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Júlio Cézar Mendes de Souza - Programa de Pós-Graduação em ...

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JÚLIO CÉSAR MENDES DE SOUZA<br />

TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO PROCESSO SUCESSÓRIO ENTRE<br />

PRODUTORES DE LEITE EM DOIS MUNICÍPIOS RURAIS DE MINAS<br />

GERAIS<br />

VIÇOSA<br />

MINAS GERAIS - BRASIL<br />

2013<br />

Dissertação apresentada à<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa,<br />

como parte das exigências do<br />

<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong><br />

Extensão Rural, para obtenção do<br />

título <strong>de</strong> Magister Scientiae.


Ficha catalográfica preparada pela Seção Catalogação e Classificação da<br />

Biblioteca Central da UFV<br />

<strong>Souza</strong>, <strong>Júlio</strong> César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong>, 1980<br />

Tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no processo sucessório entre<br />

produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> dois municípios rurais <strong>de</strong> Minas Gerais / <strong>Júlio</strong><br />

César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. – Viçosa, MG, 2013.


JÚLIO CÉSAR MENDES DE SOUZA<br />

TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO PROCESSO SUCESSÓRIO ENTRE<br />

PRODUTORES DE LEITE EM DOIS MUNICÍPIOS RURAIS DE MINAS<br />

GERAIS<br />

APROVADA:<br />

Dissertação apresentada à<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa,<br />

como parte das exigências do<br />

<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong><br />

Extensão Rural, para obtenção do<br />

título <strong>de</strong> Magister Scientiae.<br />

________________________________ ______________________________<br />

Cláudia Maria Miranda Araújo Pereira Nei<strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> Almeida Pinto<br />

________________________________________________<br />

Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza<br />

(Orientadora)


Aos meus pais Maria Laura <strong>Men<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> e José Mrad <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>, que estiveram<br />

presentes <strong>em</strong> todos os momentos <strong>de</strong> minha vida e me ensinaram a viver com dignida<strong>de</strong>.<br />

ii


AGRADECIMENTOS<br />

A Deus, pela vida, saú<strong>de</strong>, família e pelos amigos.<br />

A Danielle, pelo amor, companheirismo e paciência.<br />

À minha orientadora Professora Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza, pela <strong>de</strong>dicação,<br />

paciência, pelos incentivos e conhecimentos compartilhados, que proporcionaram meu<br />

crescimento pessoal e profissional.<br />

À CAPES e ao IF Su<strong>de</strong>ste-MG, pelo projeto MINTER <strong>em</strong> parceria com o<br />

<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong> Extensão Rural da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa e<br />

corpo <strong>de</strong> docentes, <strong>em</strong> especial aos Professores Nora Beatriz Presno Amo<strong>de</strong>o, France<br />

Maria Gontijo e Marco Aurelio Ferreira (Departamento <strong>de</strong> Administração).<br />

Ao senhor Paulo Pio e aos técnicos da EMATER Leonardo Henrique F.<br />

Calsavara (Coronel Xavier Chaves) e Euri<strong>de</strong>s José Cominetti (Silveirânia), pela<br />

disponibilida<strong>de</strong> e ajuda com a logística das entrevistas.<br />

Ao meu gran<strong>de</strong> amigo Antônio Cleber, pela hospedag<strong>em</strong> e apresentação aos<br />

produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

Aos ex-presi<strong>de</strong>ntes da APLEI Antônio Nunes da Silva e José Antônio Resen<strong>de</strong><br />

e ao presi<strong>de</strong>nte da APRUS José Silvério do Nascimento Líbero, pela autorização e pelo<br />

apoio para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />

À secretária da APRUS Jussandra, pela disponibilida<strong>de</strong> e cordialida<strong>de</strong>.<br />

A todos os produtores que participaram <strong>de</strong>ste trabalho, s<strong>em</strong> os quais não teria<br />

sido possível a concretização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

A Patrícia Nascimento e Érika Amorin, por estar<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre dispostas a ajudar.<br />

Ao Cuco, amigo e o mais “figura” <strong>de</strong> todos - apesar do ronco, s<strong>em</strong> ele o quarto<br />

não seria o mesmo.<br />

A todos os funcionários do Hotel CEE, pela cordialida<strong>de</strong>.<br />

À Valéria, amiga e companheira <strong>de</strong> viag<strong>em</strong>, pela amiza<strong>de</strong>.<br />

Ao Gustavo, pela valorosa ajuda com o SPSS.<br />

Ao GERAR (Grupo <strong>de</strong> Estudos Rurais, Agriculturas e Ruralida<strong>de</strong>s), pelas<br />

contribuições <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o projeto até a conclusão da dissertação.<br />

auxílios.<br />

À minha coorientadora Professora Nora Presno Amo<strong>de</strong>o, pelos preciosos<br />

iii


À minha também coorientadora Cláudia Maria Miranda, pelas contribuições<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da escolha do t<strong>em</strong>a para o projeto até a sua conclusão.<br />

Aos meus colegas do Minter, do Mestrado <strong>em</strong> Extensão Rural e da disciplina<br />

ADM663, pelo companheirismo.<br />

A Anízia, Carminha e Romildo, pela cordialida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre.<br />

iv


SUMÁRIO<br />

LISTA DE TABELAS .................................................................................. vi<br />

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................ ix<br />

LISTA DE QUADRO ................................................................................. xi<br />

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................. xii<br />

RESUMO ...................................................................................................... xiii<br />

ABSTRACT .................................................................................................. xv<br />

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 01<br />

1.1 Características dos municípios pesquisados ........................................ 04<br />

1.2 Procedimentos metodológicos ............................................................... 10<br />

1.2.1 Hipóteses ............................................................................................... 11<br />

1.2.2 Amostrag<strong>em</strong> ......................................................................................... 12<br />

1.2.3 As entrevistas ....................................................................................... 13<br />

1.2.4 Regressão .............................................................................................. 14<br />

1.2.5 Análise exploratória dos dados, qui-quadrado e teste t ................... 16<br />

CAPÍTULO I ................................................................................................<br />

FATORES INTERVENIENTES NA SUCESSÃO NAS UNDIDADES<br />

18<br />

PRODUTIVAS DE LEITE ..........................................................................<br />

1.1 A influência dos costumes e tradições sobre o processo sucessório.... 19<br />

1.1.1 O Minorato e a morgadia ................................................................... 20<br />

1.1.2 Gênero e casamento .............................................................................<br />

1.2 A influência dos fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sobre o processo<br />

23<br />

sucessório .......................................................................................................<br />

1.2.1 A influência da tecnologia e do associativismo na produção<br />

25<br />

leiteira ............................................................................................................<br />

1.2.2 Crédito .................................................................................................. 31<br />

1.2.3 A relativização do tamanho da proprieda<strong>de</strong> para a sucessão e a<br />

influência da proximida<strong>de</strong> dos centros urbanos e do acesso à<br />

escolarida<strong>de</strong> ...................................................................................................<br />

CAPÍTULO II ............................................................................................... 36<br />

A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E DAS PRÁTICAS<br />

DE CAPACITAÇÃO PARA A SUCESSÃO NA PECUÁRIA<br />

LEITEIRA .................................................................................................... 36<br />

2.1 A situação da eficiência produtiva nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite<br />

pesquisadas .................................................................................................... 46<br />

CAPÍTULO III ............................................................................................. 56<br />

O PROCESSO SUCESSÓRIO NAS UNDIADES PRODUTORAS DE<br />

LEITE DE SILVEIRÂNIA E CORONEL XAVIER CHAVES .............. 56<br />

3.1 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com sucessor<br />

<strong>de</strong>finido .......................................................................................................... 58<br />

3.2 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor .............................................................................. 68<br />

3.3 Apresentação e análise dos dados sobre a percepção dos filhos dos<br />

produtores .....................................................................................................<br />

3.3.1 Fatores causais sobre o processo sucessório ...................................... 83<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 86<br />

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 90<br />

APÊNDICE ................................................................................................... 96<br />

v<br />

18<br />

28<br />

32<br />

78


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 - População no município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves – MG .... 05<br />

Tabela 2 - População no município <strong>de</strong> Silveirânia – MG ........................ 08<br />

Tabela 3 - Distribuição dos tanques coletivos .......................................... 09<br />

Tabela 4 - Valores críticos associados ao grau <strong>de</strong> confiança na amostra.. 13<br />

Tabela 5 - Participação na produção animal ............................................ 28<br />

Tabela 6 - Uso <strong>de</strong> tecnologia entre os agricultores familiares no Brasil... 30<br />

Tabela 7 - Participação dos estabelecimentos familiares brasileiros ....... 32<br />

Tabela 8 - Caracterização da pecuária leiteira nas mesorregiões Zona da<br />

Mata e Campo das Vertentes .....................................................<br />

Tabela 9 - Ponto <strong>de</strong> nivelamento para produção <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Minas<br />

Gerais ........................................................................................<br />

Tabela 10 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para ida<strong>de</strong> – Silveirânia .. 49<br />

Tabela 11 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para ida<strong>de</strong> – Coronel<br />

Xavier Chaves ...........................................................................<br />

Tabela 12 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da<br />

proprieda<strong>de</strong> – Silveirânia ..........................................................<br />

Tabela 13 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da<br />

proprieda<strong>de</strong> – Coronel Xavier Chaves ......................................<br />

Tabela 14 - Teste Qui Quadrado – Silveirânia – Tabela 2 x 2 – 1 ............. 52<br />

Tabela 15 - Teste Qui Quadrado – Silveirânia – Tabela 2 x 2 – 2 ............. 53<br />

Tabela 16 - Teste Qui Quadrado – Coronel Xavier Xaves – Tabela 2 x 2<br />

– 1 ..............................................................................................<br />

Tabela 17 - Teste Qui Quadrado – Coronel Xavier Chaves – Tabela 2 x 2<br />

– 2 ..............................................................................................<br />

Tabela 18 - Percepção sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />

Tabela 19 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />

leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves – frequência .......<br />

Tabela 20 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />

leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves – porcentag<strong>em</strong> ...<br />

vi<br />

43<br />

47<br />

49<br />

50<br />

51<br />

53<br />

53<br />

57<br />

57<br />

58


Tabela 21 - AED perfil – sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />

leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............................<br />

Tabela 22 - Regressão sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite<br />

<strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier ................................................<br />

Tabela 23 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão –<br />

sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />

Tabela 24 - AED tecnologia – sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais<br />

<strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .......................<br />

Tabela 25 - AED estrutura fundiária sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .............<br />

Tabela 26 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, sucessor <strong>de</strong>finido nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

Tabela 27 - AED associação e IN 51, sucessor <strong>de</strong>finido, nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

Tabela 28 - AED crédito, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />

leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............................<br />

Tabela 29 - AED sucessão, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />

leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............................<br />

Tabela 30 - Regressão possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais<br />

<strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .......................<br />

Tabela 31 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão<br />

com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite<br />

<strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ..................................<br />

Tabela 32 - AED perfil dos produtores com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves ...........................................................................<br />

Tabela 33 - AED tecnologia, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .............<br />

Tabela 34 - AED crédito, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .............<br />

vii<br />

59<br />

59<br />

60<br />

61<br />

63<br />

64<br />

65<br />

66<br />

67<br />

69<br />

69<br />

71<br />

72<br />

73


Tabela 35 - AED estrutura fundiária, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

Tabela 36 - AED área média nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />

Tabela 37 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves ...........................................................................<br />

Tabela 38 - AED participação <strong>em</strong> associações e IN 51e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />

Tabela 39 - AED sucessão, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............<br />

Tabela 40 - AED ida<strong>de</strong> dos filhos dos produtores entrevistados nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

Tabela 41 Teste Qui Quadrado ser sucessor e estudar 1 para os filhos dos<br />

produtores rurais nos municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves ...........................................................................<br />

Tabela 42 Teste Qui Quadrado ser sucessor e estudar 2 para os filhos dos<br />

produtores rurais nos municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves ...........................................................................<br />

Tabela 43 Teste Qui Quadrado realizar investimento e ser sucessor 1<br />

para os filhos dos produtores rurais nos municípios <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />

Tabela 44 Teste Qui Quadrado realizar investimento e ser sucessor 2<br />

para os filhos dos produtores rurais nos municípios <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />

viii<br />

73<br />

74<br />

75<br />

76<br />

77<br />

79<br />

84<br />

84<br />

85<br />

85


LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />

Figura 1 - Mapa <strong>de</strong> localização dos municípios estudados – MG, 2012. 05<br />

Foto 1 - Loja agropecuária no município, <strong>em</strong> frente à praça ................ 06<br />

Foto 2 - Praça central <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves ............................... 06<br />

Foto 3 - Marca na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixada pelo alagamento <strong>de</strong> jan./2012. ....... 07<br />

Foto 4 - Entrega do leite no tanque coletivo ......................................... 09<br />

Foto 5 - Da esquerda para a direita, o pesquisador, o produtor e o Sr.<br />

Euri<strong>de</strong>s, técnico da Emater, após a entrevista. Silveirânia, MG<br />

Foto 6 - Sr. Paulo Pio, aposentado, acompanhante do pesquisador <strong>em</strong><br />

Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />

Foto 7 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Mina – Silveirânia .............. 41<br />

Foto 8 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Tejuco – Silveirânia ........... 41<br />

Foto 9 - Tanque individual, utilizado por produtor <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

Foto 10 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves –<br />

EMATER e SMQL ....................................................................<br />

Foto 11 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia – EMATER e<br />

SMQL ........................................................................................<br />

Foto 12 - Gado criado a pasto <strong>em</strong> Silveirânia-MG ............................ 61<br />

Foto 13 - Momento <strong>de</strong> entrega do leite no tanque coletivo <strong>em</strong><br />

Silveirânia ..................................................................................<br />

Foto 14 - Capela construída na proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtor – Coronel<br />

Xavier Chaves ...........................................................................<br />

Foto 15 - Pesquisador e família <strong>de</strong> produtores <strong>em</strong> Silveirânia ............... 77<br />

Foto 16 - Pesquisador, pai e filho produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves ...........................................................................<br />

Gráfico 1 - Sexo dos filhos presentes nas proprieda<strong>de</strong>s ............................ 79<br />

Gráfico 2 - Percepção do(s) filhos sobre qu<strong>em</strong> irá assumir a proprieda<strong>de</strong><br />

nos municípios pesquisados ......................................................<br />

Gráfico 3 - Percepção dos filhos sobre como as <strong>de</strong>cisões são tomadas no<br />

estabelecimento nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia<br />

e Coronel Xavier Chaves ...........................................................<br />

ix<br />

14<br />

14<br />

42<br />

46<br />

46<br />

65<br />

70<br />

78<br />

80<br />

80


Gráfico 4 - Pretensão <strong>de</strong> capacitação pelos filhos dos produtores nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

Gráfico 5 - Local <strong>de</strong> residência e trabalho dos filhos dos produtores nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

Gráfico 6 - Local on<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>m residir e trabalhar os filhos dos<br />

produtores nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />

Gráfico 7 - Pretensão profissional dos filhos dos agricultores nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Chaves .......................................................................................<br />

x<br />

81<br />

82<br />

82<br />

83


LISTA DE QUADRO<br />

Quadro 1 - Variáveis presentes na regressão ............................................ 15<br />

xi


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

AED - Análise exploratória <strong>de</strong> dados<br />

APLEI - Associação dos Produtores <strong>de</strong> Leite <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves<br />

APRUS - Associação dos Produtores Rurais <strong>de</strong> Silveirânia<br />

CBT - Contag<strong>em</strong> Bacteriana Total<br />

CCS - Contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Células Somáticas<br />

DAP - Declaração <strong>de</strong> Aptidão ao Pronaf<br />

EMATER - Empresa <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural<br />

EMBRAPA - Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />

EPAMIG - Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

IBGE - Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome<br />

NATUDOCE - Associação <strong>de</strong> Produtores e Produtoras Artesanais <strong>de</strong><br />

Silveirânia<br />

PAA - <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Aquisição <strong>de</strong> Alimentos<br />

SEBRAE - Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

SMQL - Sist<strong>em</strong>a Mineiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite<br />

SILEMG - Sindicato da Indústria <strong>de</strong> Laticínios do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

SPSS - Statistical Package for Social Sciences<br />

VBP - Valor Bruto da Produção<br />

xii


RESUMO<br />

SOUZA, <strong>Júlio</strong> César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong>, M. Sc., Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa, outubro <strong>de</strong><br />

2012. Tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no processo sucessório entre produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong><br />

dois municípios rurais <strong>de</strong> Minas Gerais. Orientadora: Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza.<br />

Coorientadoras: Cláudia Maria Miranda Araújo Pereira e Nora Beatriz Presno Amo<strong>de</strong>o.<br />

Esta pesquisa teve por objetivo i<strong>de</strong>ntificar quais fatores influenciavam no processo<br />

sucessório das unida<strong>de</strong>s familiares produtivas <strong>de</strong> leite, contrapondo fatores relativos à<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, como tecnologia, gestão da proprieda<strong>de</strong> e práticas associativistas; e<br />

fatores ligados à tradição, como o minorato, a preferência pelo hom<strong>em</strong> como sucessor e<br />

o baixo nível educacional. Consi<strong>de</strong>raram-se cinco hipóteses: 1ª) O nível tecnológico<br />

interferiria na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite; 2ª) O tamanho da<br />

proprieda<strong>de</strong> interferiria na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares da produção <strong>de</strong><br />

leite; 3ª) O acesso ao crédito interferiria no processo sucessório dos produtores <strong>de</strong> leite;<br />

4ª) A proximida<strong>de</strong> com o perímetro urbano da cida<strong>de</strong> influenciaria na presença ou<br />

ausência <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite; e 5ª) A escolarida<strong>de</strong><br />

do produtor interferiria no processo sucessório. A pesquisa foi realizada através <strong>de</strong> um<br />

survey, com entrevistas s<strong>em</strong>iestruturadas contendo questões abertas e fechadas. Foram<br />

aplicados 83 questionários: 52 <strong>em</strong> Silveirânia e 31 <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, <strong>em</strong><br />

Minas Gerais. Após a aplicação dos questionários, realizou-se a análise dos dados,<br />

através do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), utilizando-se<br />

análises <strong>de</strong>scritivas, <strong>de</strong> frequências, testes <strong>de</strong> regressão, qui-quadrado e teste t. Os dados<br />

levantados na pesquisa negaram a hipótese <strong>de</strong> que o nível tecnológico presente <strong>em</strong> uma<br />

unida<strong>de</strong> produtiva se constituiria <strong>em</strong> um fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />

unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite e confirmaram as outras quatro hipóteses. Concluiu-se,<br />

através <strong>de</strong>sta pesquisa, que a influência dos valores relativos à tradição e à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

sobre a conduta e as práticas dos produtores rurais era muito influenciada pelo tipo <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a unida<strong>de</strong> produtiva estava inserida. Em Silveirânia, cida<strong>de</strong> distante <strong>de</strong><br />

centros urbanos, percebeu-se mais a prevalência dos valores e das práticas tradicionais<br />

sobre o processo sucessório, enquanto <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, cida<strong>de</strong> próxima a um<br />

centro urbano, a influência dos valores e práticas advindos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> se mostrou<br />

mais prevalente. Por traz <strong>de</strong>ssa constatação, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar que a prevalência <strong>de</strong><br />

xiii


valores mo<strong>de</strong>rnos ou tradicionais sobre o processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s produtivas<br />

<strong>de</strong> leite é muito influenciada pelo tipo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que o campo está inserido.<br />

xiv


ABSTRACT<br />

SOUZA, <strong>Júlio</strong> César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong>, M. Sc., Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa, October of<br />

2012. Tradition and mo<strong>de</strong>rnity in the succession process among dairy farmers in<br />

two rural municipalities of Minas Gerais. Adviser: Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza.<br />

Co-Advisers: Cláudia Maria Miranda Araújo Pereira and Nora Beatriz Presno Amo<strong>de</strong>o.<br />

This research aimed to i<strong>de</strong>ntify the factors influencing the succession process in family<br />

units of milk production, by contrasting factors related to mo<strong>de</strong>rnity, such as<br />

technology, property manag<strong>em</strong>ent and associative practices, with factors related to<br />

tradition, such as minorato, preference for having men as successors and the low<br />

education level of these men. The study consi<strong>de</strong>red five hypotheses: 1. the level of<br />

technology would affect the presence of a successor in milk production units; 2. the size<br />

of properties would affect the presence of a successor in family milk production units;<br />

3. access to credit would affect the succession process of milk producers; 4. proximity<br />

to urban areas would affect the presence or absence of successors of milk production<br />

family units; and, finally, 5. the level of education of producers affects the succession<br />

process. The research was conducted through a survey with s<strong>em</strong>i-structured interviews,<br />

consisting of multple-choice and written questions. Eighty-three questionnaires were<br />

applied: 52 in Silveirânia and 31 in Coronel Xavier Chaves, in Minas Gerais. After the<br />

application of the questionnaires, the data analysis was conducted using the Statistical<br />

Package for Social Sciences (SPSS) software syst<strong>em</strong>. Descriptive and frequency<br />

analyses were carried out, as well as regression, chi-square and t tests. The data<br />

obtained <strong>de</strong>nied the hypothesis that the present level of technology in a production unit<br />

is a factor that influences in the presence of successors in milk production units and<br />

corroborated the other four hypotheses. This research leads to the conclusion that the<br />

influence of values related to tradition and mo<strong>de</strong>rnity on the behavior and practices of<br />

farmers greatly <strong>de</strong>pend on the type of city in which production units are located. In<br />

Silveirânia, a town that is far from urban centers, traditional values and practices<br />

prevailed in the succession process, while in Coronel Xavier Chaves, which is closer to<br />

a urban center, the influence of values and practices of mo<strong>de</strong>rnity prevailed. Therefore,<br />

it must be highlighted that the prevalence of mo<strong>de</strong>rn or traditional values in succession<br />

processes in milk production units <strong>de</strong>pends on the type of city where the property is<br />

located.<br />

xv


INTRODUÇÃO<br />

Nesta dissertação, propôs-se estudar o processo sucessório entre produtores <strong>de</strong><br />

leite <strong>em</strong> dois municípios rurais <strong>de</strong> Minas Gerais. A motivação para o t<strong>em</strong>a surgiu do<br />

interesse do pesquisador <strong>em</strong> analisar um setor que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> suma<br />

importância para a economia local, setor cujo mercado passou por consi<strong>de</strong>ráveis<br />

transformações quando o Estado <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> nele intervir na década <strong>de</strong> 1990, época <strong>em</strong><br />

que regulava o preço do leite e era o principal comprador dos produtores. Como<br />

consequência da não intervenção estatal, novas formas <strong>de</strong> gestão e tecnologia foram<br />

introduzidas e vêm sendo utilizadas, provocando significativas melhorias na produção<br />

leiteira e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos produtores. Entretanto, essas novas formas <strong>de</strong> gestão<br />

e tecnologia po<strong>de</strong>m, porém, <strong>de</strong>sestimular aqueles que não acompanham o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e gerencial da pecuária leiteira e mantêm, <strong>em</strong> seu processo<br />

produtivo, formas tradicionais fundamentadas nas práticas passadas <strong>de</strong> geração a<br />

geração, ocasionando, assim, consequências <strong>em</strong> relação à <strong>de</strong>finição da sucessão na<br />

unida<strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong> leite.<br />

Outros fatores que chamam a atenção para o t<strong>em</strong>a são os dados sobre a<br />

população brasileira, divulgados pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

(IBGE), nos quais, <strong>em</strong> comparação com o Censo 2000, o Brasil, <strong>em</strong> 2010, diminuiu sua<br />

população no campo. Em 2010, 15,65% dos brasileiros viviam no campo, ao passo que<br />

<strong>em</strong> 2000 essa população representava 18,75% (IBGE, 2010). A redução e<br />

envelhecimento da população resi<strong>de</strong>nte no campo, aliados à <strong>de</strong>svalorização da profissão<br />

<strong>de</strong> agricultor e à diminuição no número <strong>de</strong> filhos nas famílias rurais <strong>em</strong> algumas regiões<br />

do país, po<strong>de</strong>m reduzir o número <strong>de</strong> possíveis sucessores nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção<br />

familiar. Segundo Toledo (2008), os filhos <strong>de</strong> produtores rurais possu<strong>em</strong>, hoje, maior<br />

acesso à educação, cresc<strong>em</strong> com cultura diferente daquela dos pais e ve<strong>em</strong> nos centros<br />

urbanos melhor expectativa <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong>senvolvimento do que no campo. O Censo<br />

Agropecuário 2006, publicado <strong>em</strong> 2009, mostra que os agricultores familiares 1<br />

representam 84,4% dos produtores, mas ocupam apenas 24,3% da área <strong>de</strong><br />

1 O termo agricultor familiar é <strong>de</strong>finido pela Lei 11.326 (2006). Alguns produtores, <strong>de</strong>nominados não<br />

familiares, possu<strong>em</strong> as mesmas características dos familiares; entretanto, são classificados como não<br />

familiares <strong>de</strong>vido às diferenças no tamanho da proprieda<strong>de</strong>, no número e forma <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>pregados ou no volume produzido. Em termos científicos, contudo, essa diferenciação não se sustenta.<br />

Assim, neste trabalho não se fez distinção entre agricultores familiares e pequenos produtores, tendo <strong>em</strong><br />

vista que eles apresentam muitas s<strong>em</strong>elhanças no processo produtivo e na estrutura da proprieda<strong>de</strong>.<br />

1


estabelecimentos rurais no Brasil, sendo responsáveis por 58% do leite nacional (IBGE,<br />

2009).<br />

A produção leiteira <strong>de</strong> 1998 a 2008 <strong>em</strong> Minas Gerais cresceu 45% <strong>em</strong> volume,<br />

sendo o Estado o principal produtor do país (FONSECA, 2009). Gomes (2008)<br />

ressaltou a situação dos pequenos produtores <strong>de</strong> leite no Estado, afirmando que, <strong>em</strong>bora<br />

represent<strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 44% dos envolvidos na ativida<strong>de</strong>, são responsáveis por apenas 8%<br />

da produção estadual. Esse fato po<strong>de</strong> ser explicado, <strong>em</strong> parte, pelas alterações no<br />

ambiente institucional, com legislações que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sfavoráveis aos pequenos<br />

produtores. Como ex<strong>em</strong>plo, po<strong>de</strong>-se citar o caso da Instrução Normativa Nº 51, <strong>de</strong><br />

18/09/2002 2 , que fixa os requisitos mínimos a ser<strong>em</strong> observados para produção,<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> do leite cru refrigerado.<br />

Uma das exigências introduzidas pela implantação da I.N. Nº 51 foi o<br />

resfriamento do leite logo após a or<strong>de</strong>nha, com a utilização <strong>de</strong> tanques térmicos. Essa<br />

exigência pôs fim ao tradicional “caminhãozinho do leite”, responsável pela coleta da<br />

produção dos pequenos produtores. Diante da dificulda<strong>de</strong> para aquisição do tanque para<br />

resfriamento do leite, observou-se, <strong>em</strong> alguns municípios, articulação entre a<br />

Associação <strong>de</strong> Produtores com a Empresa <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural<br />

(EMATER), no intuito <strong>de</strong> adquirir tanques coletivos para o armazenamento do leite. A<br />

aquisição dos tanques representou, além da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência dos<br />

pequenos produtores <strong>de</strong> leite, a melhoria da organização entre eles. Assim, tornou-se<br />

possível aumentar, além da qualida<strong>de</strong> do leite, o preço cobrado aos laticínios. A<br />

profissionalização do setor v<strong>em</strong> gerando, <strong>de</strong> forma concomitante, o aumento da<br />

eficiência e a tecnologização das unida<strong>de</strong>s produtoras, mas, também, a redução do<br />

número <strong>de</strong> produtores, mesmo com as ações <strong>de</strong>senvolvidas pelas instituições do Estado,<br />

no sentido <strong>de</strong> mitigar os efeitos da mo<strong>de</strong>rnização do setor. Esse fato é confirmado pela<br />

comparação <strong>de</strong> dados entre o Censo Agropecuário <strong>de</strong> 1996 e o <strong>de</strong> 2006, que mostra o<br />

aumento <strong>de</strong> 19,53% na produção <strong>de</strong> leite e a redução <strong>de</strong> 25,91% no número <strong>de</strong><br />

estabelecimentos agropecuários no Brasil.<br />

2 A Instrução Normativa nº 51 foi alterada <strong>em</strong> 30/12/2011 pela Instrução Normativa nº 62. A principal<br />

regra já começa a valer <strong>em</strong> 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012, quando os produtores das Regiões Sul, Su<strong>de</strong>ste e<br />

Centro-Oeste terão novos limites para Contag<strong>em</strong> Bacteriana Total (CBT) e Contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Células<br />

Somáticas (CCS). Atualmente, esses índices po<strong>de</strong>m chegar a 750 mil/ml. Agora, a tolerância será <strong>de</strong> até<br />

600 mil/ml. Já no Norte e Nor<strong>de</strong>ste do país a mesma exigência valerá a partir <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2013.<br />

2


A redução no número <strong>de</strong> estabelecimentos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> leite é compensada<br />

pelo aumento na produção, conforme relatado no parágrafo anterior, mas é certo que a<br />

queda <strong>de</strong> rentabilida<strong>de</strong> é sentida por todos, <strong>de</strong>vido ao aumento superior dos custos<br />

perante a receita, principalmente para os pequenos produtores, que por ter<strong>em</strong> produção<br />

menor per<strong>de</strong>m po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação do preço <strong>de</strong> venda do leite. O baixo preço <strong>de</strong> venda<br />

do leite <strong>em</strong> relação aos custos <strong>de</strong> produção, conjuntamente com as alterações<br />

<strong>de</strong>mográficas no campo e a exigência <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> gestão da ativida<strong>de</strong> leiteira,<br />

apontam para a possível falta <strong>de</strong> sucessores entre os pequenos produtores <strong>de</strong> leite. Na<br />

agricultura, o t<strong>em</strong>a sucessão não é tratado <strong>de</strong> forma clara e aberta como nas <strong>em</strong>presas<br />

capitalistas. Os costumes e a tradição se colocam <strong>de</strong> forma velada sobre as leis. Assim,<br />

pesquisar a sucessão <strong>em</strong> meio a um momento <strong>de</strong> crise constitui <strong>de</strong>safio ainda maior.<br />

As normatizações da pecuária leiteira e a introdução da tecnologia, com<br />

utilização <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>iras mecânicas, tanques térmicos para resfriamento do leite e<br />

métodos <strong>de</strong> gestão que aumentam a produção com a utilização <strong>de</strong> menor espaço pelos<br />

produtores, foram instituindo novas práticas que tornass<strong>em</strong> a ativida<strong>de</strong> leiteira<br />

sustentável socioeconomicamente. Tais mudanças nas práticas produtivas repercut<strong>em</strong>,<br />

assim, nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção da ativida<strong>de</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, nas<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se efetivar um sucessor. Para Abramovay (1998), Sacco dos Anjos<br />

(2003), Mello (2003) e Costa (2006), o processo sucessório entre os produtores rurais<br />

atualmente apresenta mudanças relacionadas ao mo<strong>de</strong>lo tradicional, como: a) o número<br />

<strong>de</strong> filhos é menor; b) a sucessão não é mais uma obrigação moral; c) a falta <strong>de</strong><br />

perspectivas na agricultura traz como consequência o aumento do êxodo; d) a tecnologia<br />

reduziu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra; e e) o crescimento das ativida<strong>de</strong>s não agrícolas<br />

no campo. Silva (2000) acrescentou que o contato dos jovens do campo com a cida<strong>de</strong> é<br />

cada vez maior, <strong>de</strong> tal modo que <strong>em</strong> sua trajetória assimila valores urbanos aos rurais.<br />

De acordo com Schnei<strong>de</strong>r (2009), as alterações provocadas nos sist<strong>em</strong>as<br />

produtivos, proporcionadas pela tecnologia, pelos equipamentos <strong>de</strong> produção, pelos<br />

insumos utilizados e pelas alterações no ambiente institucional, que resultaram na<br />

melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população resi<strong>de</strong>nte no campo, nos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos, não foram acompanhadas pelo Brasil n<strong>em</strong> pela maioria dos países latino-<br />

americanos. Para Stropasolas (2004), esse mo<strong>de</strong>lo reduz as relações sociais que se<br />

estabelec<strong>em</strong> entre os agricultores à lógica do econômico, quebrando os laços afetivos<br />

que mantinham com a terra. Schnei<strong>de</strong>r (2009) acrescentou, ainda, que a busca por<br />

