ira, pré-requisito essencial para a instalação <strong>de</strong> um parque industrial,<br />

favorece a industrialização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A localização geográfica <strong>de</strong> entroncamento<br />

<strong>de</strong> modais <strong>de</strong> transporte fluvial e ro<strong>do</strong>viário somada à perspectiva da expansão da<br />

malha ferroviária com <strong>de</strong>stino a <strong>Rondônia</strong> e <strong>de</strong> novos investimentos na estrutura<br />

portuária e aeroportuária da região é um fator importante para a abertura e<br />

intensificação <strong>de</strong> relações comerciais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r das regiões Norte


e Centro-Oeste, assim como <strong>de</strong> países da América <strong>do</strong> Sul. Entre eles Peru, Bolívia,<br />

Chile, Venezuela, Colômbia e Equa<strong>do</strong>r.<br />

Esses são os novos horizontes para um Esta<strong>do</strong> que sofreu diversos ciclos <strong>de</strong><br />

ostracismo econômico e que se <strong>de</strong>lineia com perspectivas futuras bem diferentes<br />

<strong>do</strong> histórico <strong>de</strong> exploração extrativista.<br />

19


Se<strong>de</strong> própria<br />

<strong>do</strong> <strong>Conselho</strong><br />

<strong>Regional</strong> <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia<br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

logo após sua<br />

reforma na<br />

década <strong>de</strong><br />

1990.<br />

20<br />

TRAJETÓRIA DOS <strong>25</strong> ANOS DO CONSELHO<br />

REGIONAL DE ODONTOLOGIA DE RONDÔNIA<br />

Missão<br />

Fiscalizar o exercício legal da o<strong>do</strong>ntologia no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Zelar pelo bom conceito<br />

da o<strong>do</strong>ntologia e <strong>de</strong>sempenho ético e profissional, como também pelo prestígio <strong>do</strong>s cirurgiões<strong>de</strong>ntistas.<br />

Contribuir para o aprimoramento <strong>de</strong> seus profissionais e, sempre que necessário,<br />

funcionar como órgão consultivo no que tange ao exercício e aos interesses da categoria.


Decisões proferidas pelo <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia<br />

O <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> foi cria<strong>do</strong> no dia 1 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 1986, através da Decisão 29/85 <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (CFO) na<br />

78ª reunião ordinária realizada em 6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1985.<br />

21


22<br />

A Decisão CFO 30/85 transformou a Delegacia Seccional <strong>do</strong> CRO-AM no Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Acre em Delegacia Seccional <strong>do</strong> CRO-RO no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre.<br />

A Decisão CFO 31/85 nomeou a diretoria provisória para o <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> composta pelos seguintes cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas:<br />

Membros Efetivos<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Augusto Luiz Santos Veiga<br />

Secretário: José Freitas Atallah<br />

Tesoureiro: Sílvio Nascimento Gualberto<br />

Vogais<br />

Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes e Gilson Fernan<strong>do</strong> Ferreira <strong>de</strong> Menezes.<br />

Esses tomaram posse no dia 11 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1986 em uma sessão solene nas<br />

instalações <strong>do</strong> CRO-RO e exerceram o mandato provisório até 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1988.


A Decisão CFO 17/88 <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1988 nomeou a nova diretoria <strong>do</strong> CRO-<br />

RO por <strong>de</strong>signação <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> não haver quórum para as eleições da nova<br />

diretoria, processada em 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1988. Os membros efetivos da diretoria<br />

foram:<br />

Membros Efetivos<br />

Presi<strong>de</strong>nte : Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 39<br />

Secretário: Al<strong>de</strong>mar Brasileiro Paraguassú CRO-RO 5<br />

Tesoureiro<br />

Janilton Nazaré Sales <strong>de</strong> Oliveira CRO-RO 134<br />

Sérgio Abil <strong>de</strong> Souza Lemos CRO-RO 137<br />

Wellyton Melo <strong>de</strong> Souza CRO-RO 10<br />

Membros Suplentes<br />

Itaci Alves Ferreira Silva CRO-RO 279<br />

João Paelo CRO-RO 030<br />

Luiz Carlos Almeida <strong>de</strong> Holanda CRO-RO 60<br />

Mário Antônio Esteves CRO-RO <strong>25</strong>6<br />

Raquel Maria <strong>de</strong> Souza Luccas CRO-RO 104<br />

A Comissão <strong>de</strong> Ética foi <strong>de</strong>signada pelos conselheiros. O<br />

mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1988 a 13 <strong>de</strong> julho<br />

<strong>de</strong> 1990.<br />

A Decisão CFO 27/89 <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1989 criou<br />

o <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Acre. Portanto, a<br />

partir <strong>de</strong>ssa data foi extinta a atribuição <strong>do</strong> CRO-RO como<br />

Delegacia Seccional <strong>do</strong> CRO-RO no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre.<br />

23


24<br />

A Decisão CFO 21/90 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1990 nomeou a nova diretoria <strong>do</strong> CRO-RO por<br />

<strong>de</strong>signação <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> não haver apresentação <strong>de</strong> chapa para concorrer às eleições. Os<br />

membros efetivos da diretoria foram:<br />

Membros Efetivos<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 39<br />

Secretário: Pedro Struthos Neto CRO-RO 44<br />

Tesoureiro: José Freitas Atallah CRO-RO 8<br />

Mário Antônio Esteves CRO-RO <strong>25</strong>6<br />

Djalma <strong>de</strong> Farias Oliveira CRO-RO 106<br />

Membros Suplentes<br />

José Carlos Fernan<strong>de</strong>s CRO-RO 97<br />

Francisco das Chagas Me<strong>de</strong>iros CRO-RO 50<br />

Luiz Carlos Almeida <strong>de</strong> Holanda CRO-RO 60<br />

Eusima Moura Saraiva CRO-RO 058<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 45<br />

Comissão <strong>de</strong> Tomada <strong>de</strong> Contas<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Djalma <strong>de</strong> Farias Oliveira CRO-RO 106<br />

Membros: Luiz Carlos Almeida <strong>de</strong> Holanda CRO-RO 60<br />

Eusima Moura Saraiva CRO-RO 58<br />

Comissão <strong>de</strong> Ética<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Mário Antônio Esteves CRO-RO <strong>25</strong>6<br />

Membros: José Carlos Fernan<strong>de</strong>s CRO-RO 97<br />

Francisco das Chagas Me<strong>de</strong>iros CRO-RO 50<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990 a 13 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 1992.


A Decisão CFO 30/92 <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1992 nomeou a nova diretoria <strong>do</strong> CRO-RO<br />

por <strong>de</strong>signação <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> não haver apresentação <strong>de</strong> chapa para concorrer às<br />

eleições. Os membros efetivos da diretoria foram:<br />

Membros Efetivos<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 39<br />

Secretário: Pedro Struthos Neto CRO-RO 44<br />

Tesoureiro: José Freitas Atallah CRO-RO 8<br />

Mário Antônio Esteves CRO-RO <strong>25</strong>6<br />

Rubens Augusto <strong>de</strong> Souza Filho CRO-RO 199<br />

Membros Suplentes<br />

Itaci Alves Ferreira Silva CRO-RO 279<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 45<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r Sanchotene Pinto CRO-RO 43<br />

Luiz Carlos Almeida <strong>de</strong> Holanda CRO-RO 60<br />

Thelma Bauchabki <strong>de</strong> Almeida CRO-RO 233<br />

Comissão <strong>de</strong> Tomada <strong>de</strong> Contas<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Rubens Augusto <strong>de</strong> Souza Filho CRO-RO 199<br />

Membros: Luiz Val<strong>de</strong>r Sanchotene Pinto CRO-RO 43<br />

Luiz Carlos Almeida <strong>de</strong> Holanda CRO-RO 60<br />

Comissão <strong>de</strong> Ética<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Mário Antônio Esteves CRO-RO <strong>25</strong>6<br />

Membros: Itaci Alves Ferreira Silva CRO-RO 279<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 45<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1992 a 13 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 1994.<br />

<strong>25</strong>


26<br />

A Decisão CFO 27/94 <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994 nomeou a nova diretoria <strong>do</strong> CRO-RO<br />

por <strong>de</strong>signação <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> não haver apresentação <strong>de</strong> chapa para concorrer<br />

às eleições. Os membros efetivos da diretoria foram:<br />

Membros Efetivos<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Leandro Claro <strong>de</strong> Faria CRO-RO 341<br />

Secretário: Milton Jorge Foroni CRO-RO 221<br />

Tesoureiro: Jin Lie Ming Wang CRO-RO 495<br />

José Freitas Atallah CRO-RO 8<br />

Janilton Nazaré Sales <strong>de</strong> Oliveira CRO-RO 134<br />

Membros Suplentes<br />

Sílvio José Cavallari CRO-RO 109<br />

Francisco das Chagas Me<strong>de</strong>iros CRO-RO 50<br />

Silvana Dias Gonçalez CRO-RO 364<br />

Narlen Darwich da Rocha CRO-RO 485<br />

Ahmed Ali Dahas Filho CRO-RO 430<br />

Comissão <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> contas<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Janilton Nazaré Sales <strong>de</strong> Oliveira CRO-RO 134<br />

Membros: Silvana Dias Gonçalez CRO-RO 364<br />

Narlen Darwich da Rocha CRO-RO 485<br />

Comissão <strong>de</strong> Ética<br />

Presi<strong>de</strong>nte: José Freitas Atallah CRO-RO 8<br />

Membros: Ahmed Ali Dahas Filho CRO-RO 430<br />

Sílvio José Cavallari CRO-RO 109<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994 a 13<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1996.


A Decisão CFO 24/1996 <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1996 proclamou a nova diretoria <strong>do</strong><br />

CRO-RO eleita em 8 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1996. A diretoria eleita para exercer o mandato<br />

foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Milton Jorge Foroni CRO-RO 221<br />

Janilton Nazaré Sales <strong>de</strong> Oliveira CRO-RO 134<br />

José Freitas Atallah CRO-RO 8<br />

Mariza Helena Cal<strong>de</strong>ira Miranda Camargos Fabel CRO-RO 101<br />

Martha Johnson <strong>de</strong> Carvalho CRO-RO 450<br />

Membros Suplentes<br />

Leandro Claro <strong>de</strong> Faria CRO-RO 341<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r Sanchotene Pinto CRO-RO 43<br />

Nelson <strong>de</strong> Oliveira Pantoja CRO-RO 11<br />

Patrícia Parisotto Alves <strong>de</strong> Souza Boretti CRO-RO 303<br />

Paulo Lon<strong>de</strong> Raposo CRO-RO 443<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1996 a 13 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 1998.<br />

27


28<br />

Portaria CFO-210 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998 proclamou a nova diretoria <strong>do</strong> CRO-RO<br />

eleita em 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1998. A diretoria eleita para exercer o mandato foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Milton Jorge Foroni CRO-RO 221<br />

Leandro Claro <strong>de</strong> Faria CRO-RO 341<br />

Augusto Luiz Santos Veiga CRO-RO 23<br />

José Freitas Atallah CRO-RO 8<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 45<br />

Membros Suplentes<br />

Francisco Salviano <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> CRO-RO 64<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r Sanchotene Pinto CRO-RO 43<br />

Mário Antônio Esteves CRO-RO <strong>25</strong>6<br />

Gumercin<strong>do</strong> das Neves Júnior CRO-RO 530<br />

Paulo Lon<strong>de</strong> Rapôso CRO-RO 443<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998 a 13<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000.


A Decisão CFO 23/2000 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000 proclamou a nova diretoria<br />

<strong>do</strong> CRO-RO eleita em 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2000. A diretoria eleita para exercer o<br />

mandato foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Milton Jorge Foroni CRO-RO 221<br />

Ricar<strong>do</strong> Maurício Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira CRO-RO 369<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 045<br />

Marciano Alves <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros CRO-RO 666<br />

Leandro Claro <strong>de</strong> Faria CRO-RO 341<br />

Membros Suplentes<br />

Cleimar Carlos Bach CRO-RO 542<br />

Mário Antônio Esteves CRO-RO <strong>25</strong>6<br />

Paulo Lon<strong>de</strong> Raposo CRO-RO 443<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r Sanchotene Pinto CRO-RO 43<br />

Francisco Salviano <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> CRO-RO 64<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000 a 13 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2002.<br />

29


30<br />

A Decisão CFO 36/2002 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 proclamou a nova diretoria <strong>do</strong><br />

CRO-RO eleita em 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002. A diretoria eleita para exercer o mandato foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Fausto Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Souza CRO-RO 603<br />

Milton Jorge Foroni CRO-RO 221<br />

Ricar<strong>do</strong> Maurício Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira CRO-RO 369<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Meneses CRO-RO 45<br />

Sarah Benesby <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> CRO-RO 652<br />

Membros Suplentes<br />

Edson José Gois Ortiz CRO-RO 310<br />

Eduar<strong>do</strong> Shitoko Toma CRO-RO 407<br />

Fortunato Luiz Go<strong>do</strong>i CRO-RO 265<br />

Ilso Marcio Gedro Rocha CRO-RO 499<br />

Paulo Lon<strong>de</strong> Raposo CRO-RO 443<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002 a 13<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2004.


A Decisão CFO 18/2004 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2004 proclamou a nova diretoria<br />

<strong>do</strong> CRO-RO eleita em 12 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2004. A diretoria eleita para exercer o<br />

mandato foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Eduar<strong>do</strong> Shitoko Toma CRO-RO 407<br />

Ilso Marcio Gedro Rocha CRO-RO 499<br />

Milton Jorge Foroni CRO-RO 221<br />

Paulo Lon<strong>de</strong> Raposo CRO-RO 443<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 45<br />

Membros Suplentes<br />

Ana Giselle Aguiar Dias CRO-RO 735<br />

Cláudia Regina Lima Ramagem CRO-RO 713<br />

Edson José Góis Ortiz CRO-RO 310<br />

Luciana Dias Garcia CRO-RO 656<br />

Marcos Rogério Pereira CRO-RO 755<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2004 a 13 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2006.<br />

31


32<br />

A Decisão CFO 2/2006 <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2006 proclamou a nova diretoria<br />

<strong>do</strong> CRO-RO eleita em 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2006. A diretoria eleita para exercer o<br />

mandato foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Antônio Santana Castelo Branco CRO-RO 180<br />

Ilso Márcio Gedro Rocha CRO-RO 499<br />

Milton Jorge Foroni CRO-RO 221<br />

Paulo Lon<strong>de</strong> Raposo CRO-RO 443<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes CRO-RO 45<br />

Membros Suplentes<br />

Alzenete Marcolino CRO-RO 383<br />

Ana Giselle Aguiar Dias CRO-RO 735<br />

Edson Jose Góis Ortiz CRO-RO 310<br />

Flávia da Costa Car<strong>do</strong>so CRO-RO 933<br />

Iracema Correa <strong>do</strong> Amaral Ribeiro CRO-RO 290<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2006 a 13<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008.


A Decisão CFO 5/2008 <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2008 proclamou a nova diretoria<br />

<strong>do</strong> CRO-RO eleita em 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2008. A diretoria eleita para exercer o<br />

mandato foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Ilso Márcio Gedro Rocha, CRO-RO 499<br />

Leandro Claro <strong>de</strong> Faria, CRO-RO 341<br />

Milton Jorge Foroni, CRO-RO 221<br />

Paulo Lon<strong>de</strong> Raposo, CRO-RO 443<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes, CRO-RO 45<br />

Membros Suplentes<br />

Antônio Santana Castelo Branco, CRO-RO 180<br />

Flávia da Costa Car<strong>do</strong>so, CRO-RO 933<br />

Francisco Salviano <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>, CRO-RO 64<br />

Kettyane <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> Almeida, CRO-RO 870<br />

Marcelo Augusto Men<strong>de</strong>z Veiga, CRO-RO 999<br />

O mandato foi exerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008 a 13<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010.<br />

33


34<br />

A Decisão CFO 14/2010 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2010 proclamou a nova diretoria <strong>do</strong><br />

CRO-RO eleita em 5 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2010. A diretoria eleita para exercer o mandato foi:<br />

Membros Efetivos<br />

Antonio Carlos Politano, CRO-RO 403<br />

Edval<strong>do</strong> Montello Jardim, CRO-RO 541<br />

Hailton Cavalcante <strong>do</strong>s Santos, CRO-RO 706<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Rodrigues Rosa, CRO-RO 592<br />

Selene Maria Chagas Coelho Higashi, CRO-RO 509<br />

Membros Suplentes<br />

Carlos Henrique <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Carvalho, CRO-RO 113<br />

Glauco Pereira Moyses, CRO-RO 549<br />

José Marcelo Vargas Pinto, CRO-RO 649<br />

Luciano Kazuo Murakami, CRO-RO 380<br />

Meire <strong>de</strong> Souza Gonçalves, CRO-RO 679<br />

O mandato em exercício é <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010 a<br />

13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2012.


PRESIDENTES DO CRO-RO 1986 - 2012<br />

Augusto Luiz Santos Veiga<br />

11.1.1986 – 13.7.1988<br />

Milton Jorge Foroni<br />

14.07.1996 – 13.7.1998<br />

14.7.1998 – 13.7.2000<br />

14.7. 2000 – 13.7. 2002<br />

Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes<br />

14.07.1988 – 13.7.1990<br />

14.7.1990 – 13.7.1992<br />

14.7.1992 – 13.7.1994<br />

Sandra Maria Rodrigues <strong>de</strong> Menezes<br />

14.07.2002 – 13.7.2004<br />

14.7. 2004 – 13.7.2006<br />

14.7. 2006 – 13.7.2008<br />

14.7. 2008 – 13.7.2010<br />

Leandro Claro <strong>de</strong> Faria<br />

14.7.1994 – 13.7.1996<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Rodrigues Rosa<br />

14.7.2010<br />

35


36<br />

ATAS DAS SESSÕES PLENÁRIAS DO CRO-RO<br />

Primeira Sessão<br />

Plenária <strong>do</strong> CRO-RO,<br />

7.4.1986. Abertura<br />

oficial com<br />

cumprimentos <strong>do</strong><br />

Presi<strong>de</strong>nte aos<br />

<strong>de</strong>mais membros <strong>do</strong><br />

<strong>Conselho</strong> pelo árduo<br />

trabalho <strong>de</strong><br />

implantação <strong>do</strong><br />

órgão em <strong>Rondônia</strong>.<br />

Posse <strong>do</strong>s<br />

conselheiros<br />

efetivos.


17ª Sessão Plenária,<br />

8.7.1988, última<br />

seção <strong>do</strong> mandato <strong>do</strong><br />

Presi<strong>de</strong>nte Augusto<br />

Luiz Santos Veiga.<br />

Esse ressalta a<br />

importância da<br />

criação e da<br />

implantação <strong>do</strong><br />

CRO-RO.<br />

20ª Sessão Plenária<br />

<strong>do</strong> CRO-RO,<br />

20.12.1988, a<br />

última realizada na<br />

se<strong>de</strong> provisória,<br />

Rua Tenreiro Aranha<br />

2494, Galeria El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>,<br />

salas 102 e 103 –<br />

Porto Velho.<br />

21ª Sessão Plenária<br />

<strong>do</strong> CRO-RO,<br />

17.2.1989, a<br />

primeira realizada na<br />

se<strong>de</strong> própria, Avenida<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias<br />

n. 508, Bairro Caiari –<br />

Porto Velho.<br />

37


36ª Sessão<br />

Plenária <strong>do</strong> CRO-<br />

-RO, <strong>25</strong>.10.1991, a<br />

primeira, até o<br />

momento a única,<br />

realizada no<br />

Clube <strong>de</strong> Sargentos<br />

<strong>de</strong> Guajará-Mirim.<br />

Cita a ação da<br />

Associação<br />

Guajaramirense <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia contra<br />

os ilegais, citada<br />

como um importante<br />

marco na<br />

história da<br />

o<strong>do</strong>ntologia no<br />

Esta<strong>do</strong>.<br />

38<br />

40ª Sessão Plenária <strong>do</strong> CRO-RO,<br />

8.8.1992, relata sobre o recebimento<br />

da convocação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CRO-<br />

-RO para prestar <strong>de</strong>clarações na Delegacia<br />

<strong>de</strong> Crimes Funcionais a respeito <strong>do</strong>s<br />

falsos profissionais.<br />

44ª Sessão Plenária <strong>do</strong> CRO-RO,<br />

<strong>25</strong>.6.1993, aborda o assunto <strong>do</strong> Projeto<br />

<strong>de</strong> Lei apresenta<strong>do</strong> à Assembleia<br />

Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> pela<br />

Deputada Estadual Ivone Abrão, com o<br />

intuito <strong>de</strong> legalizar o exercício das<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> falsos profissionais da<br />

o<strong>do</strong>ntologia no Esta<strong>do</strong>.


48ª Sessão Plenária <strong>do</strong><br />

CRO-RO, 9.2.1994,<br />

informa <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong><br />

Presi<strong>de</strong>nte Lester<br />

Pontes <strong>de</strong> Menezes <strong>do</strong><br />

CRO-RO para o Acre,<br />

como representante <strong>do</strong><br />

<strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia na<br />

inauguração da se<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> CRO-AC.<br />

63ª Sessão Plenária <strong>do</strong> CRO-RO, 22.7.1995, reunião realizada em Ji-Paraná, nas<br />

<strong>de</strong>pendências <strong>do</strong> Hotel Transcontinental. Presença <strong>do</strong> Secretário-Geral <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, Carlos Alberto. Comentam sobre o exercício ilegal da<br />

profissão em: Cacoal, Rolim <strong>de</strong> Moura, Colora<strong>do</strong> d’Oeste, Guajará-Mirim, Porto Velho<br />

e outros. O representante <strong>do</strong> CRO-RO em Cacoal requisitou a interferência <strong>do</strong><br />

<strong>Conselho</strong> na sensibilização <strong>do</strong>s responsáveis para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluoretação da<br />

água <strong>de</strong> abastecimento público nessa cida<strong>de</strong>. Discussão sobre como sensibilizar a<br />

população a respeito <strong>do</strong>s perigos <strong>de</strong> ser atendi<strong>do</strong> por um falso profissional.<br />

39


40<br />

75ª Sessão Plenária <strong>do</strong> CRO-RO,<br />

26.7.1996, apreciação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

projetos <strong>de</strong> reforma da se<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

CRO. Um <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong>s arquitetos<br />

Lacerda & Augusto e,<br />

o outro, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong><br />

Evaldy Evangelista da Silva.<br />

132ª Sessão Plenária <strong>do</strong> CRO-RO,<br />

10.12.2001, última ata realizada<br />

manualmente no livro <strong>de</strong> ata <strong>do</strong><br />

CRO-RO. A partir da 133ª Sessão<br />

Plenária a ata passou a ser<br />

redigida eletronicamente.


NOTÍCIAS DO CONSELHO<br />

1997<br />

41


44<br />

1998


2000<br />

2001<br />

45


46<br />

2002


2003<br />

47


50<br />

2004


2005<br />

51


2006<br />

53


54<br />

2007


2008<br />

55


56<br />

2009


2010<br />

2011<br />

57


EDIÇÕES DO JORNAL DO CRO-RO<br />

59


62<br />

FOTOGRAFIAS DO CRO-RO<br />

À esquerda Milton Foroni, ao centro ex-presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CFO<br />

Jacques Narcise e à direita Heitor Costa. Inauguração <strong>do</strong><br />

auditório da se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CRO-RO, 21.11.1997<br />

Solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inauguração <strong>do</strong> auditório da se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CRO-RO,<br />

21.11.1997<br />

À esquerda Milton Foroni, à direita ex-presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CFO<br />

Jacques Narcise. Inauguração <strong>do</strong> auditório da se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CRO-<br />

-RO, 21.11.1997<br />

Grupo <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas <strong>de</strong> curso ofereci<strong>do</strong> pelo<br />

CRO-RO em Cacoal<br />

Fotos: Arquivo CRO-RO


Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas na sala <strong>de</strong> reuniões <strong>do</strong> CRO-RO em<br />

Porto Velho<br />

Participantes <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> aperfeiçoamento em<br />

en<strong>do</strong><strong>do</strong>ntia<br />

À esquerda Paulo Raposo, ao centro Miguel Alvaro,<br />

ex-Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CFO e à direita Milton Foroni<br />

Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas em evento em Brasília<br />

Ao centro e à direita cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas Augusto Veiga e<br />

Milton Foroni<br />

Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas <strong>de</strong> curso ofereci<strong>do</strong> pelo CRO-RO em<br />

Vilhena, 2005<br />

63


Palestrante em curso ofereci<strong>do</strong> pelo CRO-RO Da esquerda para a direita: cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas Ana Gisele,<br />

Antônio Agra, Iracema Amaral e Milton Foroni<br />

Processo eleitoral na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CRO-RO Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas em curso ministra<strong>do</strong> pelo CRO-RO<br />

Ao la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista Ericsson Leão e à<br />

direita cirurgião-<strong>de</strong>ntista Lester Menezes<br />

64<br />

Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas reuni<strong>do</strong>s no Dia <strong>do</strong> Cirurgião-Dentista,<br />

<strong>25</strong>.10.2003


Baile comemorativo <strong>do</strong> Dia <strong>do</strong> Cirurgião-Dentista Evento com a presença <strong>de</strong> Milton Foroni<br />

Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas Ilso Márcio, à esquerda. À direita<br />

Miguel Alvaro<br />

Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas em evento no auditório <strong>do</strong> CRO-RO<br />

Cirurgião-<strong>de</strong>ntista João Barbosa, in memoriam Vacinação contra hepatite B na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CRO-RO, década<br />

<strong>de</strong> 1990<br />

65


66<br />

CONTEXTO HISTÓRICO DO DENTISTA<br />

PRÁTICO NO BRASIL<br />

Até o século XIX a prática da o<strong>do</strong>ntologia limitava-se, basicamente, às extrações<br />

<strong>de</strong>ntárias por meio <strong>de</strong> técnicas primitivas e rudimentares, instrumental impróprio,<br />

além <strong>de</strong> não existirem quaisquer formas <strong>de</strong> higiene e <strong>de</strong> anestesia.<br />

A o<strong>do</strong>ntologia era, assim, exercida pelo barbeiro ou sangra<strong>do</strong>r<br />

(<strong>de</strong>sinforma<strong>do</strong>s) que <strong>de</strong>veriam agir <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> forte, impie<strong>do</strong>so, impassível e rápi<strong>do</strong>.<br />

Como as técnicas <strong>de</strong> “curar <strong>de</strong> cirurgia, sangrar e tirar <strong>de</strong>ntes” eram transmitidas<br />

sem qualquer teoria, os barbeiros e sangra<strong>do</strong>res eram geralmente ignorantes e<br />

gozavam <strong>de</strong> baixo conceito, apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> essa ativida<strong>de</strong> com alguém mais experiente.<br />

Diante <strong>de</strong>sse quadro, a o<strong>do</strong>ntologia não era vista com bons olhos pelos<br />

médicos e pelos cirurgiões, os quais evitavam esse ofício porque temiam ser<br />

responsabiliza<strong>do</strong>s por expor os pacientes ao risco <strong>de</strong> morte causa<strong>do</strong> pelas<br />

hemorragias e inevitáveis infecções, e porque argumentavam que tal ativida<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>ria prejudicar a <strong>de</strong>streza das mãos <strong>do</strong>s profissionais, tornan<strong>do</strong>-as pesadas e<br />

inaptas para realizar intervenções <strong>de</strong>licadas. 3<br />

Pessoas sem treinamento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> educação formal, empíricos,<br />

até a atualida<strong>de</strong>, exercem as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista e são <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong>ntistas<br />

práticos, falsos <strong>de</strong>ntistas ou charlatões. Esses foram excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> praticar<br />

a o<strong>do</strong>ntologia no Brasil na década <strong>de</strong> 1930, quan<strong>do</strong> foi estabeleci<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong><br />

cre<strong>de</strong>nciamento adquiri<strong>do</strong> pelo treinamento formal e pela obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

registro no Departamento Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública. Entretanto, a garantia <strong>de</strong><br />

3 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Da responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista. In:<br />

Âmbito Jurídico, Rio Gran<strong>de</strong>, 57, 30/09/2008 [Internet]. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/<br />

site/in<strong>de</strong>x.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3104. Acesso em 9/9/2011.


monopólio profissional, com base em um sistema <strong>de</strong> autorregulação, ou seja, um<br />

sistema no qual o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>lega po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong> exercício profissional<br />

à corporação profissional, concretizou-se somente na década <strong>de</strong> 1960, a partir<br />

da instituição <strong>do</strong>s <strong>Conselho</strong>s Fe<strong>de</strong>ral e Regionais <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia. Esse contexto<br />

histórico e latente faz com que uma das principais tarefas <strong>do</strong>s <strong>Conselho</strong>s Regionais<br />

<strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, até os dias <strong>de</strong> hoje, seja fiscalizar o exercício legal da profissão.<br />

De acor<strong>do</strong> com Cristiana Leite Carvalho, autora da tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong><br />

Dentistas Práticos no Brasil: História <strong>de</strong> Exclusão e Resistência na Profissionalização<br />

da O<strong>do</strong>ntologia Brasileira, entre 1947 e 1997, foram encaminha<strong>do</strong>s ao Congresso<br />

Nacional 30 Projetos <strong>de</strong> Lei com vistas à regulamentação das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>ntistas práticos. Entre esses projetos o PL 5683/1981 <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mato<br />

Grosso Louremberg Nunes Rocha sob a ementa: “regulamenta o exercício da<br />

o<strong>do</strong>ntologia pelos <strong>de</strong>ntistas práticos, pioneiros na região<br />

amazônica e <strong>de</strong>termina outras providências”.<br />

Em 1973 houve um movimento nacional da Associação<br />

<strong>do</strong>s Dentistas Práticos <strong>do</strong> Brasil, que se reuniu em Brasília<br />

entre os dias 3 a 7 <strong>de</strong> abril. Mais <strong>de</strong> três mil práticos <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />

o país compareceram ao “I Encontro <strong>do</strong>s Dentistas Práticos<br />

<strong>do</strong> Brasil”, no entanto, em reação ao movimento, o <strong>Conselho</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia entrou com um pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> dissolução<br />

da Associação, o que ocorreu no primeiro dia <strong>do</strong> evento<br />

através da Sentença <strong>do</strong> Juiz da 1º Vara Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Brasília-DF,<br />

João Augusto Didier, com a publicação simultânea da notícia<br />

em diversos jornais.<br />

Em <strong>Rondônia</strong>, 1993, a Deputada Estadual Ivone Abrão,<br />

apresentou à Assembleia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> um Projeto <strong>de</strong><br />

Lei com o intuito <strong>de</strong> legalizar o exercício das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

falsos profissionais da o<strong>do</strong>ntologia no Esta<strong>do</strong>.<br />

Apesar <strong>de</strong> todas as medidas a<strong>do</strong>tadas pelos <strong>Conselho</strong>s<br />

<strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, a fim <strong>de</strong> coibir as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s falsos<br />

profissionais, o exercício ilegal da profissão continua a ser<br />

pratica<strong>do</strong>. Esse <strong>de</strong>verá cessar à medida que o Esta<strong>do</strong> Brasileiro<br />

<strong>de</strong>senvolver políticas públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal capazes <strong>de</strong><br />

alcançar, <strong>de</strong> maneira satisfatória, a população <strong>de</strong> baixa renda.<br />

Interdição <strong>de</strong> local<br />

<strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong><br />

falso <strong>de</strong>ntista em<br />

<strong>Rondônia</strong>.<br />

Propaganda <strong>de</strong><br />

charlatão em<br />

<strong>Rondônia</strong><br />

Fotos: Acervo CRO-RO<br />

67


68<br />

HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA<br />

NO BRASIL<br />

A trajetória da o<strong>do</strong>ntologia fez-se como um gran<strong>de</strong> rio: nasceu na Mesopotâmia, ganhou<br />

o velho Egito e correu até o Mediterrâneo, atravessou-o chegan<strong>do</strong> à Grécia, inflectiu-se<br />

<strong>de</strong>pois até Roma <strong>de</strong> on<strong>de</strong> seguiu para a península Ibérica, chegou à França, à Alemanha e à<br />

Inglaterra e transpôs o oceano Atlântico, espraian<strong>do</strong>-se pela América, sen<strong>do</strong> que nesse longo<br />

curso <strong>de</strong> alguns milênios, foi receben<strong>do</strong>, em seu <strong>de</strong>mora<strong>do</strong> percurso, afluentes importantes,<br />

lançan<strong>do</strong> braços nas mais variadas direções, até chegar ao colosso admirável da atualida<strong>de</strong>. 4<br />

Ernesto Salles Cunha<br />

Nos seus primórdios a o<strong>do</strong>ntologia era chamada <strong>de</strong> arte <strong>de</strong>ntária e tem suas origens<br />

na pré-história. Não obstante, seus registros mais antigos sejam <strong>de</strong> 3500 a.C., na<br />

Mesopotâmia, on<strong>de</strong> é possível observar, nas inscrições da época, uma menção<br />

sobre o que seria o verme responsável pela <strong>de</strong>struição da estrutura <strong>de</strong>ntária, o<br />

gusano <strong>de</strong>ntário. 5 Em 2006 foram encontradas três tumbas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas na região <strong>de</strong><br />

4 CUNHA, Ernesto Salles, História da o<strong>do</strong>ntologia no Brasil. 2ª ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro; Editora Científica; 1952,<br />

p. 288 apud SILVA, Ricar<strong>do</strong> Henrique Alves da, Bauru, 2005. Disponível em: www.teses.usp.br/teses/<br />

disponiveis/<strong>25</strong>/.../Ricar<strong>do</strong>HenriqueAlvesSilva.<strong>pdf</strong>. Acesso em 9/9/2011.<br />

5 ROSENTHAL, Elias. A o<strong>do</strong>ntologia no Brasil no século XX. São Paulo; Editora Santos, 2001, p. 441 apud<br />

SILVA, Ricar<strong>do</strong> Henrique Alves da, Bauru, 2005. Disponível em: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/<strong>25</strong>/.../<br />

Ricar<strong>do</strong>HenriqueAlvesSilva.<strong>pdf</strong>. Acesso em 9/9/2011.


