Júlio Cézar Mendes de Souza - Programa de Pós-Graduação em ...
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JÚLIO CÉSAR MENDES DE SOUZA<br />
TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO PROCESSO SUCESSÓRIO ENTRE<br />
PRODUTORES DE LEITE EM DOIS MUNICÍPIOS RURAIS DE MINAS<br />
GERAIS<br />
VIÇOSA<br />
MINAS GERAIS - BRASIL<br />
2013<br />
Dissertação apresentada à<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa,<br />
como parte das exigências do<br />
<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong><br />
Extensão Rural, para obtenção do<br />
título <strong>de</strong> Magister Scientiae.
Ficha catalográfica preparada pela Seção Catalogação e Classificação da<br />
Biblioteca Central da UFV<br />
<strong>Souza</strong>, <strong>Júlio</strong> César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong>, 1980<br />
Tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no processo sucessório entre<br />
produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> dois municípios rurais <strong>de</strong> Minas Gerais / <strong>Júlio</strong><br />
César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. – Viçosa, MG, 2013.
JÚLIO CÉSAR MENDES DE SOUZA<br />
TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO PROCESSO SUCESSÓRIO ENTRE<br />
PRODUTORES DE LEITE EM DOIS MUNICÍPIOS RURAIS DE MINAS<br />
GERAIS<br />
APROVADA:<br />
Dissertação apresentada à<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa,<br />
como parte das exigências do<br />
<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong><br />
Extensão Rural, para obtenção do<br />
título <strong>de</strong> Magister Scientiae.<br />
________________________________ ______________________________<br />
Cláudia Maria Miranda Araújo Pereira Nei<strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> Almeida Pinto<br />
________________________________________________<br />
Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza<br />
(Orientadora)
Aos meus pais Maria Laura <strong>Men<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> e José Mrad <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>, que estiveram<br />
presentes <strong>em</strong> todos os momentos <strong>de</strong> minha vida e me ensinaram a viver com dignida<strong>de</strong>.<br />
ii
AGRADECIMENTOS<br />
A Deus, pela vida, saú<strong>de</strong>, família e pelos amigos.<br />
A Danielle, pelo amor, companheirismo e paciência.<br />
À minha orientadora Professora Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza, pela <strong>de</strong>dicação,<br />
paciência, pelos incentivos e conhecimentos compartilhados, que proporcionaram meu<br />
crescimento pessoal e profissional.<br />
À CAPES e ao IF Su<strong>de</strong>ste-MG, pelo projeto MINTER <strong>em</strong> parceria com o<br />
<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-<strong>Graduação</strong> <strong>em</strong> Extensão Rural da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa e<br />
corpo <strong>de</strong> docentes, <strong>em</strong> especial aos Professores Nora Beatriz Presno Amo<strong>de</strong>o, France<br />
Maria Gontijo e Marco Aurelio Ferreira (Departamento <strong>de</strong> Administração).<br />
Ao senhor Paulo Pio e aos técnicos da EMATER Leonardo Henrique F.<br />
Calsavara (Coronel Xavier Chaves) e Euri<strong>de</strong>s José Cominetti (Silveirânia), pela<br />
disponibilida<strong>de</strong> e ajuda com a logística das entrevistas.<br />
Ao meu gran<strong>de</strong> amigo Antônio Cleber, pela hospedag<strong>em</strong> e apresentação aos<br />
produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
Aos ex-presi<strong>de</strong>ntes da APLEI Antônio Nunes da Silva e José Antônio Resen<strong>de</strong><br />
e ao presi<strong>de</strong>nte da APRUS José Silvério do Nascimento Líbero, pela autorização e pelo<br />
apoio para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />
À secretária da APRUS Jussandra, pela disponibilida<strong>de</strong> e cordialida<strong>de</strong>.<br />
A todos os produtores que participaram <strong>de</strong>ste trabalho, s<strong>em</strong> os quais não teria<br />
sido possível a concretização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
A Patrícia Nascimento e Érika Amorin, por estar<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre dispostas a ajudar.<br />
Ao Cuco, amigo e o mais “figura” <strong>de</strong> todos - apesar do ronco, s<strong>em</strong> ele o quarto<br />
não seria o mesmo.<br />
A todos os funcionários do Hotel CEE, pela cordialida<strong>de</strong>.<br />
À Valéria, amiga e companheira <strong>de</strong> viag<strong>em</strong>, pela amiza<strong>de</strong>.<br />
Ao Gustavo, pela valorosa ajuda com o SPSS.<br />
Ao GERAR (Grupo <strong>de</strong> Estudos Rurais, Agriculturas e Ruralida<strong>de</strong>s), pelas<br />
contribuições <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o projeto até a conclusão da dissertação.<br />
auxílios.<br />
À minha coorientadora Professora Nora Presno Amo<strong>de</strong>o, pelos preciosos<br />
iii
À minha também coorientadora Cláudia Maria Miranda, pelas contribuições<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da escolha do t<strong>em</strong>a para o projeto até a sua conclusão.<br />
Aos meus colegas do Minter, do Mestrado <strong>em</strong> Extensão Rural e da disciplina<br />
ADM663, pelo companheirismo.<br />
A Anízia, Carminha e Romildo, pela cordialida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre.<br />
iv
SUMÁRIO<br />
LISTA DE TABELAS .................................................................................. vi<br />
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................ ix<br />
LISTA DE QUADRO ................................................................................. xi<br />
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................. xii<br />
RESUMO ...................................................................................................... xiii<br />
ABSTRACT .................................................................................................. xv<br />
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 01<br />
1.1 Características dos municípios pesquisados ........................................ 04<br />
1.2 Procedimentos metodológicos ............................................................... 10<br />
1.2.1 Hipóteses ............................................................................................... 11<br />
1.2.2 Amostrag<strong>em</strong> ......................................................................................... 12<br />
1.2.3 As entrevistas ....................................................................................... 13<br />
1.2.4 Regressão .............................................................................................. 14<br />
1.2.5 Análise exploratória dos dados, qui-quadrado e teste t ................... 16<br />
CAPÍTULO I ................................................................................................<br />
FATORES INTERVENIENTES NA SUCESSÃO NAS UNDIDADES<br />
18<br />
PRODUTIVAS DE LEITE ..........................................................................<br />
1.1 A influência dos costumes e tradições sobre o processo sucessório.... 19<br />
1.1.1 O Minorato e a morgadia ................................................................... 20<br />
1.1.2 Gênero e casamento .............................................................................<br />
1.2 A influência dos fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sobre o processo<br />
23<br />
sucessório .......................................................................................................<br />
1.2.1 A influência da tecnologia e do associativismo na produção<br />
25<br />
leiteira ............................................................................................................<br />
1.2.2 Crédito .................................................................................................. 31<br />
1.2.3 A relativização do tamanho da proprieda<strong>de</strong> para a sucessão e a<br />
influência da proximida<strong>de</strong> dos centros urbanos e do acesso à<br />
escolarida<strong>de</strong> ...................................................................................................<br />
CAPÍTULO II ............................................................................................... 36<br />
A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E DAS PRÁTICAS<br />
DE CAPACITAÇÃO PARA A SUCESSÃO NA PECUÁRIA<br />
LEITEIRA .................................................................................................... 36<br />
2.1 A situação da eficiência produtiva nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite<br />
pesquisadas .................................................................................................... 46<br />
CAPÍTULO III ............................................................................................. 56<br />
O PROCESSO SUCESSÓRIO NAS UNDIADES PRODUTORAS DE<br />
LEITE DE SILVEIRÂNIA E CORONEL XAVIER CHAVES .............. 56<br />
3.1 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com sucessor<br />
<strong>de</strong>finido .......................................................................................................... 58<br />
3.2 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor .............................................................................. 68<br />
3.3 Apresentação e análise dos dados sobre a percepção dos filhos dos<br />
produtores .....................................................................................................<br />
3.3.1 Fatores causais sobre o processo sucessório ...................................... 83<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 86<br />
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 90<br />
APÊNDICE ................................................................................................... 96<br />
v<br />
18<br />
28<br />
32<br />
78
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 1 - População no município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves – MG .... 05<br />
Tabela 2 - População no município <strong>de</strong> Silveirânia – MG ........................ 08<br />
Tabela 3 - Distribuição dos tanques coletivos .......................................... 09<br />
Tabela 4 - Valores críticos associados ao grau <strong>de</strong> confiança na amostra.. 13<br />
Tabela 5 - Participação na produção animal ............................................ 28<br />
Tabela 6 - Uso <strong>de</strong> tecnologia entre os agricultores familiares no Brasil... 30<br />
Tabela 7 - Participação dos estabelecimentos familiares brasileiros ....... 32<br />
Tabela 8 - Caracterização da pecuária leiteira nas mesorregiões Zona da<br />
Mata e Campo das Vertentes .....................................................<br />
Tabela 9 - Ponto <strong>de</strong> nivelamento para produção <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Minas<br />
Gerais ........................................................................................<br />
Tabela 10 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para ida<strong>de</strong> – Silveirânia .. 49<br />
Tabela 11 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para ida<strong>de</strong> – Coronel<br />
Xavier Chaves ...........................................................................<br />
Tabela 12 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da<br />
proprieda<strong>de</strong> – Silveirânia ..........................................................<br />
Tabela 13 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da<br />
proprieda<strong>de</strong> – Coronel Xavier Chaves ......................................<br />
Tabela 14 - Teste Qui Quadrado – Silveirânia – Tabela 2 x 2 – 1 ............. 52<br />
Tabela 15 - Teste Qui Quadrado – Silveirânia – Tabela 2 x 2 – 2 ............. 53<br />
Tabela 16 - Teste Qui Quadrado – Coronel Xavier Xaves – Tabela 2 x 2<br />
– 1 ..............................................................................................<br />
Tabela 17 - Teste Qui Quadrado – Coronel Xavier Chaves – Tabela 2 x 2<br />
– 2 ..............................................................................................<br />
Tabela 18 - Percepção sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />
Tabela 19 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />
leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves – frequência .......<br />
Tabela 20 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />
leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves – porcentag<strong>em</strong> ...<br />
vi<br />
43<br />
47<br />
49<br />
50<br />
51<br />
53<br />
53<br />
57<br />
57<br />
58
Tabela 21 - AED perfil – sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />
leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............................<br />
Tabela 22 - Regressão sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite<br />
<strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier ................................................<br />
Tabela 23 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão –<br />
sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />
Tabela 24 - AED tecnologia – sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais<br />
<strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .......................<br />
Tabela 25 - AED estrutura fundiária sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .............<br />
Tabela 26 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, sucessor <strong>de</strong>finido nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
Tabela 27 - AED associação e IN 51, sucessor <strong>de</strong>finido, nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
Tabela 28 - AED crédito, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />
leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............................<br />
Tabela 29 - AED sucessão, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />
leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............................<br />
Tabela 30 - Regressão possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais<br />
<strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .......................<br />
Tabela 31 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão<br />
com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite<br />
<strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ..................................<br />
Tabela 32 - AED perfil dos produtores com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor<br />
nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves ...........................................................................<br />
Tabela 33 - AED tecnologia, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .............<br />
Tabela 34 - AED crédito, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves .............<br />
vii<br />
59<br />
59<br />
60<br />
61<br />
63<br />
64<br />
65<br />
66<br />
67<br />
69<br />
69<br />
71<br />
72<br />
73
Tabela 35 - AED estrutura fundiária, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
Tabela 36 - AED área média nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />
Tabela 37 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor<br />
nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves ...........................................................................<br />
Tabela 38 - AED participação <strong>em</strong> associações e IN 51e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />
Tabela 39 - AED sucessão, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ............<br />
Tabela 40 - AED ida<strong>de</strong> dos filhos dos produtores entrevistados nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
Tabela 41 Teste Qui Quadrado ser sucessor e estudar 1 para os filhos dos<br />
produtores rurais nos municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves ...........................................................................<br />
Tabela 42 Teste Qui Quadrado ser sucessor e estudar 2 para os filhos dos<br />
produtores rurais nos municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves ...........................................................................<br />
Tabela 43 Teste Qui Quadrado realizar investimento e ser sucessor 1<br />
para os filhos dos produtores rurais nos municípios <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />
Tabela 44 Teste Qui Quadrado realizar investimento e ser sucessor 2<br />
para os filhos dos produtores rurais nos municípios <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves ........................................<br />
viii<br />
73<br />
74<br />
75<br />
76<br />
77<br />
79<br />
84<br />
84<br />
85<br />
85
LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />
Figura 1 - Mapa <strong>de</strong> localização dos municípios estudados – MG, 2012. 05<br />
Foto 1 - Loja agropecuária no município, <strong>em</strong> frente à praça ................ 06<br />
Foto 2 - Praça central <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves ............................... 06<br />
Foto 3 - Marca na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixada pelo alagamento <strong>de</strong> jan./2012. ....... 07<br />
Foto 4 - Entrega do leite no tanque coletivo ......................................... 09<br />
Foto 5 - Da esquerda para a direita, o pesquisador, o produtor e o Sr.<br />
Euri<strong>de</strong>s, técnico da Emater, após a entrevista. Silveirânia, MG<br />
Foto 6 - Sr. Paulo Pio, aposentado, acompanhante do pesquisador <strong>em</strong><br />
Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />
Foto 7 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Mina – Silveirânia .............. 41<br />
Foto 8 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Tejuco – Silveirânia ........... 41<br />
Foto 9 - Tanque individual, utilizado por produtor <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
Foto 10 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves –<br />
EMATER e SMQL ....................................................................<br />
Foto 11 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia – EMATER e<br />
SMQL ........................................................................................<br />
Foto 12 - Gado criado a pasto <strong>em</strong> Silveirânia-MG ............................ 61<br />
Foto 13 - Momento <strong>de</strong> entrega do leite no tanque coletivo <strong>em</strong><br />
Silveirânia ..................................................................................<br />
Foto 14 - Capela construída na proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtor – Coronel<br />
Xavier Chaves ...........................................................................<br />
Foto 15 - Pesquisador e família <strong>de</strong> produtores <strong>em</strong> Silveirânia ............... 77<br />
Foto 16 - Pesquisador, pai e filho produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves ...........................................................................<br />
Gráfico 1 - Sexo dos filhos presentes nas proprieda<strong>de</strong>s ............................ 79<br />
Gráfico 2 - Percepção do(s) filhos sobre qu<strong>em</strong> irá assumir a proprieda<strong>de</strong><br />
nos municípios pesquisados ......................................................<br />
Gráfico 3 - Percepção dos filhos sobre como as <strong>de</strong>cisões são tomadas no<br />
estabelecimento nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia<br />
e Coronel Xavier Chaves ...........................................................<br />
ix<br />
14<br />
14<br />
42<br />
46<br />
46<br />
65<br />
70<br />
78<br />
80<br />
80
Gráfico 4 - Pretensão <strong>de</strong> capacitação pelos filhos dos produtores nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
Gráfico 5 - Local <strong>de</strong> residência e trabalho dos filhos dos produtores nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
Gráfico 6 - Local on<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>m residir e trabalhar os filhos dos<br />
produtores nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves .............................................................<br />
Gráfico 7 - Pretensão profissional dos filhos dos agricultores nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Chaves .......................................................................................<br />
x<br />
81<br />
82<br />
82<br />
83
LISTA DE QUADRO<br />
Quadro 1 - Variáveis presentes na regressão ............................................ 15<br />
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />
AED - Análise exploratória <strong>de</strong> dados<br />
APLEI - Associação dos Produtores <strong>de</strong> Leite <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves<br />
APRUS - Associação dos Produtores Rurais <strong>de</strong> Silveirânia<br />
CBT - Contag<strong>em</strong> Bacteriana Total<br />
CCS - Contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Células Somáticas<br />
DAP - Declaração <strong>de</strong> Aptidão ao Pronaf<br />
EMATER - Empresa <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural<br />
EMBRAPA - Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />
EPAMIG - Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária <strong>de</strong> Minas Gerais<br />
IBGE - Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome<br />
NATUDOCE - Associação <strong>de</strong> Produtores e Produtoras Artesanais <strong>de</strong><br />
Silveirânia<br />
PAA - <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Aquisição <strong>de</strong> Alimentos<br />
SEBRAE - Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />
SMQL - Sist<strong>em</strong>a Mineiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite<br />
SILEMG - Sindicato da Indústria <strong>de</strong> Laticínios do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais<br />
SPSS - Statistical Package for Social Sciences<br />
VBP - Valor Bruto da Produção<br />
xii
RESUMO<br />
SOUZA, <strong>Júlio</strong> César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong>, M. Sc., Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa, outubro <strong>de</strong><br />
2012. Tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no processo sucessório entre produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong><br />
dois municípios rurais <strong>de</strong> Minas Gerais. Orientadora: Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza.<br />
Coorientadoras: Cláudia Maria Miranda Araújo Pereira e Nora Beatriz Presno Amo<strong>de</strong>o.<br />
Esta pesquisa teve por objetivo i<strong>de</strong>ntificar quais fatores influenciavam no processo<br />
sucessório das unida<strong>de</strong>s familiares produtivas <strong>de</strong> leite, contrapondo fatores relativos à<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, como tecnologia, gestão da proprieda<strong>de</strong> e práticas associativistas; e<br />
fatores ligados à tradição, como o minorato, a preferência pelo hom<strong>em</strong> como sucessor e<br />
o baixo nível educacional. Consi<strong>de</strong>raram-se cinco hipóteses: 1ª) O nível tecnológico<br />
interferiria na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite; 2ª) O tamanho da<br />
proprieda<strong>de</strong> interferiria na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares da produção <strong>de</strong><br />
leite; 3ª) O acesso ao crédito interferiria no processo sucessório dos produtores <strong>de</strong> leite;<br />
4ª) A proximida<strong>de</strong> com o perímetro urbano da cida<strong>de</strong> influenciaria na presença ou<br />
ausência <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite; e 5ª) A escolarida<strong>de</strong><br />
do produtor interferiria no processo sucessório. A pesquisa foi realizada através <strong>de</strong> um<br />
survey, com entrevistas s<strong>em</strong>iestruturadas contendo questões abertas e fechadas. Foram<br />
aplicados 83 questionários: 52 <strong>em</strong> Silveirânia e 31 <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, <strong>em</strong><br />
Minas Gerais. Após a aplicação dos questionários, realizou-se a análise dos dados,<br />
através do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), utilizando-se<br />
análises <strong>de</strong>scritivas, <strong>de</strong> frequências, testes <strong>de</strong> regressão, qui-quadrado e teste t. Os dados<br />
levantados na pesquisa negaram a hipótese <strong>de</strong> que o nível tecnológico presente <strong>em</strong> uma<br />
unida<strong>de</strong> produtiva se constituiria <strong>em</strong> um fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />
unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite e confirmaram as outras quatro hipóteses. Concluiu-se,<br />
através <strong>de</strong>sta pesquisa, que a influência dos valores relativos à tradição e à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />
sobre a conduta e as práticas dos produtores rurais era muito influenciada pelo tipo <strong>de</strong><br />
cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a unida<strong>de</strong> produtiva estava inserida. Em Silveirânia, cida<strong>de</strong> distante <strong>de</strong><br />
centros urbanos, percebeu-se mais a prevalência dos valores e das práticas tradicionais<br />
sobre o processo sucessório, enquanto <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, cida<strong>de</strong> próxima a um<br />
centro urbano, a influência dos valores e práticas advindos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> se mostrou<br />
mais prevalente. Por traz <strong>de</strong>ssa constatação, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar que a prevalência <strong>de</strong><br />
xiii
valores mo<strong>de</strong>rnos ou tradicionais sobre o processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s produtivas<br />
<strong>de</strong> leite é muito influenciada pelo tipo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que o campo está inserido.<br />
xiv
ABSTRACT<br />
SOUZA, <strong>Júlio</strong> César <strong>Men<strong>de</strong>s</strong>, M. Sc., Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Viçosa, October of<br />
2012. Tradition and mo<strong>de</strong>rnity in the succession process among dairy farmers in<br />
two rural municipalities of Minas Gerais. Adviser: Ana Louise <strong>de</strong> Carvalho Fiúza.<br />
Co-Advisers: Cláudia Maria Miranda Araújo Pereira and Nora Beatriz Presno Amo<strong>de</strong>o.<br />
This research aimed to i<strong>de</strong>ntify the factors influencing the succession process in family<br />
units of milk production, by contrasting factors related to mo<strong>de</strong>rnity, such as<br />
technology, property manag<strong>em</strong>ent and associative practices, with factors related to<br />
tradition, such as minorato, preference for having men as successors and the low<br />
education level of these men. The study consi<strong>de</strong>red five hypotheses: 1. the level of<br />
technology would affect the presence of a successor in milk production units; 2. the size<br />
of properties would affect the presence of a successor in family milk production units;<br />
3. access to credit would affect the succession process of milk producers; 4. proximity<br />
to urban areas would affect the presence or absence of successors of milk production<br />
family units; and, finally, 5. the level of education of producers affects the succession<br />
process. The research was conducted through a survey with s<strong>em</strong>i-structured interviews,<br />
consisting of multple-choice and written questions. Eighty-three questionnaires were<br />
applied: 52 in Silveirânia and 31 in Coronel Xavier Chaves, in Minas Gerais. After the<br />
application of the questionnaires, the data analysis was conducted using the Statistical<br />
Package for Social Sciences (SPSS) software syst<strong>em</strong>. Descriptive and frequency<br />
analyses were carried out, as well as regression, chi-square and t tests. The data<br />
obtained <strong>de</strong>nied the hypothesis that the present level of technology in a production unit<br />
is a factor that influences in the presence of successors in milk production units and<br />
corroborated the other four hypotheses. This research leads to the conclusion that the<br />
influence of values related to tradition and mo<strong>de</strong>rnity on the behavior and practices of<br />
farmers greatly <strong>de</strong>pend on the type of city in which production units are located. In<br />
Silveirânia, a town that is far from urban centers, traditional values and practices<br />
prevailed in the succession process, while in Coronel Xavier Chaves, which is closer to<br />
a urban center, the influence of values and practices of mo<strong>de</strong>rnity prevailed. Therefore,<br />
it must be highlighted that the prevalence of mo<strong>de</strong>rn or traditional values in succession<br />
processes in milk production units <strong>de</strong>pends on the type of city where the property is<br />
located.<br />
xv
INTRODUÇÃO<br />
Nesta dissertação, propôs-se estudar o processo sucessório entre produtores <strong>de</strong><br />
leite <strong>em</strong> dois municípios rurais <strong>de</strong> Minas Gerais. A motivação para o t<strong>em</strong>a surgiu do<br />
interesse do pesquisador <strong>em</strong> analisar um setor que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> suma<br />
importância para a economia local, setor cujo mercado passou por consi<strong>de</strong>ráveis<br />
transformações quando o Estado <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> nele intervir na década <strong>de</strong> 1990, época <strong>em</strong><br />
que regulava o preço do leite e era o principal comprador dos produtores. Como<br />
consequência da não intervenção estatal, novas formas <strong>de</strong> gestão e tecnologia foram<br />
introduzidas e vêm sendo utilizadas, provocando significativas melhorias na produção<br />
leiteira e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos produtores. Entretanto, essas novas formas <strong>de</strong> gestão<br />
e tecnologia po<strong>de</strong>m, porém, <strong>de</strong>sestimular aqueles que não acompanham o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e gerencial da pecuária leiteira e mantêm, <strong>em</strong> seu processo<br />
produtivo, formas tradicionais fundamentadas nas práticas passadas <strong>de</strong> geração a<br />
geração, ocasionando, assim, consequências <strong>em</strong> relação à <strong>de</strong>finição da sucessão na<br />
unida<strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong> leite.<br />
Outros fatores que chamam a atenção para o t<strong>em</strong>a são os dados sobre a<br />
população brasileira, divulgados pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />
(IBGE), nos quais, <strong>em</strong> comparação com o Censo 2000, o Brasil, <strong>em</strong> 2010, diminuiu sua<br />
população no campo. Em 2010, 15,65% dos brasileiros viviam no campo, ao passo que<br />
<strong>em</strong> 2000 essa população representava 18,75% (IBGE, 2010). A redução e<br />
envelhecimento da população resi<strong>de</strong>nte no campo, aliados à <strong>de</strong>svalorização da profissão<br />
<strong>de</strong> agricultor e à diminuição no número <strong>de</strong> filhos nas famílias rurais <strong>em</strong> algumas regiões<br />
do país, po<strong>de</strong>m reduzir o número <strong>de</strong> possíveis sucessores nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção<br />
familiar. Segundo Toledo (2008), os filhos <strong>de</strong> produtores rurais possu<strong>em</strong>, hoje, maior<br />
acesso à educação, cresc<strong>em</strong> com cultura diferente daquela dos pais e ve<strong>em</strong> nos centros<br />
urbanos melhor expectativa <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong>senvolvimento do que no campo. O Censo<br />
Agropecuário 2006, publicado <strong>em</strong> 2009, mostra que os agricultores familiares 1<br />
representam 84,4% dos produtores, mas ocupam apenas 24,3% da área <strong>de</strong><br />
1 O termo agricultor familiar é <strong>de</strong>finido pela Lei 11.326 (2006). Alguns produtores, <strong>de</strong>nominados não<br />
familiares, possu<strong>em</strong> as mesmas características dos familiares; entretanto, são classificados como não<br />
familiares <strong>de</strong>vido às diferenças no tamanho da proprieda<strong>de</strong>, no número e forma <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>pregados ou no volume produzido. Em termos científicos, contudo, essa diferenciação não se sustenta.<br />
Assim, neste trabalho não se fez distinção entre agricultores familiares e pequenos produtores, tendo <strong>em</strong><br />
vista que eles apresentam muitas s<strong>em</strong>elhanças no processo produtivo e na estrutura da proprieda<strong>de</strong>.<br />
1
estabelecimentos rurais no Brasil, sendo responsáveis por 58% do leite nacional (IBGE,<br />
2009).<br />
A produção leiteira <strong>de</strong> 1998 a 2008 <strong>em</strong> Minas Gerais cresceu 45% <strong>em</strong> volume,<br />
sendo o Estado o principal produtor do país (FONSECA, 2009). Gomes (2008)<br />
ressaltou a situação dos pequenos produtores <strong>de</strong> leite no Estado, afirmando que, <strong>em</strong>bora<br />
represent<strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 44% dos envolvidos na ativida<strong>de</strong>, são responsáveis por apenas 8%<br />
da produção estadual. Esse fato po<strong>de</strong> ser explicado, <strong>em</strong> parte, pelas alterações no<br />
ambiente institucional, com legislações que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sfavoráveis aos pequenos<br />
produtores. Como ex<strong>em</strong>plo, po<strong>de</strong>-se citar o caso da Instrução Normativa Nº 51, <strong>de</strong><br />
18/09/2002 2 , que fixa os requisitos mínimos a ser<strong>em</strong> observados para produção,<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> do leite cru refrigerado.<br />
Uma das exigências introduzidas pela implantação da I.N. Nº 51 foi o<br />
resfriamento do leite logo após a or<strong>de</strong>nha, com a utilização <strong>de</strong> tanques térmicos. Essa<br />
exigência pôs fim ao tradicional “caminhãozinho do leite”, responsável pela coleta da<br />
produção dos pequenos produtores. Diante da dificulda<strong>de</strong> para aquisição do tanque para<br />