3


assegurar novas fontes <strong>de</strong> renda para investimentos e manutenção da proprieda<strong>de</strong><br />

estimula os filhos <strong>de</strong> agricultores a buscar<strong>em</strong> esse recurso <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s não agrícolas.<br />

Assim, analisaram-se nesta pesquisa duas perspectivas interpretativas acerca<br />

dos fatores que estariam influenciando no processo sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtivas<br />

<strong>de</strong> leite na atualida<strong>de</strong>: na primeira, vislumbrou-se a permanência dos costumes e da<br />

tradição sobre a sucessão. Nesse sentido, alguns padrões culturais continuariam a<br />

estabelecer o perfil do sucessor: a regra da primogenitura ou do minorato, do masculino<br />

sobre o f<strong>em</strong>inino, do menos escolarizado sobre o mais e do casado sobre o solteiro. Já a<br />

segunda vertente interpretativa acerca do processo sucessório cont<strong>em</strong>plou a influência<br />

<strong>de</strong> fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, como: o uso <strong>de</strong> tecnologias e <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong><br />

gestão, a proximida<strong>de</strong> dos estabelecimentos agropecuários das cida<strong>de</strong>s e a participação<br />

<strong>em</strong> associações e o acesso ao crédito.<br />

1.1 Características dos municípios pesquisados<br />

A pesquisa foi realizada com os produtores associados no Município <strong>de</strong><br />

Silveirânia, MG, localizado na mesorregião da Zona da Mata mineira, e no Município<br />

<strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, MG, na mesorregião Campo das Vertentes. O mapa da<br />

Figura 1 apresenta a localização dos dois municípios pesquisados.<br />

4


Figura 1 – Mapa <strong>de</strong> localização dos municípios estudados – MG, 2012.<br />

Fonte: Elaborado por SOUZA, J.C.M.; AMARAL, M.S., 2012.<br />

Ambos os municípios têm a pecuária leiteira como sua principal ativida<strong>de</strong><br />

econômica. De acordo com Rabelo (2012), a mesorregião da Zona da Mata mineira<br />

totaliza 10% da produção mineira <strong>de</strong> leite e a mesorregião do Campo das Vertentes, 4%.<br />

O Município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves está a 168 km da capital mineira, Belo<br />

Horizonte. T<strong>em</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> 23,42 hab/km 2 e população <strong>em</strong> torno <strong>de</strong><br />

3.000 habitantes, po<strong>de</strong>ndo, assim, ser caracterizada como cida<strong>de</strong> rural 3 .<br />

Tabela 1 – População no Município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, MG<br />

População Ano % Ano %<br />

2000 2000 2010 2010<br />

Rural 1502 47,0 1501 45,0<br />

Urbana 1683 53,0 1800 55,5<br />

Total 3185 100,0 3301 100,0<br />

Fonte: Censos do IBGE <strong>de</strong> 2000 e 2010.<br />

3 A elaboração da tipologia para classificação dos municípios foi construída com base na concepção <strong>de</strong><br />

Veiga (2002). Segundo esse autor, classificam-se <strong>em</strong> municípios rurais aqueles com menos <strong>de</strong> 20.000<br />

habitantes e, ou, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica inferior a 20 hab/km 2 .<br />

5


O município possui supermercado, lojas agropecuárias, lanhouse, padaria,<br />

restaurante, algumas lojas, a prefeitura municipal, a se<strong>de</strong> da Associação dos Produtores<br />

<strong>de</strong> Leite (APLEI), a se<strong>de</strong> da Polícia Militar, o Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e o Parque <strong>de</strong> Exposições.<br />

Alguns produtores <strong>de</strong> leite residiam ao redor da praça central 4 . A população contava<br />

também com os serviços da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São João Del Rei, localizada a 12<br />

km do município.<br />

Foto 1 - Loja agropecuária no município, <strong>em</strong> frente à praça.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />

Foto 2 - Praça central <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />

4 Outra parcela dos produtores que não residiam no campo eram <strong>de</strong> outros municípios, como São João Del<br />

Rei e Belo Horizonte, e utilizavam a proprieda<strong>de</strong> para lazer e a ativida<strong>de</strong> leiteira como forma <strong>de</strong> gerar<br />

renda para a sua manutenção.<br />

6


A economia do município era sustentada na ativida<strong>de</strong> agropecuária, mas o<br />

turismo v<strong>em</strong>-se <strong>de</strong>stacando <strong>de</strong>vido à arquitetura <strong>de</strong> sua antiga capela e sobrados, à<br />

existência <strong>de</strong> artesanato e às paisagens naturais, com <strong>de</strong>staque para as cachoeiras. O<br />

município conta com a Associação dos Produtores <strong>de</strong> Leite <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves<br />

(APLEI), que atualmente conta com 45 associados. A Associação mantém uma fábrica<br />

que produz a ração utilizada pelos produtores e a reven<strong>de</strong> para eles a preço mais<br />

acessível. Os associados produz<strong>em</strong> <strong>em</strong> média 13.700 litros diários, estocados <strong>em</strong> 44<br />

tanques térmicos individuais e um coletivo.<br />

Os produtores <strong>de</strong> leite do município se capacitavam e realizavam investimentos<br />

<strong>em</strong> tecnologia com o intuito <strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> do leite e suprir<br />

a falta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra. A or<strong>de</strong>nha mecânica predominava entre os produtores. Cabe<br />

ressaltar que os produtores já recebiam por qualida<strong>de</strong> do leite: no mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

2012, receberam R$0,91 por litro, sendo esse valor possível <strong>de</strong> ser melhorado <strong>em</strong><br />

função do aumento da qualida<strong>de</strong> do leite produzido. A coleta do leite no município era<br />

realizada diariamente, mas havia intercalação entre os produtores, <strong>de</strong> acordo com a sua<br />

localização, sendo o leite recolhido <strong>em</strong> sua proprieda<strong>de</strong> a cada dois dias. A cada dois<br />

dias também um caminhão (com capacida<strong>de</strong> para 30.000 litros) do laticínio que<br />

comprava o leite da Associação buscava o produto, que era estocado na Associação e<br />

transportado para São Paulo. As estradas, no geral, apresentavam boas condições, mas<br />

alguns produtores ainda costumavam ficar isolados no período <strong>de</strong> fortes chuvas, como<br />

aconteceu no início <strong>de</strong> 2012.<br />

Foto 3 - Marca na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixada pelo alagamento <strong>de</strong> jan./2012.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />

7


O segundo município pesquisado foi Silveirânia, localizado na Zona da Mata<br />

mineira, a 241 km <strong>de</strong> Belo Horizonte, e apresentava perfil diferenciado <strong>de</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves, <strong>em</strong> termos da forma como se realizava a ativida<strong>de</strong> leiteira. Silveirânia<br />

também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como cida<strong>de</strong> rural, com população que não ultrapassava os<br />

3.000 habitantes, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> 13,92 hab/km 2 e economia baseada na<br />

produção leiteira.<br />

Tabela 2 – População no município <strong>de</strong> Silveirânia, MG<br />

População Ano % Ano %<br />

2000 2000 2010 2010<br />

Rural 1117 52,0 763 35,0<br />

Urbana 1021 48,0 1429 65,5<br />

Total 2138 100,0 2192 100,0<br />

Fonte: Censos do IBGE <strong>de</strong> 2000 e 2010.<br />

Os dados do Censo 2010 indicam o esvaziamento da população resi<strong>de</strong>nte no<br />

campo no Brasil, <strong>em</strong>bora isso não necessariamente aponte para o abandono das<br />

ativida<strong>de</strong>s rurais <strong>em</strong> razão, principalmente, da facilida<strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

entre o campo e a cida<strong>de</strong>. O município conta com mercado, padaria, lotérica, pousada e<br />

as se<strong>de</strong>s dos órgãos públicos, como da prefeitura, da câmara <strong>de</strong> vereadores, da Polícia<br />

Militar e da Emater. A cida<strong>de</strong> está situada próxima ao Município <strong>de</strong> Rio Pomba, on<strong>de</strong><br />

está localizado um dos campi do Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Ciência e Tecnologia<br />

Su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais, que oferece cursos <strong>de</strong> nível médio, ensino técnico, ensino<br />

tecnológico e superior, <strong>em</strong> diversas áreas.<br />

O município contava com uma associação <strong>de</strong> produtores rurais, a Associação<br />

dos Produtores Rurais <strong>de</strong> Silveirânia (APRUS), com 211 produtores associados e uma<br />

associação <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> doce artesanal, a NATUDOCE. Mais da meta<strong>de</strong> (110) dos<br />

associados da APRUS são produtores <strong>de</strong> leite. O município produzia <strong>de</strong> 10.000 a 13.000<br />

litros diários <strong>de</strong> leite, que eram armazenados <strong>em</strong> 10 tanques coletivos, conforme<br />

divididos na Tabela 3.<br />

8


Tabela 3 – Distribuição dos tanques coletivos<br />

Localida<strong>de</strong> Capacida<strong>de</strong> (Litros)<br />

Cascalhau 2000<br />

Córrego do Ribeiro 2000<br />

Sítio Paraíso 3000<br />

Córrego da Mina 2000<br />

Fazenda São José 3000<br />

Sítio São Pedro 4000<br />

São José da Soleda<strong>de</strong> 4000<br />

Japão 3000<br />

Quindiuba 3000<br />

Bota Fogo (Japão) 3000<br />

Anísio Inácio da Silveira Junior (Tanque individual) 2000<br />

Nilson M. <strong>de</strong> Miranda Junior (Tanque Individual) 1500<br />

Fonte: APRUS.<br />

Conforme <strong>de</strong>monstrado na Tabela 3, o município é dividido <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong>s,<br />

sendo a <strong>de</strong> São José da Soleda<strong>de</strong> a mais distante do centro <strong>de</strong> Silveirânia. O percurso<br />

para se chegar à comunida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> a extensão <strong>de</strong> aproximadamente 18 km e é realizado<br />

<strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 40 min, através <strong>de</strong> estradas que não apresentam boas condições para<br />

veículos pequenos. Devido à consi<strong>de</strong>rável distância entre as residências, as unida<strong>de</strong>s<br />

produtivas e a cida<strong>de</strong> e às condições precárias das estradas, é comum que a realização<br />

<strong>de</strong> festas e eventos fosse dividida por comunida<strong>de</strong>s. O leite era entregue aos tanques<br />

diariamente, entre 7 e 9 horas da manhã, e daí recolhido a cada dois dias, sendo a<br />

carroça o transporte mais utilizado (Foto 4).<br />

Foto 4 - Entrega do leite ao tanque coletivo.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />

9


Atualmente, a APRUS não mantém mais a fábrica <strong>de</strong> ração, mas compra o<br />

produto e o reven<strong>de</strong> aos produtores por preço mais acessível do que o das lojas<br />

agropecuárias. A Emater, <strong>em</strong> parceria com o Sist<strong>em</strong>a Mineiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite<br />

(SMQL), realiza, atualmente, treinamentos com o objetivo <strong>de</strong> aumentar a qualida<strong>de</strong> para<br />

que os produtores possam pleitear a participação <strong>em</strong> programas <strong>de</strong>ssa natureza. Entre os<br />

produtores era predominante a or<strong>de</strong>nha manual, sendo o gado tratado no pasto durante<br />

longo período, para minimizar os custos. O local <strong>de</strong> entrega do leite era também<br />

utilizado para os produtores receber<strong>em</strong> o pagamento, s<strong>em</strong>pre no dia 20 <strong>de</strong> cada mês. À<br />

época da pesquisa, os produtores recebiam R$0,81 por litro <strong>de</strong> leite.<br />

1.2 Procedimentos metodológicos<br />

Para investigar como ocorria o processo sucessório entre os produtores <strong>de</strong> leite<br />

familiares nos Municípios <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves e Silveirânia, foram utilizados<br />

dois tipos <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> pesquisa: um <strong>de</strong>scritivo, <strong>de</strong>screvendo as características<br />

socioeconômicas dos produtores, como o nível tecnológico, economia e formas <strong>de</strong><br />

produção; e o outro explicativo, para i<strong>de</strong>ntificar os fatores que estavam interferindo no<br />

processo sucessório das unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> leite, utilizando para tanto a aplicação<br />

<strong>de</strong> um survey.<br />

A pesquisa com a utilização do survey permite que o pesquisador i<strong>de</strong>ntifique<br />

fatores que influenciam no comportamento da população estudada. Para sua realização,<br />

elaborou-se um questionário, aplicado à população ou, na maioria dos casos, a uma<br />

amostra <strong>de</strong>sta. Gran<strong>de</strong> parte dos surveys é <strong>de</strong>stinado a <strong>de</strong>screver <strong>de</strong>terminado fenômeno,<br />

entretanto muitos objetivam, adicionalmente, fazer asserções explicativas. Explicar<br />

quase s<strong>em</strong>pre requer análise multivariada, ou seja, o exame simultâneo <strong>de</strong> duas ou mais<br />

variáveis (BABIE, 2005).<br />

Foram elaborados dois tipos <strong>de</strong> questionários, a fim <strong>de</strong> analisar os fatores<br />

intervenientes no processo sucessório das unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite: um mo<strong>de</strong>lo<br />

direcionado ao gestor do estabelecimento agropecuário e outro aos filhos do<br />

proprietário. No mo<strong>de</strong>lo aplicado ao gestor, o questionário foi estruturado <strong>em</strong> sete<br />

partes: 1ª) Questões relativas ao perfil do produtor (ida<strong>de</strong>, profissão, renda bruta<br />

10


mensal, composição familiar e local <strong>de</strong> residência); 2ª) Questões relativas ao nível<br />

tecnológico da ativida<strong>de</strong> leiteira (máquinas utilizadas para redução do trabalho manual;<br />

forma <strong>de</strong> aquisição; sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha utilizados, forma <strong>de</strong> reprodução do rebanho;<br />

percepção da influência das associações no sist<strong>em</strong>a produtivo, itens produzidos); 3ª)<br />

Questões relativas à estrutura fundiária (tamanho da proprieda<strong>de</strong>, situação <strong>em</strong> relação à<br />

proprieda<strong>de</strong> da terra, forma <strong>de</strong> aquisição das terras); 4ª) Relação com a cida<strong>de</strong> (forma e<br />

frequência <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> à cida<strong>de</strong>); 5ª) Relação com o crédito (utilização, finalida<strong>de</strong>,<br />

valor, modalida<strong>de</strong>); 6ª) Nível <strong>de</strong> capacitação do produtor (escolarida<strong>de</strong> do produtor,<br />

cursos <strong>de</strong> capacitação já realizados); e 7ª) Questões relacionadas à sucessão no<br />

estabelecimento. No mo<strong>de</strong>lo aplicado aos filhos dos produtores, foram relacionadas<br />

questões sobre o perfil dos filhos (ida<strong>de</strong>, escolarida<strong>de</strong>, estado civil) e perspectivas<br />

futuras <strong>em</strong> relação ao trabalho e à moradia e sobre a sucessão no estabelecimento<br />

agropecuário.<br />

1.2.1 Hipóteses<br />

As análises foram realizadas com o intuito <strong>de</strong> inferir sobre a veracida<strong>de</strong> das<br />

seguintes hipóteses:<br />

H1- O nível tecnológico <strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong> produtiva constitui fator interveniente na<br />

presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite.<br />

H2- O tamanho da proprieda<strong>de</strong> constitui fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />

unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite.<br />

H3- O acesso ao crédito proporciona o <strong>de</strong>senvolvimento e interfere no processo<br />

sucessório dos produtores <strong>de</strong> leite.<br />

H4- A proximida<strong>de</strong> com a cida<strong>de</strong> interfere na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s<br />

familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite.<br />

H5- A escolarida<strong>de</strong> do produtor interfere no processo sucessório.<br />

11


1.2.2 Amostrag<strong>em</strong><br />

Para <strong>de</strong>terminação da amostra da pesquisa, utilizou-se o método <strong>de</strong><br />

amostrag<strong>em</strong> probabilística. De acordo com Triola (2008), o método <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong><br />

probabilística seleciona os indivíduos, <strong>de</strong> modo que todos possam ter a mesma chance<br />

<strong>de</strong> participar<strong>em</strong> da pesquisa. Ainda segundo esse autor, o planejamento da amostrag<strong>em</strong><br />

é necessário para reduzir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erro amostral (diferença entre o resultado<br />

populacional e o resultado amostrado). Os erros amostrais po<strong>de</strong>m ocorrer <strong>de</strong>vido à<br />

coleta incorreta dos dados. Para estabelecer o número <strong>de</strong> produtores que <strong>de</strong>veriam fazer<br />

parte da pesquisa, utiliza-se a fórmula da proporção finita quando se conhece o tamanho<br />

da população (BOLFARINE; BUSSAB, 2005), dada por:<br />

<strong>em</strong> que:<br />

Z pˆqˆN n <br />

Z p q N E<br />

2<br />

2<br />

2<br />

ˆ ˆ 2 ( 1)<br />

2<br />

n = tamanho amostral<br />

Z = valor tabelado<br />

N = tamanho populacional<br />

E = marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> erro ou erro máximo <strong>de</strong> estimativa<br />

p = proporção populacional <strong>de</strong> indivíduos que pertenc<strong>em</strong> à categoria estudada<br />

q = proporção populacional <strong>de</strong> indivíduos que não pertenc<strong>em</strong> à categoria estudada<br />

(q = 1 – p)<br />

α = nível <strong>de</strong> significância<br />

Segundo Hair et al. (2005), ao utilizar fórmulas estatísticas para <strong>de</strong>terminar o<br />

valor <strong>de</strong> uma amostra, três <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser levadas <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração: 1) o grau <strong>de</strong><br />

segurança, ou seja, a máxima diferença aceitável entre o valor estimado da amostra e o<br />

valor verda<strong>de</strong>iro da população (geralmente 95%); 2) a marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> erro aceitável<br />

(geralmente <strong>de</strong>finida pelo pesquisador); e 3) homogeneida<strong>de</strong> da população. Na prática, é<br />

improvável que se conheça a taxa <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> da população, <strong>de</strong>vendo o<br />

pesquisador utilizar estimativa <strong>de</strong> trabalhos anteriores ou, na falta <strong>de</strong>stes, 50%. Neste<br />

trabalho, utilizaram-se o valor <strong>de</strong> 50% (ou 0,5) como taxa <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> e 10% (ou<br />

12


0,10) para erro amostral. De acordo com Triola (2008), os valores <strong>de</strong> confiança mais<br />

utilizados e os valores <strong>de</strong> Z correspon<strong>de</strong>ntes são:<br />

Tabela 4 – Valores críticos associados ao grau <strong>de</strong> confiança da amostra<br />

Grau <strong>de</strong> segurança Valor crítico Zα/2<br />

90% 1,645<br />

95% 1,96<br />

99% 2,575<br />

Fonte: TRIOLA, 2008.<br />

Assim, a amostra dos dois municípios pesquisados, utilizando-se 95% <strong>de</strong> grau<br />

<strong>de</strong> confiança, foi <strong>de</strong>terminada, conforme mostrado a seguir:<br />

Coronel Xavier Chaves<br />

n = (1,96) 2 x 0,5 x 0,5 x 45 = 43,218 = 31<br />

(1,96) 2 x 0,5 x 0,5 + (45 – 1 ) x (0,10) 2 1,4004<br />

Silveirânia<br />

n = (1,96) 2 x 0,5 x 0,5 x 110 = 105,644 = 52<br />

(1,96) 2 x 0,5 x 0,5 + (110 – 1 ) x (0,10) 2 2,0504<br />

1.2.3 As entrevistas<br />

Para entrevistar os produtores, o pesquisador foi acompanhado, <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves, por um morador da região, aposentado, que possuía o hábito <strong>de</strong><br />

acompanhar a coleta do leite nas proprieda<strong>de</strong>s. Em Silveirânia, parte das entrevistas foi<br />

realizada durante o período <strong>de</strong> capacitação dos produtores <strong>de</strong> leite pela Emater e do<br />

Sist<strong>em</strong>a Mineiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite (SMQL). Nesse período, o pesquisador ia <strong>de</strong><br />

carona com o técnico da Emater até um dos tanques coletivos e aproveitava o momento<br />

<strong>de</strong> entrega do leite para a realização da entrevista. Após o término da capacitação, o<br />

13


técnico da Emater que se encontrava <strong>de</strong> férias acompanhou, gentilmente, o pesquisador<br />

até a residência dos produtores para a realização das entrevistas.<br />

1.2.4 Regressão<br />

Foto 5 – Da esquerda para a direita, o pesquisador, o produtor e o Sr.<br />

Euri<strong>de</strong>s, técnico da Emater, após a entrevista. Silveirânia,<br />

MG.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março 2012.<br />

Foto 6 - Sr. Paulo Pio, aposentado, acompanhante do<br />

pesquisador <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro 2012.<br />

Segundo Hair et al. (2005), a regressão é a técnica estatística que auxilia<br />

<strong>de</strong>terminar se há relação coerente e sist<strong>em</strong>ática entre duas ou mais variáveis a<br />

<strong>de</strong>terminado nível <strong>de</strong> significância estatística. O programa Statistical Package for Social<br />

Sciences (SPSS) representa a significância como a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rejeitar a hipótese<br />

nula quando ela é verda<strong>de</strong>ira. As orientações comuns diz<strong>em</strong> que, para ser consi<strong>de</strong>rada<br />

14


estatisticamente significativa, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser menor do que


As variáveis foram associadas levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o it<strong>em</strong> a ser<br />

analisado na regressão. Para análise <strong>de</strong> regressão, a soma das respostas <strong>de</strong> todas as<br />

variáveis não po<strong>de</strong>ria ultrapassar o número máximo <strong>de</strong> entrevistados, que <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves foi <strong>de</strong> 31.<br />

1.2.5 Análise exploratória dos dados, qui-quadrado e teste t<br />

De acordo com Triola (2008), a análise exploratória <strong>de</strong> dados (AED) consiste<br />

na utilização <strong>de</strong> técnicas estatísticas que fornecerão informações sobre medidas <strong>de</strong><br />

centro, medidas <strong>de</strong> variação e gráficos para investigação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> dados, com<br />

o intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r suas características mais importantes. Segundo esse autor, ao<br />

utilizar a técnica, <strong>de</strong>ve-se i<strong>de</strong>ntificar e, se necessário, excluir os outliers que constitu<strong>em</strong><br />

os valores discrepantes da média, que se localiza muito afastado <strong>de</strong> quase todos os<br />

<strong>de</strong>mais valores e po<strong>de</strong> influenciar nos resultados 5 .<br />

Para AED foram utilizadas a média aritmética, <strong>de</strong>finida como a soma dos<br />

valores da variável dividida pelo número <strong>de</strong> valores e da mediana, que representa o<br />

valor central dos dados, quando eles são organizados <strong>em</strong> or<strong>de</strong>m crescente ou<br />

<strong>de</strong>crescente (KAZMIER, 2008). A AED foi utilizada para <strong>de</strong>talhar as principais<br />

características das proprieda<strong>de</strong>s que possuíam sucessor <strong>de</strong>finido e daquelas que<br />

apresentavam possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor, mas este ainda não estava <strong>de</strong>finido, como<br />

também foi utilizada para analisar os dados dos 21 filhos <strong>de</strong> produtores que<br />

respon<strong>de</strong>ram aos questionários. Além da AED, utilizou-se o teste qui-quadrado.<br />

Segundo Barbetta (2008), o teste qui-quadrado, <strong>de</strong>signado por X 2 , é amplamente usado<br />

<strong>em</strong> pesquisa social para testar a significância entre duas variáveis qualitativas. A<br />

estatística do teste é uma medida <strong>de</strong> distância entre as frequências observadas e as<br />

frequências esperadas. Para um “p” valor alto, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que as variáveis<br />

analisadas são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

5 Após realizar os testes <strong>de</strong> regressão com a presença dos outliers e excluindo-os, apenas a variável área<br />

apresentou diferença significativa, e foram excluídos os outliers. Nas <strong>de</strong>mais variáveis, nenhum outlier<br />

foi excluído. Para a AED, os outliers serão excluídos quando apresentar<strong>em</strong> diferenças significativas e<br />

relatados na análise dos dados.<br />

16


De acordo com Larson (2010), um teste <strong>de</strong> hipótese é utilizado para testar a<br />

afirmação sobre o valor <strong>de</strong> um parâmetro populacional. Segundo An<strong>de</strong>rson et al. (2008),<br />

ao testar hipóteses, <strong>de</strong>ve-se iniciar pela hipótese experimental, <strong>de</strong>nominada hipótese<br />

nula (H0) e, posteriormente, formular a hipótese alternativa (Ha). Posteriormente,<br />

segundo Bruni (2007), calculam-se a média e <strong>de</strong>svio-padrão da amostra. Com esses<br />

dados, po<strong>de</strong>-se comparar a média alegada. Busca-se saber se a alegação é aceitável ou<br />

não. Se ocorrer<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>svios, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a afirmação ser falsa é maior, e<br />

vice-versa. Ou seja, procura-se i<strong>de</strong>ntificar se exist<strong>em</strong> diferenças significativas sobre as<br />

médias analisadas.<br />

Por fim, no que diz respeito à estruturação da dissertação, esta consta <strong>de</strong> três<br />

capítulos. No primeiro foram abordados os fatores intervenientes no processo sucessório<br />

entre os produtores <strong>de</strong> leite, consi<strong>de</strong>rando-se os fatores relacionados à tradição e à<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. No segundo capítulo, cont<strong>em</strong>plaram-se a pecuária leiteira e as políticas<br />

públicas voltadas para a sucessão <strong>em</strong> Minas Gerais. No terceiro, e último capítulo, foi<br />

realizada à análise dos dados relativos ao processo sucessório nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite nos dois municípios pesquisados.<br />

17


CAPÍTULO I<br />

FATORES INTERVENIENTES NA SUCESSÃO DAS UNIDADES<br />

PRODUTIVAS DE LEITE<br />

A transmissão da proprieda<strong>de</strong> da terra <strong>de</strong> uma geração para outra t<strong>em</strong><br />

envolvido a elaboração <strong>de</strong> estratégias orientadas por princípios diferenciados ao longo<br />

do t<strong>em</strong>po. Nas socieda<strong>de</strong>s pré-capitalistas, o acúmulo <strong>de</strong> terras sustentava o po<strong>de</strong>r<br />

fundiário das famílias tradicionais, sendo o casamento, inclusive, <strong>de</strong>cisivo para que<br />

estas aumentass<strong>em</strong> seu patrimônio. Com o surgimento e avanço do capitalismo no<br />

campo, a tecnologia e as formas <strong>de</strong> gestão da proprieda<strong>de</strong> passaram a ser <strong>de</strong>cisivas para<br />

a manutenção <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong>. Assim, mais importante que o acúmulo <strong>de</strong> terras, a<br />

sua produtivida<strong>de</strong> tornou-se fator <strong>de</strong>cisivo.<br />

Atualmente, com a crescente proximida<strong>de</strong> entre campo e cida<strong>de</strong>, presencia-se<br />

outra forma <strong>de</strong> valorização que se impõe sobre a proprieda<strong>de</strong>: a da natureza. O turismo<br />

rural, a alimentação natural, o ar puro, a calma e as tradições têm-se constituído <strong>em</strong><br />

balizadores para que as proprieda<strong>de</strong>s rurais busqu<strong>em</strong> explorar novas alternativas<br />

econômicas para se reproduzir<strong>em</strong>. Percebe-se, <strong>de</strong>ssa forma, que os critérios que<br />

orientam as práticas sucessórias po<strong>de</strong>m se modificar ao longo do t<strong>em</strong>po. Neste primeiro<br />

capítulo discut<strong>em</strong>-se, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>talhada, os fatores que po<strong>de</strong>riam influenciar na<br />

sucessão, consi<strong>de</strong>rando-se tanto a influência <strong>de</strong> fatores ligados à tradição e aos costumes<br />

quanto <strong>de</strong> fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Assim, diferent<strong>em</strong>ente do modo como era praticada, a sucessão agrícola ten<strong>de</strong> a<br />

associar-se a uma lógica <strong>de</strong> inserção profissional. Na ca<strong>de</strong>ia produtiva do leite, essa<br />

inserção é configurada por fatores relativos à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, com consi<strong>de</strong>rável influência<br />

da tecnologia utilizada, do tamanho da proprieda<strong>de</strong>, acesso a crédito e educação e da<br />

proximida<strong>de</strong> dos estabelecimentos agropecuários com os centros urbanos, contrapondo-<br />

se aos fatores tradicionais tais como o minorato, no qual o filho mais novo é o escolhido<br />

para ser o sucessor, com a condição <strong>de</strong> cuidar dos pais durante a velhice; a<br />

primogenitura, casamento entre primos; a predileção por sucessores homens e por filhos<br />

18


pouco escolarizados. Enfim, não existe uma única forma <strong>de</strong> sucessão entre os<br />

produtores <strong>de</strong> leite, mas, sim, um conjunto <strong>de</strong> fatores que influenciam no processo<br />

sucessório; fatores que <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> diante <strong>de</strong> complexas e exigentes normas que regulam o<br />

setor frente às expectativas do mercado, mas, também, relacionados ao tradicional modo<br />

<strong>de</strong> vida dos produtores. Para Brumer (2007), seria preciso consi<strong>de</strong>rar que, para além dos<br />

fatores que inci<strong>de</strong>m sobre o processo sucessório, existe, também, a distância entre a<br />

intenção <strong>de</strong> se tornar sucessor e a efetivação do fato. Segundo essa autora, citando<br />

pesquisa realizada na Finlândia por Foxall (1983):<br />

Dados obtidos através <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> painel <strong>de</strong> 348 estabelecimentos, disponíveis<br />

para o período <strong>de</strong> 1996 a 2001, do total <strong>de</strong> entrevistados, 58 (17%) pretendiam fazer<br />

a sucessão <strong>de</strong> seus estabelecimentos nos próximos cinco anos e 290 (83%) não<br />

pretendiam fazer isso. Entre os que pretendiam fazer a sucessão, apenas 18 (31%)<br />

efetivaram seu projeto e entre os que não pretendiam transferir o estabelecimento<br />

para um sucessor a maioria (279 ou 96%) cumpriu o plano, <strong>em</strong>bora 11 (4,0%)<br />

tenham feito a sucessão s<strong>em</strong> tê-la planejado (BRUMER, 2007 apud FOXALL, 1983,<br />

p. 45).<br />

No Brasil, as expectativas dos jovens <strong>em</strong> assumir<strong>em</strong> o lugar dos pais na<br />

proprieda<strong>de</strong> vêm-se reduzindo. Assim, investigar os fatores que possam estar<br />

influenciando na <strong>de</strong>cisão daqueles que manifestaram a intenção <strong>de</strong> gerenciar a<br />

proprieda<strong>de</strong> e com aqueles que já a estão gerenciando po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> fato, fornecer<br />

informações importantes para frear a intensida<strong>de</strong> da diminuição na efetivação do<br />

processo sucessório.<br />

1.1 A influência dos costumes e tradições sobre o processo sucessório<br />

Um dos fatores elencados como po<strong>de</strong>ndo estar relacionado à diminuição do<br />

número <strong>de</strong> efetivos sucessores nas unida<strong>de</strong>s produtivas rurais é o fato <strong>de</strong> os pais<br />

retardar<strong>em</strong> o máximo possível o momento da transmissão do patrimônio, visando<br />

manter sua autorida<strong>de</strong> na proprieda<strong>de</strong>, inclusive na <strong>de</strong>finição das técnicas e formas <strong>de</strong><br />

gestão que serão <strong>em</strong>pregadas no processo produtivo. A tendência a não mudar aquilo<br />

que “está dando certo” funciona como um freio <strong>em</strong> face do <strong>de</strong>sejo dos mais jovens que<br />

prefer<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rnizar e inovar (BRUMER, 2007).<br />