Saqara, a cerca <strong>de</strong> <strong>25</strong> quilômetros a su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Cairo, Egito. Arqueólogos egípcios<br />

avaliam que elas datem <strong>de</strong> <strong>25</strong>75 a 2150 a.C. e sejam <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntistas que tratavam a<br />

família <strong>do</strong> faraó, pelo fato <strong>de</strong> haver <strong>do</strong>is hieroglifos que mostram um olho sobre<br />

um <strong>de</strong>nte. De acor<strong>do</strong> com o <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> Antiguida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Egito o local on<strong>de</strong> os<br />

corpos foram enterra<strong>do</strong>s revela que os <strong>de</strong>ntistas eram respeita<strong>do</strong>s pelos antigos<br />

reis. Por outro la<strong>do</strong>, o fato <strong>de</strong> os sepulcros terem si<strong>do</strong> feitos <strong>de</strong> barro e calcário<br />

<strong>de</strong>monstra que eles não eram homens ricos.<br />

Sabe-se que no Egito antigo, na Fenícia e na Mesopotâmia já se<br />

<strong>de</strong>senvolviam técnicas para tratamento <strong>de</strong>ntário. No mun<strong>do</strong> clássico, a Grécia<br />

teve estu<strong>do</strong>s concernentes à saú<strong>de</strong>, atribuí<strong>do</strong>s a Hipócrates, abordan<strong>do</strong> inclusive<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes e tratamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças <strong>de</strong>ntárias. Em Roma a<br />

o<strong>do</strong>ntologia era tida como um ramo da medicina e não se fazia distinção alguma<br />

entre <strong>do</strong>enças da boca e <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes e <strong>do</strong>enças que afetavam outras partes <strong>do</strong> corpo.<br />

Não obstante, os romanos tinham habilida<strong>de</strong>s para o tratamento <strong>de</strong> cáries com<br />

restaurações, extração <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes, e, nomeadamente, a higiene bucal. Na Europa da<br />

Ida<strong>de</strong> Média, cirurgiões barbeiros se especializaram no tratamento <strong>de</strong>ntário <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>do</strong> totalmente empírico, com o méto<strong>do</strong> tentativa-erro. 6<br />

Técnicas o<strong>do</strong>ntológicas pré-colombianas<br />

No tocante ao Brasil, os primórdios da o<strong>do</strong>ntologia nos remetem ao perío<strong>do</strong><br />

anterior à própria chegada em nosso país <strong>do</strong> fidalgo e navega<strong>do</strong>r português Pedro<br />

Álvares Cabral. Documentos da época sinalizam que os nossos povos indígenas já<br />

realizavam tratamentos <strong>de</strong>ntários quan<strong>do</strong> o país foi <strong>de</strong>scoberto e que eles tinham<br />

bons <strong>de</strong>ntes. A Carta <strong>de</strong> Pero Vaz <strong>de</strong> Caminha relata habitantes com bons rostos,<br />

o que po<strong>de</strong> ser um indicativo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes sadios e bonitos. Crânios encontra<strong>do</strong>s em<br />

Lagoa Santa - MG, em regiões litorâneas <strong>de</strong> São Paulo e <strong>do</strong> Paraná, bem como<br />

observações <strong>do</strong>s primeiros coloniza<strong>do</strong>res, apontam que os índios possuíam <strong>de</strong>ntes<br />

bem-implanta<strong>do</strong>s e com pouquíssimas cáries, porém acentuada abrasão, causada<br />

pela mastigação <strong>de</strong> alimentos duros. Sabe-se também que o povo Kuikuro, <strong>do</strong> norte<br />

6 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Da responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista. In:<br />

Âmbito Jurídico, Rio Gran<strong>de</strong>, 57, 30/9/2008 [Internet]. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/<br />

site/in<strong>de</strong>x.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3104. Acesso em 7/9/2011.<br />

69


70<br />

<strong>do</strong> Mato Grosso, preenchia cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntárias com resina <strong>de</strong> jatobá aquecida, que<br />

cauterizava a polpa e funcionava como uma obturação, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> endurecida. 7<br />

Regulamentação <strong>do</strong> exercício da arte <strong>de</strong>ntária no Brasil<br />

No perío<strong>do</strong> anterior ao <strong>de</strong>scobrimento <strong>do</strong> Brasil, 42 anos antes, já vigorava, em<br />

Portugal, a carta régia <strong>de</strong> D. Afonso, <strong>de</strong> <strong>25</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1448, que dava “carta <strong>de</strong><br />

ofício <strong>de</strong> cirurgião-mor <strong>de</strong>stes reinos”, e constitui-se o primeiro <strong>do</strong>cumento legal<br />

disciplina<strong>do</strong>r das ativida<strong>de</strong>s da arte <strong>de</strong> curar em terras portuguesas. De acor<strong>do</strong><br />

com esse <strong>do</strong>cumento as pessoas, para “usar da physica ou da cirurgia”, <strong>de</strong>veriam<br />

receber uma licença especial concedida pelo cirurgião-mor, preven<strong>do</strong>, também,<br />

que os não habilita<strong>do</strong>s legalmente para exercício das ações relativas aos cuida<strong>do</strong>s<br />

com a saú<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong> autua<strong>do</strong>s, seriam “presos e multa<strong>do</strong>s em três marcos <strong>de</strong> ouro”<br />

8 . Todavia, como a carta <strong>de</strong> ofício não se referia aos barbeiros e aos sangra<strong>do</strong>res,<br />

havia a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses profissionais terem obti<strong>do</strong> licença <strong>do</strong> cirurgião-mor <strong>de</strong><br />

Portugal. 9<br />

Durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> criação das capitanias hereditárias, entre 1534 e 1536,<br />

com a chegada das expedições coloniza<strong>do</strong>ras e a formação <strong>do</strong>s primeiros núcleos<br />

<strong>de</strong> povoação, chegaram ao Brasil mestres <strong>de</strong> ofício <strong>de</strong> várias profissões. Tratava-se<br />

<strong>de</strong> artesãos <strong>de</strong>ntre os quais se incluíam os barbeiros: pessoas que tiravam <strong>de</strong>ntes.<br />

À época, a prática da o<strong>do</strong>ntologia limitava-se praticamente às extrações <strong>de</strong>ntárias,<br />

com técnicas primitivas e rudimentares, o instrumental impróprio, além <strong>de</strong> não<br />

existirem quaisquer formas <strong>de</strong> higiene e <strong>de</strong> anestesia. 10<br />

O exercício da arte <strong>de</strong>ntária no Brasil foi regulariza<strong>do</strong> em 9 <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>de</strong> 1629, quan<strong>do</strong> estabeleceram-se, por intermédio <strong>de</strong> uma carta régia da coroa<br />

portuguesa, os exames aos cirurgiões e aos barbeiros. Houve a reforma <strong>do</strong><br />

regimento <strong>do</strong> ofício <strong>do</strong> cirurgião-mor, que foi assina<strong>do</strong> por Pedro Sanches Farinha,<br />

em 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1631. Nele se encontra a primeira alusão legal à arte <strong>de</strong>ntária<br />

em terras portuguesas. Havia a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> uma multa <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil réis para as<br />

pessoas que “tirassem <strong>de</strong>ntes” sem licença. Essa era concedida pelo <strong>do</strong>utor Antônio<br />

7 Ibid.<br />

8 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>; titular funda<strong>do</strong>r na instalação da Aca<strong>de</strong>mia Cearense <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia; Fatos históricos da o<strong>do</strong>ntologia. Aca<strong>de</strong>mia Maranhense <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (AMO) em Revista,<br />

edição especial, 2008, São Luís, pp. 57 – 60.<br />

9 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Op. cit.<br />

10 Ibid.


L’Arracheur <strong>de</strong> <strong>de</strong>nts Pigal, (o arranca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes) litogravura <strong>de</strong> Bernar<strong>de</strong>t<br />

Frey, 1837. Cria<strong>do</strong>r: Pigal Edmé Jean, 1798-1892, Paris<br />

71


72<br />

Francisco Milheiro, responsável pela avaliação <strong>de</strong> sangra<strong>do</strong>res, que também<br />

tiravam <strong>de</strong>ntes, além das parteiras e <strong>do</strong>s barbeiros.<br />

De acor<strong>do</strong> com a carta régia competia ao cirurgião-mor <strong>de</strong> Portugal, quan<strong>do</strong><br />

em visita às várias regiões <strong>do</strong> reino, examinar, em companhia <strong>de</strong> <strong>do</strong>is barbeiros,<br />

aqueles que se candidatassem a sangra<strong>do</strong>res, a barbeiros, a parteiras, assim como<br />

as pessoas que “consertassem braços e que tirassem <strong>de</strong>ntes”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que comprova<strong>do</strong><br />

o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>, no mínimo, <strong>do</strong>is anos. Após o exame era concedida<br />

ao aprova<strong>do</strong> uma carta <strong>de</strong> autorização asseguran<strong>do</strong> o exercício das ativida<strong>de</strong>s nas<br />

quais fora examina<strong>do</strong>, mediante o pagamento <strong>de</strong> 2400 réis. Iniciou-se, <strong>de</strong>ssa forma,<br />

no Brasil, até o século XIX, o reconhecimento da habilitação <strong>do</strong>s que se <strong>de</strong>dicavam<br />

às ativida<strong>de</strong>s o<strong>do</strong>ntológicas que, como na França, eram indissociáveis da profissão<br />

<strong>de</strong> barbeiros. 11<br />

Durante <strong>do</strong>is séculos, a partir das disposições <strong>do</strong> regimento para ofício<br />

<strong>do</strong> cirurgião-mor, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1631, seguiu-se uma extensa série <strong>de</strong><br />

modificações introduzidas na legislação <strong>de</strong> controle das ativida<strong>de</strong>s voltadas para<br />

a saú<strong>de</strong>. Dispunham sempre sobre exames, taxas e rendimentos, sem, contu<strong>do</strong>,<br />

cogitarem a instituição <strong>de</strong> cursos para preparação <strong>de</strong> profissionais qualifica<strong>do</strong>s. 12<br />

Com o advento <strong>do</strong> ciclo <strong>do</strong> ouro no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, a Casa Real Portuguesa<br />

nomeou José S. C. Galhar<strong>do</strong> como primeiro cirurgião-mor <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong>, que<br />

regulamentou os práticos da arte <strong>de</strong>ntária. A sanção <strong>do</strong> Regimento ao Cirurgião<br />

Substituto das Minas Gerais, em 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1743, assina<strong>do</strong> em Vila Rica por<br />

Gomes Freire <strong>de</strong> Andrada, representa os primeiros vestígios da legislação brasileira<br />

relativos à arte <strong>de</strong> curar. Os preten<strong>de</strong>ntes pagavam uma taxa para fazer o exame e<br />

obter a carta para trabalhar. 13<br />

O novo regimento <strong>de</strong>legou ao cirurgião-mor <strong>de</strong> Minas Gerais as<br />

atribuições <strong>do</strong> cirurgião-mor <strong>do</strong> reino, fato que facilitou a obtenção <strong>de</strong> licenças aos<br />

que <strong>de</strong>sejavam se <strong>de</strong>dicar à arte <strong>de</strong>ntária. Referidas atribuições sujeitava-os, em<br />

contrapartida, ao exorbitante pagamento <strong>de</strong> oito oitavas <strong>de</strong> ouro, que correspondia,<br />

em moeda da época, a 12 réis. A quantia equivalia a cinco vezes a taxa estipulada<br />

pelo regimento <strong>do</strong> cirurgião-mor <strong>do</strong> reino. 14<br />

11 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

12 Ibid.<br />

13 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Op. cit.<br />

14 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.


Com o intuito <strong>de</strong> aprimorar a fiscalização nas colônias portuguesas a rainha<br />

D. Maria I, em 17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1782, instituiu uma lei que criou a Real Junta <strong>de</strong><br />

Proto-Medicato e transferia a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> exame <strong>de</strong> expedição <strong>de</strong> cartas<br />

e licenciamento das “pessoas que tirassem <strong>de</strong>ntes” para essa junta. A mesma era<br />

constituída por sete <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s, que fossem médicos ou cirurgiões aprova<strong>do</strong>s, com<br />

mandato <strong>de</strong> três anos. Os tira<strong>de</strong>ntes permaneciam sujeitos à fiscalização <strong>do</strong> sena<strong>do</strong>,<br />

da câmara e das entida<strong>de</strong>s pias. 15<br />

Em maio <strong>de</strong> 1800 o príncipe regente man<strong>do</strong>u executar o “plano <strong>de</strong><br />

exames” da Real Junta <strong>de</strong> Proto-Medicato. Esse consistia no aperfeiçoamento das<br />

formalida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>s exames. Nesse ano, pela primeira vez, encontra-se o vocábulo<br />

<strong>de</strong>ntista em <strong>do</strong>cumentos <strong>do</strong> reino.<br />

Tira<strong>de</strong>ntes, patrono da o<strong>do</strong>ntologia brasileira<br />

Cabe aqui um parêntese sobre um mártir da história brasileira que viveu nessa<br />

época: Joaquim José da Silva Xavier, conheci<strong>do</strong> como “Tira<strong>de</strong>ntes”. Ele foi preso<br />

em maio <strong>de</strong> 1789 <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua participação na Inconfidência Mineira, uma<br />

tentativa <strong>de</strong> revolta abortada pelo então governo da capitania <strong>de</strong> Minas Gerais. A<br />

insurreição era contra, entre outros motivos, a execução da <strong>de</strong>rrama (espécie <strong>de</strong><br />

cobrança forçada <strong>do</strong>s impostos atrasa<strong>do</strong>s) e o jugo português. O ofício Joaquim<br />

Xavier apren<strong>de</strong>u com seu padrinho, Sebastião Ferreira Leitão. Seu confessor, Frei<br />

Raymun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pennaforte, disse sobre ele: “Tirava, com efeito, <strong>de</strong>ntes com a mais<br />

sutil ligeireza e ornava a boca <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>ntes, feitos por ele mesmo, que pareciam<br />

15 Ibid.<br />

Pelicanos, fórceps<br />

e cinzel, em ma<strong>de</strong>ira<br />

e metal, <strong>do</strong><br />

século XVIII. Esses<br />

instrumentos<br />

pertenceram a<br />

Tira<strong>de</strong>ntes, o<br />

Alferes Joaquim<br />

José da Silva Xavier.<br />

Os pelicanos,<br />

utiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o início <strong>do</strong> século<br />

XVI até o início <strong>do</strong><br />

XIX, são precursores<br />

<strong>do</strong>s fórceps.<br />

(Imagem <strong>do</strong> acervo<br />

<strong>do</strong> Museu Nacional<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro)<br />

73


74<br />

naturais”. O instrumental utiliza<strong>do</strong> por Tira<strong>de</strong>ntes pertence à reserva técnica <strong>do</strong><br />

Museu Nacional, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Entre eles estão <strong>do</strong>is fórceps, diversas chaves <strong>de</strong><br />

extração e uma espátula. Tira<strong>de</strong>ntes é patrono da o<strong>do</strong>ntologia brasileira.<br />

Exames <strong>do</strong>s candidatos à arte <strong>de</strong>ntária<br />

A vigência da Real Junta <strong>de</strong> Proto-Medicato permaneceu até 7 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1809,<br />

quan<strong>do</strong> foi abolida por D. João VI e restaurada a atuação <strong>do</strong> físico-mor e <strong>do</strong><br />

cirurgião-mor, com a colaboração <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s e sub<strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s. No perío<strong>do</strong><br />

em que a Real Junta <strong>de</strong> Proto-Medicato atuou o candidato à prática da arte <strong>de</strong>ntária<br />

tinha que se submeter a um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendizagem com um profissional antigo<br />

e idôneo. Para requerer o exame o candidato <strong>de</strong>veria comprovar o aprendiza<strong>do</strong><br />

através <strong>de</strong> uma certidão emitida por seu mestre que era apresentada à Junta, em<br />

Lisboa. O atendimento da solicitação para realização <strong>do</strong> exame era expedi<strong>do</strong> pela<br />

Junta ao seu comissário, na comarca on<strong>de</strong> residisse o candidato.<br />

A prova constava <strong>de</strong> anatomia bucal e <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s operatórios e<br />

terapêuticos utiliza<strong>do</strong>s. Os candidatos eram examina<strong>do</strong>s por um ou <strong>do</strong>is<br />

cirurgiões aprova<strong>do</strong>s, na presença <strong>do</strong> comissário. Concluí<strong>do</strong> o exame, expediase<br />

uma certidão <strong>do</strong> mesmo. Com base nessa, a Real Junta <strong>de</strong> Proto-Medicato<br />

outorgava a respectiva carta <strong>de</strong> autorização. A taxa para exercer a ativida<strong>de</strong> arte<br />

<strong>de</strong>ntária era <strong>de</strong> 6.060 réis. 16<br />

Criação <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> medicina. Técnicas o<strong>do</strong>ntológicas e a primeira carta <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntista no Brasil<br />

Em 1808, com a vinda da família real para o Brasil, foram criadas, por D. João<br />

VI, em 18 <strong>de</strong> fevereiro e 5 <strong>de</strong> novembro, respectivamente, a Escola <strong>de</strong> Cirurgia<br />

no Hospital São José, na Bahia, e a Escola Anatômica Cirúrgica e Médica, no<br />

Hospital Militar e <strong>de</strong> Marinha, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Apesar <strong>de</strong> terem contribuí<strong>do</strong>,<br />

significativamente, para o <strong>de</strong>senvolvimento da medicina em terras brasileiras, a<br />

criação das duas primeiras instituições <strong>de</strong> ensino médico em nada modificou o<br />

exercício o<strong>do</strong>ntológico da época. 17<br />

Nesse perío<strong>do</strong> a tecnologia empregada no exercício da o<strong>do</strong>ntologia trazia<br />

16 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

17 Ibid.


consequências <strong>de</strong>sastrosas, pois os <strong>de</strong>ntes eram extraí<strong>do</strong>s com as chaves <strong>de</strong><br />

Garangeot, alavancas rudimentares, e o pelicano18 . Não se realizava tratamento <strong>de</strong><br />

canais e as obturações eram <strong>de</strong> chumbo, sobre teci<strong>do</strong> caria<strong>do</strong> e polpas afetadas.<br />

As próteses eram rudimentares: os <strong>de</strong>ntes eram esculpi<strong>do</strong>s em marfim ou osso<br />

e amarra<strong>do</strong>s com fios aos <strong>de</strong>ntes remanescentes. As <strong>de</strong>ntaduras também eram<br />

esculpidas em osso ou marfim com a utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes humanos e <strong>de</strong> animais.<br />

Essas próteses eram retidas na cavida<strong>de</strong> bucal por molas, sistemas também usa<strong>do</strong>s<br />

na Europa, não obstante, no Brasil a aplicação era mais rústica. 19<br />

O português Pedro Martins <strong>de</strong> Moura recebeu a primeira carta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista<br />

<strong>do</strong> Brasil, em 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1811, que o autorizava a tirar <strong>de</strong>ntes. Em 23 <strong>de</strong> julho<br />

<strong>do</strong> mesmo ano o primeiro brasileiro, Sebastian Fernan<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Oliveira, também<br />

obteve o <strong>do</strong>cumento. 20<br />

A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> econômica nos tratamentos <strong>de</strong>ntários<br />

Em 1820, o cirurgião-mor conce<strong>de</strong>u ao francês Doutor Eugênio Fre<strong>de</strong>rico Guertin<br />

a “carta” para exercer sua profissão no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Guertin era diploma<strong>do</strong> pela<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Paris e conquistou eleva<strong>do</strong> conceito em nosso país.<br />

Aten<strong>de</strong>u a gran<strong>de</strong> parte da nobreza, inclusive D. Pedro II e familiares. Publicou<br />

em 1819, ao que tu<strong>do</strong> indica, a primeira obra <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia escrita no Brasil:<br />

Avisos ten<strong>de</strong>ntes à conservação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes e sua substituição. Outros <strong>de</strong>ntistas<br />

franceses vieram em seguida e trouxeram o que havia <strong>de</strong> melhor na o<strong>do</strong>ntologia<br />

mundial. Entre eles estavam: Celestino Le Nourrichel, Arson, Emilio Vautier,<br />

Henrique Lemale, Eugênio Delcambre, Júlio De Fontages, Hippólito E. Hallais<br />

(que se intitulava o <strong>de</strong>ntista das famílias) etc.. 21 Todavia a população que não podia<br />

pagar os altos preços cobra<strong>do</strong>s por esses profissionais estava sujeita aos serviços<br />

realiza<strong>do</strong>s pelos sangra<strong>do</strong>res e pelos barbeiros.<br />

No ano <strong>de</strong> 1828 D. Pedro I extinguiu os cargos <strong>de</strong> físico-mor e cirurgiãomor.<br />

A finalida<strong>de</strong> da mudança era <strong>de</strong>scentralizar a concessão das cartas <strong>de</strong> licença<br />

para as câmaras municipais e as atribuições fiscaliza<strong>do</strong>ras e normativas <strong>do</strong> exercício<br />

das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para a justiça ordinária. No entanto a transferência se<br />

18 instrumento da antiga cirurgia <strong>de</strong>ntária<br />

19 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Op. cit.<br />

20 Ibid.<br />

21 Ibid.<br />

75


Equipamentos<br />

médicos: Boticão,<br />

Chave <strong>de</strong> Garengeot,<br />

em ferro e<br />

ma<strong>de</strong>ira e Espelho<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista, em<br />

prata, marfim e<br />

vidro.<br />

Século XIX.<br />

Acervo <strong>do</strong> Museu<br />

Nacional.<br />

Foto: Denize Pereira<br />

76<br />

constituiu num verda<strong>de</strong>iro retrocesso, pois esbarrava na falta <strong>de</strong> profissionais<br />

capacita<strong>do</strong>s para examinar os candidatos em to<strong>do</strong>s os lugares. 22<br />

Na época os sangra<strong>do</strong>res e os barbeiros ainda acumulavam a ativida<strong>de</strong> “arte<br />

<strong>de</strong> tirar <strong>de</strong>ntes”. O atraso intelectual então vigente <strong>de</strong>liberava a oficialização <strong>de</strong><br />

dispositivos que, nos dias <strong>de</strong> hoje, causam bastante estranheza. O Decreto <strong>de</strong> 1° <strong>de</strong><br />

abril <strong>de</strong> 1813 <strong>de</strong>terminava o regulamento cria<strong>do</strong> em 1812 para os cursos médicos<br />

cria<strong>do</strong>s por D. João VI em 1808. Do “plano <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> cirurgia” constava a curiosa<br />

recomendação: “I - Os estudantes, para serem matricula<strong>do</strong>s no primeiro ano <strong>do</strong><br />

curso <strong>de</strong> cirurgia, <strong>de</strong>vem saber ler e escrever corretamente”. 23 A o<strong>do</strong>ntologia não<br />

contava com a atenção que <strong>de</strong>veria receber das autorida<strong>de</strong>s dirigentes. A ativida<strong>de</strong><br />

era exercida por pessoas incultas e <strong>de</strong> baixo nível socioeconômico, geralmente<br />

escravos ou pretos forros.<br />

Fiscalização e exame para obtenção <strong>de</strong> título <strong>de</strong> “Dentista Aprova<strong>do</strong>”<br />

A criação da Junta <strong>de</strong> Higiene Pública pelo Decreto <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1850<br />

propiciou a to<strong>do</strong>s os ramos da medicina uma era <strong>de</strong> relativo progresso <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às<br />

providências oriundas da Junta, as quais possibilitaram a efetiva fiscalização aos<br />

que se <strong>de</strong>dicavam às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> curar. O regulamento estabeleci<strong>do</strong> previa a<br />

obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> diplomas por parte <strong>de</strong> “médicos, cirurgiões,<br />

boticários, <strong>de</strong>ntistas e parteiras”. Cobrava-se pelo registro uma taxa <strong>de</strong> 1200 réis.<br />

Aos infratores era imposta uma multa <strong>de</strong> 50 mil réis que, na reincidência, era<br />

cobrada em <strong>do</strong>bro, além <strong>de</strong> quinze dias <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia. 24<br />

Devi<strong>do</strong> à criação <strong>de</strong> uma repartição com a competência <strong>de</strong> fiscalizar o<br />

exercício das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> passou a haver, entre os profissionais da saú<strong>de</strong>,<br />

uma referenda explícita ao <strong>de</strong>ntista; apesar disso não houve nenhum progresso<br />

na qualificação <strong>do</strong>s que se <strong>de</strong>dicavam à prática o<strong>do</strong>ntológica. Somente em 1854<br />

a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong> Rio Janeiro passou a incluir a realização <strong>de</strong> “exames<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntistas e <strong>do</strong>s sangra<strong>do</strong>res que se quiserem habilitar a fim <strong>de</strong> exercerem a<br />

sua profissão”, na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> um regimento especial que foi regulamenta<strong>do</strong><br />

em 14 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1856 pelo Decreto n. 1.764. O artigo 80 dispunha que o<br />

22 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit. e CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque.<br />

Op. cit.<br />

23 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

24 Ibid.


candidato a <strong>de</strong>ntista ou sangra<strong>do</strong>r teria que juntar ao requerimento <strong>do</strong>cumentos<br />

que comprovassem sua i<strong>do</strong>neida<strong>de</strong> moral e que o exame para obtenção <strong>do</strong> título<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista aprova<strong>do</strong> versasse sobre os assuntos: 1. Anatomia, fisiologia, patologia<br />

e anomalias <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes, gengivas e arcadas alveolares. 2. Higiene e terapêutica<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes. 3. Descrição <strong>do</strong>s instrumentos que compõem o arsenal cirúrgico <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ntista. 4. Teoria e prática da sua aplicação. 5. Meios <strong>de</strong> confeccionar as pegas da<br />

prótese e ortopedia <strong>de</strong>ntária. <strong>25</strong><br />

A falha no processo <strong>de</strong> examinação era que os examina<strong>do</strong>s não possuíam<br />

qualquer formação básica nos assuntos estabeleci<strong>do</strong>s, pois haviam feito sua<br />

aprendizagem com <strong>de</strong>ntistas, fora da faculda<strong>de</strong>. Além disso, os examina<strong>do</strong>res<br />

eram médicos, que não dispunham <strong>de</strong> conhecimentos sóli<strong>do</strong>s da matéria. 26 Em<br />

1881 o Decreto n. 8024 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> março, em seu artigo 94, <strong>do</strong> Regulamento para os<br />

Exames das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Medicina dizia: “Os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que quiserem<br />

se habilitar para o exercício <strong>de</strong> sua profissão passarão por duas séries <strong>de</strong> exames: O<br />

primeiro <strong>de</strong> anatomia, histologia e higiene, em suas aplicações à arte <strong>de</strong>ntária. O<br />

outro <strong>de</strong> operações e próteses <strong>de</strong>ntárias”. 27 Aos candidatos que lograssem êxito era<br />

conferi<strong>do</strong> o título <strong>de</strong> “Dentista Aprova<strong>do</strong>”. 28<br />

Cirurgia bucomaxilar e marketing na o<strong>do</strong>ntologia<br />

Luiz Antunes <strong>de</strong> Carvalho, <strong>de</strong>ntista português, obteve notorieda<strong>de</strong> e riqueza por<br />

ser um <strong>do</strong>s pioneiros na cirurgia buco-maxilar no Brasil. Em 18 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1832<br />

obteve, em Buenos Aires, o direito <strong>de</strong> exercer a profissão. Mu<strong>do</strong>u-se para o Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro em 1836, on<strong>de</strong> também foi aprova<strong>do</strong> na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina. Foi o<br />

primeiro <strong>de</strong>ntista a registrar sua “carta” na Junta <strong>de</strong> Higiene Pública.<br />

No Brasil publicou, durante vários anos, a seguinte propaganda no anuário<br />

Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Provincia <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro 29 : “Luiz Antunes <strong>de</strong> Carvalho, Cirurgião-Dentista examina<strong>do</strong> e approva<strong>do</strong><br />

<strong>25</strong> Ibid.<br />

26 Ibid.<br />

27 ROSENTHAL, Elias, Jornal Associação Paulista <strong>do</strong>s Cirurgiões Dentistas - outubro <strong>de</strong> 1995 apud internet<br />

História da O<strong>do</strong>ntologia no Brasil http://www.<strong>de</strong>ntistasemsalva<strong>do</strong>r.com.br/Paginas.php?pg=43. Acesso em<br />

10.9.2011.<br />

28 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

29 O almanaque foi publica<strong>do</strong> anualmente pela Corte Real entre 1844 e 1889. A publicação relacionava os<br />

oficiais da corte e <strong>do</strong>s ministérios. Eram incluí<strong>do</strong>s também seções sobre os oficiais provinciais <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

e ainda um suplemento cobrin<strong>do</strong> um leque <strong>de</strong> informações sobre a legislação, da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo e propaganda<br />

comercial. A referência a esta propaganda é realizada em diversos textos da internet, mas não há nenhum autor<br />

que cite se a propaganda foi realizada em apenas uma ou em diversas edições, nem o ano em que essas foram<br />

realizadas.<br />

77


Publicações da<br />

propaganda <strong>do</strong><br />

cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Luiz Antunes <strong>de</strong><br />

Carvalho no<br />

Almanak<br />

Administrativo,<br />

Mercantil e<br />

Industrial da Corte e<br />

Província <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro.<br />

(à esquerda, p. 301<br />

da edição <strong>de</strong> 1851<br />

e à direita p. 374<br />

da edição <strong>de</strong> 1854)<br />

78<br />

com diploma <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Buenos-Ayres, e da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, com seu consultorio na rua da Alfan<strong>de</strong>ga, n. 106 1º andar (as<br />

consultas são <strong>de</strong> graça), cura as molestias da bocca, substitui <strong>de</strong> um a to<strong>do</strong>s os<br />

<strong>de</strong>ntes faltos à pressão <strong>do</strong> ar, estan<strong>do</strong> com raízes ou sem ellas, a contento. Acha-se<br />

no consultorio até as 3 horas da tar<strong>de</strong>”. Esse é um <strong>do</strong>s primeiros registros sobre<br />

marketing na o<strong>do</strong>ntologia brasileira. 30<br />

Ensino da o<strong>do</strong>ntologia no século XIX, admissão na formação <strong>de</strong> mulheres e o<br />

título “Cirurgião-Dentista”<br />

O Decreto n. 7.247 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1879 promulgou a reforma <strong>do</strong> ensino primário e<br />

secundário no município da Corte e no ensino superior em to<strong>do</strong> o Império. Devi<strong>do</strong><br />

a esse dispositivo legal o ensino passou a ser livre: “é completamente livre o ensino<br />

primário e secundário no município da Corte e o superior em to<strong>do</strong> o Império,<br />

salvo a inspeção necessária para garantir as condições <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> e higiene”. A<br />

regulamentação ensejou o surgimento das primeiras faculda<strong>de</strong>s livres que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

30 ROSENTHAL, Elias, Jornal Associação Paulista <strong>do</strong>s Cirurgiões Dentistas - outubro <strong>de</strong> 1995 apud<br />

CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Da responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista. In:<br />

Âmbito Jurídico, Rio Gran<strong>de</strong>, 57, 30/9/2008 [Internet]. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/<br />

site/in<strong>de</strong>x.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3104. Acesso em 10/9/2011.


que cuidassem <strong>do</strong>s aspectos morais e higiênicos <strong>do</strong> curso, po<strong>de</strong>riam ensinar como<br />

bem lhes aprouvesse. 31<br />

No que tange à o<strong>do</strong>ntologia o artigo 24 <strong>do</strong> Decreto previa: “A cada uma<br />

das faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medicina ficam anexos - uma escola <strong>de</strong> farmácia, um curso anexo<br />

<strong>de</strong> obstetrícia e outro <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong>ntária.” A legislação admitia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

existir um curso específico para a preparação profissional <strong>do</strong>s que se <strong>de</strong>dicavam à<br />

“arte <strong>de</strong>ntária”. Embora, na prática, a legislação não tenha chega<strong>do</strong> a se concretizar,<br />

o que expressava se constituiu no ponto <strong>de</strong> partida para a conquista posterior.<br />

Curiosamente, consignava um <strong>do</strong>s parágrafos ser facultada a inscrição “aos<br />

indivíduos <strong>do</strong> sexo feminino, para os quais haverá nas aulas lugares separa<strong>do</strong>s”, o<br />

que, em seguida, era corrobora<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Império <strong>de</strong> n. 10, <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1879, que <strong>de</strong>clarava: “<strong>de</strong>vem ser submetidas a exame <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista as pessoas <strong>de</strong> sexo<br />

feminino que o requererem”. 32<br />

A execução <strong>do</strong> Decreto estava prevista para quan<strong>do</strong> fossem expedi<strong>do</strong>s os<br />

regulamentos conjetura<strong>do</strong>s num <strong>do</strong>s artigos, com ressalvas para a execução imediata<br />

“na parte que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> regulamento e que o governo julgar conveniente”.<br />

Mencionava, por fim, que, aos aprova<strong>do</strong>s no curso <strong>de</strong> cirurgia <strong>de</strong>ntária, fosse<br />

atribuí<strong>do</strong> o título <strong>de</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista, <strong>de</strong>nominação que ainda hoje perdura,<br />

conforme estabelece a Lei n. 5.081 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1966, que, atualmente, regula o<br />

exercício da o<strong>do</strong>ntologia no Brasil. 33<br />

A ausência da instituição <strong>de</strong> um sistema a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

profissionais acadêmicos fez com que houvesse uma estagnação <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da o<strong>do</strong>ntologia no Brasil, que era inferiorizada em relação às <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e encarada apenas como uma ativida<strong>de</strong> eminentemente artesanal.<br />

Reforma Sabóia e a criação <strong>do</strong> curso acadêmico <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia no Brasil<br />

O médico cearense Vicente Cândi<strong>do</strong> Figueira <strong>de</strong> Sabóia, futuro Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sabóia,<br />

assumiu a direção da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro em 23 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

1880 e teve a iniciativa <strong>de</strong> atualizar o ensino nos aspectos material e científico. Após a sua<br />

formação o médico viajou para a Europa, on<strong>de</strong> aperfeiçoou seus conhecimentos e<br />

31 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

32 Ibid.<br />

33 Ibid.<br />

79


80<br />

se i<strong>de</strong>ntificou com os avanços científicos <strong>do</strong>s principais centros culturais da época. Esse<br />

pensamento esclareci<strong>do</strong> e progressista possibilitou a criação <strong>do</strong> laboratório <strong>de</strong> cirurgia<br />

<strong>de</strong>ntária com equipamentos importa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s EUA, que eram instrumentos e materiais<br />

necessários para o bom <strong>de</strong>sempenho da o<strong>do</strong>ntologia. Em 1881 Sabóia elaborou um<br />

relatório em que <strong>de</strong>screveu a importância da importação <strong>do</strong>s materiais, assim como<br />

apresentou i<strong>de</strong>ias e sugestões no <strong>do</strong>cumento. Em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> relatório o Governo<br />

<strong>do</strong> Império <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong>signar um crédito especial obti<strong>do</strong> pela Lei Orçamentária n. 3.141,<br />

<strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1882 para a criação oficial, entre outros, <strong>do</strong> laboratório <strong>de</strong> prótese<br />

<strong>de</strong>ntária, bem como cargos <strong>de</strong> prepara<strong>do</strong>s, ajudante e conserva<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mesmo. 34<br />

O Decreto n. 9.331, <strong>de</strong> <strong>25</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1884, foi um marco <strong>de</strong> real<br />

significação para o <strong>de</strong>senvolvimento da profissão. Foram instituí<strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong><br />

o<strong>do</strong>ntologia anexos às duas Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong> Império (Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Medicina da Bahia e <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro). “Art. 1º Cada uma das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Medicina <strong>do</strong> Império se <strong>de</strong>signará pelo nome da cida<strong>de</strong> em que tiver assento; seja<br />

regida por um diretor e pela Congregação <strong>do</strong>s Lentes, e as comporá <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong><br />

ciências médicas e cirúrgicas e <strong>de</strong> três cursos anexos: o <strong>de</strong> Farmácia, o <strong>de</strong> Obstetrícia<br />

e Ginecologia e o <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia.” O Capítulo II, Seção IV, sob o título “Do curso <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia”, dispunha:<br />

Art. 9º. Das matérias <strong>de</strong>ste curso haverá três séries:<br />

1ª série - Física, química mineral, anatomia <strong>de</strong>scritiva e topografia da cabeça.<br />

2ª série - Histologia <strong>de</strong>ntária, fisiologia <strong>de</strong>ntária, patologia <strong>de</strong>ntária e higiene da boca.<br />

3ª série- Terapêutica <strong>de</strong>ntária, cirurgia e prótese <strong>de</strong>ntárias. 35<br />

Esse foi o primeiro <strong>do</strong>cumento legal que regulamentou o ensino<br />

o<strong>do</strong>ntológico. Para a o<strong>do</strong>ntologia, inaugurava-se uma nova era. Com a formação<br />

em nível superior, processou-se um <strong>de</strong>senvolvimento mais rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que o <strong>de</strong><br />

qualquer outra profissão liberal. Apesar <strong>do</strong> Decreto, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da<br />

Bahia, as coisas não ocorreram <strong>de</strong> maneira idêntica às <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

à insuficiência <strong>de</strong> espaço na se<strong>de</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1834,<br />

funcionava em duas seções <strong>do</strong> antigo Convento <strong>do</strong>s Jesuítas. Somente em 1889<br />

veio a se concluir a ampliação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, o que retar<strong>do</strong>u bastante<br />

a aplicação das leis <strong>de</strong> 1882 e <strong>de</strong> 1884. 36<br />

34 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Op. cit.e MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

35 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Op. cit.<br />

36 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.