resfriamento do leite, observou-se, <strong>em</strong> alguns municípios, articulação entre a<br />
Associação <strong>de</strong> Produtores com a Empresa <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural<br />
(EMATER), no intuito <strong>de</strong> adquirir tanques coletivos para o armazenamento do leite. A<br />
aquisição dos tanques representou, além da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência dos<br />
pequenos produtores <strong>de</strong> leite, a melhoria da organização entre eles. Assim, tornou-se<br />
possível aumentar, além da qualida<strong>de</strong> do leite, o preço cobrado aos laticínios. A<br />
profissionalização do setor v<strong>em</strong> gerando, <strong>de</strong> forma concomitante, o aumento da<br />
eficiência e a tecnologização das unida<strong>de</strong>s produtoras, mas, também, a redução do<br />
número <strong>de</strong> produtores, mesmo com as ações <strong>de</strong>senvolvidas pelas instituições do Estado,<br />
no sentido <strong>de</strong> mitigar os efeitos da mo<strong>de</strong>rnização do setor. Esse fato é confirmado pela<br />
comparação <strong>de</strong> dados entre o Censo Agropecuário <strong>de</strong> 1996 e o <strong>de</strong> 2006, que mostra o<br />
aumento <strong>de</strong> 19,53% na produção <strong>de</strong> leite e a redução <strong>de</strong> 25,91% no número <strong>de</strong><br />
estabelecimentos agropecuários no Brasil.<br />
2 A Instrução Normativa nº 51 foi alterada <strong>em</strong> 30/12/2011 pela Instrução Normativa nº 62. A principal<br />
regra já começa a valer <strong>em</strong> 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012, quando os produtores das Regiões Sul, Su<strong>de</strong>ste e<br />
Centro-Oeste terão novos limites para Contag<strong>em</strong> Bacteriana Total (CBT) e Contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Células<br />
Somáticas (CCS). Atualmente, esses índices po<strong>de</strong>m chegar a 750 mil/ml. Agora, a tolerância será <strong>de</strong> até<br />
600 mil/ml. Já no Norte e Nor<strong>de</strong>ste do país a mesma exigência valerá a partir <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2013.<br />
2
A redução no número <strong>de</strong> estabelecimentos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> leite é compensada<br />
pelo aumento na produção, conforme relatado no parágrafo anterior, mas é certo que a<br />
queda <strong>de</strong> rentabilida<strong>de</strong> é sentida por todos, <strong>de</strong>vido ao aumento superior dos custos<br />
perante a receita, principalmente para os pequenos produtores, que por ter<strong>em</strong> produção<br />
menor per<strong>de</strong>m po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação do preço <strong>de</strong> venda do leite. O baixo preço <strong>de</strong> venda<br />
do leite <strong>em</strong> relação aos custos <strong>de</strong> produção, conjuntamente com as alterações<br />
<strong>de</strong>mográficas no campo e a exigência <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> gestão da ativida<strong>de</strong> leiteira,<br />
apontam para a possível falta <strong>de</strong> sucessores entre os pequenos produtores <strong>de</strong> leite. Na<br />
agricultura, o t<strong>em</strong>a sucessão não é tratado <strong>de</strong> forma clara e aberta como nas <strong>em</strong>presas<br />
capitalistas. Os costumes e a tradição se colocam <strong>de</strong> forma velada sobre as leis. Assim,<br />
pesquisar a sucessão <strong>em</strong> meio a um momento <strong>de</strong> crise constitui <strong>de</strong>safio ainda maior.<br />
As normatizações da pecuária leiteira e a introdução da tecnologia, com<br />
utilização <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>iras mecânicas, tanques térmicos para resfriamento do leite e<br />
métodos <strong>de</strong> gestão que aumentam a produção com a utilização <strong>de</strong> menor espaço pelos<br />
produtores, foram instituindo novas práticas que tornass<strong>em</strong> a ativida<strong>de</strong> leiteira<br />
sustentável socioeconomicamente. Tais mudanças nas práticas produtivas repercut<strong>em</strong>,<br />
assim, nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção da ativida<strong>de</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, nas<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se efetivar um sucessor. Para Abramovay (1998), Sacco dos Anjos<br />
(2003), Mello (2003) e Costa (2006), o processo sucessório entre os produtores rurais<br />
atualmente apresenta mudanças relacionadas ao mo<strong>de</strong>lo tradicional, como: a) o número<br />
<strong>de</strong> filhos é menor; b) a sucessão não é mais uma obrigação moral; c) a falta <strong>de</strong><br />
perspectivas na agricultura traz como consequência o aumento do êxodo; d) a tecnologia<br />
reduziu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra; e e) o crescimento das ativida<strong>de</strong>s não agrícolas<br />
no campo. Silva (2000) acrescentou que o contato dos jovens do campo com a cida<strong>de</strong> é<br />
cada vez maior, <strong>de</strong> tal modo que <strong>em</strong> sua trajetória assimila valores urbanos aos rurais.<br />
De acordo com Schnei<strong>de</strong>r (2009), as alterações provocadas nos sist<strong>em</strong>as<br />
produtivos, proporcionadas pela tecnologia, pelos equipamentos <strong>de</strong> produção, pelos<br />
insumos utilizados e pelas alterações no ambiente institucional, que resultaram na<br />
melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população resi<strong>de</strong>nte no campo, nos países<br />
<strong>de</strong>senvolvidos, não foram acompanhadas pelo Brasil n<strong>em</strong> pela maioria dos países latino-<br />
americanos. Para Stropasolas (2004), esse mo<strong>de</strong>lo reduz as relações sociais que se<br />
estabelec<strong>em</strong> entre os agricultores à lógica do econômico, quebrando os laços afetivos<br />
que mantinham com a terra. Schnei<strong>de</strong>r (2009) acrescentou, ainda, que a busca por<br />
3
assegurar novas fontes <strong>de</strong> renda para investimentos e manutenção da proprieda<strong>de</strong><br />
estimula os filhos <strong>de</strong> agricultores a buscar<strong>em</strong> esse recurso <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s não agrícolas.<br />
Assim, analisaram-se nesta pesquisa duas perspectivas interpretativas acerca<br />
dos fatores que estariam influenciando no processo sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtivas<br />
<strong>de</strong> leite na atualida<strong>de</strong>: na primeira, vislumbrou-se a permanência dos costumes e da<br />
tradição sobre a sucessão. Nesse sentido, alguns padrões culturais continuariam a<br />
estabelecer o perfil do sucessor: a regra da primogenitura ou do minorato, do masculino<br />
sobre o f<strong>em</strong>inino, do menos escolarizado sobre o mais e do casado sobre o solteiro. Já a<br />
segunda vertente interpretativa acerca do processo sucessório cont<strong>em</strong>plou a influência<br />
<strong>de</strong> fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, como: o uso <strong>de</strong> tecnologias e <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong><br />
gestão, a proximida<strong>de</strong> dos estabelecimentos agropecuários das cida<strong>de</strong>s e a participação<br />
<strong>em</strong> associações e o acesso ao crédito.<br />
1.1 Características dos municípios pesquisados<br />
A pesquisa foi realizada com os produtores associados no Município <strong>de</strong><br />
Silveirânia, MG, localizado na mesorregião da Zona da Mata mineira, e no Município<br />
<strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, MG, na mesorregião Campo das Vertentes. O mapa da<br />
Figura 1 apresenta a localização dos dois municípios pesquisados.<br />
4
Figura 1 – Mapa <strong>de</strong> localização dos municípios estudados – MG, 2012.<br />
Fonte: Elaborado por SOUZA, J.C.M.; AMARAL, M.S., 2012.<br />
Ambos os municípios têm a pecuária leiteira como sua principal ativida<strong>de</strong><br />
econômica. De acordo com Rabelo (2012), a mesorregião da Zona da Mata mineira<br />
totaliza 10% da produção mineira <strong>de</strong> leite e a mesorregião do Campo das Vertentes, 4%.<br />
O Município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves está a 168 km da capital mineira, Belo<br />
Horizonte. T<strong>em</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> 23,42 hab/km 2 e população <strong>em</strong> torno <strong>de</strong><br />
3.000 habitantes, po<strong>de</strong>ndo, assim, ser caracterizada como cida<strong>de</strong> rural 3 .<br />
Tabela 1 – População no Município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, MG<br />
População Ano % Ano %<br />
2000 2000 2010 2010<br />
Rural 1502 47,0 1501 45,0<br />
Urbana 1683 53,0 1800 55,5<br />
Total 3185 100,0 3301 100,0<br />
Fonte: Censos do IBGE <strong>de</strong> 2000 e 2010.<br />
3 A elaboração da tipologia para classificação dos municípios foi construída com base na concepção <strong>de</strong><br />
Veiga (2002). Segundo esse autor, classificam-se <strong>em</strong> municípios rurais aqueles com menos <strong>de</strong> 20.000<br />
habitantes e, ou, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica inferior a 20 hab/km 2 .<br />
5
O município possui supermercado, lojas agropecuárias, lanhouse, padaria,<br />
restaurante, algumas lojas, a prefeitura municipal, a se<strong>de</strong> da Associação dos Produtores<br />
<strong>de</strong> Leite (APLEI), a se<strong>de</strong> da Polícia Militar, o Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e o Parque <strong>de</strong> Exposições.<br />
Alguns produtores <strong>de</strong> leite residiam ao redor da praça central 4 . A população contava<br />
também com os serviços da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São João Del Rei, localizada a 12<br />
km do município.<br />
Foto 1 - Loja agropecuária no município, <strong>em</strong> frente à praça.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />
Foto 2 - Praça central <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />
4 Outra parcela dos produtores que não residiam no campo eram <strong>de</strong> outros municípios, como São João Del<br />
Rei e Belo Horizonte, e utilizavam a proprieda<strong>de</strong> para lazer e a ativida<strong>de</strong> leiteira como forma <strong>de</strong> gerar<br />
renda para a sua manutenção.<br />
6
A economia do município era sustentada na ativida<strong>de</strong> agropecuária, mas o<br />
turismo v<strong>em</strong>-se <strong>de</strong>stacando <strong>de</strong>vido à arquitetura <strong>de</strong> sua antiga capela e sobrados, à<br />
existência <strong>de</strong> artesanato e às paisagens naturais, com <strong>de</strong>staque para as cachoeiras. O<br />
município conta com a Associação dos Produtores <strong>de</strong> Leite <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves<br />
(APLEI), que atualmente conta com 45 associados. A Associação mantém uma fábrica<br />
que produz a ração utilizada pelos produtores e a reven<strong>de</strong> para eles a preço mais<br />
acessível. Os associados produz<strong>em</strong> <strong>em</strong> média 13.700 litros diários, estocados <strong>em</strong> 44<br />
tanques térmicos individuais e um coletivo.<br />
Os produtores <strong>de</strong> leite do município se capacitavam e realizavam investimentos<br />
<strong>em</strong> tecnologia com o intuito <strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> do leite e suprir<br />
a falta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra. A or<strong>de</strong>nha mecânica predominava entre os produtores. Cabe<br />
ressaltar que os produtores já recebiam por qualida<strong>de</strong> do leite: no mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />
2012, receberam R$0,91 por litro, sendo esse valor possível <strong>de</strong> ser melhorado <strong>em</strong><br />
função do aumento da qualida<strong>de</strong> do leite produzido. A coleta do leite no município era<br />
realizada diariamente, mas havia intercalação entre os produtores, <strong>de</strong> acordo com a sua<br />
localização, sendo o leite recolhido <strong>em</strong> sua proprieda<strong>de</strong> a cada dois dias. A cada dois<br />
dias também um caminhão (com capacida<strong>de</strong> para 30.000 litros) do laticínio que<br />
comprava o leite da Associação buscava o produto, que era estocado na Associação e<br />
transportado para São Paulo. As estradas, no geral, apresentavam boas condições, mas<br />
alguns produtores ainda costumavam ficar isolados no período <strong>de</strong> fortes chuvas, como<br />
aconteceu no início <strong>de</strong> 2012.<br />
Foto 3 - Marca na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixada pelo alagamento <strong>de</strong> jan./2012.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />
7
O segundo município pesquisado foi Silveirânia, localizado na Zona da Mata<br />
mineira, a 241 km <strong>de</strong> Belo Horizonte, e apresentava perfil diferenciado <strong>de</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves, <strong>em</strong> termos da forma como se realizava a ativida<strong>de</strong> leiteira. Silveirânia<br />
também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como cida<strong>de</strong> rural, com população que não ultrapassava os<br />
3.000 habitantes, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> 13,92 hab/km 2 e economia baseada na<br />
produção leiteira.<br />
Tabela 2 – População no município <strong>de</strong> Silveirânia, MG<br />
População Ano % Ano %<br />
2000 2000 2010 2010<br />
Rural 1117 52,0 763 35,0<br />
Urbana 1021 48,0 1429 65,5<br />
Total 2138 100,0 2192 100,0<br />
Fonte: Censos do IBGE <strong>de</strong> 2000 e 2010.<br />
Os dados do Censo 2010 indicam o esvaziamento da população resi<strong>de</strong>nte no<br />
campo no Brasil, <strong>em</strong>bora isso não necessariamente aponte para o abandono das<br />
ativida<strong>de</strong>s rurais <strong>em</strong> razão, principalmente, da facilida<strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />
entre o campo e a cida<strong>de</strong>. O município conta com mercado, padaria, lotérica, pousada e<br />
as se<strong>de</strong>s dos órgãos públicos, como da prefeitura, da câmara <strong>de</strong> vereadores, da Polícia<br />
Militar e da Emater. A cida<strong>de</strong> está situada próxima ao Município <strong>de</strong> Rio Pomba, on<strong>de</strong><br />
está localizado um dos campi do Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Ciência e Tecnologia<br />
Su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais, que oferece cursos <strong>de</strong> nível médio, ensino técnico, ensino<br />
tecnológico e superior, <strong>em</strong> diversas áreas.<br />
O município contava com uma associação <strong>de</strong> produtores rurais, a Associação<br />
dos Produtores Rurais <strong>de</strong> Silveirânia (APRUS), com 211 produtores associados e uma<br />
associação <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> doce artesanal, a NATUDOCE. Mais da meta<strong>de</strong> (110) dos<br />
associados da APRUS são produtores <strong>de</strong> leite. O município produzia <strong>de</strong> 10.000 a 13.000<br />
litros diários <strong>de</strong> leite, que eram armazenados <strong>em</strong> 10 tanques coletivos, conforme<br />
divididos na Tabela 3.<br />
8
Tabela 3 – Distribuição dos tanques coletivos<br />
Localida<strong>de</strong> Capacida<strong>de</strong> (Litros)<br />
Cascalhau 2000<br />
Córrego do Ribeiro 2000<br />
Sítio Paraíso 3000<br />
Córrego da Mina 2000<br />
Fazenda São José 3000<br />
Sítio São Pedro 4000<br />
São José da Soleda<strong>de</strong> 4000<br />
Japão 3000<br />
Quindiuba 3000<br />
Bota Fogo (Japão) 3000<br />
Anísio Inácio da Silveira Junior (Tanque individual) 2000<br />
Nilson M. <strong>de</strong> Miranda Junior (Tanque Individual) 1500<br />
Fonte: APRUS.<br />
Conforme <strong>de</strong>monstrado na Tabela 3, o município é dividido <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong>s,<br />
sendo a <strong>de</strong> São José da Soleda<strong>de</strong> a mais distante do centro <strong>de</strong> Silveirânia. O percurso<br />
para se chegar à comunida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> a extensão <strong>de</strong> aproximadamente 18 km e é realizado<br />
<strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 40 min, através <strong>de</strong> estradas que não apresentam boas condições para<br />
veículos pequenos. Devido à consi<strong>de</strong>rável distância entre as residências, as unida<strong>de</strong>s<br />
produtivas e a cida<strong>de</strong> e às condições precárias das estradas, é comum que a realização<br />
<strong>de</strong> festas e eventos fosse dividida por comunida<strong>de</strong>s. O leite era entregue aos tanques<br />
diariamente, entre 7 e 9 horas da manhã, e daí recolhido a cada dois dias, sendo a<br />
carroça o transporte mais utilizado (Foto 4).<br />
Foto 4 - Entrega do leite ao tanque coletivo.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />
9
Atualmente, a APRUS não mantém mais a fábrica <strong>de</strong> ração, mas compra o<br />
produto e o reven<strong>de</strong> aos produtores por preço mais acessível do que o das lojas<br />
agropecuárias. A Emater, <strong>em</strong> parceria com o Sist<strong>em</strong>a Mineiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite<br />
(SMQL), realiza, atualmente, treinamentos com o objetivo <strong>de</strong> aumentar a qualida<strong>de</strong> para<br />
que os produtores possam pleitear a participação <strong>em</strong> programas <strong>de</strong>ssa natureza. Entre os<br />
produtores era predominante a or<strong>de</strong>nha manual, sendo o gado tratado no pasto durante<br />
longo período, para minimizar os custos. O local <strong>de</strong> entrega do leite era também<br />
utilizado para os produtores receber<strong>em</strong> o pagamento, s<strong>em</strong>pre no dia 20 <strong>de</strong> cada mês. À<br />
época da pesquisa, os produtores recebiam R$0,81 por litro <strong>de</strong> leite.<br />
1.2 Procedimentos metodológicos<br />
Para investigar como ocorria o processo sucessório entre os produtores <strong>de</strong> leite<br />
familiares nos Municípios <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves e Silveirânia, foram utilizados<br />
dois tipos <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> pesquisa: um <strong>de</strong>scritivo, <strong>de</strong>screvendo as características<br />
socioeconômicas dos produtores, como o nível tecnológico, economia e formas <strong>de</strong><br />
produção; e o outro explicativo, para i<strong>de</strong>ntificar os fatores que estavam interferindo no<br />
processo sucessório das unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> leite, utilizando para tanto a aplicação<br />
<strong>de</strong> um survey.<br />
A pesquisa com a utilização do survey permite que o pesquisador i<strong>de</strong>ntifique<br />
fatores que influenciam no comportamento da população estudada. Para sua realização,<br />
elaborou-se um questionário, aplicado à população ou, na maioria dos casos, a uma<br />
amostra <strong>de</strong>sta. Gran<strong>de</strong> parte dos surveys é <strong>de</strong>stinado a <strong>de</strong>screver <strong>de</strong>terminado fenômeno,<br />
entretanto muitos objetivam, adicionalmente, fazer asserções explicativas. Explicar<br />
quase s<strong>em</strong>pre requer análise multivariada, ou seja, o exame simultâneo <strong>de</strong> duas ou mais<br />
variáveis (BABIE, 2005).<br />
Foram elaborados dois tipos <strong>de</strong> questionários, a fim <strong>de</strong> analisar os fatores<br />
intervenientes no processo sucessório das unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite: um mo<strong>de</strong>lo<br />
direcionado ao gestor do estabelecimento agropecuário e outro aos filhos do<br />
proprietário. No mo<strong>de</strong>lo aplicado ao gestor, o questionário foi estruturado <strong>em</strong> sete<br />
partes: 1ª) Questões relativas ao perfil do produtor (ida<strong>de</strong>, profissão, renda bruta<br />
10
mensal, composição familiar e local <strong>de</strong> residência); 2ª) Questões relativas ao nível<br />
tecnológico da ativida<strong>de</strong> leiteira (máquinas utilizadas para redução do trabalho manual;<br />
forma <strong>de</strong> aquisição; sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha utilizados, forma <strong>de</strong> reprodução do rebanho;<br />
percepção da influência das associações no sist<strong>em</strong>a produtivo, itens produzidos); 3ª)<br />
Questões relativas à estrutura fundiária (tamanho da proprieda<strong>de</strong>, situação <strong>em</strong> relação à<br />
proprieda<strong>de</strong> da terra, forma <strong>de</strong> aquisição das terras); 4ª) Relação com a cida<strong>de</strong> (forma e<br />
frequência <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> à cida<strong>de</strong>); 5ª) Relação com o crédito (utilização, finalida<strong>de</strong>,<br />
valor, modalida<strong>de</strong>); 6ª) Nível <strong>de</strong> capacitação do produtor (escolarida<strong>de</strong> do produtor,<br />
cursos <strong>de</strong> capacitação já realizados); e 7ª) Questões relacionadas à sucessão no<br />
estabelecimento. No mo<strong>de</strong>lo aplicado aos filhos dos produtores, foram relacionadas<br />
questões sobre o perfil dos filhos (ida<strong>de</strong>, escolarida<strong>de</strong>, estado civil) e perspectivas<br />
futuras <strong>em</strong> relação ao trabalho e à moradia e sobre a sucessão no estabelecimento<br />
agropecuário.<br />
1.2.1 Hipóteses<br />
As análises foram realizadas com o intuito <strong>de</strong> inferir sobre a veracida<strong>de</strong> das<br />
seguintes hipóteses:<br />
H1- O nível tecnológico <strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong> produtiva constitui fator interveniente na<br />
presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite.<br />
H2- O tamanho da proprieda<strong>de</strong> constitui fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />
unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite.<br />
H3- O acesso ao crédito proporciona o <strong>de</strong>senvolvimento e interfere no processo<br />
sucessório dos produtores <strong>de</strong> leite.<br />
H4- A proximida<strong>de</strong> com a cida<strong>de</strong> interfere na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s<br />
familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite.<br />
H5- A escolarida<strong>de</strong> do produtor interfere no processo sucessório.<br />
11
1.2.2 Amostrag<strong>em</strong><br />
Para <strong>de</strong>terminação da amostra da pesquisa, utilizou-se o método <strong>de</strong><br />
amostrag<strong>em</strong> probabilística. De acordo com Triola (2008), o método <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong><br />
probabilística seleciona os indivíduos, <strong>de</strong> modo que todos possam ter a mesma chance<br />
<strong>de</strong> participar<strong>em</strong> da pesquisa. Ainda segundo esse autor, o planejamento da amostrag<strong>em</strong><br />
é necessário para reduzir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erro amostral (diferença entre o resultado<br />
populacional e o resultado amostrado). Os erros amostrais po<strong>de</strong>m ocorrer <strong>de</strong>vido à<br />
coleta incorreta dos dados. Para estabelecer o número <strong>de</strong> produtores que <strong>de</strong>veriam fazer<br />
parte da pesquisa, utiliza-se a fórmula da proporção finita quando se conhece o tamanho<br />
da população (BOLFARINE; BUSSAB, 2005), dada por:<br />
<strong>em</strong> que:<br />
Z pˆqˆN n <br />
Z p q N E<br />
2<br />
2<br />
2<br />
ˆ ˆ 2 ( 1)<br />
2<br />
n = tamanho amostral<br />
Z = valor tabelado<br />
N = tamanho populacional<br />
E = marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> erro ou erro máximo <strong>de</strong> estimativa<br />
p = proporção populacional <strong>de</strong> indivíduos que pertenc<strong>em</strong> à categoria estudada<br />
q = proporção populacional <strong>de</strong> indivíduos que não pertenc<strong>em</strong> à categoria estudada<br />
(q = 1 – p)<br />
α = nível <strong>de</strong> significância<br />
Segundo Hair et al. (2005), ao utilizar fórmulas estatísticas para <strong>de</strong>terminar o<br />
valor <strong>de</strong> uma amostra, três <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser levadas <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração: 1) o grau <strong>de</strong><br />
segurança, ou seja, a máxima diferença aceitável entre o valor estimado da amostra e o<br />
valor verda<strong>de</strong>iro da população (geralmente 95%); 2) a marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> erro aceitável<br />
(geralmente <strong>de</strong>finida pelo pesquisador); e 3) homogeneida<strong>de</strong> da população. Na prática, é<br />
improvável que se conheça a taxa <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> da população, <strong>de</strong>vendo o<br />
pesquisador utilizar estimativa <strong>de</strong> trabalhos anteriores ou, na falta <strong>de</strong>stes, 50%. Neste<br />
trabalho, utilizaram-se o valor <strong>de</strong> 50% (ou 0,5) como taxa <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> e 10% (ou<br />
12
0,10) para erro amostral. De acordo com Triola (2008), os valores <strong>de</strong> confiança mais<br />
utilizados e os valores <strong>de</strong> Z correspon<strong>de</strong>ntes são:<br />
Tabela 4 – Valores críticos associados ao grau <strong>de</strong> confiança da amostra<br />
Grau <strong>de</strong> segurança Valor crítico Zα/2<br />
90% 1,645<br />
95% 1,96<br />
99% 2,575<br />
Fonte: TRIOLA, 2008.<br />
Assim, a amostra dos dois municípios pesquisados, utilizando-se 95% <strong>de</strong> grau<br />
<strong>de</strong> confiança, foi <strong>de</strong>terminada, conforme mostrado a seguir:<br />
Coronel Xavier Chaves<br />
n = (1,96) 2 x 0,5 x 0,5 x 45 = 43,218 = 31<br />
(1,96) 2 x 0,5 x 0,5 + (45 – 1 ) x (0,10) 2 1,4004<br />
Silveirânia<br />
n = (1,96) 2 x 0,5 x 0,5 x 110 = 105,644 = 52<br />
(1,96) 2 x 0,5 x 0,5 + (110 – 1 ) x (0,10) 2 2,0504<br />
1.2.3 As entrevistas<br />
Para entrevistar os produtores, o pesquisador foi acompanhado, <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves, por um morador da região, aposentado, que possuía o hábito <strong>de</strong><br />
acompanhar a coleta do leite nas proprieda<strong>de</strong>s. Em Silveirânia, parte das entrevistas foi<br />
realizada durante o período <strong>de</strong> capacitação dos produtores <strong>de</strong> leite pela Emater e do<br />
Sist<strong>em</strong>a Mineiro <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite (SMQL). Nesse período, o pesquisador ia <strong>de</strong><br />
carona com o técnico da Emater até um dos tanques coletivos e aproveitava o momento<br />
<strong>de</strong> entrega do leite para a realização da entrevista. Após o término da capacitação, o<br />
13
técnico da Emater que se encontrava <strong>de</strong> férias acompanhou, gentilmente, o pesquisador<br />
até a residência dos produtores para a realização das entrevistas.<br />
1.2.4 Regressão<br />
Foto 5 – Da esquerda para a direita, o pesquisador, o produtor e o Sr.<br />
Euri<strong>de</strong>s, técnico da Emater, após a entrevista. Silveirânia,<br />
MG.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março 2012.<br />
Foto 6 - Sr. Paulo Pio, aposentado, acompanhante do<br />
pesquisador <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro 2012.<br />
Segundo Hair et al. (2005), a regressão é a técnica estatística que auxilia<br />
<strong>de</strong>terminar se há relação coerente e sist<strong>em</strong>ática entre duas ou mais variáveis a<br />
<strong>de</strong>terminado nível <strong>de</strong> significância estatística. O programa Statistical Package for Social<br />
Sciences (SPSS) representa a significância como a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rejeitar a hipótese<br />
nula quando ela é verda<strong>de</strong>ira. As orientações comuns diz<strong>em</strong> que, para ser consi<strong>de</strong>rada<br />
14
estatisticamente significativa, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser menor do que
As variáveis foram associadas levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o it<strong>em</strong> a ser<br />
analisado na regressão. Para análise <strong>de</strong> regressão, a soma das respostas <strong>de</strong> todas as<br />
variáveis não po<strong>de</strong>ria ultrapassar o número máximo <strong>de</strong> entrevistados, que <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves foi <strong>de</strong> 31.<br />
1.2.5 Análise exploratória dos dados, qui-quadrado e teste t<br />
De acordo com Triola (2008), a análise exploratória <strong>de</strong> dados (AED) consiste<br />
na utilização <strong>de</strong> técnicas estatísticas que fornecerão informações sobre medidas <strong>de</strong><br />
centro, medidas <strong>de</strong> variação e gráficos para investigação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> dados, com<br />
o intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r suas características mais importantes. Segundo esse autor, ao<br />
utilizar a técnica, <strong>de</strong>ve-se i<strong>de</strong>ntificar e, se necessário, excluir os outliers que constitu<strong>em</strong><br />
os valores discrepantes da média, que se localiza muito afastado <strong>de</strong> quase todos os<br />
<strong>de</strong>mais valores e po<strong>de</strong> influenciar nos resultados 5 .<br />
Para AED foram utilizadas a média aritmética, <strong>de</strong>finida como a soma dos<br />
valores da variável dividida pelo número <strong>de</strong> valores e da mediana, que representa o<br />
valor central dos dados, quando eles são organizados <strong>em</strong> or<strong>de</strong>m crescente ou<br />
<strong>de</strong>crescente (KAZMIER, 2008). A AED foi utilizada para <strong>de</strong>talhar as principais<br />
características das proprieda<strong>de</strong>s que possuíam sucessor <strong>de</strong>finido e daquelas que<br />
apresentavam possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor, mas este ainda não estava <strong>de</strong>finido, como<br />
também foi utilizada para analisar os dados dos 21 filhos <strong>de</strong> produtores que<br />
respon<strong>de</strong>ram aos questionários. Além da AED, utilizou-se o teste qui-quadrado.<br />
Segundo Barbetta (2008), o teste qui-quadrado, <strong>de</strong>signado por X 2 , é amplamente usado<br />
<strong>em</strong> pesquisa social para testar a significância entre duas variáveis qualitativas. A<br />
estatística do teste é uma medida <strong>de</strong> distância entre as frequências observadas e as<br />
frequências esperadas. Para um “p” valor alto, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que as variáveis<br />
analisadas são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
5 Após realizar os testes <strong>de</strong> regressão com a presença dos outliers e excluindo-os, apenas a variável área<br />
apresentou diferença significativa, e foram excluídos os outliers. Nas <strong>de</strong>mais variáveis, nenhum outlier<br />
foi excluído. Para a AED, os outliers serão excluídos quando apresentar<strong>em</strong> diferenças significativas e<br />
relatados na análise dos dados.<br />
16
De acordo com Larson (2010), um teste <strong>de</strong> hipótese é utilizado para testar a<br />
afirmação sobre o valor <strong>de</strong> um parâmetro populacional. Segundo An<strong>de</strong>rson et al. (2008),<br />
ao testar hipóteses, <strong>de</strong>ve-se iniciar pela hipótese experimental, <strong>de</strong>nominada hipótese<br />
nula (H0) e, posteriormente, formular a hipótese alternativa (Ha). Posteriormente,<br />
segundo Bruni (2007), calculam-se a média e <strong>de</strong>svio-padrão da amostra. Com esses<br />
dados, po<strong>de</strong>-se comparar a média alegada. Busca-se saber se a alegação é aceitável ou<br />
não. Se ocorrer<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>svios, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a afirmação ser falsa é maior, e<br />
vice-versa. Ou seja, procura-se i<strong>de</strong>ntificar se exist<strong>em</strong> diferenças significativas sobre as<br />
médias analisadas.<br />
Por fim, no que diz respeito à estruturação da dissertação, esta consta <strong>de</strong> três<br />
capítulos. No primeiro foram abordados os fatores intervenientes no processo sucessório<br />
entre os produtores <strong>de</strong> leite, consi<strong>de</strong>rando-se os fatores relacionados à tradição e à<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. No segundo capítulo, cont<strong>em</strong>plaram-se a pecuária leiteira e as políticas<br />
públicas voltadas para a sucessão <strong>em</strong> Minas Gerais. No terceiro, e último capítulo, foi<br />
realizada à análise dos dados relativos ao processo sucessório nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite nos dois municípios pesquisados.<br />
17
CAPÍTULO I<br />
FATORES INTERVENIENTES NA SUCESSÃO DAS UNIDADES<br />
PRODUTIVAS DE LEITE<br />
A transmissão da proprieda<strong>de</strong> da terra <strong>de</strong> uma geração para outra t<strong>em</strong><br />
envolvido a elaboração <strong>de</strong> estratégias orientadas por princípios diferenciados ao longo<br />
do t<strong>em</strong>po. Nas socieda<strong>de</strong>s pré-capitalistas, o acúmulo <strong>de</strong> terras sustentava o po<strong>de</strong>r<br />
fundiário das famílias tradicionais, sendo o casamento, inclusive, <strong>de</strong>cisivo para que<br />
estas aumentass<strong>em</strong> seu patrimônio. Com o surgimento e avanço do capitalismo no<br />
campo, a tecnologia e as formas <strong>de</strong> gestão da proprieda<strong>de</strong> passaram a ser <strong>de</strong>cisivas para<br />
a manutenção <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong>. Assim, mais importante que o acúmulo <strong>de</strong> terras, a<br />
sua produtivida<strong>de</strong> tornou-se fator <strong>de</strong>cisivo.<br />
Atualmente, com a crescente proximida<strong>de</strong> entre campo e cida<strong>de</strong>, presencia-se<br />
outra forma <strong>de</strong> valorização que se impõe sobre a proprieda<strong>de</strong>: a da natureza. O turismo<br />
rural, a alimentação natural, o ar puro, a calma e as tradições têm-se constituído <strong>em</strong><br />
balizadores para que as proprieda<strong>de</strong>s rurais busqu<strong>em</strong> explorar novas alternativas<br />