19


O reconhecimento <strong>de</strong> todos esses aspectos abaliza a afirmação <strong>de</strong> que se tornar<br />

o sucessor <strong>em</strong> uma proprieda<strong>de</strong> rural é situação complexa. A certeza que se tinha para o<br />

futuro da proprieda<strong>de</strong> e da família cresce com insegurança. Os filhos manifestam, <strong>de</strong><br />

forma crescente, o interesse pelo trabalho assalariado na cida<strong>de</strong> e pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

que esta oferece. Hoje, mesmo para os produtores consi<strong>de</strong>rados tecnificados, a sucessão<br />

ainda é um probl<strong>em</strong>a, pois o <strong>de</strong>sinteresse dos filhos <strong>em</strong> continuar<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong><br />

herdada dos pais é consi<strong>de</strong>rável. Nesse sentido, uma pesquisa realizada no Uruguai por<br />

Perrachón, <strong>em</strong> 2011, constatou que 90% dos agricultores <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> se encontravam<br />

entre 46 e 64 anos ou acima <strong>de</strong>sse intervalo. Contudo, o que esperar <strong>em</strong> face do<br />

processo sucessório: a manutenção dos costumes ligados à sucessão, mesmo mediante<br />

as transformações socioeconômicas <strong>em</strong> curso ou a instauração <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />

aculturação gerador da adaptação aos valores e práticas trazidos pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>?<br />

Nesse sentido, seria importante consi<strong>de</strong>rar, segundo Costa (2010), que a<br />

sucessão na agricultura familiar envolve não apenas a transferência <strong>de</strong> um patrimônio e<br />

<strong>de</strong> capital imobilizado ao longo das sucessivas gerações, mas revela, também, a<br />

existência <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro código cultural que orienta as escolhas e os procedimentos<br />

dirigidos a garantir que, pelo menos, um dos her<strong>de</strong>iros possa reproduzir a situação<br />

original. Ainda segundo essa autora, citando Brumer (2007), os critérios sucessórios<br />

adotados pelos pais são orientados por fatores tradicionais, mas po<strong>de</strong>m, também, ser<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> fatores conjunturais que, <strong>de</strong> alguma maneira, a eles se impõ<strong>em</strong>. No<br />

próximo tópico, inicia-se a apresentação dos costumes e tradições relacionados às<br />

práticas sucessórias.<br />

1.1.1 O minorato e a morgadia<br />

Segundo Carneiro (1998), a estratégia sucessória nas famílias rurais europeias<br />

estava estruturada sobre quatro critérios: a condição <strong>de</strong> produção da unida<strong>de</strong>, o número<br />

<strong>de</strong> filhos do casal, <strong>em</strong> especial os do sexo masculino e a sua posição na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

nascimento. O processo sucessório incluía duas fases: a primeira referia-se à escolha do<br />

sucessor, aquele que, além <strong>de</strong> administrar a proprieda<strong>de</strong>, iria herdar a casa, as terras<br />

produtivas, os equipamentos e os “pais”, visto que o sucessor ficava com a obrigação <strong>de</strong><br />

20


<strong>de</strong>les cuidar. A segunda fase referia-se à distribuição dos bens familiares para os <strong>de</strong>mais<br />

her<strong>de</strong>iros. Nesse caso, geralmente os bens eram as terras menos produtivas ou dinheiro:<br />

para estudo, para começar a vida ou para o enxoval, no caso das mulheres. Com relação<br />

ao estabelecimento da sucessão esta, geralmente, ocorria <strong>em</strong> três circunstâncias: a) pelo<br />

casamento do filho sucessor; b) pela aposentadoria ou invali<strong>de</strong>z do chefe da família; ou<br />

c) pela morte do chefe da família.<br />

Para Sacco dos Anjos e Caldas (2006), critérios como o minorato, que<br />

representa a <strong>de</strong>signação, meio sigilosa, mas <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> todos, do filho mais<br />

novo como sucessor, evi<strong>de</strong>nciam a supr<strong>em</strong>acia do padrão tradicional na orientação do<br />

processo sucessório. Outra estratégia utilizada era a primogenitura. Assim, quando uma<br />

filha era a mais velha entre os irmãos, procurava-se arrumar um marido para ela,<br />

geralmente algum primo. Essa estratégia, muito utilizada por colônias al<strong>em</strong>ãs no Sul do<br />

Brasil, visava resolver três probl<strong>em</strong>as ao mesmo t<strong>em</strong>po: o casamento para a filha, o<br />

impedimento <strong>de</strong> que o filho do irmão seguisse o caminho do celibato e a garantia <strong>de</strong> que<br />

a proprieda<strong>de</strong> tivesse um sucessor (WOORTMANN, 1995).<br />

Segundo Santos (1996), a primogenitura era também adotada <strong>em</strong> Portugal. Em<br />

um estudo <strong>de</strong> caso realizado no Entre Douro e Minho, constatou-se que a primogenitura<br />

atendia à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não fragmentar a parte produtiva do estabelecimento<br />

agropecuário. Assim, criou-se o costume <strong>de</strong> que os filhos menores se educariam para se<br />

tornar<strong>em</strong> padres, médicos ou advogados, enquanto o direito à sucessão era majorado ao<br />

filho mais velho. Essa estratégia se baseava no fato <strong>de</strong> que o filho padre abriria mão dos<br />

bens familiares; o médico ou o advogado, pelos rendimentos advindos da profissão,<br />

teria bens próprios suficientes, “justificando”, assim, a partilha <strong>de</strong>sigual e possibilitando<br />

a continuida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s no estabelecimento agropecuário. A estratégia <strong>de</strong><br />

conce<strong>de</strong>r ao filho primogênito o direito à sucessão era <strong>de</strong>nominada no país por<br />

morgadio.<br />

Para Carneiro (1998), a mudança do morgadio para o minorato esteve<br />

associada, <strong>em</strong> muitos contextos, ao fato <strong>de</strong> ter começado a haver a prática <strong>de</strong> se atrasar o<br />

casamento do primogênito até o momento <strong>em</strong> que o pai fosse se retirar da produção.<br />

Assim, a passag<strong>em</strong> da proprieda<strong>de</strong> para o mais novo entre os filhos coincidiria <strong>de</strong> forma<br />

mais próxima com o casamento e a passag<strong>em</strong> para a ida<strong>de</strong> adulta do filho caçula do que<br />

21


do mais velho. Abramovay et al. (1998) também apontaram que o atraso na passag<strong>em</strong><br />

do comando da proprieda<strong>de</strong> favoreceria que a sucessão recaísse sobre o filho mais novo.<br />

Esse atraso, segundo Carneiro (1998), não seria vivido s<strong>em</strong> tensão pela família;<br />

no entanto, as insatisfações por parte dos filhos raramente são manifestadas antes do<br />

falecimento dos pais, pois o controle do patrimônio fundiário é o último e mais forte<br />

controle simbólico e material que o pai exerce sobre a sua família. Em alguns casos, o<br />

filho sucessor, inclusive, já gerencia a proprieda<strong>de</strong>, mas, legalmente, ela ainda<br />

pertenceria a seus pais, o que, inclusive, asseguraria que o filho sucessor cuidaria dos<br />

pais durante a velhice. Nesse caso, mesmo parecendo uma situação humilhante para<br />

todos os filhos, inclusive o sucessor, eles não externam sua insatisfação com a situação,<br />

mais uma vez respeitando a autorida<strong>de</strong> do pai, que nesse ato <strong>de</strong> discriminação com os<br />

<strong>de</strong>mais filhos não sucessores neutraliza possíveis conflitos entre eles.<br />

Mesmo não estando <strong>em</strong> situação confortável, o momento <strong>em</strong> que o filho<br />

sucessor gerenciava a proprieda<strong>de</strong>, ainda sob o comando do pai, lhe era útil para que ele<br />

pu<strong>de</strong>sse acumular recursos para in<strong>de</strong>nizar os <strong>de</strong>mais irmãos quando fosse assumir<br />

legalmente a proprieda<strong>de</strong>. Com o predomínio do minorato, outro fato que indicava<br />

qu<strong>em</strong> seria o sucessor na proprieda<strong>de</strong> era a nomeação <strong>de</strong> um filho específico para<br />

receber o nome do pai. No Brasil, essa estratégia recebeu a <strong>de</strong>nominação também <strong>de</strong><br />

ultimogenitura. A prática <strong>de</strong>ssa estratégia sucessória, além <strong>de</strong> gerar a constituição <strong>de</strong><br />

uma nova família, renovava a força <strong>de</strong> trabalho ali existente (CARNEIRO, 1998).<br />

Entretanto, a prática do minorato punia duplamente os não escolhidos como<br />

sucessores quando estes, além <strong>de</strong> não receber<strong>em</strong> a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens como<br />

herança, eram claramente preteridos da escolha para se tornar<strong>em</strong> sucessores. Esse ato<br />

era inclusive garantido pela Lei <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1938, que <strong>de</strong>fendia a não<br />

fragmentação do patrimônio fundiário e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, garantia aos <strong>de</strong>mais<br />

her<strong>de</strong>iros in<strong>de</strong>nização justa. Essa in<strong>de</strong>nização era, por muitas vezes, realizada com<br />

terras não produtivas, o que na prática favorecia ao her<strong>de</strong>iro-sucessor, ao qual era<br />

garantido também um quarto a mais na divisão do patrimônio <strong>em</strong> relação aos irmãos<br />

(CARNEIRO, 1998).<br />

22


1.1.2 Gênero e casamento<br />

Com relação às relações <strong>de</strong> gênero <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>s rurais, estudos como os <strong>de</strong><br />

Stropassolas (2004) vêm indicando que as mulheres ao saír<strong>em</strong> do campo para estudar ou<br />

trabalhar dificilmente têm regressado. Ao buscar<strong>em</strong> estudo e trabalho na cida<strong>de</strong>, as<br />

mulheres têm <strong>de</strong>monstrado a recusa <strong>em</strong> reproduzir a vida que as suas mães levavam no<br />

campo. No que diz respeito ao processo sucessório no campo, o qual geralmente é<br />

conduzido pelo pai, a escolha por uma mulher como sucessora ocorre apenas na falta do<br />

filho hom<strong>em</strong> (MALÁN, 2005) 6 . Além disso, segundo Woortmann (1995), no processo<br />

sucessório as mulheres, além <strong>de</strong> herdar<strong>em</strong> a terra <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> menor que os seus<br />

irmãos, quando o herdam, não usufru<strong>em</strong> <strong>de</strong> sua parte, pois esta passa a ser administrada<br />

pelo marido.<br />

Nas socieda<strong>de</strong>s rurais tradicionais, a mulher era um objeto importante nas<br />

estratégias <strong>de</strong> casamento. Na França, por ex<strong>em</strong>plo, até antes da Primeira Guerra<br />

Mundial, nas famílias abastadas, nas quais o sucessor era um primogênito, a noiva i<strong>de</strong>al<br />

para esse seria oriunda <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> posses que pu<strong>de</strong>sse pagar um dote à família<br />

do noivo. Esse dote serviria para in<strong>de</strong>nizar os não sucessores. Quando o primogênito <strong>de</strong><br />

uma família abastada era uma mulher, as terras da família po<strong>de</strong>riam ser aumentadas<br />

através da união com outro primogênito ou com um “segundão” que tivesse recebido<br />

dinheiro que servisse para a compra <strong>de</strong> mais patrimônio. Nesse caso, o genro<br />

geralmente ficava sob o po<strong>de</strong>r do pai da esposa até a morte <strong>de</strong>ste, passando a gerir a<br />

proprieda<strong>de</strong> após a morte <strong>de</strong> seu sogro. Ou seja, a mulher praticamente não tinha a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conduzir ela própria, n<strong>em</strong> mesmo as terras herdadas da sua família,<br />

com raras exceções (CARNEIRO, 1998).<br />

Ainda no que diz respeito ao casamento, assim como o filho mais velho era o<br />

preferido como sucessor <strong>em</strong> algumas estratégias <strong>de</strong> herança no campo; no que diz<br />

respeito ao casamento, a preferência recaía sobre a filha mais velha. Para as famílias<br />

6 Lo normal <strong>em</strong> este sentido, ES que el proceso sucesorio se articule <strong>em</strong> torno a este, quien es el que<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>, cuando y como se transferirán las responsabilida<strong>de</strong>s sobre la gestión <strong>de</strong> la <strong>em</strong>presa, a los hijos...<br />

<strong>de</strong> este modo la gestión por parte <strong>de</strong> mujeres resulta ser excepcional y geralmente solo posible, <strong>em</strong> casos<br />

<strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> um sucesor váron <strong>em</strong> la familia. Em este sentido se senala, que la mayoria <strong>de</strong> los jóvenes<br />

<strong>de</strong>clara que los padres no han ejercido influencia sobre su didación laboral, lo cual contrasta com las<br />

respuestas <strong>de</strong> la generación anteriror... (MALÁN, 2005, p. 4 e 6).<br />

23


mais ricas, a estratégia era realizar o casamento mais cedo, pois a partilha das terras não<br />

comprometia a reprodução social da nova família. Já para as famílias mais pobres, além<br />

<strong>de</strong> retardar<strong>em</strong> ao máximo o momento da transferência do estabelecimento, é função do<br />

sucessor ajudar nos dotes das irmãs, para só após ter a permissão para assumir a<br />

proprieda<strong>de</strong> (WOORTAMANN, 1995). Essa situação leva à conclusão <strong>de</strong> que para as<br />

famílias mais capitalizadas a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras produtivas disponíveis seria suficiente<br />

para todos os filhos. Já nas famílias mais pobres existiria terra produtiva apenas para o<br />

sucessor, <strong>de</strong>vendo o escolhido contribuir para a in<strong>de</strong>nização, mesmo que simbólica, das<br />

irmãs. Essa tradição “administrada” pela autorida<strong>de</strong> do pai no estabelecimento<br />

colocava-se como tentativa <strong>de</strong>, ao mesmo t<strong>em</strong>po, amenizar possíveis conflitos<br />

<strong>de</strong>correntes da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na hora da partilha, além <strong>de</strong> contribuir para que a(s) filha(s)<br />

tivesse(m) um dote, que po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> incentivo para o casamento <strong>de</strong>la(s) e sua<br />

manutenção no campo.<br />

Nesse sentido, Silvestro et al. (2001) pon<strong>de</strong>raram que, para as mulheres <strong>de</strong><br />

menor renda permanecer<strong>em</strong> no campo, era muito mais uma fatalida<strong>de</strong> do que uma<br />

opção. Ainda segundo esses autores, a falta <strong>de</strong> participação das mulheres no acesso ao<br />

crédito também po<strong>de</strong> ser tomada como forte indicativo <strong>de</strong> que elas não almejass<strong>em</strong><br />

continuar no campo. Em pesquisa realizada no Oeste <strong>de</strong> Santa Catarina, 85% das jovens<br />

entrevistadas nunca fizeram <strong>em</strong>préstimo para investir na proprieda<strong>de</strong>. Carneiro (1998)<br />

relatou a frustração <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong>ssa região <strong>em</strong> ter<strong>em</strong> sido escolhidas como<br />

sucessoras. Em famílias compostas apenas por mulheres, elas se viram obrigadas a<br />

<strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> seus projetos <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado os estudos para cuidar<strong>em</strong> não só <strong>de</strong><br />

seus filhos, mas, também, dos pais durante a velhice. Além disso, não tinham a garantia<br />

legal <strong>de</strong> que herdariam a proprieda<strong>de</strong> dos pais após o falecimento <strong>de</strong>stes.<br />

Para Weisheimer (2007 apud BRUMER, 2004), a participação das mulheres<br />

nas ativida<strong>de</strong>s produtivas no campo ocorre <strong>em</strong> três situações: a) nos trabalhos <strong>de</strong><br />

execução manual, como os <strong>de</strong> limpeza do solo e colheita da produção; b) na limpeza, na<br />

seleção e na <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> da produção; e c) no cuidado e criação dos animais. Segundo<br />

Malán (2005) 7 , mesmo as mulheres participando do processo produtivo, elas<br />

7 Como lo ilustra esta expresión y lo senala Campana al respecto, es usual que la mujer rural tienda a<br />

pensarse a si misma primero como “ama <strong>de</strong> casa” y secundariamente consi<strong>de</strong>rarse como “productora o<br />

trabajadora”: el<strong>em</strong>ento que muchas veces suele invisibilizar el papel productivo que realmente tiene ésta<br />

(MALÁN, 2005, p.26).<br />

24


internalizam a percepção <strong>de</strong> que não faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong>le, que a sua função seria ser “dona<br />

<strong>de</strong> casa” e, secundariamente, ajudar na produção. Reforça essa perspectiva o fato <strong>de</strong><br />

que, <strong>de</strong> acordo com o Censo Agropecuário <strong>de</strong> 2006 (IBGE, 2011), haveria <strong>em</strong><br />

Silveirânia apenas 77 (14,75%) mulheres agricultoras e <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />

apenas 17 (4,74%). No entanto, analisando os dados <strong>de</strong>sse mesmo censo, observou-se<br />

que existiam 276 estabelecimentos agropecuários <strong>em</strong> Silveirânia, sendo 26 (9,42%)<br />

f<strong>em</strong>ininos e 181 estabelecimentos agropecuários <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, sendo<br />

nove (4,97%) f<strong>em</strong>ininos. Esses dados reforçam a teoria sobre a masculinização que<br />

estaria ocorrendo no campo. Já alarmante, vale ressaltar que po<strong>de</strong>riam existir casos <strong>em</strong><br />

que a mulher seja apenas registrada como agricultora para ter acesso aos programas do<br />

governo, por comodida<strong>de</strong> ou por alguma pendência por parte do marido, sendo <strong>de</strong> fato a<br />

ativida<strong>de</strong> produtiva realizada integralmente pelo marido.<br />

Dessa forma, fica evi<strong>de</strong>nte, através dos costumes relativos ao minorato, ao<br />

morgadio e à preferência pelos sucessores do sexo masculino, que a tradição po<strong>de</strong>ria<br />

continuar a fornecer os parâmetros normativos que <strong>de</strong>finiriam o processo sucessório.<br />

Contudo, a força das transformações econômicas e sociais também age sobre as práticas<br />

e tradições, pressionando-as. No próximo it<strong>em</strong> são apresentados os fatores ligados à<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>riam influenciar no processo sucessório, provocando mudanças<br />

nos costumes e tradições até então vigentes.<br />

1.2 A influência dos fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sobre o processo sucessório<br />

Outros fatores elencados como po<strong>de</strong>ndo ser intervenientes para a presença do<br />

sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares produtivas <strong>de</strong> leite são aqueles relacionados à<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Segundo Rodrigues (1997), tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> são processos que se<br />

opõ<strong>em</strong>, marcados pela ruptura <strong>de</strong> processos consi<strong>de</strong>rados tradicionais para processos<br />

<strong>de</strong>finidos como mo<strong>de</strong>rnos. A passag<strong>em</strong> do tradicional para o mo<strong>de</strong>rno é um processo<br />

conflituoso, que <strong>de</strong>manda uma necessida<strong>de</strong> intrínseca <strong>de</strong> ultrapassag<strong>em</strong> dos seus valores<br />

reconhecidos. Nesse sentido, seria plausível consi<strong>de</strong>rar que mo<strong>de</strong>rno é tudo o que se<br />

<strong>de</strong>marca <strong>em</strong> relação àquilo que permanece como tradicional, tal como o tradicional é<br />

tudo aquilo que se <strong>de</strong>marca <strong>em</strong> relação àquilo que se apresenta como mo<strong>de</strong>rno.<br />

25


Ressaltou esse autor que, muitas vezes, o retorno a processos tradicionais também<br />

po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado manifestação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Traditio, <strong>em</strong> latim, significa a transmissão <strong>de</strong> valores e conhecimentos a<br />

terceiros. Já o termo Mo<strong>de</strong>rnus conduz à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> recente. Valendo-se <strong>de</strong> processos<br />

consi<strong>de</strong>rados como tradicionais, com a utilização <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra familiar e baixo uso<br />

<strong>de</strong> tecnologia, a pecuária leiteira familiar estaria passando por uma re<strong>de</strong>finição dos<br />

i<strong>de</strong>ais mo<strong>de</strong>rnos, sendo influenciada para a mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> seus processos produtivos<br />

através do uso da tecnologia e novas formas <strong>de</strong> gestão. De acordo com Rodrigues<br />

(1997), o esgotamento dos recursos naturais, processos políticos, condições <strong>de</strong> vida da<br />

população e i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> <strong>em</strong>ancipação pesariam sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> romper com um<br />

processo tradicional para o mo<strong>de</strong>rno. Na pecuária leiteira, vale ressaltar que as<br />

Instruções Normativas 51 e 62 vêm exercendo consi<strong>de</strong>rável influência para que os<br />

produtores familiares <strong>de</strong> leite revejam seus costumes, <strong>de</strong>ixando para trás processos<br />

tradicionais e manuais no processo produtivo para o <strong>em</strong>prego da tecnologia e mo<strong>de</strong>rnas<br />

formas <strong>de</strong> gestão. Esse el<strong>em</strong>ento, além <strong>de</strong> melhorar a eficiência dos produtores, po<strong>de</strong>ria<br />

também influenciar na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> continuar na ativida<strong>de</strong> pelos filhos ou outros possíveis<br />

sucessores no estabelecimento.<br />

Para Salomon et al. (1993), a ruptura entre o tradicional e o mo<strong>de</strong>rno criaria<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoria nos padrões <strong>de</strong> vida dos agricultores, sendo a ciência e<br />

tecnologia instrumentos primordiais para a realização <strong>de</strong>ssas expectativas. Entretanto,<br />

ressaltaram esses autores que ciência e tecnologia não po<strong>de</strong>riam ter efeitos socialmente<br />

benéficos se o contexto cultural e político não estivesse preparado para absorvê-las,<br />

sendo esse um processo muito mais difícil e complexo que uma mera transferência <strong>de</strong><br />

recursos.<br />

Para a pecuária leiteira, ciência e tecnologia estariam provocando consi<strong>de</strong>rável<br />

impacto ao reduzir o trabalho físico e melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos produtores.<br />

Entretanto, não se po<strong>de</strong> afirmar que condições para acesso às novas tecnologias<br />

estariam sendo disponibilizadas para os pequenos produtores <strong>de</strong> leite. Ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />

que a tecnologia po<strong>de</strong>ria proporcionar melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida aos produtores, ela<br />

po<strong>de</strong>ria também se transformar <strong>em</strong> fator <strong>de</strong> exclusão para aqueles que não consegu<strong>em</strong><br />

se adaptar ao seu uso, seja por questões tradicionais, <strong>em</strong> não querer mudar uma prática<br />

que consi<strong>de</strong>ravam que “está dando certo”, seja por falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> acesso. Assim,<br />

26


segundo Salomon et al. (1993), a tecnologia po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada, por alguns, como<br />

forma <strong>de</strong> escravização humana e <strong>de</strong>struição, como po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada por outros,<br />

como força libertadora <strong>de</strong> processos tradicionais que gera melhores condições <strong>de</strong> vida<br />

para as pessoas. Para esses autores, fatores sociais e culturais influenciariam o papel que<br />

a ciência e tecnologia <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>. Entretanto, é certo que<br />

políticas públicas, ciência e tecnologia, <strong>em</strong> conjunto, po<strong>de</strong>m transformar estruturas<br />

sociais e modos <strong>de</strong> comportamento.<br />

A adoção da tecnologia isoladamente não implicaria, necessariamente,<br />

mudança social nos agentes envolvidos. Porém, não se po<strong>de</strong> subestimar que a adoção <strong>de</strong><br />

novas tecnologias po<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar e aumentar a eficiência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s tradicionais,<br />

proporcionando formas sustentáveis para exploração dos recursos naturais e provocar a<br />

ruptura nos hábitos e meios <strong>de</strong> subsistência adotados (SALOMON et al., 1993). Para a<br />

pecuária leiteira familiar, a acumulação <strong>de</strong> capital isoladamente não seria consi<strong>de</strong>rada<br />

como garantia <strong>de</strong> crescimento. Valores culturais, como o gosto pela ativida<strong>de</strong>, a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e a organização do setor, também são fundamentais para satisfazer<strong>em</strong><br />

as necessida<strong>de</strong>s dos agricultores, estimulando-os a continuar na ativida<strong>de</strong>. Assim, para<br />

Salomon et al. (1993) a análise <strong>de</strong> interação entre a socieda<strong>de</strong> e a tecnologia <strong>de</strong>veria ser<br />

realizada, levando-se <strong>em</strong> conta as características <strong>de</strong> cada país ou socieda<strong>de</strong>. Qualquer<br />

que seja o nível tecnológico adotado, o <strong>de</strong>senvolvimento das necessida<strong>de</strong>s dos<br />

agricultores só será alcançado através da mudança do tradicional para o mo<strong>de</strong>rno, e n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre po<strong>de</strong>rá ser mensurada quantitativamente apenas por indicadores econômicos.<br />

Nesse sentido, torna-se necessário avaliar as implicações futuras sobre duas situações:<br />

como mo<strong>de</strong>rnizar s<strong>em</strong> sacrificar a tecnologia? E como preservar a tradição s<strong>em</strong><br />

comprometer a mo<strong>de</strong>rnização? O dil<strong>em</strong>a relatado se faria jus tendo <strong>em</strong> vista que o<br />

Estado, que <strong>de</strong>veria ser o tomador <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões capaz <strong>de</strong> conduzir todo o processo <strong>de</strong><br />

mudança do tradicional para o mo<strong>de</strong>rno, estaria se tornando cada vez menos influente<br />

no controle <strong>de</strong> fenômenos econômicos, sociais, ambientais ou tecnológicos que ocorr<strong>em</strong><br />

present<strong>em</strong>ente no mundo.<br />

Nesse cenário, conclu<strong>em</strong> Salomon et al. (1993) que a ciência e tecnologia<br />

po<strong>de</strong>m contribuir significativamente para o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>, porém o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento é uma busca incerta, que levanta questionamentos sobre sua<br />

viabilida<strong>de</strong> ou não. A ciência e tecnologia não oferec<strong>em</strong> solução pronta para o probl<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> valores, <strong>de</strong>corrente da colisão entre tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Consoante às rupturas<br />

27


trazidas pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a mo<strong>de</strong>rnização, que não se confun<strong>de</strong> com aquela,<br />

envolveria, segundo Solé (1998), além das variações quantitativas nas condições<br />

materiais <strong>de</strong> existência, variações qualitativas nos modos <strong>de</strong> vida, como: alterações nos<br />

valores que orientam as práticas e as atitu<strong>de</strong>s e os comportamentos dos indivíduos. Tais<br />

aspectos serão explanados nos itens que se segu<strong>em</strong>.<br />

1.2.1 A influência da tecnologia e do associativismo na produção leiteira<br />

Po<strong>de</strong>ria, à primeira vista, parecer incoerente admitir que ciência e tecnologia<br />

possam gerar, além das expectativas <strong>de</strong> progressão e êxito nas ativida<strong>de</strong>s, a expectativa<br />

<strong>de</strong> abandono. O fato, porém, é que, às vezes, a mo<strong>de</strong>rnização tecnológica v<strong>em</strong> por força<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações legais, como aconteceu, por ex<strong>em</strong>plo, com a Normativa 51, <strong>de</strong><br />

18/09/2002, voltada para a ativida<strong>de</strong> leiteira, a qual visava alcançar maior controle sobre<br />

os animais e a or<strong>de</strong>nha mecanizada. Os agricultores, diante do imperativo da legislação,<br />

foram obrigados a mudar a sua forma <strong>de</strong> produzir, a fim <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong> às exigências<br />

da normativa, o que resultou na sobrevivência no mercado <strong>de</strong> menor contingente <strong>de</strong><br />

produtores. Silvestro et al. (2001), <strong>em</strong> estudo realizado no Oeste <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />

classificaram os produtores que mudaram a sua forma <strong>de</strong> produção para aten<strong>de</strong>r aos<br />

imperativos da mo<strong>de</strong>rnização agrícola como produtores especializados ou capitalizados.<br />

Os dados apresentados na tabela 5 por Guanziroli et al. (2011) apontaram para esse<br />

cenário <strong>de</strong> redução da participação dos pequenos produtores na ativida<strong>de</strong> leiteira.<br />

Tabela 5 – Participação na produção animal<br />

Tipo <strong>de</strong> produção animal 1996 2006<br />

Pecuária <strong>de</strong> corte 23,64 16,65<br />

Pecuária <strong>de</strong> leite 52,05 38,88<br />

Suínos 58,46 52,45<br />

Aves 39,86 30,34<br />

Fonte: GUANZIROLI et al., 2011.<br />

28


Já no Uruguai, segundo Malán (2005) 8 , on<strong>de</strong> a pecuária leiteira também passou<br />

por consi<strong>de</strong>rável mo<strong>de</strong>rnização, com melhorias no manejo do rebanho, a introdução do<br />

uso da genética para a apuração da raça, das melhorias no transporte, do uso <strong>de</strong><br />

equipamentos para resfriar o leite e da utilização da or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira para facilitar o<br />

trabalho do produtor, tiveram efeito positivo sobre os pequenos produtores, que não<br />

foram excluídos do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização; pelo contrário, melhoraram as suas<br />

expectativas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong>. Nesse sentido, Stropasolas (2011) chamou a<br />

atenção para o fato <strong>de</strong> que a adoção <strong>de</strong> tecnologia pelos pequenos produtores po<strong>de</strong>ria,<br />

sim, melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>les, mas, ainda assim, <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas ativida<strong>de</strong>s,<br />

como a pecuária leiteira, a necessida<strong>de</strong> do trabalho diário, incluindo os finais <strong>de</strong><br />

s<strong>em</strong>ana, continuaria a se constituir <strong>em</strong> um fator <strong>de</strong>sestimulante para os jovens, mesmo<br />

para aqueles inseridos <strong>em</strong> estabelecimentos economicamente viáveis.<br />

Outro aspecto levantado por L<strong>em</strong>os (2010) que não se refere diretamente a<br />

esses fatores culturais relacionados às expectativas dos jovens rurais quanto à ativida<strong>de</strong><br />

leiteira diz respeito ao fato <strong>de</strong> que, mesmo consi<strong>de</strong>rando que a tecnologia possa<br />

melhorar a condição <strong>de</strong> trabalho dos produtores rurais, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ela é <strong>de</strong>senvolvida<br />

<strong>de</strong> forma a cont<strong>em</strong>plar os pequenos produtores, não sendo compatível com as suas<br />

necessida<strong>de</strong>s. Além disso, segundo o referido autor, apenas o acesso à tecnologia <strong>de</strong><br />

produção não seria suficiente para a manutenção <strong>de</strong>sses produtores no mercado, visto<br />

que seria necessário a eles o acesso às estratégias <strong>de</strong> gestão do estabelecimento, as quais<br />

eram ignoradas por parte significativa dos agricultores.<br />

Para Buainain (2007), uma possível alternativa para aumentar os ganhos seria o<br />

associativismo, prática utilizada pelos agricultores europeus no passado para enfrentar<br />

as crises na agricultura e, também, por quase a meta<strong>de</strong> dos agricultores familiares no Sul<br />

do Brasil. O associativismo, além <strong>de</strong> gerar ganhos <strong>de</strong> escala, po<strong>de</strong> também reduzir os<br />

custos dos insumos utilizados na pecuária familiar. As associações <strong>de</strong> pequenos<br />

produtores têm exercido importante papel com a utilização <strong>de</strong> tanques coletivos, o que,<br />

8 Dicho mo<strong>de</strong>lo consistió básicamente entre otros cambios en: la incorporación <strong>de</strong> pra<strong>de</strong>ras artificiales<br />

plurianuales, que permitiron mejorar y estabilizar la oferta forrajera; avances <strong>em</strong> las prácticas sanitárias;<br />

el mejoramiento en la base genética <strong>de</strong>l ganado y <strong>em</strong> su manejo reprodutivo; introducción <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>ne, equipos <strong>de</strong> frio y transporte, etc. a<strong>de</strong>más outra <strong>de</strong> las características que fueron <strong>de</strong>stacables, fue<br />

que durante el proceso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnización la lecheria no margino a la pequena producción, sino que por el<br />

contrario capto un número importante <strong>de</strong> productores familiares, que adoptó esta actividad al ser<br />

<strong>de</strong>splazados <strong>de</strong> otros rubros (MALÁN,1995, p. 11).<br />