O primeiro curso <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas no Brasil só foi cria<strong>do</strong> 45 anos<br />

após a criação da primeira escola <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> - o Baltimore Dental<br />

College, funda<strong>do</strong> em 1839, nos EUA. Em outubro <strong>de</strong> 1898, foram constituídas mais<br />

duas escolas <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia em terras brasileiras: uma em Porto Alegre e a Escola<br />

<strong>de</strong> Farmácia, O<strong>do</strong>ntologia e Obstetrícia, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> São Paulo.<br />

No início <strong>do</strong> século XX, foram criadas outras escolas como, por exemplo: Escola <strong>de</strong><br />

Farmácia e O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, fundada em 1904; Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia e<br />

O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Ceará, que começou a funcionar em março <strong>de</strong> 1916. 37<br />

O Decreto Fe<strong>de</strong>ral n. 15.003, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1921, permitiu o<br />

exercício da arte <strong>de</strong>ntária em to<strong>do</strong> o país para os profissionais habilita<strong>do</strong>s por<br />

título conferi<strong>do</strong> pelas faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medicina oficiais ou equiparadas; para<br />

gradua<strong>do</strong>s em escolas ou universida<strong>de</strong>s estrangeiras que se habilitassem perante as<br />

faculda<strong>de</strong>s nacionais; e aos que fossem professores <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s estrangeiras e<br />

que requeressem licença junto ao Departamento Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública. Tais<br />

medidas <strong>de</strong>notavam preocupação com o exercício legal da profissão. 38<br />

Chaves <strong>de</strong> extração Não se sabe ao<br />

certo quan<strong>do</strong> as<br />

chaves <strong>de</strong> extração<br />

foram criadas.<br />

Alexan<strong>de</strong>r Monro<br />

(1697 -1767),<br />

funda<strong>do</strong>r da<br />

Edinburgh Medical<br />

School, Escócia, as<br />

citou pela primeira vez<br />

em 1742 no artigo „A<br />

<strong>de</strong>scription of Surgical<br />

Instruments” (Medical<br />

Essays and Observations).<br />

Durante mais<br />

<strong>de</strong> 150 anos elas foram<br />

o instrumento padrão<br />

<strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>ntista<br />

ou prático. (As imagens<br />

<strong>do</strong>s instrumentos foram<br />

37 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Op. cit.e MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit. cedidas pelo cirurgião-<br />

38 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Op. cit.<br />

-<strong>de</strong>ntista Wolfgang Busch)<br />

81


Os pelicanos estão entre<br />

os instrumentos mais<br />

antigos <strong>de</strong> extração.<br />

Acredita-se que seu<br />

nome se <strong>de</strong>ve à<br />

semelhança da garra<br />

com o bico da ave <strong>de</strong><br />

mesmo nome, embora<br />

tenha si<strong>do</strong> concebi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

diferentes formas e com<br />

componentes equivalentes.<br />

Existem relatos <strong>de</strong> sua<br />

utilização <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

século XV até mea<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> século XIX.<br />

Segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>scrições<br />

<strong>do</strong> Dr. Franz Nessel<br />

(Praga, 1803-1876) o<br />

pelicano era usa<strong>do</strong> para<br />

remover um <strong>de</strong>nte que<br />

estivesse ao la<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> outros <strong>de</strong>ntes<br />

saudáveis. Para garantir<br />

uma aplicação útil era<br />

preciso que os <strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> apoio fossem<br />

sóli<strong>do</strong>s e saudáveis e<br />

não estivessem mais<br />

distantes <strong>do</strong> que <strong>do</strong>is<br />

<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> <strong>de</strong>nte a ser<br />

afasta<strong>do</strong>. A extração<br />

exigia gran<strong>de</strong> esforço.<br />

82<br />

Pelicanos


Fórceps<br />

Alavancas<br />

O fórceps tem suas<br />

origens na obra <strong>do</strong><br />

inglês Sir John Tomes<br />

(1815-1895), que<br />

trabalhava como<br />

<strong>de</strong>ntista no Hospital<br />

Middlessex, em<br />

Londres. Tomes<br />

encontrava-se<br />

insatisfeito com as<br />

chaves e com os<br />

alicates disponíveis<br />

na época.<br />

Por essa razão<br />

realizou uma<br />

cooperação com o<br />

fabricante <strong>de</strong><br />

instrumentos, o<br />

francês, Jean-Marie<br />

Evrard (1808-1882).<br />

O local <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong> Evrard ficava nas<br />

proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

hospital, o que<br />

possibilitou o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento<br />

conjunto <strong>de</strong> diversos<br />

fórceps construí<strong>do</strong>s<br />

para a anatomia <strong>do</strong>s<br />

diferentes <strong>de</strong>ntes.<br />

Com a criação <strong>de</strong>sse<br />

instrumental a chave<br />

<strong>de</strong> extração tornou-se<br />

obsoleta a partir <strong>de</strong><br />

mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século<br />

XIX, apesar <strong>de</strong><br />

continuar a<br />

aparecer em<br />

catálogos <strong>de</strong><br />

instrumentos<br />

o<strong>do</strong>ntológicos até<br />

o início <strong>do</strong><br />

século XX.<br />

83


84<br />

Estojo <strong>de</strong> instrumental o<strong>do</strong>ntológico<br />

Estojo para limpeza <strong>de</strong> tártaro


Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> prótese<br />

Uma das próteses usadas por<br />

George Washington, 1789, primeiro<br />

Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Ele<br />

começou a per<strong>de</strong>r os <strong>de</strong>ntes quan<strong>do</strong><br />

tinha menos <strong>de</strong> 30 anos.<br />

Dentadura <strong>de</strong> molas <strong>de</strong> George<br />

Washington feita em ouro e marfim.<br />

Confeccionada pelo <strong>de</strong>ntista John<br />

Greenwood.<br />

Ponte <strong>de</strong> ouro com <strong>de</strong>nte natural. Prótese da época <strong>do</strong> Império Romano.<br />

85


86<br />

Regulamentação <strong>do</strong> exercício <strong>de</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista e criação <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia<br />

O exercício da o<strong>do</strong>ntologia em to<strong>do</strong> o território nacional foi regulariza<strong>do</strong> em 1966<br />

pela Lei n. 5.081, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> agosto, publicada no Diário Oficial da União em 26<br />

<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1966. De acor<strong>do</strong> com o artigo 2º, esse só é permiti<strong>do</strong> ao cirurgião<strong>de</strong>ntista<br />

habilita<strong>do</strong> por faculda<strong>de</strong> oficial ou reconhecida com o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> registro <strong>do</strong><br />

diploma em órgão competente. Nas décadas <strong>de</strong> 1960, 1970 e 1980, o ensino da<br />

o<strong>do</strong>ntologia sofreu reformas, executadas pelo <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação.<br />

Em 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964 foi promulgada a Lei 4.324, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964<br />

que institui o <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral e os <strong>Conselho</strong>s Regionais <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia. Em 30<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1965, foi instala<strong>do</strong> o <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, em caráter<br />

provisório.<br />

Criação <strong>do</strong> Dia <strong>do</strong> Cirurgião-Dentista Brasileiro<br />

O dia mundial <strong>do</strong> <strong>de</strong>ntista é comemora<strong>do</strong> no dia 3 <strong>de</strong> outubro, mas no Brasil o<br />

dia <strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista é comemora<strong>do</strong> no dia <strong>25</strong> <strong>de</strong> outubro. Essa data foi<br />

escolhida porque foi o dia em que em 1884 se assinou o Decreto n. 9.311 que<br />

criou os primeiros cursos <strong>de</strong> graduação em o<strong>do</strong>ntologia no Brasil, nas Faculda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e da Bahia. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a importância que a<br />

data representa para os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas e no intuito <strong>de</strong> que a instituição <strong>do</strong>s<br />

cursos o<strong>do</strong>ntológicos seja lembrada pela categoria como um marco na trajetória<br />

ascensional da profissão, o <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, em 1976, na gestão<br />

<strong>do</strong> Dr. Newton Bueno Bruzzi, que tinha como Secretário-Geral o professor João<br />

Nunes Pinheiro, <strong>de</strong>cidiu consi<strong>de</strong>rar, através da Resolução n. 96 <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1976, o dia <strong>25</strong> <strong>de</strong> outubro como o Dia <strong>do</strong> Cirurgião-Dentista Brasileiro. 39<br />

39 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>. Op. cit.


HISTÓRIA DA ODONTOLOGIA EM<br />

RONDÔNIA<br />

Até os dias <strong>de</strong> hoje não há estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s a respeito da história da o<strong>do</strong>ntologia no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Para a elaboração <strong>de</strong>sta publicação foram realizadas pesquisas<br />

no Centro <strong>de</strong> Documentação Histórica <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> e efetuadas entrevistas com<br />

<strong>de</strong>ntistas que exercem a profissão no Esta<strong>do</strong> e vivenciaram o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

o<strong>do</strong>ntologia ron<strong>do</strong>niense ao longo das últimas décadas.<br />

Os primeiros relatos a respeito <strong>de</strong> tratamentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no Esta<strong>do</strong> são oriun<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> Hospital da Can<strong>de</strong>lária que foi implanta<strong>do</strong> para tratar os trabalha<strong>do</strong>res da construção<br />

da Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré. Apesar da existência da casa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não há<br />

registros <strong>de</strong> atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos feitos durante a época da construção da ferrovia.<br />

Registros sobre atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos<br />

Os registros oficiais mais antigos a respeito <strong>de</strong> atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos em<br />

<strong>Rondônia</strong>, encontra<strong>do</strong>s durante a pesquisa<br />

realizada para esta publicação no Centro <strong>de</strong><br />

Documentação Histórica, em Porto Velho,<br />

são oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Relatório da Divisão <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> referente ao ano <strong>de</strong> 1950, apresenta<strong>do</strong><br />

ao Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> território <strong>do</strong> Guaporé<br />

por Rubens da Silveira Britto. O relatório<br />

contém informações sobre a transferência<br />

das atribuições <strong>do</strong>s encargos <strong>do</strong> Serviço<br />

Especial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (Sesp) para a<br />

Divisão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, assim como estatísticas<br />

<strong>de</strong> atendimentos na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> realiza<strong>do</strong>s<br />

em 1950.<br />

Cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r em<br />

atendimento o<strong>do</strong>ntológico<br />

itinerante em<br />

Presi<strong>de</strong>nte Médici,<br />

antigo distrito <strong>de</strong> Vila<br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

(Ji-Paraná) 1974/75<br />

Foto: arquivo pessoal <strong>do</strong><br />

cirurgião.<br />

87


Posto <strong>de</strong><br />

Puericultura localiza<strong>do</strong><br />

na Avenida<br />

Carlos Gomes com<br />

Rua Rui Barbosa.<br />

T. F. G. - Posto <strong>de</strong><br />

Puericultura Dona<br />

Laudimia Trotta é<br />

o que consta na<br />

inscrição em sua<br />

fachada principal<br />

que hoje está<br />

coberta com um<br />

tapume. Laudimia<br />

Trotta foi a esposa<br />

<strong>do</strong> ex-governa<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Território Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>do</strong> Guaporé, Fre<strong>de</strong>rico<br />

Trotta. Fonte: Ivo<br />

Feitosa - Imagens da<br />

História, site<br />

Gente <strong>de</strong> Opinião<br />

88<br />

Com relação a atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos há a seguinte referência na página 2<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento: (...) ”Em Porto Velho, as clínicas foram então transferidas <strong>do</strong> prédio<br />

on<strong>de</strong> funcionava o Sesp para o Posto <strong>de</strong> Puericultura40 , on<strong>de</strong> já estavam instaladas as<br />

Clínicas <strong>de</strong> Pediatria, <strong>de</strong> Higiene Dentária e Serviços Sociais. Passou, assim, o Posto <strong>de</strong><br />

Puericultura a constituir-se uma unida<strong>de</strong> polivalente <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, centraliza<strong>do</strong>s<br />

ali to<strong>do</strong>s os serviços com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.”(...)<br />

Na página oito <strong>do</strong> relatório há referência ao número <strong>de</strong> atendimentos<br />

realiza<strong>do</strong>s pela unida<strong>de</strong> e faz-se alusão a atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos: (...) Posto <strong>de</strong><br />

Puericultura: os objetivos <strong>de</strong> assistência higiênica da criança, aí incluí<strong>do</strong>s os cuida<strong>do</strong>s<br />

pré-natais, assim as preocupações para parto sadio com o zelo médico à gestante<br />

<strong>do</strong>ente, não foram <strong>de</strong>scura<strong>do</strong>s, assim na vigilância preventiva da higiene infantil como<br />

na solicitu<strong>de</strong> curativa da pediatria. Uma vista <strong>de</strong> relance no resumo estatístico revela<br />

uma frequência <strong>de</strong> 10237 pessoas beneficiadas. Inscreveram-se em higiene materna<br />

564 futuras mães, com 2605<br />

comparecimentos, as quais<br />

receberam 2064 visitas <strong>de</strong><br />

enfermagem. Em higiene<br />

infantil foram inscritos<br />

349 bebês, que receberam<br />

<strong>25</strong>87 visitas <strong>do</strong>miciliares,<br />

gestantes e crianças, num<br />

total <strong>de</strong> 1229 pessoas,<br />

compareceram à higiene<br />

<strong>de</strong>ntária.” (...) Na página 11<br />

<strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento<br />

há a citação <strong>de</strong> que no<br />

Território <strong>do</strong> Guaporé a<br />

40 O prédio localiza<strong>do</strong> na Avenida Carlos Gomes com Rua Rui Barbosa, on<strong>de</strong> atualmente funciona a Secretaria<br />

Municipal da Fazenda – Semfaz. A verba para a construção foi conseguida pelo Governa<strong>do</strong>r Joaquim Vicente<br />

Ron<strong>do</strong>n, a construção foi iniciada no governo <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rico Trotta e concluída pelo Governa<strong>do</strong>r Joaquim <strong>de</strong><br />

Araújo Lima, ten<strong>do</strong>, o Posto <strong>de</strong> Puericultura, si<strong>do</strong> inaugura<strong>do</strong> em 29 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1948. (SILVA, Antônio<br />

Cândi<strong>do</strong> da, Membro da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Letras <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, Membro da União Brasileira <strong>de</strong> Escritores –<br />

UBE – RO, “Quem foi Mãe Esperança”, <strong>25</strong>.9.2009, internet: , acesso em 29.9.2011)


população da época era <strong>de</strong> 35 mil habitantes espalha<strong>do</strong>s por mais <strong>de</strong> <strong>25</strong>0 mil km²,<br />

o que implicava uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional <strong>de</strong> 0,14 habitante por km².<br />

Divisão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – Relatório Estatístico Mensal e Anual<br />

Unida<strong>de</strong> Posto <strong>de</strong> Puericultura, mês <strong>de</strong>zembro, ano 1950<br />

Higiene Dentária <strong>do</strong> mês <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />

<strong>do</strong> ano<br />

1. Gestantes inscritas 2 86<br />

2. Pré-escolares inscritos 166<br />

3. Escolares inscritos 608<br />

22 1.229<br />

4. Total <strong>de</strong> comparecimentos<br />

22 1.229<br />

a. <strong>de</strong> gestantes 22 278<br />

b. <strong>de</strong> pré-escolares 270<br />

c. <strong>de</strong> escolares 681<br />

60 1.427<br />

5. Extrações realizadas<br />

60 1.427<br />

a. em gestantes 60 320<br />

b. em pré-escolares 380<br />

c. em escolares 727<br />

42<br />

6. Obturações realizadas<br />

42<br />

a. em gestantes 42<br />

b. em pré-escolares<br />

c. em escolares<br />

7. Total <strong>de</strong> tratamento ultima<strong>do</strong><br />

1<br />

1<br />

7<br />

7<br />

a. em gestantes 1 2<br />

b. em pré-escolares 3<br />

c. em escolares 2<br />

8. Número <strong>de</strong> molares <strong>do</strong> 6º ano, restaura<strong>do</strong>s<br />

89


90<br />

A próxima referência a tratamentos o<strong>do</strong>ntológicos está registrada no boletim<br />

“Número 1, sexta-feira, 7.1.1966, ano 1966, que tem o título: Re<strong>de</strong> Ferroviária<br />

Fe<strong>de</strong>ral S/A, Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré, Boletim <strong>do</strong> Pessoal” on<strong>de</strong> são<br />

relata<strong>do</strong>s “Atos <strong>do</strong> Diretor Superinten<strong>de</strong>nte”. Nas páginas 4 e 5 <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento existe<br />

a referência à contratação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ntista para aten<strong>de</strong>r a funcionários da Estrada<br />

<strong>de</strong> Ferro. Abaixo a transcrição <strong>do</strong> texto <strong>do</strong> contrato:<br />

Contratação <strong>de</strong> Dentista<br />

Foi contrata<strong>do</strong> um (1) <strong>de</strong>ntista, para aten<strong>de</strong>r o pessoal <strong>de</strong>sta Estrada, conforme<br />

contrato <strong>de</strong> trabalho abaixo transcrito, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a autorização contida na<br />

Decisão da Diretoria da R.F.F. S/A, n. 270/65, <strong>de</strong> 15.07.65 e Carta N° 1559/AGPse/65,<br />

<strong>de</strong> 24.9.1965: Termo <strong>de</strong> Contrato que fazem entre si, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> a Re<strong>de</strong> Ferroviária<br />

Fe<strong>de</strong>ral S/A, Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré, e <strong>de</strong> outro o <strong>de</strong>ntista Henrique<br />

Rossetti Filho, conforme segue abaixo:<br />

A Re<strong>de</strong> Ferroviária Fe<strong>de</strong>ral S/A, neste ato representada pelo seu<br />

Superinten<strong>de</strong>nte da Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré, Ten. Cel. Roberval Silva, e<br />

o <strong>de</strong>ntista Henrique Rossetti Filho, brasileiro, casa<strong>do</strong>, resi<strong>de</strong>nte e <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong> nesta<br />

cida<strong>de</strong>, tem justo e combina<strong>do</strong> o presente Termo <strong>de</strong> Contrato, para prestação <strong>de</strong> seus<br />

serviços profissionais, mediante as cláusulas e condições que seguem:<br />

Primeira<br />

O Contrata<strong>do</strong> obriga-se aten<strong>de</strong>r diariamente, aos servi<strong>do</strong>res e suas famílias, no<br />

Gabinete Dentário <strong>de</strong>sta Estrada, cujo regime <strong>de</strong> trabalho será <strong>do</strong> horário em vigor;<br />

Segunda<br />

Aten<strong>de</strong>r em <strong>do</strong>micílio aos servi<strong>do</strong>res e suas famílias quan<strong>do</strong> impossibilita<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

locomoverem-se até o gabinete <strong>de</strong>ntário;<br />

Terceira<br />

Prestar mensalmente assistência <strong>de</strong>ntária aos servi<strong>do</strong>res e suas famílias, resi<strong>de</strong>ntes ao<br />

longo da via-permanente num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> quatro (4) dias;<br />

Quarta<br />

A Re<strong>de</strong> Ferroviária Fe<strong>de</strong>ral S/A, Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré, pagará ao<br />

contrata<strong>do</strong> os vencimentos <strong>do</strong> <strong>de</strong>ntista nível II-A <strong>do</strong> anexo IV da DD 21-A/65, nos<br />

termos da DD 270, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1965;


Quinta<br />

O prazo <strong>do</strong> presente contrato será por <strong>do</strong>is (2) anos, a contar <strong>do</strong> 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1966,<br />

regen<strong>do</strong>-se este pela Consolidação das Leis Trabalhistas (Decreto-Lei n. 5.452, <strong>de</strong> 15<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1943;<br />

Sexta<br />

E como tenham contrata<strong>do</strong> e combina<strong>do</strong>, firmaram o presente em quatro (4) vias <strong>de</strong><br />

igual teor, isento <strong>do</strong> selo, ex-vi <strong>do</strong> art. 1º <strong>do</strong> Decreto n. 42.636, <strong>de</strong> 14.11.1947.<br />

Porto Velho 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1965.<br />

(as) Ten. Cel. Roberval Silva (as) Dr. Henrique Rossetti Filho<br />

Superinten<strong>de</strong>nte Dentista<br />

Testemunhas:<br />

(as) 1ª Américo Joaquim Paes (as) 2ª Aníbal Martins da Silva<br />

Atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos em postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Após esse perío<strong>do</strong> verifica-se, em 1976, outro <strong>do</strong>cumento público a respeito <strong>do</strong><br />

atendimento o<strong>do</strong>ntológico em <strong>Rondônia</strong>, mais especificamente em Porto Velho.<br />

Na época o território era dividi<strong>do</strong> em apenas <strong>do</strong>is municípios, Guajará-Mirim e a<br />

capital. O território <strong>de</strong>ssa abrangia a maior parte <strong>de</strong> toda a região <strong>do</strong> atual Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong>. Localida<strong>de</strong>s como o então distrito <strong>de</strong> Vilhena, que faz divisa com o Mato<br />

Grosso e, através da BR-364, está a 700 km <strong>de</strong> distância <strong>de</strong> Porto Velho, também<br />

eram abrangidas e estavam sob responsabilida<strong>de</strong> administrativa <strong>do</strong> município.<br />

O Regimento <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Carlos Chagas, que era semelhante ao<br />

Regimento <strong>de</strong> outras unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> município, foi aprova<strong>do</strong> pela Portaria<br />

n.191/SS <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1976, assinada pelo então Secretário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, em sua Seção II , publicada na página 6 <strong>de</strong>sse Regimento, a<br />

qual <strong>de</strong>screve:<br />

“Da Unida<strong>de</strong> Médico-O<strong>do</strong>ntológica”:<br />

Art. 7º - À Unida<strong>de</strong> Médico-O<strong>do</strong>ntológica compete:<br />

a) aten<strong>de</strong>r ao grupo prioritário materno-infantil, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> medidas <strong>de</strong> profilaxia<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>enças e recuperação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, previstas no programa materno-infantil;<br />

b) aten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Oral, às gestantes, às nutrizes e a<br />

crianças <strong>de</strong> 6 a 14 anos, promoven<strong>do</strong> erradicação <strong>de</strong> focos <strong>de</strong>ntários e tratamento<br />

recupera<strong>do</strong>r;<br />

91


Cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Edval<strong>do</strong> Montello<br />

durante um atendimento<br />

a militar na<br />

zona rural <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong><br />

Ariquemes, década<br />

<strong>de</strong> 1990.<br />

A região on<strong>de</strong> foi<br />

realizada a foto<br />

recebeu o nome<br />

<strong>de</strong> 5º BEC em<br />

homenagem ao<br />

5º Batalhão <strong>de</strong><br />

Engenharia <strong>de</strong><br />

Construção.<br />

Foto: arquivo pessoal<br />

<strong>do</strong> cirurgião.<br />

92<br />

c) realizar exames <strong>de</strong> laboratório necessários à execução <strong>do</strong> programa materno-infantil; e<br />

d) prestar assistência aos <strong>de</strong>snutri<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grupo materno-infantil <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />

normas <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> nutrição.<br />

Informações gerais sobre saú<strong>de</strong> bucal em <strong>Rondônia</strong><br />

Em 1976 foi realiza<strong>do</strong> o primeiro levantamento epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária<br />

em escolares <strong>de</strong> Porto Velho, com a ida<strong>de</strong> entre 7 e 14 anos. A iniciativa foi da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Apesar <strong>de</strong> o <strong>do</strong>cumento<br />

não ter o título técnico conheci<strong>do</strong> pelas iniciais CPOD (Dentes Caria<strong>do</strong>s, Perdi<strong>do</strong>s<br />

e Obtura<strong>do</strong>s), índice <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong> cárie originalmente formula<strong>do</strong> por Klein e<br />

Palmer em 1937, o levantamento utiliza os padrões <strong>do</strong> índice e cita o termo<br />

em seus resulta<strong>do</strong>s sob o título: Inquérito Epi<strong>de</strong>miológico da Cárie Dentária nos<br />

Escolares da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Velho – Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. A transcrição<br />

<strong>do</strong> levantamento, na íntegra, encontra-se no capítulo sobre políticas públicas em<br />

saú<strong>de</strong> bucal no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

Os da<strong>do</strong>s a seguir foram coleta<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> cirurgiões<strong>de</strong>ntistas<br />

e <strong>de</strong> pesquisas no acervo <strong>do</strong> 5º Batalhão <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Construção.<br />

Da<strong>do</strong>s sobre levantamentos CPOD e sobre as condições da saú<strong>de</strong> bucal em<br />

<strong>Rondônia</strong>, disponibiliza<strong>do</strong>s pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>, serão trata<strong>do</strong>s no capítulo a<br />

respeito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral.<br />

Registros <strong>de</strong> atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos em anais<br />

<strong>do</strong> exército em <strong>Rondônia</strong><br />

O exército brasileiro, especialmente presente na região na<br />

época em que <strong>Rondônia</strong> era um território fe<strong>de</strong>ral, portanto<br />

sob jurisdição <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral, em um perío<strong>do</strong> que o<br />

país foi governa<strong>do</strong> pelo regime militar, não dispõe, em<br />

seus arquivos, <strong>de</strong> informações a respeito <strong>do</strong>s atendimentos<br />

o<strong>do</strong>ntológicos presta<strong>do</strong>s a seus funcionários. Também<br />

não há relatórios <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos<br />

<strong>do</strong> exército presta<strong>do</strong>s à população civil, apesar <strong>de</strong> haver<br />

relatos <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que participaram <strong>de</strong> ações<br />

<strong>de</strong> atendimento o<strong>do</strong>ntológico, subenten<strong>de</strong>-se extrações, a<br />

populações ribeirinhas na década <strong>de</strong> 1980.


Os anais <strong>de</strong> arquivos militares que foram<br />

disponibiliza<strong>do</strong>s pela instituição para a<br />

realização da pesquisa para esta publicação<br />

foram os livros <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> atas <strong>de</strong><br />

inspeção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da “Junta Militar <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

da Guarnição <strong>de</strong> Porto Velho”. Nos livros<br />

com inspeção entre 18 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1966<br />

e 8 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1968 não há referências a<br />

diagnósticos o<strong>do</strong>ntológicos, que só passaram<br />

a ser registra<strong>do</strong>s na ata disponibilizada que<br />

data <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1974 a 27 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1976. Nesse perío<strong>do</strong> foram registradas 972<br />

inspeções médicas das quais há 353 observações a respeito <strong>do</strong> aspecto o<strong>do</strong>ntológico<br />

<strong>do</strong> paciente com diagnósticos <strong>de</strong> correção protética móvel parcial e completa. Há<br />

também referências à existência <strong>de</strong> cáries, mas não se comenta a existência <strong>de</strong><br />

prótese fixa. As observações foram <strong>de</strong>scritas por médicos da junta <strong>de</strong> avaliação<br />

<strong>do</strong> exército. Não foi registrada a presença <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas para a realização<br />

<strong>do</strong>s diagnósticos. Percebe-se que as observações não seguiram a princípios<br />

sistemáticos. Nas avaliações por <strong>do</strong>enças graves ou aci<strong>de</strong>ntes em que o funcionário<br />

se encontrava afasta<strong>do</strong>, por exemplo, não foram registradas observações a respeito<br />

<strong>de</strong> diagnósticos <strong>de</strong>ntários.<br />

Em 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1966 a extinta Re<strong>de</strong> Ferroviária Fe<strong>de</strong>ral Socieda<strong>de</strong><br />

Anônima – R.F.F. S/A (empresa que “her<strong>do</strong>u” o patrimônio da Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />

Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré) repassou os encargos administrativos da ferrovia para a diretoria<br />

<strong>de</strong> vias <strong>de</strong> transportes <strong>do</strong> 5º Batalhão <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Construção (5º BEC). Por<br />

essa razão há um livro <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> funcionários da Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-<br />

Mamoré nos arquivos <strong>de</strong>ssa instituição militar. O livro <strong>de</strong> registros <strong>de</strong> inspeção<br />

<strong>de</strong>sses funcionários civis, disponibiliza<strong>do</strong> para pesquisa, data <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>de</strong> 1968 a 27 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1969. Há o registro <strong>de</strong> somente 42 inspeções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

sem referências às condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral <strong>do</strong>s pacientes.<br />

É relevante consi<strong>de</strong>rar que as pesquisas realizadas para esta publicação<br />

não possuem caráter científico e seus da<strong>do</strong>s estão sujeitos a alterações caso sejam<br />

realizadas pesquisas mais aprofundadas sobre o tema.<br />

Cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Carlos Henrique <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong> Carvalho<br />

em atendimento<br />

o<strong>do</strong>ntológico<br />

itinerante a comunida<strong>de</strong>s<br />

ribeirinhas da<br />

região da Reserva<br />

Extrativista <strong>do</strong> rio<br />

Cautário, 1981.<br />

Foto: arquivo pessoal <strong>do</strong><br />

cirurgião<br />

93


Atendimento<br />

o<strong>do</strong>ntológico em<br />

Presi<strong>de</strong>nte Médici,<br />

antigo distrito da Vila<br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

(Ji-Paraná). Localida<strong>de</strong><br />

nos arre<strong>do</strong>res da<br />

BR-364.<br />

Cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r.<br />

(Fotos: acervo <strong>do</strong><br />

cirurgião)<br />

94<br />

O<strong>do</strong>ntologia no Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong><br />

O <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> alguns cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas<br />

a respeito da trajetória da o<strong>do</strong>ntologia em<br />

<strong>Rondônia</strong> elucida diversas lacunas que não estão<br />

registradas em <strong>do</strong>cumentos escritos.<br />

Em 1972 o <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia<br />

<strong>do</strong> Amazonas (CRO-AM), que possuía<br />

jurisdição administrativa sobre o Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> (TFRO), nomeou o<br />

cirurgião-<strong>de</strong>ntista José Freitas Atallah, natural<br />

<strong>de</strong> Porto Velho, como Delega<strong>do</strong> <strong>do</strong> CRO-AM<br />

no respectivo Território. Atallah substituiu<br />

o <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> anterior, cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Francisco Oliveira que, por motivos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

não pô<strong>de</strong> mais permanecer na função. A<br />

<strong>de</strong>legacia <strong>do</strong> CRO-AM, instalada em Porto<br />

Velho-RO, foi a precursora <strong>do</strong> CRO-RO.<br />

Essa agregava os sete cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que<br />

na época exerciam suas ativida<strong>de</strong>s nos <strong>do</strong>is<br />

únicos municípios <strong>do</strong> território: Guajará-<br />

Mirim e Porto Velho. Os profissionais eram<br />

funcionários <strong>do</strong> quadro <strong>do</strong> extinto Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong> 5º Batalhão <strong>de</strong> Engenharia <strong>do</strong> Exército, <strong>de</strong>ntre eles Auri-Stela Atallah,<br />

Henrique Rosetti Filho, Al<strong>de</strong>mar Brasileiro Paraguassú, João Carvalho e José<br />

Atallah. Esses eram lota<strong>do</strong>s no serviço <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Laudímia<br />

Trotta, da Divisão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> TFRO. O cirurgião-<strong>de</strong>ntista Roberto Boucinha <strong>de</strong><br />

Menezes atendia em um posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guajará-Mirim. Antônio Carvalho<br />