econômicas para se reproduzir<strong>em</strong>. Percebe-se, <strong>de</strong>ssa forma, que os critérios que<br />
orientam as práticas sucessórias po<strong>de</strong>m se modificar ao longo do t<strong>em</strong>po. Neste primeiro<br />
capítulo discut<strong>em</strong>-se, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>talhada, os fatores que po<strong>de</strong>riam influenciar na<br />
sucessão, consi<strong>de</strong>rando-se tanto a influência <strong>de</strong> fatores ligados à tradição e aos costumes<br />
quanto <strong>de</strong> fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />
Assim, diferent<strong>em</strong>ente do modo como era praticada, a sucessão agrícola ten<strong>de</strong> a<br />
associar-se a uma lógica <strong>de</strong> inserção profissional. Na ca<strong>de</strong>ia produtiva do leite, essa<br />
inserção é configurada por fatores relativos à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, com consi<strong>de</strong>rável influência<br />
da tecnologia utilizada, do tamanho da proprieda<strong>de</strong>, acesso a crédito e educação e da<br />
proximida<strong>de</strong> dos estabelecimentos agropecuários com os centros urbanos, contrapondo-<br />
se aos fatores tradicionais tais como o minorato, no qual o filho mais novo é o escolhido<br />
para ser o sucessor, com a condição <strong>de</strong> cuidar dos pais durante a velhice; a<br />
primogenitura, casamento entre primos; a predileção por sucessores homens e por filhos<br />
18
pouco escolarizados. Enfim, não existe uma única forma <strong>de</strong> sucessão entre os<br />
produtores <strong>de</strong> leite, mas, sim, um conjunto <strong>de</strong> fatores que influenciam no processo<br />
sucessório; fatores que <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> diante <strong>de</strong> complexas e exigentes normas que regulam o<br />
setor frente às expectativas do mercado, mas, também, relacionados ao tradicional modo<br />
<strong>de</strong> vida dos produtores. Para Brumer (2007), seria preciso consi<strong>de</strong>rar que, para além dos<br />
fatores que inci<strong>de</strong>m sobre o processo sucessório, existe, também, a distância entre a<br />
intenção <strong>de</strong> se tornar sucessor e a efetivação do fato. Segundo essa autora, citando<br />
pesquisa realizada na Finlândia por Foxall (1983):<br />
Dados obtidos através <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> painel <strong>de</strong> 348 estabelecimentos, disponíveis<br />
para o período <strong>de</strong> 1996 a 2001, do total <strong>de</strong> entrevistados, 58 (17%) pretendiam fazer<br />
a sucessão <strong>de</strong> seus estabelecimentos nos próximos cinco anos e 290 (83%) não<br />
pretendiam fazer isso. Entre os que pretendiam fazer a sucessão, apenas 18 (31%)<br />
efetivaram seu projeto e entre os que não pretendiam transferir o estabelecimento<br />
para um sucessor a maioria (279 ou 96%) cumpriu o plano, <strong>em</strong>bora 11 (4,0%)<br />
tenham feito a sucessão s<strong>em</strong> tê-la planejado (BRUMER, 2007 apud FOXALL, 1983,<br />
p. 45).<br />
No Brasil, as expectativas dos jovens <strong>em</strong> assumir<strong>em</strong> o lugar dos pais na<br />
proprieda<strong>de</strong> vêm-se reduzindo. Assim, investigar os fatores que possam estar<br />
influenciando na <strong>de</strong>cisão daqueles que manifestaram a intenção <strong>de</strong> gerenciar a<br />
proprieda<strong>de</strong> e com aqueles que já a estão gerenciando po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> fato, fornecer<br />
informações importantes para frear a intensida<strong>de</strong> da diminuição na efetivação do<br />
processo sucessório.<br />
1.1 A influência dos costumes e tradições sobre o processo sucessório<br />
Um dos fatores elencados como po<strong>de</strong>ndo estar relacionado à diminuição do<br />
número <strong>de</strong> efetivos sucessores nas unida<strong>de</strong>s produtivas rurais é o fato <strong>de</strong> os pais<br />
retardar<strong>em</strong> o máximo possível o momento da transmissão do patrimônio, visando<br />
manter sua autorida<strong>de</strong> na proprieda<strong>de</strong>, inclusive na <strong>de</strong>finição das técnicas e formas <strong>de</strong><br />
gestão que serão <strong>em</strong>pregadas no processo produtivo. A tendência a não mudar aquilo<br />
que “está dando certo” funciona como um freio <strong>em</strong> face do <strong>de</strong>sejo dos mais jovens que<br />
prefer<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rnizar e inovar (BRUMER, 2007).<br />
19
O reconhecimento <strong>de</strong> todos esses aspectos abaliza a afirmação <strong>de</strong> que se tornar<br />
o sucessor <strong>em</strong> uma proprieda<strong>de</strong> rural é situação complexa. A certeza que se tinha para o<br />
futuro da proprieda<strong>de</strong> e da família cresce com insegurança. Os filhos manifestam, <strong>de</strong><br />
forma crescente, o interesse pelo trabalho assalariado na cida<strong>de</strong> e pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />
que esta oferece. Hoje, mesmo para os produtores consi<strong>de</strong>rados tecnificados, a sucessão<br />
ainda é um probl<strong>em</strong>a, pois o <strong>de</strong>sinteresse dos filhos <strong>em</strong> continuar<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong><br />
herdada dos pais é consi<strong>de</strong>rável. Nesse sentido, uma pesquisa realizada no Uruguai por<br />
Perrachón, <strong>em</strong> 2011, constatou que 90% dos agricultores <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> se encontravam<br />
entre 46 e 64 anos ou acima <strong>de</strong>sse intervalo. Contudo, o que esperar <strong>em</strong> face do<br />
processo sucessório: a manutenção dos costumes ligados à sucessão, mesmo mediante<br />
as transformações socioeconômicas <strong>em</strong> curso ou a instauração <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />
aculturação gerador da adaptação aos valores e práticas trazidos pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>?<br />
Nesse sentido, seria importante consi<strong>de</strong>rar, segundo Costa (2010), que a<br />
sucessão na agricultura familiar envolve não apenas a transferência <strong>de</strong> um patrimônio e<br />
<strong>de</strong> capital imobilizado ao longo das sucessivas gerações, mas revela, também, a<br />
existência <strong>de</strong> um verda<strong>de</strong>iro código cultural que orienta as escolhas e os procedimentos<br />
dirigidos a garantir que, pelo menos, um dos her<strong>de</strong>iros possa reproduzir a situação<br />
original. Ainda segundo essa autora, citando Brumer (2007), os critérios sucessórios<br />
adotados pelos pais são orientados por fatores tradicionais, mas po<strong>de</strong>m, também, ser<br />
<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> fatores conjunturais que, <strong>de</strong> alguma maneira, a eles se impõ<strong>em</strong>. No<br />
próximo tópico, inicia-se a apresentação dos costumes e tradições relacionados às<br />
práticas sucessórias.<br />
1.1.1 O minorato e a morgadia<br />
Segundo Carneiro (1998), a estratégia sucessória nas famílias rurais europeias<br />
estava estruturada sobre quatro critérios: a condição <strong>de</strong> produção da unida<strong>de</strong>, o número<br />
<strong>de</strong> filhos do casal, <strong>em</strong> especial os do sexo masculino e a sua posição na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
nascimento. O processo sucessório incluía duas fases: a primeira referia-se à escolha do<br />
sucessor, aquele que, além <strong>de</strong> administrar a proprieda<strong>de</strong>, iria herdar a casa, as terras<br />
produtivas, os equipamentos e os “pais”, visto que o sucessor ficava com a obrigação <strong>de</strong><br />
20
<strong>de</strong>les cuidar. A segunda fase referia-se à distribuição dos bens familiares para os <strong>de</strong>mais<br />
her<strong>de</strong>iros. Nesse caso, geralmente os bens eram as terras menos produtivas ou dinheiro:<br />
para estudo, para começar a vida ou para o enxoval, no caso das mulheres. Com relação<br />
ao estabelecimento da sucessão esta, geralmente, ocorria <strong>em</strong> três circunstâncias: a) pelo<br />
casamento do filho sucessor; b) pela aposentadoria ou invali<strong>de</strong>z do chefe da família; ou<br />
c) pela morte do chefe da família.<br />
Para Sacco dos Anjos e Caldas (2006), critérios como o minorato, que<br />
representa a <strong>de</strong>signação, meio sigilosa, mas <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> todos, do filho mais<br />
novo como sucessor, evi<strong>de</strong>nciam a supr<strong>em</strong>acia do padrão tradicional na orientação do<br />
processo sucessório. Outra estratégia utilizada era a primogenitura. Assim, quando uma<br />
filha era a mais velha entre os irmãos, procurava-se arrumar um marido para ela,<br />
geralmente algum primo. Essa estratégia, muito utilizada por colônias al<strong>em</strong>ãs no Sul do<br />
Brasil, visava resolver três probl<strong>em</strong>as ao mesmo t<strong>em</strong>po: o casamento para a filha, o<br />
impedimento <strong>de</strong> que o filho do irmão seguisse o caminho do celibato e a garantia <strong>de</strong> que<br />
a proprieda<strong>de</strong> tivesse um sucessor (WOORTMANN, 1995).<br />
Segundo Santos (1996), a primogenitura era também adotada <strong>em</strong> Portugal. Em<br />
um estudo <strong>de</strong> caso realizado no Entre Douro e Minho, constatou-se que a primogenitura<br />
atendia à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não fragmentar a parte produtiva do estabelecimento<br />
agropecuário. Assim, criou-se o costume <strong>de</strong> que os filhos menores se educariam para se<br />
tornar<strong>em</strong> padres, médicos ou advogados, enquanto o direito à sucessão era majorado ao<br />
filho mais velho. Essa estratégia se baseava no fato <strong>de</strong> que o filho padre abriria mão dos<br />
bens familiares; o médico ou o advogado, pelos rendimentos advindos da profissão,<br />
teria bens próprios suficientes, “justificando”, assim, a partilha <strong>de</strong>sigual e possibilitando<br />
a continuida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s no estabelecimento agropecuário. A estratégia <strong>de</strong><br />
conce<strong>de</strong>r ao filho primogênito o direito à sucessão era <strong>de</strong>nominada no país por<br />
morgadio.<br />
Para Carneiro (1998), a mudança do morgadio para o minorato esteve<br />
associada, <strong>em</strong> muitos contextos, ao fato <strong>de</strong> ter começado a haver a prática <strong>de</strong> se atrasar o<br />
casamento do primogênito até o momento <strong>em</strong> que o pai fosse se retirar da produção.<br />
Assim, a passag<strong>em</strong> da proprieda<strong>de</strong> para o mais novo entre os filhos coincidiria <strong>de</strong> forma<br />
mais próxima com o casamento e a passag<strong>em</strong> para a ida<strong>de</strong> adulta do filho caçula do que<br />
21
do mais velho. Abramovay et al. (1998) também apontaram que o atraso na passag<strong>em</strong><br />
do comando da proprieda<strong>de</strong> favoreceria que a sucessão recaísse sobre o filho mais novo.<br />
Esse atraso, segundo Carneiro (1998), não seria vivido s<strong>em</strong> tensão pela família;<br />
no entanto, as insatisfações por parte dos filhos raramente são manifestadas antes do<br />
falecimento dos pais, pois o controle do patrimônio fundiário é o último e mais forte<br />
controle simbólico e material que o pai exerce sobre a sua família. Em alguns casos, o<br />
filho sucessor, inclusive, já gerencia a proprieda<strong>de</strong>, mas, legalmente, ela ainda<br />
pertenceria a seus pais, o que, inclusive, asseguraria que o filho sucessor cuidaria dos<br />
pais durante a velhice. Nesse caso, mesmo parecendo uma situação humilhante para<br />
todos os filhos, inclusive o sucessor, eles não externam sua insatisfação com a situação,<br />
mais uma vez respeitando a autorida<strong>de</strong> do pai, que nesse ato <strong>de</strong> discriminação com os<br />
<strong>de</strong>mais filhos não sucessores neutraliza possíveis conflitos entre eles.<br />
Mesmo não estando <strong>em</strong> situação confortável, o momento <strong>em</strong> que o filho<br />
sucessor gerenciava a proprieda<strong>de</strong>, ainda sob o comando do pai, lhe era útil para que ele<br />
pu<strong>de</strong>sse acumular recursos para in<strong>de</strong>nizar os <strong>de</strong>mais irmãos quando fosse assumir<br />
legalmente a proprieda<strong>de</strong>. Com o predomínio do minorato, outro fato que indicava<br />
qu<strong>em</strong> seria o sucessor na proprieda<strong>de</strong> era a nomeação <strong>de</strong> um filho específico para<br />
receber o nome do pai. No Brasil, essa estratégia recebeu a <strong>de</strong>nominação também <strong>de</strong><br />
ultimogenitura. A prática <strong>de</strong>ssa estratégia sucessória, além <strong>de</strong> gerar a constituição <strong>de</strong><br />
uma nova família, renovava a força <strong>de</strong> trabalho ali existente (CARNEIRO, 1998).<br />
Entretanto, a prática do minorato punia duplamente os não escolhidos como<br />
sucessores quando estes, além <strong>de</strong> não receber<strong>em</strong> a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens como<br />
herança, eram claramente preteridos da escolha para se tornar<strong>em</strong> sucessores. Esse ato<br />
era inclusive garantido pela Lei <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1938, que <strong>de</strong>fendia a não<br />
fragmentação do patrimônio fundiário e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, garantia aos <strong>de</strong>mais<br />
her<strong>de</strong>iros in<strong>de</strong>nização justa. Essa in<strong>de</strong>nização era, por muitas vezes, realizada com<br />
terras não produtivas, o que na prática favorecia ao her<strong>de</strong>iro-sucessor, ao qual era<br />
garantido também um quarto a mais na divisão do patrimônio <strong>em</strong> relação aos irmãos<br />
(CARNEIRO, 1998).<br />
22
1.1.2 Gênero e casamento<br />
Com relação às relações <strong>de</strong> gênero <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>s rurais, estudos como os <strong>de</strong><br />
Stropassolas (2004) vêm indicando que as mulheres ao saír<strong>em</strong> do campo para estudar ou<br />
trabalhar dificilmente têm regressado. Ao buscar<strong>em</strong> estudo e trabalho na cida<strong>de</strong>, as<br />
mulheres têm <strong>de</strong>monstrado a recusa <strong>em</strong> reproduzir a vida que as suas mães levavam no<br />
campo. No que diz respeito ao processo sucessório no campo, o qual geralmente é<br />
conduzido pelo pai, a escolha por uma mulher como sucessora ocorre apenas na falta do<br />
filho hom<strong>em</strong> (MALÁN, 2005) 6 . Além disso, segundo Woortmann (1995), no processo<br />
sucessório as mulheres, além <strong>de</strong> herdar<strong>em</strong> a terra <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> menor que os seus<br />
irmãos, quando o herdam, não usufru<strong>em</strong> <strong>de</strong> sua parte, pois esta passa a ser administrada<br />
pelo marido.<br />
Nas socieda<strong>de</strong>s rurais tradicionais, a mulher era um objeto importante nas<br />
estratégias <strong>de</strong> casamento. Na França, por ex<strong>em</strong>plo, até antes da Primeira Guerra<br />
Mundial, nas famílias abastadas, nas quais o sucessor era um primogênito, a noiva i<strong>de</strong>al<br />
para esse seria oriunda <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> posses que pu<strong>de</strong>sse pagar um dote à família<br />
do noivo. Esse dote serviria para in<strong>de</strong>nizar os não sucessores. Quando o primogênito <strong>de</strong><br />
uma família abastada era uma mulher, as terras da família po<strong>de</strong>riam ser aumentadas<br />
através da união com outro primogênito ou com um “segundão” que tivesse recebido<br />
dinheiro que servisse para a compra <strong>de</strong> mais patrimônio. Nesse caso, o genro<br />
geralmente ficava sob o po<strong>de</strong>r do pai da esposa até a morte <strong>de</strong>ste, passando a gerir a<br />
proprieda<strong>de</strong> após a morte <strong>de</strong> seu sogro. Ou seja, a mulher praticamente não tinha a<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conduzir ela própria, n<strong>em</strong> mesmo as terras herdadas da sua família,<br />
com raras exceções (CARNEIRO, 1998).<br />
Ainda no que diz respeito ao casamento, assim como o filho mais velho era o<br />
preferido como sucessor <strong>em</strong> algumas estratégias <strong>de</strong> herança no campo; no que diz<br />
respeito ao casamento, a preferência recaía sobre a filha mais velha. Para as famílias<br />
6 Lo normal <strong>em</strong> este sentido, ES que el proceso sucesorio se articule <strong>em</strong> torno a este, quien es el que<br />
<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>, cuando y como se transferirán las responsabilida<strong>de</strong>s sobre la gestión <strong>de</strong> la <strong>em</strong>presa, a los hijos...<br />
<strong>de</strong> este modo la gestión por parte <strong>de</strong> mujeres resulta ser excepcional y geralmente solo posible, <strong>em</strong> casos<br />
<strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> um sucesor váron <strong>em</strong> la familia. Em este sentido se senala, que la mayoria <strong>de</strong> los jóvenes<br />
<strong>de</strong>clara que los padres no han ejercido influencia sobre su didación laboral, lo cual contrasta com las<br />
respuestas <strong>de</strong> la generación anteriror... (MALÁN, 2005, p. 4 e 6).<br />
23
mais ricas, a estratégia era realizar o casamento mais cedo, pois a partilha das terras não<br />
comprometia a reprodução social da nova família. Já para as famílias mais pobres, além<br />
<strong>de</strong> retardar<strong>em</strong> ao máximo o momento da transferência do estabelecimento, é função do<br />
sucessor ajudar nos dotes das irmãs, para só após ter a permissão para assumir a<br />
proprieda<strong>de</strong> (WOORTAMANN, 1995). Essa situação leva à conclusão <strong>de</strong> que para as<br />
famílias mais capitalizadas a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras produtivas disponíveis seria suficiente<br />
para todos os filhos. Já nas famílias mais pobres existiria terra produtiva apenas para o<br />
sucessor, <strong>de</strong>vendo o escolhido contribuir para a in<strong>de</strong>nização, mesmo que simbólica, das<br />
irmãs. Essa tradição “administrada” pela autorida<strong>de</strong> do pai no estabelecimento<br />
colocava-se como tentativa <strong>de</strong>, ao mesmo t<strong>em</strong>po, amenizar possíveis conflitos<br />
<strong>de</strong>correntes da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na hora da partilha, além <strong>de</strong> contribuir para que a(s) filha(s)<br />
tivesse(m) um dote, que po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> incentivo para o casamento <strong>de</strong>la(s) e sua<br />
manutenção no campo.<br />
Nesse sentido, Silvestro et al. (2001) pon<strong>de</strong>raram que, para as mulheres <strong>de</strong><br />
menor renda permanecer<strong>em</strong> no campo, era muito mais uma fatalida<strong>de</strong> do que uma<br />
opção. Ainda segundo esses autores, a falta <strong>de</strong> participação das mulheres no acesso ao<br />
crédito também po<strong>de</strong> ser tomada como forte indicativo <strong>de</strong> que elas não almejass<strong>em</strong><br />
continuar no campo. Em pesquisa realizada no Oeste <strong>de</strong> Santa Catarina, 85% das jovens<br />
entrevistadas nunca fizeram <strong>em</strong>préstimo para investir na proprieda<strong>de</strong>. Carneiro (1998)<br />
relatou a frustração <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong>ssa região <strong>em</strong> ter<strong>em</strong> sido escolhidas como<br />
sucessoras. Em famílias compostas apenas por mulheres, elas se viram obrigadas a<br />
<strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> seus projetos <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado os estudos para cuidar<strong>em</strong> não só <strong>de</strong><br />
seus filhos, mas, também, dos pais durante a velhice. Além disso, não tinham a garantia<br />
legal <strong>de</strong> que herdariam a proprieda<strong>de</strong> dos pais após o falecimento <strong>de</strong>stes.<br />
Para Weisheimer (2007 apud BRUMER, 2004), a participação das mulheres<br />
nas ativida<strong>de</strong>s produtivas no campo ocorre <strong>em</strong> três situações: a) nos trabalhos <strong>de</strong><br />
execução manual, como os <strong>de</strong> limpeza do solo e colheita da produção; b) na limpeza, na<br />
seleção e na <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> da produção; e c) no cuidado e criação dos animais. Segundo<br />
Malán (2005) 7 , mesmo as mulheres participando do processo produtivo, elas<br />
7 Como lo ilustra esta expresión y lo senala Campana al respecto, es usual que la mujer rural tienda a<br />
pensarse a si misma primero como “ama <strong>de</strong> casa” y secundariamente consi<strong>de</strong>rarse como “productora o<br />
trabajadora”: el<strong>em</strong>ento que muchas veces suele invisibilizar el papel productivo que realmente tiene ésta<br />
(MALÁN, 2005, p.26).<br />
24
internalizam a percepção <strong>de</strong> que não faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong>le, que a sua função seria ser “dona<br />
<strong>de</strong> casa” e, secundariamente, ajudar na produção. Reforça essa perspectiva o fato <strong>de</strong><br />
que, <strong>de</strong> acordo com o Censo Agropecuário <strong>de</strong> 2006 (IBGE, 2011), haveria <strong>em</strong><br />
Silveirânia apenas 77 (14,75%) mulheres agricultoras e <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />
apenas 17 (4,74%). No entanto, analisando os dados <strong>de</strong>sse mesmo censo, observou-se<br />
que existiam 276 estabelecimentos agropecuários <strong>em</strong> Silveirânia, sendo 26 (9,42%)<br />
f<strong>em</strong>ininos e 181 estabelecimentos agropecuários <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, sendo<br />
nove (4,97%) f<strong>em</strong>ininos. Esses dados reforçam a teoria sobre a masculinização que<br />
estaria ocorrendo no campo. Já alarmante, vale ressaltar que po<strong>de</strong>riam existir casos <strong>em</strong><br />
que a mulher seja apenas registrada como agricultora para ter acesso aos programas do<br />
governo, por comodida<strong>de</strong> ou por alguma pendência por parte do marido, sendo <strong>de</strong> fato a<br />
ativida<strong>de</strong> produtiva realizada integralmente pelo marido.<br />
Dessa forma, fica evi<strong>de</strong>nte, através dos costumes relativos ao minorato, ao<br />
morgadio e à preferência pelos sucessores do sexo masculino, que a tradição po<strong>de</strong>ria<br />
continuar a fornecer os parâmetros normativos que <strong>de</strong>finiriam o processo sucessório.<br />
Contudo, a força das transformações econômicas e sociais também age sobre as práticas<br />
e tradições, pressionando-as. No próximo it<strong>em</strong> são apresentados os fatores ligados à<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>riam influenciar no processo sucessório, provocando mudanças<br />
nos costumes e tradições até então vigentes.<br />
1.2 A influência dos fatores ligados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sobre o processo sucessório<br />
Outros fatores elencados como po<strong>de</strong>ndo ser intervenientes para a presença do<br />
sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares produtivas <strong>de</strong> leite são aqueles relacionados à<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Segundo Rodrigues (1997), tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> são processos que se<br />
opõ<strong>em</strong>, marcados pela ruptura <strong>de</strong> processos consi<strong>de</strong>rados tradicionais para processos<br />
<strong>de</strong>finidos como mo<strong>de</strong>rnos. A passag<strong>em</strong> do tradicional para o mo<strong>de</strong>rno é um processo<br />
conflituoso, que <strong>de</strong>manda uma necessida<strong>de</strong> intrínseca <strong>de</strong> ultrapassag<strong>em</strong> dos seus valores<br />
reconhecidos. Nesse sentido, seria plausível consi<strong>de</strong>rar que mo<strong>de</strong>rno é tudo o que se<br />
<strong>de</strong>marca <strong>em</strong> relação àquilo que permanece como tradicional, tal como o tradicional é<br />
tudo aquilo que se <strong>de</strong>marca <strong>em</strong> relação àquilo que se apresenta como mo<strong>de</strong>rno.<br />
25
Ressaltou esse autor que, muitas vezes, o retorno a processos tradicionais também<br />
po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado manifestação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />
Traditio, <strong>em</strong> latim, significa a transmissão <strong>de</strong> valores e conhecimentos a<br />
terceiros. Já o termo Mo<strong>de</strong>rnus conduz à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> recente. Valendo-se <strong>de</strong> processos<br />
consi<strong>de</strong>rados como tradicionais, com a utilização <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra familiar e baixo uso<br />
<strong>de</strong> tecnologia, a pecuária leiteira familiar estaria passando por uma re<strong>de</strong>finição dos<br />
i<strong>de</strong>ais mo<strong>de</strong>rnos, sendo influenciada para a mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> seus processos produtivos<br />
através do uso da tecnologia e novas formas <strong>de</strong> gestão. De acordo com Rodrigues<br />
(1997), o esgotamento dos recursos naturais, processos políticos, condições <strong>de</strong> vida da<br />
população e i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> <strong>em</strong>ancipação pesariam sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> romper com um<br />
processo tradicional para o mo<strong>de</strong>rno. Na pecuária leiteira, vale ressaltar que as<br />
Instruções Normativas 51 e 62 vêm exercendo consi<strong>de</strong>rável influência para que os<br />
produtores familiares <strong>de</strong> leite revejam seus costumes, <strong>de</strong>ixando para trás processos<br />
tradicionais e manuais no processo produtivo para o <strong>em</strong>prego da tecnologia e mo<strong>de</strong>rnas<br />
formas <strong>de</strong> gestão. Esse el<strong>em</strong>ento, além <strong>de</strong> melhorar a eficiência dos produtores, po<strong>de</strong>ria<br />
também influenciar na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> continuar na ativida<strong>de</strong> pelos filhos ou outros possíveis<br />
sucessores no estabelecimento.<br />
Para Salomon et al. (1993), a ruptura entre o tradicional e o mo<strong>de</strong>rno criaria<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoria nos padrões <strong>de</strong> vida dos agricultores, sendo a ciência e<br />
tecnologia instrumentos primordiais para a realização <strong>de</strong>ssas expectativas. Entretanto,<br />
ressaltaram esses autores que ciência e tecnologia não po<strong>de</strong>riam ter efeitos socialmente<br />
benéficos se o contexto cultural e político não estivesse preparado para absorvê-las,<br />
sendo esse um processo muito mais difícil e complexo que uma mera transferência <strong>de</strong><br />
recursos.<br />
Para a pecuária leiteira, ciência e tecnologia estariam provocando consi<strong>de</strong>rável<br />
impacto ao reduzir o trabalho físico e melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos produtores.<br />
Entretanto, não se po<strong>de</strong> afirmar que condições para acesso às novas tecnologias<br />
estariam sendo disponibilizadas para os pequenos produtores <strong>de</strong> leite. Ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />
que a tecnologia po<strong>de</strong>ria proporcionar melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida aos produtores, ela<br />
po<strong>de</strong>ria também se transformar <strong>em</strong> fator <strong>de</strong> exclusão para aqueles que não consegu<strong>em</strong><br />
se adaptar ao seu uso, seja por questões tradicionais, <strong>em</strong> não querer mudar uma prática<br />
que consi<strong>de</strong>ravam que “está dando certo”, seja por falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> acesso. Assim,<br />
26
segundo Salomon et al. (1993), a tecnologia po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada, por alguns, como<br />
forma <strong>de</strong> escravização humana e <strong>de</strong>struição, como po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada por outros,<br />
como força libertadora <strong>de</strong> processos tradicionais que gera melhores condições <strong>de</strong> vida<br />
para as pessoas. Para esses autores, fatores sociais e culturais influenciariam o papel que<br />
a ciência e tecnologia <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>. Entretanto, é certo que<br />
políticas públicas, ciência e tecnologia, <strong>em</strong> conjunto, po<strong>de</strong>m transformar estruturas<br />
sociais e modos <strong>de</strong> comportamento.<br />
A adoção da tecnologia isoladamente não implicaria, necessariamente,<br />
mudança social nos agentes envolvidos. Porém, não se po<strong>de</strong> subestimar que a adoção <strong>de</strong><br />
novas tecnologias po<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar e aumentar a eficiência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s tradicionais,<br />
proporcionando formas sustentáveis para exploração dos recursos naturais e provocar a<br />
ruptura nos hábitos e meios <strong>de</strong> subsistência adotados (SALOMON et al., 1993). Para a<br />
pecuária leiteira familiar, a acumulação <strong>de</strong> capital isoladamente não seria consi<strong>de</strong>rada<br />
como garantia <strong>de</strong> crescimento. Valores culturais, como o gosto pela ativida<strong>de</strong>, a<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e a organização do setor, também são fundamentais para satisfazer<strong>em</strong><br />
as necessida<strong>de</strong>s dos agricultores, estimulando-os a continuar na ativida<strong>de</strong>. Assim, para<br />
Salomon et al. (1993) a análise <strong>de</strong> interação entre a socieda<strong>de</strong> e a tecnologia <strong>de</strong>veria ser<br />
realizada, levando-se <strong>em</strong> conta as características <strong>de</strong> cada país ou socieda<strong>de</strong>. Qualquer<br />
que seja o nível tecnológico adotado, o <strong>de</strong>senvolvimento das necessida<strong>de</strong>s dos<br />
agricultores só será alcançado através da mudança do tradicional para o mo<strong>de</strong>rno, e n<strong>em</strong><br />
s<strong>em</strong>pre po<strong>de</strong>rá ser mensurada quantitativamente apenas por indicadores econômicos.<br />
Nesse sentido, torna-se necessário avaliar as implicações futuras sobre duas situações:<br />
como mo<strong>de</strong>rnizar s<strong>em</strong> sacrificar a tecnologia? E como preservar a tradição s<strong>em</strong><br />
comprometer a mo<strong>de</strong>rnização? O dil<strong>em</strong>a relatado se faria jus tendo <strong>em</strong> vista que o<br />
Estado, que <strong>de</strong>veria ser o tomador <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões capaz <strong>de</strong> conduzir todo o processo <strong>de</strong><br />
mudança do tradicional para o mo<strong>de</strong>rno, estaria se tornando cada vez menos influente<br />
no controle <strong>de</strong> fenômenos econômicos, sociais, ambientais ou tecnológicos que ocorr<strong>em</strong><br />
present<strong>em</strong>ente no mundo.<br />
Nesse cenário, conclu<strong>em</strong> Salomon et al. (1993) que a ciência e tecnologia<br />
po<strong>de</strong>m contribuir significativamente para o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>, porém o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento é uma busca incerta, que levanta questionamentos sobre sua<br />
viabilida<strong>de</strong> ou não. A ciência e tecnologia não oferec<strong>em</strong> solução pronta para o probl<strong>em</strong>a<br />
<strong>de</strong> valores, <strong>de</strong>corrente da colisão entre tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Consoante às rupturas<br />
27
trazidas pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a mo<strong>de</strong>rnização, que não se confun<strong>de</strong> com aquela,<br />
envolveria, segundo Solé (1998), além das variações quantitativas nas condições<br />
materiais <strong>de</strong> existência, variações qualitativas nos modos <strong>de</strong> vida, como: alterações nos<br />
valores que orientam as práticas e as atitu<strong>de</strong>s e os comportamentos dos indivíduos. Tais<br />
aspectos serão explanados nos itens que se segu<strong>em</strong>.<br />
1.2.1 A influência da tecnologia e do associativismo na produção leiteira<br />
Po<strong>de</strong>ria, à primeira vista, parecer incoerente admitir que ciência e tecnologia<br />
possam gerar, além das expectativas <strong>de</strong> progressão e êxito nas ativida<strong>de</strong>s, a expectativa<br />
<strong>de</strong> abandono. O fato, porém, é que, às vezes, a mo<strong>de</strong>rnização tecnológica v<strong>em</strong> por força<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações legais, como aconteceu, por ex<strong>em</strong>plo, com a Normativa 51, <strong>de</strong><br />
18/09/2002, voltada para a ativida<strong>de</strong> leiteira, a qual visava alcançar maior controle sobre<br />
os animais e a or<strong>de</strong>nha mecanizada. Os agricultores, diante do imperativo da legislação,<br />
foram obrigados a mudar a sua forma <strong>de</strong> produzir, a fim <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong> às exigências<br />
da normativa, o que resultou na sobrevivência no mercado <strong>de</strong> menor contingente <strong>de</strong><br />
produtores. Silvestro et al. (2001), <strong>em</strong> estudo realizado no Oeste <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />
classificaram os produtores que mudaram a sua forma <strong>de</strong> produção para aten<strong>de</strong>r aos<br />
imperativos da mo<strong>de</strong>rnização agrícola como produtores especializados ou capitalizados.<br />
Os dados apresentados na tabela 5 por Guanziroli et al. (2011) apontaram para esse<br />
cenário <strong>de</strong> redução da participação dos pequenos produtores na ativida<strong>de</strong> leiteira.<br />