29


além <strong>de</strong> gerar redução nos custos e ganho <strong>de</strong> escala na revenda do leite, fortaleceria a<br />

relação entre os produtores e os possíveis sucessores no estabelecimento.<br />

Para além das práticas associativistas, a adoção <strong>de</strong> tecnologias acessíveis aos<br />

pequenos produtores t<strong>em</strong> sido apontada como capazes <strong>de</strong> dinamizar a ativida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong><br />

como melhorar a sua expectativa futura <strong>em</strong> relação à produção leiteira. Têm sido citadas<br />

na literatura especializada as seguintes formas <strong>de</strong> manejo, práticas e uso <strong>de</strong> tecnologia: o<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha mecânica, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> este ser percebido como capaz <strong>de</strong> reduzir a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra; a realização <strong>de</strong> duas or<strong>de</strong>nhas diárias, <strong>em</strong><br />

razão da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento da produtivida<strong>de</strong>; o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reprodução por<br />

ins<strong>em</strong>inação artificial; o manejo dos bezerros; e o manejo geral do rebanho, sendo<br />

todas essas práticas voltadas para a busca <strong>de</strong> maior racionalida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong> (RUAS,<br />

2010) 9 . Entretanto, os dados levantados por Guanziroli et al. (2011) referentes ao uso <strong>de</strong><br />

tecnologia entre os agricultores familiares indicam um quadro b<strong>em</strong> diferente <strong>em</strong> relação<br />

à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses (Quadro 6).<br />

Tabela 6 – Uso <strong>de</strong> tecnologia entre os agricultores familiares no Brasil<br />

Variáveis Selecionadas 1996 2006<br />

Utiliza assistência técnica 16,67 20,88<br />

Associado à cooperativa 12,63 4,18<br />

Usa energia elétrica 36,63 74,1<br />

Força animal 22,67 38,75<br />

Força mecânica 27,5 30,21<br />

Força manual 49,83 31,04<br />

Usa irrigação 4,92 6,23<br />

Usa adubos e corretivos 36,73 37,79<br />

Fonte: GUANZIROLI et al., 2011.<br />

Esses dados, por si, já dão uma dimensão do quanto o processo sucessório<br />

entre produtores <strong>de</strong> leite po<strong>de</strong>ria ser afetado pelo baixo nível tecnológico presente nas<br />

ativida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>.<br />

9 Para Queiroz (2010), outro mo<strong>de</strong>lo que melhoraria a eficiência dos agricultores familiares seria o uso <strong>de</strong><br />

sist<strong>em</strong>as silvipastoris (SSPs). Para a pecuária familiar, uma opção seria a Integração Lavoura Pecuária<br />

(ILP), que propõe a introdução <strong>de</strong> fileiras <strong>de</strong> eucaliptos entre a lavoura e o pasto. Nesse caso, a lavoura<br />

po<strong>de</strong>ria custear a recuperação do pasto e as árvores representariam uma opção <strong>de</strong> renda futura, s<strong>em</strong> a<br />

perda da renda obtida com o uso do pasto.<br />

30


1.2.2 Crédito<br />

Segundo Mingatto (2005), as alterações no ambiente institucional na pecuária<br />

leiteira dividiram o setor, aumentando a informalida<strong>de</strong> entre os produtores <strong>de</strong> leite, uma<br />

vez que as alterações não foram acompanhadas pela oferta <strong>de</strong> crédito e capacitação para<br />

os pequenos produtores. Nesse sentido, com o intuito <strong>de</strong> alavancar o segmento, o<br />

<strong>Programa</strong> Nacional <strong>de</strong> Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) começou a<br />

ofertar aos agricultores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> financiamentos com baixas taxas<br />

<strong>de</strong> juros. Para Mattei (2006), o programa, presente <strong>em</strong> quase todos os municípios<br />

brasileiros, veio aten<strong>de</strong>r a uma antiga reivindicação dos pequenos produtores rurais que,<br />

secularmente marginalizada pelas políticas públicas fe<strong>de</strong>rais, <strong>de</strong>mandavam a<br />

implantação <strong>de</strong> políticas públicas para o setor, que, <strong>de</strong> acordo com o Censo<br />

Agropecuário 2006, representava 84,4% dos produtores rurais.<br />

Segundo Mattei (2006), o PRONAF estruturou-se, a partir <strong>de</strong> 2003, com quatro<br />

linhas <strong>de</strong> crédito: a) financiamento da produção; b) financiamento <strong>de</strong> infraestrutura e<br />

serviços municipais; c) capacitação e profissionalização dos agricultores familiares; e d)<br />

financiamento da pesquisa e extensão rural. Embora essas linhas <strong>de</strong> crédito tenham<br />

sofrido algumas modificações, especialmente no que diz respeito à rubrica <strong>de</strong>stinada aos<br />

serviços municipais, que foi <strong>de</strong>slocada para programas <strong>de</strong> caráter territorial, saindo do<br />

Pronaf, o programa v<strong>em</strong> mantendo a sua estrutura básica, com mudanças efetivadas ao<br />

longo <strong>de</strong>sse período para a correção <strong>de</strong> distorções relativas à concentração na<br />

distribuição dos recursos.<br />

No Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, por ex<strong>em</strong>plo, apenas 5,5% do crédito era utilizado<br />

pelos pequenos produtores. Ainda <strong>de</strong> acordo com esses autores, o programa apresenta<br />

maiores avanços quantitativos do que qualitativos, pois a oferta <strong>de</strong> crédito se dá<br />

<strong>de</strong>sacompanhada <strong>de</strong> exigências específicas para a sua aplicação, como a<strong>de</strong>quação à<br />

legislação sanitária, fiscal e trabalhista, a capacitação do trabalhador rural e a<br />

impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> infraestrutura básica (estradas <strong>em</strong> boa condição <strong>de</strong> escoamento e<br />

circulação do produto, saneamento básico, energia etc.). Essa lacuna t<strong>em</strong> dificultado o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do setor (AZEVEDO; PESSOA, 2011).<br />

31


A <strong>de</strong>speito disso, segundo Mattei (2006), o programa gerou efeitos positivos<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento dos agricultores familiares, capitalizando e aumentando a<br />

produtivida<strong>de</strong> no campo brasileiro, melhorando, assim, as perspectivas dos futuros<br />

sucessores. Segundo esse autor, <strong>em</strong> 10 anos <strong>de</strong> existência o programa tornou-se<br />

referência para o <strong>de</strong>senvolvimento da agricultura familiar nacional. A análise<br />

comparativa, realizada por Guanziroli et al. (2011), da agricultura familiar no Brasil<br />

entre 1996, ano do início do PRONAF, e 2006, ano <strong>de</strong> publicação dos dados do Censo<br />

Agropecuário, indicou a seguinte configuração <strong>de</strong>ssa agricultura.<br />

Tabela 7 – Participação dos estabelecimentos familiares brasileiros<br />

Variável 1996 2006<br />

Percentual <strong>de</strong> estabelecimentos familiares 85,17 87,48<br />

Percentual da área dos estabelecimentos familiares 30,48 32,36<br />

Percentual <strong>de</strong> VBP familiares 37,91 39,68<br />

Percentual pessoal ocupado 76,85 77,99<br />

Fonte: GUANZIROLI et al., 2011.<br />

VBP (Valor Bruto da Produção).<br />

Segundo Buainain (2007), entretanto, a ausência <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los eficazes <strong>de</strong> gestão<br />

e a iminência <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> insegurança alimentar po<strong>de</strong>riam levar os agricultores<br />

familiares a produzir<strong>em</strong> somente para a subsistência e até <strong>de</strong>sviar<strong>em</strong> recursos oriundos<br />

<strong>de</strong> créditos que <strong>de</strong>veriam ser utilizados para investimentos na proprieda<strong>de</strong>. No que diz<br />

respeito às questões relacionadas ao processo sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong><br />

leite, consi<strong>de</strong>ra-se que os investimentos no estabelecimento, através do crédito, po<strong>de</strong>m<br />

melhorar as condições <strong>de</strong> trabalho do produtor e sua eficiência na ativida<strong>de</strong>,<br />

constituindo-se, assim, <strong>em</strong> fatores fundamentais para estimular os futuros sucessores.<br />

1.2.3 A relativização do tamanho da proprieda<strong>de</strong> para a sucessão e a influência da<br />

proximida<strong>de</strong> dos centros urbanos e do acesso à escolarida<strong>de</strong><br />

De acordo com Romeiro (2007) e Silvestro et al. (2001), <strong>em</strong> um rural<br />

tradicional o tamanho da proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria influenciar diretamente nos resultados<br />

obtidos pelos agricultores familiares e na <strong>de</strong>cisão sobre como seria conduzido o<br />

processo sucessório. Assim, uma proprieda<strong>de</strong> com tamanho reduzido po<strong>de</strong>ria não ser<br />

32


sustentável economicamente se dividida entre todos os her<strong>de</strong>iros. Para Woortmann<br />

(1995), a diminuição no número <strong>de</strong> filhos das famílias no campo estaria diretamente<br />

ligada à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras hoje disponíveis.<br />

Segundo Ruas (2010), no Brasil a área média dos estabelecimentos familiares<br />

seria <strong>de</strong> 18,37 ha, enquanto nos não familiares, 309,18 ha. Observou-se que entre os<br />

agricultores familiares a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras seria insuficiente para a divisão entre os<br />

her<strong>de</strong>iros, pois po<strong>de</strong>ria não existir terras produtivas para todos. Na pesquisa realizada<br />

por Perrachón (2011), no Uruguai, mesmo sendo a minoria no país, entre os agricultores<br />

familiares pesquisados não existiam agricultores com área inferior a 100 ha, e 61,3%<br />

possuíam área entre 100 e 500 ha para <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s. Nesse caso,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que produtivas, o tamanho da proprieda<strong>de</strong> também po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado<br />

suficiente para a divisão entre os possíveis her<strong>de</strong>iros.<br />

Para Carneiro (1998), o tamanho da proprieda<strong>de</strong> isolado não explicaria como<br />

os produtores <strong>de</strong>terminam as estratégias para a sucessão. Outros fatores como as<br />

questões relacionadas à educação e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> sucesso profissional interferiria na<br />

<strong>de</strong>cisão sobre a sucessão. Segundo Carneiro (2001), o maior nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego na cida<strong>de</strong> seriam consi<strong>de</strong>rados como meio <strong>de</strong><br />

ascensão social por parte dos rurais. O estudo que era compreendido como uma forma<br />

<strong>de</strong> herança para os filhos que não se tornariam sucessores passa a ser percebido como<br />

uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “melhorar <strong>de</strong> vida”, inclusive pelos pretensos sucessores. Segundo<br />

Stropasolas (2011), as mulheres investiriam mais na educação do que os homens,<br />

sobretudo para se preparar<strong>em</strong> para o mercado <strong>de</strong> trabalho na cida<strong>de</strong>. Em Minas Gerais,<br />

jovens filhos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> leite com maior nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e que participavam<br />

<strong>de</strong> alguma ativida<strong>de</strong> no processo produtivo acreditavam que realizar estudos técnicos ou<br />

<strong>de</strong> nível superior na área <strong>de</strong> ciências agrárias po<strong>de</strong> diminuir o trabalho pesado exigido<br />

pela ativida<strong>de</strong>. Para os jovens com nível <strong>de</strong> educação superior, aspectos educacionais<br />

associados às informações <strong>de</strong> mercado, gerência e qualida<strong>de</strong> foram consi<strong>de</strong>rados<br />

fundamentais para o exercício da ativida<strong>de</strong> leiteira (TEIXEIRA et al., 2012).<br />

Para Stropasolas (2010), <strong>em</strong>bora tenha aumentado a renda das famílias no<br />

campo, a <strong>de</strong>svalorização da profissão <strong>de</strong> agricultor e a falta <strong>de</strong> opções no campo, no que<br />

se refere a lazer e à pouca disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po livre, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

realização <strong>de</strong> trabalho, inclusive, nos finais <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana, têm levado os pais a<br />

33


incentivar<strong>em</strong> os filhos a estudar<strong>em</strong> e a buscar<strong>em</strong> uma profissão alternativa à agricultura.<br />

Essa busca estaria, sobretudo, correlacionada com as mulheres, que percebiam as<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s a que estavam submetidas no meio rural.<br />

Nesse sentido, Brumer (2007) afirmou que os jovens, entre 15 e 24 anos,<br />

seriam os mais influenciados pelas mudanças trazidas pelo processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />

por que passava o campo no Brasil. Segundo ela, os jovens que viv<strong>em</strong> no campo<br />

<strong>de</strong>sejam o acesso aos bens <strong>de</strong> consumo e lazer, manifestando, <strong>de</strong> forma mais intensa que<br />

outros segmentos etários, uma tendência migratória. O fato <strong>de</strong> enxergar<strong>em</strong> na cida<strong>de</strong><br />

melhores oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego, <strong>de</strong> vida, acesso a bens <strong>de</strong> consumo e lazer, além <strong>de</strong><br />

acesso aos serviços públicos, seriam <strong>de</strong>terminantes para isso. Tais perspectivas e<br />

anseios por parte dos jovens rurais po<strong>de</strong>riam se constituir, portanto, <strong>em</strong> fatores<br />

intervenientes no processo sucessório <strong>em</strong> estabelecimentos agropecuários.<br />

Segundo Silvestro et al. (2001), o fato <strong>de</strong> o jov<strong>em</strong> se vislumbrar na cida<strong>de</strong> e<br />

não no campo como sucessor po<strong>de</strong>ria fazer que ele <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> se preparar para essa<br />

função. Segundo esses autores, os jovens que se capacitass<strong>em</strong> para gerenciar o<br />

estabelecimento agropecuário apresentariam menores chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a proprieda<strong>de</strong><br />

do que aqueles que não se capacitass<strong>em</strong>. Assim, avaliar a vida na cida<strong>de</strong> como mais<br />

vantajosa para si do que a vida no campo po<strong>de</strong>ria constituir fator interveniente no<br />

processo sucessório.<br />

Mediante tais consi<strong>de</strong>rações, seria pertinente consi<strong>de</strong>rar, também, que os<br />

processos culturais, políticos e econômicos do mundo cont<strong>em</strong>porâneo, como a<br />

globalização, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego estrutural, as migrações nacionais e internacionais etc.,<br />

envolveriam todos os indivíduos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> estar<strong>em</strong> na cida<strong>de</strong> ou no<br />

campo. No entanto, <strong>em</strong> face <strong>de</strong>sses processos que envolveriam transformações<br />

estruturais, as tradições dos rurais não seriam soterradas ou dissolvidas. Suas<br />

percepções e seus comportamentos seriam reelaborados <strong>de</strong> formas ativa e consciente.<br />

As suas avaliações e julgamentos <strong>em</strong> relação aos processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />

<strong>de</strong>monstrariam a sua condição <strong>de</strong> agentes sociais envolvidos <strong>em</strong> processos <strong>em</strong> níveis<br />

local e global, capazes <strong>de</strong> efetivar as escolhas “possíveis” <strong>em</strong> face das transformações<br />

vividas (BRUMER, 2007).<br />

34


Seria pertinente também consi<strong>de</strong>rar, ainda, que a proximida<strong>de</strong> com os centros<br />

urbanos se apresentaria, cada vez mais intensa, modificando os modos <strong>de</strong> vida das<br />

pessoas que viv<strong>em</strong> no campo. Segundo Rambaud (1969), <strong>em</strong> seu estudo da socieda<strong>de</strong><br />

rural da França, na década <strong>de</strong> 1960, isso aconteceria porque os rurais avaliariam <strong>de</strong><br />

forma positiva o acesso à tecnologia poupadora <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra e potencializadora da<br />

produtivida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como o acesso aos bens duráveis, como carro, moto, trator etc., e a<br />

outros bens <strong>de</strong> consumo, como eletrodomésticos, televisão, telefone, internet e tudo que<br />

pu<strong>de</strong>sse favorecer a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no campo, segundo seu julgamento.<br />

A busca por qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e melhores condições <strong>de</strong> trabalho e r<strong>em</strong>uneração<br />

constituiria, aliás, segundo Ruas (2010), uma das razões pelas quais a ativida<strong>de</strong> leiteira<br />

estaria per<strong>de</strong>ndo a atrativida<strong>de</strong> entre os jovens rurais. Tradicionalmente, a ativida<strong>de</strong><br />

leiteira, no Brasil, v<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> baixo uso <strong>de</strong> tecnologia, <strong>de</strong>vido à<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> terras marginais e pastos nativos pelos agricultores, a fim<br />

<strong>de</strong> minimizar seus custos e resistir às variações dos preços. Entretanto, essa conduta ao<br />

largo do aparato tecnológico teria resultado na utilização <strong>de</strong> práticas penosas <strong>de</strong> trabalho<br />

e exigiriam longa jornada diária, que se iniciaria ainda <strong>de</strong> madrugada e terminaria já à<br />

noite. Apesar disso, esses aspectos resultaram <strong>em</strong> baixa rentabilida<strong>de</strong>, fatores mais do<br />

que suficientes para <strong>de</strong>sestimular o interesse dos jovens pela ativida<strong>de</strong>. Assim, as<br />

agências <strong>de</strong> extensão rural, como a EMATER <strong>de</strong> Minas Gerais, vêm atuando no sentido<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar as práticas relacionadas à ativida<strong>de</strong> leiteira às mo<strong>de</strong>rnas formas <strong>de</strong> gestão e<br />

às tecnologias utilizadas não apenas para aumentar a sua eficiência produtiva, mas,<br />

também, para que os filhos dos produtores possam almejar continuar na ativida<strong>de</strong>.<br />

35


CAPÍTULO II<br />

A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E DAS PRÁTICAS DE<br />

CAPACITAÇÃO PARA A SUCESSÃO NA PECUÁRIA LEITEIRA<br />

Segundo Nogueira (2012), a pecuária leiteira brasileira estaria diante <strong>de</strong> boas e<br />

oportunas chances. O preço recebido pelo produtor encontra-se no maior nível nos<br />

últimos 12 anos. Entretanto, apesar dos preços mais elevados, as margens <strong>de</strong> lucro dos<br />

produtores vêm recuando ano a ano. Tal recuo se explicaria pelo aumento superior dos<br />

custos diante da receita, tendo como <strong>de</strong>staque o preço do milho e da mão <strong>de</strong> obra. Esta<br />

última se revela menor e pouco qualificada, sendo exercida, muitas vezes, apenas pelo<br />

proprietário, que, além <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r contar com ajuda na produção, percebe que a<br />

continuida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> estar comprometida.<br />

Assim, busca-se, neste capítulo, <strong>de</strong>screver as politicas públicas que po<strong>de</strong>riam<br />

influenciar no processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite nos<br />

municípios on<strong>de</strong> a pesquisa foi realizada, tais como programas <strong>de</strong> capacitação para os<br />

produtores e seus filhos, possíveis sucessores, para que os mesmos produzam <strong>de</strong> acordo<br />

com as atuais normas sanitárias, adoção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> pagamento por qualida<strong>de</strong> e as<br />

principais carências do setor, apontadas no censo agropecuário <strong>de</strong> 2006, para o estado<br />

<strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Ainda segundo Nogueira (2012), o Brasil possuiria produtores altamente<br />

tecnificados e gerenciariam suas proprieda<strong>de</strong>s com maior eficiência do que qualquer<br />

produtor <strong>de</strong> qualquer parte do mundo. Entretanto, possuiria também produtores que se<br />

enquadrariam <strong>em</strong> um cenário <strong>de</strong> produção rural da Ida<strong>de</strong> Média e necessitariam<br />

urgent<strong>em</strong>ente mudar o seu modo <strong>de</strong> produção, por questões <strong>de</strong> segurança alimentar e<br />

sobrevivência no mercado. Com o intuito <strong>de</strong> regular e melhorar a qualida<strong>de</strong> da pecuária<br />

leiteira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou a<br />

Instrução Normativa nº 51/2002.<br />

De acordo com Bourroul (2012), pela IN 51, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011 o leite<br />

entregue à indústria <strong>de</strong>veria ter no máximo 400 mil/ml <strong>de</strong> Contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Células<br />

36


Somáticas (CCS) e 100 mil/ml <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s Formadoras <strong>de</strong> Colônias <strong>de</strong> Bactérias<br />

(CBT). Porém, pesquisa realizada pela Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite revelou que 45% dos<br />

rebanhos analisados ainda não atendiam às exigências da normativa. Assim, no dia 30<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2011, o MAPA publicou a IN 62, que prorrogou para 2016 o prazo para<br />

que os produtores atingiss<strong>em</strong> o valor máximo <strong>de</strong> 400 mil/ml <strong>de</strong> CCS e 100 mil/ml <strong>de</strong><br />

CBT. A justificativa para tais exigências expressas na normativa era <strong>de</strong> que os valores<br />

<strong>de</strong> CCS e CTB impactariam na vida útil e sabor do leite produzido.<br />

Para atingir esse patamar <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, algumas políticas públicas foram<br />

consi<strong>de</strong>radas fundamentais pela Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite, como: a) criação <strong>de</strong> um<br />

<strong>Programa</strong> Nacional <strong>de</strong> Controle e Prevenção da Mastite; b) investimentos <strong>em</strong> energia<br />

elétrica e estradas; c) capacitação para os técnicos <strong>em</strong> extensão rural; d) melhoria do<br />

acesso ao crédito para a produção <strong>de</strong> leite; e) treinamento do or<strong>de</strong>nhador; e f) incentivo<br />

às <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> lácteos a adotar<strong>em</strong> programas <strong>de</strong> pagamento por qualida<strong>de</strong> (BOURROU,<br />

2012).<br />

Segundo Silvestro et al. (2001), existiria ampla <strong>de</strong>manda para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas para capacitar os jovens produtores rurais, a fim<br />

<strong>de</strong> que estes pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> melhorar a geração <strong>de</strong> renda na proprieda<strong>de</strong>. Ainda segundo os<br />

autores, faltariam políticas públicas voltadas para a sucessão familiar, preparando os<br />

filhos que assumirão a proprieda<strong>de</strong>. Os jovens rurais entre 15 e 24 anos não estariam<br />

sendo incluídos satisfatoriamente nas políticas públicas voltadas para o campo. Esse<br />

fato, aliado ao envelhecimento e masculinização da população no campo e ao cenário <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>pobrecimento <strong>de</strong> grupos sociais rurais, <strong>de</strong>sestimularia os jovens, comprometendo,<br />

assim, a sucessão nos estabelecimentos rurais (STROPASOLAS, 2010). O <strong>de</strong>poimento<br />

<strong>de</strong> um dos entrevistados, <strong>em</strong> Silveirânia, corrobora essa perspectiva apontada por<br />

Stropasolas (2010). Segundo o entrevistado, todos os dias ele “força” que o casal <strong>de</strong><br />

filhos os aju<strong>de</strong> na or<strong>de</strong>nha para estimulá-los a tomar gosto pela ativida<strong>de</strong>, mas a<br />

sensação é <strong>de</strong> que os filhos <strong>de</strong>ixarão o campo futuramente.<br />

Segundo Bonnal (2007), novos t<strong>em</strong>as <strong>de</strong>veriam ser colocados <strong>em</strong> discussão ao<br />

se <strong>de</strong>finir<strong>em</strong> as políticas públicas para o campo, entre os quais as questões <strong>de</strong> gênero e<br />

sucessão. Para Brumer (2007), <strong>em</strong> se tratando do t<strong>em</strong>a sucessão no campo, novas<br />

políticas seriam necessárias, tendo <strong>em</strong> vista a mudança nos padrões sucessórios <strong>de</strong>vida,<br />

<strong>em</strong> parte, à significativa redução no número <strong>de</strong> filhos e, <strong>em</strong> parte, a mudanças nas<br />

37


elações familiares, que possibilit<strong>em</strong> aos jovens buscar alternativas individualizadas <strong>em</strong><br />

relação ao seu futuro, principalmente para aqueles que resi<strong>de</strong>m próximos aos centros<br />

urbanos. Para essa autora, a maioria dos agricultores brasileiros proprietários t<strong>em</strong> um<br />

sucessor, enquanto os que ainda não o possu<strong>em</strong> têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazê-lo, no<br />

momento oportuno, entre seus her<strong>de</strong>iros. Entretanto, é importante a criação <strong>de</strong> projetos<br />

com ênfase na análise <strong>de</strong> processos concretos <strong>de</strong> sucessão ou não sucessão dos<br />

estabelecimentos familiares. Esses estudos <strong>de</strong>veriam ser realizados <strong>em</strong> regiões diversas<br />

do Brasil, focalizando diferentes arranjos econômicos e situações familiares.<br />

Segundo Comeford (2007), na região da Zona da Mata mineira, observa-se<br />

uma conciliação entre o direito legal e as expectativas costumeiras das famílias para<br />

elaborar<strong>em</strong> qual será a estratégia sucessória no campo. Conseguir conduzir um bom<br />

processo <strong>de</strong> sucessão significa importante valoração moral e um acúmulo <strong>de</strong> reputação,<br />

mesmo que, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> dimensão física e valor econômico, o patrimônio fundiário<br />

seja pequeno. Esse autor relata dois casos na região da Zona da Mata mineira, <strong>em</strong> que os<br />

interesses pessoais se sobrepuseram ao coletivo, o que gerou a partilha <strong>de</strong>sigual após o<br />

falecimento dos pais, sendo beneficiado aquele que cuidou dos pais durante a velhice,<br />

s<strong>em</strong> ser o administrador da proprieda<strong>de</strong>. Após a divisão, o her<strong>de</strong>iro que ficou com a<br />

maior parte veio a vendê-la para seu vizinho, <strong>de</strong>sintegrando o patrimônio fundiário e o<br />

relacionamento entre o restante da família, que não concordava com a atitu<strong>de</strong>, mas<br />

legalmente nada po<strong>de</strong>ria fazer. Observa-se, no caso relatado, o <strong>de</strong>sinteresse do filho(a)<br />

que cuidou dos pais durante a velhice e foi cont<strong>em</strong>plado com uma parcela a mais na<br />

herança. Entretanto, a ativida<strong>de</strong> leiteira não faria parte do futuro almejado por esse<br />

filho(a), que ao ven<strong>de</strong>r sua parte na herança impossibilitou que os <strong>de</strong>mais irmãos,<br />

inclusive aquele que já administrava a proprieda<strong>de</strong>, continuass<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong>.<br />

Situações <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> interesse pela proprieda<strong>de</strong> seriam minimizadas, segundo<br />

Varella (2008), com o aumento da produção e do preço recebido pelo produtor, <strong>em</strong><br />

virtu<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> um ciclo virtuoso que passaria pelo estímulo a<br />

investimentos e a permanência do produtor e do futuro sucessor na proprieda<strong>de</strong>.<br />

Segundo Lima et al. (2010 apud FAGUNDES, 2005), os baixos e <strong>de</strong>fasados preços<br />

recebidos dificultariam que os produtores realizass<strong>em</strong> investimentos para se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong><br />

às normas para a produção e comercialização do leite. Nesse sentido, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

laticínios instalados na região seria essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento dos produtores e<br />

para a manutenção <strong>de</strong>les no mercado formal. Assim, segundo Lima et al. (2010), tornar-<br />

38


se-ia necessária a capacitação dos produtores para a sua inserção ou continuida<strong>de</strong> no<br />

mercado, citando como ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> Minas Gerais, o projeto <strong>Programa</strong> <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento da Pecuária Leiteira, fomentado pela Nestlé <strong>em</strong> parceria com as<br />

Universida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Viçosa (MG) e <strong>de</strong> Goiânia (GO). O programa, por meio da<br />

extensão rural, além <strong>de</strong> preparar melhor o estudante, levaria ao produtor leiteiro o<br />

conhecimento tecnológico que permitiria o seu crescimento e continuida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong>.<br />

De acordo com o site da Nestlé (2012), o programa seria executado com produtores que<br />

<strong>de</strong>monstrass<strong>em</strong> interesse <strong>em</strong> participar e possuíss<strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong> nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

uma das universida<strong>de</strong>s parceiras. O auxílio seria dado por meio <strong>de</strong> assistência técnica às<br />

proprieda<strong>de</strong>s, realizada por estudantes dos últimos anos <strong>de</strong> Medicina Veterinária,<br />

Agronomia, Zootecnia, Tecnologia <strong>em</strong> Laticínios, Engenharia <strong>de</strong> Alimentos e<br />

Agrimensura, sob a orientação <strong>de</strong> técnicos do projeto e professores das universida<strong>de</strong>s.<br />

Projetos <strong>de</strong> capacitação como esses com os pequenos produtores <strong>de</strong> leite têm<br />

sido apontados, na literatura, como tendo ressonância para o processo sucessório <strong>em</strong><br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> possibilitar a transferência <strong>de</strong> tecnologia para os produtores e melhorar a sua<br />

capacitação gerencial, o que resultaria no crescimento da ativida<strong>de</strong> leiteira, no aumento<br />

<strong>de</strong> sua competitivida<strong>de</strong> e na melhoria da expectativa dos agricultores <strong>em</strong> relação à sua<br />

permanência na ativida<strong>de</strong> 10 . Segundo Lima et al. (2010), observaram-se maior nível <strong>de</strong><br />

escolarida<strong>de</strong> e menor ida<strong>de</strong> entre os produtores que <strong>de</strong>cidiram participar do programa.<br />

Para Silvestro et al. (2001), os produtores, ao se capacitar<strong>em</strong>, aumentam suas<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se capitalizar<strong>em</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, diminu<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as<br />

enfrentados <strong>em</strong> relação à sucessão <strong>em</strong> seus estabelecimentos.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas proativas avessas ao comportamento passivo <strong>de</strong><br />

esperar receber do Estado o amparo necessário faria parte do perfil produtivo favorável<br />

à manutenção na ativida<strong>de</strong> leiteira e à efetivação do seu sucessor. Em Minas Gerais,<br />

analisando 615 produtores assistidos pelo programa <strong>de</strong> capacitação impl<strong>em</strong>entado pelo<br />

Educampo <strong>em</strong> parceria com o SEBRAE-MG nos anos <strong>de</strong> 2009 e 2010, concluiu-se que<br />

os produtores tiveram aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, alcançado através da avaliação que<br />

tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer <strong>em</strong> relação a firmar<strong>em</strong> contrato no qual avaliavam os<br />

10 Em funcionamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1988, a maior parte dos investimentos <strong>em</strong> Viçosa provém <strong>de</strong> recursos do<br />

Dairy Partners Américas – “Parceiros <strong>em</strong> Laticínios nas Américas” (DPA) e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006, conta também<br />

com a participação do Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Des<strong>de</strong><br />

1988, 282 proprieda<strong>de</strong>s participaram do programa nos dois Estados e apresentam, hoje, aumento médio<br />

<strong>de</strong> 360% na produção (NESTLE, 2012).<br />

39


custos e benefícios <strong>em</strong> pagar pela assistência técnica recebida. O valor cobrado foi<br />

calculado sobre três variáveis: a produção do agricultor, o salário mínimo vigente e o<br />

combustível gasto 11 no <strong>de</strong>slocamento do técnico. O pagamento pelo serviço permitia ao<br />

produtor o direito <strong>de</strong> cobrar pelos resultados, ao mesmo t<strong>em</strong>po que permitiria ao técnico<br />

acompanhá-lo na impl<strong>em</strong>entação das práticas orientadas (GOMES, 2010).<br />

O projeto tinha como pressuposto que para se firmar na ativida<strong>de</strong> leiteira e<br />

tornar-se capaz <strong>de</strong> passá-la ao seu sucessor, o produtor necessitaria, ainda, capacitar-se<br />

gerencialmente. Assim, a capacitação era voltada para diagnosticar os probl<strong>em</strong>as e<br />

potenciais da proprieda<strong>de</strong> e elaborar o planejamento da “<strong>em</strong>presa rural”, passando pelo<br />

estabelecimento <strong>de</strong> metas, com a elaboração do cronograma <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e da avaliação<br />

<strong>de</strong> resultados, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a parte técnica da produção. O SEBRAE e o<br />

Educampo visavam, através <strong>de</strong>sse projeto, enfim, <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> do produtor<br />

<strong>em</strong> avaliar o impacto e a viabilida<strong>de</strong> da adoção <strong>de</strong> novas tecnologias e formas<br />

gerenciais, a fim <strong>de</strong> que ele pu<strong>de</strong>sse manter a proprieda<strong>de</strong> viável para o futuro sucessor<br />

na ativida<strong>de</strong>. Atualmente, <strong>em</strong> Minas Gerais, o projeto aten<strong>de</strong> 1.084 pecuaristas<br />

individualmente, além <strong>de</strong> realizar palestras, dias <strong>de</strong> campo e outras ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> grupo.<br />