Agra era cirurgião-<strong>de</strong>ntista militar no 5º BEC.<br />

Após alguns anos, foi monta<strong>do</strong> um serviço emergencial o<strong>do</strong>ntológico no<br />

Pronto Socorro Orlan<strong>do</strong> Marques, anexo ao Hospital Geral São José, hoje Hospital<br />

Tira<strong>de</strong>ntes, administra<strong>do</strong> pela Polícia Militar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. A criação <strong>do</strong><br />

Hospital <strong>de</strong> Base Ary Pinheiro, 1983, instituiu o serviço <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia emergencial


on<strong>de</strong>, além das rotineiras emergências o<strong>do</strong>ntológicas, eram realizadas cirurgias<br />

para reparação <strong>de</strong> traumas bucomaxilofaciais.<br />

Na década <strong>de</strong> 1970 e 1980 havia equipes médico-o<strong>do</strong>ntológicas da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> TFRO e da Prefeitura <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Porto Velho que<br />

prestavam assistência a populações ribeirinhas situadas no baixo rio Ma<strong>de</strong>ira,<br />

distritos <strong>de</strong> São Carlos e Calama, assim como no alto Guaporé, que começa na<br />

região <strong>de</strong> Guajará-Mirim e se esten<strong>de</strong> até Vila Bela da Santíssima Trinda<strong>de</strong>, primeira<br />

capital <strong>do</strong> Mato Grosso. Essa possuía uma população formada principalmente por<br />

afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Devi<strong>do</strong> a um acor<strong>do</strong> diplomático entre o Brasil e a Bolívia, na<br />

região <strong>do</strong> alto Guaporé, eram realiza<strong>do</strong>s atendimentos médicos e o<strong>do</strong>ntológicos<br />

(subenten<strong>de</strong>-se extrações <strong>de</strong>ntárias e cirurgias orais) a cidadãos brasileiros e<br />

bolivianos.<br />

Ainda na década <strong>de</strong> 70 havia diversos <strong>de</strong>ntistas contrata<strong>do</strong>s pelo Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral para prestar atendimento em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o que também implicava<br />

em <strong>de</strong>slocamentos periódicos para atendimento às populações ribeirinhas e <strong>do</strong><br />

interior <strong>do</strong> território. To<strong>do</strong>s os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que atendiam através <strong>do</strong> serviço<br />

público, com exceção <strong>do</strong> <strong>de</strong>ntista militar, também realizavam atendimentos em seus<br />

consultórios particulares. São contemporâneos <strong>de</strong>ssa época os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas<br />

Rolim <strong>de</strong> Moura na<br />

década <strong>de</strong> 1980.<br />

Foto: arquivo pessoal<br />

<strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Carlos Henrique<br />

Carvalho.<br />

95


Atendimento <strong>do</strong><br />

exército a<br />

populações<br />

ribeirinhas em<br />

1981. Cirurgião-<br />

-<strong>de</strong>ntista Carlos<br />

Henrique Carvalho.<br />

Foto: arquivo pessoal<br />

<strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

96<br />

Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes, Sílvio Nascimento<br />

Gualberto e Pedro Struthos Neto. Ao longo da<br />

BR-29 (hoje BR-364), senti<strong>do</strong> Acre, a assistência<br />

o<strong>do</strong>ntológica era realizada juntamente com a<br />

distribuição <strong>de</strong> medicamentos e vacinação nas<br />

comunida<strong>de</strong>s que existiam na extensão da extinta<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré e arre<strong>do</strong>res.<br />

Entre elas as populações da Vila <strong>do</strong> Teotônio<br />

(hoje submersa pelo represamento das águas da<br />

Hidrelétrica <strong>de</strong> Santo Antônio), distritos <strong>de</strong> Jacy-<br />

Paraná, Mutum-Paraná (localiza<strong>do</strong> pouco <strong>de</strong>pois<br />

da atual Nova Mutum, prestes a ser submersa pelas<br />

águas da Hidrelétrica <strong>de</strong> Jirau), Abunã e Fortaleza<br />

<strong>do</strong> Abunã.<br />

Entre 1972 e 1992 José Freitas Atallah exerceu cargo público na área<br />

administrativa <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da Prefeitura <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Porto Velho, Departamento<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Promoção Social, perío<strong>do</strong> em que foram cria<strong>do</strong>s diversos postos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> municipais que ofereciam atendimento o<strong>do</strong>ntológico. Dentre esses o Posto<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Oswal<strong>do</strong> Piana, que foi um médico sanitarista pai <strong>do</strong> ex-Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, Oswal<strong>do</strong> Piana Filho. O Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Maurício Bustani,<br />

cujo nome também homenageia um médico <strong>do</strong> antigo Território Fe<strong>de</strong>ral. Outros<br />

postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> instituí<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> 1989 foram o Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ana A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong><br />

(médica falecida filha <strong>do</strong> também médico Rafael Vaz e Silva), hoje transforma<strong>do</strong><br />

em policlínica localizada no Bairro Pedrinhas e o Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> O Meu<br />

Pedacinho <strong>de</strong> Chão. Esse está localiza<strong>do</strong> no bairro <strong>de</strong> mesmo nome, que nasceu<br />

após uma gran<strong>de</strong> alagação que ocorreu em Porto Velho em 1975. Nesse perío<strong>do</strong><br />

cerca <strong>de</strong> duas mil pessoas foram alojadas sob tendas no local através <strong>do</strong> trabalho<br />

<strong>do</strong> 5º BEC. Os mora<strong>do</strong>res eram oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s distritos ribeirinhos <strong>de</strong> São Carlos,<br />

<strong>de</strong> Terra Caída e <strong>de</strong> Calama.<br />

Através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> epi<strong>de</strong>miológico realiza<strong>do</strong> em 1976 foi possível estabelecer<br />

o percentual <strong>de</strong> crianças que eram afetadas por cáries <strong>de</strong>ntárias e quantas haviam<br />

si<strong>do</strong> tratadas. Os resulta<strong>do</strong>s alarmantes propiciaram a ampliação <strong>do</strong> atendimento<br />

o<strong>do</strong>ntológico nos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> menciona<strong>do</strong>s e em escolas públicas. O Território


Fe<strong>de</strong>ral implantou o Serviço <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia e<br />

Assistência ao Educan<strong>do</strong> junto à Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação. Posteriormente houve a implantação <strong>do</strong><br />

Serviço <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Previdência<br />

<strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Porto Velho e,<br />

quan<strong>do</strong> <strong>Rondônia</strong> já havia si<strong>do</strong> elevada a Esta<strong>do</strong>,<br />

criou-se o Serviço <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Departamento<br />

<strong>de</strong> Assistência Social da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong> (Unir).<br />

Em 1976 o primeiro Secretário Municipal<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Velho, o médico Jacob Atallah<br />

(que mais tar<strong>de</strong> se tornou Deputa<strong>do</strong> Constituinte<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>), irmão <strong>do</strong> cirurgião<strong>de</strong>ntista<br />

José Atallah, contratou o médico Confúcio<br />

Moura para aten<strong>de</strong>r à Vila <strong>de</strong> Ariquemes, distrito<br />

<strong>do</strong> município <strong>de</strong> Porto Velho, que se emancipou em<br />

1977. Nesse perío<strong>do</strong> o atendimento o<strong>do</strong>ntológico<br />

da região recebeu gran<strong>de</strong>s incentivos.<br />

Antes da transformação <strong>do</strong> Território em<br />

Esta<strong>do</strong>, <strong>Rondônia</strong> não possuía autonomia política,<br />

o que dificultava a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões. Algumas<br />

ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral eram realizadas através <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Porto Velho, que abrangia a maior<br />

parte <strong>do</strong> território, outras eram executadas pelo<br />

território, quer dizer, através <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral.<br />

Ao la<strong>do</strong>, atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos ao<br />

longo <strong>do</strong> rio Ma<strong>de</strong>ira entre 17 e <strong>25</strong> <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> 1980. Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas Pedro Strutus e<br />

Heitor Costa.<br />

Equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> - médicos, <strong>de</strong>ntistas,<br />

enferemeiros - durante uma campanha <strong>de</strong><br />

vacinação da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Porto Velho. À esquerda, cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas<br />

Pedro Strutus e Heitor Costa<br />

Fotos: Arquivo pessoal <strong>de</strong> Heitor Costa<br />

97


Primeiro centro <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>s o<strong>do</strong>ntológicos<br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Centro <strong>de</strong><br />

Estu<strong>do</strong>s Maria<br />

Coelho Aguiar<br />

Foto: Acervo CRO-RO<br />

98<br />

Criação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> classe e <strong>de</strong> aperfeiçoamento e formação <strong>de</strong> cirurgiões<strong>de</strong>ntistas<br />

Em 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1984 foi fundada a Associação Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (ABO-RO).<br />

Em 1998 a instituição criou a sua escola <strong>de</strong> educação continuada – UniABO, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então tem realiza<strong>do</strong> cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento para cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas no Esta<strong>do</strong>.<br />

Em 1986 foi cria<strong>do</strong> o <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> (CRO-<br />

RO), que foi presidi<strong>do</strong> pelo cirurgião-<strong>de</strong>ntista ron<strong>do</strong>niense, Augusto Luiz Santos<br />

Veiga, conheci<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s como Pituca. José Freitas Atallah foi secretário na primeira<br />

diretoria e nomea<strong>do</strong> o primeiro <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> CRO-RO no Acre. A criação <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong><br />

ocorreu em face <strong>do</strong> crescente fluxo migratório com cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São<br />

Paulo, <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, <strong>do</strong> Paraná e <strong>de</strong> Santa Catarina. O início<br />

<strong>do</strong>s anos 80 foi marca<strong>do</strong> pela criação <strong>de</strong> diversos municípios instala<strong>do</strong>s ao longo da BR-<br />

364, com a instalação <strong>de</strong> <strong>de</strong>legacias <strong>do</strong> CRO-RO em: Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta<br />

Bueno, Vilhena e também no município <strong>de</strong> Guajará-Mirim.<br />

Em consonância com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística,<br />

nos anos 1970, a população <strong>do</strong> Território <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> era <strong>de</strong> aproximadamente 60<br />

mil pessoas. Quatro décadas mais tar<strong>de</strong> a população <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é <strong>de</strong> 1,5 milhões<br />

<strong>de</strong> habitantes. Esse crescimento <strong>de</strong>mográfico representou um impulso natural da<br />

migração <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas para o crescente merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho no campo<br />

da o<strong>do</strong>ntologia em <strong>Rondônia</strong>. De acor<strong>do</strong> com o cirurgião-<strong>de</strong>ntista Sílvio Gualberto,<br />

que foi <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> CRO-AM nos anos <strong>de</strong> 1980, a abertura <strong>do</strong> CRO no Esta<strong>do</strong> só foi<br />

autorizada quan<strong>do</strong> o contingente mínimo <strong>de</strong> 150 profissionais inscritos foi atingi<strong>do</strong>.<br />

Nos anos <strong>de</strong> 1990 foi cria<strong>do</strong> o Sindicato <strong>do</strong>s O<strong>do</strong>ntologistas <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

Em 1993 foi cria<strong>do</strong> o Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s<br />

Maria Coelho Aguiar (Cemca), um convênio com<br />

a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté para ministrar cursos <strong>de</strong><br />

pós-graduação lato sensu em algumas áreas da<br />

o<strong>do</strong>ntologia. A iniciativa foi da cirurgiã <strong>de</strong>ntista<br />

Maria Eliza <strong>de</strong> Aguiar e Silva. Os cursos tinham a<br />

duração <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos e eram volta<strong>do</strong>s para o nível <strong>de</strong><br />

especialização, direciona<strong>do</strong>s à área profissional. A<br />

primeira turma formou 22 <strong>de</strong>ntistas especializa<strong>do</strong>s<br />

em diversas áreas da o<strong>do</strong>ntologia com certifica<strong>do</strong><br />

reconheci<strong>do</strong> pelo Ministério da Educação.


A epopeia das particularida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da o<strong>do</strong>ntologia em diversos<br />

municípios <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> será relatada nesta publicação, através <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong><br />

experiências pessoais <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas a seguir no capítulo “Depoimentos”.<br />

Atualmente <strong>Rondônia</strong> possui três faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia. Duas estão<br />

situadas na capital; Faculda<strong>de</strong>s Integradas Aparício Carvalho (Fimca), Faculda<strong>de</strong><br />

São Lucas; e uma em Cacoal, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Biomédicas <strong>de</strong> Cacoal<br />

(Facimed). A criação <strong>de</strong>ssas instituições <strong>de</strong> ensino proporcionou a formação<br />

local <strong>de</strong> novos profissionais da o<strong>do</strong>ntologia. A Fimca foi a primeira faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> a oferecer o curso <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong> em o<strong>do</strong>ntologia. Ele foi cria<strong>do</strong><br />

juntamente com o processo <strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciamento da faculda<strong>de</strong> aprova<strong>do</strong> junto ao<br />

Ministério da Educação em outubro <strong>de</strong> 1997, Portaria Ministerial n. 2066, <strong>de</strong><br />

31.10.1997, publicada no Diário Oficial da União em 3.11.1997.<br />

Curso <strong>de</strong> perio<strong>do</strong>ntia<br />

em Vilhena.<br />

28.7.2001,<br />

Foto: Acervo CRO-RO<br />

99


100<br />

DEPOIMENTOS DE CIRURGIÕES-<br />

DENTISTAS DE RONDÔNIA<br />

A criação <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> (CRO-<br />

RO) foi consequência <strong>do</strong> crescimento <strong>de</strong>mográfico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que postulou a vinda<br />

<strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas <strong>de</strong> outras regiões <strong>do</strong> país para aten<strong>de</strong>r à crescente <strong>de</strong>manda.<br />

Para se ter uma i<strong>de</strong>ia das proporções <strong>de</strong>ssa explosão populacional, em 40 anos<br />

o número <strong>de</strong> habitantes <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, que era <strong>de</strong> aproximadamente 60 mil, nos<br />

anos <strong>de</strong> 1970, saltou para cerca <strong>de</strong> 1,5 milhões em 2010. O aumento <strong>do</strong> número<br />

<strong>de</strong> profissionais atuantes fez com que surgisse a necessida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong> um<br />

<strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> para aten<strong>de</strong>r a <strong>Rondônia</strong> e ao Acre em substituição à Delegacia<br />

<strong>Regional</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, que era filiada ao <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong><br />

Manaus.<br />

Somente em 2003 <strong>Rondônia</strong> passou a formar cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas. Isso<br />

significa que até esse perío<strong>do</strong> os <strong>de</strong>ntistas que exerciam a profissão no Esta<strong>do</strong><br />

obtiveram sua formação acadêmica em outras regiões <strong>do</strong> país. Nos dias <strong>de</strong> hoje<br />

ainda se <strong>de</strong>nota uma minoria <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas oriunda <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> que<br />

exerce ou exerceu a profissão no Esta<strong>do</strong>.<br />

Os <strong>de</strong>poimentos a seguir são uma amostragem da história <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas<br />

que ajudaram a construir a o<strong>do</strong>ntologia no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Suas ações<br />

profissionais não existem isoladas <strong>de</strong> suas trajetórias <strong>de</strong> vida, por essa razão as<br />

narrativas a seguir contam <strong>de</strong>talhes que ultrapassam os interesses <strong>do</strong> campo da<br />

o<strong>do</strong>ntologia e humanizam a história <strong>do</strong>s o<strong>do</strong>ntólogos. Os <strong>de</strong>poentes representam,<br />

simbolicamente, a história daqueles que participaram ativamente no processo <strong>do</strong><br />

exercício legal da profissão em substituição aos diversos “<strong>de</strong>ntistas práticos” que<br />

ocupavam espaço em função da ausência <strong>de</strong> profissionais qualifica<strong>do</strong>s.


Porto Velho<br />

Augusto Luiz Santos Veiga<br />

Des<strong>de</strong> criança Augusto Veiga acostumou-se a ser chama<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Pituca. Natural <strong>de</strong> Porto Velho o cirurgião-<strong>de</strong>ntista não gosta<br />

<strong>do</strong> nome <strong>Rondônia</strong>, prefere Guaporé, que foi o primeiro nome<br />

que o território recebeu ao ser <strong>de</strong>smembra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Mato Grosso. Filho <strong>de</strong> uma professora <strong>do</strong> ensino primário e <strong>de</strong><br />

um policial civil Pituca iniciou o ensino médio em um colégio<br />

interno no Rio <strong>de</strong> Janeiro e concluiu esses estu<strong>do</strong>s em Manaus,<br />

on<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>u o<strong>do</strong>ntologia. Segun<strong>do</strong> ele próprio o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> ir<br />

ao <strong>de</strong>ntista é algo que sente até os dias <strong>de</strong> hoje, pois vivenciou<br />

experiências traumáticas na infância por causa das vezes que<br />

teve que ter <strong>de</strong>ntes extraí<strong>do</strong>s por <strong>de</strong>ntistas práticos que havia em Porto Velho na<br />

década <strong>de</strong> 1950. Naquela época a consulta <strong>de</strong> um cirurgião-<strong>de</strong>ntista na cida<strong>de</strong> era<br />

algo ao alcance somente <strong>do</strong>s mais abasta<strong>do</strong>s e não existia uma política educacional<br />

voltada à higienização bucal ou prevenção <strong>de</strong> cáries. Ele também se lembra <strong>de</strong><br />

algumas peculiarida<strong>de</strong>s inerentes ao isolamento <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Guaporé, como<br />

a falta <strong>de</strong> luz, o gosto da manteiga rançosa, que era transportada <strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> navio sem refrigeração, a carne enlatada e as galinhas que sua mãe criava para<br />

o consumo da família. Os bens <strong>de</strong> consumo que chegavam à região eram trazi<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> navio, não havia ro<strong>do</strong>vias que ligassem <strong>Rondônia</strong> a outras regiões <strong>do</strong> país. A<br />

viagem até o Rio <strong>de</strong> Janeiro era realizada <strong>de</strong> navio até Manaus e, <strong>de</strong> lá, através <strong>do</strong><br />

rio Amazonas, navegava-se até o Atlântico contornan<strong>do</strong> a costa.<br />

Brincalhão, Augusto Veiga tem o CRO <strong>de</strong> número 23, e é um <strong>do</strong>s cirurgiões<strong>de</strong>ntistas<br />

mais antigos <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> que ainda exerce a profissão. Ao relembrar <strong>do</strong>s<br />

tempos da juventu<strong>de</strong> o o<strong>do</strong>ntólogo ressalta que a música é uma <strong>de</strong> suas paixões<br />

e fez questão <strong>de</strong> contar sobre a época em que se tornou um astro pop guaporé.<br />

Foi durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> férias antes <strong>de</strong> ir estudar em Manaus, em mea<strong>do</strong>s da<br />

década <strong>de</strong> 1960. Nessa temporada montou uma banda <strong>de</strong> roque com os amigos<br />

Chiquilito Erse; que mais tar<strong>de</strong> foi eleito Prefeito <strong>de</strong> Porto Velho e Deputa<strong>do</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral; Oswal<strong>do</strong> Piana, que exerceu o cargo <strong>de</strong> Governa<strong>do</strong>r; e Iran Men<strong>de</strong>s que se<br />

tornou servi<strong>do</strong>r público. Eles batizaram o grupo <strong>de</strong> “Fórmula 4”. Segun<strong>do</strong> Pituca o<br />

101


102<br />

grupo foi sucesso absoluto entre os jovens <strong>de</strong> Porto Velho, com apresentações no<br />

antigo Cine Lacerda, no Clube <strong>do</strong>s Ferroviários e na Praça Ron<strong>do</strong>n. A narrativa<br />

foi acompanhada <strong>de</strong> um ar sau<strong>do</strong>sista <strong>do</strong>s tempos em que to<strong>do</strong>s se conheciam na<br />

capital <strong>do</strong> Território Fe<strong>de</strong>ral e os Jipes eram o mo<strong>de</strong>lo pre<strong>do</strong>minante <strong>de</strong> automóveis<br />

que circulavam na cida<strong>de</strong>.<br />

O o<strong>do</strong>ntólogo concluiu o curso acadêmico em 1974. Quan<strong>do</strong> retornou a Porto<br />

Velho sua mãe havia compra<strong>do</strong> a aparelhagem <strong>de</strong> um consultório o<strong>do</strong>ntológico no qual<br />

passou a aten<strong>de</strong>r. Nos finais <strong>de</strong> semana realizava atendimentos itinerantes em Abunã a<br />

serviço da Prefeitura <strong>do</strong> município. Em 1986 foi empossa<strong>do</strong>, sem processo <strong>de</strong> eleição,<br />

o primeiro presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CRO-RO. O imóvel on<strong>de</strong> hoje funciona o <strong>Conselho</strong> foi<br />

adquiri<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua gestão com verbas <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia.<br />

De acor<strong>do</strong> com Pituca a casa estava <strong>de</strong>teriorada, mesmo assim a entida<strong>de</strong> mu<strong>do</strong>u-se<br />

da Galeria El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, localizada na Rua Tenreiro Aranha, antes <strong>do</strong> final <strong>do</strong> biênio <strong>de</strong><br />

seu mandato. O presi<strong>de</strong>nte seguinte, Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes, realizou a primeira<br />

reforma da se<strong>de</strong>. A funcionária Sebastiana Dias Gil, que até hoje trabalha na secretaria<br />

<strong>do</strong> CRO-RO, foi contratada durante a administração <strong>do</strong> cirurgião.<br />

Contemporâneo <strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista <strong>de</strong> Porto Velho Sílvio Gualberto,<br />

Pituca e o colega trouxeram para a cida<strong>de</strong> um <strong>do</strong>s primeiros cursos <strong>de</strong> prótese que<br />

foi ministra<strong>do</strong> por um professor <strong>de</strong> Piracicaba. Colegas frequentaram em 1978 o<br />

curso <strong>de</strong> sanitarista da Fundação Oswal<strong>do</strong> Cruz.<br />

Francisco das Chagas Me<strong>de</strong>iros<br />

A contratação <strong>de</strong> um cirurgião-<strong>de</strong>ntista para aten<strong>de</strong>r a<br />

funcionários e a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Instituto Nacional <strong>de</strong><br />

Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Velho foi a<br />

razão que levou Chagas, natural <strong>de</strong> Barra <strong>do</strong> Corda – MA, a<br />

mudar-se para <strong>Rondônia</strong> em 1977. O consultório <strong>de</strong>ntário da<br />

instituição funcionava na Rua José <strong>de</strong> Alencar.<br />

O o<strong>do</strong>ntólogo também trabalhou, durante um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

seis meses, na Equipe Volante <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Fundação Nacional<br />

<strong>do</strong> Índio. Ele se recorda <strong>de</strong> certa vez ter ti<strong>do</strong> que caminhar, na<br />

mata, por um trajeto <strong>de</strong> 110 km, ida e volta, até alcançar as<br />

al<strong>de</strong>ias que <strong>de</strong>veriam receber o atendimento. Suas ativida<strong>de</strong>s como <strong>de</strong>ntista nessas<br />

comunida<strong>de</strong>s eram <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> extrações.


Segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>ntista, a quem muitos conhecem<br />

como Chaguinha, a instalação <strong>de</strong> seu<br />

consultório particular aconteceu apenas nove<br />

meses após sua chegada à cida<strong>de</strong> porque<br />

houve atraso na entrega <strong>do</strong> equipamento. A<br />

transporta<strong>do</strong>ra, além <strong>de</strong> retardar o embarque<br />

<strong>do</strong> material, <strong>de</strong>ixou a merca<strong>do</strong>ria armazenada<br />

por um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> aproximadamente três<br />

meses em um <strong>de</strong>pósito ao longo da BR 364<br />

porque seu caminhão ficou atola<strong>do</strong> na estrada<br />

durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> chuvas.<br />

No início <strong>de</strong> sua carreira o <strong>de</strong>ntista<br />

prestou atendimento em diversas áreas da o<strong>do</strong>ntologia como restaurações, canais,<br />

extrações <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes sisos, remoção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes inclusos, próteses e pequenas cirurgias,<br />

mas ao longo <strong>do</strong>s anos reduziu suas ativida<strong>de</strong>s à <strong>de</strong>ntística, prótese e clínica geral.<br />

Ele se lembra que a falta <strong>de</strong> energia elétrica sempre foi um problema que atingia<br />

a to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>ntistas <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Algumas vezes, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à irregularida<strong>de</strong> no<br />

abastecimento <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>, chegou a trabalhar <strong>de</strong> uma hora da tar<strong>de</strong> à uma hora<br />

da manhã. Em certo perío<strong>do</strong> adquiriu um gera<strong>do</strong>r para seu consultório, mas teve<br />

problemas com os vizinhos que se queixavam <strong>do</strong> barulho ensur<strong>de</strong>ce<strong>do</strong>r <strong>do</strong> motor.<br />

Em 1984 Chagas foi eleito o primeiro vice-presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia da Seção <strong>Rondônia</strong>. Até os dias <strong>de</strong> hoje ele exerce<br />

suas ativida<strong>de</strong>s em seu consultório localiza<strong>do</strong> em uma galeria da Avenida Sete <strong>de</strong><br />

Setembro.<br />

Francisco Alves Lacerda<br />

Lacerda, como é conheci<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s, é filho <strong>de</strong> Antônio<br />

Alves Lacerda, o cria<strong>do</strong>r e proprietário <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s cinemas que<br />

marcaram a história da capital, o Cine Lacerda. Bem-humora<strong>do</strong><br />

o cirurgião-<strong>de</strong>ntista conta que a Porto Velho <strong>de</strong> sua infância era<br />

uma vila on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s se conheciam. Nos anos <strong>de</strong> 1950 recorda-se<br />

que ir ao <strong>de</strong>ntista era algo bastante temi<strong>do</strong>, pois era sinônimo<br />

<strong>de</strong> sofrimento. Lembra-se <strong>de</strong> ouvir gritos <strong>de</strong> <strong>do</strong>r ao passar na<br />

Chagas em seu<br />

consultório.<br />

Porto Velho,<br />

4.7.1978.<br />

Foto: arquivo pessoal <strong>do</strong><br />

cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

103


104<br />

calçada em frente ao consultório <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>ntistas que trabalhavam na cida<strong>de</strong>.<br />

Frequentar o <strong>de</strong>ntista era sempre um evento <strong>de</strong>sagradável, muitos saíam <strong>do</strong><br />

consultório com a mão no queixo e algumas mães chegavam a aterrorizar seus<br />

filhos com a expressão: “Se você não se comportar, vou levar você ao <strong>de</strong>ntista”.<br />

Dessa época tem lembranças <strong>do</strong>s consultórios <strong>de</strong> alguns o<strong>do</strong>ntólogos<br />

conheci<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong> como os “<strong>do</strong>utores” Pedrinho, Luís Catanhe<strong>de</strong> e Oliveira,<br />

esse com consultório na Rua José <strong>do</strong> Patrocínio. Também havia Henrique Rossetti<br />

Filho, com quem ele chegou a realizar tratamentos <strong>de</strong>ntários sem vivenciar nenhum<br />

quadro <strong>de</strong> horror e que foi para ele uma figura inspira<strong>do</strong>ra na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se tornar<br />

um cirurgião-<strong>de</strong>ntista. Na sala <strong>de</strong> espera <strong>do</strong> consultório, on<strong>de</strong> não se ouviam<br />

gemi<strong>do</strong>s e ninguém saía com expressão <strong>de</strong> <strong>do</strong>r, havia o diploma com a inscrição<br />

“Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense”, o que o fazia sonhar em estudar o<strong>do</strong>ntologia<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro, fato que se concretizou mais tar<strong>de</strong>.<br />

Ao comparar a situação da saú<strong>de</strong> oral da população daquela época com a<br />

atual, segun<strong>do</strong> Lacerda, é notória a diminuição da perda <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes, pois rememora<br />

que a maior parte das pessoas mais velhas usava <strong>de</strong>ntadura. Entre as lembranças<br />

lúdicas <strong>de</strong> sua infância, no que diz respeito à admiração pelos <strong>de</strong>ntes, está a<br />

prótese <strong>de</strong>ntal parcial que sua tia removia ao escovar os <strong>de</strong>ntes. Talvez a sensação<br />

<strong>do</strong> o<strong>do</strong>ntólogo seja semelhante, ainda que sob outra perspectiva, à que sentia o<br />

escritor Gabriel Garcia Marquez em sua infância narrada em seu livro <strong>de</strong> memórias<br />

Viver para Contar: “Des<strong>de</strong> que me <strong>de</strong>i por gente sofri a tortura matinal <strong>de</strong> Mina<br />

escovan<strong>do</strong> meus <strong>de</strong>ntes, ao passo que ela <strong>de</strong>sfrutava <strong>do</strong> privilégio mágico <strong>de</strong> tirar<br />

os seus para lavá-los, e <strong>de</strong>ixá-los num copo d’água enquanto <strong>do</strong>rmia. Convenci<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> que era sua <strong>de</strong>ntadura natural que ela tirava e punha por artes guajiras , fiz com<br />

que me mostrasse o interior da boca para ver como era por <strong>de</strong>ntro o avesso <strong>do</strong>s<br />

olhos, <strong>do</strong> cérebro, <strong>do</strong> nariz, <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s, e sofri a <strong>de</strong>silusão <strong>de</strong> não ver nada além<br />

<strong>do</strong> céu da boca. Mas ninguém me <strong>de</strong>cifrou o prodígio e durante um bom tempo<br />

estive obceca<strong>do</strong> para que o <strong>de</strong>ntista fizesse a mesma coisa que tinha feito com a avó,<br />

para que ela escovasse meus <strong>de</strong>ntes enquanto eu brincava na rua”.<br />

De acor<strong>do</strong> com Lacerda os investimentos em políticas públicas para a<br />

contratação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas que aten<strong>de</strong>ssem no sistema público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> foram<br />

intensifica<strong>do</strong>s em mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 1970. Des<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> sua carreira, em<br />

1974, ele trabalha como <strong>de</strong>ntista da Polícia Militar em Porto Velho e nunca possuiu


consultório particular. Com o passar <strong>do</strong>s anos observou que o índice <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s<br />

com <strong>de</strong>ntes perdi<strong>do</strong>s diminuiu, assim como a <strong>de</strong>manda pela extração <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

ao invés da opção por um tratamento para a recuperação da <strong>de</strong>ntição natural.<br />

Isso significa que a consciência em relação à importância da conservação <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>ntes naturais aumentou junto à população em razão das campanhas educativas<br />

realizadas em escolas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> nas últimas décadas, avalia o o<strong>do</strong>ntólogo.<br />

Heitor Costa<br />

O cirurgião-<strong>de</strong>ntista foi o primeiro profissional da o<strong>do</strong>ntologia<br />

em <strong>Rondônia</strong> a conquistar um cargo eletivo como Deputa<strong>do</strong><br />

Estadual. Durante quatro mandatos Heitor Costa representou<br />

a classe <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntistas junto à socieda<strong>de</strong> ron<strong>do</strong>niense. Ele foi<br />

Deputa<strong>do</strong> Constituinte da Constituição Estadual <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

promulgada em 6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1983. Mineiro, o o<strong>do</strong>ntólogo<br />

migrou para a região em 1977 à procura <strong>de</strong> novos horizontes,<br />

oportunida<strong>de</strong>s e perspectivas <strong>de</strong> vida. Seu consultório foi<br />

instala<strong>do</strong> na Avenida Sete <strong>de</strong> Setembro, em Porto Velho. Ele<br />

também prestava atendimento no Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Padre Chiquinho. Sorri<strong>de</strong>nte<br />

Heitor lembra <strong>do</strong>s o<strong>do</strong>ntólogos contemporâneos a ele: Pedro Strutus, Pituca, Lester<br />

<strong>de</strong> Menezes, Sílvio Gualberto, Carlos (Carlão <strong>do</strong> 5º BEC 41 ) e Cidamar Caputtu.<br />

41 5º Batalhão <strong>de</strong> Engenharia e Construção, instituição militar.<br />

Ao la<strong>do</strong>, à esquerda,<br />

time <strong>de</strong> futebol<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas. Da esq.<br />

para a direita (atrás<br />

em pé) Cidamar, Pedro<br />

Strutus, ..., Pituca.<br />

Embaixo: Lester, Heitor<br />

Costa e Carlos <strong>do</strong><br />

5º BEC.<br />

À direita, final <strong>de</strong> jogo<br />

<strong>do</strong> time <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas<br />

contra economistas.<br />

Heitor Costa, <strong>do</strong> time<br />

<strong>de</strong> futebol <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>ntistas cumprimenta<br />

adversário<br />

economista.<br />

Fotos: Acervo <strong>do</strong> cirurgião<br />

105


À direita, Heitor Costa,<br />

esquerda, e à direita<br />

Leônidas Rachid cumprimenta<br />

Neilton (médico).<br />

À esquerda cirugiões-<br />

-<strong>de</strong>ntista Heitor Costa<br />

e Pedro Strutus durante<br />

uma viagem<br />

para atendimentos<br />

o<strong>do</strong>ntológicos em 17<br />

localida<strong>de</strong>s ao longo<br />

<strong>do</strong> rio Ma<strong>de</strong>ira. Trejeto<br />

Porto Velho a Calama.<br />

Fotos: Acervo <strong>do</strong> cirurgião<br />

106<br />

Nos anos 90 o <strong>de</strong>ntista, que abraçou a carreira política, encerrou seu<br />

consultório. Profun<strong>do</strong> amante <strong>do</strong> futebol trocou a Assembleia Legislativa<br />

pelos grama<strong>do</strong>s e tornou-se Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Futebol <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. A paixão por esse esporte ele já <strong>de</strong>monstrava nos primeiros<br />

anos em que se instalou em terras ron<strong>do</strong>nienses. Segun<strong>do</strong> ele, naquela época,<br />

Porto Velho era uma cida<strong>de</strong> pequena e sem muitas opções <strong>de</strong> lazer. Por essa<br />

razão criou um campeonato <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> salão para os profissionais liberais<br />

com a categoria <strong>do</strong>s médicos, <strong>de</strong>ntistas, engenheiros florestais, engenheiros<br />

civis e engenheiros agrônomos. Os <strong>de</strong>ntistas chegaram a conquistar um<br />

título.<br />

Costa avalia que a o<strong>do</strong>ntologia em <strong>Rondônia</strong> sofreu um gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1980, tempo em que muitos viajavam a São<br />

Paulo, ao Rio <strong>de</strong> Janeiro e a Goiânia para realizar seus tratamentos <strong>de</strong>ntários. Ele<br />

também afirma que apesar <strong>de</strong> ainda não haver um atendimento o<strong>do</strong>ntológico<br />

da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a toda a população são notórios os<br />

avanços nas políticas públicas referentes à saú<strong>de</strong> bucal.