Tabela 5 – Participação na produção animal<br />
Tipo <strong>de</strong> produção animal 1996 2006<br />
Pecuária <strong>de</strong> corte 23,64 16,65<br />
Pecuária <strong>de</strong> leite 52,05 38,88<br />
Suínos 58,46 52,45<br />
Aves 39,86 30,34<br />
Fonte: GUANZIROLI et al., 2011.<br />
28
Já no Uruguai, segundo Malán (2005) 8 , on<strong>de</strong> a pecuária leiteira também passou<br />
por consi<strong>de</strong>rável mo<strong>de</strong>rnização, com melhorias no manejo do rebanho, a introdução do<br />
uso da genética para a apuração da raça, das melhorias no transporte, do uso <strong>de</strong><br />
equipamentos para resfriar o leite e da utilização da or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira para facilitar o<br />
trabalho do produtor, tiveram efeito positivo sobre os pequenos produtores, que não<br />
foram excluídos do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização; pelo contrário, melhoraram as suas<br />
expectativas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong>. Nesse sentido, Stropasolas (2011) chamou a<br />
atenção para o fato <strong>de</strong> que a adoção <strong>de</strong> tecnologia pelos pequenos produtores po<strong>de</strong>ria,<br />
sim, melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>les, mas, ainda assim, <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas ativida<strong>de</strong>s,<br />
como a pecuária leiteira, a necessida<strong>de</strong> do trabalho diário, incluindo os finais <strong>de</strong><br />
s<strong>em</strong>ana, continuaria a se constituir <strong>em</strong> um fator <strong>de</strong>sestimulante para os jovens, mesmo<br />
para aqueles inseridos <strong>em</strong> estabelecimentos economicamente viáveis.<br />
Outro aspecto levantado por L<strong>em</strong>os (2010) que não se refere diretamente a<br />
esses fatores culturais relacionados às expectativas dos jovens rurais quanto à ativida<strong>de</strong><br />
leiteira diz respeito ao fato <strong>de</strong> que, mesmo consi<strong>de</strong>rando que a tecnologia possa<br />
melhorar a condição <strong>de</strong> trabalho dos produtores rurais, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ela é <strong>de</strong>senvolvida<br />
<strong>de</strong> forma a cont<strong>em</strong>plar os pequenos produtores, não sendo compatível com as suas<br />
necessida<strong>de</strong>s. Além disso, segundo o referido autor, apenas o acesso à tecnologia <strong>de</strong><br />
produção não seria suficiente para a manutenção <strong>de</strong>sses produtores no mercado, visto<br />
que seria necessário a eles o acesso às estratégias <strong>de</strong> gestão do estabelecimento, as quais<br />
eram ignoradas por parte significativa dos agricultores.<br />
Para Buainain (2007), uma possível alternativa para aumentar os ganhos seria o<br />
associativismo, prática utilizada pelos agricultores europeus no passado para enfrentar<br />
as crises na agricultura e, também, por quase a meta<strong>de</strong> dos agricultores familiares no Sul<br />
do Brasil. O associativismo, além <strong>de</strong> gerar ganhos <strong>de</strong> escala, po<strong>de</strong> também reduzir os<br />
custos dos insumos utilizados na pecuária familiar. As associações <strong>de</strong> pequenos<br />
produtores têm exercido importante papel com a utilização <strong>de</strong> tanques coletivos, o que,<br />
8 Dicho mo<strong>de</strong>lo consistió básicamente entre otros cambios en: la incorporación <strong>de</strong> pra<strong>de</strong>ras artificiales<br />
plurianuales, que permitiron mejorar y estabilizar la oferta forrajera; avances <strong>em</strong> las prácticas sanitárias;<br />
el mejoramiento en la base genética <strong>de</strong>l ganado y <strong>em</strong> su manejo reprodutivo; introducción <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>ne, equipos <strong>de</strong> frio y transporte, etc. a<strong>de</strong>más outra <strong>de</strong> las características que fueron <strong>de</strong>stacables, fue<br />
que durante el proceso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnización la lecheria no margino a la pequena producción, sino que por el<br />
contrario capto un número importante <strong>de</strong> productores familiares, que adoptó esta actividad al ser<br />
<strong>de</strong>splazados <strong>de</strong> otros rubros (MALÁN,1995, p. 11).<br />
29
além <strong>de</strong> gerar redução nos custos e ganho <strong>de</strong> escala na revenda do leite, fortaleceria a<br />
relação entre os produtores e os possíveis sucessores no estabelecimento.<br />
Para além das práticas associativistas, a adoção <strong>de</strong> tecnologias acessíveis aos<br />
pequenos produtores t<strong>em</strong> sido apontada como capazes <strong>de</strong> dinamizar a ativida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong><br />
como melhorar a sua expectativa futura <strong>em</strong> relação à produção leiteira. Têm sido citadas<br />
na literatura especializada as seguintes formas <strong>de</strong> manejo, práticas e uso <strong>de</strong> tecnologia: o<br />
sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha mecânica, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> este ser percebido como capaz <strong>de</strong> reduzir a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra; a realização <strong>de</strong> duas or<strong>de</strong>nhas diárias, <strong>em</strong><br />
razão da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento da produtivida<strong>de</strong>; o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reprodução por<br />
ins<strong>em</strong>inação artificial; o manejo dos bezerros; e o manejo geral do rebanho, sendo<br />
todas essas práticas voltadas para a busca <strong>de</strong> maior racionalida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong> (RUAS,<br />
2010) 9 . Entretanto, os dados levantados por Guanziroli et al. (2011) referentes ao uso <strong>de</strong><br />
tecnologia entre os agricultores familiares indicam um quadro b<strong>em</strong> diferente <strong>em</strong> relação<br />
à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses (Quadro 6).<br />
Tabela 6 – Uso <strong>de</strong> tecnologia entre os agricultores familiares no Brasil<br />
Variáveis Selecionadas 1996 2006<br />
Utiliza assistência técnica 16,67 20,88<br />
Associado à cooperativa 12,63 4,18<br />
Usa energia elétrica 36,63 74,1<br />
Força animal 22,67 38,75<br />
Força mecânica 27,5 30,21<br />
Força manual 49,83 31,04<br />
Usa irrigação 4,92 6,23<br />
Usa adubos e corretivos 36,73 37,79<br />
Fonte: GUANZIROLI et al., 2011.<br />
Esses dados, por si, já dão uma dimensão do quanto o processo sucessório<br />
entre produtores <strong>de</strong> leite po<strong>de</strong>ria ser afetado pelo baixo nível tecnológico presente nas<br />
ativida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>.<br />
9 Para Queiroz (2010), outro mo<strong>de</strong>lo que melhoraria a eficiência dos agricultores familiares seria o uso <strong>de</strong><br />
sist<strong>em</strong>as silvipastoris (SSPs). Para a pecuária familiar, uma opção seria a Integração Lavoura Pecuária<br />
(ILP), que propõe a introdução <strong>de</strong> fileiras <strong>de</strong> eucaliptos entre a lavoura e o pasto. Nesse caso, a lavoura<br />
po<strong>de</strong>ria custear a recuperação do pasto e as árvores representariam uma opção <strong>de</strong> renda futura, s<strong>em</strong> a<br />
perda da renda obtida com o uso do pasto.<br />
30
1.2.2 Crédito<br />
Segundo Mingatto (2005), as alterações no ambiente institucional na pecuária<br />
leiteira dividiram o setor, aumentando a informalida<strong>de</strong> entre os produtores <strong>de</strong> leite, uma<br />
vez que as alterações não foram acompanhadas pela oferta <strong>de</strong> crédito e capacitação para<br />
os pequenos produtores. Nesse sentido, com o intuito <strong>de</strong> alavancar o segmento, o<br />
<strong>Programa</strong> Nacional <strong>de</strong> Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) começou a<br />
ofertar aos agricultores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> financiamentos com baixas taxas<br />
<strong>de</strong> juros. Para Mattei (2006), o programa, presente <strong>em</strong> quase todos os municípios<br />
brasileiros, veio aten<strong>de</strong>r a uma antiga reivindicação dos pequenos produtores rurais que,<br />
secularmente marginalizada pelas políticas públicas fe<strong>de</strong>rais, <strong>de</strong>mandavam a<br />
implantação <strong>de</strong> políticas públicas para o setor, que, <strong>de</strong> acordo com o Censo<br />
Agropecuário 2006, representava 84,4% dos produtores rurais.<br />
Segundo Mattei (2006), o PRONAF estruturou-se, a partir <strong>de</strong> 2003, com quatro<br />
linhas <strong>de</strong> crédito: a) financiamento da produção; b) financiamento <strong>de</strong> infraestrutura e<br />
serviços municipais; c) capacitação e profissionalização dos agricultores familiares; e d)<br />
financiamento da pesquisa e extensão rural. Embora essas linhas <strong>de</strong> crédito tenham<br />
sofrido algumas modificações, especialmente no que diz respeito à rubrica <strong>de</strong>stinada aos<br />
serviços municipais, que foi <strong>de</strong>slocada para programas <strong>de</strong> caráter territorial, saindo do<br />
Pronaf, o programa v<strong>em</strong> mantendo a sua estrutura básica, com mudanças efetivadas ao<br />
longo <strong>de</strong>sse período para a correção <strong>de</strong> distorções relativas à concentração na<br />
distribuição dos recursos.<br />
No Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, por ex<strong>em</strong>plo, apenas 5,5% do crédito era utilizado<br />
pelos pequenos produtores. Ainda <strong>de</strong> acordo com esses autores, o programa apresenta<br />
maiores avanços quantitativos do que qualitativos, pois a oferta <strong>de</strong> crédito se dá<br />
<strong>de</strong>sacompanhada <strong>de</strong> exigências específicas para a sua aplicação, como a<strong>de</strong>quação à<br />
legislação sanitária, fiscal e trabalhista, a capacitação do trabalhador rural e a<br />
impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> infraestrutura básica (estradas <strong>em</strong> boa condição <strong>de</strong> escoamento e<br />
circulação do produto, saneamento básico, energia etc.). Essa lacuna t<strong>em</strong> dificultado o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do setor (AZEVEDO; PESSOA, 2011).<br />
31
A <strong>de</strong>speito disso, segundo Mattei (2006), o programa gerou efeitos positivos<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento dos agricultores familiares, capitalizando e aumentando a<br />
produtivida<strong>de</strong> no campo brasileiro, melhorando, assim, as perspectivas dos futuros<br />
sucessores. Segundo esse autor, <strong>em</strong> 10 anos <strong>de</strong> existência o programa tornou-se<br />
referência para o <strong>de</strong>senvolvimento da agricultura familiar nacional. A análise<br />
comparativa, realizada por Guanziroli et al. (2011), da agricultura familiar no Brasil<br />
entre 1996, ano do início do PRONAF, e 2006, ano <strong>de</strong> publicação dos dados do Censo<br />
Agropecuário, indicou a seguinte configuração <strong>de</strong>ssa agricultura.<br />
Tabela 7 – Participação dos estabelecimentos familiares brasileiros<br />
Variável 1996 2006<br />
Percentual <strong>de</strong> estabelecimentos familiares 85,17 87,48<br />
Percentual da área dos estabelecimentos familiares 30,48 32,36<br />
Percentual <strong>de</strong> VBP familiares 37,91 39,68<br />
Percentual pessoal ocupado 76,85 77,99<br />
Fonte: GUANZIROLI et al., 2011.<br />
VBP (Valor Bruto da Produção).<br />
Segundo Buainain (2007), entretanto, a ausência <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los eficazes <strong>de</strong> gestão<br />
e a iminência <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> insegurança alimentar po<strong>de</strong>riam levar os agricultores<br />
familiares a produzir<strong>em</strong> somente para a subsistência e até <strong>de</strong>sviar<strong>em</strong> recursos oriundos<br />
<strong>de</strong> créditos que <strong>de</strong>veriam ser utilizados para investimentos na proprieda<strong>de</strong>. No que diz<br />
respeito às questões relacionadas ao processo sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong><br />
leite, consi<strong>de</strong>ra-se que os investimentos no estabelecimento, através do crédito, po<strong>de</strong>m<br />
melhorar as condições <strong>de</strong> trabalho do produtor e sua eficiência na ativida<strong>de</strong>,<br />
constituindo-se, assim, <strong>em</strong> fatores fundamentais para estimular os futuros sucessores.<br />
1.2.3 A relativização do tamanho da proprieda<strong>de</strong> para a sucessão e a influência da<br />
proximida<strong>de</strong> dos centros urbanos e do acesso à escolarida<strong>de</strong><br />
De acordo com Romeiro (2007) e Silvestro et al. (2001), <strong>em</strong> um rural<br />
tradicional o tamanho da proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria influenciar diretamente nos resultados<br />
obtidos pelos agricultores familiares e na <strong>de</strong>cisão sobre como seria conduzido o<br />
processo sucessório. Assim, uma proprieda<strong>de</strong> com tamanho reduzido po<strong>de</strong>ria não ser<br />
32
sustentável economicamente se dividida entre todos os her<strong>de</strong>iros. Para Woortmann<br />
(1995), a diminuição no número <strong>de</strong> filhos das famílias no campo estaria diretamente<br />
ligada à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras hoje disponíveis.<br />
Segundo Ruas (2010), no Brasil a área média dos estabelecimentos familiares<br />
seria <strong>de</strong> 18,37 ha, enquanto nos não familiares, 309,18 ha. Observou-se que entre os<br />
agricultores familiares a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras seria insuficiente para a divisão entre os<br />
her<strong>de</strong>iros, pois po<strong>de</strong>ria não existir terras produtivas para todos. Na pesquisa realizada<br />
por Perrachón (2011), no Uruguai, mesmo sendo a minoria no país, entre os agricultores<br />
familiares pesquisados não existiam agricultores com área inferior a 100 ha, e 61,3%<br />
possuíam área entre 100 e 500 ha para <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s. Nesse caso,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que produtivas, o tamanho da proprieda<strong>de</strong> também po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado<br />
suficiente para a divisão entre os possíveis her<strong>de</strong>iros.<br />
Para Carneiro (1998), o tamanho da proprieda<strong>de</strong> isolado não explicaria como<br />
os produtores <strong>de</strong>terminam as estratégias para a sucessão. Outros fatores como as<br />
questões relacionadas à educação e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> sucesso profissional interferiria na<br />
<strong>de</strong>cisão sobre a sucessão. Segundo Carneiro (2001), o maior nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego na cida<strong>de</strong> seriam consi<strong>de</strong>rados como meio <strong>de</strong><br />
ascensão social por parte dos rurais. O estudo que era compreendido como uma forma<br />
<strong>de</strong> herança para os filhos que não se tornariam sucessores passa a ser percebido como<br />
uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “melhorar <strong>de</strong> vida”, inclusive pelos pretensos sucessores. Segundo<br />
Stropasolas (2011), as mulheres investiriam mais na educação do que os homens,<br />
sobretudo para se preparar<strong>em</strong> para o mercado <strong>de</strong> trabalho na cida<strong>de</strong>. Em Minas Gerais,<br />
jovens filhos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> leite com maior nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e que participavam<br />
<strong>de</strong> alguma ativida<strong>de</strong> no processo produtivo acreditavam que realizar estudos técnicos ou<br />
<strong>de</strong> nível superior na área <strong>de</strong> ciências agrárias po<strong>de</strong> diminuir o trabalho pesado exigido<br />
pela ativida<strong>de</strong>. Para os jovens com nível <strong>de</strong> educação superior, aspectos educacionais<br />
associados às informações <strong>de</strong> mercado, gerência e qualida<strong>de</strong> foram consi<strong>de</strong>rados<br />
fundamentais para o exercício da ativida<strong>de</strong> leiteira (TEIXEIRA et al., 2012).<br />
Para Stropasolas (2010), <strong>em</strong>bora tenha aumentado a renda das famílias no<br />
campo, a <strong>de</strong>svalorização da profissão <strong>de</strong> agricultor e a falta <strong>de</strong> opções no campo, no que<br />
se refere a lazer e à pouca disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po livre, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
realização <strong>de</strong> trabalho, inclusive, nos finais <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana, têm levado os pais a<br />
33
incentivar<strong>em</strong> os filhos a estudar<strong>em</strong> e a buscar<strong>em</strong> uma profissão alternativa à agricultura.<br />
Essa busca estaria, sobretudo, correlacionada com as mulheres, que percebiam as<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s a que estavam submetidas no meio rural.<br />
Nesse sentido, Brumer (2007) afirmou que os jovens, entre 15 e 24 anos,<br />
seriam os mais influenciados pelas mudanças trazidas pelo processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />
por que passava o campo no Brasil. Segundo ela, os jovens que viv<strong>em</strong> no campo<br />
<strong>de</strong>sejam o acesso aos bens <strong>de</strong> consumo e lazer, manifestando, <strong>de</strong> forma mais intensa que<br />
outros segmentos etários, uma tendência migratória. O fato <strong>de</strong> enxergar<strong>em</strong> na cida<strong>de</strong><br />
melhores oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego, <strong>de</strong> vida, acesso a bens <strong>de</strong> consumo e lazer, além <strong>de</strong><br />
acesso aos serviços públicos, seriam <strong>de</strong>terminantes para isso. Tais perspectivas e<br />
anseios por parte dos jovens rurais po<strong>de</strong>riam se constituir, portanto, <strong>em</strong> fatores<br />
intervenientes no processo sucessório <strong>em</strong> estabelecimentos agropecuários.<br />
Segundo Silvestro et al. (2001), o fato <strong>de</strong> o jov<strong>em</strong> se vislumbrar na cida<strong>de</strong> e<br />
não no campo como sucessor po<strong>de</strong>ria fazer que ele <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> se preparar para essa<br />
função. Segundo esses autores, os jovens que se capacitass<strong>em</strong> para gerenciar o<br />
estabelecimento agropecuário apresentariam menores chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a proprieda<strong>de</strong><br />
do que aqueles que não se capacitass<strong>em</strong>. Assim, avaliar a vida na cida<strong>de</strong> como mais<br />
vantajosa para si do que a vida no campo po<strong>de</strong>ria constituir fator interveniente no<br />
processo sucessório.<br />
Mediante tais consi<strong>de</strong>rações, seria pertinente consi<strong>de</strong>rar, também, que os<br />
processos culturais, políticos e econômicos do mundo cont<strong>em</strong>porâneo, como a<br />
globalização, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego estrutural, as migrações nacionais e internacionais etc.,<br />
envolveriam todos os indivíduos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> estar<strong>em</strong> na cida<strong>de</strong> ou no<br />
campo. No entanto, <strong>em</strong> face <strong>de</strong>sses processos que envolveriam transformações<br />
estruturais, as tradições dos rurais não seriam soterradas ou dissolvidas. Suas<br />
percepções e seus comportamentos seriam reelaborados <strong>de</strong> formas ativa e consciente.<br />
As suas avaliações e julgamentos <strong>em</strong> relação aos processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />
<strong>de</strong>monstrariam a sua condição <strong>de</strong> agentes sociais envolvidos <strong>em</strong> processos <strong>em</strong> níveis<br />
local e global, capazes <strong>de</strong> efetivar as escolhas “possíveis” <strong>em</strong> face das transformações<br />
vividas (BRUMER, 2007).<br />
34
Seria pertinente também consi<strong>de</strong>rar, ainda, que a proximida<strong>de</strong> com os centros<br />
urbanos se apresentaria, cada vez mais intensa, modificando os modos <strong>de</strong> vida das<br />
pessoas que viv<strong>em</strong> no campo. Segundo Rambaud (1969), <strong>em</strong> seu estudo da socieda<strong>de</strong><br />
rural da França, na década <strong>de</strong> 1960, isso aconteceria porque os rurais avaliariam <strong>de</strong><br />
forma positiva o acesso à tecnologia poupadora <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra e potencializadora da<br />
produtivida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como o acesso aos bens duráveis, como carro, moto, trator etc., e a<br />
outros bens <strong>de</strong> consumo, como eletrodomésticos, televisão, telefone, internet e tudo que<br />
pu<strong>de</strong>sse favorecer a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no campo, segundo seu julgamento.<br />
A busca por qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e melhores condições <strong>de</strong> trabalho e r<strong>em</strong>uneração<br />
constituiria, aliás, segundo Ruas (2010), uma das razões pelas quais a ativida<strong>de</strong> leiteira<br />
estaria per<strong>de</strong>ndo a atrativida<strong>de</strong> entre os jovens rurais. Tradicionalmente, a ativida<strong>de</strong><br />
leiteira, no Brasil, v<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> baixo uso <strong>de</strong> tecnologia, <strong>de</strong>vido à<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> terras marginais e pastos nativos pelos agricultores, a fim<br />
<strong>de</strong> minimizar seus custos e resistir às variações dos preços. Entretanto, essa conduta ao<br />
largo do aparato tecnológico teria resultado na utilização <strong>de</strong> práticas penosas <strong>de</strong> trabalho<br />
e exigiriam longa jornada diária, que se iniciaria ainda <strong>de</strong> madrugada e terminaria já à<br />
noite. Apesar disso, esses aspectos resultaram <strong>em</strong> baixa rentabilida<strong>de</strong>, fatores mais do<br />
que suficientes para <strong>de</strong>sestimular o interesse dos jovens pela ativida<strong>de</strong>. Assim, as<br />
agências <strong>de</strong> extensão rural, como a EMATER <strong>de</strong> Minas Gerais, vêm atuando no sentido<br />
<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar as práticas relacionadas à ativida<strong>de</strong> leiteira às mo<strong>de</strong>rnas formas <strong>de</strong> gestão e<br />
às tecnologias utilizadas não apenas para aumentar a sua eficiência produtiva, mas,<br />
também, para que os filhos dos produtores possam almejar continuar na ativida<strong>de</strong>.<br />
35
CAPÍTULO II<br />
A INFLUÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E DAS PRÁTICAS DE<br />
CAPACITAÇÃO PARA A SUCESSÃO NA PECUÁRIA LEITEIRA<br />
Segundo Nogueira (2012), a pecuária leiteira brasileira estaria diante <strong>de</strong> boas e<br />
oportunas chances. O preço recebido pelo produtor encontra-se no maior nível nos<br />
últimos 12 anos. Entretanto, apesar dos preços mais elevados, as margens <strong>de</strong> lucro dos<br />
produtores vêm recuando ano a ano. Tal recuo se explicaria pelo aumento superior dos<br />
custos diante da receita, tendo como <strong>de</strong>staque o preço do milho e da mão <strong>de</strong> obra. Esta<br />
última se revela menor e pouco qualificada, sendo exercida, muitas vezes, apenas pelo<br />
proprietário, que, além <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r contar com ajuda na produção, percebe que a<br />
continuida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> estar comprometida.<br />
Assim, busca-se, neste capítulo, <strong>de</strong>screver as politicas públicas que po<strong>de</strong>riam<br />
influenciar no processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite nos<br />
municípios on<strong>de</strong> a pesquisa foi realizada, tais como programas <strong>de</strong> capacitação para os<br />
produtores e seus filhos, possíveis sucessores, para que os mesmos produzam <strong>de</strong> acordo<br />
com as atuais normas sanitárias, adoção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> pagamento por qualida<strong>de</strong> e as<br />
principais carências do setor, apontadas no censo agropecuário <strong>de</strong> 2006, para o estado<br />
<strong>de</strong> Minas Gerais.<br />
Ainda segundo Nogueira (2012), o Brasil possuiria produtores altamente<br />
tecnificados e gerenciariam suas proprieda<strong>de</strong>s com maior eficiência do que qualquer<br />
produtor <strong>de</strong> qualquer parte do mundo. Entretanto, possuiria também produtores que se<br />
enquadrariam <strong>em</strong> um cenário <strong>de</strong> produção rural da Ida<strong>de</strong> Média e necessitariam<br />
urgent<strong>em</strong>ente mudar o seu modo <strong>de</strong> produção, por questões <strong>de</strong> segurança alimentar e<br />
sobrevivência no mercado. Com o intuito <strong>de</strong> regular e melhorar a qualida<strong>de</strong> da pecuária<br />
leiteira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou a<br />
Instrução Normativa nº 51/2002.<br />
De acordo com Bourroul (2012), pela IN 51, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011 o leite<br />
entregue à indústria <strong>de</strong>veria ter no máximo 400 mil/ml <strong>de</strong> Contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Células<br />
36
Somáticas (CCS) e 100 mil/ml <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s Formadoras <strong>de</strong> Colônias <strong>de</strong> Bactérias<br />
(CBT). Porém, pesquisa realizada pela Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite revelou que 45% dos<br />
rebanhos analisados ainda não atendiam às exigências da normativa. Assim, no dia 30<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2011, o MAPA publicou a IN 62, que prorrogou para 2016 o prazo para<br />
que os produtores atingiss<strong>em</strong> o valor máximo <strong>de</strong> 400 mil/ml <strong>de</strong> CCS e 100 mil/ml <strong>de</strong><br />
CBT. A justificativa para tais exigências expressas na normativa era <strong>de</strong> que os valores<br />
<strong>de</strong> CCS e CTB impactariam na vida útil e sabor do leite produzido.<br />
Para atingir esse patamar <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, algumas políticas públicas foram<br />
consi<strong>de</strong>radas fundamentais pela Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite, como: a) criação <strong>de</strong> um<br />
<strong>Programa</strong> Nacional <strong>de</strong> Controle e Prevenção da Mastite; b) investimentos <strong>em</strong> energia<br />
elétrica e estradas; c) capacitação para os técnicos <strong>em</strong> extensão rural; d) melhoria do<br />
acesso ao crédito para a produção <strong>de</strong> leite; e) treinamento do or<strong>de</strong>nhador; e f) incentivo<br />
às <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> lácteos a adotar<strong>em</strong> programas <strong>de</strong> pagamento por qualida<strong>de</strong> (BOURROU,<br />
2012).<br />
Segundo Silvestro et al. (2001), existiria ampla <strong>de</strong>manda para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas para capacitar os jovens produtores rurais, a fim<br />
<strong>de</strong> que estes pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> melhorar a geração <strong>de</strong> renda na proprieda<strong>de</strong>. Ainda segundo os<br />
autores, faltariam políticas públicas voltadas para a sucessão familiar, preparando os<br />
filhos que assumirão a proprieda<strong>de</strong>. Os jovens rurais entre 15 e 24 anos não estariam<br />
sendo incluídos satisfatoriamente nas políticas públicas voltadas para o campo. Esse<br />
fato, aliado ao envelhecimento e masculinização da população no campo e ao cenário <strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>pobrecimento <strong>de</strong> grupos sociais rurais, <strong>de</strong>sestimularia os jovens, comprometendo,<br />
assim, a sucessão nos estabelecimentos rurais (STROPASOLAS, 2010). O <strong>de</strong>poimento<br />
<strong>de</strong> um dos entrevistados, <strong>em</strong> Silveirânia, corrobora essa perspectiva apontada por<br />
Stropasolas (2010). Segundo o entrevistado, todos os dias ele “força” que o casal <strong>de</strong><br />
filhos os aju<strong>de</strong> na or<strong>de</strong>nha para estimulá-los a tomar gosto pela ativida<strong>de</strong>, mas a<br />
sensação é <strong>de</strong> que os filhos <strong>de</strong>ixarão o campo futuramente.<br />
Segundo Bonnal (2007), novos t<strong>em</strong>as <strong>de</strong>veriam ser colocados <strong>em</strong> discussão ao<br />
se <strong>de</strong>finir<strong>em</strong> as políticas públicas para o campo, entre os quais as questões <strong>de</strong> gênero e<br />
sucessão. Para Brumer (2007), <strong>em</strong> se tratando do t<strong>em</strong>a sucessão no campo, novas<br />
políticas seriam necessárias, tendo <strong>em</strong> vista a mudança nos padrões sucessórios <strong>de</strong>vida,<br />
<strong>em</strong> parte, à significativa redução no número <strong>de</strong> filhos e, <strong>em</strong> parte, a mudanças nas<br />
37
elações familiares, que possibilit<strong>em</strong> aos jovens buscar alternativas individualizadas <strong>em</strong><br />
relação ao seu futuro, principalmente para aqueles que resi<strong>de</strong>m próximos aos centros<br />
urbanos. Para essa autora, a maioria dos agricultores brasileiros proprietários t<strong>em</strong> um<br />
sucessor, enquanto os que ainda não o possu<strong>em</strong> têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazê-lo, no<br />
momento oportuno, entre seus her<strong>de</strong>iros. Entretanto, é importante a criação <strong>de</strong> projetos<br />
com ênfase na análise <strong>de</strong> processos concretos <strong>de</strong> sucessão ou não sucessão dos<br />
estabelecimentos familiares. Esses estudos <strong>de</strong>veriam ser realizados <strong>em</strong> regiões diversas<br />
do Brasil, focalizando diferentes arranjos econômicos e situações familiares.<br />
Segundo Comeford (2007), na região da Zona da Mata mineira, observa-se<br />
uma conciliação entre o direito legal e as expectativas costumeiras das famílias para<br />
elaborar<strong>em</strong> qual será a estratégia sucessória no campo. Conseguir conduzir um bom<br />
processo <strong>de</strong> sucessão significa importante valoração moral e um acúmulo <strong>de</strong> reputação,<br />
mesmo que, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> dimensão física e valor econômico, o patrimônio fundiário<br />
seja pequeno. Esse autor relata dois casos na região da Zona da Mata mineira, <strong>em</strong> que os<br />
interesses pessoais se sobrepuseram ao coletivo, o que gerou a partilha <strong>de</strong>sigual após o<br />
falecimento dos pais, sendo beneficiado aquele que cuidou dos pais durante a velhice,<br />
s<strong>em</strong> ser o administrador da proprieda<strong>de</strong>. Após a divisão, o her<strong>de</strong>iro que ficou com a<br />
maior parte veio a vendê-la para seu vizinho, <strong>de</strong>sintegrando o patrimônio fundiário e o<br />
relacionamento entre o restante da família, que não concordava com a atitu<strong>de</strong>, mas<br />
legalmente nada po<strong>de</strong>ria fazer. Observa-se, no caso relatado, o <strong>de</strong>sinteresse do filho(a)<br />
que cuidou dos pais durante a velhice e foi cont<strong>em</strong>plado com uma parcela a mais na<br />
herança. Entretanto, a ativida<strong>de</strong> leiteira não faria parte do futuro almejado por esse<br />
filho(a), que ao ven<strong>de</strong>r sua parte na herança impossibilitou que os <strong>de</strong>mais irmãos,<br />
inclusive aquele que já administrava a proprieda<strong>de</strong>, continuass<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong>.<br />
Situações <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> interesse pela proprieda<strong>de</strong> seriam minimizadas, segundo<br />
Varella (2008), com o aumento da produção e do preço recebido pelo produtor, <strong>em</strong><br />
virtu<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> um ciclo virtuoso que passaria pelo estímulo a<br />
investimentos e a permanência do produtor e do futuro sucessor na proprieda<strong>de</strong>.<br />
Segundo Lima et al. (2010 apud FAGUNDES, 2005), os baixos e <strong>de</strong>fasados preços<br />
recebidos dificultariam que os produtores realizass<strong>em</strong> investimentos para se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong><br />
às normas para a produção e comercialização do leite. Nesse sentido, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
laticínios instalados na região seria essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento dos produtores e<br />
para a manutenção <strong>de</strong>les no mercado formal. Assim, segundo Lima et al. (2010), tornar-<br />
38
se-ia necessária a capacitação dos produtores para a sua inserção ou continuida<strong>de</strong> no<br />
mercado, citando como ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> Minas Gerais, o projeto <strong>Programa</strong> <strong>de</strong><br />
Desenvolvimento da Pecuária Leiteira, fomentado pela Nestlé <strong>em</strong> parceria com as<br />
Universida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Viçosa (MG) e <strong>de</strong> Goiânia (GO). O programa, por meio da<br />
extensão rural, além <strong>de</strong> preparar melhor o estudante, levaria ao produtor leiteiro o<br />
conhecimento tecnológico que permitiria o seu crescimento e continuida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong>.<br />
De acordo com o site da Nestlé (2012), o programa seria executado com produtores que<br />
<strong>de</strong>monstrass<strong>em</strong> interesse <strong>em</strong> participar e possuíss<strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong> nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
uma das universida<strong>de</strong>s parceiras. O auxílio seria dado por meio <strong>de</strong> assistência técnica às<br />