Os produtores cont<strong>em</strong>plados com o programa passaram a recolher menos tributos por<br />

litro <strong>de</strong> leite, <strong>de</strong>vido ao ganho <strong>de</strong> eficiência e escala (NASCIF, 2012).<br />

Teixeira et al. (2012), <strong>em</strong> pesquisa com jovens filhos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> leite<br />

cooperados, <strong>em</strong> Coronel Pacheco, Minas Gerais, i<strong>de</strong>ntificaram que eles apontavam a<br />

baixa rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> leiteira, o trabalho penoso, a falta <strong>de</strong> internet e a<br />

distância da cida<strong>de</strong> como restritivos para que eles continuass<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong> leiteira. Os<br />

jovens pesquisados acreditavam que mudanças efetivas na produção <strong>em</strong> direção à<br />

especialização ocorreriam somente quando eles próprios assumiss<strong>em</strong> a proprieda<strong>de</strong>, <strong>em</strong><br />

vista <strong>de</strong> os seus pais manifestar<strong>em</strong> resistência à adoção da tecnologia e mo<strong>de</strong>rnas<br />

técnicas <strong>de</strong> gerenciamento da proprieda<strong>de</strong> rural. Contudo, por força da lei, a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssas mudanças já se colocou no presente na vida dos produtores <strong>de</strong> leite através da IN<br />

51.<br />

Acreditava-se, inicialmente, que a implantação da IN 51 seria motivo <strong>de</strong><br />

exclusão dos pequenos produtores <strong>de</strong> leite, que não teriam condições <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong><br />

11 O técnico recebe por visita, segundo a fórmula: ½ salário mínimo + quilometrag<strong>em</strong> (1/3 do preço da<br />

gasolina) + 1% da renda bruta do produtor, calculada sobre o preço-base do leite (GOMES, 2010).<br />

40


às novas exigências. Contudo, iniciou-se um processo <strong>de</strong> adaptação. Diante da exigência<br />

da refrigeração do leite como procedimento para garantir a sua qualida<strong>de</strong>, adotou-se o<br />

financiamento <strong>de</strong> tanques coletivos ou comunitários, implantados, <strong>em</strong> sua maioria, com<br />

intermediação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> produtores, permitindo o cumprimento da legislação e<br />

a redução dos custos <strong>de</strong> produção, <strong>em</strong>bora ainda seja necessário continuar o processo <strong>de</strong><br />

capacitação dos produtores para a utilização dos tanques coletivos (BRITO et al., 2010).<br />

Outro aspecto a ser aprimorado se relacionava, segundo Brito et al. (2010), com o<br />

trabalho <strong>em</strong> coletivida<strong>de</strong>, diante da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que todos contribuíss<strong>em</strong> para a<br />

melhoria da qualida<strong>de</strong> do leite <strong>em</strong> conjunto, reconhecendo cada um sua<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelo resultado final. Por fim, esses autores observaram que a<br />

introdução do tanquinho como forma <strong>de</strong> armazenamento do leite, além <strong>de</strong> diminuir os<br />

custos com transportes, facilitou a entrega do produto por parte dos produtores. Tais<br />

inovações têm sido apontadas como capazes <strong>de</strong> manter os pequenos produtores <strong>de</strong> leite<br />

na ativida<strong>de</strong>, tornando-a, inclusive, mais rentável e atrativa.<br />

Foto 7 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Mina – Silveirânia.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />

Foto 8 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Tejuco – Silveirânia.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />

41


Foto 9 - Tanque individual, utilizado por produtor <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />

Outra forma <strong>de</strong> intervenção com os pequenos produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais que v<strong>em</strong> dinamizando a ativida<strong>de</strong> por eles <strong>de</strong>senvolvida é o <strong>Programa</strong> <strong>de</strong><br />

Aquisição <strong>de</strong> Alimentos (PAA). A modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Incentivo à Produção e Consumo <strong>de</strong><br />

Leite (PAA Leite) foi criada para contribuir com o aumento do consumo <strong>de</strong> leite pelas<br />

famílias que se encontravam <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> insegurança alimentar e, também, como<br />

forma <strong>de</strong> incentivar os pequenos produtores. O PAA Leite atualmente beneficia todos os<br />

Estados da Região Nor<strong>de</strong>ste e também o Norte <strong>de</strong> Minas Gerais (MDS, 2012).<br />

Em parceria com laticínios, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> participar <strong>de</strong> um processo licitatório<br />

para a<strong>de</strong>rir<strong>em</strong> ao programa, o governo garante a compra <strong>de</strong> toda a produção aos<br />

produtores cadastrados. Para participar do programa, o produtor <strong>de</strong>ve produzir no<br />

máximo 100 litros diários, possuir <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> aptidão ao Pronaf (DAP), enquadrar-se<br />

nas categorias A, A/C, B, ou agricultor familiar, e comprovar estar com as vacinas dos<br />

animais <strong>em</strong> dia. Todo esse processo, intermediado pelas associações <strong>de</strong> produtores, é<br />

avaliado como po<strong>de</strong>ndo incentivar o produtor a realizar investimentos na proprieda<strong>de</strong> e<br />

vislumbrar o melhor futuro para a ativida<strong>de</strong> (MDS, 2012). Dados retirados do Censo<br />

Agropecuário <strong>de</strong> 2006 reforçam iniciativas como essa do PAA ao mostrar<strong>em</strong> o quadro<br />

da sucessão familiar no campo das mesorregiões on<strong>de</strong> se encontram localizados os dois<br />

municípios pesquisados.<br />

42


Tabela 8 - Caracterização da pecuária leiteira nas mesorregiões Zona da Mata mineira e Campo das<br />

Vertentes<br />

Mesorregião<br />

Unida<strong>de</strong> Campo das Zona da<br />

Vertentes Mata<br />

Filhos que serão sucessores % 67,44 43,02<br />

Filhos que serão sucessores conciliando a<br />

ativida<strong>de</strong> leiteira com outra<br />

% 11,63 20,93<br />

Filhos que <strong>de</strong>ixarão o campo % 9,30 23,26<br />

Filhos que ven<strong>de</strong>rão a proprieda<strong>de</strong> % 11,63 12,79<br />

Filhos que preten<strong>de</strong>m abandonar a ativida<strong>de</strong> % 6,67 18,18<br />

Área total média ha 73,38 52,67<br />

Tanque individual % 36,00 19,0<br />

Tanque coletivo % 2,00 18,00<br />

Or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira mecânica % 27,0 14,0<br />

Ida<strong>de</strong> média Anos 52,98 53,37<br />

Orig<strong>em</strong> do próprio município % 75,56 82,83<br />

Orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> outro município % 22,22 16,16<br />

Orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> outro estado % 2,22 1,01<br />

Filhos menores <strong>de</strong> 12 anos Und 0,24 0,47<br />

Filhos maiores <strong>de</strong> 12 anos Und 1,22 0,52<br />

Filhos menores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />

produção do leite<br />

Und 0,89 0,72<br />

Filhos maiores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />

produção do leite<br />

Und 0,07 0,04<br />

Filhas menores <strong>de</strong> 12 anos Und 0,24 0,47<br />

Filhas maiores <strong>de</strong> 12 anos Und 1,22 0,52<br />

Filhas menores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />

produção do leite<br />

Und 0,89 0,72<br />

Filhas maiores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />

produção do leite<br />

Und 0,07 0,04<br />

Resi<strong>de</strong>m no campo % 66,67 70,71<br />

Resi<strong>de</strong>m na cida<strong>de</strong> % 33,33 29,29<br />

Faz<strong>em</strong> controle <strong>de</strong> receitas e <strong>de</strong>spesas da<br />

produção<br />

% 24,44 15,15<br />

Participaram <strong>de</strong> treinamento % 37,78 27,27<br />

Treinamento SEBRAE % 0,0 3,33<br />

Treinamento EMATER % 17,65 6,67<br />

Treinamento Sindicato Rural % 64,71 36,67<br />

Utilizou crédito rural % 40,00 21,21<br />

Consi<strong>de</strong>ram fácil o acesso à proprieda<strong>de</strong> % 62,22 96,97<br />

Receb<strong>em</strong> por qualida<strong>de</strong> % 44,44 24,24<br />

Falta orientação técnica aos produtores % 28,89 49,49<br />

Faltam <strong>em</strong>pregados capacitados % 28,89 15,15<br />

Faltam tanques para resfriamento % 20,00 18,18<br />

Falta acesso a crédito % 13,33 14,14<br />

Produção diária L 178,92 185,30<br />

Preten<strong>de</strong>m melhorar a tecnologia % 84,44 53,54<br />

Fonte: Diagnóstico da pecuária leiteira <strong>em</strong> Minas Gerais, 2006 (adaptado pelo autor).<br />

43


Consi<strong>de</strong>rando apenas os dados relativos ao percentual <strong>de</strong> filhos que <strong>de</strong>verão se<br />

tornar sucessores, percebe-se, <strong>em</strong> contrapartida, um gran<strong>de</strong> percentual <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

que estão <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> incerteza quanto ao seu futuro, o que gera, no mínimo, uma<br />

falta <strong>de</strong> planejamento para a manutenção da ativida<strong>de</strong> leiteira e, mesmo, da proprieda<strong>de</strong><br />

no futuro. De acordo com o diagnóstico da pecuária leiteira <strong>em</strong> Minas Gerais (2006), o<br />

setor seria carente das seguintes políticas públicas:<br />

Investimento na capacitação dos filhos do produtor, justificado pelo aumento na<br />

ida<strong>de</strong> média do produtor, indicando uma possível falta <strong>de</strong> sucessores.<br />

Crédito rural com melhores taxas.<br />

Incentivo à educação. Segundo o diagnóstico, existe relação positiva entre o<br />

volume produzido, a escolarida<strong>de</strong> do produtor e a <strong>de</strong>cisão por continuar na<br />

ativida<strong>de</strong>.<br />

Investimentos para aumentar o número <strong>de</strong> vacas <strong>em</strong> lactação <strong>em</strong> relação ao total<br />

<strong>de</strong> vacas.<br />

Capacitação para que sejam realizados controles administrativos e<br />

estabelecimento <strong>de</strong> metas para as proprieda<strong>de</strong>s.<br />

Treinamentos para a produção <strong>de</strong> leite com qualida<strong>de</strong>.<br />

Acompanhamento por parte da entida<strong>de</strong> promotora do treinamento com vistas a<br />

verificar se os produtores estão utilizando os conhecimentos na proprieda<strong>de</strong>.<br />

Treinamento específico para or<strong>de</strong>nhador.<br />

Maior uso da ins<strong>em</strong>inação artificial, que po<strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong>,<br />

principalmente entre os produtores até 50 L/D.<br />

Pagamento por qualida<strong>de</strong>.<br />

Melhores condições <strong>de</strong> infraestrutura (estradas e energia).<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com o diagnóstico, as ações <strong>de</strong>veriam ser voltadas <strong>em</strong> essencial<br />

para os produtores até 50 litros/dia, que no período <strong>de</strong> 1995 a 2005 apresentavam<br />

consi<strong>de</strong>rável redução no número <strong>de</strong> estabelecimentos. Já os produtores com produção<br />

acima <strong>de</strong> 1.000 litros/dia aumentaram o número <strong>de</strong> estabelecimentos, o que aumentou a<br />

produção no Estado. As regiões mineiras Campo das Vertentes e Zona da Mata foram as<br />

que apresentaram maior redução na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leite produzido.<br />

No sentido <strong>de</strong> minimizar tais fragilida<strong>de</strong>s foi lançado, no final <strong>de</strong> 2005, o<br />

<strong>Programa</strong> Estadual da Ca<strong>de</strong>ia Produtiva do Leite, Minas Leite, voltado para a<br />

44


capacitação dos produtores <strong>de</strong> leite no Estado, a fim <strong>de</strong> aumentar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

dos produtores e a gestão dos estabelecimentos on<strong>de</strong> é exercida a pecuária familiar, com<br />

produção <strong>de</strong> até 200 litros/dia. O programa, executado <strong>em</strong> parceria com a Empresa <strong>de</strong><br />

Pesquisa Agropecuária <strong>de</strong> Minas Gerais (Epamig), Emater, prefeituras, sindicatos<br />

rurais, cooperativas e associações, aten<strong>de</strong> aqueles produtores que se candidataram,<br />

voluntariamente, para participar<strong>em</strong> do programa (EMATER, 2012).<br />

Outro programa que estaria se <strong>de</strong>stacando <strong>em</strong> Minas Gerais, o Sist<strong>em</strong>a Mineiro<br />

<strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite (SMQL) v<strong>em</strong> capacitando os produtores <strong>de</strong> leite, por meio da<br />

contratação da <strong>em</strong>presa neozelan<strong>de</strong>sa Quality Consultants of New Zealand (Qconz) <strong>em</strong><br />

parceria com a Emater local para a<strong>de</strong>quar as fazendas às boas práticas <strong>de</strong> produção.<br />

Números divulgados pela <strong>em</strong>presa contratada para realizar a capacitação, QConz<br />

América Latina, apontam a redução significativa na contag<strong>em</strong> bacteriana total (CBT) e<br />

na contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> células somáticas (CCS) nos laticínios que a<strong>de</strong>riram ao programa,<br />

segundo o Sindicato da Indústria <strong>de</strong> Laticínios do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais (SILEMG,<br />

2011). A melhoria na qualida<strong>de</strong> do leite seria o primeiro passo para que os produtores<br />

possam pleitear o aumento no preço recebido pela venda do produto e gerar maior<br />

estímulo para que eles continu<strong>em</strong> a produzir o leite.<br />

Nos meses <strong>de</strong> fevereiro e abril <strong>de</strong> 2012, os dois municípios pesquisados<br />

receberam o treinamento <strong>de</strong> boas práticas pela <strong>em</strong>presa QConz América Latina e<br />

Emater local, tendo o autor <strong>de</strong>sta dissertação acompanhado e participado <strong>de</strong> alguns<br />

momentos <strong>de</strong>ssa capacitação.<br />

Em Coronel Xavier Chaves, o treinamento foi ministrado pelo diretor da<br />

<strong>em</strong>presa, Bernard Woodcock, uma agrônoma e o técnico da Emater no município. Foi<br />

realizado um encontro geral no primeiro dia, na se<strong>de</strong> da APLEI, com explicações<br />

teóricas e duas visitas por dia, pelos associados, <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s diferentes, durante<br />

seis dias, para <strong>de</strong>monstrar na prática os conteúdos discutidos no primeiro dia.<br />

Em Silveirânia, o treinamento foi realizado por uma zootecnista, acompanhada<br />

do técnico da Emater local. A maior parte dos treinamentos ocorre nos tanques<br />

coletivos, <strong>em</strong> muitos casos utilizando como estratégia o horário <strong>de</strong> entrega do leite pelos<br />

produtores. O treinamento foi, também, realizado <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s particulares, com a<br />

participação dos produtores mais próximos. Cabe ressaltar que, <strong>de</strong> acordo com a IN 51,<br />

45


um tanque coletivo <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r os produtores num raio <strong>de</strong> 5 km, o que dificultaria o<br />

agendamento individual <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s particulares.<br />

Foto 10 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves – Emater e<br />

SMQL.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />

Foto 11 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia – Emater e SMQL.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – abril <strong>de</strong> 2012.<br />

2.1 A situação da eficiência produtiva nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite pesquisadas<br />

O t<strong>em</strong>a da eficiência 12 produtiva aponta para um enquadramento <strong>de</strong> práticas e<br />

racionalida<strong>de</strong>s voltadas para o mercado. Um dos parâmetros para se estabelecer a<br />

eficiência produtiva na pecuária leiteira é o equilíbrio entre os custos e a receita. Na<br />

análise do Diagnóstico da Pecuária Leiteira <strong>de</strong> Minas Gerais 2006, Gomes (2007)<br />

12 Consi<strong>de</strong>rou-se no trabalho o termo eficiência como práticas que po<strong>de</strong>m contribuir para o aumento da<br />

produtivida<strong>de</strong> e redução dos custos dos produtores. Assim, o aumento da renda auferida pelos produtores<br />

po<strong>de</strong>ria ser uma consequência da eficiência produtiva, mas não necessariamente seu objeto principal.<br />

46


estimou o ponto <strong>de</strong> equilíbrio 13 , <strong>de</strong> acordo com o qual os custos do produtor se<br />

igualariam à receita:<br />

Tabela 9 – Ponto <strong>de</strong> nivelamento para produção <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Minas Gerais<br />

Faixa <strong>de</strong> produção (litros/dia) Ponto <strong>de</strong> equilíbrio (litros/dia)<br />

Até 50 65<br />

50 – 200 163<br />

200 – 500 313<br />

500 a 1000 550<br />

Acima <strong>de</strong> 1000 1339<br />

Fonte: GOMES, 2007.<br />

De acordo com Gomes (2007), <strong>em</strong> Minas Gerais os produtores com produção na<br />

faixa até 50 litros e <strong>de</strong> 50 a 200 litros diários operam com prejuízo, porque a receita<br />

gerada não é suficiente para cobrir os custos no processo produtivo. Já os produtores<br />

com produção acima <strong>de</strong> 200 litros diários consegu<strong>em</strong> obter retorno financeiro na<br />

ativida<strong>de</strong>. Essa situação <strong>de</strong> baixa eficiência produtiva que atinge os pequenos produtores<br />

<strong>de</strong> leite ainda se agravou na década <strong>de</strong> 1990, pelo fato <strong>de</strong> o governo brasileiro ter<br />

diminuído as subvenções diretas para a agricultura e, no que tange à pecuária leiteira<br />

especificamente, a impl<strong>em</strong>entar diretrizes normativas visando à melhoria da qualida<strong>de</strong><br />

do leite. Tais direcionamentos da política agrícola levaram à saída do mercado por parte<br />

daqueles produtores que não se profissionalizaram.<br />

Procurou-se assim, neste estudo, i<strong>de</strong>ntificar os fatores que influenciavam na<br />

eficiência produtiva dos pecuaristas <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> caráter familiar nos dois municípios<br />

pesquisados, os quais apresentavam produtores com perfil tecnológico diferenciado.<br />

Tomou-se como variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do estudo, ou seja, as variáveis que po<strong>de</strong>m ser<br />

manipuladas para investigar a causa <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado efeito, o acesso ao crédito, o nível<br />

<strong>de</strong> tecnificação e o tamanho da proprieda<strong>de</strong>. As variáveis foram analisadas com o intuito<br />

<strong>de</strong> verificar sua influência para a eficiência dos produtores <strong>de</strong> leite. Para classificar os<br />

produtores <strong>em</strong> eficientes ou ineficientes, utilizou-se a tabela ponto <strong>de</strong> equilíbrio<br />

apresentada por Gomes (2007). Em Silveirânia, 69,2% dos produtores viviam<br />

exclusivamente da pecuária leiteira e 23,1%, além da pecuária leiteira, eram<br />

aposentados. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, 48,4% viviam exclusivamente da pecuária<br />

leiteira e 25,8%, além da pecuária leiteira, eram aposentados. Assim, observa-se <strong>em</strong><br />

13 Ponto <strong>de</strong> equilíbrio é o ponto <strong>em</strong> que as receitas e <strong>de</strong>spesas do produtor se igualam, consi<strong>de</strong>rando-se<br />

entre as <strong>de</strong>spesas a mão <strong>de</strong> obra do produtor.<br />

47


Coronel Xavier Chaves uma tendência para ativida<strong>de</strong>s pluriativas pelos produtores <strong>de</strong><br />

leite. As Tabelas 11 e 12 apresentam os resultados do teste t para a ida<strong>de</strong> nos dois<br />

municípios pesquisados e as Tabelas 13 e 14, dos testes t para o tamanho da<br />

proprieda<strong>de</strong>.<br />

48


Ida<strong>de</strong><br />

Variações iguais<br />

assumidas<br />

Variações iguais não<br />

assumidas<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Ida<strong>de</strong><br />

Variações iguais<br />

assumidas<br />

Variações iguais<br />

não assumidas<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Tabela 10 – Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para a ida<strong>de</strong> - Silveirânia<br />

Teste <strong>de</strong> Levene<br />

para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

variações<br />

F Sig. t df Sig. (2<br />

49<br />

Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s)<br />

Diferença<br />

média<br />

Erro-<br />

padrão <strong>de</strong><br />

diferença<br />

95% intervalo <strong>de</strong><br />

confiança da diferença<br />

Inferior Superior<br />

0,102 0,751 -0,595 50 0,555 -2,477 4,164 -10,841 5,887<br />

-0,544 9,090 0,599 -2,477 4,551 -12,756 7,801<br />

Tabela 11 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para a ida<strong>de</strong> – Coronel Xavier Chaves<br />

Teste <strong>de</strong> Levene para<br />

igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

variações<br />

F Sig. t df Sig. (2<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s)<br />

Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />

Diferença<br />

média<br />

Erro-padrão<br />

<strong>de</strong> diferença<br />

95% intervalo <strong>de</strong><br />

confiança da diferença<br />

Inferior Superior<br />

0,121 0,731 1,935 29 0,063 7,580 3,917 -,432 15,591<br />

1,911 26,246 0,067 7,580 3,966 -,570 15,729


Área<br />

Tabela 12 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da proprieda<strong>de</strong> - Silveirânia<br />

Variações<br />

iguais<br />

assumidas<br />

Variações<br />

iguais não<br />

assumidas<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Teste <strong>de</strong> Levene<br />

para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

variações<br />

F Sig. t df Sig. (2<br />

50<br />

Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s<br />

)<br />

Diferença<br />

média<br />

Erro-<br />

padrão<br />

diferença<br />

95% intervalo <strong>de</strong><br />

confiança da<br />

diferença<br />

Inferior Superio<br />

46,751 0,000 -3,424 50 0,001 -108,955 31,819 -172,864 -45,045<br />

-1,470 7,049 0,185 -108,955 74,102 -283,931 66,022<br />

r


Tabela 13 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da proprieda<strong>de</strong> – Coronel Xavier Chaves<br />

Área<br />

Variações<br />

iguais<br />

assumidas<br />

Variações<br />

iguais não<br />

assumidas<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Teste <strong>de</strong> Levene<br />

para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

variações<br />

F Sig. t df Sig. (2<br />

51<br />

Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s<br />

)<br />

Diferença<br />

média<br />

Erro-<br />

padrão <strong>de</strong><br />

diferença<br />

95% intervalo <strong>de</strong><br />

confiança da<br />

diferença<br />

Inferior Superio<br />

2,033 0,165 -1,278 29 0,211 -12,420 9,718 -32,296 7,455<br />

-1,300 28,981 0,204 -12,420 9,551 -31,954 7,113<br />

r


No próximo parágrafo são apresentadas as análises das Tabelas 11, 12, 13 e 14.<br />

Para análise do teste t, <strong>de</strong>ve-se analisar o primeiro sigma. Para um primeiro sigma ><br />

0,05, analisa-se o segundo sigma, na primeira linha. Para um primeiro sigma < 0,05,<br />

analisa-se o segundo sigma, na segunda linha. Para valores <strong>de</strong> sigma < 0,05, consi<strong>de</strong>ra-<br />

se que as médias analisadas são diferentes. Para analisar o teste do qui-quadrado, <strong>de</strong>ve-<br />

se analisar o valor <strong>de</strong> sigma encontrado no Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson. Para tabelas 2 x2,<br />

analisa-se o valor <strong>de</strong> sigma encontrado na linha Correção <strong>de</strong> Continuida<strong>de</strong>, enquanto<br />

para tabelas que possuam no máximo até 25% dos valores < 5 é analisado o sigma na<br />

linha Fisher's Exact Test.<br />

O teste t, usado para testar uma hipótese, apresentou como resultado sigma igual<br />

a 0,555 <strong>em</strong> Silveirânia e 0,063 <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, para a média das ida<strong>de</strong>s.<br />

Nesse sentido, como o valor encontrado foi superior a 0,05, percebeu-se que a variável<br />

ida<strong>de</strong> era igual entre os produtores eficientes e ineficientes. Já a variável tamanho da<br />

proprieda<strong>de</strong> apresentou sigma igual a 0,185 <strong>em</strong> Silveirânia e 0,204 <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves. Po<strong>de</strong>-se dizer assim que, para os agricultores familiares produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves, o tamanho da proprieda<strong>de</strong> não influência na<br />

eficiência do produtor, diferenciando-se da maior parte dos pequenos agricultores <strong>em</strong><br />

nível nacional, <strong>em</strong> que o tamanho da proprieda<strong>de</strong> está diretamente relacionado com a<br />

eficiência do estabelecimento, pois, geralmente, nesses estabelecimentos o gado é<br />

criado solto, necessitando <strong>de</strong> maior espaço por parte do produtor. Cabe ressaltar que os<br />

produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves são mais tecnificados que os produtores <strong>de</strong><br />

Silveirânia, sendo uma das finalida<strong>de</strong>s do uso da tecnologia gerar mais eficiência <strong>em</strong><br />

menor espaço para os produtores <strong>de</strong> leite. A seguir serão apresentadas as Tabelas 14, 15,<br />

16 e 17, com o teste <strong>de</strong> qui-quadrado realizado nos dois municípios:<br />

Tabela 14 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Silveirânia - Tabela 2 x 2 - 1<br />

Já utilizou financiamento?<br />

52<br />

Eficiência do produtor Total<br />

Ineficiente Eficiente<br />

Não 16 2 18<br />

Sim 28 6 34<br />

Total 44 8 52<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.


Tabela 15 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Silveirânia - Tabela 2 x 2 - 2<br />

Valor df Sig. assint. (2<br />

53<br />

lados)<br />

Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 0,386 a 1 0,534<br />

Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 0,047 1 0,828<br />

Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 0,404 1 0,525<br />

Fisher's Exact Test<br />

Associação Linear por Linear 0,379 1 0,538<br />

N <strong>de</strong> casos válidos 52<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Sig exata (2<br />

lados)<br />

Sig exata (1<br />

lado)<br />

0,698 0,426<br />

Tabela 16 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves – Tabela 2 x 2 - 1<br />

Já utilizou financiamento?<br />

Eficiência do produtor Total<br />

Ineficiente Eficiente<br />

Não 7 5 12<br />

Sim 7 12 19<br />

Total 14 17 31<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Tabela 17 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves – Tabela 2 x 2 - 2<br />

Valor df Sig. assint.<br />

(2 lados)<br />

Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 1,372 a 1 0,242<br />

Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 0,641 1 0,423<br />

Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 1,376 1 0,241<br />

Fisher's Exact Test<br />

Associação Linear por<br />

Linear<br />

N <strong>de</strong> casos válidos 31<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

1,327 1 0,249<br />

Sig exata (2<br />

lados)<br />

Sig exata<br />

(1 lado)<br />

0,288 0,212<br />

No teste do qui-quadrado, para um valor <strong>de</strong> x 2 alto, acima <strong>de</strong> 0,05, <strong>de</strong>ve se<br />

consi<strong>de</strong>rar que as varáveis não são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Nesse caso, como o valor encontrado<br />

para alfa no teste do qui-quadro foi superior a 0,05 <strong>em</strong> todos os casos, parece lícito


supor que a eficiência do agricultor e o acesso ao crédito são variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

po<strong>de</strong>ndo indicar que apenas políticas públicas para acesso ao crédito não proporcionam<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do setor e que o PRONAF, modalida<strong>de</strong> utilizada por 87% dos<br />

produtores que <strong>de</strong>clararam já ter<strong>em</strong> realizado financiamento, po<strong>de</strong> ser uma política<br />

pública equivocada por parte do governo. Entretanto, como parcela consi<strong>de</strong>rável dos<br />

produtores foi classificada como ineficiente, 85% <strong>em</strong> Silveirânia e 45% <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves, <strong>de</strong> acordo com as Tabelas 14 e 16, que evi<strong>de</strong>nciam que outras ações,<br />

além do acesso ao crédito, como participação <strong>em</strong> associações e cooperativas,<br />

treinamento e uso <strong>de</strong> tecnologias a<strong>de</strong>quadas, po<strong>de</strong>m contribuir com os agricultores<br />

produtores <strong>de</strong> leite.<br />

Em Silveirânia, 65,4% dos entrevistados utilizavam ou já utilizaram algum<br />

financiamento, sendo <strong>em</strong> sua totalida<strong>de</strong> o PRONAF. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />

61,3% dos entrevistados já utilizaram ou utilizavam algum financiamento, 38,7%<br />

utilizaram o PRONAF e 22,6% usavam as linhas especiais para produtor rural. Nesse<br />

sentido, não parece plausível consi<strong>de</strong>rar que o PRONAF beneficia apenas os produtores<br />

mais capitalizados.<br />

Para os produtores que já realizaram algum financiamento para investir<strong>em</strong> na<br />

proprieda<strong>de</strong>, <strong>em</strong> Silveirânia o motivo principal foi para investimentos <strong>em</strong> custeio<br />

(aquisição <strong>de</strong> insumos, construção <strong>de</strong> um curral ou outras melhorias no<br />

estabelecimento). Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves o principal motivo para a realização do<br />

financiamento foi para investimento <strong>em</strong> equipamentos, corroborando, juntamente com o<br />

fato <strong>de</strong> apenas 21,1% dos entrevistados <strong>em</strong> Silveirânia utilizar<strong>em</strong> a or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira<br />

mecânica, diante <strong>de</strong> 90,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, município consi<strong>de</strong>rado mais<br />

tecnificado que Silveirânia.<br />

Os testes <strong>de</strong> hipóteses e qui-quadrado são importantes métodos para se avaliar o<br />

resultado <strong>de</strong> políticas públicas. Portanto, ao avaliar a influência do crédito sobre a<br />

eficiência dos produtores <strong>de</strong> leite associados <strong>em</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves,<br />

observou-se que, <strong>em</strong> Silveirânia, a maior parte dos agricultores possuía baixa produção,<br />

não conseguia cobrir os custos da ativida<strong>de</strong> com a receita advinda da produção e não<br />

conseguiria sobreviver exclusivamente com a produção do leite. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves observou-se volume maior <strong>de</strong> produção e mesmo entre os produtores que foram<br />

classificados como ineficientes, os quais apresentaram boa produção e po<strong>de</strong>riam não<br />

54


estar atingindo o ponto <strong>de</strong> nivelamento no momento <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> o rebanho não<br />

estar no período <strong>de</strong> maior produtivida<strong>de</strong> no ano, geralmente após a recria.<br />

Deve-se ressaltar que os agricultores familiares não são especializados na<br />

produção <strong>de</strong> um único produto e boa parte <strong>de</strong> sua produção é utilizada para consumo<br />

próprio, algumas vezes, inclusive, com recursos que <strong>de</strong>veriam ser investidos na<br />

proprieda<strong>de</strong>. As alterações no ambiente institucional, como a IN 51, buscam melhorar a<br />

qualida<strong>de</strong> do leite, através <strong>de</strong> normas sanitárias, como a exigência <strong>de</strong> resfriamento na<br />

proprieda<strong>de</strong>, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po exclu<strong>em</strong> os agricultores que não consegu<strong>em</strong> acesso<br />

ao crédito para se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong> à legislação ou o utilizam <strong>de</strong> forma incorreta. É essencial a<br />

criação <strong>de</strong> políticas públicas direcionadas não somente ao acesso ao crédito, mas<br />

também com o intuito <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar os métodos gerenciais e a tecnologia utilizada <strong>em</strong><br />

conformida<strong>de</strong> com a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses agricultores, que por apresentar<strong>em</strong> certa<br />

resistência à mudança e ser<strong>em</strong> menos capitalizados po<strong>de</strong>m não satisfazer os interesses<br />

financeiros <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas privadas.<br />

55


CAPÍTULO III<br />

O PROCESSO SUCESSÓRIO NAS UNIDADES PRODUTORAS DE LEITE DE<br />

SILVEIRÂNIA E CORONEL XAVIER CHAVES<br />

Após a apresentação, no capítulo anterior, das políticas públicas, programas e<br />

projetos voltados para fortalecer a ativida<strong>de</strong> leiteira entre os pequenos produtores,<br />

busca-se, neste capítulo, analisar os fatores que estariam influenciando o processo<br />

sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite nos municípios on<strong>de</strong> a pesquisa<br />

foi realizada. Foram <strong>de</strong>finidas duas situações: a) proprieda<strong>de</strong>s com sucessor já <strong>de</strong>finido<br />

e b) proprieda<strong>de</strong>s com forte possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que exista um sucessor, como mostrado na<br />