José Freitas Atallah<br />

José Freitas Atallah*, natural <strong>de</strong> Porto Velho, é filho <strong>de</strong> um libanês<br />

que se mu<strong>do</strong>u para essa cida<strong>de</strong> em 1914 e se casou, em 1934,<br />

com uma piauiense <strong>de</strong> Teresina. Com um português impecável,<br />

erudito, daqueles que impressionam qualquer ouvi<strong>do</strong> atento, ele<br />

discorre com naturalida<strong>de</strong> a respeito da história da o<strong>do</strong>ntologia<br />

em um esta<strong>do</strong> que ele viu nascer e crescer.<br />

Caçula <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> cinco irmãos o <strong>de</strong>ntista<br />

frequentou o ensino primário no Colégio Dom Bosco e concluiu<br />

o ensino fundamental em Belém, on<strong>de</strong> se formou em o<strong>do</strong>ntologia<br />

na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Pará. Nessa época a viagem <strong>de</strong> navio<br />

<strong>de</strong> Porto Velho a Manaus durava 20 dias e <strong>25</strong> dias para Belém. O navio, movi<strong>do</strong> a<br />

diesel, fazia paradas em cida<strong>de</strong>s como Humaitá, Lábrea e Manicoré. Também era<br />

possível viajar em aviões Douglas ou Catalina que levavam <strong>do</strong>is dias para chegar<br />

a Belém, com um pernoite em Manaus. A <strong>de</strong>mora em se alcançar centros mais<br />

urbaniza<strong>do</strong>s são indícios <strong>do</strong> isolamento no qual vivia <strong>Rondônia</strong> até os anos 70,<br />

época em que José Atallah se formou, 1971, e retornou à sua cida<strong>de</strong> natal para<br />

exercer a profissão, on<strong>de</strong> existiam apenas seis cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas, entre eles uma<br />

única mulher, sua cunhada Auri-Stella Moura Atallah.<br />

Em 1972 o o<strong>do</strong>ntólogo foi nomea<strong>do</strong> Delega<strong>do</strong> <strong>Regional</strong> <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong><br />

<strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Amazonas (CRO-AM) com jurisdição em <strong>Rondônia</strong>, a<br />

primeira <strong>de</strong>legacia <strong>de</strong>sse <strong>Conselho</strong>. O número <strong>de</strong> registro <strong>do</strong> seu CRO no Amazonas<br />

foi 139, o que indica que na região Norte, nesse perío<strong>do</strong>, havia, provavelmente,<br />

menos <strong>de</strong> 150 cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas atuantes, ten<strong>do</strong> em vista que o CRO-AM<br />

era responsável pelo registro <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas da região. Como<br />

havia poucos profissionais qualifica<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>ntistas atuantes eram funcionários<br />

<strong>do</strong> território fe<strong>de</strong>ral. Esses prestavam atendimento o<strong>do</strong>ntológico, subenten<strong>de</strong>se<br />

extrações e cirurgias orais, às populações <strong>de</strong> Porto Velho e ribeirinhas <strong>do</strong> rio<br />

Ma<strong>de</strong>ira e <strong>do</strong>s rios Guaporé e Mamoré, assim como <strong>de</strong> povoa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> interior ao<br />

longo da BR-29, ligação terrestre Porto Velho a Cuiabá, hoje BR-364 e BR-4<strong>25</strong><br />

senti<strong>do</strong> Guajará-Mirim.<br />

A trajetória <strong>de</strong> Atallah está ligada ao <strong>de</strong>senvolvimento das políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

oral no território fe<strong>de</strong>ral, e posteriormente, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Ele exerceu<br />

Carteira <strong>de</strong> cirurgião-<br />

-<strong>de</strong>ntista <strong>do</strong> CRO-RO.<br />

Fotos: Acervo <strong>do</strong> cirurgião<br />

107


* O cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

também é advoga<strong>do</strong> e<br />

bacharel em biologia e<br />

saú<strong>de</strong> pública.<br />

Exerceu o cargo <strong>de</strong><br />

Diretor Adjunto <strong>do</strong><br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>do</strong> Pará no Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>,<br />

Campus Universitário<br />

precursor da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. Membro<br />

Funda<strong>do</strong>r da<br />

Cooperativa <strong>de</strong><br />

Dentistas<br />

(Unio<strong>do</strong>nto) em RO;<br />

Membro Conselheiro da<br />

Cooperativa <strong>de</strong> Crédito<br />

(Unicred) Porto Velho e<br />

professor <strong>de</strong><br />

pós-graduação em<br />

o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> núcleo<br />

da Faculda<strong>de</strong> Uningá<br />

em Porto Velho.<br />

108<br />

cargos na Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e na Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, na Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, no Instituto <strong>de</strong> Previdência <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res Públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> (Iperon) e no Instituto <strong>de</strong> Previdência e Assistência <strong>do</strong> Município <strong>de</strong><br />

Porto Velho (Ipam). Detalhes <strong>de</strong> sua história po<strong>de</strong>m ser li<strong>do</strong>s neste livro no capítulo<br />

que se refere à história da o<strong>do</strong>ntologia em <strong>Rondônia</strong>. O <strong>de</strong>ntista trabalhou para<br />

diversas instituições públicas que implantaram atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos para a<br />

população em uma época em que existiam apenas os municípios <strong>de</strong> Guajará-Mirim<br />

e Porto Velho. Pioneiro, o cirurgião obteve o registro <strong>de</strong> CRO-RO 008 e exerceu<br />

to<strong>do</strong>s os cargos <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> também <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> eleitor <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (CFO). Ele<br />

se recorda que em 1982 foi elabora<strong>do</strong> um anteprojeto <strong>de</strong> lei para a implantação<br />

<strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> fluoretação da água no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, que não obteve<br />

aprovação.<br />

Hoje o cirurgião-<strong>de</strong>ntista trabalha no Instituto Médico Legal <strong>de</strong> Porto<br />

Velho como o<strong>do</strong>ntólogo-legista e é titular da disciplina O<strong>do</strong>ntologia Legal e<br />

Deontologia nas Faculda<strong>de</strong>s Integradas Aparício Carvalho (Fimca). Entre outros,<br />

José Atallah também trabalhou no Hospital <strong>de</strong> Base Ary Pinheiro na realização<br />

<strong>de</strong> cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial. Na época em que eram realiza<strong>do</strong>s<br />

atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos itinerantes o <strong>de</strong>ntista navegou a faixa <strong>de</strong> 800 km que<br />

separam <strong>Rondônia</strong> da Bolívia.<br />

Leandro Claro <strong>de</strong> Faria<br />

Leandro Claro formou-se em o<strong>do</strong>ntologia na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Campos, em Campos <strong>do</strong>s Goytacazes – RJ, em 1983<br />

e migrou <strong>de</strong> Barretos (SP) para <strong>Rondônia</strong> em 1987. Entre 1994-1996<br />

foi presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

por meio <strong>de</strong> uma nomeação <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia.<br />

Des<strong>de</strong> sua chegada em <strong>Rondônia</strong> até 2010 o <strong>de</strong>ntista teve<br />

participação ativa na diretoria <strong>do</strong> CRO-RO com atuação na<br />

comissão <strong>de</strong> ética, na fiscalização contra o exercício ilegal da<br />

profissão, assim como na instauração <strong>de</strong> representações <strong>do</strong><br />

<strong>Conselho</strong> no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.


A partir <strong>de</strong> 1997 o o<strong>do</strong>ntólogo passou a tomar parte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> organização<br />

<strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> especialização promovi<strong>do</strong>s pela Associação Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia<br />

– Seção <strong>Rondônia</strong>, a qual trouxe gran<strong>de</strong>s especialistas das áreas <strong>de</strong>: orto<strong>do</strong>ntia,<br />

prótese, perio<strong>do</strong>ntia, o<strong>do</strong>ntopediatria, <strong>de</strong>ntística, implanto<strong>do</strong>ntia e en<strong>do</strong><strong>do</strong>ntia.<br />

Os cursos possuíam a duração <strong>de</strong> quatro dias mensais e oportunizaram a vinda <strong>de</strong><br />

profissionais renoma<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong> Bauru, <strong>de</strong> Ribeirão Preto, <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />

<strong>de</strong> Curitiba, entre outros. A qualificação profissional oferecida pelos cursos, que<br />

continuam a ser ofeta<strong>do</strong>s pela instituição, proporcionou e continua a proporcionar<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> muitos aspectos da o<strong>do</strong>ntologia no Esta<strong>do</strong> com a atualização<br />

<strong>de</strong> novas tecnologias, materiais e tendências nos campos estético e científico.<br />

Instala<strong>do</strong> em Porto Velho o cirurgião-<strong>de</strong>ntista gosta <strong>de</strong> trabalhar em equipe,<br />

por essa razão fun<strong>do</strong>u um instituto que congrega o<strong>do</strong>ntólogos especialistas.<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Rodrigues Rosa<br />

Sua vinda para <strong>Rondônia</strong> foi <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma coincidência. Forma<strong>do</strong> em<br />

Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte (SP), há 15 anos, o cirurgião-<strong>de</strong>ntista, natural <strong>de</strong> Bauru<br />

(SP), tinha o objetivo <strong>de</strong> conhecer outras regiões <strong>do</strong> país. Nessa ocasião um<br />

amigo seu, que o visitou, viajaria para <strong>Rondônia</strong> e ele <strong>de</strong>cidiu acompanhá-lo<br />

para conhecer a região. Durante a estada tomou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se estabelecer<br />

em Porto Velho, on<strong>de</strong> possui seu consultório.<br />

Des<strong>de</strong> 2010 Luiz Fernan<strong>do</strong> é presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CRO-RO. Uma das metas<br />

<strong>de</strong> sua gestão é a visitação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os consultórios e clínicas o<strong>do</strong>ntológicas <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong> por um representante <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong>, a fim <strong>de</strong> verificar a regularida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s registros e as condições <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>s estabelecimentos. Em<br />

2011, durante uma inspeção no município <strong>de</strong> Machadinho d’Oeste, foram<br />

fechadas nove instalações <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas práticos, fato que <strong>de</strong>monstra a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as fiscalizações <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> serem realizadas em to<strong>do</strong>s os 52<br />

municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Gran<strong>de</strong> parte da população, até os dias <strong>de</strong> hoje, não tem consciência <strong>do</strong>s<br />

perigos que corre ao ser atendida por uma pessoa sem preparo profissional, entre<br />

eles a contaminação com <strong>do</strong>enças transmissíveis ou infecções bacteriológicas que<br />

po<strong>de</strong>m causar um ataque cardíaco em apenas 48 horas. Os pacientes que vão a um<br />

109


Foto: Acervo CRO-RO<br />

110<br />

charlatão são atraí<strong>do</strong>s pelos baixos preços e possuem pouco esclarecimento. As leis<br />

vigentes aplicam penas brandas para os infratores que, em muitos casos, mudam<br />

<strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço e voltam a atuar. Como o papel <strong>do</strong> CRO é fiscaliza<strong>do</strong>r e não coercivo<br />

a atenção à atuação <strong>de</strong> falsos profissionais é uma luta permanente.<br />

Segun<strong>do</strong> Luiz Fernan<strong>do</strong> é notório o crescimento da qualificação profissional<br />

<strong>do</strong>s cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> nos últimos anos em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s diversos<br />

cursos <strong>de</strong> especialização que têm si<strong>do</strong> ofereci<strong>do</strong>s com a presença <strong>de</strong> professores<br />

<strong>de</strong> renome nacional e internacional. No Esta<strong>do</strong> a proporção <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntólogos por<br />

número <strong>de</strong> habitantes é <strong>de</strong> um para 10 mil.<br />

Uma <strong>de</strong> suas perspectivas para a atuação <strong>do</strong> CRO em <strong>Rondônia</strong> é que haja<br />

a instalação <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>legacia regional no interior a fim <strong>de</strong> facilitar o acesso físico<br />

à instituição.<br />

Milton Jorge Foroni<br />

Milton Foroni mu<strong>do</strong>u-se <strong>do</strong> Paraná, on<strong>de</strong> se formou, para <strong>Rondônia</strong> em<br />

1985 com o intuito <strong>de</strong> trabalhar no serviço público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pois, além<br />

da formação em o<strong>do</strong>ntologia, também havia se especializa<strong>do</strong> em saú<strong>de</strong><br />

pública. Segun<strong>do</strong> ele, naquela época, os profissionais que chegavam ao<br />

Esta<strong>do</strong> tinham facilida<strong>de</strong> em ser contrata<strong>do</strong>s pelo serviço público <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

carência <strong>de</strong> pessoas com qualificação. Seu primeiro emprego na região foi<br />

pela Prefeitura <strong>de</strong> Porto Velho, que o <strong>de</strong>signou para trabalhar no Centro <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Agenor <strong>de</strong> Carvalho. No ano seguinte à sua chegada, além <strong>de</strong> clinicar,<br />

o cirurgião-<strong>de</strong>ntista assumiu a Coor<strong>de</strong>nação da Divisão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal <strong>de</strong><br />

Porto Velho e também foi contrata<strong>do</strong> pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, através da<br />

Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação, para trabalhar como <strong>de</strong>ntista na Escola<br />

Carmela Dutra.<br />

Em 1987/88 a Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, administrada pelo<br />

então Secretário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Confúcio Moura, criou as Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>rias Regionais<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e nomeou Milton Foroni como coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r da Primeira Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<br />

<strong>Regional</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, que abrangia as regiões <strong>de</strong>: Porto Velho, Ariquemes e Guajará-<br />

Mirim. Em função da implantação <strong>de</strong>ssa estrutura administrativa Milton passou<br />

a trabalhar diretamente na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, on<strong>de</strong> permaneceu até o final<br />

<strong>de</strong> 1989. Nesse mesmo ano a região <strong>de</strong> Ponta <strong>do</strong> Abunã, que se encontrava em


litígio, passou a receber investimentos <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à retomada<br />

da administração <strong>de</strong>sse território pelo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>. A região, pertencente<br />

ao município <strong>de</strong> Porto Velho, obteve a nomeação <strong>de</strong> Foroni como coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. De acor<strong>do</strong> com o cirurgião-<strong>de</strong>ntista foi aluga<strong>do</strong> um imóvel para a<br />

realização <strong>de</strong> atendimento médico e havia um micro-ônibus para os atendimentos<br />

o<strong>do</strong>ntológicos que foi chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntomóvel. Os pacientes atendi<strong>do</strong>s eram <strong>de</strong>:<br />

Vista Alegre <strong>do</strong> Abunã, Extrema, Nova Califórnia e Fortaleza <strong>do</strong> Abunã.<br />

Quan<strong>do</strong> retomou sua residência na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Velho, 1990, Milton<br />

voltou a trabalhar, pelo serviço público, na área <strong>de</strong> atendimento clínico. A partir<br />

<strong>de</strong> 1994 passou a participar da gestão <strong>do</strong> CRO-RO, com o cargo administrativo <strong>de</strong><br />

secretário da autarquia, 1994-1996, mandato <strong>do</strong> então presi<strong>de</strong>nte Leandro Claro <strong>de</strong><br />

Faria. Entre 1996 e 2002 exerceu a função <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> CRO-RO. De 2002 a 2010<br />

exerceu o cargo <strong>de</strong> conselheiro efetivo <strong>de</strong>sse <strong>Conselho</strong>. Durante 16 anos participou<br />

ativamente da administração da autarquia com o exercício <strong>de</strong> diversos cargos. Em<br />

sua primeira gestão,1996-1998, o cirurgião-<strong>de</strong>ntista requisitou auxílio financeiro<br />

ao <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia para ampliar a se<strong>de</strong> própria e construir o<br />

auditório na parte superior <strong>do</strong> imóvel <strong>do</strong> CRO. Ele ressalta que na época alguns<br />

até acharam o porte das instalações exagera<strong>do</strong> para a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, mas<br />

Foroni previa a construção <strong>de</strong> uma estrutura que aten<strong>de</strong>sse a necessida<strong>de</strong>s futuras.<br />

Durante o perío<strong>do</strong> em que foi presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Foroni buscou<br />

divulgar a importância <strong>do</strong> exercício legal da profissão junto à comunida<strong>de</strong> através<br />

<strong>do</strong> esclarecimento <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista na cura e prevenção da saú<strong>de</strong><br />

bucal. Por haver dificulda<strong>de</strong>s financeiras para a divulgação, através <strong>de</strong> campanhas<br />

publicitárias, a estratégia a<strong>do</strong>tada foi dar entrevistas em rádios e programas <strong>de</strong> TV,<br />

nos quais falava da necessida<strong>de</strong> da população em não procurar os falsos profissionais<br />

e <strong>de</strong>nunciar os charlatões. Esclarecia a respeito <strong>do</strong>s perigos que corre uma pessoa<br />

que é atendida por alguém sem treinamento formal. Milton também participou<br />

<strong>de</strong> fiscalizações <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> no fechamento <strong>de</strong> consultórios <strong>de</strong> falsos <strong>de</strong>ntistas.<br />

Ele ressalta que a oferta <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> especialização ministra<strong>do</strong>s pela Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (ABO) foi, e continua a ser, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância para a<br />

formação e para a reciclagem <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntistas que atuam em <strong>Rondônia</strong>. Ele mesmo<br />

participou <strong>de</strong> <strong>do</strong>is cursos <strong>de</strong> especialização em orto<strong>do</strong>ntia e o<strong>do</strong>ntologia legal.<br />

Hoje, Milton Foroni continua a atuar no setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Ele trabalha<br />

111


112<br />

no Centro <strong>de</strong> Especialida<strong>de</strong>s O<strong>do</strong>ntológicas da Policlínica Osval<strong>do</strong> Cruz, Porto Velho,<br />

on<strong>de</strong> realiza atendimento clínico ambulatorial, na área <strong>de</strong> cirurgia o<strong>do</strong>ntológica, e é<br />

auditor o<strong>do</strong>ntológico, na Cooperativa <strong>de</strong> Trabalho O<strong>do</strong>ntológico (Unio<strong>do</strong>nto).<br />

Sebastiana Dias Gil<br />

Sebastiana não é cirurgiã-<strong>de</strong>ntista, mas é conhecida por to<strong>do</strong>s<br />

que já se registraram no CRO-RO. Ela tem fala suave e aten<strong>de</strong><br />

com presteza na secretaria <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1986,<br />

quer dizer, começou a trabalhar na autarquia <strong>do</strong>is meses após<br />

sua criação. Ao ser contratada a funcionária era responsável<br />

pela realização <strong>de</strong> serviços gerais. Nos primeiros três anos <strong>de</strong><br />

suas ativida<strong>de</strong>s havia uma colega <strong>de</strong> trabalho, Ângela. Quan<strong>do</strong><br />

essa <strong>de</strong>ixou a instituição Sebastiana passou a trabalhar sozinha,<br />

pois o <strong>Conselho</strong> não tinha recursos para contratar uma nova<br />

secretária. Durante três anos ela acumulou a função <strong>de</strong> realizar a<br />

higienização das instalações, os pagamentos <strong>de</strong> contas em bancos e <strong>de</strong>sempenhar<br />

to<strong>do</strong> o trabalho da antiga secretária, quer dizer, passou a ter que datilografar, a<br />

ter noções <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> e da tramitação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos. Segun<strong>do</strong> ela foi uma<br />

fase difícil em que teve que apren<strong>de</strong>r a fazer tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira autodidata. Quan<strong>do</strong><br />

tinha dúvidas recebia orientações da secretária <strong>do</strong> CRO-AM e <strong>do</strong> CFO.<br />

Devi<strong>do</strong> à precarieda<strong>de</strong> nos meios <strong>de</strong> comunicação em <strong>Rondônia</strong> no final da década<br />

<strong>de</strong> 1980 e início <strong>do</strong>s anos 90 Sebastiana viajava para o interior junto com integrantes <strong>do</strong> CRO<br />

que iam realizar os trabalhos <strong>de</strong> fiscalização. Assim, paralelamente, ela realizava as cobranças<br />

das anuida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntistas. As viagens duravam entre <strong>do</strong>is e três dias e havia sempre muita<br />

poeira na estrada. Quan<strong>do</strong> houve a mudança das instalações da Galeria El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, composta<br />

por duas salas, para a se<strong>de</strong> <strong>de</strong>finitiva, na Rua Duque <strong>de</strong> Caxias, o mobiliário era precário e<br />

não havia ar-condiciona<strong>do</strong>. Nesses tempos difíceis, por diversas vezes, ela pensou em <strong>de</strong>ixar<br />

o emprego, pois recebia apenas o salário-mínimo e as condições <strong>de</strong> trabalho eram restritas.<br />

Apesar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> ela permaneceu na ativida<strong>de</strong> e atravessou a gestão <strong>do</strong>s seis diferentes<br />

presi<strong>de</strong>ntes que passaram pelo <strong>Conselho</strong> em seus primeiros <strong>25</strong> anos <strong>de</strong> existência.<br />

A funcionária se recorda que na época da gestão <strong>de</strong> Lester Pontes<br />

<strong>de</strong> Menezes o cirurgião-<strong>de</strong>ntista não poupava esforços em fazer com que tu<strong>do</strong><br />

funcionasse bem. Muitas vezes esse tirou recursos próprios para pagar <strong>de</strong>spesas <strong>do</strong><br />

CRO e nunca fez questão <strong>de</strong> ressarcimento.<br />

Após as reformas pelas quais passaram as instalações <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> as condições <strong>de</strong>


trabalho na autarquia melhoraram. Foram contratadas outras colegas para auxiliála<br />

e, durante a gestão da cirurgiã-<strong>de</strong>ntista Sandra Menezes, a <strong>de</strong>dicada funcionária<br />

obteve seu mereci<strong>do</strong> reajuste salarial.<br />

Quan<strong>do</strong> se tem alguma dúvida em relação às formalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong><br />

Sebastiana é a primeira pessoa a ser consultada, como se fosse a <strong>do</strong>utora honoris<br />

causa da autarquia em <strong>Rondônia</strong>.<br />

Sílvio Nascimento Gualberto<br />

Contemporâneo <strong>do</strong>s cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas José Atallah, Lester<br />

Pontes <strong>de</strong> Menezes e Pituca, Sílvio Gualberto tem uma trajetória<br />

escolar e acadêmica semelhante aos colegas. Seu pai era<br />

maquinista da Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré e a mãe <strong>do</strong>na<br />

<strong>de</strong> casa. Frequentou o curso primário em uma escola pública<br />

e no Colégio Dom Bosco. Terminou o ensino fundamental<br />

e médio em Manaus, no Colégio Estadual Pedro II. Iniciou o<br />

curso <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia na Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Amazonas e concluiu<br />

os <strong>do</strong>is últimos anos acadêmicos na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong><br />

Pará, 1972. Quan<strong>do</strong> retornou a Porto Velho, 1973, trabalhou<br />

como <strong>de</strong>ntista em três órgãos: no recém-implanta<strong>do</strong> Serviço Social da Indústria <strong>de</strong><br />

<strong>Rondônia</strong> (Sesi-RO); na Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Grupo Escolar Barão<br />

<strong>do</strong> Solimões e como contrata<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

Em 1974 abriu a própria clínica o<strong>do</strong>ntológica que funcionou durante<br />

À esquerda, funcionárias<br />

<strong>do</strong> CRO-RO por<br />

volta <strong>do</strong> ano 2000.<br />

Da esq. para a dir.:<br />

Sebastiana, Doriléia,<br />

Andrea e Francisca.<br />

Sebastiana e Francisca<br />

no escritório <strong>do</strong> CRO-RO<br />

Fotos: Acervo <strong>do</strong> CRO-RO<br />

113


Acima, Diploma <strong>de</strong><br />

Honra ao Mérito<br />

O<strong>do</strong>ntológico <strong>de</strong> Sílvio<br />

Gualberto.<br />

Abaixo, <strong>de</strong>claração<br />

sobre o exercício <strong>do</strong><br />

cargo honorífico <strong>de</strong><br />

Delega<strong>do</strong> Seccional <strong>do</strong><br />

<strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong><br />

Amazonas no Território<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

114<br />

17 anos, a Clínica Santa Rosa. Paralelamente às ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> seu<br />

consultório particular <strong>de</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista, Sílvio Gualberto participava<br />

<strong>do</strong> atendimento itinerante por via fluvial, <strong>de</strong> barco, ou por via terrestre,<br />

on<strong>de</strong> viajavam por terra em uma Toyota Ban<strong>de</strong>irante que alcançava as<br />

comunida<strong>de</strong>s mais isoladas. As viagens chegavam a durar 15 dias. Segun<strong>do</strong><br />

ele não havia material para obturações, eram realizadas somente extrações.<br />

Os <strong>de</strong>ntistas carregavam uma mala metálica equipada com instrumental<br />

cirúrgico: boticões (fórceps), cinzel, martelo, alavanca (para <strong>de</strong>slocar o<br />

<strong>de</strong>nte) e agulha (para realizar suturas). Após as intervenções mais <strong>de</strong>licadas<br />

era comum prescrever antibióticos para os pacientes. O cirurgião recorda-se da visita a<br />

um vilarejo on<strong>de</strong> chegou a realizar extrações em 35 pessoas. Muitas vezes atendia junto<br />

com algum colega que revezava com ele as anestesias e as extrações. No ano <strong>de</strong> 1976<br />

o <strong>de</strong>ntista participou <strong>do</strong> primeiro levantamento epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária em<br />

escolares <strong>de</strong> Porto Velho, realiza<strong>do</strong> com estudantes <strong>do</strong> Colégio Getúlio Vargas.<br />

Entre 1975 e 1977 Sílvio Gualberto foi <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> CRO-AM em <strong>Rondônia</strong>.<br />

A <strong>de</strong>legacia funcionava em sua casa e no seu consultório. O cirurgião relembra<br />

que existia uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> no envio <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos e na comunicação<br />

em geral. Os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que trabalhavam em <strong>Rondônia</strong>, muitos residiam<br />

no interior, tinham que realizar o seu registro através da <strong>de</strong>legacia <strong>do</strong> conselho<br />

em Porto Velho. No entanto, para tal, era preciso enviar o diploma original para<br />

Manaus. O problema era que nessa época não existia em <strong>Rondônia</strong> nenhum serviço<br />

expresso para <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos. No envio via Correios havia o risco <strong>de</strong><br />

o <strong>do</strong>cumento ser extravia<strong>do</strong>. O <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> tinha então que, periodicamente, ir ao<br />

aeroporto em busca <strong>de</strong> algum conheci<strong>do</strong> que fosse embarcar no voo para Manaus<br />

e pedir a esse que entregasse a <strong>do</strong>cumentação no CRO-AM. De acor<strong>do</strong> com Sílvio<br />

as informações <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> instala<strong>do</strong> em Manaus eram <strong>de</strong> que haveria a abertura<br />

<strong>de</strong> um <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> em <strong>Rondônia</strong> somente quan<strong>do</strong> houvesse, no mínimo,<br />

150 <strong>de</strong>ntistas no Esta<strong>do</strong>.<br />

Na década <strong>de</strong> 1980 o cirurgião-<strong>de</strong>ntista se pós-graduou em saú<strong>de</strong> pública em<br />

Manguinhos, Rio <strong>de</strong> Janeiro. Após essa formação passou a trabalhar somente em<br />

planejamento estratégico <strong>de</strong> atendimento em saú<strong>de</strong>, não clinicou mais. Sílvio Gualberto<br />

foi Secretário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Porto Velho durante três administrações. Ele<br />

também atuou como Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Oral e or<strong>de</strong>nou a compra<br />

<strong>do</strong> primeiro consultório público o<strong>do</strong>ntológico <strong>de</strong> Ji-Paraná e <strong>de</strong> Guajará-Mirim.<br />

Em sua clínica era comum prestar atendimento a famílias inteiras <strong>de</strong>


fazen<strong>de</strong>iros que vinham <strong>do</strong> interior realizar tratamento <strong>de</strong>ntário. Esses clientes<br />

hospedavam-se em hotéis <strong>de</strong> Porto Velho e costumavam contratar seus serviços<br />

pelo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma semana. Esse tipo <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviço o cirurgião apeli<strong>do</strong>u<br />

<strong>de</strong> “empreitada o<strong>do</strong>ntológica”. Sílvio também prestou serviço durante <strong>do</strong>is anos na<br />

Penitenciária Ênio Pinheiro e no presídio localiza<strong>do</strong> na ilha da antiga Cachoeira <strong>de</strong><br />

Santo Antônio, que <strong>de</strong>sapareceu com a construção da hidrelétrica <strong>de</strong> Santo Antônio.<br />

Os atendimentos eram realiza<strong>do</strong>s duas vezes por semana, uma em cada casa <strong>de</strong><br />

reclusão. O tratamento realiza<strong>do</strong> consistia em obturações e em extrações. Um <strong>do</strong>s<br />

obstáculos para a realização <strong>do</strong>s atendimentos era a interrupção <strong>do</strong> abastecimento<br />

<strong>de</strong> energia elétrica. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse trabalho, em 2005, o cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

foi agracia<strong>do</strong> pelo <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia com a Medalha <strong>de</strong> Honra<br />

ao Mérito da O<strong>do</strong>ntologia Nacional, por sua contribuição benemérita, na área <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>ação material e/ou obras o<strong>do</strong>ntológicas, altamente significativas para a socieda<strong>de</strong>,<br />

assim como serviços relevantes.<br />

Bem-humora<strong>do</strong> o <strong>de</strong>ntista conta a ane<strong>do</strong>ta sobre o seu sequestro que não<br />

ocorreu no presídio da ilha. <strong>Anos</strong> após haver presta<strong>do</strong> serviço nas penitenciárias<br />

soube, através <strong>de</strong> um ex-apena<strong>do</strong>, que havia um plano <strong>de</strong> fuga através <strong>do</strong> barco semanal<br />

que trazia os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>rem aos presidiários. Planejava-se<br />

mantê-lo refém junto com o médico e o enfermeiro. No entanto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> a<br />

li<strong>de</strong>rança <strong>do</strong>s presidiários conhecer a ele e a seus pais o sequestro não ocorreu.<br />

Guajará-Mirim<br />

Dúlcio da Silva Men<strong>de</strong>s e Esther Maria Lopes Men<strong>de</strong>s<br />

Eles são um casal <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas que transmitiu o lega<strong>do</strong> da<br />

o<strong>do</strong>ntologia aos <strong>do</strong>is filhos também cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas. To<strong>do</strong>s<br />

resi<strong>de</strong>m e prestam atendimento em Guajará-Mirim. Apesar da<br />

profissão estar presente na vida <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os familiares a primeira<br />

profissão <strong>de</strong> Dúlcio, natural <strong>de</strong> Dom Pedrito, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Sul, foi telegrafista, ofício que o trouxe a Guajará-Mirim em<br />

1969. Nessa cida<strong>de</strong> conheceu Esther, com quem se casou e foi<br />

residir em Porto Alegre, on<strong>de</strong> ambos estudaram o<strong>do</strong>ntologia<br />

na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral. Durante o perío<strong>do</strong> acadêmico Dúlcio<br />

continuou a exercer a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> telegrafista. Somente após<br />

Medalha <strong>de</strong> Honra ao<br />

Mérito O<strong>do</strong>ntológio<br />

con<strong>de</strong>dida, em 2005,<br />

pelo <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia ao<br />

cirurgião <strong>de</strong>ntista<br />

Sílvio Gualberto.<br />

115


116<br />

formar-se passou a atuar na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como oficial <strong>do</strong> exército em outras<br />

localida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> país. A família passou a residir <strong>de</strong>finitivamente em Guajará<br />

somente em 1986.<br />

O casal lembra-se que na década <strong>de</strong> 1970, em Guajará-Mirim, havia<br />

apenas <strong>do</strong>is <strong>de</strong>ntistas que tinham estuda<strong>do</strong> o<strong>do</strong>ntologia em Manaus, conheci<strong>do</strong>s<br />

por Rocha e Car<strong>do</strong>so. Existiam diversos <strong>de</strong>ntistas práticos na cida<strong>de</strong>. Alguns<br />

<strong>de</strong>les persistem em exercer suas ativida<strong>de</strong>s na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> até os dias <strong>de</strong> hoje,<br />

apesar <strong>de</strong> já terem ti<strong>do</strong> seus equipamentos apreendi<strong>do</strong>s diversas vezes ao longo<br />

das últimas décadas.<br />

O abastecimento irregular <strong>de</strong> energia elétrica era um problema enfrenta<strong>do</strong><br />

pelos mora<strong>do</strong>res da região e, apesar <strong>de</strong> o município ser o segun<strong>do</strong> mais antigo <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, possuía infraestrutura precária. Mesmo nos anos da segunda<br />

meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1980 os o<strong>do</strong>ntólogos, que montaram seu consultório na<br />

Avenida 15 <strong>de</strong> Novembro, tinham que usar um gera<strong>do</strong>r para po<strong>de</strong>r utilizar seus<br />

equipamentos. Devi<strong>do</strong> ao expediente no quartel Dúlcio costumava trabalhar à<br />

noite e aos sába<strong>do</strong>s em seu consultório particular, o qual divi<strong>de</strong> com Esther, que<br />

se especializou no atendimento infantil.<br />

Em algumas ocasiões os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas foram procura<strong>do</strong>s por<br />

garimpeiros que pediram aos o<strong>do</strong>ntólogos para substituírem um <strong>de</strong>nte natural<br />

por um <strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ouro. O pagamento seria efetua<strong>do</strong> em ouro, ao invés <strong>de</strong><br />

dinheiro. No entanto, Esther e Dúlcio nunca aceitaram o trabalho pelo fato <strong>de</strong><br />

não ser um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e sim a implantação <strong>de</strong> um símbolo <strong>de</strong> status.<br />

Com a recusa muitos atravessaram a fronteira e contrataram o serviço com<br />

cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas ou <strong>de</strong>ntistas práticos na Bolívia, que está localizada na<br />

outra margem rio Mamoré. Certa vez Esther substituiu uma restauração <strong>de</strong> ouro<br />

<strong>de</strong> uma paciente jovem por resina a pedi<strong>do</strong> da mesma, que não gostava <strong>de</strong> ter<br />

uma restauração em ouro na parte frontal <strong>de</strong> sua arcada <strong>de</strong>ntária. O trabalho<br />

havia si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> a man<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu pai, por motivo <strong>de</strong> status, quan<strong>do</strong> a cliente<br />

ainda era menor. Ao ver a troca da restauração o pai da paciente compareceu ao<br />

consultório para reclamar sobre a substituição. Dúlcio tem registro CRO-RO n.<br />

55 e Esther n. 56.