proprieda<strong>de</strong>s, realizada por estudantes dos últimos anos <strong>de</strong> Medicina Veterinária,<br />
Agronomia, Zootecnia, Tecnologia <strong>em</strong> Laticínios, Engenharia <strong>de</strong> Alimentos e<br />
Agrimensura, sob a orientação <strong>de</strong> técnicos do projeto e professores das universida<strong>de</strong>s.<br />
Projetos <strong>de</strong> capacitação como esses com os pequenos produtores <strong>de</strong> leite têm<br />
sido apontados, na literatura, como tendo ressonância para o processo sucessório <strong>em</strong><br />
virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> possibilitar a transferência <strong>de</strong> tecnologia para os produtores e melhorar a sua<br />
capacitação gerencial, o que resultaria no crescimento da ativida<strong>de</strong> leiteira, no aumento<br />
<strong>de</strong> sua competitivida<strong>de</strong> e na melhoria da expectativa dos agricultores <strong>em</strong> relação à sua<br />
permanência na ativida<strong>de</strong> 10 . Segundo Lima et al. (2010), observaram-se maior nível <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong> e menor ida<strong>de</strong> entre os produtores que <strong>de</strong>cidiram participar do programa.<br />
Para Silvestro et al. (2001), os produtores, ao se capacitar<strong>em</strong>, aumentam suas<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se capitalizar<strong>em</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, diminu<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as<br />
enfrentados <strong>em</strong> relação à sucessão <strong>em</strong> seus estabelecimentos.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas proativas avessas ao comportamento passivo <strong>de</strong><br />
esperar receber do Estado o amparo necessário faria parte do perfil produtivo favorável<br />
à manutenção na ativida<strong>de</strong> leiteira e à efetivação do seu sucessor. Em Minas Gerais,<br />
analisando 615 produtores assistidos pelo programa <strong>de</strong> capacitação impl<strong>em</strong>entado pelo<br />
Educampo <strong>em</strong> parceria com o SEBRAE-MG nos anos <strong>de</strong> 2009 e 2010, concluiu-se que<br />
os produtores tiveram aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, alcançado através da avaliação que<br />
tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer <strong>em</strong> relação a firmar<strong>em</strong> contrato no qual avaliavam os<br />
10 Em funcionamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1988, a maior parte dos investimentos <strong>em</strong> Viçosa provém <strong>de</strong> recursos do<br />
Dairy Partners Américas – “Parceiros <strong>em</strong> Laticínios nas Américas” (DPA) e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006, conta também<br />
com a participação do Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Des<strong>de</strong><br />
1988, 282 proprieda<strong>de</strong>s participaram do programa nos dois Estados e apresentam, hoje, aumento médio<br />
<strong>de</strong> 360% na produção (NESTLE, 2012).<br />
39
custos e benefícios <strong>em</strong> pagar pela assistência técnica recebida. O valor cobrado foi<br />
calculado sobre três variáveis: a produção do agricultor, o salário mínimo vigente e o<br />
combustível gasto 11 no <strong>de</strong>slocamento do técnico. O pagamento pelo serviço permitia ao<br />
produtor o direito <strong>de</strong> cobrar pelos resultados, ao mesmo t<strong>em</strong>po que permitiria ao técnico<br />
acompanhá-lo na impl<strong>em</strong>entação das práticas orientadas (GOMES, 2010).<br />
O projeto tinha como pressuposto que para se firmar na ativida<strong>de</strong> leiteira e<br />
tornar-se capaz <strong>de</strong> passá-la ao seu sucessor, o produtor necessitaria, ainda, capacitar-se<br />
gerencialmente. Assim, a capacitação era voltada para diagnosticar os probl<strong>em</strong>as e<br />
potenciais da proprieda<strong>de</strong> e elaborar o planejamento da “<strong>em</strong>presa rural”, passando pelo<br />
estabelecimento <strong>de</strong> metas, com a elaboração do cronograma <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e da avaliação<br />
<strong>de</strong> resultados, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a parte técnica da produção. O SEBRAE e o<br />
Educampo visavam, através <strong>de</strong>sse projeto, enfim, <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> do produtor<br />
<strong>em</strong> avaliar o impacto e a viabilida<strong>de</strong> da adoção <strong>de</strong> novas tecnologias e formas<br />
gerenciais, a fim <strong>de</strong> que ele pu<strong>de</strong>sse manter a proprieda<strong>de</strong> viável para o futuro sucessor<br />
na ativida<strong>de</strong>. Atualmente, <strong>em</strong> Minas Gerais, o projeto aten<strong>de</strong> 1.084 pecuaristas<br />
individualmente, além <strong>de</strong> realizar palestras, dias <strong>de</strong> campo e outras ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> grupo.<br />
Os produtores cont<strong>em</strong>plados com o programa passaram a recolher menos tributos por<br />
litro <strong>de</strong> leite, <strong>de</strong>vido ao ganho <strong>de</strong> eficiência e escala (NASCIF, 2012).<br />
Teixeira et al. (2012), <strong>em</strong> pesquisa com jovens filhos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> leite<br />
cooperados, <strong>em</strong> Coronel Pacheco, Minas Gerais, i<strong>de</strong>ntificaram que eles apontavam a<br />
baixa rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> leiteira, o trabalho penoso, a falta <strong>de</strong> internet e a<br />
distância da cida<strong>de</strong> como restritivos para que eles continuass<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong> leiteira. Os<br />
jovens pesquisados acreditavam que mudanças efetivas na produção <strong>em</strong> direção à<br />
especialização ocorreriam somente quando eles próprios assumiss<strong>em</strong> a proprieda<strong>de</strong>, <strong>em</strong><br />
vista <strong>de</strong> os seus pais manifestar<strong>em</strong> resistência à adoção da tecnologia e mo<strong>de</strong>rnas<br />
técnicas <strong>de</strong> gerenciamento da proprieda<strong>de</strong> rural. Contudo, por força da lei, a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ssas mudanças já se colocou no presente na vida dos produtores <strong>de</strong> leite através da IN<br />
51.<br />
Acreditava-se, inicialmente, que a implantação da IN 51 seria motivo <strong>de</strong><br />
exclusão dos pequenos produtores <strong>de</strong> leite, que não teriam condições <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong><br />
11 O técnico recebe por visita, segundo a fórmula: ½ salário mínimo + quilometrag<strong>em</strong> (1/3 do preço da<br />
gasolina) + 1% da renda bruta do produtor, calculada sobre o preço-base do leite (GOMES, 2010).<br />
40
às novas exigências. Contudo, iniciou-se um processo <strong>de</strong> adaptação. Diante da exigência<br />
da refrigeração do leite como procedimento para garantir a sua qualida<strong>de</strong>, adotou-se o<br />
financiamento <strong>de</strong> tanques coletivos ou comunitários, implantados, <strong>em</strong> sua maioria, com<br />
intermediação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> produtores, permitindo o cumprimento da legislação e<br />
a redução dos custos <strong>de</strong> produção, <strong>em</strong>bora ainda seja necessário continuar o processo <strong>de</strong><br />
capacitação dos produtores para a utilização dos tanques coletivos (BRITO et al., 2010).<br />
Outro aspecto a ser aprimorado se relacionava, segundo Brito et al. (2010), com o<br />
trabalho <strong>em</strong> coletivida<strong>de</strong>, diante da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que todos contribuíss<strong>em</strong> para a<br />
melhoria da qualida<strong>de</strong> do leite <strong>em</strong> conjunto, reconhecendo cada um sua<br />
responsabilida<strong>de</strong> pelo resultado final. Por fim, esses autores observaram que a<br />
introdução do tanquinho como forma <strong>de</strong> armazenamento do leite, além <strong>de</strong> diminuir os<br />
custos com transportes, facilitou a entrega do produto por parte dos produtores. Tais<br />
inovações têm sido apontadas como capazes <strong>de</strong> manter os pequenos produtores <strong>de</strong> leite<br />
na ativida<strong>de</strong>, tornando-a, inclusive, mais rentável e atrativa.<br />
Foto 7 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Mina – Silveirânia.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />
Foto 8 - Tanque coletivo na Comunida<strong>de</strong> Tejuco – Silveirânia.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />
41
Foto 9 - Tanque individual, utilizado por produtor <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />
Outra forma <strong>de</strong> intervenção com os pequenos produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais que v<strong>em</strong> dinamizando a ativida<strong>de</strong> por eles <strong>de</strong>senvolvida é o <strong>Programa</strong> <strong>de</strong><br />
Aquisição <strong>de</strong> Alimentos (PAA). A modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Incentivo à Produção e Consumo <strong>de</strong><br />
Leite (PAA Leite) foi criada para contribuir com o aumento do consumo <strong>de</strong> leite pelas<br />
famílias que se encontravam <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> insegurança alimentar e, também, como<br />
forma <strong>de</strong> incentivar os pequenos produtores. O PAA Leite atualmente beneficia todos os<br />
Estados da Região Nor<strong>de</strong>ste e também o Norte <strong>de</strong> Minas Gerais (MDS, 2012).<br />
Em parceria com laticínios, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> participar <strong>de</strong> um processo licitatório<br />
para a<strong>de</strong>rir<strong>em</strong> ao programa, o governo garante a compra <strong>de</strong> toda a produção aos<br />
produtores cadastrados. Para participar do programa, o produtor <strong>de</strong>ve produzir no<br />
máximo 100 litros diários, possuir <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> aptidão ao Pronaf (DAP), enquadrar-se<br />
nas categorias A, A/C, B, ou agricultor familiar, e comprovar estar com as vacinas dos<br />
animais <strong>em</strong> dia. Todo esse processo, intermediado pelas associações <strong>de</strong> produtores, é<br />
avaliado como po<strong>de</strong>ndo incentivar o produtor a realizar investimentos na proprieda<strong>de</strong> e<br />
vislumbrar o melhor futuro para a ativida<strong>de</strong> (MDS, 2012). Dados retirados do Censo<br />
Agropecuário <strong>de</strong> 2006 reforçam iniciativas como essa do PAA ao mostrar<strong>em</strong> o quadro<br />
da sucessão familiar no campo das mesorregiões on<strong>de</strong> se encontram localizados os dois<br />
municípios pesquisados.<br />
42
Tabela 8 - Caracterização da pecuária leiteira nas mesorregiões Zona da Mata mineira e Campo das<br />
Vertentes<br />
Mesorregião<br />
Unida<strong>de</strong> Campo das Zona da<br />
Vertentes Mata<br />
Filhos que serão sucessores % 67,44 43,02<br />
Filhos que serão sucessores conciliando a<br />
ativida<strong>de</strong> leiteira com outra<br />
% 11,63 20,93<br />
Filhos que <strong>de</strong>ixarão o campo % 9,30 23,26<br />
Filhos que ven<strong>de</strong>rão a proprieda<strong>de</strong> % 11,63 12,79<br />
Filhos que preten<strong>de</strong>m abandonar a ativida<strong>de</strong> % 6,67 18,18<br />
Área total média ha 73,38 52,67<br />
Tanque individual % 36,00 19,0<br />
Tanque coletivo % 2,00 18,00<br />
Or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira mecânica % 27,0 14,0<br />
Ida<strong>de</strong> média Anos 52,98 53,37<br />
Orig<strong>em</strong> do próprio município % 75,56 82,83<br />
Orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> outro município % 22,22 16,16<br />
Orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> outro estado % 2,22 1,01<br />
Filhos menores <strong>de</strong> 12 anos Und 0,24 0,47<br />
Filhos maiores <strong>de</strong> 12 anos Und 1,22 0,52<br />
Filhos menores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />
produção do leite<br />
Und 0,89 0,72<br />
Filhos maiores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />
produção do leite<br />
Und 0,07 0,04<br />
Filhas menores <strong>de</strong> 12 anos Und 0,24 0,47<br />
Filhas maiores <strong>de</strong> 12 anos Und 1,22 0,52<br />
Filhas menores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />
produção do leite<br />
Und 0,89 0,72<br />
Filhas maiores <strong>de</strong> 12 anos trabalhando na<br />
produção do leite<br />
Und 0,07 0,04<br />
Resi<strong>de</strong>m no campo % 66,67 70,71<br />
Resi<strong>de</strong>m na cida<strong>de</strong> % 33,33 29,29<br />
Faz<strong>em</strong> controle <strong>de</strong> receitas e <strong>de</strong>spesas da<br />
produção<br />
% 24,44 15,15<br />
Participaram <strong>de</strong> treinamento % 37,78 27,27<br />
Treinamento SEBRAE % 0,0 3,33<br />
Treinamento EMATER % 17,65 6,67<br />
Treinamento Sindicato Rural % 64,71 36,67<br />
Utilizou crédito rural % 40,00 21,21<br />
Consi<strong>de</strong>ram fácil o acesso à proprieda<strong>de</strong> % 62,22 96,97<br />
Receb<strong>em</strong> por qualida<strong>de</strong> % 44,44 24,24<br />
Falta orientação técnica aos produtores % 28,89 49,49<br />
Faltam <strong>em</strong>pregados capacitados % 28,89 15,15<br />
Faltam tanques para resfriamento % 20,00 18,18<br />
Falta acesso a crédito % 13,33 14,14<br />
Produção diária L 178,92 185,30<br />
Preten<strong>de</strong>m melhorar a tecnologia % 84,44 53,54<br />
Fonte: Diagnóstico da pecuária leiteira <strong>em</strong> Minas Gerais, 2006 (adaptado pelo autor).<br />
43
Consi<strong>de</strong>rando apenas os dados relativos ao percentual <strong>de</strong> filhos que <strong>de</strong>verão se<br />
tornar sucessores, percebe-se, <strong>em</strong> contrapartida, um gran<strong>de</strong> percentual <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />
que estão <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> incerteza quanto ao seu futuro, o que gera, no mínimo, uma<br />
falta <strong>de</strong> planejamento para a manutenção da ativida<strong>de</strong> leiteira e, mesmo, da proprieda<strong>de</strong><br />
no futuro. De acordo com o diagnóstico da pecuária leiteira <strong>em</strong> Minas Gerais (2006), o<br />
setor seria carente das seguintes políticas públicas:<br />
Investimento na capacitação dos filhos do produtor, justificado pelo aumento na<br />
ida<strong>de</strong> média do produtor, indicando uma possível falta <strong>de</strong> sucessores.<br />
Crédito rural com melhores taxas.<br />
Incentivo à educação. Segundo o diagnóstico, existe relação positiva entre o<br />
volume produzido, a escolarida<strong>de</strong> do produtor e a <strong>de</strong>cisão por continuar na<br />
ativida<strong>de</strong>.<br />
Investimentos para aumentar o número <strong>de</strong> vacas <strong>em</strong> lactação <strong>em</strong> relação ao total<br />
<strong>de</strong> vacas.<br />
Capacitação para que sejam realizados controles administrativos e<br />
estabelecimento <strong>de</strong> metas para as proprieda<strong>de</strong>s.<br />
Treinamentos para a produção <strong>de</strong> leite com qualida<strong>de</strong>.<br />
Acompanhamento por parte da entida<strong>de</strong> promotora do treinamento com vistas a<br />
verificar se os produtores estão utilizando os conhecimentos na proprieda<strong>de</strong>.<br />
Treinamento específico para or<strong>de</strong>nhador.<br />
Maior uso da ins<strong>em</strong>inação artificial, que po<strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong>,<br />
principalmente entre os produtores até 50 L/D.<br />
Pagamento por qualida<strong>de</strong>.<br />
Melhores condições <strong>de</strong> infraestrutura (estradas e energia).<br />
Ainda <strong>de</strong> acordo com o diagnóstico, as ações <strong>de</strong>veriam ser voltadas <strong>em</strong> essencial<br />
para os produtores até 50 litros/dia, que no período <strong>de</strong> 1995 a 2005 apresentavam<br />
consi<strong>de</strong>rável redução no número <strong>de</strong> estabelecimentos. Já os produtores com produção<br />
acima <strong>de</strong> 1.000 litros/dia aumentaram o número <strong>de</strong> estabelecimentos, o que aumentou a<br />
produção no Estado. As regiões mineiras Campo das Vertentes e Zona da Mata foram as<br />
que apresentaram maior redução na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leite produzido.<br />
No sentido <strong>de</strong> minimizar tais fragilida<strong>de</strong>s foi lançado, no final <strong>de</strong> 2005, o<br />
<strong>Programa</strong> Estadual da Ca<strong>de</strong>ia Produtiva do Leite, Minas Leite, voltado para a<br />
44
capacitação dos produtores <strong>de</strong> leite no Estado, a fim <strong>de</strong> aumentar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />
dos produtores e a gestão dos estabelecimentos on<strong>de</strong> é exercida a pecuária familiar, com<br />
produção <strong>de</strong> até 200 litros/dia. O programa, executado <strong>em</strong> parceria com a Empresa <strong>de</strong><br />
Pesquisa Agropecuária <strong>de</strong> Minas Gerais (Epamig), Emater, prefeituras, sindicatos<br />
rurais, cooperativas e associações, aten<strong>de</strong> aqueles produtores que se candidataram,<br />
voluntariamente, para participar<strong>em</strong> do programa (EMATER, 2012).<br />
Outro programa que estaria se <strong>de</strong>stacando <strong>em</strong> Minas Gerais, o Sist<strong>em</strong>a Mineiro<br />
<strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Leite (SMQL) v<strong>em</strong> capacitando os produtores <strong>de</strong> leite, por meio da<br />
contratação da <strong>em</strong>presa neozelan<strong>de</strong>sa Quality Consultants of New Zealand (Qconz) <strong>em</strong><br />
parceria com a Emater local para a<strong>de</strong>quar as fazendas às boas práticas <strong>de</strong> produção.<br />
Números divulgados pela <strong>em</strong>presa contratada para realizar a capacitação, QConz<br />
América Latina, apontam a redução significativa na contag<strong>em</strong> bacteriana total (CBT) e<br />
na contag<strong>em</strong> <strong>de</strong> células somáticas (CCS) nos laticínios que a<strong>de</strong>riram ao programa,<br />
segundo o Sindicato da Indústria <strong>de</strong> Laticínios do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais (SILEMG,<br />
2011). A melhoria na qualida<strong>de</strong> do leite seria o primeiro passo para que os produtores<br />
possam pleitear o aumento no preço recebido pela venda do produto e gerar maior<br />
estímulo para que eles continu<strong>em</strong> a produzir o leite.<br />
Nos meses <strong>de</strong> fevereiro e abril <strong>de</strong> 2012, os dois municípios pesquisados<br />
receberam o treinamento <strong>de</strong> boas práticas pela <strong>em</strong>presa QConz América Latina e<br />
Emater local, tendo o autor <strong>de</strong>sta dissertação acompanhado e participado <strong>de</strong> alguns<br />
momentos <strong>de</strong>ssa capacitação.<br />
Em Coronel Xavier Chaves, o treinamento foi ministrado pelo diretor da<br />
<strong>em</strong>presa, Bernard Woodcock, uma agrônoma e o técnico da Emater no município. Foi<br />
realizado um encontro geral no primeiro dia, na se<strong>de</strong> da APLEI, com explicações<br />
teóricas e duas visitas por dia, pelos associados, <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s diferentes, durante<br />
seis dias, para <strong>de</strong>monstrar na prática os conteúdos discutidos no primeiro dia.<br />
Em Silveirânia, o treinamento foi realizado por uma zootecnista, acompanhada<br />
do técnico da Emater local. A maior parte dos treinamentos ocorre nos tanques<br />
coletivos, <strong>em</strong> muitos casos utilizando como estratégia o horário <strong>de</strong> entrega do leite pelos<br />
produtores. O treinamento foi, também, realizado <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s particulares, com a<br />
participação dos produtores mais próximos. Cabe ressaltar que, <strong>de</strong> acordo com a IN 51,<br />
45
um tanque coletivo <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r os produtores num raio <strong>de</strong> 5 km, o que dificultaria o<br />
agendamento individual <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s particulares.<br />
Foto 10 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves – Emater e<br />
SMQL.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – fevereiro <strong>de</strong> 2012.<br />
Foto 11 - Capacitação dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia – Emater e SMQL.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – abril <strong>de</strong> 2012.<br />
2.1 A situação da eficiência produtiva nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite pesquisadas<br />
O t<strong>em</strong>a da eficiência 12 produtiva aponta para um enquadramento <strong>de</strong> práticas e<br />
racionalida<strong>de</strong>s voltadas para o mercado. Um dos parâmetros para se estabelecer a<br />
eficiência produtiva na pecuária leiteira é o equilíbrio entre os custos e a receita. Na<br />
análise do Diagnóstico da Pecuária Leiteira <strong>de</strong> Minas Gerais 2006, Gomes (2007)<br />
12 Consi<strong>de</strong>rou-se no trabalho o termo eficiência como práticas que po<strong>de</strong>m contribuir para o aumento da<br />
produtivida<strong>de</strong> e redução dos custos dos produtores. Assim, o aumento da renda auferida pelos produtores<br />
po<strong>de</strong>ria ser uma consequência da eficiência produtiva, mas não necessariamente seu objeto principal.<br />
46
estimou o ponto <strong>de</strong> equilíbrio 13 , <strong>de</strong> acordo com o qual os custos do produtor se<br />
igualariam à receita:<br />
Tabela 9 – Ponto <strong>de</strong> nivelamento para produção <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Minas Gerais<br />
Faixa <strong>de</strong> produção (litros/dia) Ponto <strong>de</strong> equilíbrio (litros/dia)<br />
Até 50 65<br />
50 – 200 163<br />
200 – 500 313<br />
500 a 1000 550<br />
Acima <strong>de</strong> 1000 1339<br />
Fonte: GOMES, 2007.<br />
De acordo com Gomes (2007), <strong>em</strong> Minas Gerais os produtores com produção na<br />
faixa até 50 litros e <strong>de</strong> 50 a 200 litros diários operam com prejuízo, porque a receita<br />
gerada não é suficiente para cobrir os custos no processo produtivo. Já os produtores<br />
com produção acima <strong>de</strong> 200 litros diários consegu<strong>em</strong> obter retorno financeiro na<br />
ativida<strong>de</strong>. Essa situação <strong>de</strong> baixa eficiência produtiva que atinge os pequenos produtores<br />
<strong>de</strong> leite ainda se agravou na década <strong>de</strong> 1990, pelo fato <strong>de</strong> o governo brasileiro ter<br />
diminuído as subvenções diretas para a agricultura e, no que tange à pecuária leiteira<br />
especificamente, a impl<strong>em</strong>entar diretrizes normativas visando à melhoria da qualida<strong>de</strong><br />
do leite. Tais direcionamentos da política agrícola levaram à saída do mercado por parte<br />
daqueles produtores que não se profissionalizaram.<br />
Procurou-se assim, neste estudo, i<strong>de</strong>ntificar os fatores que influenciavam na<br />
eficiência produtiva dos pecuaristas <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> caráter familiar nos dois municípios<br />
pesquisados, os quais apresentavam produtores com perfil tecnológico diferenciado.<br />
Tomou-se como variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do estudo, ou seja, as variáveis que po<strong>de</strong>m ser<br />
manipuladas para investigar a causa <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado efeito, o acesso ao crédito, o nível<br />
<strong>de</strong> tecnificação e o tamanho da proprieda<strong>de</strong>. As variáveis foram analisadas com o intuito<br />
<strong>de</strong> verificar sua influência para a eficiência dos produtores <strong>de</strong> leite. Para classificar os<br />
produtores <strong>em</strong> eficientes ou ineficientes, utilizou-se a tabela ponto <strong>de</strong> equilíbrio<br />
apresentada por Gomes (2007). Em Silveirânia, 69,2% dos produtores viviam<br />
exclusivamente da pecuária leiteira e 23,1%, além da pecuária leiteira, eram<br />
aposentados. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, 48,4% viviam exclusivamente da pecuária<br />
leiteira e 25,8%, além da pecuária leiteira, eram aposentados. Assim, observa-se <strong>em</strong><br />
13 Ponto <strong>de</strong> equilíbrio é o ponto <strong>em</strong> que as receitas e <strong>de</strong>spesas do produtor se igualam, consi<strong>de</strong>rando-se<br />
entre as <strong>de</strong>spesas a mão <strong>de</strong> obra do produtor.<br />
47
Coronel Xavier Chaves uma tendência para ativida<strong>de</strong>s pluriativas pelos produtores <strong>de</strong><br />
leite. As Tabelas 11 e 12 apresentam os resultados do teste t para a ida<strong>de</strong> nos dois<br />
municípios pesquisados e as Tabelas 13 e 14, dos testes t para o tamanho da<br />
proprieda<strong>de</strong>.<br />
48
Ida<strong>de</strong><br />
Variações iguais<br />
assumidas<br />
Variações iguais não<br />
assumidas<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Ida<strong>de</strong><br />
Variações iguais<br />
assumidas<br />
Variações iguais<br />
não assumidas<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Tabela 10 – Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para a ida<strong>de</strong> - Silveirânia<br />
Teste <strong>de</strong> Levene<br />
para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
variações<br />
F Sig. t df Sig. (2<br />
49<br />
Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />
extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s)<br />
Diferença<br />
média<br />
Erro-<br />
padrão <strong>de</strong><br />
diferença<br />
95% intervalo <strong>de</strong><br />
confiança da diferença<br />
Inferior Superior<br />
0,102 0,751 -0,595 50 0,555 -2,477 4,164 -10,841 5,887<br />
-0,544 9,090 0,599 -2,477 4,551 -12,756 7,801<br />
Tabela 11 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para a ida<strong>de</strong> – Coronel Xavier Chaves<br />
Teste <strong>de</strong> Levene para<br />
igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
variações<br />
F Sig. t df Sig. (2<br />
extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s)<br />
Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />
Diferença<br />
média<br />
Erro-padrão<br />
<strong>de</strong> diferença<br />
95% intervalo <strong>de</strong><br />
confiança da diferença<br />
Inferior Superior<br />
0,121 0,731 1,935 29 0,063 7,580 3,917 -,432 15,591<br />
1,911 26,246 0,067 7,580 3,966 -,570 15,729
Área<br />
Tabela 12 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da proprieda<strong>de</strong> - Silveirânia<br />
Variações<br />
iguais<br />
assumidas<br />
Variações<br />
iguais não<br />
assumidas<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Teste <strong>de</strong> Levene<br />
para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
variações<br />
F Sig. t df Sig. (2<br />
50<br />
Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />
extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s<br />
)<br />
Diferença<br />
média<br />
Erro-<br />
padrão<br />
diferença<br />
95% intervalo <strong>de</strong><br />
confiança da<br />
diferença<br />
Inferior Superio<br />
46,751 0,000 -3,424 50 0,001 -108,955 31,819 -172,864 -45,045<br />
-1,470 7,049 0,185 -108,955 74,102 -283,931 66,022<br />
r
Tabela 13 - Teste T <strong>de</strong> amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para tamanho da proprieda<strong>de</strong> – Coronel Xavier Chaves<br />
Área<br />
Variações<br />
iguais<br />
assumidas<br />
Variações<br />
iguais não<br />
assumidas<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Teste <strong>de</strong> Levene<br />
para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
variações<br />
F Sig. t df Sig. (2<br />
51<br />
Teste t para igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> médias<br />
extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s<br />
)<br />
Diferença<br />
média<br />
Erro-<br />
padrão <strong>de</strong><br />
diferença<br />
95% intervalo <strong>de</strong><br />
confiança da<br />
diferença<br />
Inferior Superio<br />
2,033 0,165 -1,278 29 0,211 -12,420 9,718 -32,296 7,455<br />
-1,300 28,981 0,204 -12,420 9,551 -31,954 7,113<br />
r
No próximo parágrafo são apresentadas as análises das Tabelas 11, 12, 13 e 14.<br />
Para análise do teste t, <strong>de</strong>ve-se analisar o primeiro sigma. Para um primeiro sigma ><br />
0,05, analisa-se o segundo sigma, na primeira linha. Para um primeiro sigma < 0,05,<br />
analisa-se o segundo sigma, na segunda linha. Para valores <strong>de</strong> sigma < 0,05, consi<strong>de</strong>ra-<br />
se que as médias analisadas são diferentes. Para analisar o teste do qui-quadrado, <strong>de</strong>ve-<br />
se analisar o valor <strong>de</strong> sigma encontrado no Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson. Para tabelas 2 x2,<br />
analisa-se o valor <strong>de</strong> sigma encontrado na linha Correção <strong>de</strong> Continuida<strong>de</strong>, enquanto<br />
para tabelas que possuam no máximo até 25% dos valores < 5 é analisado o sigma na<br />
linha Fisher's Exact Test.<br />
O teste t, usado para testar uma hipótese, apresentou como resultado sigma igual<br />
a 0,555 <strong>em</strong> Silveirânia e 0,063 <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, para a média das ida<strong>de</strong>s.<br />
Nesse sentido, como o valor encontrado foi superior a 0,05, percebeu-se que a variável<br />
ida<strong>de</strong> era igual entre os produtores eficientes e ineficientes. Já a variável tamanho da<br />
proprieda<strong>de</strong> apresentou sigma igual a 0,185 <strong>em</strong> Silveirânia e 0,204 <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves. Po<strong>de</strong>-se dizer assim que, para os agricultores familiares produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves, o tamanho da proprieda<strong>de</strong> não influência na<br />
eficiência do produtor, diferenciando-se da maior parte dos pequenos agricultores <strong>em</strong><br />
nível nacional, <strong>em</strong> que o tamanho da proprieda<strong>de</strong> está diretamente relacionado com a<br />
eficiência do estabelecimento, pois, geralmente, nesses estabelecimentos o gado é<br />
criado solto, necessitando <strong>de</strong> maior espaço por parte do produtor. Cabe ressaltar que os<br />
produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves são mais tecnificados que os produtores <strong>de</strong><br />
Silveirânia, sendo uma das finalida<strong>de</strong>s do uso da tecnologia gerar mais eficiência <strong>em</strong><br />
menor espaço para os produtores <strong>de</strong> leite. A seguir serão apresentadas as Tabelas 14, 15,<br />
16 e 17, com o teste <strong>de</strong> qui-quadrado realizado nos dois municípios:<br />
Tabela 14 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Silveirânia - Tabela 2 x 2 - 1<br />
Já utilizou financiamento?<br />
52<br />
Eficiência do produtor Total<br />
Ineficiente Eficiente<br />
Não 16 2 18<br />
Sim 28 6 34<br />
Total 44 8 52<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Tabela 15 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Silveirânia - Tabela 2 x 2 - 2<br />
Valor df Sig. assint. (2<br />
53<br />
lados)<br />
Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 0,386 a 1 0,534<br />
Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 0,047 1 0,828<br />
Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 0,404 1 0,525<br />
Fisher's Exact Test<br />
Associação Linear por Linear 0,379 1 0,538<br />
N <strong>de</strong> casos válidos 52<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Sig exata (2<br />
lados)<br />
Sig exata (1<br />
lado)<br />
0,698 0,426<br />
Tabela 16 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves – Tabela 2 x 2 - 1<br />
Já utilizou financiamento?<br />
Eficiência do produtor Total<br />
Ineficiente Eficiente<br />
Não 7 5 12<br />
Sim 7 12 19<br />
Total 14 17 31<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Tabela 17 – Teste qui-quadrado <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves – Tabela 2 x 2 - 2<br />
Valor df Sig. assint.<br />
(2 lados)<br />
Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 1,372 a 1 0,242<br />
Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 0,641 1 0,423<br />
Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 1,376 1 0,241<br />
Fisher's Exact Test<br />
Associação Linear por<br />
Linear<br />
N <strong>de</strong> casos válidos 31<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
1,327 1 0,249<br />
Sig exata (2<br />
lados)<br />
Sig exata<br />
(1 lado)<br />
0,288 0,212<br />
No teste do qui-quadrado, para um valor <strong>de</strong> x 2 alto, acima <strong>de</strong> 0,05, <strong>de</strong>ve se<br />
consi<strong>de</strong>rar que as varáveis não são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Nesse caso, como o valor encontrado<br />
para alfa no teste do qui-quadro foi superior a 0,05 <strong>em</strong> todos os casos, parece lícito
supor que a eficiência do agricultor e o acesso ao crédito são variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
po<strong>de</strong>ndo indicar que apenas políticas públicas para acesso ao crédito não proporcionam<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento do setor e que o PRONAF, modalida<strong>de</strong> utilizada por 87% dos<br />
produtores que <strong>de</strong>clararam já ter<strong>em</strong> realizado financiamento, po<strong>de</strong> ser uma política<br />
pública equivocada por parte do governo. Entretanto, como parcela consi<strong>de</strong>rável dos<br />
produtores foi classificada como ineficiente, 85% <strong>em</strong> Silveirânia e 45% <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves, <strong>de</strong> acordo com as Tabelas 14 e 16, que evi<strong>de</strong>nciam que outras ações,<br />
além do acesso ao crédito, como participação <strong>em</strong> associações e cooperativas,<br />
treinamento e uso <strong>de</strong> tecnologias a<strong>de</strong>quadas, po<strong>de</strong>m contribuir com os agricultores<br />
produtores <strong>de</strong> leite.<br />
Em Silveirânia, 65,4% dos entrevistados utilizavam ou já utilizaram algum<br />