Tabela 18.<br />

Conforme salientado por Brumer (2007), a intenção <strong>de</strong> se tornar sucessor não é<br />

garantia <strong>de</strong> que o filho assumirá a proprieda<strong>de</strong>. Mas o que chama mesmo a atenção é o<br />

baixo percentual daqueles produtores que afirmaram já ter um sucessor <strong>de</strong>finido na<br />

ativida<strong>de</strong> leiteira <strong>em</strong> razão, talvez, do fato <strong>de</strong> a sucessão ser tratada como questão<br />

melindrosa entre os produtores rurais. Quando se consi<strong>de</strong>ram aqueles que disseram que<br />

não sabiam qu<strong>em</strong> seria o sucessor, mas que a ativida<strong>de</strong> terá um, mesmo que este ainda<br />

não tenha sido <strong>de</strong>finido, pouco mais da meta<strong>de</strong> dos proprietários <strong>de</strong> Silveirânia<br />

manifestou segurança quanto à perspectiva <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> leiteira no<br />

futuro. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves n<strong>em</strong> a meta<strong>de</strong> dos produtores <strong>de</strong> leite se<br />

manifestou <strong>de</strong>ssa forma. Se comparados com os dados da Tabela 8 sobre a mesorregião<br />

a que pertenciam, observa-se que Silveirânia está acima da média apresentada na Zona<br />

da Mata sobre a expectativa <strong>de</strong> que haja pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>,<br />

enquanto Coronel Xavier Chaves estava abaixo dos resultados apresentados para a<br />

região Campo das Vertentes.<br />

56


Tabela 18 - Percepção sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

57<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier Chaves<br />

Freq. % Freq. %<br />

Já foi <strong>de</strong>finido 8 15,4 1 3,2<br />

Não sabe qu<strong>em</strong> ficará, mas um ficará 20 38,4 11 35,4<br />

Não sabe se alguém ficará na proprieda<strong>de</strong> 12 23,1 10 32,3<br />

Ninguém <strong>de</strong>monstra interesse <strong>em</strong> ficar 6 11,5 2 6,5<br />

A proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser vendida 3 5,8 1 3,2<br />

Os filhos são muito jovens para fazer a escolha 3 5,8 6 19,4<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

52 100,00<br />

31 100,0<br />

0<br />

Aprofundando mais a compreensão relativa à perspectiva <strong>de</strong> sucessão,<br />

apresenta-se, a seguir, o cenário relativo aos proprietários entrevistados, por estrato <strong>de</strong><br />

produção média/diária <strong>de</strong> leite. Os dados das Tabelas 19 e 20 apontam para um cenário<br />

futuro preocupante <strong>em</strong> Silveirânia. Segundo o estudo realizado por Gomes (2007) e<br />

explicado no it<strong>em</strong> 2.1, os produtores com produção diária inferior a 200 litros não<br />

obteriam lucro com a ativida<strong>de</strong>. A pesquisa realizada <strong>em</strong> Silveirânia mostrou que era<br />

nesse estrato, justamente, que se concentravam o maior percentual <strong>de</strong> produtores que<br />

afirmaram que provavelmente teriam um sucessor. Consi<strong>de</strong>rando esses parâmetros <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lucro estimado por Gomes (2007), a situação encontrada <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves seria mais promissora, visto que as proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sucessor se encontravam <strong>em</strong> maior percentual, justamente, no estrato com produção<br />

superior a 200 litros diários e estariam obtendo melhores retornos com a ativida<strong>de</strong>, o<br />

que po<strong>de</strong> estimular que os filhos almej<strong>em</strong> continuar na ativida<strong>de</strong> futuramente.<br />

Tabela 19 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves - Frequência<br />

Estratos <strong>de</strong> produção (litros/dia)<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Até 50 51 a 100 101 a 200 Acima <strong>de</strong> 200<br />

Já foi <strong>de</strong>finido 1 4 2 1<br />

Alguém ficará 6 4 8 2<br />

7 8 10 3<br />

Já foi <strong>de</strong>finido 0 0 0 1<br />

Alguém ficará 0 2 3 6<br />

0 2 3 7


Tabela 20 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves - Porcentag<strong>em</strong><br />

Estratos <strong>de</strong> produção (litros/dia)<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Até 50 51 a 100 101 a 200 Acima <strong>de</strong> 200<br />

Já foi <strong>de</strong>finido 1,92% 7,69% 3,85% 1,92%<br />

Alguém ficará 11,54% 7,69% 15,38% 3,85%<br />

13,46% 15,38% 19,23% 5,77%<br />

Já foi <strong>de</strong>finido 0,0% 0,0% 0,0% 3,23%<br />

Alguém ficará 0,0% 6,45% 9,68% 19,35%<br />

0,0% 6,45% 9,68% 22,58%<br />

3.1 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com sucessor já <strong>de</strong>finido<br />

Inicia-se, a partir <strong>de</strong> agora, a apresentação dos dados relativos aos produtores<br />

rurais que apresentavam sucessor <strong>de</strong>finido a partir da sua caracterização<br />

socioeconômica, mostrando o seu perfil religioso, o seu estado civil e a sua renda.<br />

Conforme os dados apresentados na Tabela 21, os produtores com sucessor<br />

<strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia possuíam as características típicas dos pequenos produtores:<br />

utilização <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra familiar, não realização <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s, compl<strong>em</strong>entada,<br />

basicamente, pela aposentadoria, recebida por 62,5% dos produtores entrevistados. As<br />

famílias apresentavam, <strong>em</strong> média, quatro filhos. A renda mensal mais baixa entre as<br />

famílias se aproximava <strong>de</strong> três salários mínimos. Consi<strong>de</strong>rando a produção para o<br />

autoconsumo e os gastos, comumente inexistentes, com a moradia e água, po<strong>de</strong>-se<br />

consi<strong>de</strong>rar que a renda permite a reprodução da família e a manutenção da unida<strong>de</strong><br />

produtiva. Em Coronel Xavier Chaves, o único produtor que já havia <strong>de</strong>finido qu<strong>em</strong><br />

seria o sucessor possuía nove filhos, renda compl<strong>em</strong>entada pela aposentadoria e<br />

escolheu o filho do meio para ser o sucessor. O produtor possuía duas casas, uma na<br />

cida<strong>de</strong> e outra no campo, on<strong>de</strong> realizava as ativida<strong>de</strong>s com a ajuda do filho que será seu<br />

sucessor. Esse filho era casado e estava na ida<strong>de</strong> entre 40 e 50 anos.<br />

58


Tabela 21 - AED perfil – Sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves<br />

Variável<br />

59<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Religião Católica 8 100,0 1 100<br />

Produtor rural 3 37,5 - -<br />

Produtor rural e aposentado 5 62,5 1 100<br />

Casado 6 75,0 1 100<br />

Divorciado 2 25,0 - -<br />

Renda familiar anual entre R$12.000,01 e<br />

R$20.000,00<br />

3 37,5 1 100<br />

Renda familiar anual entre R$20.000,01 e<br />

R$30.000,00<br />

2 25,0 - -<br />

Renda familiar anual acima <strong>de</strong> R$30.000,00 3 37,5 - -<br />

Realiza as ativida<strong>de</strong>s sozinho 1 12,5 - -<br />

Realiza as ativida<strong>de</strong>s com ajuda <strong>de</strong> familiares 6 75,0 1 100<br />

Realiza as ativida<strong>de</strong>s com ajuda <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregados<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

1 12,5 - -<br />

No Município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, nenhuma variável analisada<br />

apresentou resultado significativo para os testes <strong>de</strong> regressão <strong>de</strong>vido apenas ao fato <strong>de</strong><br />

uma proprieda<strong>de</strong> possuir o sucessor <strong>de</strong>finido. Em Silveirânia, <strong>de</strong> acordo com os<br />

resultados da regressão, na Tabela 22 o fato <strong>de</strong> o produtor residir na cida<strong>de</strong> influencia<br />

positiva e fort<strong>em</strong>ente a <strong>de</strong>finição do sucessor, ou seja, residir na se<strong>de</strong> do município não<br />

se constituía <strong>em</strong> obstáculo para a continuação à frente da ativida<strong>de</strong> leiteira; muito pelo<br />

contrário, po<strong>de</strong>ria ser, até, fator positivo. As variáveis tamanho da proprieda<strong>de</strong> e renda<br />

bruta também influenciam positivamente, mas <strong>de</strong> forma menos intensa, na <strong>de</strong>finição do<br />

sucessor. A análise <strong>de</strong> regressão apontou, portanto, para a influência do aumento da<br />

área e, ou, da renda e, ou, da residência na se<strong>de</strong> do município <strong>em</strong> relação à possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> o sucessor ser <strong>de</strong>finido. São consi<strong>de</strong>radas significativas variáveis com sigma < 0,10.<br />

Tabela 22 - Regressão sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />

Município Variável B Sigma<br />

Residência (cida<strong>de</strong>) 4,448 0,011<br />

Silveirânia Área 0,064 0,093<br />

Renda bruta da proprieda<strong>de</strong> 0,01 0,049<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.


Reforçando os dados do parágrafo anterior, a Tabela 23 realça a forma como a<br />

residência na cida<strong>de</strong> parece estar associada com a <strong>de</strong>finição do sucessor entre os<br />

pequenos produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia. Outro fator que parece po<strong>de</strong>r influenciar<br />

indiretamente na manutenção da proprieda<strong>de</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ela ter um sucessor é a receita dos produtores. Em Silveirânia, a receita bruta média<br />

ficou <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> R$3.142,80. Se for consi<strong>de</strong>rado que os pequenos agricultores<br />

produz<strong>em</strong> parte dos alimentos que consom<strong>em</strong> e utilizam os pastos para a alimentação do<br />

gado, seria razoável <strong>de</strong>duzir que a manutenção da proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser viável e<br />

racional, ainda que a renda do leite isoladamente não <strong>de</strong>sse lucro. Em Coronel Xavier<br />

Chaves, como relatado anteriormente, o produtor possuía duas casas. Assim, ele<br />

concentrava os dias <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana no campo com o filho e os finais <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana na cida<strong>de</strong><br />

com a esposa. A renda <strong>de</strong> R$5.000,00 mensais era superior à dos produtores <strong>de</strong><br />

Silveirânia, mas vale l<strong>em</strong>brar que <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves os produtores eram mais<br />

tecnificados, o que aumentava sua eficiência.<br />

Tabela 23 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão – Sucessor <strong>de</strong>finido nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Município Variável Freq % Média Mediana Mín Máx<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Resid. (Cid.) 6 75,0<br />

Resid. (Campo) 2 25,0<br />

Área (hectares) 42,0 51,0 12 65<br />

Renda B. (R$) 3142,8 2100,00 1600,0 6000,0<br />

Resid. (Campo<br />

e cida<strong>de</strong>)<br />

1<br />

100,<br />

0<br />

Área (hectares) 1 23,0<br />

Renda B. (R$) 5000,0<br />

Na análise da variável área foi excluído um outlier e na da variável renda bruta, dois outliers.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Ao analisar o nível tecnológico das proprieda<strong>de</strong>s que já possu<strong>em</strong> sucessor<br />

<strong>de</strong>finido, <strong>de</strong> acordo com a Tabela 24, <strong>em</strong> Silveirânia, notou-se que 87,5% dos<br />

produtores utilizavam o sist<strong>em</strong>a tradicional para manutenção da ativida<strong>de</strong> e 75% a<br />

or<strong>de</strong>nha manual, indo na contramão do que suger<strong>em</strong> os especialistas para aumentar a<br />

produtivida<strong>de</strong> e lucrativida<strong>de</strong> na pecuária leiteira. Contudo, se tal sist<strong>em</strong>a ainda t<strong>em</strong> se<br />

mostrado compatível com a manutenção da proprieda<strong>de</strong> atualmente, no futuro a<br />

60


continuida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser difícil, mesmo que a manutenção da proprieda<strong>de</strong><br />

se mostre viável mediante o investimento <strong>em</strong> outra ativida<strong>de</strong>, a ex<strong>em</strong>plo do plantio <strong>de</strong><br />

eucalipto.<br />

Foto 12 - Gado criado a pasto <strong>em</strong> Silveirânia, MG.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />

Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves a proprieda<strong>de</strong> era provida <strong>de</strong> todos os recursos<br />

tecnológicos que po<strong>de</strong>m auxiliar no aumento da produtivida<strong>de</strong> e redução do esforço<br />

físico, o que, além <strong>de</strong> estimular os produtores continuar<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong>, contribuiu para<br />

que o leite seja produzido <strong>de</strong>ntro das atuais normas sanitárias.<br />

Tabela 24 - AED tecnologia sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves<br />

Variável<br />

61<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Utiliza máquina para redução do trabalho manual 2 25,0 - -<br />

Or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira 1 12,5 - -<br />

Or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira e trator 1 12,5 1 100,0<br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> criação s<strong>em</strong>i-intensivo (pasto e ração) 7 87,5 1 100,0<br />

Or<strong>de</strong>nha manual 6 75,0 - -<br />

Realiza uma or<strong>de</strong>nha por dia 5 62,5 - -<br />

Realiza duas or<strong>de</strong>nhas por dia 3 37,5 1 100<br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reprodução com ins<strong>em</strong>inação 4 50,0 1 100<br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reprodução com monta natural 4 50,0 - -<br />

Utiliza algum sist<strong>em</strong>a integrado <strong>de</strong> produção 0 0,0 - -<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.


A Tabela 25 apresenta a condição do produtor <strong>em</strong> relação à terra. Os dados nela<br />

apresentados po<strong>de</strong>m ajudar a compreen<strong>de</strong>r a condição <strong>de</strong> proprietário rural <strong>em</strong> uma<br />

cida<strong>de</strong> pequena como Silveirânia, cuja distância entre campo e cida<strong>de</strong> é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 18 km, consi<strong>de</strong>rando-se a comunida<strong>de</strong> mais longínqua. Essa distância<br />

permite ao proprietário, resi<strong>de</strong>nte no campo ou na cida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>slocamento diário, fato<br />

que po<strong>de</strong> se configurar como favorável para a manutenção da proprieda<strong>de</strong> e continuação<br />

do processo sucessório, ainda que a ativida<strong>de</strong> leiteira não se mostre viável <strong>em</strong> algum<br />

momento, ou seja, a proprieda<strong>de</strong> mostrar-se-ia maior que a ativida<strong>de</strong> leiteira, ou esta<br />

não seria um fim <strong>em</strong> si mesmo. Corrobora tal afirmação o fato <strong>de</strong> que as práticas <strong>de</strong><br />

manejo e cultivo utilizadas por gran<strong>de</strong> parte dos proprietários eram tradicionais ou s<strong>em</strong>i-<br />

intensivas, não requerendo muitos investimentos e gastos, mas gerando alimentos para o<br />

autoconsumo e para comercialização mais restrita.<br />

Mesmo com o reduzido uso da tecnologia, os produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia<br />

com sucessor já <strong>de</strong>finido consi<strong>de</strong>ram o tamanho médio da proprieda<strong>de</strong> (que ficava <strong>em</strong><br />

torno <strong>de</strong> 40 ha) a<strong>de</strong>quado para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas e as terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> -<br />

62,5% <strong>de</strong>sses produtores receberam pelo menos parte da terra sob a forma <strong>de</strong> herança. O<br />

fato <strong>de</strong> esses produtores já ter<strong>em</strong> passado por um processo <strong>de</strong> sucessão po<strong>de</strong> ser<br />

favorável para que outro processo ocorra no estabelecimento. Em Coronel Xavier<br />

Chaves, o produtor também consi<strong>de</strong>rava seus 23 ha a<strong>de</strong>quados e que suas terras eram <strong>de</strong><br />

boa qualida<strong>de</strong>. Entretanto, nessa localida<strong>de</strong> o uso da tecnologia era superior <strong>em</strong><br />

comparação com Silveirânia.<br />

62


Tabela 25 - AED estrutura fundiária sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

63<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

As terras são próprias 7 87,5 1 100<br />

Produtores que receberam 100% da terra <strong>de</strong><br />

herança<br />

2 25,0 - -<br />

Produtores que receberam parte da terra <strong>de</strong><br />

herança e compraram outra parte<br />

3 37,5 1 100,0<br />

Não foi o único her<strong>de</strong>iro 4 50,0 1 100<br />

Foi o único her<strong>de</strong>iro 1 12,5 - -<br />

Os <strong>de</strong>mais her<strong>de</strong>iros não continuam na<br />

proprieda<strong>de</strong><br />

3 37,5 1 100<br />

Consi<strong>de</strong>ram o tamanho da proprieda<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quado 6 75,0 1 100<br />

Consi<strong>de</strong>ram as terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> 7 87,5 1 100<br />

Utilizam insumos para melhorar a qualida<strong>de</strong> do<br />

solo<br />

7 87,5 1 100<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Outra variável consi<strong>de</strong>rada na pesquisa como po<strong>de</strong>ndo intervir no processo<br />

sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite é o nível educacional e, ou, a capacitação<br />

profissional. A Tabela 26 apresenta a percepção dos produtores acerca do nível<br />

educacional que eles consi<strong>de</strong>ram necessário para que um indivíduo possa ser um<br />

produtor rural. Nos dois municípios pesquisados, corroborando os estudos <strong>de</strong> Silvestro<br />

et al. (2001) e Carneiro (1998), observou-se a associação entre os que <strong>de</strong>cidiram ficar na<br />

proprieda<strong>de</strong> e o baixo nível educacional apresentado. Entretanto, cabe ressaltar que<br />

esses produtores estão se capacitando por meio <strong>de</strong> cursos ofertados pela Emater e<br />

utilizando os conhecimentos adquiridos na proprieda<strong>de</strong>. Além disso, um dado que se<br />

<strong>de</strong>stacou foi a afirmação <strong>de</strong> que consultavam os filhos, futuros sucessores, <strong>em</strong> relação às<br />

<strong>de</strong>cisões tomadas no estabelecimento.<br />

Os dados indicaram, também, que a relação dos produtores rurais com a<br />

proprieda<strong>de</strong> não era <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> procedimentos gerenciais. As ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvidas não eram encaradas como ativida<strong>de</strong>s regidas pela lógica do mercado,<br />

mas, antes, faziam parte do modo <strong>de</strong> vida rural <strong>de</strong>ntro do qual o produtor nasceu e t<strong>em</strong><br />

vivido. Nesse sentido, algumas ações, como a participação <strong>em</strong> associações para a<br />

produção, a compra e a venda <strong>de</strong> insumos e produtos, po<strong>de</strong>m constituir porta <strong>de</strong> entrada<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma racionalida<strong>de</strong> voltada para o mercado.


Tabela 26 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

64<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Sugere o ensino médio para se tornar produtor 5 62,5 1 100<br />

Possui o ensino básico 6 75,0 1 100<br />

Consi<strong>de</strong>ram importante o estudo 8 100,0 1 100<br />

Já realizou algum curso <strong>de</strong> capacitação 7 87,5 1 100<br />

Utilizou o conhecimento adquirido na<br />

proprieda<strong>de</strong><br />

6 75,0 1 100<br />

Possui e sabe utilizar computador 3 37,5 - -<br />

Realiza registros da produção 1 12,5 - -<br />

Os filhos participam das <strong>de</strong>cisões 7 87,5 1 100<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

A Tabela 27 apresenta a percepção do produtor acerca da sua participação na<br />

associação, ou seja, o julgamento que faz <strong>em</strong> torno da influência <strong>de</strong>ssa participação para<br />

os seus custos <strong>de</strong> produção e para o enfrentamento das exigências legais e a forma como<br />

percebe a qualida<strong>de</strong> do leite mediante práticas coletivas. Além disso, o quadro apresenta<br />

o percentual <strong>de</strong> produtores que tiveram acesso às inovações tecnológicas e às práticas <strong>de</strong><br />

caráter coletivo.<br />

Segundo Buainain (2007), é essencial o papel das associações para que os<br />

agricultores familiares possam manter-se no mercado, o que também foi afirmado pelos<br />

próprios produtores. Em Silveirânia, 100% dos pesquisados consi<strong>de</strong>ravam importante os<br />

subsídios fornecidos pela associação para a execução da ativida<strong>de</strong>, principalmente para<br />

a redução dos custos e, mesmo, para a melhoria da relação entre esses, visto que 75%<br />

achavam que a associação melhorou a relação entre os produtores e tornou mais fácil a<br />

entrega do leite. Vale ressaltar que, mesmo com a melhoria da qualida<strong>de</strong> do leite<br />

promovida pela utilização dos tanques coletivos <strong>em</strong> Silveirânia, o leite ali produzido<br />

ainda não se encontrava <strong>de</strong>ntro dos padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos pela atual legislação<br />

e, por isso, os produtores ainda não recebiam por qualida<strong>de</strong>. Em Coronel Xavier<br />

Chaves, mesmo s<strong>em</strong> o conhecimento da Normativa 51, o produtor possuía um processo<br />

produtivo que se encaixava na atual legislação. Assim, parece lícito supor que, além <strong>de</strong><br />

diminuir o custo e melhorar o preço recebido, as associações auxiliavam para que os<br />

produtores cumpriss<strong>em</strong> as legislações pertinentes ao setor, o que po<strong>de</strong>ria aumentar a


possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que possíveis produtores não foss<strong>em</strong> excluídos do mercado por estar<strong>em</strong><br />

produzindo <strong>de</strong> maneira informal.<br />

Tabela 27 - AED associação e IN 51 sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

65<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

A associação contribui com a ativida<strong>de</strong> leiteira 8 100,00 1 100<br />

Contribui com redução <strong>de</strong> custos 5 62,5 - -<br />

Contribui com redução <strong>de</strong> custos e ganho <strong>de</strong> escala 3 37,5 1 100<br />

Utilizam tanques próprios 1 12,5 1 100<br />

Utilizam tanques coletivos 7 87,5 - -<br />

O tanque coletivo melhorou a relação entre os<br />

produtores<br />

6 75,0 - -<br />

O tanque coletivo melhorou a qualida<strong>de</strong> do leite 5 62,5 - -<br />

Conhece e utiliza a IN 51 1 12,5 - -<br />

Conhece e utiliza parcialmente a IN 51 5 62,5 - -<br />

Não conhece a IN 51 2 25,0 1 100<br />

Consi<strong>de</strong>ra que ficou mais fácil a entrega do leite<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

8 100,0 1 100<br />

Foto 13 - Momento <strong>de</strong> entrega do leite no tanque coletivo <strong>em</strong> Silveirânia.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />

A Tabela 28 apresenta os dados <strong>em</strong> relação à variável crédito, trazendo a<br />

percepção dos produtores sobre os efeitos <strong>de</strong>sse benefício para a realização <strong>de</strong> suas<br />

ativida<strong>de</strong>s e para a aquisição <strong>de</strong> terras. Na análise da variável crédito, constatou-se que<br />

62,5% dos produtores <strong>de</strong> Silveirânia utilizavam o Pronaf para investir na proprieda<strong>de</strong>.


Contudo, percentual b<strong>em</strong> mais baixo fez uso do financiamento para a compra <strong>de</strong><br />

equipamentos e animais, o que reforça um tipo <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sassociada do<br />

mercado. Dos produtores que realizaram <strong>em</strong>préstimo, apenas dois (40%) fizeram<br />

financiamento para investir <strong>em</strong> equipamentos. Ainda assim, isso foi feito acompanhado<br />

da modalida<strong>de</strong> custeio, diferent<strong>em</strong>ente do produtor <strong>em</strong> Coronel Xavier, que se valeu do<br />

financiamento <strong>de</strong> R$15.000,00 para investir <strong>em</strong> equipamentos, aumentando o nível<br />

tecnológico do processo produtivo. Notou-se, assim, que <strong>em</strong> Silveirânia os recursos não<br />

foram utilizados, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte, para investimentos <strong>em</strong> tecnologia e, sim, para<br />

manutenção da proprieda<strong>de</strong>. O valor médio financiado foi <strong>de</strong> R$16.800,00, sendo o<br />

t<strong>em</strong>po médio para pagamento <strong>de</strong> 11 anos.<br />

Tabela 28 - AED crédito, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves<br />

Variável<br />

66<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Já utilizaram financiamento para investir na<br />

proprieda<strong>de</strong><br />

5 62,5 1 100<br />

Nunca utilizaram financiamento 3 37,5 - -<br />

PRONAF 5 100,0 - -<br />

Já utilizaram o Pronaf para aquisição <strong>de</strong> terras 1 20,0 - -<br />

Já utilizaram o Pronaf custeio 1 20,0 - -<br />

Já utilizaram o Pronaf para compra <strong>de</strong> animais e<br />

custeio<br />

1 20,0 - -<br />

Já utilizaram o Pronaf para compra <strong>de</strong> equipamentos - - 1 100<br />

Já utilizaram o Pronaf para compra <strong>de</strong> equipamentos e<br />

custeio<br />

2 40,0 - -<br />

Consi<strong>de</strong>ram que o financiamento gerou efeitos<br />

positivos<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

4 80,0 1 100<br />

Continuando a <strong>de</strong>scrição acerca dos padrões tradicionais presentes no modo <strong>de</strong><br />

vida dos produtores rurais, apresenta-se a Tabela 29, referente às características do<br />

processo sucessório. Nota-se, nessa tabela, que <strong>em</strong> Silveirânia a sucessão foi <strong>de</strong>finida<br />

com base <strong>em</strong> critérios estabelecidos <strong>de</strong> acordo com as tradições, com a escolha sendo<br />

feita apenas pelo pai <strong>em</strong> 62,5% dos casos. Apesar <strong>de</strong> apenas dois produtores ter<strong>em</strong><br />

respondido que as mulheres não possuíam as mesmas chances <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> escolhidas<br />

como sucessoras, <strong>em</strong> nenhum dos oito casos havia a presença f<strong>em</strong>inina como sucessora.


Nota-se, também, que os atuais proprietários utilizavam a estratégia <strong>de</strong> atrasar<strong>em</strong> ao<br />

máximo a transferência da administração da proprieda<strong>de</strong> e não pretendiam in<strong>de</strong>nizar os<br />

filhos não sucessores. O fato <strong>de</strong> esperar<strong>em</strong> que o filho sucessor cui<strong>de</strong> <strong>de</strong>les durante a<br />

velhice reforça ainda mais a estratégia <strong>de</strong> atrasar o momento da transferência. Apenas<br />

um produtor, classificado entre os mais produtivos do município, <strong>de</strong>sejava realizar a<br />

transferência imediatamente. Esse resultado reforça as conclusões do estudo <strong>de</strong><br />

Silvestro et al. (2001), que afirmaram que os produtores rurais mais capitalizados não<br />

enfrentavam probl<strong>em</strong>as sucessórios <strong>em</strong> seus estabelecimentos. Em Coronel Xavier<br />

Chaves, o pai não influenciou na <strong>de</strong>cisão do filho, e a <strong>de</strong>cisão foi tomada pela família. A<br />

transferência, entretanto, também não ocorrerá enquanto o pai estiver <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

trabalhar.<br />

Tabela 29 - AED sucessão, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves<br />

Variável<br />

67<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Estimula o filho a ser produtor <strong>de</strong> leite 7 87,5 - -<br />

Não estimula o filho a ser produtor <strong>de</strong> leite 1 12,5 1 100<br />

A <strong>de</strong>cisão foi tomada apenas pelo pai 5 62,5 - -<br />

A <strong>de</strong>cisão foi tomada pela família 3 37,5 1 100<br />

As mulheres possu<strong>em</strong> as mesmas chances 14 3 37,5 - -<br />

As mulheres não possu<strong>em</strong> as mesmas chances 2 25,0 - -<br />

Não possui filhas 3 37,5 - -<br />

A transferência será realizada quando o sucessor<br />

estiver preparado<br />

3 37,5 - -<br />

Não será feita enquanto o proprietário tiver<br />

condições <strong>de</strong> trabalhar<br />

2 25,0 - -<br />

Não <strong>de</strong>finiram ainda 2 25,0 - -<br />

O mais breve possível 1 12,5 - -<br />

Os filhos não sucessores receberão algum b<strong>em</strong><br />

para compensação<br />

2 25,0 - -<br />

Os filhos não sucessores não receberão nenhum<br />

b<strong>em</strong> para compensação<br />

6 75,0 1 100<br />

Espera que o sucessor assuma a responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cuidar do proprietário na velhice<br />

6 75,0 1 100<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

14 Outros três produtores (37,5%) não possuíam filhas e não consi<strong>de</strong>ravam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mulher,<br />

uma sobrinha ou irmã, por ex<strong>em</strong>plo, assumir a proprieda<strong>de</strong>; os dois produtores restantes (25%) achavam<br />

que as mulheres não possuíam as mesmas chances que os homens.