Ji-Paraná<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r Sanchotene Pinto<br />

To<strong>do</strong>s o conhecem como Badu, apeli<strong>do</strong> que recebeu na<br />

juventu<strong>de</strong> por um amigo que era primo <strong>de</strong> Maria Teresa<br />

Fontela Goulart, esposa <strong>do</strong> ex-Presi<strong>de</strong>nte João Goulart.<br />

Segun<strong>do</strong> o amigo ele se parecia com Badu, personagem<br />

<strong>do</strong> filme <strong>de</strong> chanchada42 “Os Monstros <strong>de</strong> Babaloo”, 1971,<br />

escrito, produzi<strong>do</strong> e dirigi<strong>do</strong> por Elyseu Visconti. Natural<br />

<strong>de</strong> Itaqui, Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, cida<strong>de</strong> fronteiriça com a Argentina, Luiz<br />

Val<strong>de</strong>r mu<strong>do</strong>u-se para <strong>Rondônia</strong> em maio <strong>de</strong> 1973, três anos após<br />

haver se forma<strong>do</strong>. Instalou-se na então Vila <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, hoje Ji-<br />

Paraná. De acor<strong>do</strong> com suas informações ele foi o primeiro cirurgião<strong>de</strong>ntista<br />

a se estabelecer na região que hoje é atravessada pela BR-364.<br />

Seu interesse pela Amazônia foi <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong> ano<br />

<strong>do</strong> curso <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia, 1969, época em que, pela primeira vez,<br />

participou <strong>do</strong> Projeto Ron<strong>do</strong>n43 . Durante 17 dias o jovem estudante<br />

aten<strong>de</strong>u a indígenas na missão salesiana instalada no povoa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Iauareté, hoje localiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro da Terra Indígena Alto Rio Negro, no<br />

extremo noroeste da Amazônia brasileira, fronteira com a Colômbia.<br />

Após essa vivência Badu passou a coor<strong>de</strong>nar e a organizar as viagens<br />

<strong>do</strong> Projeto Ron<strong>do</strong>n na Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul entre 1970<br />

até sua mudança para o Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

Para se instalar em Vila <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> o o<strong>do</strong>ntólogo recebeu<br />

um contrato temporário <strong>do</strong> Projeto Ron<strong>do</strong>n, prática <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> anterior ao Programa <strong>de</strong> Interiorização das Ações <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e<br />

Saneamento (PIASS), cria<strong>do</strong> em 1976, para estruturar a saú<strong>de</strong><br />

42 Filme em que pre<strong>do</strong>mina um humor ingênuo, burlesco, <strong>de</strong> caráter popular. As chanchadas foram comuns<br />

no Brasil entre as décadas <strong>de</strong> 1930 e 1960.<br />

43 Cria<strong>do</strong> em 1968, com uma concepção <strong>de</strong> integração nacional perdurou durante o regime militar, enfraquecen<strong>do</strong>se<br />

a partir <strong>de</strong> 1984 até sua extinção em 1989. Esse projeto voltou-se para a extensão universitária contemplan<strong>do</strong> o<br />

conhecimento da realida<strong>de</strong> brasileira, a integração nacional, o <strong>de</strong>senvolvimento e a interiorização.<br />

Carteira funcional <strong>do</strong><br />

Projeto Ron<strong>do</strong>n<br />

Contrato <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntólogo<br />

realiza<strong>do</strong> com Luiz<br />

Val<strong>de</strong>r para trabalhar em<br />

Vila <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

117


Diretores <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul junto ao<br />

avião <strong>do</strong> projeto Ron<strong>do</strong>n<br />

na pista <strong>de</strong> pouso em Vila<br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> (Ji-Paraná).<br />

Atualmente o local é a<br />

Avenida Ji-Paraná.<br />

Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas (esq.<br />

para a direita ) que foram<br />

a um curso organiza<strong>do</strong><br />

pelo CRO-RO nos anos<br />

1990; Valter (Jaru), Ava<br />

(Ji-Paraná), Luciano (Ouro<br />

Preto), Regina e Ahmed<br />

(Ji-Paraná) e um protético.<br />

Cirurgiã-<strong>de</strong>ntista Elisabeth<br />

Levrini em consultório <strong>de</strong><br />

Luís Val<strong>de</strong>r com a filha <strong>do</strong><br />

mesmo, 1974/75.<br />

Cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas (esq.<br />

p/ direita) Luiz Val<strong>de</strong>r, Vieira<br />

e Dionir Valério, 1978.<br />

Foto: Acervo <strong>do</strong> cirurgião<br />

118<br />

pública nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> até 20 mil habitantes. O subsídio financeiro<br />

proporcionou ao <strong>de</strong>ntista a instalação <strong>de</strong> um consultório o<strong>do</strong>ntológico<br />

que recebia pacientes vin<strong>do</strong>s até <strong>de</strong> Vilhena, localizada a 330 km com uma<br />

ligação terrestre que permanecia intransitável durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> chuvas.<br />

Luiz Val<strong>de</strong>r adquiria seu material o<strong>do</strong>ntológico no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Sul durante o perío<strong>do</strong> em que tirava férias ou através <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong><br />

Porto Velho que lhe enviava as encomendas através <strong>do</strong> ônibus. O primeiro<br />

consultório o<strong>do</strong>ntológico da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública a ser instala<strong>do</strong> em Ji-<br />

Paraná ocorreu no perío<strong>do</strong> em que o cirurgião-<strong>de</strong>ntista Sílvio Gualberto<br />

foi Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Oral. Paralelo às ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

consultório Badu passou a aten<strong>de</strong>r no Hospital Nossa Senhora Aparecida e<br />

também em um posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> on<strong>de</strong> trabalhou até 2007.<br />

Entre 1986 e 2006 o cirurgião-<strong>de</strong>ntista foi <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> CRO-RO em Ji-<br />

Paraná, seu registro <strong>de</strong> CRO é 43. Badu ainda aten<strong>de</strong> em seu consultório particular<br />

e tem um laboratório <strong>de</strong> prótese <strong>de</strong>ntária que aten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>ntistas da cida<strong>de</strong>.


Cacoal<br />

Francisco Salviano <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong><br />

Salviano mu<strong>do</strong>u-se para Cacoal em 1978, após haver visita<strong>do</strong><br />

a região sete vezes para averiguar as oportunida<strong>de</strong>s laborais<br />

e condições <strong>de</strong> infraestrutura necessárias para se instalar no<br />

merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho local. A <strong>de</strong>cisão pela migração ocorreu<br />

em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> crescente fluxo migratório <strong>do</strong>s habitantes <strong>do</strong><br />

município on<strong>de</strong> havia se estabeleci<strong>do</strong>, Goioerê – PR, para<br />

<strong>Rondônia</strong>, Mato Grosso e Paraguai. Nas sucessivas visitas<br />

realizadas a Cacoal o cirurgião-<strong>de</strong>ntista adquiriu um terreno e<br />

planejou, com precisão, o que <strong>de</strong>veria trazer para se instalar na<br />

cida<strong>de</strong>. No caminhão <strong>de</strong> mudança trouxe, além <strong>de</strong> seus pertences<br />

e o equipamento <strong>do</strong> consultório o<strong>do</strong>ntológico, to<strong>do</strong> o material <strong>de</strong> construção<br />

necessário para edificar um imóvel <strong>de</strong> alvenaria. Em suas visitas <strong>de</strong> sondagem<br />

verificou que a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção civil na região era<br />

pequena e com preços eleva<strong>do</strong>s. Durante 60 dias o consultório <strong>de</strong>ntário particular<br />

funcionou, provisoriamente, no único hospital <strong>do</strong> recém-cria<strong>do</strong> município. Nesse<br />

perío<strong>do</strong> as obras foram concluídas e o atendimento passou a ser realiza<strong>do</strong> nas<br />

instalações recém-construídas.<br />

Após seu estabelecimento o o<strong>do</strong>ntólogo man<strong>do</strong>u confeccionar panfletos<br />

para divulgar a presença <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong> primeiro cirurgião-<strong>de</strong>ntista <strong>de</strong> Cacoal. Na<br />

cida<strong>de</strong> havia 16 <strong>de</strong>ntistas práticos que prestavam atendimento à população e haviam<br />

se organiza<strong>do</strong> sob forma <strong>de</strong> associação. Uma das primeiras medidas a<strong>do</strong>tadas pelo<br />

<strong>de</strong>ntista foi requisitar à polícia civil que intimasse os práticos a interromper suas<br />

ativida<strong>de</strong>s. O fato causou <strong>de</strong>scontentamento na classe que ameaçou Salviano e<br />

sua família. Com ajuda <strong>do</strong> <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>de</strong> polícia, que era seu paciente, foi possível,<br />

gradativamente, <strong>de</strong>stituir to<strong>do</strong>s os locais <strong>de</strong> atendimento <strong>do</strong>s charlatões. De acor<strong>do</strong><br />

com o o<strong>do</strong>ntólogo, até os dias <strong>de</strong> hoje, não há <strong>de</strong>ntistas práticos estabeleci<strong>do</strong>s na<br />

cida<strong>de</strong>. Delega<strong>do</strong> <strong>do</strong> CRO-RO em Cacoal, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong>, o <strong>de</strong>ntista<br />

se recorda <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> situações pitorescas. Entre elas a <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ntista prático<br />

que atirava os <strong>de</strong>ntes extraí<strong>do</strong>s pela janela e foi <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> pelo vizinho <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às<br />

galinhas que esse criava ingerirem os mesmos.<br />

119


120<br />

O ritmo <strong>de</strong> trabalho em seu consultório era intenso. O expediente iniciava<br />

às 7h e se estendia até as 22h, com um breve intervalo para o almoço e outro<br />

para o jantar. Muitos pacientes vinham da zona rural para realizar tratamento<br />

<strong>de</strong>ntário na cida<strong>de</strong>, por essa razão era preciso agilizar o atendimento. A estada <strong>do</strong><br />

cliente era onerosa e não podia ser prolongada. O cirurgião-<strong>de</strong>ntista, que também<br />

confeccionava próteses, chegava a fazer a moldagem e a confecção das <strong>de</strong>ntaduras<br />

em apenas um dia. Além <strong>do</strong> atendimento o<strong>do</strong>ntológico era preciso saber improvisar<br />

em to<strong>do</strong>s os campos. Por exemplo, sair <strong>do</strong> consultório para rodar a manivela <strong>do</strong><br />

motor estacionário que gerava a energia para o funcionamento <strong>do</strong>s equipamentos<br />

ou consertar aparelhos que estragavam com frequência <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à oscilação da<br />

corrente elétrica. A assistência técnica o<strong>do</strong>ntológica mais próxima ficava em Porto<br />

Velho, há quase 500 km <strong>de</strong> distância numa época em que as estradas eram quase<br />

intransitáveis.<br />

Improvisar era a solução em tempos <strong>de</strong> poucos recursos técnicos. Devi<strong>do</strong><br />

aos custos, em casos clínicos <strong>de</strong> canal, por exemplo, muitos pacientes optavam pela<br />

extração e supressão <strong>do</strong> <strong>de</strong>nte perdi<strong>do</strong> por uma prótese parcial. Já houve casos <strong>de</strong><br />

pais agricultores que trouxeram seus filhos a<strong>do</strong>lescentes com o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> extração<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>ntes para substituição pela prótese total como se essa fosse a melhor<br />

forma <strong>de</strong> prevenção <strong>do</strong>s problemas causa<strong>do</strong>s pelas <strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte. Em função<br />

da pouca instrução <strong>de</strong> diversos pacientes o trabalho <strong>do</strong> o<strong>do</strong>ntólogo também era<br />

<strong>de</strong> esclarecimento a respeito da saú<strong>de</strong> bucal para famílias que viviam em locais<br />

inóspitos e sem acesso aos meios <strong>de</strong> comunicação. Diversos pacientes quan<strong>do</strong><br />

vinham à cida<strong>de</strong> queriam solucionar to<strong>do</strong>s os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> num curto prazo<br />

e almejavam um tratamento rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> problema sem medir as consequências. Às<br />

vezes também compareciam aqueles que, <strong>de</strong> tanto adiar o tratamento <strong>de</strong>ntário,<br />

possuíam abcessos externos. Para atenuar a <strong>do</strong>r amarravam a região da infecção<br />

com um teci<strong>do</strong> preso à parte superior da cabeça até serem atendi<strong>do</strong>s pelo <strong>de</strong>ntista.<br />

Paralelo ao atendimento em seu consultório Salviano trabalhou, por diversos anos,<br />

na Equipe Volante <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Fundação Nacional <strong>do</strong> Índio. Ele prestou assistência<br />

o<strong>do</strong>ntológica em indígenas <strong>do</strong>s povos Suruí, Cinta Larga, Zoró, Nambiquara,<br />

Sakirabiá, Araras e Gaviões. Gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s atendimentos era realizada durante<br />

o perío<strong>do</strong> das campanhas <strong>de</strong> vacinação. As viagens às al<strong>de</strong>ias eram realizadas em<br />

aviões que pousavam em pistas improvisadas nos territórios indígenas ou em


fazendas vizinhas. Para prevenir qualquer situação <strong>de</strong> emergência o cirurgião<strong>de</strong>ntista<br />

instruiu-se sobre como pilotar, apesar <strong>de</strong> não chegar a obter o brevê.<br />

Ele também apren<strong>de</strong>u algumas palavras em línguas indígenas para se comunicar<br />

melhor com seus pacientes. As viagens duravam dias e, com bom humor, lembrase<br />

da ocasião em que, para garantir uma refeição, guardaram carne <strong>de</strong> jacaré no<br />

gelo <strong>do</strong> isopor das vacinas. Um frasco <strong>de</strong> BCG se rompeu sobre a carne que, diante<br />

das circunstâncias, foi cozida e alimentou a equipe.<br />

Pimenta Bueno<br />

Maurício Chiecco<br />

A sua contratação pelo Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, em 1980,<br />

como <strong>de</strong>ntista da Escola Anísio Serrão <strong>de</strong> Carvalho, em Pimenta<br />

Bueno, foi uma obra <strong>do</strong> acaso e se <strong>de</strong>u por ocasião <strong>de</strong> sua visita<br />

ao município quan<strong>do</strong> acompanhava seu cunha<strong>do</strong> topógrafo que<br />

realizava trabalhos na região.<br />

Proveniente da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Lins, São Paulo,<br />

o <strong>de</strong>ntista instalou-se com sua família no pequeno hotel construí<strong>do</strong><br />

em ma<strong>de</strong>ira no posto <strong>de</strong> combustíveis Itaporanga on<strong>de</strong> pagava uma<br />

mensalida<strong>de</strong> para a hospedagem. Não havia imóveis disponíveis<br />

para locação na cida<strong>de</strong>. O o<strong>do</strong>ntólogo prestava atendimento para os estudantes no<br />

perío<strong>do</strong> da manhã. Nesse trabalho também ministrava palestras educativas a respeito <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> bucal. No perío<strong>do</strong> da tar<strong>de</strong> passou a aten<strong>de</strong>r em um pequeno imóvel <strong>de</strong> alvenaria<br />

com entrada <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> espera, o que fazia com que os clientes entrassem<br />

diretamente da rua no consultório. Os equipamentos, mo<strong>de</strong>rnos para a época, foram<br />

adquiri<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma colega cirurgiã-<strong>de</strong>ntista que <strong>de</strong>ixou a cida<strong>de</strong>. Paralelo à sua atuação<br />

havia o atendimento presta<strong>do</strong> à população por outras duas colegas cirurgiãs-<strong>de</strong>ntistas.<br />

O fornecimento <strong>de</strong> energia elétrica era irregular e Maurício não possuía gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

energia próprio. Quan<strong>do</strong> havia interrupção no abastecimento era preciso esperar até<br />

que a energia fosse restabelecida para terminar o procedimento. A consequência era<br />

que, em algumas ocasiões, o cirurgião-<strong>de</strong>ntista teve que finalizar seus trabalhos sob a<br />

iluminação <strong>de</strong> luz <strong>de</strong> lanterna realizada pela secretária <strong>do</strong> consultório.<br />

Em 1982 Maurício escreveu uma carta <strong>de</strong> leitor que foi publicada no jornal<br />

121


122<br />

quinzenal local. Seu conteú<strong>do</strong> esclarecia à população a respeito<br />

da importância <strong>de</strong> se procurar um profissional qualifica<strong>do</strong> para<br />

realizar o tratamento <strong>de</strong>ntário, assim como da necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r público em fiscalizar as ativida<strong>de</strong>s ilegais <strong>do</strong>s charlatões. De<br />

acor<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>ntista a publicação causou gran<strong>de</strong> polêmica na<br />

socieda<strong>de</strong> local.<br />

Parte da clientela atendida por Chiecco eram sitiantes que não<br />

possuíam capital líqui<strong>do</strong>. Como o o<strong>do</strong>ntólogo era assalaria<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

território podia se permitir receber o pagamento <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus<br />

serviços em produtos produzi<strong>do</strong>s nas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus clientes<br />

agricultores, tais como leitoas, galinhas, feijão etc. Em retribuição<br />

a essa flexibilida<strong>de</strong> no pagamento os produtores retribuíam ao<br />

<strong>de</strong>ntista com um sonoro “Deus lhe pague!” ou “Doutor, o senhor<br />

vai para o céu!”. A ma<strong>de</strong>ira da primeira casa própria <strong>do</strong> cirurgião na<br />

cida<strong>de</strong> foi adquirida através <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> tratamento o<strong>do</strong>ntológico<br />

para toda a família <strong>do</strong> <strong>do</strong>no <strong>de</strong> uma ma<strong>de</strong>ireira local.<br />

O o<strong>do</strong>ntólogo permaneceu em Pimenta Bueno até 1986, quan<strong>do</strong><br />

pediu <strong>de</strong>missão <strong>do</strong> emprego no Esta<strong>do</strong> e mu<strong>do</strong>u-se para a capital em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> almejar oferecer a seus filhos um sistema educacional <strong>de</strong> melhor<br />

qualida<strong>de</strong>. Em Porto Velho Maurício se estabeleceu na Rua Tenreiro<br />

Aranha, Galeria El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> trabalhou como <strong>de</strong>ntista até 1994.<br />

Por volta <strong>de</strong> 1993/1994 Chiecco montou a empresa <strong>de</strong><br />

atendimento o<strong>do</strong>ntológico Gol<strong>de</strong>nt - Prestação <strong>de</strong> Serviços<br />

O<strong>do</strong>ntológicos Ltda., que atendia em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

A Gol<strong>de</strong>nt tinha, aproximadamente, 110 profissionais, entre peritos<br />

e clínicos, em seus quadros <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas cre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s<br />

espalha<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>. A empresa prestava serviços para<br />

toda a população, bem como para os funcionários estaduais, através<br />

<strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Previdência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Uma das peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ser cirurgião-<strong>de</strong>ntista em <strong>Rondônia</strong><br />

foi, durante o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> garimpo na região, aten<strong>de</strong>r a clientes que<br />

realizaram o pagamento <strong>de</strong> seus tratamentos com ouro em pó ou pepitas.<br />

Cirurgião-<strong>de</strong>ntista Maurício Chiecco em seu consultório.<br />

Carta ao leitor a respeito da atuação <strong>de</strong> falsos <strong>de</strong>ntistas escrita<br />

por Maurício Chieco para um jornal <strong>de</strong> Pimento Bueno.


Rolim <strong>de</strong> Moura<br />

Carlos Henrique <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Carvalho<br />

O cirurgião-<strong>de</strong>ntista <strong>de</strong>cidiu apresentar-se ao serviço militar<br />

obrigatório após sua formatura em 1980. Devi<strong>do</strong> a vínculos<br />

familiares a sua opção era trabalhar no 5º Batalhão <strong>de</strong> Engenharia<br />

e Construção (5º BEC), localiza<strong>do</strong> em Porto Velho. No entanto, o<br />

exército o <strong>de</strong>signou para trabalhar no então 6º Batalhão Especial<br />

<strong>de</strong> Fronteira, <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> no Real Forte Príncipe da Beira, situa<strong>do</strong><br />

no município <strong>de</strong> Costa Marques, hoje <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> 1º Pelotão <strong>de</strong><br />

Fuzileiros <strong>de</strong> Selva.<br />

Proveniente <strong>do</strong> interior <strong>de</strong> São Paulo, aos 23 anos, a<br />

opção <strong>de</strong> viver no isolamento <strong>de</strong> um pelotão <strong>do</strong> exército em Costa Marques, na<br />

companhia <strong>de</strong> 23 militares, não lhe pareceu muito interessante, pois durante os<br />

12 meses que prestou serviço obteve somente uma licença para ausentar-se da<br />

localida<strong>de</strong>. Carlos era o único profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a trabalhar no Batalhão e o<br />

entretenimento menos tedioso que havia era ler as revistas enviadas por sua família.<br />

Em algumas ocasiões o batalhão executava operações <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> às<br />

populações ribeirinhas. Entre os episódios <strong>de</strong> socorro que teve que prestar <strong>de</strong>stacase<br />

a sutura <strong>de</strong> emergência que realizou na língua <strong>de</strong> uma criança aci<strong>de</strong>ntada <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

anos e meio por não haver médico na região para realizar o atendimento.<br />

Em maio <strong>de</strong> 1982, após o término <strong>do</strong> serviço militar obrigatório, o <strong>de</strong>ntista<br />

instalou-se no então distrito <strong>de</strong> Rolim <strong>de</strong> Moura, que foi eleva<strong>do</strong> a município em<br />

agosto <strong>de</strong> 1983. De acor<strong>do</strong> com Carlos ele foi o primeiro cirurgião-<strong>de</strong>ntista da<br />

localida<strong>de</strong> e, no mesmo ano que passou a aten<strong>de</strong>r, durante um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> seis meses,<br />

seu aparelho <strong>de</strong> raios x foi utiliza<strong>do</strong> por médicos para radiografar extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

braços e pernas em pacientes que apresentavam sintomas <strong>de</strong> fraturas. O fato se <strong>de</strong>u<br />

em razão <strong>de</strong> os aparelhos <strong>de</strong> raios x <strong>do</strong>s hospitais público e particular da localida<strong>de</strong><br />

estarem danifica<strong>do</strong>s. A comunicação via telefone era insuficiente, havia somente<br />

um telefone público para aten<strong>de</strong>r a toda a localida<strong>de</strong>, e as estradas precárias<br />

123


Cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Carlos Carvalho,<br />

senta<strong>do</strong> <strong>de</strong> roupa<br />

ver<strong>de</strong>, ao centro, em<br />

uma campanha <strong>de</strong><br />

vacinação na região <strong>do</strong><br />

vale <strong>do</strong> Guaporé em que<br />

realizava atendimento<br />

o<strong>do</strong>ntológico.<br />

Carlos Carvalho em<br />

atendimento da<br />

Ação Cívico Social<br />

(Aciso) no distrito <strong>de</strong><br />

São Domingos <strong>do</strong><br />

Guaporé.<br />

Fotos: Arquivo pessoal <strong>do</strong><br />

cirurgião<br />

124<br />

dificultavam a vinda <strong>de</strong> técnicos e <strong>de</strong> peças para reparar essas máquinas.<br />

Seu consultório o<strong>do</strong>ntológico atendia paralelamente às instalações <strong>de</strong><br />

14 <strong>de</strong>ntistas práticos existentes na localida<strong>de</strong>. Foram instala<strong>do</strong>s consultórios<br />

o<strong>do</strong>ntológicos em duas escolas e em um hospital. Por falta <strong>de</strong> assistência<br />

técnica Carlos se viu obriga<strong>do</strong> a fazer a montagem <strong>do</strong>s equipamentos. Em 1984<br />

estabeleceram-se duas outras cirurgiãs-<strong>de</strong>ntistas na cida<strong>de</strong> oriundas <strong>do</strong> interior <strong>de</strong><br />

São Paulo, as senhoras Yume e Lour<strong>de</strong>s. Aos poucos, outros o<strong>do</strong>ntólogos passaram<br />

a prestar atendimento no município. Posteriormente o <strong>de</strong>ntista foi contrata<strong>do</strong> pelo<br />

po<strong>de</strong>r público para aten<strong>de</strong>r na unida<strong>de</strong> mista <strong>do</strong> hospital municipal e, mais tar<strong>de</strong>,<br />

no Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Vital Brasil.<br />

Carlos se recorda da ocasião em que, em apenas um dia, prestou atendimento<br />

a 50 pacientes. Não havia diversificação <strong>do</strong>s recursos o<strong>do</strong>ntológicos em função<br />

<strong>do</strong> pouco tempo disponível para se <strong>de</strong>dicar a cada cliente. Além disso, algumas<br />

vezes, faltavam materiais para a realização <strong>de</strong> procedimentos e não havia colegas<br />

<strong>de</strong> profissão para a troca <strong>de</strong> opiniões. Era frequente a prática <strong>de</strong> extrações.<br />

A partir <strong>de</strong> 1992 o cirurgião-<strong>de</strong>ntista passou a trabalhar na Polícia Militar <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> sob a patente <strong>de</strong> Tenente-Dentista. Des<strong>de</strong> 2009 ele atua como<br />

chefe da Formação Sanitária <strong>do</strong> 4º Batalhão <strong>de</strong> Polícia Militar <strong>de</strong> Cacoal.


Vilhena<br />

Maria Aparecida Cavalcante <strong>de</strong> Oliveira<br />

Oriunda <strong>de</strong> Maceió, Alagoas, Maria Aparecida, a quem to<strong>do</strong>s carinhosamente<br />

chamam <strong>de</strong> Cida, cirurgiã-<strong>de</strong>ntista formada pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Alagoas,<br />

1973, mu<strong>do</strong>u-se para <strong>Rondônia</strong> em 1974. Primeiramente<br />

permaneceu alguns meses em Porto Velho, on<strong>de</strong> residia a irmã<br />

recém-casada, e on<strong>de</strong> chegou a aten<strong>de</strong>r durante alguns meses<br />

em um consultório particular. No entanto, foi contratada pelo<br />

5º Batalhão <strong>de</strong> Engenharia e Construção (5º BEC) para, como<br />

funcionária civil, aten<strong>de</strong>r aos militares que prestavam serviço<br />

em Vilhena. Devi<strong>do</strong> ao seu espírito <strong>de</strong> aventura, <strong>de</strong> conhecer o<br />

novo, Cida não quis ir <strong>de</strong> avião <strong>de</strong> Porto Velho a Vilhena, forma<br />

como era realiza<strong>do</strong> o transporte <strong>de</strong> militares em <strong>Rondônia</strong><br />

naquela época. Contrarian<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s optou por ir <strong>de</strong> ônibus através da ro<strong>do</strong>via<br />

Porto Velho – Cuiabá, BR-29, que ainda não era pavimentada, e transformouse<br />

na BR-364. A escolha fez com que ela permanecesse 15 dias em trânsito <strong>de</strong><br />

Porto Velho até o trecho on<strong>de</strong> hoje está localiza<strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte Médici, cerca <strong>de</strong><br />

400 km. Devi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>mora e por não aguentar mais as precárias condições a que se<br />

submetiam os passageiros terrestres que transitavam por <strong>Rondônia</strong> naquela época,<br />

chuva, atoleiros, fome, frio à noite, calor durante o dia, esperas intermináveis<br />

até que o veículo fosse conserta<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>satola<strong>do</strong>, Cida optou por comunicar o<br />

seu para<strong>de</strong>iro ao 5º BEC que provi<strong>de</strong>nciou um voo da Força Aérea Brasileira<br />

(FAB) para leva-la até Vilhena, on<strong>de</strong> passou a residir no alojamento <strong>de</strong> trânsito<br />

“Residência Especial <strong>de</strong> Vilhena”, manti<strong>do</strong> pelo exército. Apesar da distância da<br />

capital, aproximadamente 700 km, a vila era um distrito <strong>de</strong> Porto Velho e só foi<br />

elevada a município em 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1977.<br />

O povoa<strong>do</strong> tinha aproximadamente 8 a 9 mil habitantes, não possuía água<br />

encanada, o abastecimento <strong>de</strong> luz elétrica ocorria somente durante algumas horas<br />

<strong>do</strong> dia e o acesso terrestre era intransitável durante meses <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> chuvas.<br />

Isso provocava problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabastecimento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias. A população<br />

1<strong>25</strong>


126<br />

militar não era prejudicada pela interrupção nos transportes, pois seus produtos<br />

eram trazi<strong>do</strong>s em aviões cargueiros Búfalos.<br />

Durante o perío<strong>do</strong> diurno Cida atendia aos militares e, à noite, passou a<br />

aten<strong>de</strong>r aos civis, pois foi a primeira cirurgiã-<strong>de</strong>ntista da vila e, até então, era a<br />

única. Pouco tempo após sua chegada, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> atendimento<br />

o<strong>do</strong>ntológico da população civil, a jovem <strong>de</strong>ntista encomen<strong>do</strong>u a construção<br />

em ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> um consultório <strong>de</strong> aproximadamente 5 x 4 m <strong>de</strong> comprimento<br />

localiza<strong>do</strong> na antiga Rua Pimenta Bueno que hoje se chama Nelson Tremea, ao la<strong>do</strong><br />

da farmácia <strong>de</strong> um peruano, que foi quem provi<strong>de</strong>nciou a construção. Muitas vezes<br />

ela teve que fazer extrações sob luz <strong>de</strong> vela ou lanterna. Na época, os atendimentos<br />

pre<strong>do</strong>minantes nesse consultório eram a extração <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes e prótese <strong>de</strong>ntária. O<br />

laboratório <strong>de</strong> próteses ficava em Porto Velho e quem realizava o trabalho era um<br />

<strong>de</strong>ntista prático da cida<strong>de</strong>. Muitas vezes a cirurgiã-<strong>de</strong>ntista era acordada no meio<br />

da noite para aten<strong>de</strong>r a pacientes com <strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte que haviam vin<strong>do</strong> <strong>de</strong> longe.<br />

Quan<strong>do</strong> não havia energia ela utilizava uma broca <strong>de</strong> baixa rotação movida a pedal<br />

para polir próteses. As obturações e os <strong>de</strong>mais equipamentos como o <strong>de</strong> raios x e<br />

estufa eram utiliza<strong>do</strong>s somente quan<strong>do</strong> havia luz elétrica. O material o<strong>do</strong>ntológico<br />

era trazi<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cuiabá.<br />

Ainda nos anos <strong>de</strong> 1970, após recuperar-se <strong>de</strong> uma hepatite A, endêmica<br />

na região, que a <strong>de</strong>ixou hospitalizada durante cerca <strong>de</strong> cinco meses, Cida <strong>de</strong>cidiu<br />

trabalhar na Funai, on<strong>de</strong> participou da Equipe Volante <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que prestava<br />

atendimento médico e o<strong>do</strong>ntológico para a população indígena no Acre, em<br />

Mato Grosso e em <strong>Rondônia</strong>. Devi<strong>do</strong> aos prolonga<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>sgastantes perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

viagens a cirurgiã-<strong>de</strong>ntista <strong>de</strong>cidiu voltar ao exército, que a convi<strong>do</strong>u para retornar<br />

às ativida<strong>de</strong>s. Ela permaneceu na instituição até 1979, ano em que foi iniciada a<br />

construção <strong>do</strong> trecho da BR-364 que ligava Rio Branco a Cruzeiro <strong>do</strong> Sul, realiza<strong>do</strong><br />

pelo 5º BEC e pelo Departamento Nacional <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem (DNER).<br />

Caso permanecesse no exército a o<strong>do</strong>ntóloga teria que se mudar para Cruzeiro<br />

<strong>do</strong> Sul, mas como já estava estabelecida como <strong>de</strong>ntista optou por permanecer em<br />

Vilhena. Em 1980 ela foi contratada pelo governo <strong>do</strong> território fe<strong>de</strong>ral para prestar<br />

atendimento no município, on<strong>de</strong> fazia aplicação <strong>de</strong> flúor em escolares da cida<strong>de</strong> e


da zona rural. Trabalhou como a primeira cirurgiã-<strong>de</strong>ntista <strong>do</strong> Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> João<br />

Luís da Silva e <strong>de</strong>pois passou a aten<strong>de</strong>r no Posto São José, que hoje se chama Centro<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Vitalina Gentil <strong>do</strong>s Santos, on<strong>de</strong> permaneceu até 1999. Nessa época, em<br />

seu consultório particular, realizava diversos tipos <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>ntário.<br />

Cida relembra que nos atendimentos itinerantes ela já realizou extrações nos<br />

locais e condições mais inusita<strong>do</strong>s, inclusive <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> canoas em movimento com<br />

o paciente com a cabeça apoiada sobre seu colo ou com pessoas sentadas sobre<br />

tocos ou sacos <strong>de</strong> cereais. Devi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> energia elétrica o instrumental era<br />

esteriliza<strong>do</strong> em uma panela <strong>de</strong> pressão ou por flambagem. Já houve uma situação<br />

em que, por falta <strong>de</strong> material, teve que realizar sutura com agulha comum e linha<br />

<strong>de</strong> carretel. Já raspou alveolites <strong>de</strong> pacientes que puseram cinza na cavida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

o <strong>de</strong>nte foi extraí<strong>do</strong>, acreditan<strong>do</strong> assim po<strong>de</strong>r estancar o sangramento. Também<br />

realizou extrações <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes impacta<strong>do</strong>s, terceiros molares, como se fosse uma<br />

extração normal. Para isso utilizava alavancas. Apesar <strong>de</strong> todas essas situações<br />

relata que nunca teve nenhum caso <strong>de</strong> hemorragia ou que houvesse <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

aten<strong>de</strong>r a pacientes.<br />

Em 2000 passou a trabalhar para a Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (Funasa)<br />

como Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra da Área O<strong>do</strong>ntológica <strong>de</strong> Vilhena, no atendimento à saú<strong>de</strong><br />

indígena. Nesse perío<strong>do</strong> abdicou <strong>de</strong> seu consultório particular. Aposentou-se em<br />

2005, mas continua registrada no CRO-RO, com o registro n. 26. Uma vez ao ano<br />

participa <strong>de</strong> uma missão fluvial, sem fins lucrativos, que aten<strong>de</strong> a comunida<strong>de</strong>s<br />

ribeirinhas carentes radicadas nas margens <strong>do</strong> rio Guaporé.<br />

127


128<br />

POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE BUCAL NO<br />

ESTADO DE RONDÔNIA<br />

A estratégia nacional <strong>de</strong> reorientação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo assistencial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é o<br />

Programa Saú<strong>de</strong> da Família cria<strong>do</strong> pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> em 1994. Ele tem si<strong>do</strong><br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma estratégia eficaz na reorganização da Atenção Básica 1 . O programa<br />

é operacionaliza<strong>do</strong> mediante a implantação <strong>de</strong> equipes multiprofissionais em<br />

unida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento<br />

<strong>de</strong> um número <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> famílias, localizadas em uma área geográfica <strong>de</strong>limitada.<br />

As equipes atuam com ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, prevenção, recuperação,<br />

reabilitação <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

A inclusão da Equipe <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal (ESB) no Programa Saú<strong>de</strong> da Família<br />

(PSF) ocorreu em 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000 através da Portaria n. 1444 <strong>do</strong> Ministério<br />

da Saú<strong>de</strong>. Essa Portaria criou critérios e estabeleceu incentivos financeiros<br />

específicos para a inclusão <strong>de</strong> uma ESB para cada duas equipes da PSF, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorganizar a Atenção Básica o<strong>do</strong>ntológica no âmbito <strong>do</strong> município,<br />

tanto em termos <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e prevenção quanto na recuperação e na<br />

manutenção da saú<strong>de</strong> bucal, buscan<strong>do</strong>, assim, a melhoria <strong>do</strong> perfil o<strong>do</strong>ntológico da<br />

população e, por consequência, sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

As ações realizadas pela Equipe <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal são a promoção, proteção e<br />

recuperação da saú<strong>de</strong>; a prevenção e controle <strong>de</strong> câncer bucal; o fomento da resolução da<br />

urgência; a inclusão <strong>de</strong> procedimentos mais complexos e da reabilitação protética.<br />

1 Definida pela Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> em 1978 como a atenção essencial à saú<strong>de</strong> baseada<br />

em tecnologia e méto<strong>do</strong>s práticos, cientificamente comprova<strong>do</strong>s e socialmente aceitáveis, torna<strong>do</strong>s<br />

universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunida<strong>de</strong> por meios aceitáveis para eles e a um custo<br />

que tanto a comunida<strong>de</strong> como o país possa arcar em cada estágio <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento, um espírito <strong>de</strong><br />

autoconfiança e auto<strong>de</strong>terminação. É parte integral <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> país, <strong>do</strong> qual é função central,<br />

sen<strong>do</strong> o enfoque principal <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social e econômico global da comunida<strong>de</strong>.