financiamento, sendo <strong>em</strong> sua totalida<strong>de</strong> o PRONAF. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />
61,3% dos entrevistados já utilizaram ou utilizavam algum financiamento, 38,7%<br />
utilizaram o PRONAF e 22,6% usavam as linhas especiais para produtor rural. Nesse<br />
sentido, não parece plausível consi<strong>de</strong>rar que o PRONAF beneficia apenas os produtores<br />
mais capitalizados.<br />
Para os produtores que já realizaram algum financiamento para investir<strong>em</strong> na<br />
proprieda<strong>de</strong>, <strong>em</strong> Silveirânia o motivo principal foi para investimentos <strong>em</strong> custeio<br />
(aquisição <strong>de</strong> insumos, construção <strong>de</strong> um curral ou outras melhorias no<br />
estabelecimento). Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves o principal motivo para a realização do<br />
financiamento foi para investimento <strong>em</strong> equipamentos, corroborando, juntamente com o<br />
fato <strong>de</strong> apenas 21,1% dos entrevistados <strong>em</strong> Silveirânia utilizar<strong>em</strong> a or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira<br />
mecânica, diante <strong>de</strong> 90,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, município consi<strong>de</strong>rado mais<br />
tecnificado que Silveirânia.<br />
Os testes <strong>de</strong> hipóteses e qui-quadrado são importantes métodos para se avaliar o<br />
resultado <strong>de</strong> políticas públicas. Portanto, ao avaliar a influência do crédito sobre a<br />
eficiência dos produtores <strong>de</strong> leite associados <strong>em</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves,<br />
observou-se que, <strong>em</strong> Silveirânia, a maior parte dos agricultores possuía baixa produção,<br />
não conseguia cobrir os custos da ativida<strong>de</strong> com a receita advinda da produção e não<br />
conseguiria sobreviver exclusivamente com a produção do leite. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves observou-se volume maior <strong>de</strong> produção e mesmo entre os produtores que foram<br />
classificados como ineficientes, os quais apresentaram boa produção e po<strong>de</strong>riam não<br />
54
estar atingindo o ponto <strong>de</strong> nivelamento no momento <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> o rebanho não<br />
estar no período <strong>de</strong> maior produtivida<strong>de</strong> no ano, geralmente após a recria.<br />
Deve-se ressaltar que os agricultores familiares não são especializados na<br />
produção <strong>de</strong> um único produto e boa parte <strong>de</strong> sua produção é utilizada para consumo<br />
próprio, algumas vezes, inclusive, com recursos que <strong>de</strong>veriam ser investidos na<br />
proprieda<strong>de</strong>. As alterações no ambiente institucional, como a IN 51, buscam melhorar a<br />
qualida<strong>de</strong> do leite, através <strong>de</strong> normas sanitárias, como a exigência <strong>de</strong> resfriamento na<br />
proprieda<strong>de</strong>, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po exclu<strong>em</strong> os agricultores que não consegu<strong>em</strong> acesso<br />
ao crédito para se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong> à legislação ou o utilizam <strong>de</strong> forma incorreta. É essencial a<br />
criação <strong>de</strong> políticas públicas direcionadas não somente ao acesso ao crédito, mas<br />
também com o intuito <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar os métodos gerenciais e a tecnologia utilizada <strong>em</strong><br />
conformida<strong>de</strong> com a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses agricultores, que por apresentar<strong>em</strong> certa<br />
resistência à mudança e ser<strong>em</strong> menos capitalizados po<strong>de</strong>m não satisfazer os interesses<br />
financeiros <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas privadas.<br />
55
CAPÍTULO III<br />
O PROCESSO SUCESSÓRIO NAS UNIDADES PRODUTORAS DE LEITE DE<br />
SILVEIRÂNIA E CORONEL XAVIER CHAVES<br />
Após a apresentação, no capítulo anterior, das políticas públicas, programas e<br />
projetos voltados para fortalecer a ativida<strong>de</strong> leiteira entre os pequenos produtores,<br />
busca-se, neste capítulo, analisar os fatores que estariam influenciando o processo<br />
sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite nos municípios on<strong>de</strong> a pesquisa<br />
foi realizada. Foram <strong>de</strong>finidas duas situações: a) proprieda<strong>de</strong>s com sucessor já <strong>de</strong>finido<br />
e b) proprieda<strong>de</strong>s com forte possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que exista um sucessor, como mostrado na<br />
Tabela 18.<br />
Conforme salientado por Brumer (2007), a intenção <strong>de</strong> se tornar sucessor não é<br />
garantia <strong>de</strong> que o filho assumirá a proprieda<strong>de</strong>. Mas o que chama mesmo a atenção é o<br />
baixo percentual daqueles produtores que afirmaram já ter um sucessor <strong>de</strong>finido na<br />
ativida<strong>de</strong> leiteira <strong>em</strong> razão, talvez, do fato <strong>de</strong> a sucessão ser tratada como questão<br />
melindrosa entre os produtores rurais. Quando se consi<strong>de</strong>ram aqueles que disseram que<br />
não sabiam qu<strong>em</strong> seria o sucessor, mas que a ativida<strong>de</strong> terá um, mesmo que este ainda<br />
não tenha sido <strong>de</strong>finido, pouco mais da meta<strong>de</strong> dos proprietários <strong>de</strong> Silveirânia<br />
manifestou segurança quanto à perspectiva <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> leiteira no<br />
futuro. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves n<strong>em</strong> a meta<strong>de</strong> dos produtores <strong>de</strong> leite se<br />
manifestou <strong>de</strong>ssa forma. Se comparados com os dados da Tabela 8 sobre a mesorregião<br />
a que pertenciam, observa-se que Silveirânia está acima da média apresentada na Zona<br />
da Mata sobre a expectativa <strong>de</strong> que haja pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>,<br />
enquanto Coronel Xavier Chaves estava abaixo dos resultados apresentados para a<br />
região Campo das Vertentes.<br />
56
Tabela 18 - Percepção sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
57<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier Chaves<br />
Freq. % Freq. %<br />
Já foi <strong>de</strong>finido 8 15,4 1 3,2<br />
Não sabe qu<strong>em</strong> ficará, mas um ficará 20 38,4 11 35,4<br />
Não sabe se alguém ficará na proprieda<strong>de</strong> 12 23,1 10 32,3<br />
Ninguém <strong>de</strong>monstra interesse <strong>em</strong> ficar 6 11,5 2 6,5<br />
A proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser vendida 3 5,8 1 3,2<br />
Os filhos são muito jovens para fazer a escolha 3 5,8 6 19,4<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
52 100,00<br />
31 100,0<br />
0<br />
Aprofundando mais a compreensão relativa à perspectiva <strong>de</strong> sucessão,<br />
apresenta-se, a seguir, o cenário relativo aos proprietários entrevistados, por estrato <strong>de</strong><br />
produção média/diária <strong>de</strong> leite. Os dados das Tabelas 19 e 20 apontam para um cenário<br />
futuro preocupante <strong>em</strong> Silveirânia. Segundo o estudo realizado por Gomes (2007) e<br />
explicado no it<strong>em</strong> 2.1, os produtores com produção diária inferior a 200 litros não<br />
obteriam lucro com a ativida<strong>de</strong>. A pesquisa realizada <strong>em</strong> Silveirânia mostrou que era<br />
nesse estrato, justamente, que se concentravam o maior percentual <strong>de</strong> produtores que<br />
afirmaram que provavelmente teriam um sucessor. Consi<strong>de</strong>rando esses parâmetros <strong>de</strong><br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lucro estimado por Gomes (2007), a situação encontrada <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves seria mais promissora, visto que as proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sucessor se encontravam <strong>em</strong> maior percentual, justamente, no estrato com produção<br />
superior a 200 litros diários e estariam obtendo melhores retornos com a ativida<strong>de</strong>, o<br />
que po<strong>de</strong> estimular que os filhos almej<strong>em</strong> continuar na ativida<strong>de</strong> futuramente.<br />
Tabela 19 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves - Frequência<br />
Estratos <strong>de</strong> produção (litros/dia)<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Até 50 51 a 100 101 a 200 Acima <strong>de</strong> 200<br />
Já foi <strong>de</strong>finido 1 4 2 1<br />
Alguém ficará 6 4 8 2<br />
7 8 10 3<br />
Já foi <strong>de</strong>finido 0 0 0 1<br />
Alguém ficará 0 2 3 6<br />
0 2 3 7
Tabela 20 - Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves - Porcentag<strong>em</strong><br />
Estratos <strong>de</strong> produção (litros/dia)<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Até 50 51 a 100 101 a 200 Acima <strong>de</strong> 200<br />
Já foi <strong>de</strong>finido 1,92% 7,69% 3,85% 1,92%<br />
Alguém ficará 11,54% 7,69% 15,38% 3,85%<br />
13,46% 15,38% 19,23% 5,77%<br />
Já foi <strong>de</strong>finido 0,0% 0,0% 0,0% 3,23%<br />
Alguém ficará 0,0% 6,45% 9,68% 19,35%<br />
0,0% 6,45% 9,68% 22,58%<br />
3.1 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com sucessor já <strong>de</strong>finido<br />
Inicia-se, a partir <strong>de</strong> agora, a apresentação dos dados relativos aos produtores<br />
rurais que apresentavam sucessor <strong>de</strong>finido a partir da sua caracterização<br />
socioeconômica, mostrando o seu perfil religioso, o seu estado civil e a sua renda.<br />
Conforme os dados apresentados na Tabela 21, os produtores com sucessor<br />
<strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia possuíam as características típicas dos pequenos produtores:<br />
utilização <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra familiar, não realização <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s, compl<strong>em</strong>entada,<br />
basicamente, pela aposentadoria, recebida por 62,5% dos produtores entrevistados. As<br />
famílias apresentavam, <strong>em</strong> média, quatro filhos. A renda mensal mais baixa entre as<br />
famílias se aproximava <strong>de</strong> três salários mínimos. Consi<strong>de</strong>rando a produção para o<br />
autoconsumo e os gastos, comumente inexistentes, com a moradia e água, po<strong>de</strong>-se<br />
consi<strong>de</strong>rar que a renda permite a reprodução da família e a manutenção da unida<strong>de</strong><br />
produtiva. Em Coronel Xavier Chaves, o único produtor que já havia <strong>de</strong>finido qu<strong>em</strong><br />
seria o sucessor possuía nove filhos, renda compl<strong>em</strong>entada pela aposentadoria e<br />
escolheu o filho do meio para ser o sucessor. O produtor possuía duas casas, uma na<br />
cida<strong>de</strong> e outra no campo, on<strong>de</strong> realizava as ativida<strong>de</strong>s com a ajuda do filho que será seu<br />
sucessor. Esse filho era casado e estava na ida<strong>de</strong> entre 40 e 50 anos.<br />
58
Tabela 21 - AED perfil – Sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves<br />
Variável<br />
59<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Religião Católica 8 100,0 1 100<br />
Produtor rural 3 37,5 - -<br />
Produtor rural e aposentado 5 62,5 1 100<br />
Casado 6 75,0 1 100<br />
Divorciado 2 25,0 - -<br />
Renda familiar anual entre R$12.000,01 e<br />
R$20.000,00<br />
3 37,5 1 100<br />
Renda familiar anual entre R$20.000,01 e<br />
R$30.000,00<br />
2 25,0 - -<br />
Renda familiar anual acima <strong>de</strong> R$30.000,00 3 37,5 - -<br />
Realiza as ativida<strong>de</strong>s sozinho 1 12,5 - -<br />
Realiza as ativida<strong>de</strong>s com ajuda <strong>de</strong> familiares 6 75,0 1 100<br />
Realiza as ativida<strong>de</strong>s com ajuda <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregados<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
1 12,5 - -<br />
No Município <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, nenhuma variável analisada<br />
apresentou resultado significativo para os testes <strong>de</strong> regressão <strong>de</strong>vido apenas ao fato <strong>de</strong><br />
uma proprieda<strong>de</strong> possuir o sucessor <strong>de</strong>finido. Em Silveirânia, <strong>de</strong> acordo com os<br />
resultados da regressão, na Tabela 22 o fato <strong>de</strong> o produtor residir na cida<strong>de</strong> influencia<br />
positiva e fort<strong>em</strong>ente a <strong>de</strong>finição do sucessor, ou seja, residir na se<strong>de</strong> do município não<br />
se constituía <strong>em</strong> obstáculo para a continuação à frente da ativida<strong>de</strong> leiteira; muito pelo<br />
contrário, po<strong>de</strong>ria ser, até, fator positivo. As variáveis tamanho da proprieda<strong>de</strong> e renda<br />
bruta também influenciam positivamente, mas <strong>de</strong> forma menos intensa, na <strong>de</strong>finição do<br />
sucessor. A análise <strong>de</strong> regressão apontou, portanto, para a influência do aumento da<br />
área e, ou, da renda e, ou, da residência na se<strong>de</strong> do município <strong>em</strong> relação à possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> o sucessor ser <strong>de</strong>finido. São consi<strong>de</strong>radas significativas variáveis com sigma < 0,10.<br />
Tabela 22 - Regressão sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier<br />
Município Variável B Sigma<br />
Residência (cida<strong>de</strong>) 4,448 0,011<br />
Silveirânia Área 0,064 0,093<br />
Renda bruta da proprieda<strong>de</strong> 0,01 0,049<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
Reforçando os dados do parágrafo anterior, a Tabela 23 realça a forma como a<br />
residência na cida<strong>de</strong> parece estar associada com a <strong>de</strong>finição do sucessor entre os<br />
pequenos produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia. Outro fator que parece po<strong>de</strong>r influenciar<br />
indiretamente na manutenção da proprieda<strong>de</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ela ter um sucessor é a receita dos produtores. Em Silveirânia, a receita bruta média<br />
ficou <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> R$3.142,80. Se for consi<strong>de</strong>rado que os pequenos agricultores<br />
produz<strong>em</strong> parte dos alimentos que consom<strong>em</strong> e utilizam os pastos para a alimentação do<br />
gado, seria razoável <strong>de</strong>duzir que a manutenção da proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser viável e<br />
racional, ainda que a renda do leite isoladamente não <strong>de</strong>sse lucro. Em Coronel Xavier<br />
Chaves, como relatado anteriormente, o produtor possuía duas casas. Assim, ele<br />
concentrava os dias <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana no campo com o filho e os finais <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana na cida<strong>de</strong><br />
com a esposa. A renda <strong>de</strong> R$5.000,00 mensais era superior à dos produtores <strong>de</strong><br />
Silveirânia, mas vale l<strong>em</strong>brar que <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves os produtores eram mais<br />
tecnificados, o que aumentava sua eficiência.<br />
Tabela 23 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão – Sucessor <strong>de</strong>finido nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Município Variável Freq % Média Mediana Mín Máx<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Resid. (Cid.) 6 75,0<br />
Resid. (Campo) 2 25,0<br />
Área (hectares) 42,0 51,0 12 65<br />
Renda B. (R$) 3142,8 2100,00 1600,0 6000,0<br />
Resid. (Campo<br />
e cida<strong>de</strong>)<br />
1<br />
100,<br />
0<br />
Área (hectares) 1 23,0<br />
Renda B. (R$) 5000,0<br />
Na análise da variável área foi excluído um outlier e na da variável renda bruta, dois outliers.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Ao analisar o nível tecnológico das proprieda<strong>de</strong>s que já possu<strong>em</strong> sucessor<br />
<strong>de</strong>finido, <strong>de</strong> acordo com a Tabela 24, <strong>em</strong> Silveirânia, notou-se que 87,5% dos<br />
produtores utilizavam o sist<strong>em</strong>a tradicional para manutenção da ativida<strong>de</strong> e 75% a<br />
or<strong>de</strong>nha manual, indo na contramão do que suger<strong>em</strong> os especialistas para aumentar a<br />
produtivida<strong>de</strong> e lucrativida<strong>de</strong> na pecuária leiteira. Contudo, se tal sist<strong>em</strong>a ainda t<strong>em</strong> se<br />
mostrado compatível com a manutenção da proprieda<strong>de</strong> atualmente, no futuro a<br />
60
continuida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser difícil, mesmo que a manutenção da proprieda<strong>de</strong><br />
se mostre viável mediante o investimento <strong>em</strong> outra ativida<strong>de</strong>, a ex<strong>em</strong>plo do plantio <strong>de</strong><br />
eucalipto.<br />
Foto 12 - Gado criado a pasto <strong>em</strong> Silveirânia, MG.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />
Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves a proprieda<strong>de</strong> era provida <strong>de</strong> todos os recursos<br />
tecnológicos que po<strong>de</strong>m auxiliar no aumento da produtivida<strong>de</strong> e redução do esforço<br />
físico, o que, além <strong>de</strong> estimular os produtores continuar<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong>, contribuiu para<br />
que o leite seja produzido <strong>de</strong>ntro das atuais normas sanitárias.<br />
Tabela 24 - AED tecnologia sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves<br />
Variável<br />
61<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Utiliza máquina para redução do trabalho manual 2 25,0 - -<br />
Or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira 1 12,5 - -<br />
Or<strong>de</strong>nha<strong>de</strong>ira e trator 1 12,5 1 100,0<br />
Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> criação s<strong>em</strong>i-intensivo (pasto e ração) 7 87,5 1 100,0<br />
Or<strong>de</strong>nha manual 6 75,0 - -<br />
Realiza uma or<strong>de</strong>nha por dia 5 62,5 - -<br />
Realiza duas or<strong>de</strong>nhas por dia 3 37,5 1 100<br />
Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reprodução com ins<strong>em</strong>inação 4 50,0 1 100<br />
Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> reprodução com monta natural 4 50,0 - -<br />
Utiliza algum sist<strong>em</strong>a integrado <strong>de</strong> produção 0 0,0 - -<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.
A Tabela 25 apresenta a condição do produtor <strong>em</strong> relação à terra. Os dados nela<br />
apresentados po<strong>de</strong>m ajudar a compreen<strong>de</strong>r a condição <strong>de</strong> proprietário rural <strong>em</strong> uma<br />
cida<strong>de</strong> pequena como Silveirânia, cuja distância entre campo e cida<strong>de</strong> é <strong>de</strong><br />
aproximadamente 18 km, consi<strong>de</strong>rando-se a comunida<strong>de</strong> mais longínqua. Essa distância<br />
permite ao proprietário, resi<strong>de</strong>nte no campo ou na cida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>slocamento diário, fato<br />
que po<strong>de</strong> se configurar como favorável para a manutenção da proprieda<strong>de</strong> e continuação<br />
do processo sucessório, ainda que a ativida<strong>de</strong> leiteira não se mostre viável <strong>em</strong> algum<br />
momento, ou seja, a proprieda<strong>de</strong> mostrar-se-ia maior que a ativida<strong>de</strong> leiteira, ou esta<br />
não seria um fim <strong>em</strong> si mesmo. Corrobora tal afirmação o fato <strong>de</strong> que as práticas <strong>de</strong><br />
manejo e cultivo utilizadas por gran<strong>de</strong> parte dos proprietários eram tradicionais ou s<strong>em</strong>i-<br />
intensivas, não requerendo muitos investimentos e gastos, mas gerando alimentos para o<br />
autoconsumo e para comercialização mais restrita.<br />
Mesmo com o reduzido uso da tecnologia, os produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia<br />
com sucessor já <strong>de</strong>finido consi<strong>de</strong>ram o tamanho médio da proprieda<strong>de</strong> (que ficava <strong>em</strong><br />
torno <strong>de</strong> 40 ha) a<strong>de</strong>quado para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas e as terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> -<br />
62,5% <strong>de</strong>sses produtores receberam pelo menos parte da terra sob a forma <strong>de</strong> herança. O<br />
fato <strong>de</strong> esses produtores já ter<strong>em</strong> passado por um processo <strong>de</strong> sucessão po<strong>de</strong> ser<br />
favorável para que outro processo ocorra no estabelecimento. Em Coronel Xavier<br />
Chaves, o produtor também consi<strong>de</strong>rava seus 23 ha a<strong>de</strong>quados e que suas terras eram <strong>de</strong><br />
boa qualida<strong>de</strong>. Entretanto, nessa localida<strong>de</strong> o uso da tecnologia era superior <strong>em</strong><br />
comparação com Silveirânia.<br />
62
Tabela 25 - AED estrutura fundiária sucessor <strong>de</strong>finido nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
63<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
As terras são próprias 7 87,5 1 100<br />
Produtores que receberam 100% da terra <strong>de</strong><br />
herança<br />
2 25,0 - -<br />
Produtores que receberam parte da terra <strong>de</strong><br />
herança e compraram outra parte<br />
3 37,5 1 100,0<br />
Não foi o único her<strong>de</strong>iro 4 50,0 1 100<br />
Foi o único her<strong>de</strong>iro 1 12,5 - -<br />
Os <strong>de</strong>mais her<strong>de</strong>iros não continuam na<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
3 37,5 1 100<br />
Consi<strong>de</strong>ram o tamanho da proprieda<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quado 6 75,0 1 100<br />
Consi<strong>de</strong>ram as terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> 7 87,5 1 100<br />
Utilizam insumos para melhorar a qualida<strong>de</strong> do<br />
solo<br />
7 87,5 1 100<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Outra variável consi<strong>de</strong>rada na pesquisa como po<strong>de</strong>ndo intervir no processo<br />
sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite é o nível educacional e, ou, a capacitação<br />
profissional. A Tabela 26 apresenta a percepção dos produtores acerca do nível<br />
educacional que eles consi<strong>de</strong>ram necessário para que um indivíduo possa ser um<br />
produtor rural. Nos dois municípios pesquisados, corroborando os estudos <strong>de</strong> Silvestro<br />
et al. (2001) e Carneiro (1998), observou-se a associação entre os que <strong>de</strong>cidiram ficar na<br />
proprieda<strong>de</strong> e o baixo nível educacional apresentado. Entretanto, cabe ressaltar que<br />
esses produtores estão se capacitando por meio <strong>de</strong> cursos ofertados pela Emater e<br />
utilizando os conhecimentos adquiridos na proprieda<strong>de</strong>. Além disso, um dado que se<br />
<strong>de</strong>stacou foi a afirmação <strong>de</strong> que consultavam os filhos, futuros sucessores, <strong>em</strong> relação às<br />
<strong>de</strong>cisões tomadas no estabelecimento.<br />
Os dados indicaram, também, que a relação dos produtores rurais com a<br />
proprieda<strong>de</strong> não era <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> procedimentos gerenciais. As ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>senvolvidas não eram encaradas como ativida<strong>de</strong>s regidas pela lógica do mercado,<br />
mas, antes, faziam parte do modo <strong>de</strong> vida rural <strong>de</strong>ntro do qual o produtor nasceu e t<strong>em</strong><br />
vivido. Nesse sentido, algumas ações, como a participação <strong>em</strong> associações para a<br />
produção, a compra e a venda <strong>de</strong> insumos e produtos, po<strong>de</strong>m constituir porta <strong>de</strong> entrada<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma racionalida<strong>de</strong> voltada para o mercado.
Tabela 26 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
64<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Sugere o ensino médio para se tornar produtor 5 62,5 1 100<br />
Possui o ensino básico 6 75,0 1 100<br />
Consi<strong>de</strong>ram importante o estudo 8 100,0 1 100<br />
Já realizou algum curso <strong>de</strong> capacitação 7 87,5 1 100<br />
Utilizou o conhecimento adquirido na<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
6 75,0 1 100<br />
Possui e sabe utilizar computador 3 37,5 - -<br />
Realiza registros da produção 1 12,5 - -<br />
Os filhos participam das <strong>de</strong>cisões 7 87,5 1 100<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
A Tabela 27 apresenta a percepção do produtor acerca da sua participação na<br />
associação, ou seja, o julgamento que faz <strong>em</strong> torno da influência <strong>de</strong>ssa participação para<br />
os seus custos <strong>de</strong> produção e para o enfrentamento das exigências legais e a forma como<br />
percebe a qualida<strong>de</strong> do leite mediante práticas coletivas. Além disso, o quadro apresenta<br />
o percentual <strong>de</strong> produtores que tiveram acesso às inovações tecnológicas e às práticas <strong>de</strong><br />
caráter coletivo.<br />
Segundo Buainain (2007), é essencial o papel das associações para que os<br />
agricultores familiares possam manter-se no mercado, o que também foi afirmado pelos<br />
próprios produtores. Em Silveirânia, 100% dos pesquisados consi<strong>de</strong>ravam importante os<br />
subsídios fornecidos pela associação para a execução da ativida<strong>de</strong>, principalmente para<br />
a redução dos custos e, mesmo, para a melhoria da relação entre esses, visto que 75%<br />
achavam que a associação melhorou a relação entre os produtores e tornou mais fácil a<br />
entrega do leite. Vale ressaltar que, mesmo com a melhoria da qualida<strong>de</strong> do leite<br />
promovida pela utilização dos tanques coletivos <strong>em</strong> Silveirânia, o leite ali produzido<br />
ainda não se encontrava <strong>de</strong>ntro dos padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> exigidos pela atual legislação<br />
e, por isso, os produtores ainda não recebiam por qualida<strong>de</strong>. Em Coronel Xavier<br />
Chaves, mesmo s<strong>em</strong> o conhecimento da Normativa 51, o produtor possuía um processo<br />
produtivo que se encaixava na atual legislação. Assim, parece lícito supor que, além <strong>de</strong><br />
diminuir o custo e melhorar o preço recebido, as associações auxiliavam para que os<br />
produtores cumpriss<strong>em</strong> as legislações pertinentes ao setor, o que po<strong>de</strong>ria aumentar a
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que possíveis produtores não foss<strong>em</strong> excluídos do mercado por estar<strong>em</strong><br />
produzindo <strong>de</strong> maneira informal.<br />
Tabela 27 - AED associação e IN 51 sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
65<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
A associação contribui com a ativida<strong>de</strong> leiteira 8 100,00 1 100<br />
Contribui com redução <strong>de</strong> custos 5 62,5 - -<br />
Contribui com redução <strong>de</strong> custos e ganho <strong>de</strong> escala 3 37,5 1 100<br />
Utilizam tanques próprios 1 12,5 1 100<br />
Utilizam tanques coletivos 7 87,5 - -<br />
O tanque coletivo melhorou a relação entre os<br />
produtores<br />
6 75,0 - -<br />
O tanque coletivo melhorou a qualida<strong>de</strong> do leite 5 62,5 - -<br />
Conhece e utiliza a IN 51 1 12,5 - -<br />
Conhece e utiliza parcialmente a IN 51 5 62,5 - -<br />
Não conhece a IN 51 2 25,0 1 100<br />
Consi<strong>de</strong>ra que ficou mais fácil a entrega do leite<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
8 100,0 1 100<br />
Foto 13 - Momento <strong>de</strong> entrega do leite no tanque coletivo <strong>em</strong> Silveirânia.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />
A Tabela 28 apresenta os dados <strong>em</strong> relação à variável crédito, trazendo a<br />
percepção dos produtores sobre os efeitos <strong>de</strong>sse benefício para a realização <strong>de</strong> suas<br />
ativida<strong>de</strong>s e para a aquisição <strong>de</strong> terras. Na análise da variável crédito, constatou-se que<br />
62,5% dos produtores <strong>de</strong> Silveirânia utilizavam o Pronaf para investir na proprieda<strong>de</strong>.
Contudo, percentual b<strong>em</strong> mais baixo fez uso do financiamento para a compra <strong>de</strong><br />
equipamentos e animais, o que reforça um tipo <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sassociada do<br />
mercado. Dos produtores que realizaram <strong>em</strong>préstimo, apenas dois (40%) fizeram<br />
financiamento para investir <strong>em</strong> equipamentos. Ainda assim, isso foi feito acompanhado<br />
da modalida<strong>de</strong> custeio, diferent<strong>em</strong>ente do produtor <strong>em</strong> Coronel Xavier, que se valeu do<br />
financiamento <strong>de</strong> R$15.000,00 para investir <strong>em</strong> equipamentos, aumentando o nível<br />
tecnológico do processo produtivo. Notou-se, assim, que <strong>em</strong> Silveirânia os recursos não<br />
foram utilizados, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte, para investimentos <strong>em</strong> tecnologia e, sim, para<br />
manutenção da proprieda<strong>de</strong>. O valor médio financiado foi <strong>de</strong> R$16.800,00, sendo o<br />
t<strong>em</strong>po médio para pagamento <strong>de</strong> 11 anos.<br />
Tabela 28 - AED crédito, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves<br />
Variável<br />
66<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Já utilizaram financiamento para investir na<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
5 62,5 1 100<br />
Nunca utilizaram financiamento 3 37,5 - -<br />
PRONAF 5 100,0 - -<br />
Já utilizaram o Pronaf para aquisição <strong>de</strong> terras 1 20,0 - -<br />
Já utilizaram o Pronaf custeio 1 20,0 - -<br />
Já utilizaram o Pronaf para compra <strong>de</strong> animais e<br />
custeio<br />
1 20,0 - -<br />
Já utilizaram o Pronaf para compra <strong>de</strong> equipamentos - - 1 100<br />
Já utilizaram o Pronaf para compra <strong>de</strong> equipamentos e<br />
custeio<br />
2 40,0 - -<br />
Consi<strong>de</strong>ram que o financiamento gerou efeitos<br />
positivos<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
4 80,0 1 100<br />
Continuando a <strong>de</strong>scrição acerca dos padrões tradicionais presentes no modo <strong>de</strong><br />
vida dos produtores rurais, apresenta-se a Tabela 29, referente às características do<br />
processo sucessório. Nota-se, nessa tabela, que <strong>em</strong> Silveirânia a sucessão foi <strong>de</strong>finida<br />
com base <strong>em</strong> critérios estabelecidos <strong>de</strong> acordo com as tradições, com a escolha sendo<br />
feita apenas pelo pai <strong>em</strong> 62,5% dos casos. Apesar <strong>de</strong> apenas dois produtores ter<strong>em</strong><br />
respondido que as mulheres não possuíam as mesmas chances <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> escolhidas<br />
como sucessoras, <strong>em</strong> nenhum dos oito casos havia a presença f<strong>em</strong>inina como sucessora.
Nota-se, também, que os atuais proprietários utilizavam a estratégia <strong>de</strong> atrasar<strong>em</strong> ao<br />
máximo a transferência da administração da proprieda<strong>de</strong> e não pretendiam in<strong>de</strong>nizar os<br />
filhos não sucessores. O fato <strong>de</strong> esperar<strong>em</strong> que o filho sucessor cui<strong>de</strong> <strong>de</strong>les durante a<br />
velhice reforça ainda mais a estratégia <strong>de</strong> atrasar o momento da transferência. Apenas<br />
um produtor, classificado entre os mais produtivos do município, <strong>de</strong>sejava realizar a<br />
transferência imediatamente. Esse resultado reforça as conclusões do estudo <strong>de</strong><br />
Silvestro et al. (2001), que afirmaram que os produtores rurais mais capitalizados não<br />
enfrentavam probl<strong>em</strong>as sucessórios <strong>em</strong> seus estabelecimentos. Em Coronel Xavier<br />
Chaves, o pai não influenciou na <strong>de</strong>cisão do filho, e a <strong>de</strong>cisão foi tomada pela família. A<br />
transferência, entretanto, também não ocorrerá enquanto o pai estiver <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />
trabalhar.<br />
Tabela 29 - AED sucessão, sucessor <strong>de</strong>finido, nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves<br />
Variável<br />
67<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Estimula o filho a ser produtor <strong>de</strong> leite 7 87,5 - -<br />
Não estimula o filho a ser produtor <strong>de</strong> leite 1 12,5 1 100<br />
A <strong>de</strong>cisão foi tomada apenas pelo pai 5 62,5 - -<br />
A <strong>de</strong>cisão foi tomada pela família 3 37,5 1 100<br />
As mulheres possu<strong>em</strong> as mesmas chances 14 3 37,5 - -<br />
As mulheres não possu<strong>em</strong> as mesmas chances 2 25,0 - -<br />
Não possui filhas 3 37,5 - -<br />
A transferência será realizada quando o sucessor<br />
estiver preparado<br />
3 37,5 - -<br />
Não será feita enquanto o proprietário tiver<br />
condições <strong>de</strong> trabalhar<br />
2 25,0 - -<br />
Não <strong>de</strong>finiram ainda 2 25,0 - -<br />
O mais breve possível 1 12,5 - -<br />
Os filhos não sucessores receberão algum b<strong>em</strong><br />
para compensação<br />
2 25,0 - -<br />
Os filhos não sucessores não receberão nenhum<br />
b<strong>em</strong> para compensação<br />
6 75,0 1 100<br />
Espera que o sucessor assuma a responsabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cuidar do proprietário na velhice<br />
6 75,0 1 100<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
14 Outros três produtores (37,5%) não possuíam filhas e não consi<strong>de</strong>ravam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mulher,<br />
uma sobrinha ou irmã, por ex<strong>em</strong>plo, assumir a proprieda<strong>de</strong>; os dois produtores restantes (25%) achavam<br />
que as mulheres não possuíam as mesmas chances que os homens.