A seguir, analisar-se-á o processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s produtivas on<strong>de</strong> o<br />

sucessor ainda não foi <strong>de</strong>finido, claramente, mas nas quais existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ainda sê-lo.<br />

3.2 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sucessor<br />

Entre as variáveis que mostraram ter influência sobre o processo sucessório <strong>em</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s nas quais o sucessor ainda não havia sido <strong>de</strong>finido, claramente, aparec<strong>em</strong>:<br />

a renda bruta da proprieda<strong>de</strong>, o valor do crédito, a residência na cida<strong>de</strong>, a ida<strong>de</strong> do<br />

produtor e a participação dos filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Consi<strong>de</strong>rando-se como<br />

significantes as variáveis com sigma < 0,10, <strong>de</strong> acordo com os dados da análise <strong>de</strong><br />

regressão da Tabela 30, <strong>em</strong> Silveirânia, o fato <strong>de</strong> o produtor residir na cida<strong>de</strong> e contar<br />

com o auxílio dos filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre as ativida<strong>de</strong>s executadas no<br />

estabelecimento influência significativa e positivamente para que o estabelecimento<br />

venha a ter um sucessor no futuro. As variáveis valor financiado e renda bruta da<br />

proprieda<strong>de</strong> também foram consi<strong>de</strong>radas significantes, porém com leve influência sobre<br />

a <strong>de</strong>cisão, o que indica que, apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> significantes, o aumento no valor<br />

financiado e a receita não aumentarão consi<strong>de</strong>ravelmente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessores.<br />

Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, a variável residir na cida<strong>de</strong> possuía significância<br />

e influência negativa para que a proprieda<strong>de</strong> viesse a ter um sucessor. Um aspecto que<br />

po<strong>de</strong>ria explicar tal influência negativa diz respeito ao fato <strong>de</strong> que os produtores que<br />

resi<strong>de</strong>m no campo possu<strong>em</strong> infraestrutura s<strong>em</strong>elhante aos que moram na cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> o<br />

acesso à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São João Del Rei ser rápido e fácil. O fato <strong>de</strong> os filhos participar<strong>em</strong><br />

das <strong>de</strong>cisões também foi consi<strong>de</strong>rado significante e positivo para o processo sucessório,<br />

b<strong>em</strong> como a ida<strong>de</strong> do produtor, que foi significativa e lev<strong>em</strong>ente positiva, indicando<br />

que, quanto maior a ida<strong>de</strong> do produtor, maior a chance <strong>de</strong> ter um sucessor escolhido.<br />

68


Tabela 30 - Regressão possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />

Xavier Chaves<br />

Município Variável B Sigma<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Residência (cida<strong>de</strong>) 2,931 0,027<br />

Valor financiado 0,000 0,074<br />

Filhos que participam das <strong>de</strong>cisões 3,507 0,007<br />

Renda bruta da proprieda<strong>de</strong> 0,000 0,085<br />

Residência (cida<strong>de</strong>) -2,292 0,032<br />

Filhos que participam das <strong>de</strong>cisões 3,392 0,016<br />

Ida<strong>de</strong> do produtor 0,172 0,025<br />

A Tabela 31 compl<strong>em</strong>enta as análises apresentadas anteriormente quanto aos<br />

fatores que inci<strong>de</strong>m sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter sucessor. Em Silveirânia, a tomada <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>préstimo do Pronaf para investimento na proprieda<strong>de</strong> indicou estar relacionada com<br />

aquelas proprieda<strong>de</strong>s que apresentam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um sucessor no<br />

estabelecimento. Portanto, a variável crédito se mostrou influente para o processo<br />

sucessório. Tal como os estudos <strong>de</strong> Teixeira et al. (2012), nas proprieda<strong>de</strong>s pesquisadas<br />

a participação dos filhos na administração da proprieda<strong>de</strong> também mostrou influenciar<br />

na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> eles permanecer<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong>. Assim, nos dois municípios pesquisados,<br />

<strong>em</strong> mais da meta<strong>de</strong> dos casos com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessão, os filhos já participavam<br />

das <strong>de</strong>cisões no estabelecimento. Outro dado importante, consi<strong>de</strong>rando-se que esse foi<br />

fator positivo para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver pelo menos um sucessor, é que, <strong>de</strong> acordo<br />

com a Tabela 8, nas mesorregiões on<strong>de</strong> estão inseridos, cerca <strong>de</strong> 30% dos produtores<br />

residiam na cida<strong>de</strong>, média próxima dos valores encontrados nos dois municípios<br />

pesquisados.<br />

Tabela 31 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Município Variável Freq % Média Mediana Mín Máx<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Resid. (cida<strong>de</strong>) 9 32,1<br />

Valor financiado 15988,0 14500,00 3800,00 60000,0<br />

Filhos (<strong>de</strong>cisão) 15 53,6<br />

Chance mulher 18 64,3<br />

Renda 2908,00 2050,00 380,00 14000,0<br />

Resid. (cida<strong>de</strong>) 3 25,0<br />

Filhos (<strong>de</strong>cisão) 7 58,3<br />

Ida<strong>de</strong> 55,0 54,0 38,0 73,0<br />

69


A seguir, aprofunda-se a caracterização socioeconômica dos produtores rurais<br />

que apresentam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<strong>em</strong> sucessor. A religião católica não foi fator<br />

influente na <strong>de</strong>cisão sobre qu<strong>em</strong> seria o sucessor, entretanto foi predominante entre<br />

todos os produtores que apresentaram ou não a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor. De todos os<br />

entrevistados, 96,2% <strong>em</strong> Silveirânia e 93,5% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves <strong>de</strong>clararam-se<br />

católicos. Assim, <strong>em</strong> uma proprieda<strong>de</strong> foi construída um capela, e <strong>em</strong> outra foi colocada<br />

uma imag<strong>em</strong> na entrada da residência. A foto 14 apresenta a capela construída na<br />

proprieda<strong>de</strong>, <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

Foto 14 - Capela construída na proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtor – Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />

Em termos econômicos, os dados da Tabela 32 apontam para um baixo<br />

percentual <strong>de</strong> produtores com renda mensal inferior a dois salários mínimos e que os<br />

produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves apresentavam percentual <strong>de</strong> renda mais elevado<br />

do que os <strong>de</strong> Silveirânia. Em Coronel Xavier Chaves, 50% das proprieda<strong>de</strong>s com<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor possuíam renda familiar anual superior a R$30.000,00,<br />

enquanto <strong>em</strong> Silveirânia esse percentual foi <strong>de</strong> 21,4%, assim como apresentava também<br />

superiorida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação ao percentual <strong>de</strong> produtores rurais aposentados. Em<br />

Silveirânia, observou-se maior participação dos familiares nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas,<br />

ou seja: 72% contra 41,7%, <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

70


Tabela 32 - AED perfil dos produtores com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

71<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Religião católica 27 96,4 12 100,0<br />

Produtor rural 16 57,1 6 50,0<br />

Produtor rural e aposentado 10 35,7 5 41,7<br />

Casado 23 82,1 12 100,0<br />

Família ajuda integralmente na proprieda<strong>de</strong> 2 7,1 2 16,7<br />

Família ajuda parcialmente na proprieda<strong>de</strong> 18 64,9 3 25,0<br />

Renda familiar anual até R$12.000,00 7 25,0 0 0<br />

Renda familiar anual entre R$12.000,01 e<br />

R$20.000,00<br />

8 28,6 5 41,7<br />

Renda familiar anual entre R$20.000,01 e<br />

R$30.000,00<br />

7 25,0 1 8,33<br />

Renda familiar anual acima <strong>de</strong> R$30.000,00<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

6 21,4 6 50,0<br />

A Tabela 33 passa a apresentar aspectos referentes ao perfil produtivo relativo à<br />

ativida<strong>de</strong> leiteira. É notório que os produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves são mais<br />

tecnificados que os <strong>de</strong> Silveirânia, o que se revela na produtivida<strong>de</strong> dos agricultores,<br />

que foi <strong>de</strong> 135 litros/dia <strong>em</strong> Silveirânia e 251 litros/dia <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

Entretanto, a análise <strong>de</strong> regressão não consi<strong>de</strong>rou o fator tecnologia como significante<br />

para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>. Ou seja, o fato<br />

<strong>de</strong> 83,3% dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves utilizar<strong>em</strong> alguma máquina para<br />

redução do trabalho manual e 32,1% <strong>em</strong> Silveirânia, b<strong>em</strong> como na realização <strong>de</strong> duas<br />

or<strong>de</strong>nhas diárias por 83,3% dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, <strong>em</strong><br />

contrapartida a 60,7% <strong>em</strong> Silveirânia, indica uma forma mais <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> manejo<br />

entre os produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, o que possibilitaria a eles aumentar a<br />

produtivida<strong>de</strong>, mas isso não influenciou na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que exista pelo menos um<br />

sucessor.


Tabela 33 - AED tecnologia, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

72<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Utiliza máquina para redução do trabalho manual 9 32,1 10 83,3<br />

Sist<strong>em</strong>a s<strong>em</strong>i-intensivo <strong>de</strong> criação 23 82,1 10 83,3<br />

Or<strong>de</strong>nha mecânica 9 32,1 10 83,3<br />

Utiliza ins<strong>em</strong>inação 19 67,9 8 66,7<br />

Utiliza sist<strong>em</strong>a integrado <strong>de</strong> produção 3 10,7 3 25,0<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

A Tabela 34 compl<strong>em</strong>enta esse perfil produtivo dos pesquisados nos dois<br />

municípios, ao explicitar a finalida<strong>de</strong> do uso do crédito por eles acionado. O Pronaf foi<br />

a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito mais utilizada entre os produtores rurais pesquisados. Em<br />

Silveirânia, a média tomada <strong>em</strong>prestada foi <strong>de</strong> R$16.000,00 e <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves, R$21.800,00. Em Silveirânia, os produtores utilizavam o crédito, <strong>em</strong> média, há<br />

oito anos e <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, 10 anos. Ao comparar os dados com a<br />

mesorregião a que pertenciam, observou-se, <strong>de</strong> acordo com a Tabela 8, que os<br />

produtores nos municípios pesquisados tomavam mais <strong>em</strong>préstimos <strong>em</strong> relação à média<br />

na mesorregião.<br />

Na mesorregião Campo das Vertentes, 40,0% dos produtores utilizavam o<br />

crédito para investir<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, contra 50,0% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves. Já na<br />

mesorregião da Zona da Mata mineira, o crédito foi utilizado por 21,21% dos<br />

produtores, contra 64,3% <strong>em</strong> Silveirânia. Porém, verificou-se que esses produtores não<br />

chegavam a investir n<strong>em</strong> 35% do recurso <strong>em</strong> tecnologia, o que po<strong>de</strong>ria comprometer a<br />

sua eficiência produtiva. Assim, <strong>de</strong> acordo com o teste do qui-quadrado realizado no<br />

it<strong>em</strong> 2.1, os dados <strong>em</strong> relação ao crédito apontaram que seu acesso, <strong>de</strong> forma isolada,<br />

não favoreceria o <strong>de</strong>senvolvimento eficiente dos produtores <strong>de</strong> leite. Entretanto, mesmo<br />

sendo utilizado <strong>de</strong> forma a não favorecer a eficiência produtiva dos produtores, o crédito<br />

mostrou-se associado à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção das unida<strong>de</strong>s produtivas, <strong>de</strong> acordo<br />

com os dados da regressão na Tabela 30, o que po<strong>de</strong>ria aumentar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />

houvesse pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>.


Tabela 34 - AED crédito, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

73<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Já utilizou algum tipo <strong>de</strong> financiamento 18 64,3 6 50,0<br />

Modalida<strong>de</strong> Pronaf 18 100,00 5 83,3<br />

Investiu <strong>em</strong> tecnologia 5 27,8 2 33,3<br />

Consi<strong>de</strong>ra o financiamento oneroso 3 16,7 2 33,3<br />

Consi<strong>de</strong>ra burocrático realizar um financiamento 10 55,5 11 91,6<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

A Tabela 35 amplia o perfil dos produtores, apresentando a sua situação <strong>em</strong><br />

relação à terra. Seus dados evi<strong>de</strong>nciam que o tamanho das terras era consi<strong>de</strong>rado<br />

a<strong>de</strong>quado por 75% dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia e 66,7% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />

mesmo com alguns <strong>de</strong>les utilizando terras arrendadas. A qualida<strong>de</strong> das terras também<br />

foi consi<strong>de</strong>rada boa por 82,1% dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia e 58,3% <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves. Em Silveirânia, os agricultores possuíam as terras nas condições<br />

apresentadas na Tabela 35, <strong>em</strong> média há 20 anos e, <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, 18 anos.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> apresentada pelos agricultores dos dois municípios,<br />

atualmente entre 55 e 56 anos, verificou-se que esses produtores adquiriram suas terras<br />

com ida<strong>de</strong> próxima aos 36 anos.<br />

Tabela 35 - AED estrutura fundiária, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

As terras são próprias 21 75,0 9 75,0<br />

As terras são arrendadas 6 21,4 3 25,0<br />

Pelo menos uma parte das terras foi adquirida por<br />

herança<br />

16 57,1 6 50,0<br />

Irmãos her<strong>de</strong>iros ven<strong>de</strong>ram sua parte 9 32,1 3 25,0<br />

Consi<strong>de</strong>ra o tamanho a<strong>de</strong>quado 21 75 8 66,7<br />

Consi<strong>de</strong>ra as terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong><br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

23 82,1 7 58,3


A Tabela 36 <strong>de</strong>talha a situação <strong>em</strong> relação à área total e à área utilizada pela<br />

pecuária, relacionando-as com o percentual <strong>de</strong> possíveis sucessores. Nos municípios<br />

pesquisados, entre as proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor, para <strong>de</strong>terminar a<br />

média do tamanho das proprieda<strong>de</strong>s, apenas uma possuía tamanho superior a 100 ha e<br />

foi excluída da análise por ser classificada como um outlier (valor discrepante da média,<br />

que po<strong>de</strong> influenciar no resultado). O tamanho reduzido das proprieda<strong>de</strong>s, com especial<br />

atenção para Coronel Xavier Chaves, que possuía média inferior à <strong>de</strong> Silveirânia <strong>em</strong><br />

todas as classificações apresentadas, corrobora a necessida<strong>de</strong> do uso da tecnologia para<br />

manter um processo produtivo eficiente e que uma proprieda<strong>de</strong> com tamanho reduzido<br />

po<strong>de</strong>ria não ser sustentável economicamente se dividida entre todos os her<strong>de</strong>iros.<br />

Diferent<strong>em</strong>ente do quesito crédito, as médias apresentadas nos municípios pesquisados<br />

foram inferiores às das mesorregiões a que pertenciam, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com a Tabela 8,<br />

a média geral do tamanho da proprieda<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 52,67 ha na Zona da Mata mineira e<br />

73,38 ha na mesorregião Campo das Vertentes.<br />

Tabela 36 - AED área média nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Área total média (ha) Área média utilizada pela pecuária (ha)<br />

Sucessor Possível Geral Sucessor Possível Geral<br />

<strong>de</strong>finido Sucessor<br />

<strong>de</strong>finido Sucessor<br />

Silveirânia 39,86 56,00 46,81 38,29 31,64 28,66<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

23,0 34,17 37,10 16,0 23,00 23,48<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

A escolarida<strong>de</strong> foi uma das variáveis, citadas na literatura, como intervenientes<br />

no processo sucessório. A Tabela 37 apresenta os dados relativos ao nível <strong>de</strong> ensino dos<br />

proprietários rurais pesquisados, b<strong>em</strong> como a qualificação para a ativida<strong>de</strong> leiteira<br />

através <strong>de</strong> cursos e a percepção dos produtores acerca da utilida<strong>de</strong> dos conhecimentos<br />

adquiridos através dos eventos voltados para a qualificação na ativida<strong>de</strong> leiteira para sua<br />

prática cotidiana.<br />

Em ambos os municípios pesquisados, apesar <strong>de</strong> a maioria dos produtores que<br />

contavam com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor ter apenas o ensino básico, eles acreditavam<br />

que o estudo até o ensino médio, no mínimo, era importante para o jov<strong>em</strong> do meio rural.<br />

74


Avaliaram como sendo úteis, ainda, os cursos técnicos e superiores voltados para a área.<br />

Os cursos <strong>de</strong> capacitação dirigidos para as ativida<strong>de</strong>s agropecuárias foram também<br />

consi<strong>de</strong>rados como importantes pelos produtores rurais. Contudo, a parte <strong>de</strong> formação<br />

gerencial pareceu bastante <strong>de</strong>ficitária entre os eles, <strong>em</strong> razão da baixa porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

produtores que faziam os registros relativos às ativida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong>senvolvidas nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s: 10,7% <strong>em</strong> Silveirânia e 33,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

Tabela 37 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

75<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

Estudou até o ensino básico 22 78,6 7 58,3<br />

Já participou <strong>de</strong> algum curso <strong>de</strong> capacitação 22 78,6 10 83,3<br />

Utilizou os conhecimentos adquiridos na<br />

proprieda<strong>de</strong><br />

20 90,9 8 66,7<br />

Realiza algum registro<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

3 10,7 4 33,3<br />

Outro aspecto, <strong>de</strong> certo forma relacionado às práticas <strong>de</strong> gerenciamento da<br />

proprieda<strong>de</strong>, que diz respeito à participação do produtor <strong>em</strong> Associação <strong>de</strong> Produtores,<br />

<strong>em</strong> que se ressaltam os aspectos julgados por eles como tendo tido repercussão para a<br />

sua prática a partir da participação na associação, será apresentado na Tabela 38.<br />

Os produtores que possuíam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um sucessor <strong>em</strong> seu<br />

estabelecimento consi<strong>de</strong>ravam que a participação na associação repercutia na sua<br />

ativida<strong>de</strong> produtiva. Isso se dava sob dois aspectos: seja facilitando-lhes a armazenag<strong>em</strong><br />

do leite, especialmente entre os produtores <strong>de</strong> Silveirânia, pelo fato <strong>de</strong>, na condição <strong>de</strong><br />

associados, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> utilizar o tanque coletivo, seja por favorecer-lhes a redução dos<br />

custos na compra <strong>de</strong> insumos, seja pela venda <strong>em</strong> maior escala, o que lhes po<strong>de</strong>ria<br />

favorecer na negociação do preço pago pelo litro do leite. Tendo <strong>em</strong> vista que<br />

aproximadamente ¼ dos produtores <strong>de</strong>sconhecia a IN 51 e que 67,9% <strong>em</strong> Silveirânia e<br />

58,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves utilizavam parcialmente as normas da IN 51, as<br />

associações mostraram-se importantes também para o auxílio na produção <strong>de</strong>ntro das


atuais normas da legislação, para que os produtores pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>, inclusive, pleitear o<br />

aumento no preço recebido pelo leite ali produzido.<br />

Tabela 38 - AED participação <strong>em</strong> associações e IN 51, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais<br />

<strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Município Variável Freq %<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

A associação contribui para a ativida<strong>de</strong> leiteira 24 85,7<br />

Utiliza tanque COLETIVO 26 92,8<br />

Conhece e utiliza parcialmente a IN 51 19 67,9<br />

Não conhece a IN 51 8 28,6<br />

A associação contribui para a ativida<strong>de</strong> leiteira 11 91,7<br />

Utiliza tanque PRÓPRIO 10 83,3<br />

Conhece e utiliza parcialmente a IN 51 7 58,3<br />

Não conhece a IN 51 3 25,0<br />

Por fim, a Tabela 39, última apresentada neste it<strong>em</strong>, traz os dados relativos às<br />

respostas dos produtores rurais <strong>em</strong> relação ao <strong>de</strong>finidor do sucessor, ao seu perfil etário,<br />

ao momento que se dariam a sucessão e a forma <strong>de</strong> herança para os filhos que não se<br />

tornarão sucessores. No que diz respeito à questão relativa ao <strong>de</strong>finidor do sucessor, os<br />

dados colhidos <strong>em</strong> ambos os municípios po<strong>de</strong>riam ser interpretados como tendo<br />

apresentado suposta divergência entre si, visto que <strong>em</strong> Silveirânia o po<strong>de</strong>r do pai na<br />

<strong>de</strong>finição do sucessor foi assumido mais abertamente, <strong>em</strong> 42,9% dos casos. Já <strong>em</strong><br />

Coronel Xavier Chaves, on<strong>de</strong> ele ficou subsumido <strong>de</strong>ntro da família, apenas uma<br />

família (8,3%) assumiu que a escolha seria realizada apenas pelo pai. Contudo, a or<strong>de</strong>m<br />

que impera <strong>de</strong>ntro da família segue o respeito aos <strong>de</strong>sígnios paternos.<br />

Assim, ter-se-ia mais uma confluência do que uma divergência <strong>em</strong> termos dos<br />

parâmetros sucessórios, a qual se mostrou ancorada nos costumes familiares mais que<br />

nas leis, sustentando a escolha relativa “ao filho hom<strong>em</strong> mais velho”, <strong>em</strong> 39,3% das<br />

proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor <strong>em</strong> Silveirânia e 33,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves, para dar continuida<strong>de</strong> à missão <strong>de</strong> manter o patrimônio da família. Quanto aos<br />

que não for<strong>em</strong> se tornar sucessores, os dados apontaram que receberiam “in<strong>de</strong>nizações<br />

reparatórias” <strong>em</strong> 42,86% dos casos <strong>em</strong> Silveirânia e 33,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />

enquanto ao sucessor caberia a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar dos pais.<br />

76


Tabela 39 - AED sucessão, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />

Coronel Xavier Chaves<br />

Variável<br />

77<br />

Silveirânia<br />

Coronel<br />

Xavier<br />

Chaves<br />

Freq % Freq %<br />

A escolha do sucessor será feita apenas pelo pai 12 42,9 1 8,3<br />

A escolha do sucessor será feita pelos pais 5 17,9 3 25,0<br />

A escolha do sucessor será feita por todos os<br />

m<strong>em</strong>bros da família<br />

10 35,7 5 41,7<br />

Sucessor será o filho mais velho 11 39,3 4 33,3<br />

Sucessor será o filho mais novo 4 14,3 1 8,3<br />

Sucessor será o(a) filho(a) que mais gostar da<br />

proprieda<strong>de</strong><br />

6 21,4 3 25,0<br />

Outros (genro, sobrinhos e não <strong>de</strong>finiram ainda) 7 25,0 4 33,3<br />

A transferência ocorrerá quando os pais tiver<strong>em</strong><br />

renda garantida<br />

3 10,7 1 8,3<br />

A transferência ocorrerá quando o sucessor estiver<br />

preparado<br />

8 28,6 1 8,3<br />

A transferência não será realizada enquanto o<br />

proprietário estiver <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> trabalhar<br />

11 39,3 8 66,7<br />

Não <strong>de</strong>finiram ainda 6 21,4 2 16,7<br />

Exist<strong>em</strong> terras para todos os sucessores e, ou,<br />

her<strong>de</strong>iros<br />

11 39,3 4 33,3<br />

Exist<strong>em</strong> terras apenas para o sucessor 15 53,6 8 66,7<br />

Os filhos não sucessores receberão alguma<br />

compensação<br />

12 42,86 4 50,0<br />

Espera que os filhos assumam o compromisso <strong>de</strong><br />

cuidar dos pais durante a velhice<br />

17 60,7 6 50,0<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

As fotos que se segu<strong>em</strong> mostram os pais com os seus possíveis sucessores.<br />

Foto 15 - Pesquisador e família <strong>de</strong> produtores <strong>em</strong> Silveirânia.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.


Foto 16 - Pesquisador, pai e filho produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />

3.3 Apresentação e análise dos dados sobre a percepção dos filhos dos produtores<br />

sobre a sucessão<br />

O reduzido número <strong>de</strong> filhos que residiam com os produtores, aliado ao fato <strong>de</strong><br />

que 5,8% dos entrevistados <strong>em</strong> Silveirânia e 19,8% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves<br />

consi<strong>de</strong>ravam que os filhos eram jovens <strong>de</strong>mais para possuír<strong>em</strong> opinião formada sobre<br />

o t<strong>em</strong>a da sucessão, resultou na realização <strong>de</strong> apenas 21 entrevistas com filhos <strong>de</strong><br />

produtores: 7 <strong>em</strong> Silveirânia e 14 <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves. Cabe ressaltar também<br />

que, durante a pesquisa, muitos filhos encontravam-se ausentes, por estar<strong>em</strong> na escola<br />

ou pelo fato <strong>de</strong> não residir<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> foi realizada a entrevista. Para<br />

análise sobre a percepção dos filhos sobre a sucessão, foi utilizada a Análise<br />

Exploratória <strong>de</strong> Dados (AED) com as opiniões separadas por município e a aplicação do<br />

teste do qui-quadrado, consi<strong>de</strong>rando-se os dados dos dois municípios juntos.<br />

Ao analisar os dados da Tabela 40, as maiores ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> filhos que moravam com<br />

os pais e, ainda, não assumiram a proprieda<strong>de</strong>, encontraram-se filhos com 42 e 47 anos<br />

vivendo com os pais, indicando que se trata <strong>de</strong> um processo sucessório, marcado pela<br />

gradual transferência <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s do patriarca ao filho sucessor, que<br />

geralmente vai assumir a proprieda<strong>de</strong> entre os 50 e 60 anos.<br />

78


Tabela 40 - AED ida<strong>de</strong> dos filhos dos produtores entrevistados nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />

Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Município Variável Média Mediana Mín Máx<br />

Silveirânia Ida<strong>de</strong> 25 22 14 42<br />

Coronel<br />

Xavier Chaves<br />

Ida<strong>de</strong> 19 15 10 47<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Conforme <strong>de</strong>monstrado no Gráfico 1, os dados revelaram forte viés masculino<br />

<strong>em</strong> relação aos filhos que ainda permaneciam no campo: 75% das mulheres<br />

respon<strong>de</strong>ram que não gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong> dos pais; ao passo que 88,2%<br />

dos homens respon<strong>de</strong>ram que gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong>. No entanto, ao<br />

analisar a percepção dos filhos <strong>em</strong> relação a qu<strong>em</strong> será o sucessor, percebeu-se quanto<br />

este não é um t<strong>em</strong>a que revela que a <strong>de</strong>finição seja efetivada <strong>de</strong> forma clara, reforçando<br />

o peso sutil da “gradualida<strong>de</strong>” na <strong>de</strong>finição do sucessor.<br />

Gráfico 1 - Sexo dos filhos presentes nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />

leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Ao analisar o Gráfico 2 sobre a percepção dos filhos <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> irá assumir a<br />

proprieda<strong>de</strong>, assim como encontrado na análise dos gestores, a preferência sobre os<br />

filhos recai sobre os mais velhos, 29% <strong>em</strong> Silveirânia e 14% <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves. Em ambos os municípios, 29% dos filhos consi<strong>de</strong>raram que irá ficar o filho(a)<br />

que mais gostar da proprieda<strong>de</strong>. Em Coronel Xavier Chaves, 50% dos filhos<br />

entrevistados acreditavam que o sucessor ainda não teria sido <strong>de</strong>finido.<br />

79


Gráfico 2 - Percepção do(s) filho(s) sobre qu<strong>em</strong> irá assumir a proprieda<strong>de</strong><br />

nos municípios pesquisados.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Um dos aspectos da gradualida<strong>de</strong> presentes no processo sucessório se estabelece<br />

<strong>em</strong> termos do envolvimento dos filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, como po<strong>de</strong> ser observado<br />

no Gráfico 3. A participação po<strong>de</strong> ser tomada como uma forma <strong>de</strong> socialização <strong>em</strong><br />

relação às questões cotidianas da proprieda<strong>de</strong>. Ao longo dos anos e das décadas, o filho<br />

sucessor que permanecerá na proprieda<strong>de</strong> passará gradualmente a assumir maiores<br />

responsabilida<strong>de</strong>s até que estas se torn<strong>em</strong> plenas. Geralmente, o filho sucessor ao<br />

assumir a proprieda<strong>de</strong> já estará casado e com filhos adolescentes. Observou-se que nos<br />

dois municípios pesquisados as <strong>de</strong>cisões tomadas no estabelecimento envolviam toda a<br />

família que residia no estabelecimento, com 57% <strong>em</strong> Silveirânia e 36% <strong>em</strong> Coronel<br />

Xavier Chaves.<br />

Gráfico 3 - Percepção dos filhos sobre como as <strong>de</strong>cisões são tomadas no estabelecimento<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

80


Já no que diz respeito à forma como os filhos que afirmaram que gostariam <strong>de</strong><br />

assumir a proprieda<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ram que pretendiam se preparar para assumir a<br />

proprieda<strong>de</strong> as respostas divergiram nos dois municípios, conforme <strong>de</strong>monstrado no<br />

Gráfico 4. Entre os filhos dos produtores <strong>de</strong> Silveirânia, menos tecnificados e<br />

capitalizados, a percepção para 67% era <strong>de</strong> que os conhecimentos adquiridos com os<br />

pais e, ou, a prática da ativida<strong>de</strong> seria suficiente para que eles pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> assumir a<br />

proprieda<strong>de</strong>. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves os filhos pretendiam capacitar-se: 40% <strong>em</strong><br />

cursos superiores e 20% <strong>em</strong> cursos técnicos.<br />

Gráfico 4 - Pretensão <strong>de</strong> capacitação pelos filhos dos produtores nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Essa intenção referente à forma como os filhos manifestaram que pretendiam se<br />

preparar para assumir a proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser compl<strong>em</strong>entada pelos dados relativos aos<br />

filhos que trabalhavam na proprieda<strong>de</strong>, os quais estão expressos no Gráfico 5.<br />

Observa-se que o percentual <strong>de</strong> filhos que trabalhavam no campo é maior <strong>em</strong><br />

Silveirânia, com 86%, contra 50% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, on<strong>de</strong> as proprieda<strong>de</strong>s<br />

apresentavam nível inferior <strong>de</strong> tecnologia e capitalização. Daí, po<strong>de</strong>r-se-ia consi<strong>de</strong>rar a<br />

hipótese <strong>de</strong> que a sucessão, <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> municípios que apresentavam<br />

características socioeconômicas s<strong>em</strong>elhantes, não estaria relacionada à viabilida<strong>de</strong><br />

econômica <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>em</strong> específico, mas antes sustentada <strong>em</strong> um modo <strong>de</strong> vida<br />

rural, que se sustentaria através dos baixos gastos <strong>de</strong> investimento na proprieda<strong>de</strong>.<br />

81


Gráfico 5 - Local <strong>de</strong> residência e trabalho dos filhos dos produtores nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

O Gráfico 6 apresenta a perspectiva dos jovens <strong>em</strong> relação ao trabalho e moradia<br />

no campo. Em Silveirânia, constatou-se que a gran<strong>de</strong> maioria dos jovens (71%)<br />

consi<strong>de</strong>rou o campo como bom local para residir e trabalhar futuramente; ao contrário<br />

<strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, on<strong>de</strong> a pretensão <strong>de</strong> morar no campo não chegou a 30%, e a<br />

<strong>de</strong> nele trabalhar foi <strong>de</strong> 42%. Isso reforçou os dados que apontaram para o fato <strong>de</strong> que o<br />

maior nível tecnológico da proprieda<strong>de</strong> não constitui fator <strong>de</strong>cisivo para a efetivação do<br />

processo sucessório entre os produtores pesquisados.<br />

Gráfico 6 - Local on<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>m residir e trabalhar os filhos dos produtores<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

82


O Gráfico 7 reforça ainda mais a constatação apresentada no parágrafo anterior.<br />

Apenas 43% dos filhos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> Silveirânia e 36% dos <strong>de</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves afirmaram que continuariam trabalhando com a pecuária <strong>de</strong> leiteira <strong>de</strong> forma<br />

exclusiva. Chama atenção ainda o fato <strong>de</strong> que as proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves<br />

são mais tecnificadas que as <strong>de</strong> Silveirânia, o que reforça a constatação <strong>de</strong> que a<br />

tecnologia não seria fator <strong>de</strong>terminante para a sucessão.<br />

Gráfico 7 - Pretensão profissional dos filhos dos agricultores nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />

P.L. - Pecuária leiteira.<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

3.3.1 Fatores causais sobre o processo sucessório<br />

Os dados a seguir apresentarão os resultados do teste do qui-quadrado que<br />

procurou analisar as variáveis que teriam influência sobre o processo sucessório na<br />

percepção dos filhos. Um dos princípios para que seja realizado o teste do qui-quadrado<br />

é que no máximo 25% das respostas possuam valor < 5. Assim, apenas <strong>em</strong> duas<br />

situações foi possível realizar o teste, s<strong>em</strong>pre consi<strong>de</strong>rando os dados dos filhos<br />

pesquisados, dos dois municípios <strong>em</strong> conjunto.<br />

Nas tabelas 41 e 42 foi analisa a relação entre a opção do filho <strong>em</strong> tornar-se<br />

sucessor e se o mesmo estudava a época da pesquisa. Analisando a tabela 41, observou-<br />

se que 56,25% dos filhos que pretendiam assumir o lugar dos pais na proprieda<strong>de</strong> não<br />

estudavam e que 76,19% dos filhos entrevistados, gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong>,<br />

83


caso pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> escolher, reforçando assim os estudos <strong>de</strong> Stropasolas (2010) e Silvestro<br />

et al (2001), os quais indicam existir uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> politicas públicas voltadas para a<br />

capacitação dos jovens no campo.<br />

Tabela 41 - Teste qui-quadrado ser sucessor e estudar 1 para os filhos dos produtores rurais nos<br />

Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Estuda? Total<br />

Não Sim<br />

Caso pu<strong>de</strong>sse escolher, gostaria <strong>de</strong> Não 0 5 5<br />

assumir a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pai? Sim 9 7 16<br />

Total 9 12 21<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Na tabela 42, o teste do qui-quadrado, com sigma igual a 0,045, indicou haver<br />

associação entre o filho não estudar e almejar ser o sucessor na proprieda<strong>de</strong>. Assim, <strong>de</strong><br />

acordo com a tabela 41, 100,0% dos filhos que não estudavam, gostariam <strong>de</strong> ser o<br />

sucessor na proprieda<strong>de</strong>, caso pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> escolher, frente a 58,33% dos filhos que<br />

estudavam a época da pesquisa.<br />

Tabela 42 - Teste qui-quadrado ser sucessor e estudar 2 para os filhos dos produtores rurais nos<br />

Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Valor df Sig. Assint. (2<br />

84<br />

lados)<br />

Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 4,922 a 1 0,027<br />

Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 2,893 1 0,089<br />

Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 6,752 1 0,009<br />

Fisher's Exact Test<br />

Associação Linear por<br />

Linear<br />

N <strong>de</strong> Casos Válidos 21<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

4,687 1 0,030<br />

Sig exata<br />

(2 lados)<br />

Sig exata<br />

(1 lado)<br />

0,045 0,039<br />

Nas tabelas 43 e 44 foi analisada a relação entre a opção do filho <strong>em</strong> tornar-se<br />

sucessor e se o mesmo realizava algum investimento na proprieda<strong>de</strong> a época da<br />

pesquisa. Analisando a tabela 43, observou-se que 68,75% dos filhos que pretendiam


assumir o lugar dos pais na proprieda<strong>de</strong> já realizavam algum investimento na<br />

proprieda<strong>de</strong> e que 100,0% dos filhos entrevistados, que não realizavam nenhum<br />

investimento na proprieda<strong>de</strong>, não gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong>, caso pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong><br />

escolher.<br />

Tabela 43 - Teste qui-quadrado realizar investimento e ser sucessor 1 para os filhos dos produtores rurais<br />

nos Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Caso pu<strong>de</strong>sse escolher,<br />

gostaria <strong>de</strong> assumir a<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pai?<br />