O processo <strong>de</strong> trabalho das ESB fundamenta-se nos seguintes princípios:<br />

universalida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong>, integralida<strong>de</strong> da atenção, trabalho em equipe e<br />

interdisciplinar, foco <strong>de</strong> atuação centra<strong>do</strong> no território-família-comunida<strong>de</strong>,<br />

humanização da atenção, responsabilização e vínculo.<br />

Existem <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> Equipe <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal:<br />

ESB Modalida<strong>de</strong> I: composta por cirurgião-<strong>de</strong>ntista e auxiliar em saú<strong>de</strong> bucal;<br />

ESB modalida<strong>de</strong> II: composta por cirurgião-<strong>de</strong>ntista, auxiliar em saú<strong>de</strong> bucal e<br />

técnico em saú<strong>de</strong> bucal.<br />

Abaixo o resumo das estatísticas <strong>de</strong> atuação das Equipes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal<br />

em <strong>Rondônia</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua implantação em 2001. Os da<strong>do</strong>s são <strong>do</strong> Departamento<br />

<strong>de</strong> Atenção Básica (DAB) da Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong> (SAS) <strong>do</strong> Ministério da<br />

Saú<strong>de</strong> 2 . O Esta<strong>do</strong> possui 52 municípios.<br />

2 Fonte: Internet: http://dab.sau<strong>de</strong>.gov.br/cnsb/ link: Histórico <strong>de</strong> Cobertura da Saú<strong>de</strong> da Família. Acesso em<br />

28.9.2011.<br />

129


130<br />

Cobertura populacional estimada das Equipes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal da<br />

estratégia Saú<strong>de</strong> da Família 3<br />

Descrição <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r:<br />

Percentual da população estimada, Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, coberta pelas ações das Equipes<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal da Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família entre 2001 e 2010. A meta brasileira<br />

para esse indica<strong>do</strong>r em 2011 seria atingir uma cobertura estimada <strong>de</strong> no mínimo 40% da<br />

população.<br />

Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> cálculo:<br />

Número <strong>de</strong> Equipes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal da Estratégia Saú<strong>de</strong><br />

da Família implantadas* x 3.450** pessoas<br />

X 100<br />

População no mesmo local e perío<strong>do</strong><br />

* Soma <strong>de</strong> ESB modalida<strong>de</strong> I e II.<br />

**Esse número é utiliza<strong>do</strong> para estimar o número <strong>de</strong> Equipes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal da Estratégia Saú<strong>de</strong> da Família<br />

implantadas, cobrin<strong>do</strong> o mesmo número <strong>de</strong> pessoas que uma Equipe <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família, 3.450. Quan<strong>do</strong> o<br />

cálculo da cobertura apresentar valor superior a 100% em função da população <strong>do</strong> município ser menor que<br />

3450 pessoas, limita-se essa cobertura a 100%.<br />

Através <strong>de</strong>sse indica<strong>do</strong>r é possível avaliar se a saú<strong>de</strong> bucal no Programa Saú<strong>de</strong> da Família<br />

constitui-se como estratégia orienta<strong>do</strong>ra da reorganização da Atenção Básica em saú<strong>de</strong><br />

bucal, <strong>de</strong> maneira a contribuir para o planejamento da implantação <strong>de</strong> novas equipes.<br />

3 Fonte: Ministério da Saú<strong>de</strong>. Orientações acerca <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> monitoramento avaliação <strong>do</strong> pacto pela<br />

saú<strong>de</strong>, nos componentes pela vida e <strong>de</strong> gestão para o Biênio 2010 – 2011. Ministério da Saú<strong>de</strong>, Secretaria-<br />

Executiva, Departamento <strong>de</strong> Apoio à Gestão Descentralizada. Fevereiro 2011, pg. 77-78 [Internet]. Disponível<br />

em http://portalweb04.sau<strong>de</strong>.gov.br/sispacto/Instrutivo_Indica<strong>do</strong>res_2011.<strong>pdf</strong>. Acesso em 19.10.2011.


Média da ação coletiva <strong>de</strong> escovação <strong>de</strong>ntal supervisionada 4<br />

Descrição <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r:<br />

É o percentual <strong>de</strong> pessoas que participam da ação coletiva escovação <strong>de</strong>ntal supervisionada.<br />

A meta brasileira para esse indica<strong>do</strong>r em 2011 é 3%.<br />

Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> cálculo:<br />

Número <strong>de</strong> pessoas participantes na ação coletiva <strong>de</strong><br />

escovação <strong>de</strong>ntal supervisionada* realizada em<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> local e perío<strong>do</strong>, dividi<strong>do</strong> pelo perío<strong>do</strong>**<br />

População no mesmo local e perío<strong>do</strong><br />

X 100<br />

* Código SIA/SUS 01.01.02.003-1<br />

** Para calcular esse indica<strong>do</strong>r faz-se a soma <strong>do</strong> número <strong>de</strong> registros <strong>do</strong> código 01.01.02.003-1. O total é<br />

dividi<strong>do</strong> pelo perío<strong>do</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da existência <strong>de</strong> registro em to<strong>do</strong>s os meses.<br />

Levantamentos CPOD e saú<strong>de</strong> bucal em <strong>Rondônia</strong><br />

De acor<strong>do</strong> com informações da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Oral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, <strong>de</strong>partamento<br />

da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> (Sesau), a Secretaria, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a suas inúmeras<br />

mudanças <strong>de</strong> espaço físico, não possui arquivos permanentes <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentação sobre a<br />

saú<strong>de</strong> oral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Por essa razão foi possível ter acesso somente ao primeiro relatório<br />

CPOD realiza<strong>do</strong> no Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, obti<strong>do</strong> através <strong>de</strong> contatos pessoais<br />

<strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista José Freitas Atallah.<br />

O CPO (Caria<strong>do</strong>s, Perdi<strong>do</strong>s e Obtura<strong>do</strong>s) é o índice mais utiliza<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

manten<strong>do</strong>-se como o ponto básico <strong>de</strong> referência para o diagnóstico das condições <strong>de</strong>ntais<br />

e para formulação e avaliação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal. 5 O CPO é recomenda<strong>do</strong><br />

4 Fonte: Ministério da Saú<strong>de</strong>. Orientações acerca <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> monitoramento avaliação <strong>do</strong> pacto pela<br />

saú<strong>de</strong>, nos componentes pela vida e <strong>de</strong> gestão para o Biênio 2010 – 2011. Ministério da Saú<strong>de</strong>, Secretaria-<br />

Executiva, Departamento <strong>de</strong> Apoio à Gestão Descentralizada. Fevereiro 2011, pp. 80-81 [Internet]. Disponível<br />

em http://portalweb04.sau<strong>de</strong>.gov.br/sispacto/Instrutivo_Indica<strong>do</strong>res_2011.<strong>pdf</strong>. Acesso em 19.10.2011.<br />

5 Wikipédia. In: Índice CPO 14/12/2008 [Internet]. Disponível em < http://pt.wikipedia.org/<br />

wiki/%C3%8Dndice_CPO >. Acesso em 28/9/2011.<br />

131


132<br />

pela Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) para medir e comparar a experiência <strong>de</strong><br />

cárie <strong>de</strong>ntária em populações. Seu valor expressa a média <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes caria<strong>do</strong>s, perdi<strong>do</strong>s<br />

e obtura<strong>do</strong>s em um grupo <strong>de</strong> indivíduos. 6 Abaixo a transcrição na íntegra <strong>do</strong> primeiro<br />

levantamento CPOD <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> realiza<strong>do</strong> em 1976:<br />

Inquérito Epi<strong>de</strong>miológico da Cárie Dentária nos Escolares da Cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Porto Velho – Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong><br />

Equipe:<br />

Auri-Stella Moura Atallah<br />

Henrique Rossetti Filho<br />

Al<strong>de</strong>mar Paraguassú<br />

Sílvio Nascimento Gualberto<br />

Oswal<strong>do</strong> Jorge Gotuzzo<br />

José Freitas Atallah<br />

1. Introdução<br />

As <strong>do</strong>enças <strong>de</strong>ntais como outras <strong>de</strong> pequena magnitu<strong>de</strong> como causa da mortalida<strong>de</strong>,<br />

manifestam-se em importância em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua alta prevalência. Assim o levantamento<br />

epi<strong>de</strong>miológico da cárie <strong>de</strong>ntária nos escolares <strong>de</strong> Porto Velho, com utilização <strong>do</strong> índice<br />

CPOD, foi realiza<strong>do</strong>, visan<strong>do</strong> às seguintes metas:<br />

a) Estimar as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntal da população a ser beneficiada pela<br />

fluoretação da água <strong>de</strong> abastecimento.<br />

b) Quantificar as necessida<strong>de</strong>s o<strong>do</strong>ntológicas no grupo populacional prioritário em<br />

programas <strong>de</strong> atenção <strong>de</strong>ntal.<br />

Após os primeiros contatos com o Secretário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, ficou <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> o<br />

levantamento em escolares na faixa etária <strong>de</strong> 7 a 14 anos, ten<strong>do</strong>-se em vista a maior<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque cardiogênico nos primeiros anos <strong>de</strong> vida da <strong>de</strong>ntição permanente.<br />

6 CYPRIANO, Silvia, SOUSA, Maria da Luz Rosário <strong>de</strong>, WADA, Ronal<strong>do</strong> Seichi. Avaliação <strong>de</strong> índices CPOD<br />

simplifica<strong>do</strong>s em levantamentos epi<strong>de</strong>miológicos <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária. In: Revista Saú<strong>de</strong> Pública 2005; 39(2):<br />

285-292, 13.9.2004 [Internet]. Disponível em < http://www.scielosp.org/<strong>pdf</strong>/rsp/v39n2/24054.<strong>pdf</strong> >. Acesso<br />

em 28.9.2011


2. Material e méto<strong>do</strong>s<br />

Em face <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> escolares na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Velho e a impraticabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> índice através <strong>do</strong> exame <strong>de</strong> toda população escolar, nessa faixa <strong>de</strong> 7 a 14<br />

anos, ficou estabeleci<strong>do</strong> que a equipe usaria o processo <strong>de</strong> amostragem.<br />

Foi solicitada aos diretores das escolas, através da Secretaria <strong>de</strong> Educação, a relação<br />

por nome e ida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alunos matricula<strong>do</strong>s nos estabelecimentos <strong>de</strong> ensino. Conseguiu-se<br />

<strong>de</strong>ssa forma relacionar 6.037 escolares, <strong>do</strong>s turnos matutino e vespertino, os quais foram<br />

grupa<strong>do</strong>s e numera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma continuada a partir <strong>de</strong> 001, para que cada faixa etária fosse<br />

um universo.<br />

Determinada a população escolar existente e a ser examinada, subtraímos <strong>de</strong>ssa<br />

uma percentagem estimada em 20% <strong>de</strong> faltosos e dividimos pelo número que pretendíamos<br />

examinar por faixa etária.<br />

Ficou estabeleci<strong>do</strong> que na falta <strong>de</strong> um escolar, incluí<strong>do</strong> na amostra a ser examinada,<br />

seria chama<strong>do</strong> o seguinte e na falta <strong>de</strong>sse o anterior. A tabela I indica o número (N) <strong>de</strong><br />

escolares lista<strong>do</strong>s e o número (n) <strong>de</strong> escolares examina<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> as ida<strong>de</strong>s.<br />

2.1 - Calibração<br />

Não obstante os critérios e as instruções para exame e preenchimento das fichas previamente<br />

estabelecidas, para evitar discrepâncias entre examina<strong>do</strong>res, foi feita uma calibração <strong>do</strong>s<br />

mesmos, através <strong>de</strong> exames sucessivos num mesmo grupo <strong>de</strong> crianças, sen<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s<br />

confronta<strong>do</strong>s, discuti<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a obter-se um <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>r comum.<br />

2.2 - Instrumental<br />

Utilizaram-se trinta e duas sondas explora<strong>do</strong>ras e igual número <strong>de</strong> espelhos bucais, imersos<br />

em solução antisséptica (Bactran), contidas em cubas inoxidáveis regulares.<br />

Os exames foram feitos em ca<strong>de</strong>iras comuns, nos pátios ou nos corre<strong>do</strong>res das escolas,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da intensida<strong>de</strong> da luminosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>pendências.<br />

2.3 - Coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<br />

Os da<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> fichas coletivas e os seguintes critérios foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s:<br />

1 - Dente Permanente Erupciona<strong>do</strong> ou Irrompi<strong>do</strong> (P.I)<br />

1.1 - Nos incisivos e caninos quan<strong>do</strong> o comprimento da coroa for pelo menos igual à largura.<br />

1.2 - Nos pré-molares quan<strong>do</strong> apresenta a superfície oclusal exposta.<br />

1.3 - Nos molares quan<strong>do</strong> apresenta <strong>do</strong>is terços da superfície oclusal exposta.<br />

133


134<br />

2 - Dente Permanente Caria<strong>do</strong> (C)<br />

2.1 - Quan<strong>do</strong> apresenta lesão clinicamente óbvia.<br />

2.2 - No caso da opacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> esmalte indicar existência <strong>de</strong> cárie.<br />

2.3 - Quan<strong>do</strong> a extremida<strong>de</strong> da sonda ao passar nos sulcos e fissuras pren<strong>de</strong>r-se, suportan<strong>do</strong><br />

o seu próprio peso e oferecer resistência.<br />

2.4 - Quan<strong>do</strong> a extremida<strong>de</strong> da sonda ao penetrar em teci<strong>do</strong> mole ceda a pressão.<br />

3 - Dente Permanente Obtura<strong>do</strong> (0)<br />

3.1 - No caso <strong>de</strong> ter uma coroa artificial em bom esta<strong>do</strong>.<br />

3.2 - apresente uma ou mais obturações sem recidiva <strong>de</strong> cárie.<br />

4 - Dente Permanente Extraí<strong>do</strong> (Ex)<br />

4.1 - Quan<strong>do</strong> ausente da boca no perío<strong>do</strong> que normalmente <strong>de</strong>veria ter feito sua erupção.<br />

5 - Dente Permanente com Extração Indicada (Ei)<br />

5.1 - Quan<strong>do</strong> apresenta uma cavida<strong>de</strong> aberta com sinais <strong>de</strong> exposição pulpar.<br />

5.2 - No caso <strong>de</strong> lesão profunda que indique exposição por ocasião <strong>do</strong> preparo da cavida<strong>de</strong>.<br />

5.3 - No caso <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> raízes.<br />

Concluí<strong>do</strong> o levantamento foi feita a revisão das fichas, sen<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s sumariza<strong>do</strong>s<br />

e tabula<strong>do</strong>s.<br />

O número <strong>de</strong> horas trabalhadas diárias foi <strong>de</strong> <strong>do</strong>is turnos <strong>de</strong> três (3) horas cada, com<br />

intervalos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z (10) minutos a cada hora, durante sete (7) dias.<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s<br />

O gráfico da figura I e da tabela II apresentam os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> índice CPO-D, cuja média<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes caria<strong>do</strong>s, obtura<strong>do</strong>s, extraí<strong>do</strong>s e com extração indicada vai <strong>de</strong> 3,16 aos 7 anos até<br />

13,75 aos 14 anos.<br />

A tabela III e o gráfico da fig. II apresentam a Composição Percentual <strong>do</strong> Índice.<br />

Observamos que os componentes Caria<strong>do</strong>s (C), Extração Indicada (Ei), chamam<br />

atenção pelos percentuais e médias eleva<strong>do</strong>s, contrastan<strong>do</strong> com o componentes Obtura<strong>do</strong><br />

(O), sen<strong>do</strong> necessário admitir uma baixa ou insignificante assistência o<strong>do</strong>ntológica às escolas<br />

da cida<strong>de</strong>.


O Desvio Padrão, o Erro Padrão e o Intervalo <strong>de</strong> Confiança estão<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s na tabela IV.<br />

Das 4.068 crianças examinadas, somente 68 tiveram o CPO=0 (zero) isentos <strong>de</strong><br />

cárie, representan<strong>do</strong> 0,01%, que vem a confirmar uma regra extensiva a toda<br />

população, ou seja, que 95% já tiveram ou têm problemas <strong>de</strong>ntários.<br />

4. Conclusões e recomendações<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> levantamento epi<strong>de</strong>miológico da cárie <strong>de</strong>ntária, nos escolares da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Velho, indicam que a comunida<strong>de</strong> apresenta uma alta prevalência<br />

da <strong>do</strong>ença.<br />

Analisan<strong>do</strong> o atendimento das necessida<strong>de</strong>s o<strong>do</strong>ntológicas encontradas<br />

(C+Ei), em média 80% por escolar requereriam um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas.<br />

Não se configura praticável, entretanto a curto e médio prazo, a incorporação<br />

à força <strong>de</strong> trabalho da Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>do</strong>s quantitativos <strong>de</strong> recursos humanos<br />

o<strong>do</strong>ntológicos, teoricamente requeri<strong>do</strong>s para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s prevalentes e<br />

seus futuros incrementos.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o tratamento <strong>de</strong>ntário, à luz da tecnologia convencional<br />

disponível, é <strong>de</strong> alto custo, enquanto os programas oficiais <strong>de</strong> assistência apresentam<br />

escassa cobertura.<br />

Nesse contexto as medidas básicas mais viáveis e racionais para a<br />

sustentação <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong>ntária Incluiriam fundamentalmente:<br />

a) A implantação da fluoretação da água <strong>do</strong> abastecimento público, através da<br />

Companhia <strong>de</strong> Águas e Esgotos <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> - Caerd, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Velho;<br />

b) - A ênfase ao atendimento o<strong>do</strong>ntológico à criança escolar, nas escolas <strong>de</strong> Iº grau<br />

da re<strong>de</strong> oficial, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com recursos adquiri<strong>do</strong>s.<br />

Porto Velho, 30 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1976.<br />

Dr. José Freitas Atallah<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Oral<br />

Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Originais <strong>do</strong> primeiro<br />

levantamento epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong><br />

cáries em <strong>Rondônia</strong>.<br />

135


136<br />

Anexo <strong>de</strong> tabelas e gráficos com os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> inquérito<br />

Inquérito Piloto <strong>do</strong> índice CPO-D<br />

Distribuição da Amostra por ida<strong>de</strong>s em crianças <strong>de</strong> 7 a 14 anos<br />

Porto Velho – Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> - Novembro <strong>de</strong> 1976<br />

Média <strong>de</strong> Dentes Caria<strong>do</strong>s(C), Obtura<strong>do</strong>s (O), Extraí<strong>do</strong>s (Ex) e com Extração Indicada<br />

(Ei) e Irrompi<strong>do</strong>s (Pl)<br />

Resulta<strong>do</strong> colhi<strong>do</strong> em 4068 escolares<br />

Porto Velho - Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> - Novembro <strong>de</strong> 1976


Composição percentual <strong>do</strong> Índice CPO, resulta<strong>do</strong> colhi<strong>do</strong> em 4068 escolares<br />

na faixa etária <strong>de</strong> 7 a 14 anos<br />

Porto Velho - <strong>Rondônia</strong> - Novembro <strong>de</strong> 1976<br />

Desvio Padrão, Erro Padrão, Intervalo <strong>de</strong> Confiança <strong>do</strong> Índice CPO obti<strong>do</strong>s em 4068<br />

escolares, ambos os sexos segun<strong>do</strong> ida<strong>de</strong>s<br />

Porto Velho - Território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> - Novembro <strong>de</strong> 1976<br />

137


138<br />

Índice CPO-D, resulta<strong>do</strong> colhi<strong>do</strong> em 4068 escolares<br />

Grupo etário <strong>de</strong> 7 a 14 anos<br />

Porto Velho - <strong>Rondônia</strong> - Novembro <strong>de</strong> 1976<br />

Composição percentual <strong>do</strong> Índice CPO, resulta<strong>do</strong> colhi<strong>do</strong> em 4068 escolares na faixa<br />

etária <strong>de</strong> 7 a 14 anos<br />

Porto Velho - <strong>Rondônia</strong> - Novembro <strong>de</strong> 1976


Cárie <strong>de</strong>ntária<br />

Segun<strong>do</strong> a análise <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> Cárie <strong>de</strong>ntária no Brasil: <strong>de</strong>clínio, iniquida<strong>de</strong> e exclusão<br />

social44 , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos <strong>de</strong> 1980 houve um <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong> índice CPOD em to<strong>do</strong> o Brasil,<br />

provavelmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao acesso à água e creme <strong>de</strong>ntal fluora<strong>do</strong>s e às mudanças<br />

nos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal coletiva. A <strong>de</strong>speito da melhora, a distribuição da<br />

cárie ainda é <strong>de</strong>sigual. Os <strong>de</strong>ntes atingi<strong>do</strong>s por cárie passaram a se concentrar numa<br />

proporção menor <strong>de</strong> indivíduos. Além disso, não se alterou a proporção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

caria<strong>do</strong>s não trata<strong>do</strong>s. A redução das disparida<strong>de</strong>s socioeconômicas e medidas<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública dirigidas aos grupos mais vulneráveis permanecem como um<br />

<strong>de</strong>safio para to<strong>do</strong>s os que formulam e implementam as políticas públicas no Brasil.<br />

Há a contradição <strong>de</strong> um país on<strong>de</strong> não faltam <strong>de</strong>ntistas, mas on<strong>de</strong> a população<br />

não consegue fazer valer o seu direito <strong>de</strong> acesso aos cuida<strong>do</strong>s proporciona<strong>do</strong>s<br />

por esses profissionais. O sistema público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> respon<strong>de</strong> por apenas 24% <strong>do</strong>s<br />

atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos — e por 52% <strong>do</strong>s atendimentos não o<strong>do</strong>ntológicos.<br />

Em <strong>Rondônia</strong> o quadro não é diferente. O fato <strong>de</strong> não se ter um<br />

arquivo sistematiza<strong>do</strong> sobre os da<strong>do</strong>s da saú<strong>de</strong> bucal no Esta<strong>do</strong> é um reflexo<br />

da <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> nas medidas e nos planos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelas diferentes gestões<br />

estaduais e municipais ao longo <strong>do</strong>s anos. O quadro abaixo mostra os valores <strong>do</strong><br />

CPOD para o Brasil e para cada uma das cinco regiões brasileiras em 1986 e 2003,<br />

entre elas a situação <strong>do</strong> contexto da região Norte, on<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> está inserida.<br />

Observa-se que o <strong>de</strong>clínio ocorreu em todas as regiões.<br />

Até o presente momento não foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s comparativos a<br />

respeito <strong>de</strong> levantamentos da saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> em relação a outros esta<strong>do</strong>s<br />

da região Norte ou <strong>do</strong> país.<br />

44 Narvai PC, Frazão P, Roncalli AG, Antunes JLF. Cárie <strong>de</strong>ntária no Brasil: <strong>de</strong>clínio, iniquida<strong>de</strong> e exclusão<br />

social. Rev Panam Salud Publica. 2006;19(6):385–93.<br />

139


140<br />

Índice CPOD aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> em 1986 e 2003, segun<strong>do</strong> as regiões brasileiras


SÍMBOLOS DA ODONTOLOGIA NO BRASIL<br />

O símbolo da o<strong>do</strong>ntologia é o Caduceu <strong>de</strong> Esculápio, um bastão no qual uma serpente<br />

amarela <strong>de</strong> Esculápio, a Coluber aesculapii, se enrosca da direita para a esquerda,<br />

circunscrito em um círculo. Esse mo<strong>de</strong>lo simbólico foi proposto por Benjamin<br />

Constant Nunes Gonzaga, <strong>de</strong>ntista <strong>do</strong> exército, num artigo publica<strong>do</strong> em março <strong>de</strong><br />

1914, na Revista O<strong>do</strong>ntológica Brasileira (atual Revista da Associação Paulista <strong>de</strong><br />

Cirurgiões-Dentistas), sob o título ”O Emblema Simbólico da O<strong>do</strong>ntologia”. 45<br />

Mitologia Grega<br />

O bordão ou caduceu <strong>de</strong> Esculápio ou Asclépio é um símbolo antigo, relaciona<strong>do</strong><br />

com a astrologia e com a cura <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes através da medicina. Consiste <strong>de</strong> um<br />

bastão envolvi<strong>do</strong> por uma serpente. Esculápio (em latim: Aesculapius) era o <strong>de</strong>us<br />

romano da medicina e da cura. Foi herda<strong>do</strong> diretamente da mitologia grega, na<br />

qual tinha as mesmas proprieda<strong>de</strong>s, mas um nome sutilmente diferente: Asclépio<br />

(em grego: Ἀσκληπιός, transl. Asklēpiós).<br />

De acor<strong>do</strong> com a Mitologia Grega, Esculápio teria aprendi<strong>do</strong> a arte da<br />

cura com Quíron. Ele é costumeiramente representa<strong>do</strong> como um cirurgião na<br />

embarcação Argo, construída com a ajuda da <strong>de</strong>usa Atena. Esculápio era tão<br />

45 Informativo da Aca<strong>de</strong>mia Cearense <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, apud http://<strong>de</strong>repente<strong>de</strong>ntista.wordpress.<br />

com/2010/01/02/<strong>de</strong>-on<strong>de</strong>-vem-o-simbolo-da-o<strong>do</strong>ntologia/, acesso em 11.10.2011<br />

141


142<br />

habili<strong>do</strong>so nas artes médicas que ganhou a reputação <strong>de</strong> ter trazi<strong>do</strong> pacientes<br />

<strong>de</strong> volta <strong>do</strong>s mortos. Em virtu<strong>de</strong> disso, foi puni<strong>do</strong> e coloca<strong>do</strong> nos céus como a<br />

constelação Ofiúco (significan<strong>do</strong>: “o porta<strong>do</strong>r da serpente”, ou “O Serpentário”).<br />

Tal constelação fica entre Sagitário e Libra. 46<br />

O símbolo e a pedra da o<strong>do</strong>ntologia 47<br />

“Em 6 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1973, a Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>do</strong>s O<strong>do</strong>ntologistas, dan<strong>do</strong><br />

cumprimento ao estabeleci<strong>do</strong> no VIII Encontro <strong>do</strong>s Sindicatos <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong><br />

Brasil, criou um grupo <strong>de</strong> trabalho para <strong>de</strong>finir, <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>finitiva, o símbolo e a<br />

pedra da o<strong>do</strong>ntologia.<br />

O referi<strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> trabalho, nomea<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração Nacional<br />

<strong>do</strong>s O<strong>do</strong>ntologistas, Dr. Joaquim B. Ottoni Júnior, ficou assim constituí<strong>do</strong>: Presi<strong>de</strong>nte<br />

Dr. Cyro Rausis; membros Prof. Dr. Ernesto Salles Cunha e Prof. Dr. Ame<strong>de</strong>o Bobbio.<br />

Após aprofundada análise <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s, o grupo <strong>de</strong> trabalho<br />

apresentou o relatório que a seguir se transcreve integralmente:<br />

1. Em trabalho publica<strong>do</strong> na Revista O<strong>do</strong>ntológica Brasileira-2 (1): 9, março<br />

<strong>de</strong> 1914 sob o título “O Emblema Simbólico da O<strong>do</strong>ntologia”, Benjamim Constant<br />

Neves Gonzaga estu<strong>do</strong>u bem o assunto, como <strong>de</strong>ntista <strong>do</strong> exército,<br />

com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar o símbolo, para a o<strong>do</strong>ntologia, no corpo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

daquela instituição.<br />

2. Dos estu<strong>do</strong>s leva<strong>do</strong>s a efeito, então, surgiu a i<strong>de</strong>ia, que logo mereceu a<br />

aprovação, que o símbolo seria o caduceu, no qual a serpente amarela <strong>de</strong> Esculápio,<br />

a Coluber aesculapii, se enroscava da esquerda para a direita, circunscrita em<br />

um circulo. Seu autor <strong>de</strong>u a explicação necessária: “Medicina circunscrita”, isto é,<br />

“circunscrita à cavida<strong>de</strong> bucal”.<br />

3. Tal fato acha apoio na tradição e na história. Entre os atributos com<br />

que completava a estátua <strong>de</strong> Esculápio, o <strong>de</strong>us da medicina, existente no Museu<br />

<strong>do</strong> Vaticano, sobressai a serpente, que não significa a prudência, como muitos têm<br />

afirma<strong>do</strong>, senão a lembrança <strong>de</strong> um fato aconteci<strong>do</strong> a Esculápio, ao sair da casa<br />

<strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ente, para a qual tinha perdi<strong>do</strong> toda a esperança <strong>de</strong> salvação. Então<br />

46 Wikipédia, Bordão <strong>de</strong> Asclépio. Disponível em ; acesso em 11.10.2011<br />

47 Este trecho <strong>do</strong> texto é uma transcrição <strong>do</strong> artigo escrito pelo cirurgião-<strong>de</strong>ntista Ângelo D. Nardini, funda<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Grupo Brasileiro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Implantares. NARDINI, Ângelo D., Aca<strong>de</strong>mia Maranhense <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia<br />

(AMO) em Revista, edição especial, 2008, p. 48


cruzou com a serpente <strong>de</strong> cor amarela, não venenosa, que lhe cerrou passo. Esculápio,<br />

acreditan<strong>do</strong>-se ataca<strong>do</strong>, matou-a. Porém, no mesmo instante, se apresentou outra <strong>de</strong><br />

igual tamanho e cor, e então Esculápio observou que o réptil levava na boca uma<br />

planta, com a qual pô<strong>de</strong> curar a <strong>do</strong>ente <strong>de</strong>senganada. Des<strong>de</strong> então, a serpente<br />

foi a inseparável companheira <strong>do</strong> <strong>de</strong>us da medicina e apresenta-se enroscada em<br />

re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> bastão (Juan Timburus, cita<strong>do</strong> por Carréa, J. U. El Emblema O<strong>do</strong>ntológico<br />

Actas e trabalhos <strong>do</strong> III Cola (3): 364-370, 1929). As estátuas <strong>do</strong> Museu <strong>do</strong> Vaticano<br />

e <strong>de</strong> Corinto são preciosos <strong>do</strong>cumentos sobre o assunto.<br />

4. Frente ao exposto, parece lícito a<strong>do</strong>tar-se, oficialmente, as linhas gerais <strong>do</strong><br />

símbolo, que há mais <strong>de</strong> 60 anos vem representan<strong>do</strong> a nossa profissão.<br />

5. O <strong>de</strong>senho anexo a este relatório concretiza bem as i<strong>de</strong>ias expostas.<br />

Complementan<strong>do</strong> este relatório, fomos encontrar, na ata da reunião da<br />

comissão que constituiu o grupo <strong>de</strong> trabalho, os da<strong>do</strong>s referentes às cores <strong>do</strong> emblema.<br />

Com referenda ao caduceu, po<strong>de</strong>mos especificar que a serpente é <strong>de</strong> cor<br />

amarela, com estrias pretas, enrolan<strong>do</strong>-se da esquerda para a direita. O bastão <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ve figurar na cor marrom e o círculo ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cor grená.<br />

Relativamente à pedra <strong>do</strong> anel, há o Decreto <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1895, assina<strong>do</strong> pelo<br />

Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais, assim redigi<strong>do</strong>: “Artigo único: o distinctivo para<br />

os alunos que concluírem o curso o<strong>do</strong>ntológico das faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medicina será<br />

um granate engasta<strong>do</strong> em aro <strong>de</strong> ouro, representan<strong>do</strong> duas cobras entrelaçadas.”<br />

Devemos explicar que granate, como se lê no dicionário <strong>de</strong> Caldas Aulete, é o mesmo<br />

que granada.<br />

Até a atualida<strong>de</strong> este Decreto não foi revoga<strong>do</strong>. E o anel com duas cobras e<br />

uma granada, nas mais variadas concepções artísticas, tem figura<strong>do</strong> nas colações<br />

<strong>de</strong> grau <strong>de</strong> todas as faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Brasil e é usa<strong>do</strong> pelos cirurgiões<strong>de</strong>ntistas,<br />

nelas forma<strong>do</strong>s. Não há dúvida nenhuma <strong>de</strong> que o texto legal e a tradição<br />

firmaram a granada como a pedra oficial da o<strong>do</strong>ntologia em nossa terra.”<br />

Consolidação das Normas para Procedimentos nos <strong>Conselho</strong>s <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia,<br />

Título XI<br />

O <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia oficializou o Caduceu <strong>de</strong> Esculápio através<br />

<strong>do</strong> artigo 275 da Consolidação das Normas para Procedimentos nos <strong>Conselho</strong>s <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia:<br />

143


144<br />

Dos Símbolos da O<strong>do</strong>ntologia<br />

Art. 275. O Símbolo, o Anel e a Ban<strong>de</strong>ira da O<strong>do</strong>ntologia, têm as seguintes<br />

especificações e características:<br />

I - Símbolo: conterá o Caduceu <strong>de</strong> Esculápio, na cor grená, com a serpente <strong>de</strong><br />

cor amarela com estrias pretas no senti<strong>do</strong> diagonal, enrolan<strong>do</strong>-se da esquerda para a<br />

direita, e o conjunto, circunscrito em um círculo também na cor grená, conten<strong>do</strong> as<br />

seguintes dimensões e proporções:<br />

a) o bastão terá o comprimento <strong>de</strong> 9/10 <strong>do</strong> diâmetro interno <strong>do</strong> círculo,<br />

ten<strong>do</strong> na parte superior a largura <strong>de</strong> 2/10 <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> diâmetro e, na parte inferior<br />

1/10 <strong>do</strong> diâmetro cita<strong>do</strong>. Seus traços laterais serão retos. Apresentará, ainda, alguns<br />

pequenos segmentos <strong>de</strong> reta, no senti<strong>do</strong> vertical, para conferir-lhe caráter lenhoso.<br />

Suas extremida<strong>de</strong>s terão linhas curvas e, seu traça<strong>do</strong> externo, a largura <strong>de</strong> 1/20 <strong>do</strong><br />

diâmetro interno <strong>do</strong> círculo;<br />

b) a serpente em sua parte mais larga terá 1/10 <strong>do</strong> diâmetro interno <strong>do</strong><br />

círculo, e largura zero, na cauda. Enrolar-se-á no bastão <strong>de</strong> cima para baixo <strong>de</strong><br />

forma elíptica, passan<strong>do</strong> pela frente, por trás, pela frente e parte superior e inferior<br />

<strong>do</strong> bastão, respectivamente, ten<strong>do</strong> na parte superior e inferior <strong>do</strong> bastão a distância<br />

<strong>de</strong> 2/10 <strong>do</strong> diâmetro <strong>do</strong> círculo <strong>de</strong> cada extremida<strong>de</strong>. Ostentará na boca a sua língua<br />

bífida, guardadas as mesmas proporções;<br />

c) a largura <strong>do</strong> traça<strong>do</strong> <strong>do</strong> círculo terá 1/10 <strong>do</strong> seu diâmetro interno e os<br />

traços externos <strong>do</strong> bastão e da serpente terão largura <strong>de</strong> 1/20 <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> diâmetro.<br />

II - Anel: uma granada engastada em arco <strong>de</strong> ouro, representan<strong>do</strong> duas<br />

cobras entrelaçadas.<br />

III - Ban<strong>de</strong>ira: cor grená com um círculo branco no centro e no meio <strong>do</strong><br />

mesmo o caduceu com a cobra entrelaçada; com as seguintes dimensões: largura 2/3<br />

<strong>do</strong> seu comprimento e o diâmetro externo <strong>do</strong> círculo <strong>de</strong>verá ter o comprimento <strong>de</strong> 2/3<br />

da largura da ban<strong>de</strong>ira.