A seguir, analisar-se-á o processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s produtivas on<strong>de</strong> o<br />
sucessor ainda não foi <strong>de</strong>finido, claramente, mas nas quais existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ainda sê-lo.<br />
3.2 Apresentação e análise dos dados para proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sucessor<br />
Entre as variáveis que mostraram ter influência sobre o processo sucessório <strong>em</strong><br />
proprieda<strong>de</strong>s nas quais o sucessor ainda não havia sido <strong>de</strong>finido, claramente, aparec<strong>em</strong>:<br />
a renda bruta da proprieda<strong>de</strong>, o valor do crédito, a residência na cida<strong>de</strong>, a ida<strong>de</strong> do<br />
produtor e a participação dos filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Consi<strong>de</strong>rando-se como<br />
significantes as variáveis com sigma < 0,10, <strong>de</strong> acordo com os dados da análise <strong>de</strong><br />
regressão da Tabela 30, <strong>em</strong> Silveirânia, o fato <strong>de</strong> o produtor residir na cida<strong>de</strong> e contar<br />
com o auxílio dos filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre as ativida<strong>de</strong>s executadas no<br />
estabelecimento influência significativa e positivamente para que o estabelecimento<br />
venha a ter um sucessor no futuro. As variáveis valor financiado e renda bruta da<br />
proprieda<strong>de</strong> também foram consi<strong>de</strong>radas significantes, porém com leve influência sobre<br />
a <strong>de</strong>cisão, o que indica que, apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> significantes, o aumento no valor<br />
financiado e a receita não aumentarão consi<strong>de</strong>ravelmente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessores.<br />
Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, a variável residir na cida<strong>de</strong> possuía significância<br />
e influência negativa para que a proprieda<strong>de</strong> viesse a ter um sucessor. Um aspecto que<br />
po<strong>de</strong>ria explicar tal influência negativa diz respeito ao fato <strong>de</strong> que os produtores que<br />
resi<strong>de</strong>m no campo possu<strong>em</strong> infraestrutura s<strong>em</strong>elhante aos que moram na cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> o<br />
acesso à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São João Del Rei ser rápido e fácil. O fato <strong>de</strong> os filhos participar<strong>em</strong><br />
das <strong>de</strong>cisões também foi consi<strong>de</strong>rado significante e positivo para o processo sucessório,<br />
b<strong>em</strong> como a ida<strong>de</strong> do produtor, que foi significativa e lev<strong>em</strong>ente positiva, indicando<br />
que, quanto maior a ida<strong>de</strong> do produtor, maior a chance <strong>de</strong> ter um sucessor escolhido.<br />
68
Tabela 30 - Regressão possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel<br />
Xavier Chaves<br />
Município Variável B Sigma<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Residência (cida<strong>de</strong>) 2,931 0,027<br />
Valor financiado 0,000 0,074<br />
Filhos que participam das <strong>de</strong>cisões 3,507 0,007<br />
Renda bruta da proprieda<strong>de</strong> 0,000 0,085<br />
Residência (cida<strong>de</strong>) -2,292 0,032<br />
Filhos que participam das <strong>de</strong>cisões 3,392 0,016<br />
Ida<strong>de</strong> do produtor 0,172 0,025<br />
A Tabela 31 compl<strong>em</strong>enta as análises apresentadas anteriormente quanto aos<br />
fatores que inci<strong>de</strong>m sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter sucessor. Em Silveirânia, a tomada <strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>préstimo do Pronaf para investimento na proprieda<strong>de</strong> indicou estar relacionada com<br />
aquelas proprieda<strong>de</strong>s que apresentam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um sucessor no<br />
estabelecimento. Portanto, a variável crédito se mostrou influente para o processo<br />
sucessório. Tal como os estudos <strong>de</strong> Teixeira et al. (2012), nas proprieda<strong>de</strong>s pesquisadas<br />
a participação dos filhos na administração da proprieda<strong>de</strong> também mostrou influenciar<br />
na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> eles permanecer<strong>em</strong> na ativida<strong>de</strong>. Assim, nos dois municípios pesquisados,<br />
<strong>em</strong> mais da meta<strong>de</strong> dos casos com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessão, os filhos já participavam<br />
das <strong>de</strong>cisões no estabelecimento. Outro dado importante, consi<strong>de</strong>rando-se que esse foi<br />
fator positivo para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver pelo menos um sucessor, é que, <strong>de</strong> acordo<br />
com a Tabela 8, nas mesorregiões on<strong>de</strong> estão inseridos, cerca <strong>de</strong> 30% dos produtores<br />
residiam na cida<strong>de</strong>, média próxima dos valores encontrados nos dois municípios<br />
pesquisados.<br />
Tabela 31 - AED das variáveis com sig < 0,10 presentes na regressão com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Município Variável Freq % Média Mediana Mín Máx<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Resid. (cida<strong>de</strong>) 9 32,1<br />
Valor financiado 15988,0 14500,00 3800,00 60000,0<br />
Filhos (<strong>de</strong>cisão) 15 53,6<br />
Chance mulher 18 64,3<br />
Renda 2908,00 2050,00 380,00 14000,0<br />
Resid. (cida<strong>de</strong>) 3 25,0<br />
Filhos (<strong>de</strong>cisão) 7 58,3<br />
Ida<strong>de</strong> 55,0 54,0 38,0 73,0<br />
69
A seguir, aprofunda-se a caracterização socioeconômica dos produtores rurais<br />
que apresentam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter<strong>em</strong> sucessor. A religião católica não foi fator<br />
influente na <strong>de</strong>cisão sobre qu<strong>em</strong> seria o sucessor, entretanto foi predominante entre<br />
todos os produtores que apresentaram ou não a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor. De todos os<br />
entrevistados, 96,2% <strong>em</strong> Silveirânia e 93,5% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves <strong>de</strong>clararam-se<br />
católicos. Assim, <strong>em</strong> uma proprieda<strong>de</strong> foi construída um capela, e <strong>em</strong> outra foi colocada<br />
uma imag<strong>em</strong> na entrada da residência. A foto 14 apresenta a capela construída na<br />
proprieda<strong>de</strong>, <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
Foto 14 - Capela construída na proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtor – Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />
Em termos econômicos, os dados da Tabela 32 apontam para um baixo<br />
percentual <strong>de</strong> produtores com renda mensal inferior a dois salários mínimos e que os<br />
produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves apresentavam percentual <strong>de</strong> renda mais elevado<br />
do que os <strong>de</strong> Silveirânia. Em Coronel Xavier Chaves, 50% das proprieda<strong>de</strong>s com<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor possuíam renda familiar anual superior a R$30.000,00,<br />
enquanto <strong>em</strong> Silveirânia esse percentual foi <strong>de</strong> 21,4%, assim como apresentava também<br />
superiorida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação ao percentual <strong>de</strong> produtores rurais aposentados. Em<br />
Silveirânia, observou-se maior participação dos familiares nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas,<br />
ou seja: 72% contra 41,7%, <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
70
Tabela 32 - AED perfil dos produtores com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
71<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Religião católica 27 96,4 12 100,0<br />
Produtor rural 16 57,1 6 50,0<br />
Produtor rural e aposentado 10 35,7 5 41,7<br />
Casado 23 82,1 12 100,0<br />
Família ajuda integralmente na proprieda<strong>de</strong> 2 7,1 2 16,7<br />
Família ajuda parcialmente na proprieda<strong>de</strong> 18 64,9 3 25,0<br />
Renda familiar anual até R$12.000,00 7 25,0 0 0<br />
Renda familiar anual entre R$12.000,01 e<br />
R$20.000,00<br />
8 28,6 5 41,7<br />
Renda familiar anual entre R$20.000,01 e<br />
R$30.000,00<br />
7 25,0 1 8,33<br />
Renda familiar anual acima <strong>de</strong> R$30.000,00<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
6 21,4 6 50,0<br />
A Tabela 33 passa a apresentar aspectos referentes ao perfil produtivo relativo à<br />
ativida<strong>de</strong> leiteira. É notório que os produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves são mais<br />
tecnificados que os <strong>de</strong> Silveirânia, o que se revela na produtivida<strong>de</strong> dos agricultores,<br />
que foi <strong>de</strong> 135 litros/dia <strong>em</strong> Silveirânia e 251 litros/dia <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
Entretanto, a análise <strong>de</strong> regressão não consi<strong>de</strong>rou o fator tecnologia como significante<br />
para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>. Ou seja, o fato<br />
<strong>de</strong> 83,3% dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves utilizar<strong>em</strong> alguma máquina para<br />
redução do trabalho manual e 32,1% <strong>em</strong> Silveirânia, b<strong>em</strong> como na realização <strong>de</strong> duas<br />
or<strong>de</strong>nhas diárias por 83,3% dos produtores <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, <strong>em</strong><br />
contrapartida a 60,7% <strong>em</strong> Silveirânia, indica uma forma mais <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> manejo<br />
entre os produtores <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, o que possibilitaria a eles aumentar a<br />
produtivida<strong>de</strong>, mas isso não influenciou na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que exista pelo menos um<br />
sucessor.
Tabela 33 - AED tecnologia, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
72<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Utiliza máquina para redução do trabalho manual 9 32,1 10 83,3<br />
Sist<strong>em</strong>a s<strong>em</strong>i-intensivo <strong>de</strong> criação 23 82,1 10 83,3<br />
Or<strong>de</strong>nha mecânica 9 32,1 10 83,3<br />
Utiliza ins<strong>em</strong>inação 19 67,9 8 66,7<br />
Utiliza sist<strong>em</strong>a integrado <strong>de</strong> produção 3 10,7 3 25,0<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
A Tabela 34 compl<strong>em</strong>enta esse perfil produtivo dos pesquisados nos dois<br />
municípios, ao explicitar a finalida<strong>de</strong> do uso do crédito por eles acionado. O Pronaf foi<br />
a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito mais utilizada entre os produtores rurais pesquisados. Em<br />
Silveirânia, a média tomada <strong>em</strong>prestada foi <strong>de</strong> R$16.000,00 e <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves, R$21.800,00. Em Silveirânia, os produtores utilizavam o crédito, <strong>em</strong> média, há<br />
oito anos e <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, 10 anos. Ao comparar os dados com a<br />
mesorregião a que pertenciam, observou-se, <strong>de</strong> acordo com a Tabela 8, que os<br />
produtores nos municípios pesquisados tomavam mais <strong>em</strong>préstimos <strong>em</strong> relação à média<br />
na mesorregião.<br />
Na mesorregião Campo das Vertentes, 40,0% dos produtores utilizavam o<br />
crédito para investir<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, contra 50,0% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves. Já na<br />
mesorregião da Zona da Mata mineira, o crédito foi utilizado por 21,21% dos<br />
produtores, contra 64,3% <strong>em</strong> Silveirânia. Porém, verificou-se que esses produtores não<br />
chegavam a investir n<strong>em</strong> 35% do recurso <strong>em</strong> tecnologia, o que po<strong>de</strong>ria comprometer a<br />
sua eficiência produtiva. Assim, <strong>de</strong> acordo com o teste do qui-quadrado realizado no<br />
it<strong>em</strong> 2.1, os dados <strong>em</strong> relação ao crédito apontaram que seu acesso, <strong>de</strong> forma isolada,<br />
não favoreceria o <strong>de</strong>senvolvimento eficiente dos produtores <strong>de</strong> leite. Entretanto, mesmo<br />
sendo utilizado <strong>de</strong> forma a não favorecer a eficiência produtiva dos produtores, o crédito<br />
mostrou-se associado à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção das unida<strong>de</strong>s produtivas, <strong>de</strong> acordo<br />
com os dados da regressão na Tabela 30, o que po<strong>de</strong>ria aumentar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />
houvesse pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>.
Tabela 34 - AED crédito, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
73<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Já utilizou algum tipo <strong>de</strong> financiamento 18 64,3 6 50,0<br />
Modalida<strong>de</strong> Pronaf 18 100,00 5 83,3<br />
Investiu <strong>em</strong> tecnologia 5 27,8 2 33,3<br />
Consi<strong>de</strong>ra o financiamento oneroso 3 16,7 2 33,3<br />
Consi<strong>de</strong>ra burocrático realizar um financiamento 10 55,5 11 91,6<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
A Tabela 35 amplia o perfil dos produtores, apresentando a sua situação <strong>em</strong><br />
relação à terra. Seus dados evi<strong>de</strong>nciam que o tamanho das terras era consi<strong>de</strong>rado<br />
a<strong>de</strong>quado por 75% dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia e 66,7% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />
mesmo com alguns <strong>de</strong>les utilizando terras arrendadas. A qualida<strong>de</strong> das terras também<br />
foi consi<strong>de</strong>rada boa por 82,1% dos produtores <strong>em</strong> Silveirânia e 58,3% <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves. Em Silveirânia, os agricultores possuíam as terras nas condições<br />
apresentadas na Tabela 35, <strong>em</strong> média há 20 anos e, <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, 18 anos.<br />
Consi<strong>de</strong>rando a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> apresentada pelos agricultores dos dois municípios,<br />
atualmente entre 55 e 56 anos, verificou-se que esses produtores adquiriram suas terras<br />
com ida<strong>de</strong> próxima aos 36 anos.<br />
Tabela 35 - AED estrutura fundiária, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
As terras são próprias 21 75,0 9 75,0<br />
As terras são arrendadas 6 21,4 3 25,0<br />
Pelo menos uma parte das terras foi adquirida por<br />
herança<br />
16 57,1 6 50,0<br />
Irmãos her<strong>de</strong>iros ven<strong>de</strong>ram sua parte 9 32,1 3 25,0<br />
Consi<strong>de</strong>ra o tamanho a<strong>de</strong>quado 21 75 8 66,7<br />
Consi<strong>de</strong>ra as terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong><br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
23 82,1 7 58,3
A Tabela 36 <strong>de</strong>talha a situação <strong>em</strong> relação à área total e à área utilizada pela<br />
pecuária, relacionando-as com o percentual <strong>de</strong> possíveis sucessores. Nos municípios<br />
pesquisados, entre as proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor, para <strong>de</strong>terminar a<br />
média do tamanho das proprieda<strong>de</strong>s, apenas uma possuía tamanho superior a 100 ha e<br />
foi excluída da análise por ser classificada como um outlier (valor discrepante da média,<br />
que po<strong>de</strong> influenciar no resultado). O tamanho reduzido das proprieda<strong>de</strong>s, com especial<br />
atenção para Coronel Xavier Chaves, que possuía média inferior à <strong>de</strong> Silveirânia <strong>em</strong><br />
todas as classificações apresentadas, corrobora a necessida<strong>de</strong> do uso da tecnologia para<br />
manter um processo produtivo eficiente e que uma proprieda<strong>de</strong> com tamanho reduzido<br />
po<strong>de</strong>ria não ser sustentável economicamente se dividida entre todos os her<strong>de</strong>iros.<br />
Diferent<strong>em</strong>ente do quesito crédito, as médias apresentadas nos municípios pesquisados<br />
foram inferiores às das mesorregiões a que pertenciam, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com a Tabela 8,<br />
a média geral do tamanho da proprieda<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 52,67 ha na Zona da Mata mineira e<br />
73,38 ha na mesorregião Campo das Vertentes.<br />
Tabela 36 - AED área média nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Área total média (ha) Área média utilizada pela pecuária (ha)<br />
Sucessor Possível Geral Sucessor Possível Geral<br />
<strong>de</strong>finido Sucessor<br />
<strong>de</strong>finido Sucessor<br />
Silveirânia 39,86 56,00 46,81 38,29 31,64 28,66<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
23,0 34,17 37,10 16,0 23,00 23,48<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
A escolarida<strong>de</strong> foi uma das variáveis, citadas na literatura, como intervenientes<br />
no processo sucessório. A Tabela 37 apresenta os dados relativos ao nível <strong>de</strong> ensino dos<br />
proprietários rurais pesquisados, b<strong>em</strong> como a qualificação para a ativida<strong>de</strong> leiteira<br />
através <strong>de</strong> cursos e a percepção dos produtores acerca da utilida<strong>de</strong> dos conhecimentos<br />
adquiridos através dos eventos voltados para a qualificação na ativida<strong>de</strong> leiteira para sua<br />
prática cotidiana.<br />
Em ambos os municípios pesquisados, apesar <strong>de</strong> a maioria dos produtores que<br />
contavam com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor ter apenas o ensino básico, eles acreditavam<br />
que o estudo até o ensino médio, no mínimo, era importante para o jov<strong>em</strong> do meio rural.<br />
74
Avaliaram como sendo úteis, ainda, os cursos técnicos e superiores voltados para a área.<br />
Os cursos <strong>de</strong> capacitação dirigidos para as ativida<strong>de</strong>s agropecuárias foram também<br />
consi<strong>de</strong>rados como importantes pelos produtores rurais. Contudo, a parte <strong>de</strong> formação<br />
gerencial pareceu bastante <strong>de</strong>ficitária entre os eles, <strong>em</strong> razão da baixa porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />
produtores que faziam os registros relativos às ativida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong>senvolvidas nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s: 10,7% <strong>em</strong> Silveirânia e 33,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
Tabela 37 - AED escolarida<strong>de</strong> e capacitação, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
75<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
Estudou até o ensino básico 22 78,6 7 58,3<br />
Já participou <strong>de</strong> algum curso <strong>de</strong> capacitação 22 78,6 10 83,3<br />
Utilizou os conhecimentos adquiridos na<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
20 90,9 8 66,7<br />
Realiza algum registro<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
3 10,7 4 33,3<br />
Outro aspecto, <strong>de</strong> certo forma relacionado às práticas <strong>de</strong> gerenciamento da<br />
proprieda<strong>de</strong>, que diz respeito à participação do produtor <strong>em</strong> Associação <strong>de</strong> Produtores,<br />
<strong>em</strong> que se ressaltam os aspectos julgados por eles como tendo tido repercussão para a<br />
sua prática a partir da participação na associação, será apresentado na Tabela 38.<br />
Os produtores que possuíam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um sucessor <strong>em</strong> seu<br />
estabelecimento consi<strong>de</strong>ravam que a participação na associação repercutia na sua<br />
ativida<strong>de</strong> produtiva. Isso se dava sob dois aspectos: seja facilitando-lhes a armazenag<strong>em</strong><br />
do leite, especialmente entre os produtores <strong>de</strong> Silveirânia, pelo fato <strong>de</strong>, na condição <strong>de</strong><br />
associados, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> utilizar o tanque coletivo, seja por favorecer-lhes a redução dos<br />
custos na compra <strong>de</strong> insumos, seja pela venda <strong>em</strong> maior escala, o que lhes po<strong>de</strong>ria<br />
favorecer na negociação do preço pago pelo litro do leite. Tendo <strong>em</strong> vista que<br />
aproximadamente ¼ dos produtores <strong>de</strong>sconhecia a IN 51 e que 67,9% <strong>em</strong> Silveirânia e<br />
58,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves utilizavam parcialmente as normas da IN 51, as<br />
associações mostraram-se importantes também para o auxílio na produção <strong>de</strong>ntro das
atuais normas da legislação, para que os produtores pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>, inclusive, pleitear o<br />
aumento no preço recebido pelo leite ali produzido.<br />
Tabela 38 - AED participação <strong>em</strong> associações e IN 51, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais<br />
<strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Município Variável Freq %<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
A associação contribui para a ativida<strong>de</strong> leiteira 24 85,7<br />
Utiliza tanque COLETIVO 26 92,8<br />
Conhece e utiliza parcialmente a IN 51 19 67,9<br />
Não conhece a IN 51 8 28,6<br />
A associação contribui para a ativida<strong>de</strong> leiteira 11 91,7<br />
Utiliza tanque PRÓPRIO 10 83,3<br />
Conhece e utiliza parcialmente a IN 51 7 58,3<br />
Não conhece a IN 51 3 25,0<br />
Por fim, a Tabela 39, última apresentada neste it<strong>em</strong>, traz os dados relativos às<br />
respostas dos produtores rurais <strong>em</strong> relação ao <strong>de</strong>finidor do sucessor, ao seu perfil etário,<br />
ao momento que se dariam a sucessão e a forma <strong>de</strong> herança para os filhos que não se<br />
tornarão sucessores. No que diz respeito à questão relativa ao <strong>de</strong>finidor do sucessor, os<br />
dados colhidos <strong>em</strong> ambos os municípios po<strong>de</strong>riam ser interpretados como tendo<br />
apresentado suposta divergência entre si, visto que <strong>em</strong> Silveirânia o po<strong>de</strong>r do pai na<br />
<strong>de</strong>finição do sucessor foi assumido mais abertamente, <strong>em</strong> 42,9% dos casos. Já <strong>em</strong><br />
Coronel Xavier Chaves, on<strong>de</strong> ele ficou subsumido <strong>de</strong>ntro da família, apenas uma<br />
família (8,3%) assumiu que a escolha seria realizada apenas pelo pai. Contudo, a or<strong>de</strong>m<br />
que impera <strong>de</strong>ntro da família segue o respeito aos <strong>de</strong>sígnios paternos.<br />
Assim, ter-se-ia mais uma confluência do que uma divergência <strong>em</strong> termos dos<br />
parâmetros sucessórios, a qual se mostrou ancorada nos costumes familiares mais que<br />
nas leis, sustentando a escolha relativa “ao filho hom<strong>em</strong> mais velho”, <strong>em</strong> 39,3% das<br />
proprieda<strong>de</strong>s com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor <strong>em</strong> Silveirânia e 33,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves, para dar continuida<strong>de</strong> à missão <strong>de</strong> manter o patrimônio da família. Quanto aos<br />
que não for<strong>em</strong> se tornar sucessores, os dados apontaram que receberiam “in<strong>de</strong>nizações<br />
reparatórias” <strong>em</strong> 42,86% dos casos <strong>em</strong> Silveirânia e 33,3% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves,<br />
enquanto ao sucessor caberia a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar dos pais.<br />
76
Tabela 39 - AED sucessão, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucessor nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e<br />
Coronel Xavier Chaves<br />
Variável<br />
77<br />
Silveirânia<br />
Coronel<br />
Xavier<br />
Chaves<br />
Freq % Freq %<br />
A escolha do sucessor será feita apenas pelo pai 12 42,9 1 8,3<br />
A escolha do sucessor será feita pelos pais 5 17,9 3 25,0<br />
A escolha do sucessor será feita por todos os<br />
m<strong>em</strong>bros da família<br />
10 35,7 5 41,7<br />
Sucessor será o filho mais velho 11 39,3 4 33,3<br />
Sucessor será o filho mais novo 4 14,3 1 8,3<br />
Sucessor será o(a) filho(a) que mais gostar da<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
6 21,4 3 25,0<br />
Outros (genro, sobrinhos e não <strong>de</strong>finiram ainda) 7 25,0 4 33,3<br />
A transferência ocorrerá quando os pais tiver<strong>em</strong><br />
renda garantida<br />
3 10,7 1 8,3<br />
A transferência ocorrerá quando o sucessor estiver<br />
preparado<br />
8 28,6 1 8,3<br />
A transferência não será realizada enquanto o<br />
proprietário estiver <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> trabalhar<br />
11 39,3 8 66,7<br />
Não <strong>de</strong>finiram ainda 6 21,4 2 16,7<br />
Exist<strong>em</strong> terras para todos os sucessores e, ou,<br />
her<strong>de</strong>iros<br />
11 39,3 4 33,3<br />
Exist<strong>em</strong> terras apenas para o sucessor 15 53,6 8 66,7<br />
Os filhos não sucessores receberão alguma<br />
compensação<br />
12 42,86 4 50,0<br />
Espera que os filhos assumam o compromisso <strong>de</strong><br />
cuidar dos pais durante a velhice<br />
17 60,7 6 50,0<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
As fotos que se segu<strong>em</strong> mostram os pais com os seus possíveis sucessores.<br />
Foto 15 - Pesquisador e família <strong>de</strong> produtores <strong>em</strong> Silveirânia.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.