Investe na<br />

proprieda<strong>de</strong><br />

85<br />

Investimento Total<br />

Não investe na<br />

proprieda<strong>de</strong><br />

Não 0 5 5<br />

Sim 11 5 16<br />

Total 11 10 21<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

Na tabela 44, o teste do qui-quadrado, com sigma igual a 0,012, indicou haver<br />

associação entre o filho realizar algum investimento na proprieda<strong>de</strong> e almejar ser o<br />

sucessor, ressaltando a importância do contado do jov<strong>em</strong> com a ativida<strong>de</strong> para que o<br />

mesmo tenha a ativida<strong>de</strong> leiteira como perspectiva futura.<br />

Tabela 44 - Teste qui-quadrado realizar investimento e ser sucessor 2 para os filhos dos produtores rurais<br />

nos Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />

Valor df Sig. Assint. (2<br />

lados)<br />

Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 7,219 a 1 0,007<br />

Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 4,726 1 0,030<br />

Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 9,190 1 0,002<br />

Fisher's Exact Test<br />

Associação Linear por<br />

Linear<br />

N <strong>de</strong> Casos Válidos 21<br />

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />

6,875 1 0,009<br />

Sig exata<br />

(2 lados)<br />

Sig exata<br />

(1 lado)<br />

0,012 0,012


CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O objetivo geral <strong>de</strong>ste estudo foi compreen<strong>de</strong>r quais os fatores que<br />

influenciavam o processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite,<br />

contrapondo fatores relacionados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> com fatores relacionados à tradição<br />

nos Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves. A pesquisa foi realizada<br />

procurando analisar a veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cinco hipóteses: 1ª) o nível tecnológico presente <strong>em</strong><br />

uma unida<strong>de</strong> produtiva constitui fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />

unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite; 2ª) o tamanho da proprieda<strong>de</strong> constitui fator interveniente<br />

na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite; 3ª) o acesso ao<br />

crédito interfere no processo sucessório dos produtores <strong>de</strong> leite; 4ª) a proximida<strong>de</strong> com<br />

a cida<strong>de</strong> interfere na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite;<br />

e 5ª) a escolarida<strong>de</strong> do produtor interfere no processo sucessório.<br />

Tratando-se do processo sucessório, foi constatada nos dois municípios a<br />

tendência <strong>de</strong> a sucessão ocorrer após os cinquenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> do sucessor, com os<br />

pais transmitindo ao filho cinquentão a administração da proprieda<strong>de</strong>, apenas quando<br />

julgavam não ter mais condição <strong>de</strong> trabalhar. Quanto à primeira hipótese <strong>de</strong> que o nível<br />

tecnológico presente <strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong> produtiva se constituiria <strong>em</strong> um fator<br />

interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite, ela foi negada. O<br />

nível <strong>de</strong> tecnificação não se mostrou como fator prepon<strong>de</strong>rante para que existisse a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas.<br />

Ao analisar o nível tecnológico das proprieda<strong>de</strong>s que já possuíam sucessor<br />

<strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia, notou-se que os produtores utilizavam o sist<strong>em</strong>a tradicional<br />

para a manutenção da ativida<strong>de</strong>, indo na contramão do que suger<strong>em</strong> os especialistas<br />

para aumentar a produtivida<strong>de</strong> e a lucrativida<strong>de</strong> na pecuária leiteira. Tal fato <strong>de</strong>monstra<br />

que a manutenção da proprieda<strong>de</strong> não está associada a uma função produtiva e lucrativa<br />

para este tipo <strong>de</strong> produtor. Nesse sentido, é importante agregar a esse dado referente à<br />

tecnologia, o dado referente à receita bruta média das proprieda<strong>de</strong>s com sucessor<br />

<strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia, que ficou <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> R$3.142,80. Se se consi<strong>de</strong>rar que os<br />

pequenos agricultores produz<strong>em</strong> parte dos alimentos que consom<strong>em</strong> e utilizam os pastos<br />

86


para a alimentação do gado, seria razoável <strong>de</strong>duzir que a manutenção da proprieda<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>ria ser viável e racional, ainda que a renda do leite isoladamente não <strong>de</strong>sse lucro.<br />

No tocante à segunda hipótese, referente ao fato <strong>de</strong> o tamanho da proprieda<strong>de</strong><br />

se constituir <strong>em</strong> um fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite, a influência foi confirmada. O teste <strong>de</strong> regressão para as<br />

proprieda<strong>de</strong>s com sucessor <strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia consi<strong>de</strong>rou a variável área como<br />

significativa, indicando que o aumento da área aumentaria a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir<br />

pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>. Mesmo com tamanho médio inferior as<br />

mesorregiões a que pertenc<strong>em</strong> os produtores, nos dois municípios pesquisados,<br />

consi<strong>de</strong>raram suas terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e o tamanho a<strong>de</strong>quado. Assim, a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> terras se mostrou um fator favorável à existência <strong>de</strong> sucessor, mas não se converteu<br />

<strong>em</strong> um fator <strong>de</strong> aumento da produtivida<strong>de</strong>.<br />

Quanto à terceira hipótese, referente ao crédito interferir no processo<br />

sucessório, constatou-se que este era utilizado, <strong>em</strong> sua maioria, para o custeio das<br />

ativida<strong>de</strong>s (compra <strong>de</strong> insumos), indicando que os produtores não estavam conseguindo<br />

manter as suas ativida<strong>de</strong>s apenas com a receita gerada pela produção, sendo, inclusive,<br />

consi<strong>de</strong>rável a participação da aposentadoria para a manutenção da proprieda<strong>de</strong>. O<br />

acesso ao crédito isolado mostrou não gerar eficiência na ativida<strong>de</strong> produtiva, tendo as<br />

associações maior influência nesse quesito.<br />

Quanto à quarta hipótese esta foi confirmada. De acordo com a análise <strong>de</strong><br />

regressão, o fato <strong>de</strong> o produtor residir na cida<strong>de</strong> influencia fort<strong>em</strong>ente na <strong>de</strong>finição do<br />

sucessor, tanto positivamente, como ficou mostrado <strong>em</strong> relação à Silveirânia, quanto<br />

negativamente, como <strong>em</strong> relação a Coronel Xavier Chaves, o que mostra que essa<br />

variável não po<strong>de</strong> ser interpretada <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scontextualizada. Em Silveirânia, a<br />

proximida<strong>de</strong> entre a “rua” e a “roça” era consi<strong>de</strong>rada pequena. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />

Chaves a mesma situação se dava. Contudo, a proximida<strong>de</strong> com uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> porte<br />

médio, como São João Del Rei, que possui uma Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral, comércio e<br />

indústria <strong>de</strong>senvolvidos, constituía-se <strong>em</strong> um chamariz para os possíveis sucessores.<br />

Assim, <strong>em</strong> ambos os casos ficou evi<strong>de</strong>nte que a distância da cida<strong>de</strong> se constituía, sim,<br />

<strong>em</strong> fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor. Contudo, a distância po<strong>de</strong>ria influenciar<br />

positiva ou negativamente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da localização do município <strong>em</strong> questão face a<br />

outros. Quando a unida<strong>de</strong> produtiva está circunscrita no âmbito do contexto <strong>de</strong> uma<br />

87


cida<strong>de</strong> rural, cuja base da economia é agrícola e as formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> são<br />

perpassadas por uma cultura “ruralizada”, a distância não constitui fator negativo. Já no<br />

caso da unida<strong>de</strong> produtiva, ela está circunscrita ao âmbito <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> um centro<br />

urbano, com opções <strong>de</strong> estudo e <strong>de</strong> trabalho, a distância entre a unida<strong>de</strong> produtiva e o<br />

centro urbano constitui fator <strong>de</strong> influência negativo para a presença <strong>de</strong> sucessor, <strong>em</strong><br />

razão da força do mercado <strong>de</strong> trabalho e das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudo e lazer existentes<br />

no centro urbano.<br />

Por fim, no que se refere à quinta hipótese, a escolarida<strong>de</strong> mostrou-se como<br />

fator interveniente no processo sucessório, constatando-se que a baixa escolarida<strong>de</strong><br />

favorecia que os pequenos agricultores continuass<strong>em</strong> no campo. Entretanto, o maior<br />

nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> mostrou-se diretamente associado com o nível <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

leite dos produtores. Nos dois municípios pesquisados, apesar <strong>de</strong> os gestores<br />

entrevistados ter<strong>em</strong> indicado pelo menos o ensino médio como o mínimo necessário<br />

para que os futuros sucessores exercess<strong>em</strong> a ativida<strong>de</strong> leiteira, os atuais gestores<br />

apresentaram como média <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> o ensino básico e, apesar <strong>de</strong> realizar<strong>em</strong><br />

cursos <strong>de</strong> capacitação, observou-se existir uma carência <strong>de</strong> procedimentos gerenciais<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s pesquisadas. O teste do qui-quadrado realizado com a opinião dos<br />

filhos dos produtores, confirmou haver associação entre os filhos que não estudavam e<br />

que gostariam <strong>de</strong> assumir o lugar dos pais na proprieda<strong>de</strong>.<br />

Confirmam-se, assim, nesta pesquisa, as hipóteses <strong>de</strong> que o tamanho da<br />

proprieda<strong>de</strong>, o acesso ao crédito, a proximida<strong>de</strong> do estabelecimento com o centro<br />

urbano e o nível <strong>de</strong> escolarização se constituíam <strong>em</strong> fatores intervenientes no processo<br />

sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> leite. A ida<strong>de</strong> do produtor e a participação dos<br />

filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão também se constituíram <strong>em</strong> variáveis intervenientes no<br />

processo sucessório. Entretanto, negou-se a hipótese <strong>de</strong> que o nível tecnológico presente<br />

<strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong> produtiva constituiria fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />

unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite. No entanto, tal fato aponta para a perda do potencial<br />

produtivo da proprieda<strong>de</strong>, a qual permaneceria tendo função patrimonial e <strong>de</strong> economia<br />

<strong>de</strong> autossustentação, não <strong>de</strong>senvolvendo o seu potencial tecnológico voltado para a<br />

economia <strong>de</strong> mercado.<br />

Voltando ao objetivo geral <strong>de</strong>sta pesquisa, po<strong>de</strong>r-se-ia, então, concluir que a<br />

influência dos valores relativos à tradição e à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sobre a conduta e as práticas<br />

88


dos produtores rurais são muito influenciados pelo tipo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a unida<strong>de</strong><br />

produtiva está inserida. Em Silveirânia, percebeu-se mais a força dos valores e práticas<br />

tradicionais sobre o processo sucessório, on<strong>de</strong> a sucessão não estaria relacionada<br />

exclusivamente à viabilida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>em</strong> específico, mas, também,<br />

sustentada <strong>em</strong> um modo <strong>de</strong> vida rural, que se sustentaria através dos baixos gastos <strong>de</strong><br />

investimento na proprieda<strong>de</strong>, enquanto <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves a influência dos<br />

valores e práticas advindos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> se mostrou também presente. Por traz <strong>de</strong>ssa<br />

constatação, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar a influência <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> rural e <strong>de</strong> um centro urbano.<br />

Em termos <strong>de</strong> políticas públicas voltadas para as unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite,<br />

po<strong>de</strong>r-se-ia, então, recomendar políticas que permitiss<strong>em</strong> aos pequenos produtores <strong>de</strong><br />

leite mo<strong>de</strong>rnizar<strong>em</strong> o seu processo produtivo, visando ao aumento da eficiência, à<br />

redução do esforço físico e à a<strong>de</strong>quação às normas sanitárias exigidas para a produção<br />

do leite, o que po<strong>de</strong>ria ser realizado com a utilização <strong>de</strong> tecnologia, mas, também, com<br />

práticas <strong>de</strong> manejo e gestão dos estabelecimentos mais eficientes, assim como através<br />

<strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> incentivo a programas <strong>de</strong> pagamento por qualida<strong>de</strong>, educação e<br />

capacitação para os produtores rurais, visando a<strong>de</strong>quar a administração da proprieda<strong>de</strong><br />

às exigências do mercado. As proprieda<strong>de</strong>s que mostraram maior percentual <strong>de</strong><br />

sucessores foram aquelas com maior nível <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>. Assim, <strong>em</strong>bora as<br />

proprieda<strong>de</strong>s pouco produtivas continu<strong>em</strong> tendo sucessores, estes se apresentam <strong>em</strong><br />

porcentag<strong>em</strong> inferior.<br />

Em termos <strong>de</strong> práticas extensionistas, acredita-se ser importante perceber a<br />

influência do tipo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada região sobre o processo sucessório.<br />

Morar na cida<strong>de</strong> e conduzir a proprieda<strong>de</strong> não foi um fator que tivesse se mostrado<br />

inviável entre os produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> um pequeno município s<strong>em</strong> a influência <strong>de</strong> um<br />

centro urbano maior por perto. Nestes tipos <strong>de</strong> municípios, que se constitu<strong>em</strong> a gran<strong>de</strong><br />

maioria dos encontrados <strong>em</strong> Minas Gerais e no Brasil, a pluriativida<strong>de</strong> se mostra<br />

compatível com a ativida<strong>de</strong> leiteira. Contudo, a baixa produtivida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> precisa<br />

ser um fator observado como po<strong>de</strong>ndo incidir sobre a redução do percentual <strong>de</strong><br />

produtores nos estratos menos produtivos. Portanto, suprir as carências dos produtores<br />

<strong>de</strong> leite, com a introdução <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> melhor manejo do rebanho e potencializadoras<br />

dos recursos obtidos através <strong>de</strong> créditos financeiros, <strong>em</strong> especial o PRONAF, po<strong>de</strong>riam<br />

aumentar a renda na proprieda<strong>de</strong> e estimular que os produtores <strong>de</strong> leite continu<strong>em</strong> na<br />

ativida<strong>de</strong>.<br />

89


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APÊNDICE<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS<br />

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL<br />

PROJETO: TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO PROCESSO SUCESSÓRIO ENTRE<br />

PRODUTORES DE LEITE EM DOIS MUNICÍPIOS RURAIS DE MINAS GERAIS<br />

PERFIL DO PRODUTOR<br />

1 – Dados do proprietário:<br />

Nome:______________________________________________________________________________<br />

Ida<strong>de</strong>:__________ Sexo: ( )M ( )F Religião:___________________________________<br />

Profissão:_________________________ Estado Civil:______________________________<br />

Renda mensal da proprieda<strong>de</strong>:____________ Renda oriunda da ativida<strong>de</strong> leiteira:____________<br />

2) Procedência: ( ) natural do município ( ) <strong>de</strong> outro município ( ) <strong>de</strong> outro estado ( ) <strong>de</strong> outro país<br />

3) Caso não seja natural do município, há quanto t<strong>em</strong>po resi<strong>de</strong> no município? ________<br />

4) Quantos filhos t<strong>em</strong>: _______5) Quantos estão residindo na proprieda<strong>de</strong>?__________<br />

6) Composição da familiar<br />

Parentesco Ida<strong>de</strong> Escolarida<strong>de</strong> Ocupação Renda<br />

07) Os componentes informados viv<strong>em</strong>: ( ) Na cida<strong>de</strong> ( ) No estabelecimento agropecuário<br />

NÍVEL TECNOLÓGICO<br />

01 - Possui energia elétrica no estabelecimento? ( ) Sim ( ) Não<br />

02 - Utiliza alguma máquina para redução do trabalho manual?<br />

( ) Sim ( ) Não (Pular para número 05) Se sim,<br />

qual(s)?____________________________________<br />

03 - Essa máquina foi adquirida com: ( ) Recurso próprio ( ) Financiamento<br />

96


04 - Por que utiliza? ( ) Redução <strong>de</strong> custos ( ) Falta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra ( ) Outros ___________<br />

05 - Qual o sist<strong>em</strong>a utilizado para a criação do gado?<br />

( ) Sist<strong>em</strong>a intensivo ( ) Sist<strong>em</strong>a s<strong>em</strong>i-intensivo ( ) Pasto<br />

06 - Como é realizada a or<strong>de</strong>nha?<br />

( ) Mecânica com bal<strong>de</strong> ao pé ( ) Mecânica canalizada ( ) Manual<br />

07 - Quantas vezes por dia?<br />

( ) Uma ( ) Duas ( ) Duas a maior parte do ano e três esporadicamente<br />

08 - Local da or<strong>de</strong>nha:<br />

( ) Curral ( ) Estábulo, s<strong>em</strong> piso <strong>de</strong> concreto ( ) Com piso <strong>de</strong> concreto ( ) Sala <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha<br />

09 - Como é realizada a reprodução dos animais? ( ) Monta natural ( ) Ins<strong>em</strong>inação ( ) Ambos<br />

10 - Mant<strong>em</strong> as vacinas dos animais <strong>em</strong> dia?<br />

( ) Sim ( ) Não Se não, por quê?___________________________________________<br />

11 - Utiliza algum sist<strong>em</strong>a integrado <strong>de</strong> produção?<br />

( ) Sim ( ) Não Se sim, qual(s)?_________________________________________<br />

12 - Qual a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vacas (<strong>em</strong> lactação) possui? _________<br />

13 - Qual a produção média diária? _______ litros<br />

14 - Na sua opinião, qual o principal probl<strong>em</strong>a enfrentado na produção <strong>de</strong> leite?<br />

( ) Mão <strong>de</strong> obra ( ) Acesso a inovação ( ) Acesso ao crédito<br />

( ) Tamanho da proprieda<strong>de</strong> ( ) Qualida<strong>de</strong> do solo ( ) Qualida<strong>de</strong> dos animais<br />

15 - A associação contribui na ativida<strong>de</strong> leiteira? ( ) Sim ( ) Não<br />

16 - Se sim, como?<br />

( ) Redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> insumos ( ) Ganho <strong>de</strong> escala e facilida<strong>de</strong> para venda<br />

( ) Ambos<br />

17 - Utiliza o tanque para resfriamento do leite?<br />

( ) Próprio ( ) Coletivo(Associação) ( ) Coletivo (produtores) ( ) Não utiliza<br />

18 - Caso utilize, qual a capacida<strong>de</strong> do tanque? _______ litros<br />

29 - No caso <strong>de</strong> utilizar o tanque coletivo:<br />

O tanque coletivo melhorou a relação entre os produtores? ( ) Sim ( ) Não<br />

Reduziu o custo no processo produtivo? ( ) Sim ( ) Não<br />

Melhorou a qualida<strong>de</strong> do leite produzido? ( ) Sim ( ) Não<br />

Fortaleceu o preço <strong>de</strong> venda com ganhos <strong>em</strong> escala ? ( ) Sim ( ) Não<br />

20 - O Sr. conhece e utiliza as orientações da I.N 51 para a produção do leite?<br />

( ) Conheço e utilizo ( ) Conheço e não utilizo<br />

( ) Conheço e utilizo parcialmente ( ) Não conheço<br />

21 - Durante este t<strong>em</strong>po que o(a) senhor(a) produz leite as exigências para entrega:<br />

( ) Permaneceram as mesmas ( ) Se alteraram<br />

97


22 - Caso as exigências para a produção do leite tenham se alterado, elas trouxeram algum impacto para<br />

os produtores?<br />

( ) Sim ( ) Não Se sim, quais?_________________________________________<br />

ESTRUTURA FUNDIÁRIA<br />

01 - Qual a área total da proprieda<strong>de</strong>? _______ hectares<br />

02 - Qual a área aproximada utilizada para a produção <strong>de</strong> leite? ________ hectares<br />

03 - Produz outros itens no estabelecimento?<br />

( ) Sim ( ) Não Se sim, qual a área utilizada para os outros itens? _____ há<br />

04 - O leite é o principal produto do estabelecimento?<br />

( ) Sim ( ) Não Se não, qual o principal produto? ___________________<br />

05 - Possui criação <strong>de</strong> gado para corte? ( ) Sim ( ) Não<br />

06 - Qual a condição das terras?<br />

( ) Própria ( ) Arrendamento ( ) Própria e Arrendada ( ) Não legalizada<br />

07 - Há quanto t<strong>em</strong>po possui as terras nessa condição? ______<br />

08 - Como obteve as terras - área própria?<br />

( ) Através <strong>de</strong> herança ( ) Compra <strong>de</strong> parentes ( ) Compra <strong>de</strong> terceiros<br />

( ) Por atribuição (colonização, etc.) ( ) Doação ( ) Outra<br />

09 - Caso tenha obtido as terras através <strong>de</strong> herança:<br />

Foi o único her<strong>de</strong>iro? ( ) Sim ( ) Não<br />

Os <strong>de</strong>mais her<strong>de</strong>iros continuam na proprieda<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />

Caso não continu<strong>em</strong>, o que fizeram com as terras que herdaram? ___________________________<br />

10 - As terras são utilizadas como forma principal:<br />

( ) Para o consumo próprio ( ) Produção para revenda ( ) Outra<br />

11 - Consi<strong>de</strong>ra a<strong>de</strong>quado o tamanho da proprieda<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />

12 - Consi<strong>de</strong>ra as terras utilizadas <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />

13 - Utiliza algum insumo para melhorar a qualida<strong>de</strong> do solo?<br />

( ) Sim ( ) Não Se sim, qual(s)?___________________________________________<br />

14 - Consi<strong>de</strong>ra fácil o acesso a produtos e serviços na cida<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />

15 – Atualmente o Sr.: ( ) Resi<strong>de</strong> no estabelecimento agropecuário ( ) Resi<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> ( ) Outro<br />

16 - Como é a rotinha <strong>de</strong> trabalho na ativida<strong>de</strong> leiteira?<br />

( ) Trabalho pesado e s<strong>em</strong> folga ( ) Trabalho fácil e que não <strong>de</strong>manda muito t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação<br />

( ) Trabalho prazeroso<br />

17 - Qu<strong>em</strong> realiza estas ativida<strong>de</strong>s?<br />

( ) O proprietário ( ) Proprietário e seus familiares ( ) Empregado(s)<br />

Quantos?_________<br />

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CRÉDITO<br />

01 - Já utilizou algum tipo <strong>de</strong> financiamento para investimentos na proprieda<strong>de</strong>?<br />

( ) Sim ( ) Não ( ) Não, mas pretendo utilizar.<br />

02 - Ainda utiliza? ( ) Sim ( ) Não 03 – Há quanto t<strong>em</strong>po?________ anos<br />

04 - Qual o valor financiado? R$___________________<br />

05 - Qual a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento?<br />

( ) PRONAF ( ) Linha especial para produtor rural ( ) Outro mo<strong>de</strong>lo<br />

06 - Qual a finalida<strong>de</strong> do financiamento?<br />

( ) Compra <strong>de</strong> equipamentos ( ) Aquisição <strong>de</strong> terras ( ) Compra <strong>de</strong> animais ( ) Outros<br />

07 - Consi<strong>de</strong>ra que o financiamento gerou efeitos positivos? ( ) Sim ( ) Não<br />

08 - Consi<strong>de</strong>ra burocrático e oneroso realizar um financiamento?<br />

( ) Burocrático ( ) Oneroso ( ) Burocrático e oneroso ( ) Nenhum<br />

09 - Acha necessário novas linhas <strong>de</strong> crédito para o produtor rural? ( ) Sim ( ) Não<br />

CAPACITAÇÃO<br />

01 - Consi<strong>de</strong>ra importante a educação para a produção <strong>de</strong> leite? ( ) Sim ( ) Não<br />

02 – Já participou <strong>de</strong> algum curso para capacitação?<br />

( ) Sim ( ) Não Se sim, qual(s)?___________________________________________<br />

03 - Utilizou os conhecimentos adquiridos na proprieda<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />

04 - O(s) filho(s) participam das <strong>de</strong>cisões sobre a administração do estabelecimento?<br />

( ) Sim ( ) Não<br />

05 - Utiliza os conhecimentos herdados <strong>de</strong> seu pai/mãe na ativida<strong>de</strong> leiteira? ( ) Sim ( ) Não<br />

06 - Se sim, consi<strong>de</strong>ra que os conhecimentos herdados <strong>de</strong> seu pai/ mãe se modificaram?<br />

( ) Sim ( ) Não Se sim, por quê?___________________________________________<br />

07 - Possui computador? ( ) Sim ( ) Não 08 – Sabe utilizá-lo? ( ) Sim ( ) Não<br />

09 - Realiza registros referentes a:<br />

( ) Custos ( ) Produção ( ) Lucro ( ) Dívidas ( ) Outros _____________<br />

( ) Não realiza registros<br />

10 - Como realiza os registros: ( ) Manual ( ) Planilhas eletrônicas ( ) Mentalmente<br />

11 - Consi<strong>de</strong>ra a receita obtida com a produção <strong>de</strong> leite suficiente para cobrir os custos?<br />

( ) Sim ( ) Não ( ) Iguala os custos<br />

12 - Qual a escolarida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al para se tornar um produtor <strong>de</strong> leite?<br />

( ) Ensino básico ( ) Ensino médio ( ) Ensino técnico ( ) Superior<br />

( ) Nenhuma<br />

13 - Qual a escolarida<strong>de</strong> do senhor:<br />

( ) Ensino básico ( ) Ensino médio ( ) Ensino técnico ( ) Superior<br />

( ) Nenhuma ( ) Outra _________________<br />

99


SUCESSÃO<br />

01 - Consi<strong>de</strong>rando sua experiência na pecuária leiteria o Sr.:<br />

( ) Estimula todos os filhos a ser<strong>em</strong> produtores <strong>de</strong> leite ( ) Estimula um só filho a ser produtor<br />

( ) Não influência na <strong>de</strong>cisão dos filhos ( ) Estimula os filhos a <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> o campo<br />

( ) Estimula todos os filhos a trabalhar<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, mesmo que não seja na pecuária leiteira<br />

( ) Outro<br />

02 - Qu<strong>em</strong> o Sr. acredita que ficará na proprieda<strong>de</strong>?<br />

( ) Já foi <strong>de</strong>finido ( ) Não sabe qu<strong>em</strong> ficará, mas um ficará<br />

( ) Não sabe se alguém ficará na proprieda<strong>de</strong> ( ) Ninguém <strong>de</strong>monstra interesse <strong>em</strong> ficar<br />

( ) A proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser vendida ( ) Os filhos são muito jovens para fazer a escolha<br />

( )Outra____________________________________<br />

03 - Como será feita a escolha do sucessor?<br />

( ) Apenas pelo pai ( ) Pelos pais ( ) Apenas pelos homens<br />

( ) Todos os m<strong>em</strong>bros da família participarão ( ) Não <strong>de</strong>finiu ainda<br />

( ) Outra ___________________________<br />

04 - Qu<strong>em</strong> o Sr. acredita ser o(a) sucessor(a)?<br />

( ) O filho(a) mais velho ( ) O filho(a) mais novo<br />

( ) O filho(a) mais estudado ( ) O filho(a) menos estudado<br />

( ) O filho(a) que mais gostar da proprieda<strong>de</strong> ( ) O filho(a) que t<strong>em</strong> mais afinida<strong>de</strong> com o pai<br />

( ) Não possui critério <strong>de</strong>finido ( ) Outra _________________________________<br />

05 - As mulheres possu<strong>em</strong> as mesmas chances que os homens <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> escolhidas como sucessoras?<br />

( ) Sim ( ) Não ( ) Não se aplica<br />

06 - Em qual momento acontecerá a transferência do controle da proprieda<strong>de</strong>?<br />

( ) Quando os pais tiver<strong>em</strong> uma renda garantida (aposentadoria, aluguel, etc...)<br />

( ) Quando o sucessor estiver preparado<br />

( ) Não será feita enquanto o pai estiver <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> dirigir a proprieda<strong>de</strong><br />

( ) Não pensaram ainda ( ) Outra _________________________<br />

07 - O Sr. consi<strong>de</strong>ra existir terras produtivas para todos os sucessores?<br />

( ) Sim ( ) Não, apenas para um sucessor ( ) Não existe para nenhum sucessor<br />

( ) Existe terra produtiva para o sucessor e não produtivas para os <strong>de</strong>mais filhos<br />

08 - Os filhos não sucessores receberão algum b<strong>em</strong> como compensação?<br />

( ) Sim, dinheiro para estudos ( ) Sim, terras não produtivas ( ) Não <strong>de</strong>cidiu ainda<br />

( ) Sim, enxoval para as mulheres ( ) Não receberão nada ( ) Outra opção<br />

09 - Espera que o sucessor assuma a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar do Sr?<br />

( ) Sim ( ) Não<br />

100


ESPECTATIVAS DOS FILHOS<br />

01 - Dados do filho(a)<br />

Nome:______________________________________________________________________________<br />

Ida<strong>de</strong>:__________ Sexo: ( )M ( )F Religião:___________________________________<br />

Estado Civil:______________________________<br />

02 - Sua posição na família: ( ) Mais novo ( ) Mais velho ( ) Do meio ( ) Único filho (a)<br />

03 - Estuda? ( ) Sim ( ) Não Que ano esta cursando ou parou?____________________<br />

04 - Como consi<strong>de</strong>ra a ativida<strong>de</strong> leiteira atualmente?<br />

( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim<br />

05 - Preten<strong>de</strong> trabalhar na pecuária leiteira no futuro?<br />

( ) Sim, exclusivamente na pecuária leiteira<br />

( ) Sim, mas a pecuária leiteira não será a ativida<strong>de</strong> principal<br />

( ) Não preten<strong>de</strong> trabalhar na pecuária leiteira<br />

06 - Gosta <strong>de</strong> morar no campo? ( ) Sim ( ) Não<br />

07 - On<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> morar e trabalhar no futuro?<br />

( ) Morar e trabalhar no campo ( ) Morar no campo e trabalhar na cida<strong>de</strong><br />

( ) Trabalhar no campo e morar na cida<strong>de</strong> ( ) Ainda não <strong>de</strong>cidiu<br />

08 - Atualmente você:<br />

( ) Trabalha e mora no campo ( ) Trabalha no campo e mora na cida<strong>de</strong><br />

( ) Trabalha na cida<strong>de</strong> e mora no campo ( ) Não trabalha<br />

09 - No caso <strong>de</strong> trabalhar, como utiliza a renda?<br />

( ) Investe na proprieda<strong>de</strong> para aumentar a produção ( ) Ajuda com as <strong>de</strong>spesas da casa<br />

( ) Investe <strong>em</strong> bens pessoais e guarda o restante ( ) Investe somente <strong>em</strong> bens pessoais<br />

( ) Outro _______________________________<br />

10 - Seus pais conversam com você sobre o futuro do estabelecimento? ( ) Sim ( ) Não<br />

11 - Se sim, seus pais:<br />

( ) Estimula todos os filhos a ser<strong>em</strong> produtores <strong>de</strong> leite ( ) Estimula um só filho a ser produtor<br />

( ) Não influência na <strong>de</strong>cisão dos filhos ( ) Estimula os filhos a <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> o campo<br />

( ) Estimula todos os filhos a trabalhar<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, mesmo que não seja na pecuária leiteira<br />

( ) Outro<br />

12 - No estabelecimento agropecuário, como as <strong>de</strong>cisões são tomadas?<br />

( ) Somente o pai ( ) O casal ( ) Toda a família que resi<strong>de</strong> na proprieda<strong>de</strong><br />

( ) Toda a família, inclusive qu<strong>em</strong> não resi<strong>de</strong> na proprieda<strong>de</strong><br />

13 - Caso pu<strong>de</strong>sse escolher, gostaria <strong>de</strong> se assumir a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pai? ( ) Sim ( ) Não<br />

14 - Se sim, como preten<strong>de</strong> se preparar para assumir a proprieda<strong>de</strong>?<br />

( ) Com conhecimentos adquiridos com o pai ( ) Curso técnico ligado ao meio rural<br />

( ) Curso superior na área <strong>de</strong> ciências agrárias ( ) Curso superior <strong>em</strong> outra área<br />

( ) Outro<br />

15 - Qu<strong>em</strong> você consi<strong>de</strong>ra que será escolhido para ser o sucessor?<br />

( ) O filho mais velho ( ) O filho mais novo<br />

( ) O filho mais estudado ( ) O filho menos estudado<br />

( ) O filho que mais gostar da proprieda<strong>de</strong> ( ) O filho que t<strong>em</strong> mais afinida<strong>de</strong> com o pai<br />

( ) Ainda não foi <strong>de</strong>finido ( ) Outro _________________________________<br />

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