ÉTICA NA ODONTOLOGIA<br />

Ética é um termo que possui diversas <strong>de</strong>finições, entre elas o <strong>de</strong> ciência da conduta.<br />

As pessoas sabem, ou pelos menos intuem, o que ela significa, pois é fundamentada<br />

no bom mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> viver. Defini-la é uma tarefa difícil e po<strong>de</strong>ria nos privar <strong>de</strong> toda<br />

a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu significa<strong>do</strong> que ainda está por vir como consequência <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> pensamento humano.<br />

O Código <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica revela-se como um instrumento elabora<strong>do</strong><br />

para orientar a conduta <strong>do</strong>s cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas sobre os aspectos éticos da<br />

profissão. 48 Ele estabelece padrões espera<strong>do</strong>s na prática da o<strong>do</strong>ntologia, busca<br />

evi<strong>de</strong>nciar a natureza ética <strong>do</strong> trabalho e assegurar valores relevantes para a<br />

socieda<strong>de</strong> e para as práticas <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um padrão <strong>de</strong> conduta<br />

reconheci<strong>do</strong>.<br />

Na o<strong>do</strong>ntologia a ética é um relevante motivo para respeito e preocupação,<br />

especialmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao crescente número <strong>de</strong> profissionais forma<strong>do</strong>s na área e,<br />

consequentemente, da elevação da concorrência no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. De acor<strong>do</strong><br />

com Garcia e Caetano 49 a competição <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho o<strong>do</strong>ntológico<br />

é acirrada porque a “população <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas cresce cerca <strong>de</strong> 5,7% ao ano,<br />

48 GARCIA, Sidnei José, Mestre em O<strong>do</strong>ntologia em Saú<strong>de</strong> Coletiva – UFSC, Presi<strong>de</strong>nte - CRO-SC;<br />

CAETANO, João Carlos, Professor <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública – CCS/UFSC; O código <strong>de</strong> ética<br />

o<strong>do</strong>ntológica e suas infrações: um estu<strong>do</strong> sobre os processos ético - profissionais <strong>do</strong>s cirurgiões <strong>de</strong>ntistas <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina; O<strong>do</strong>ntologia. Clín.-Científ., Recife, 7 (4): 307-313, out/<strong>de</strong>z., 2008 ; disponível em<br />

, acesso em 7.9.2011;<br />

49 Ibid;<br />

145


146<br />

ao passo que o crescimento populacional é <strong>de</strong> 1,6%.” Uma das consequências <strong>de</strong>sse<br />

rápi<strong>do</strong> crescimento é a ausência <strong>de</strong> uma formação ético-profissional a<strong>de</strong>quada e<br />

o aumento da competitivida<strong>de</strong> que, em muitos casos, leva o cirurgião-<strong>de</strong>ntista a<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a dimensão ética da prática profissional e, com isso, <strong>de</strong>srespeitar as<br />

<strong>de</strong>terminações <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica.” 50<br />

A criação <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (CFO) e <strong>do</strong>s <strong>Conselho</strong>s<br />

Regionais <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (CROs), que regulamentam e fiscalizam o cumprimento<br />

da ética na profissão, foi fruto <strong>de</strong> um processo histórico que começou no Brasil<br />

colonial. 51 Em 1629, a Coroa Portuguesa, preocupada com o exercício das<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> curar “sem serem examinadas as pessoas que exerciam nela os ofícios<br />

<strong>de</strong> cirurgiões e barbeiros”, or<strong>de</strong>nou uma inspeção nos <strong>do</strong>mínios reais, bem como a<br />

reforma <strong>do</strong> Regimento <strong>do</strong> Ofício <strong>do</strong> Cirurgião Mor52 . Os sangra<strong>do</strong>res e tira<strong>de</strong>ntes<br />

eram ofícios exerci<strong>do</strong>s pelos barbeiros. Os primeiros cursos <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia foram<br />

cria<strong>do</strong>s somente no final <strong>do</strong> século XIX. Em 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964 foi promulgada a<br />

Lei 4.324, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964 que institui o <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral e os <strong>Conselho</strong>s<br />

Regionais <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia. Em 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1965, foi instala<strong>do</strong> o <strong>Conselho</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, em caráter provisório. Cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos mais tar<strong>de</strong> foi<br />

regulamentada a profissão <strong>de</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista, por meio da Lei 5.081, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1966. 53 Paralelamente os <strong>Conselho</strong>s Regionais <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia foram se<br />

estruturan<strong>do</strong> com o objetivo <strong>de</strong> supervisão da ética profissional, o zelo pelo perfeito<br />

<strong>de</strong>sempenho ético o<strong>do</strong>ntológico e pelo prestígio e bom conceito da profissão e <strong>do</strong>s<br />

que a exercem legalmente. 54<br />

Através <strong>do</strong>s <strong>Conselho</strong>s Regionais, hoje instaura<strong>do</strong>s em cada esta<strong>do</strong>, é<br />

possível controlar e julgar o cumprimento <strong>do</strong> código <strong>de</strong> ética profissional cria<strong>do</strong> e<br />

sanciona<strong>do</strong> pela autarquia. A Comissão <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica é uma das comissões<br />

permanentes <strong>do</strong>s CROs, conforme <strong>de</strong>terminação da Lei n. 4.324. Suas atribuições<br />

foram regulamentadas pelo Decreto 68.704/1971, através da combinação <strong>do</strong>s<br />

artigos 12 e 15 <strong>de</strong>sse. Os integrantes da comissão são nomea<strong>do</strong>s na primeira reunião<br />

50 Ibid;<br />

51 Disponível em: , acesso em 6.9.2011;<br />

52 MENEZES, José Dilson Vasconcelos <strong>de</strong>; Fatos históricos da o<strong>do</strong>ntologia; Aca<strong>de</strong>mia Maranhense <strong>de</strong><br />

O<strong>do</strong>ntologia (AMO) em Revista, edição especial, 2008, São Luís, p. 57;<br />

53 Disponível em: ,<br />

acesso em 6.9.2011;<br />

54 Ibid;


plenária <strong>de</strong> conselheiros eleitos para cada mandato <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos. A Comissão <strong>de</strong><br />

Ética é constituída por conselheiros suplentes e cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas <strong>de</strong>vidamente<br />

inscritos no conselho regional da jurisdição a que pertencem. As suas atribuições<br />

são: processar e julgar <strong>de</strong>núncias e reclamações éticas, assim como a violação <strong>do</strong>s<br />

procedimentos éticos <strong>do</strong> ofício constata<strong>do</strong>s pela autarquia.<br />

O Código <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica em vigor foi aprova<strong>do</strong> pela Resolução CFO<br />

n. 42, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2003. Devi<strong>do</strong> às rápidas mudanças ocorridas nos meios <strong>de</strong><br />

comunicação e <strong>de</strong>senvolvimento das pesquisas científicas o código sofreu alterações<br />

ao longo das últimas décadas. De acor<strong>do</strong> com Francisco Caixeta 55 , a o<strong>do</strong>ntologia<br />

nacional dispôs <strong>de</strong> vários códigos <strong>de</strong> ética. O primeiro Código <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica<br />

é anterior à criação <strong>do</strong>s <strong>Conselho</strong>s Fe<strong>de</strong>ral e Regionais <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, ten<strong>do</strong><br />

si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> pela União O<strong>do</strong>ntológica Brasileira, pre<strong>de</strong>cessora da Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, no VI Congresso Brasileiro <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, em<br />

Fortaleza - CE, no ano <strong>de</strong> 1957; entretanto, o código teve o efeito <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong><br />

“acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> cavalheiros”, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à inexistência <strong>de</strong> um órgão autoriza<strong>do</strong> a exercer a<br />

fiscalização da atuação <strong>do</strong>s profissionais da área o<strong>do</strong>ntológica. Somente através da<br />

Resolução CFO n. 59/71, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1971, surgiu o primeiro Código <strong>de</strong> Ética<br />

O<strong>do</strong>ntológica que foi cria<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> pelo <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia.<br />

Após a vigência <strong>de</strong> cinco anos, esse segun<strong>do</strong> código, o primeiro aprova<strong>do</strong> pelo<br />

CFO, foi revoga<strong>do</strong> pela Resolução CFO n. 95/76, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1976, publicada<br />

no Diário Oficial da União <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1976. Contu<strong>do</strong>, esse terceiro Código<br />

<strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica teve uma curta duração porque cinco meses <strong>de</strong>pois a<br />

Resolução CFO n. 102/76, <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1976, revogou o mesmo e sancionou<br />

outro que permaneceu em vigência até o final <strong>de</strong> 1983. Em 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1984, <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com o disposto no artigo 3º da Resolução CFO n. 151/83, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1983 e, redundantemente, o artigo 43 <strong>do</strong> código aprova<strong>do</strong> pela mesma resolução,<br />

entrou em vigor um novo Código <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica, que permaneceu até 31 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1991. No dia 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1992, entrou em vigor o sexto Código <strong>de</strong><br />

Ética O<strong>do</strong>ntológica, estabeleci<strong>do</strong> pela Resolução CFO n. 179/91 56 .<br />

55 CAIXETA, Francisco Carlos Távora <strong>de</strong> Albuquerque. Da responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista. In:<br />

Âmbito Jurídico, Rio Gran<strong>de</strong>, 57, 30/09/2008 [Internet]. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/<br />

site/in<strong>de</strong>x.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3104. Acesso em 07/09/2011;<br />

56 MENEZES, José Dílson Vasconcelos <strong>de</strong>. Códigos <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica. Jornal <strong>do</strong> CFO. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Ano VI, Nº. <strong>25</strong>, out. 1998, p.1-2.<br />

147


148<br />

Ao to<strong>do</strong>, até o presente, contan<strong>do</strong>-se com o código em vigor, <strong>de</strong> 2003, assim como<br />

o código <strong>de</strong> ética aprova<strong>do</strong> pela União O<strong>do</strong>ntológica Brasileira, elabora<strong>do</strong> antes <strong>do</strong><br />

surgimento <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia - 1957, foram chancela<strong>do</strong>s seis<br />

códigos em <strong>de</strong>corrência das seguintes resoluções: n. 59/71, n. 95/76, n. 102/76, n.<br />

151/83, n. 179/91, com vigor, respectivamente, <strong>de</strong> 1971 a 1976, <strong>de</strong> 1976 a 1983, <strong>de</strong><br />

1984 a 1991 e <strong>de</strong> 1992 até 2003. O atual Código <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica está basea<strong>do</strong><br />

no relatório final da III Conferência Nacional <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica - III Coneo,<br />

realizada em Florianópolis - SC, pelo <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral e <strong>Conselho</strong>s Regionais<br />

<strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002. Esse teve o texto <strong>do</strong> Capítulo XIV – Da<br />

Comunicação altera<strong>do</strong> através da Resolução CFO n. 71, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2006 57 .<br />

Os primeiros códigos <strong>de</strong> ética foram elabora<strong>do</strong>s por comissões constituídas<br />

para esse fim. Posteriormente sua elaboração passou a ser fruto <strong>de</strong> conferências<br />

constituídas por diversas entida<strong>de</strong>s representativas, tornan<strong>do</strong>-se mais próximo<br />

da realida<strong>de</strong> vivida pelos profissionais da área. O código, embora seja <strong>de</strong>stina<strong>do</strong><br />

a orientar a conduta ética profissional, também traz em seu conteú<strong>do</strong> propostas<br />

prescritivas e referências a aspectos formais, como o conteú<strong>do</strong> das propagandas e<br />

as penas previstas às infrações, que não sentenciam ou <strong>de</strong>notam conteú<strong>do</strong> moral. 58<br />

O código <strong>de</strong> ética é a linha que conduz o comportamento profissional,<br />

mas a consciência é a raiz da conduta ética que faz com que o cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

possua a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir entre o bem e o mal - cabe observar que agir<br />

eticamente é ter condutas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o bem. Todavia, <strong>de</strong>finir o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse<br />

bem é problema à parte, pois é uma concepção que se transforma pelos tempos 59 .<br />

A ética <strong>de</strong>ve imprimir no profissional a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar uma consciência<br />

<strong>de</strong> relação, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> na personalida<strong>de</strong> o respeito incondicional aos direitos<br />

fundamentais. 60<br />

57 CAIXETA, op. cit.<br />

58 PYRRHO, Monique; PRADO, Mauro Macha<strong>do</strong> <strong>do</strong>; CORDÓN, Jorge e GARRAFA, Volnei. Análise bioética<br />

<strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Ética O<strong>do</strong>ntológica brasileiro. Ciênc. saú<strong>de</strong> coletiva [online]. 2009, vol.14 n.5. Acesso em 7/9/2011,<br />

pp. 1911-1918. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232009000500033&script=sci_<br />

arttext. Acesso em 07/09/2011;<br />

59 COSTA, Denise Silva; GAMA, Janaína Diniz da et al. Ética, Moral e Bioética. Jus Navigandi, Teresina, ano<br />

2, n. 21, 19 nov. 1997. Disponível em: . Acesso em: 5 set. 2011.<br />

60 GARCIA, Sidnei José, Mestre em O<strong>do</strong>ntologia em Saú<strong>de</strong> Coletiva – UFSC, Presi<strong>de</strong>nte - CRO-SC;<br />

CAETANO, João Carlos, Professor <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública – CCS/UFSC; O código <strong>de</strong> ética<br />

o<strong>do</strong>ntológica e suas infrações: um estu<strong>do</strong> sobre os processos ético - profissionais <strong>do</strong>s cirurgiões <strong>de</strong>ntistas <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina; O<strong>do</strong>ntologia. Clín.-Científ., Recife, 7 (4): 307-313, out/<strong>de</strong>z., 2008 ; disponível em<br />

, acesso em 7.9.2011;


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE<br />

ODONTOLOGIA - SEÇÃO RONDÔNIA<br />

A Associação Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia, sob a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ração<br />

O<strong>do</strong>ntológica Brasileira (FOB), tem suas<br />

origens em 1917. Sua função é congregar<br />

os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas nos âmbitos social<br />

e científico. Por essa razão colabora com o<br />

melhoramento da saú<strong>de</strong> bucal brasileira.<br />

No Brasil há 232 mil <strong>de</strong>ntistas associa<strong>do</strong>s.<br />

Em <strong>Rondônia</strong> a Associação formou cerca <strong>de</strong><br />

80% <strong>do</strong>s cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas especialistas <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e permanece como um <strong>do</strong>s referenciais<br />

na formação científica especializada na região<br />

Norte <strong>do</strong> Brasil.<br />

A Associação Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia – Seção <strong>Rondônia</strong> (ABO-RO)<br />

foi fundada em 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1984. A reunião para criação da entida<strong>de</strong> ocorreu<br />

no salão nobre da Associação Comercial <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>, em Porto Velho. O evento<br />

foi presidi<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Amazonas,<br />

Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes e resultou na formação <strong>de</strong> uma comissão constituída por<br />

cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas com a incumbência <strong>de</strong> elaborar o estatuto da associação, marcar<br />

a primeira assembleia para apresentação <strong>de</strong>sse <strong>do</strong>cumento, acolher sua aprovação<br />

e realizar os procedimentos necessários para eleição da diretoria. Os membrosfunda<strong>do</strong>res,<br />

participantes da comissão foram: Albanize Ferreira da Silva Cavalcante,<br />

Andrew Lemos Pacheco, Bruno <strong>de</strong> Conti, Francisco Andreolli, Ílio Fernan<strong>de</strong>s Duarte,<br />

Lester Pontes <strong>de</strong> Menezes, Maria Eliza <strong>de</strong> Aguiar e Silva e Silvio José Cavallari.<br />

Se<strong>de</strong> da ABO-Seção<br />

<strong>Rondônia</strong>,<br />

Porto Velho.<br />

Foto: Acervo ABO-RO<br />

149


Cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

Marco Aurélio Blaz<br />

Vasquez, Secretário<br />

Geral da ABO Nacional.<br />

Foto: Arquivo pessoal <strong>do</strong><br />

cirurgião-<strong>de</strong>ntista<br />

150<br />

A primeira eleição para a diretoria da ABO-RO ocorreu nas <strong>de</strong>pendências da<br />

biblioteca Francisco Meirelles por convocação da <strong>de</strong>legada <strong>do</strong> CRO-AM em 4<br />

<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1984. A diretoria foi empossada no dia 14 <strong>de</strong> maio. Os cirurgiões<strong>de</strong>ntistas<br />

Andrew Lemos Pacheco e Francisco das Chagas Me<strong>de</strong>iros foram<br />

eleitos, respectivamente, os primeiros presi<strong>de</strong>nte e vice-presi<strong>de</strong>nte da instituição.<br />

Estabeleceu-se que a se<strong>de</strong> provisória da Associação seria o ambiente <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong><br />

<strong>Regional</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> Amazonas.<br />

Sua escola <strong>de</strong> educação continuada, UniABO, foi criada em 1998 na gestão<br />

<strong>do</strong> cirurgião-<strong>de</strong>ntista Marco Antônio Queirós.<br />

Durante vários anos a Associação funcionou em uma se<strong>de</strong> provisória<br />

localizada na Rua Dom Pedro II n. 1407, Porto Velho. Em 2004, durante a gestão<br />

<strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte, cirurgião-<strong>de</strong>ntista Leandro Claro <strong>de</strong> Faria, a ABO-RO adquiriu<br />

um terreno <strong>de</strong> aproximadamente 1600 m² na Rua Sena<strong>do</strong>r Álvaro Maia n. 3471<br />

e iniciou a construção da se<strong>de</strong> própria em 2005. Suas obras foram concluídas e<br />

inauguradas em 2009, durante a gestão <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte cirurgião-<strong>de</strong>ntista Paulo<br />

Jorge Alves.<br />

No aspecto da política classista da o<strong>do</strong>ntologia a Associação se constituiu<br />

em um referencial, pois o cirurgião-<strong>de</strong>ntista Marco Aurélio Blaz Vasques,<br />

que ocupou os cargos <strong>de</strong> Diretor da Escola da ABO-RO entre 2005 e 2007, <strong>de</strong><br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Nacional das Escolas ABO e <strong>de</strong> Vice-Presi<strong>de</strong>nte da ABO Nacional<br />

para a região Norte, é atualmente o Secretário Geral da ABO Nacional. No Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> Marco Aurélio também foi Vice-Presi<strong>de</strong>nte da representação regional<br />

da Associação <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia em Cacoal e, no ano <strong>de</strong> 2010, exerceu a função <strong>de</strong><br />

Secretário Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cacoal. Durante sua gestão aumentou três vezes<br />

o número <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que prestam atendimento no município e em<br />

cinco vezes o número <strong>de</strong> atendimentos o<strong>do</strong>ntológicos realiza<strong>do</strong>s nos hospitais e<br />

nos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Durante esse perío<strong>do</strong> também foi cria<strong>do</strong> o primeiro prontosocorro<br />

o<strong>do</strong>ntológico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, com funcionamento 24 horas.


FACULDADES DE ODONTOLOGIA EM<br />

RONDÔNIA<br />

Faculda<strong>de</strong>s Integradas Aparício Carvalho - Fimca<br />

A Fimca, localizada em Porto Velho, foi a primeira instituição <strong>de</strong> ensino superior a<br />

obter a autorização para o funcionamento <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> bacharela<strong>do</strong> em o<strong>do</strong>ntologia<br />

no Esta<strong>do</strong>. A autorização para reconhecimento <strong>do</strong> curso foi obtida através da<br />

Portaria Ministerial n. 4.021, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003. Entre os funda<strong>do</strong>res estão<br />

Aparício Carvalho <strong>de</strong> Moraes e Maria Silvia Fonseca Ribeiro Carvalho <strong>de</strong> Moraes,<br />

que obtiveram a autorização para funcionamento da faculda<strong>de</strong> em novembro <strong>de</strong><br />

1997.<br />

Aparício Carvalho é médico psiquiatra com diversas especializações, um<br />

vasto currículo no cenário político <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e<br />

Diretor-Geral da Fimca. Maria Sílvia é graduada<br />

em: economia, história, direito e jornalismo e<br />

pós-graduada em diversas áreas. Ela ocupou<br />

cargos públicos no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> antes <strong>de</strong><br />

participar ativamente na criação das Faculda<strong>de</strong>s<br />

Integradas, on<strong>de</strong> exerce o cargo <strong>de</strong> vice-diretora.<br />

De acor<strong>do</strong> com Aparício a proposta <strong>de</strong><br />

criação <strong>de</strong> uma faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia em <strong>Rondônia</strong> surgiu da constatação <strong>de</strong><br />

que os estudantes, quan<strong>do</strong> completavam o ensino médio, tinham que se mudar para<br />

outros esta<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> fazer um curso <strong>de</strong> graduação na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. As famílias ,<br />

Se<strong>de</strong> da Fimca em<br />

Porto Velho.<br />

151


Instalações da Fimca.<br />

Aparício <strong>de</strong> Carvalho e<br />

Maria Sílvia Carvalho.<br />

152<br />

que não tinham recursos financeiros para arcar com os<br />

custos <strong>de</strong>sses estu<strong>do</strong>s, fora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, eram preteridas.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, havia uma crescente <strong>de</strong>manda pela<br />

contratação <strong>de</strong> profissionais <strong>do</strong> setor. Ao observar esse<br />

contexto a Fimca, fundada em 1998, <strong>de</strong>cidiu investir<br />

na formação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> graduação em saú<strong>de</strong> com a<br />

abertura <strong>de</strong> vagas para graduação em o<strong>do</strong>ntologia no<br />

ano <strong>de</strong> 1998.<br />

A primeira turma <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas forma<strong>do</strong>s pela Fimca colou grau<br />

no dia 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002 e era composta por 18 acadêmicos.<br />

Des<strong>de</strong> então a periodicida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas são<br />

semestral. Cerca <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong>s alunos são oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e boa parte<br />

retorna para sua cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem, ten<strong>do</strong> em vista que a região Norte ainda é carente<br />

no número absoluto <strong>de</strong> profissionais. Existe também a <strong>de</strong>manda por o<strong>do</strong>ntólogos<br />

no setor <strong>de</strong> consultorias para empresas assim como em órgãos públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

universida<strong>de</strong>s e hospitais.<br />

Faculda<strong>de</strong> São Lucas<br />

A Faculda<strong>de</strong> São Lucas, Porto Velho, foi cre<strong>de</strong>nciada no Ministério da Educação em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999, e teve suas ativida<strong>de</strong>s iniciadas no ano <strong>de</strong> 2000. A instituição se<br />

originou <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Maria Coelho Aguiar (Cemca), funda<strong>do</strong> em 1994 por<br />

meio <strong>de</strong> um convênio com a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taubaté (Unitau) – SP, para ministrar


cursos <strong>de</strong> pós-graduação, lato sensu, em algumas<br />

áreas da o<strong>do</strong>ntologia. Os cursos eram volta<strong>do</strong>s<br />

para o nível <strong>de</strong> especialização, direciona<strong>do</strong>s<br />

à área profissional, <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>. A primeira<br />

turma <strong>de</strong> especialistas forma<strong>do</strong>s na instituição<br />

foi composta por 22 cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas que se<br />

especializaram em áreas como prótese, orto<strong>do</strong>ntia,<br />

implanto<strong>do</strong>ntia, entre outras especialida<strong>de</strong>s. Na<br />

época a instituição, inova<strong>do</strong>ra no Esta<strong>do</strong>, reconhecida pelo Ministério<br />

da Educação, chegou a causar certa polêmica, porém com o passar<br />

<strong>do</strong> tempo houve a compreensão da i<strong>do</strong>neida<strong>de</strong> da instituição, criada<br />

com o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> busca da transformação da realida<strong>de</strong> em benefício da<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

Como o Cemca foi cria<strong>do</strong> em compatibilida<strong>de</strong> com as normas<br />

<strong>do</strong> Ministério da Educação a Faculda<strong>de</strong> São Lucas continuou a utilizar<br />

o mesmo Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) <strong>do</strong> centro que lhe <strong>de</strong>u<br />

origem e continua a manter o convênio com a Unitau. Sua funda<strong>do</strong>ra, e atual<br />

Diretora-Geral, é a cirurgiã-<strong>de</strong>ntista Maria Eliza <strong>de</strong> Aguiar e Silva que migrou <strong>de</strong><br />

São Paulo para Porto Velho em 1984, época em que a cida<strong>de</strong> possuía apenas 20<br />

cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas. Nesse mesmo ano ela foi membro-funda<strong>do</strong>ra da Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia (ABO) – Seção <strong>Rondônia</strong>, on<strong>de</strong> várias jornadas e cursos<br />

<strong>de</strong> atualização foram realiza<strong>do</strong>s.<br />

A autorização para o funcionamento <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> curso <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> foi expedida através da Portaria Ministerial n. 3.243 <strong>de</strong> 26.11.2002 e<br />

teve seu ato <strong>de</strong> reconhecimento através da Portaria Ministerial n. 193 <strong>de</strong> 6.2.2009.<br />

A habilitação em bacharela<strong>do</strong> tem funcionamento em regime integral. Segun<strong>do</strong><br />

Eliza Aguiar a faculda<strong>de</strong> cresceu rapidamente e, atualmente, conta com mais <strong>de</strong><br />

320 acadêmicos. A formação <strong>de</strong> cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas na região Norte representa<br />

uma contribuição para o melhoramento da saú<strong>de</strong> bucal da população, que ainda<br />

requer muita atenção. Uma situação que difere <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s centros <strong>do</strong> país. A<br />

instituição mantém sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino através da contratação <strong>de</strong> profissionais<br />

experientes, categoriza<strong>do</strong>s e titula<strong>do</strong>s e aquisição <strong>de</strong> equipamentos mo<strong>de</strong>rnos<br />

para laboratórios <strong>de</strong> última geração. Além <strong>do</strong> investimento em infraestrutura há<br />

Se<strong>de</strong> da São Lucas em<br />

Porto Velho.<br />

Maria Eliza <strong>de</strong> Aguiar e<br />

Silva.<br />

153


Instalações da<br />

Faculda<strong>de</strong> São Lucas.<br />

Instalações da Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia da<br />

Facimed, Cacoal. Ainda<br />

em processo <strong>de</strong><br />

expansão.<br />

154<br />

a promoção <strong>de</strong> palestras e <strong>de</strong>bates com convida<strong>do</strong>s vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diversas partes <strong>do</strong><br />

Brasil.<br />

A faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia da São Lucas oferece cursos <strong>de</strong> especialização<br />

em: o<strong>do</strong>ntopediatria, en<strong>do</strong><strong>do</strong>ntia, prótese <strong>de</strong>ntária, orto<strong>do</strong>ntia e cursos <strong>de</strong><br />

atualização em cirurgia, prótese e en<strong>do</strong><strong>do</strong>ntia. Os primeiros cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas,<br />

22 bacharéis, forma<strong>do</strong>s pela faculda<strong>de</strong>, tiveram a solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colação <strong>de</strong> grau<br />

realizada no dia 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2007. A periodicida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> cirurgiões<strong>de</strong>ntistas<br />

é semestral.<br />

Anualmente a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia da instituição realiza a Jornada<br />

O<strong>do</strong>ntológica Acadêmica, que em 2011 teve sua 9ª edição. O evento é um <strong>do</strong>s<br />

maiores encontros <strong>de</strong> acadêmicos e profissionais da o<strong>do</strong>ntologia no Esta<strong>do</strong>.<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Biomédicas <strong>de</strong><br />

Cacoal - Facimed<br />

A Facimed iniciou suas ativida<strong>de</strong>s em março<br />

<strong>de</strong> 2001, após o cre<strong>de</strong>nciamento pela Portaria<br />

Ministerial n. 2.810, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

2001. Em 2007 foram abertas as vagas para<br />

bacharela<strong>do</strong> em o<strong>do</strong>ntologia, com autorização<br />

para funcionamento <strong>do</strong> curso através da<br />

Portaria Ministerial n. 88 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007. Seus funda<strong>do</strong>res são: Divino<br />

Car<strong>do</strong>so Campos, atual presi<strong>de</strong>nte da Facimed, Daniela Shintani Akaki, Edson


Takashi Akaki, Nelson Mangueira Rodrigues <strong>de</strong> Souza,<br />

Rosimarcia Lenzi, Si<strong>de</strong>lvano Campos, Maria da Penha Lenci<br />

Campos (in memoriam), Marcos Vieira Marques e Sandra Maria<br />

Veloso Carrijo Marques. Sandra Marques é a atual diretora da<br />

Facimed; professora há 30 anos, já exerceu inúmeros cargos<br />

em administração educacional, entre eles o cargo <strong>de</strong> Secretária<br />

<strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong>.<br />

A diretora relata que a faculda<strong>de</strong> nasceu com aptidão<br />

para ministrar cursos volta<strong>do</strong>s à área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Situada no centro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

a instituição é frequentada por acadêmicos ron<strong>do</strong>nienses e <strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>s<br />

brasileiros. Segun<strong>do</strong> Sandra Marques a instituição tem o perfil para tornar-se<br />

um centro <strong>de</strong> atendimento médico e o<strong>do</strong>ntológico em <strong>Rondônia</strong> com vistas a<br />

<strong>de</strong>scentralizar os serviços médicos especializa<strong>do</strong>s que são concentra<strong>do</strong>s na<br />

capital. De acor<strong>do</strong> com o cirurgião-<strong>de</strong>ntista Marcos Vieira, sócio funda<strong>do</strong>r da<br />

Facimed, a busca por um ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> com profissionais qualifica<strong>do</strong>s<br />

faz com que a instituição contrate <strong>do</strong>centes que, semanalmente, se <strong>de</strong>slocam <strong>de</strong><br />

outras cida<strong>de</strong>s para ministrar aulas. Além disso, o curso <strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia possui<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e é o único ministra<strong>do</strong> no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

A primeira turma <strong>de</strong> forman<strong>do</strong>s cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas, composta por<br />

45 estudantes, colou grau em 18 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011. Muitos <strong>de</strong>sses bacharéis<br />

já foram inseri<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. A periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

turmas é semestral. A maioria <strong>do</strong>s estudantes é oriunda <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Rondônia</strong> e, após a formatura, retornam para seus municípios <strong>de</strong> origem com<br />

boas perspectivas <strong>de</strong> serem absorvi<strong>do</strong>s pelo merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho local.<br />

Instalações da faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> o<strong>do</strong>ntologia da<br />

Facimed.<br />

Marcos Vieira Marques e<br />

Sandra Maria Marques.<br />

155

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!