Foto 16 - Pesquisador, pai e filho produtores <strong>de</strong> leite <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo – março <strong>de</strong> 2012.<br />
3.3 Apresentação e análise dos dados sobre a percepção dos filhos dos produtores<br />
sobre a sucessão<br />
O reduzido número <strong>de</strong> filhos que residiam com os produtores, aliado ao fato <strong>de</strong><br />
que 5,8% dos entrevistados <strong>em</strong> Silveirânia e 19,8% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves<br />
consi<strong>de</strong>ravam que os filhos eram jovens <strong>de</strong>mais para possuír<strong>em</strong> opinião formada sobre<br />
o t<strong>em</strong>a da sucessão, resultou na realização <strong>de</strong> apenas 21 entrevistas com filhos <strong>de</strong><br />
produtores: 7 <strong>em</strong> Silveirânia e 14 <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves. Cabe ressaltar também<br />
que, durante a pesquisa, muitos filhos encontravam-se ausentes, por estar<strong>em</strong> na escola<br />
ou pelo fato <strong>de</strong> não residir<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> foi realizada a entrevista. Para<br />
análise sobre a percepção dos filhos sobre a sucessão, foi utilizada a Análise<br />
Exploratória <strong>de</strong> Dados (AED) com as opiniões separadas por município e a aplicação do<br />
teste do qui-quadrado, consi<strong>de</strong>rando-se os dados dos dois municípios juntos.<br />
Ao analisar os dados da Tabela 40, as maiores ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> filhos que moravam com<br />
os pais e, ainda, não assumiram a proprieda<strong>de</strong>, encontraram-se filhos com 42 e 47 anos<br />
vivendo com os pais, indicando que se trata <strong>de</strong> um processo sucessório, marcado pela<br />
gradual transferência <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s do patriarca ao filho sucessor, que<br />
geralmente vai assumir a proprieda<strong>de</strong> entre os 50 e 60 anos.<br />
78
Tabela 40 - AED ida<strong>de</strong> dos filhos dos produtores entrevistados nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong><br />
Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Município Variável Média Mediana Mín Máx<br />
Silveirânia Ida<strong>de</strong> 25 22 14 42<br />
Coronel<br />
Xavier Chaves<br />
Ida<strong>de</strong> 19 15 10 47<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Conforme <strong>de</strong>monstrado no Gráfico 1, os dados revelaram forte viés masculino<br />
<strong>em</strong> relação aos filhos que ainda permaneciam no campo: 75% das mulheres<br />
respon<strong>de</strong>ram que não gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong> dos pais; ao passo que 88,2%<br />
dos homens respon<strong>de</strong>ram que gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong>. No entanto, ao<br />
analisar a percepção dos filhos <strong>em</strong> relação a qu<strong>em</strong> será o sucessor, percebeu-se quanto<br />
este não é um t<strong>em</strong>a que revela que a <strong>de</strong>finição seja efetivada <strong>de</strong> forma clara, reforçando<br />
o peso sutil da “gradualida<strong>de</strong>” na <strong>de</strong>finição do sucessor.<br />
Gráfico 1 - Sexo dos filhos presentes nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong><br />
leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Ao analisar o Gráfico 2 sobre a percepção dos filhos <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> irá assumir a<br />
proprieda<strong>de</strong>, assim como encontrado na análise dos gestores, a preferência sobre os<br />
filhos recai sobre os mais velhos, 29% <strong>em</strong> Silveirânia e 14% <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves. Em ambos os municípios, 29% dos filhos consi<strong>de</strong>raram que irá ficar o filho(a)<br />
que mais gostar da proprieda<strong>de</strong>. Em Coronel Xavier Chaves, 50% dos filhos<br />
entrevistados acreditavam que o sucessor ainda não teria sido <strong>de</strong>finido.<br />
79
Gráfico 2 - Percepção do(s) filho(s) sobre qu<strong>em</strong> irá assumir a proprieda<strong>de</strong><br />
nos municípios pesquisados.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Um dos aspectos da gradualida<strong>de</strong> presentes no processo sucessório se estabelece<br />
<strong>em</strong> termos do envolvimento dos filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, como po<strong>de</strong> ser observado<br />
no Gráfico 3. A participação po<strong>de</strong> ser tomada como uma forma <strong>de</strong> socialização <strong>em</strong><br />
relação às questões cotidianas da proprieda<strong>de</strong>. Ao longo dos anos e das décadas, o filho<br />
sucessor que permanecerá na proprieda<strong>de</strong> passará gradualmente a assumir maiores<br />
responsabilida<strong>de</strong>s até que estas se torn<strong>em</strong> plenas. Geralmente, o filho sucessor ao<br />
assumir a proprieda<strong>de</strong> já estará casado e com filhos adolescentes. Observou-se que nos<br />
dois municípios pesquisados as <strong>de</strong>cisões tomadas no estabelecimento envolviam toda a<br />
família que residia no estabelecimento, com 57% <strong>em</strong> Silveirânia e 36% <strong>em</strong> Coronel<br />
Xavier Chaves.<br />
Gráfico 3 - Percepção dos filhos sobre como as <strong>de</strong>cisões são tomadas no estabelecimento<br />
nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
80
Já no que diz respeito à forma como os filhos que afirmaram que gostariam <strong>de</strong><br />
assumir a proprieda<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ram que pretendiam se preparar para assumir a<br />
proprieda<strong>de</strong> as respostas divergiram nos dois municípios, conforme <strong>de</strong>monstrado no<br />
Gráfico 4. Entre os filhos dos produtores <strong>de</strong> Silveirânia, menos tecnificados e<br />
capitalizados, a percepção para 67% era <strong>de</strong> que os conhecimentos adquiridos com os<br />
pais e, ou, a prática da ativida<strong>de</strong> seria suficiente para que eles pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> assumir a<br />
proprieda<strong>de</strong>. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves os filhos pretendiam capacitar-se: 40% <strong>em</strong><br />
cursos superiores e 20% <strong>em</strong> cursos técnicos.<br />
Gráfico 4 - Pretensão <strong>de</strong> capacitação pelos filhos dos produtores nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Essa intenção referente à forma como os filhos manifestaram que pretendiam se<br />
preparar para assumir a proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser compl<strong>em</strong>entada pelos dados relativos aos<br />
filhos que trabalhavam na proprieda<strong>de</strong>, os quais estão expressos no Gráfico 5.<br />
Observa-se que o percentual <strong>de</strong> filhos que trabalhavam no campo é maior <strong>em</strong><br />
Silveirânia, com 86%, contra 50% <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves, on<strong>de</strong> as proprieda<strong>de</strong>s<br />
apresentavam nível inferior <strong>de</strong> tecnologia e capitalização. Daí, po<strong>de</strong>r-se-ia consi<strong>de</strong>rar a<br />
hipótese <strong>de</strong> que a sucessão, <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> municípios que apresentavam<br />
características socioeconômicas s<strong>em</strong>elhantes, não estaria relacionada à viabilida<strong>de</strong><br />
econômica <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>em</strong> específico, mas antes sustentada <strong>em</strong> um modo <strong>de</strong> vida<br />
rural, que se sustentaria através dos baixos gastos <strong>de</strong> investimento na proprieda<strong>de</strong>.<br />
81
Gráfico 5 - Local <strong>de</strong> residência e trabalho dos filhos dos produtores nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
O Gráfico 6 apresenta a perspectiva dos jovens <strong>em</strong> relação ao trabalho e moradia<br />
no campo. Em Silveirânia, constatou-se que a gran<strong>de</strong> maioria dos jovens (71%)<br />
consi<strong>de</strong>rou o campo como bom local para residir e trabalhar futuramente; ao contrário<br />
<strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves, on<strong>de</strong> a pretensão <strong>de</strong> morar no campo não chegou a 30%, e a<br />
<strong>de</strong> nele trabalhar foi <strong>de</strong> 42%. Isso reforçou os dados que apontaram para o fato <strong>de</strong> que o<br />
maior nível tecnológico da proprieda<strong>de</strong> não constitui fator <strong>de</strong>cisivo para a efetivação do<br />
processo sucessório entre os produtores pesquisados.<br />
Gráfico 6 - Local on<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>m residir e trabalhar os filhos dos produtores<br />
nas proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
82
O Gráfico 7 reforça ainda mais a constatação apresentada no parágrafo anterior.<br />
Apenas 43% dos filhos <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> Silveirânia e 36% dos <strong>de</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves afirmaram que continuariam trabalhando com a pecuária <strong>de</strong> leiteira <strong>de</strong> forma<br />
exclusiva. Chama atenção ainda o fato <strong>de</strong> que as proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coronel Xavier Chaves<br />
são mais tecnificadas que as <strong>de</strong> Silveirânia, o que reforça a constatação <strong>de</strong> que a<br />
tecnologia não seria fator <strong>de</strong>terminante para a sucessão.<br />
Gráfico 7 - Pretensão profissional dos filhos dos agricultores nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
rurais <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves.<br />
P.L. - Pecuária leiteira.<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
3.3.1 Fatores causais sobre o processo sucessório<br />
Os dados a seguir apresentarão os resultados do teste do qui-quadrado que<br />
procurou analisar as variáveis que teriam influência sobre o processo sucessório na<br />
percepção dos filhos. Um dos princípios para que seja realizado o teste do qui-quadrado<br />
é que no máximo 25% das respostas possuam valor < 5. Assim, apenas <strong>em</strong> duas<br />
situações foi possível realizar o teste, s<strong>em</strong>pre consi<strong>de</strong>rando os dados dos filhos<br />
pesquisados, dos dois municípios <strong>em</strong> conjunto.<br />
Nas tabelas 41 e 42 foi analisa a relação entre a opção do filho <strong>em</strong> tornar-se<br />
sucessor e se o mesmo estudava a época da pesquisa. Analisando a tabela 41, observou-<br />
se que 56,25% dos filhos que pretendiam assumir o lugar dos pais na proprieda<strong>de</strong> não<br />
estudavam e que 76,19% dos filhos entrevistados, gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong>,<br />
83
caso pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> escolher, reforçando assim os estudos <strong>de</strong> Stropasolas (2010) e Silvestro<br />
et al (2001), os quais indicam existir uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> politicas públicas voltadas para a<br />
capacitação dos jovens no campo.<br />
Tabela 41 - Teste qui-quadrado ser sucessor e estudar 1 para os filhos dos produtores rurais nos<br />
Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Estuda? Total<br />
Não Sim<br />
Caso pu<strong>de</strong>sse escolher, gostaria <strong>de</strong> Não 0 5 5<br />
assumir a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pai? Sim 9 7 16<br />
Total 9 12 21<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Na tabela 42, o teste do qui-quadrado, com sigma igual a 0,045, indicou haver<br />
associação entre o filho não estudar e almejar ser o sucessor na proprieda<strong>de</strong>. Assim, <strong>de</strong><br />
acordo com a tabela 41, 100,0% dos filhos que não estudavam, gostariam <strong>de</strong> ser o<br />
sucessor na proprieda<strong>de</strong>, caso pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> escolher, frente a 58,33% dos filhos que<br />
estudavam a época da pesquisa.<br />
Tabela 42 - Teste qui-quadrado ser sucessor e estudar 2 para os filhos dos produtores rurais nos<br />
Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Valor df Sig. Assint. (2<br />
84<br />
lados)<br />
Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 4,922 a 1 0,027<br />
Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 2,893 1 0,089<br />
Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 6,752 1 0,009<br />
Fisher's Exact Test<br />
Associação Linear por<br />
Linear<br />
N <strong>de</strong> Casos Válidos 21<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
4,687 1 0,030<br />
Sig exata<br />
(2 lados)<br />
Sig exata<br />
(1 lado)<br />
0,045 0,039<br />
Nas tabelas 43 e 44 foi analisada a relação entre a opção do filho <strong>em</strong> tornar-se<br />
sucessor e se o mesmo realizava algum investimento na proprieda<strong>de</strong> a época da<br />
pesquisa. Analisando a tabela 43, observou-se que 68,75% dos filhos que pretendiam
assumir o lugar dos pais na proprieda<strong>de</strong> já realizavam algum investimento na<br />
proprieda<strong>de</strong> e que 100,0% dos filhos entrevistados, que não realizavam nenhum<br />
investimento na proprieda<strong>de</strong>, não gostariam <strong>de</strong> assumir a proprieda<strong>de</strong>, caso pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong><br />
escolher.<br />
Tabela 43 - Teste qui-quadrado realizar investimento e ser sucessor 1 para os filhos dos produtores rurais<br />
nos Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Caso pu<strong>de</strong>sse escolher,<br />
gostaria <strong>de</strong> assumir a<br />
proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pai?<br />
Investe na<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
85<br />
Investimento Total<br />
Não investe na<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
Não 0 5 5<br />
Sim 11 5 16<br />
Total 11 10 21<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
Na tabela 44, o teste do qui-quadrado, com sigma igual a 0,012, indicou haver<br />
associação entre o filho realizar algum investimento na proprieda<strong>de</strong> e almejar ser o<br />
sucessor, ressaltando a importância do contado do jov<strong>em</strong> com a ativida<strong>de</strong> para que o<br />
mesmo tenha a ativida<strong>de</strong> leiteira como perspectiva futura.<br />
Tabela 44 - Teste qui-quadrado realizar investimento e ser sucessor 2 para os filhos dos produtores rurais<br />
nos Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves<br />
Valor df Sig. Assint. (2<br />
lados)<br />
Chi-quadrado <strong>de</strong> Pearson 7,219 a 1 0,007<br />
Correção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> b 4,726 1 0,030<br />
Razão <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> 9,190 1 0,002<br />
Fisher's Exact Test<br />
Associação Linear por<br />
Linear<br />
N <strong>de</strong> Casos Válidos 21<br />
Fonte: Dados da pesquisa, 2012.<br />
6,875 1 0,009<br />
Sig exata<br />
(2 lados)<br />
Sig exata<br />
(1 lado)<br />
0,012 0,012
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
O objetivo geral <strong>de</strong>ste estudo foi compreen<strong>de</strong>r quais os fatores que<br />
influenciavam o processo sucessório <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite,<br />
contrapondo fatores relacionados à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> com fatores relacionados à tradição<br />
nos Municípios <strong>de</strong> Silveirânia e Coronel Xavier Chaves. A pesquisa foi realizada<br />
procurando analisar a veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cinco hipóteses: 1ª) o nível tecnológico presente <strong>em</strong><br />
uma unida<strong>de</strong> produtiva constitui fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />
unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite; 2ª) o tamanho da proprieda<strong>de</strong> constitui fator interveniente<br />
na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite; 3ª) o acesso ao<br />
crédito interfere no processo sucessório dos produtores <strong>de</strong> leite; 4ª) a proximida<strong>de</strong> com<br />
a cida<strong>de</strong> interfere na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite;<br />
e 5ª) a escolarida<strong>de</strong> do produtor interfere no processo sucessório.<br />
Tratando-se do processo sucessório, foi constatada nos dois municípios a<br />
tendência <strong>de</strong> a sucessão ocorrer após os cinquenta anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> do sucessor, com os<br />
pais transmitindo ao filho cinquentão a administração da proprieda<strong>de</strong>, apenas quando<br />
julgavam não ter mais condição <strong>de</strong> trabalhar. Quanto à primeira hipótese <strong>de</strong> que o nível<br />
tecnológico presente <strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong> produtiva se constituiria <strong>em</strong> um fator<br />
interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite, ela foi negada. O<br />
nível <strong>de</strong> tecnificação não se mostrou como fator prepon<strong>de</strong>rante para que existisse a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sucessor nas unida<strong>de</strong>s produtivas.<br />
Ao analisar o nível tecnológico das proprieda<strong>de</strong>s que já possuíam sucessor<br />
<strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia, notou-se que os produtores utilizavam o sist<strong>em</strong>a tradicional<br />
para a manutenção da ativida<strong>de</strong>, indo na contramão do que suger<strong>em</strong> os especialistas<br />
para aumentar a produtivida<strong>de</strong> e a lucrativida<strong>de</strong> na pecuária leiteira. Tal fato <strong>de</strong>monstra<br />
que a manutenção da proprieda<strong>de</strong> não está associada a uma função produtiva e lucrativa<br />
para este tipo <strong>de</strong> produtor. Nesse sentido, é importante agregar a esse dado referente à<br />
tecnologia, o dado referente à receita bruta média das proprieda<strong>de</strong>s com sucessor<br />
<strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia, que ficou <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> R$3.142,80. Se se consi<strong>de</strong>rar que os<br />
pequenos agricultores produz<strong>em</strong> parte dos alimentos que consom<strong>em</strong> e utilizam os pastos<br />
86
para a alimentação do gado, seria razoável <strong>de</strong>duzir que a manutenção da proprieda<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>ria ser viável e racional, ainda que a renda do leite isoladamente não <strong>de</strong>sse lucro.<br />
No tocante à segunda hipótese, referente ao fato <strong>de</strong> o tamanho da proprieda<strong>de</strong><br />
se constituir <strong>em</strong> um fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas unida<strong>de</strong>s familiares<br />
<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite, a influência foi confirmada. O teste <strong>de</strong> regressão para as<br />
proprieda<strong>de</strong>s com sucessor <strong>de</strong>finido <strong>em</strong> Silveirânia consi<strong>de</strong>rou a variável área como<br />
significativa, indicando que o aumento da área aumentaria a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir<br />
pelo menos um sucessor na proprieda<strong>de</strong>. Mesmo com tamanho médio inferior as<br />
mesorregiões a que pertenc<strong>em</strong> os produtores, nos dois municípios pesquisados,<br />
consi<strong>de</strong>raram suas terras <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e o tamanho a<strong>de</strong>quado. Assim, a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> terras se mostrou um fator favorável à existência <strong>de</strong> sucessor, mas não se converteu<br />
<strong>em</strong> um fator <strong>de</strong> aumento da produtivida<strong>de</strong>.<br />
Quanto à terceira hipótese, referente ao crédito interferir no processo<br />
sucessório, constatou-se que este era utilizado, <strong>em</strong> sua maioria, para o custeio das<br />
ativida<strong>de</strong>s (compra <strong>de</strong> insumos), indicando que os produtores não estavam conseguindo<br />
manter as suas ativida<strong>de</strong>s apenas com a receita gerada pela produção, sendo, inclusive,<br />
consi<strong>de</strong>rável a participação da aposentadoria para a manutenção da proprieda<strong>de</strong>. O<br />
acesso ao crédito isolado mostrou não gerar eficiência na ativida<strong>de</strong> produtiva, tendo as<br />
associações maior influência nesse quesito.<br />
Quanto à quarta hipótese esta foi confirmada. De acordo com a análise <strong>de</strong><br />
regressão, o fato <strong>de</strong> o produtor residir na cida<strong>de</strong> influencia fort<strong>em</strong>ente na <strong>de</strong>finição do<br />
sucessor, tanto positivamente, como ficou mostrado <strong>em</strong> relação à Silveirânia, quanto<br />
negativamente, como <strong>em</strong> relação a Coronel Xavier Chaves, o que mostra que essa<br />
variável não po<strong>de</strong> ser interpretada <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scontextualizada. Em Silveirânia, a<br />
proximida<strong>de</strong> entre a “rua” e a “roça” era consi<strong>de</strong>rada pequena. Já <strong>em</strong> Coronel Xavier<br />
Chaves a mesma situação se dava. Contudo, a proximida<strong>de</strong> com uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> porte<br />
médio, como São João Del Rei, que possui uma Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral, comércio e<br />
indústria <strong>de</strong>senvolvidos, constituía-se <strong>em</strong> um chamariz para os possíveis sucessores.<br />
Assim, <strong>em</strong> ambos os casos ficou evi<strong>de</strong>nte que a distância da cida<strong>de</strong> se constituía, sim,<br />
<strong>em</strong> fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor. Contudo, a distância po<strong>de</strong>ria influenciar<br />
positiva ou negativamente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da localização do município <strong>em</strong> questão face a<br />
outros. Quando a unida<strong>de</strong> produtiva está circunscrita no âmbito do contexto <strong>de</strong> uma<br />
87
cida<strong>de</strong> rural, cuja base da economia é agrícola e as formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> são<br />
perpassadas por uma cultura “ruralizada”, a distância não constitui fator negativo. Já no<br />
caso da unida<strong>de</strong> produtiva, ela está circunscrita ao âmbito <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> um centro<br />
urbano, com opções <strong>de</strong> estudo e <strong>de</strong> trabalho, a distância entre a unida<strong>de</strong> produtiva e o<br />
centro urbano constitui fator <strong>de</strong> influência negativo para a presença <strong>de</strong> sucessor, <strong>em</strong><br />
razão da força do mercado <strong>de</strong> trabalho e das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudo e lazer existentes<br />
no centro urbano.<br />
Por fim, no que se refere à quinta hipótese, a escolarida<strong>de</strong> mostrou-se como<br />
fator interveniente no processo sucessório, constatando-se que a baixa escolarida<strong>de</strong><br />
favorecia que os pequenos agricultores continuass<strong>em</strong> no campo. Entretanto, o maior<br />
nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> mostrou-se diretamente associado com o nível <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
leite dos produtores. Nos dois municípios pesquisados, apesar <strong>de</strong> os gestores<br />
entrevistados ter<strong>em</strong> indicado pelo menos o ensino médio como o mínimo necessário<br />
para que os futuros sucessores exercess<strong>em</strong> a ativida<strong>de</strong> leiteira, os atuais gestores<br />
apresentaram como média <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> o ensino básico e, apesar <strong>de</strong> realizar<strong>em</strong><br />
cursos <strong>de</strong> capacitação, observou-se existir uma carência <strong>de</strong> procedimentos gerenciais<br />
nas proprieda<strong>de</strong>s pesquisadas. O teste do qui-quadrado realizado com a opinião dos<br />
filhos dos produtores, confirmou haver associação entre os filhos que não estudavam e<br />
que gostariam <strong>de</strong> assumir o lugar dos pais na proprieda<strong>de</strong>.<br />
Confirmam-se, assim, nesta pesquisa, as hipóteses <strong>de</strong> que o tamanho da<br />
proprieda<strong>de</strong>, o acesso ao crédito, a proximida<strong>de</strong> do estabelecimento com o centro<br />
urbano e o nível <strong>de</strong> escolarização se constituíam <strong>em</strong> fatores intervenientes no processo<br />
sucessório nas unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> leite. A ida<strong>de</strong> do produtor e a participação dos<br />
filhos na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão também se constituíram <strong>em</strong> variáveis intervenientes no<br />
processo sucessório. Entretanto, negou-se a hipótese <strong>de</strong> que o nível tecnológico presente<br />
<strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong> produtiva constituiria fator interveniente na presença <strong>de</strong> sucessor nas<br />
unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite. No entanto, tal fato aponta para a perda do potencial<br />
produtivo da proprieda<strong>de</strong>, a qual permaneceria tendo função patrimonial e <strong>de</strong> economia<br />
<strong>de</strong> autossustentação, não <strong>de</strong>senvolvendo o seu potencial tecnológico voltado para a<br />
economia <strong>de</strong> mercado.<br />
Voltando ao objetivo geral <strong>de</strong>sta pesquisa, po<strong>de</strong>r-se-ia, então, concluir que a<br />
influência dos valores relativos à tradição e à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sobre a conduta e as práticas<br />
88
dos produtores rurais são muito influenciados pelo tipo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a unida<strong>de</strong><br />
produtiva está inserida. Em Silveirânia, percebeu-se mais a força dos valores e práticas<br />
tradicionais sobre o processo sucessório, on<strong>de</strong> a sucessão não estaria relacionada<br />
exclusivamente à viabilida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>em</strong> específico, mas, também,<br />
sustentada <strong>em</strong> um modo <strong>de</strong> vida rural, que se sustentaria através dos baixos gastos <strong>de</strong><br />
investimento na proprieda<strong>de</strong>, enquanto <strong>em</strong> Coronel Xavier Chaves a influência dos<br />
valores e práticas advindos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> se mostrou também presente. Por traz <strong>de</strong>ssa<br />
constatação, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar a influência <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> rural e <strong>de</strong> um centro urbano.<br />
Em termos <strong>de</strong> políticas públicas voltadas para as unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> leite,<br />
po<strong>de</strong>r-se-ia, então, recomendar políticas que permitiss<strong>em</strong> aos pequenos produtores <strong>de</strong><br />
leite mo<strong>de</strong>rnizar<strong>em</strong> o seu processo produtivo, visando ao aumento da eficiência, à<br />
redução do esforço físico e à a<strong>de</strong>quação às normas sanitárias exigidas para a produção<br />
do leite, o que po<strong>de</strong>ria ser realizado com a utilização <strong>de</strong> tecnologia, mas, também, com<br />
práticas <strong>de</strong> manejo e gestão dos estabelecimentos mais eficientes, assim como através<br />
<strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> incentivo a programas <strong>de</strong> pagamento por qualida<strong>de</strong>, educação e<br />
capacitação para os produtores rurais, visando a<strong>de</strong>quar a administração da proprieda<strong>de</strong><br />
às exigências do mercado. As proprieda<strong>de</strong>s que mostraram maior percentual <strong>de</strong><br />
sucessores foram aquelas com maior nível <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>. Assim, <strong>em</strong>bora as<br />
proprieda<strong>de</strong>s pouco produtivas continu<strong>em</strong> tendo sucessores, estes se apresentam <strong>em</strong><br />
porcentag<strong>em</strong> inferior.<br />
Em termos <strong>de</strong> práticas extensionistas, acredita-se ser importante perceber a<br />
influência do tipo <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada região sobre o processo sucessório.<br />
Morar na cida<strong>de</strong> e conduzir a proprieda<strong>de</strong> não foi um fator que tivesse se mostrado<br />
inviável entre os produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> um pequeno município s<strong>em</strong> a influência <strong>de</strong> um<br />
centro urbano maior por perto. Nestes tipos <strong>de</strong> municípios, que se constitu<strong>em</strong> a gran<strong>de</strong><br />
maioria dos encontrados <strong>em</strong> Minas Gerais e no Brasil, a pluriativida<strong>de</strong> se mostra<br />
compatível com a ativida<strong>de</strong> leiteira. Contudo, a baixa produtivida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> precisa<br />
ser um fator observado como po<strong>de</strong>ndo incidir sobre a redução do percentual <strong>de</strong><br />
produtores nos estratos menos produtivos. Portanto, suprir as carências dos produtores<br />
<strong>de</strong> leite, com a introdução <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> melhor manejo do rebanho e potencializadoras<br />
dos recursos obtidos através <strong>de</strong> créditos financeiros, <strong>em</strong> especial o PRONAF, po<strong>de</strong>riam<br />
aumentar a renda na proprieda<strong>de</strong> e estimular que os produtores <strong>de</strong> leite continu<strong>em</strong> na<br />
ativida<strong>de</strong>.<br />
89
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APÊNDICE<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA<br />
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS<br />
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL<br />
PROJETO: TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO PROCESSO SUCESSÓRIO ENTRE<br />
PRODUTORES DE LEITE EM DOIS MUNICÍPIOS RURAIS DE MINAS GERAIS<br />
PERFIL DO PRODUTOR<br />
1 – Dados do proprietário:<br />
Nome:______________________________________________________________________________<br />
Ida<strong>de</strong>:__________ Sexo: ( )M ( )F Religião:___________________________________<br />
Profissão:_________________________ Estado Civil:______________________________<br />
Renda mensal da proprieda<strong>de</strong>:____________ Renda oriunda da ativida<strong>de</strong> leiteira:____________<br />
2) Procedência: ( ) natural do município ( ) <strong>de</strong> outro município ( ) <strong>de</strong> outro estado ( ) <strong>de</strong> outro país<br />
3) Caso não seja natural do município, há quanto t<strong>em</strong>po resi<strong>de</strong> no município? ________<br />
4) Quantos filhos t<strong>em</strong>: _______5) Quantos estão residindo na proprieda<strong>de</strong>?__________<br />
6) Composição da familiar<br />
Parentesco Ida<strong>de</strong> Escolarida<strong>de</strong> Ocupação Renda<br />
07) Os componentes informados viv<strong>em</strong>: ( ) Na cida<strong>de</strong> ( ) No estabelecimento agropecuário<br />
NÍVEL TECNOLÓGICO<br />
01 - Possui energia elétrica no estabelecimento? ( ) Sim ( ) Não<br />
02 - Utiliza alguma máquina para redução do trabalho manual?<br />
( ) Sim ( ) Não (Pular para número 05) Se sim,<br />
qual(s)?____________________________________<br />
03 - Essa máquina foi adquirida com: ( ) Recurso próprio ( ) Financiamento<br />
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04 - Por que utiliza? ( ) Redução <strong>de</strong> custos ( ) Falta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra ( ) Outros ___________<br />
05 - Qual o sist<strong>em</strong>a utilizado para a criação do gado?<br />
( ) Sist<strong>em</strong>a intensivo ( ) Sist<strong>em</strong>a s<strong>em</strong>i-intensivo ( ) Pasto<br />
06 - Como é realizada a or<strong>de</strong>nha?<br />
( ) Mecânica com bal<strong>de</strong> ao pé ( ) Mecânica canalizada ( ) Manual<br />
07 - Quantas vezes por dia?<br />
( ) Uma ( ) Duas ( ) Duas a maior parte do ano e três esporadicamente<br />
08 - Local da or<strong>de</strong>nha:<br />
( ) Curral ( ) Estábulo, s<strong>em</strong> piso <strong>de</strong> concreto ( ) Com piso <strong>de</strong> concreto ( ) Sala <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha<br />
09 - Como é realizada a reprodução dos animais? ( ) Monta natural ( ) Ins<strong>em</strong>inação ( ) Ambos<br />
10 - Mant<strong>em</strong> as vacinas dos animais <strong>em</strong> dia?<br />
( ) Sim ( ) Não Se não, por quê?___________________________________________<br />
11 - Utiliza algum sist<strong>em</strong>a integrado <strong>de</strong> produção?<br />
( ) Sim ( ) Não Se sim, qual(s)?_________________________________________<br />
12 - Qual a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vacas (<strong>em</strong> lactação) possui? _________<br />
13 - Qual a produção média diária? _______ litros<br />
14 - Na sua opinião, qual o principal probl<strong>em</strong>a enfrentado na produção <strong>de</strong> leite?<br />
( ) Mão <strong>de</strong> obra ( ) Acesso a inovação ( ) Acesso ao crédito<br />
( ) Tamanho da proprieda<strong>de</strong> ( ) Qualida<strong>de</strong> do solo ( ) Qualida<strong>de</strong> dos animais<br />
15 - A associação contribui na ativida<strong>de</strong> leiteira? ( ) Sim ( ) Não<br />
16 - Se sim, como?<br />
( ) Redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> insumos ( ) Ganho <strong>de</strong> escala e facilida<strong>de</strong> para venda<br />
( ) Ambos<br />
17 - Utiliza o tanque para resfriamento do leite?<br />
( ) Próprio ( ) Coletivo(Associação) ( ) Coletivo (produtores) ( ) Não utiliza<br />
18 - Caso utilize, qual a capacida<strong>de</strong> do tanque? _______ litros<br />
29 - No caso <strong>de</strong> utilizar o tanque coletivo:<br />
O tanque coletivo melhorou a relação entre os produtores? ( ) Sim ( ) Não<br />
Reduziu o custo no processo produtivo? ( ) Sim ( ) Não<br />
Melhorou a qualida<strong>de</strong> do leite produzido? ( ) Sim ( ) Não<br />
Fortaleceu o preço <strong>de</strong> venda com ganhos <strong>em</strong> escala ? ( ) Sim ( ) Não<br />
20 - O Sr. conhece e utiliza as orientações da I.N 51 para a produção do leite?<br />
( ) Conheço e utilizo ( ) Conheço e não utilizo<br />
( ) Conheço e utilizo parcialmente ( ) Não conheço<br />
21 - Durante este t<strong>em</strong>po que o(a) senhor(a) produz leite as exigências para entrega:<br />
( ) Permaneceram as mesmas ( ) Se alteraram<br />
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22 - Caso as exigências para a produção do leite tenham se alterado, elas trouxeram algum impacto para<br />
os produtores?<br />
( ) Sim ( ) Não Se sim, quais?_________________________________________<br />
ESTRUTURA FUNDIÁRIA<br />
01 - Qual a área total da proprieda<strong>de</strong>? _______ hectares<br />
02 - Qual a área aproximada utilizada para a produção <strong>de</strong> leite? ________ hectares<br />
03 - Produz outros itens no estabelecimento?<br />
( ) Sim ( ) Não Se sim, qual a área utilizada para os outros itens? _____ há<br />
04 - O leite é o principal produto do estabelecimento?<br />
( ) Sim ( ) Não Se não, qual o principal produto? ___________________<br />
05 - Possui criação <strong>de</strong> gado para corte? ( ) Sim ( ) Não<br />
06 - Qual a condição das terras?<br />
( ) Própria ( ) Arrendamento ( ) Própria e Arrendada ( ) Não legalizada<br />
07 - Há quanto t<strong>em</strong>po possui as terras nessa condição? ______<br />
08 - Como obteve as terras - área própria?<br />
( ) Através <strong>de</strong> herança ( ) Compra <strong>de</strong> parentes ( ) Compra <strong>de</strong> terceiros<br />
( ) Por atribuição (colonização, etc.) ( ) Doação ( ) Outra<br />
09 - Caso tenha obtido as terras através <strong>de</strong> herança:<br />
Foi o único her<strong>de</strong>iro? ( ) Sim ( ) Não<br />
Os <strong>de</strong>mais her<strong>de</strong>iros continuam na proprieda<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />
Caso não continu<strong>em</strong>, o que fizeram com as terras que herdaram? ___________________________<br />
10 - As terras são utilizadas como forma principal:<br />
( ) Para o consumo próprio ( ) Produção para revenda ( ) Outra<br />
11 - Consi<strong>de</strong>ra a<strong>de</strong>quado o tamanho da proprieda<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />
12 - Consi<strong>de</strong>ra as terras utilizadas <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />
13 - Utiliza algum insumo para melhorar a qualida<strong>de</strong> do solo?<br />
( ) Sim ( ) Não Se sim, qual(s)?___________________________________________<br />
14 - Consi<strong>de</strong>ra fácil o acesso a produtos e serviços na cida<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />
15 – Atualmente o Sr.: ( ) Resi<strong>de</strong> no estabelecimento agropecuário ( ) Resi<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> ( ) Outro<br />
16 - Como é a rotinha <strong>de</strong> trabalho na ativida<strong>de</strong> leiteira?<br />
( ) Trabalho pesado e s<strong>em</strong> folga ( ) Trabalho fácil e que não <strong>de</strong>manda muito t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação<br />
( ) Trabalho prazeroso<br />
17 - Qu<strong>em</strong> realiza estas ativida<strong>de</strong>s?<br />
( ) O proprietário ( ) Proprietário e seus familiares ( ) Empregado(s)<br />
Quantos?_________<br />
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CRÉDITO<br />
01 - Já utilizou algum tipo <strong>de</strong> financiamento para investimentos na proprieda<strong>de</strong>?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Não, mas pretendo utilizar.<br />
02 - Ainda utiliza? ( ) Sim ( ) Não 03 – Há quanto t<strong>em</strong>po?________ anos<br />
04 - Qual o valor financiado? R$___________________<br />
05 - Qual a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento?<br />
( ) PRONAF ( ) Linha especial para produtor rural ( ) Outro mo<strong>de</strong>lo<br />
06 - Qual a finalida<strong>de</strong> do financiamento?<br />
( ) Compra <strong>de</strong> equipamentos ( ) Aquisição <strong>de</strong> terras ( ) Compra <strong>de</strong> animais ( ) Outros<br />
07 - Consi<strong>de</strong>ra que o financiamento gerou efeitos positivos? ( ) Sim ( ) Não<br />
08 - Consi<strong>de</strong>ra burocrático e oneroso realizar um financiamento?<br />
( ) Burocrático ( ) Oneroso ( ) Burocrático e oneroso ( ) Nenhum<br />
09 - Acha necessário novas linhas <strong>de</strong> crédito para o produtor rural? ( ) Sim ( ) Não<br />
CAPACITAÇÃO<br />
01 - Consi<strong>de</strong>ra importante a educação para a produção <strong>de</strong> leite? ( ) Sim ( ) Não<br />
02 – Já participou <strong>de</strong> algum curso para capacitação?<br />
( ) Sim ( ) Não Se sim, qual(s)?___________________________________________<br />
03 - Utilizou os conhecimentos adquiridos na proprieda<strong>de</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />
04 - O(s) filho(s) participam das <strong>de</strong>cisões sobre a administração do estabelecimento?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
05 - Utiliza os conhecimentos herdados <strong>de</strong> seu pai/mãe na ativida<strong>de</strong> leiteira? ( ) Sim ( ) Não<br />
06 - Se sim, consi<strong>de</strong>ra que os conhecimentos herdados <strong>de</strong> seu pai/ mãe se modificaram?<br />
( ) Sim ( ) Não Se sim, por quê?___________________________________________<br />
07 - Possui computador? ( ) Sim ( ) Não 08 – Sabe utilizá-lo? ( ) Sim ( ) Não<br />
09 - Realiza registros referentes a:<br />
( ) Custos ( ) Produção ( ) Lucro ( ) Dívidas ( ) Outros _____________<br />
( ) Não realiza registros<br />
10 - Como realiza os registros: ( ) Manual ( ) Planilhas eletrônicas ( ) Mentalmente<br />
11 - Consi<strong>de</strong>ra a receita obtida com a produção <strong>de</strong> leite suficiente para cobrir os custos?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Iguala os custos<br />
12 - Qual a escolarida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al para se tornar um produtor <strong>de</strong> leite?<br />
( ) Ensino básico ( ) Ensino médio ( ) Ensino técnico ( ) Superior<br />
( ) Nenhuma<br />
13 - Qual a escolarida<strong>de</strong> do senhor:<br />
( ) Ensino básico ( ) Ensino médio ( ) Ensino técnico ( ) Superior<br />
( ) Nenhuma ( ) Outra _________________<br />
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SUCESSÃO<br />
01 - Consi<strong>de</strong>rando sua experiência na pecuária leiteria o Sr.:<br />
( ) Estimula todos os filhos a ser<strong>em</strong> produtores <strong>de</strong> leite ( ) Estimula um só filho a ser produtor<br />
( ) Não influência na <strong>de</strong>cisão dos filhos ( ) Estimula os filhos a <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> o campo<br />
( ) Estimula todos os filhos a trabalhar<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, mesmo que não seja na pecuária leiteira<br />
( ) Outro<br />
02 - Qu<strong>em</strong> o Sr. acredita que ficará na proprieda<strong>de</strong>?<br />
( ) Já foi <strong>de</strong>finido ( ) Não sabe qu<strong>em</strong> ficará, mas um ficará<br />
( ) Não sabe se alguém ficará na proprieda<strong>de</strong> ( ) Ninguém <strong>de</strong>monstra interesse <strong>em</strong> ficar<br />
( ) A proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser vendida ( ) Os filhos são muito jovens para fazer a escolha<br />
( )Outra____________________________________<br />
03 - Como será feita a escolha do sucessor?<br />
( ) Apenas pelo pai ( ) Pelos pais ( ) Apenas pelos homens<br />
( ) Todos os m<strong>em</strong>bros da família participarão ( ) Não <strong>de</strong>finiu ainda<br />
( ) Outra ___________________________<br />
04 - Qu<strong>em</strong> o Sr. acredita ser o(a) sucessor(a)?<br />
( ) O filho(a) mais velho ( ) O filho(a) mais novo<br />
( ) O filho(a) mais estudado ( ) O filho(a) menos estudado<br />
( ) O filho(a) que mais gostar da proprieda<strong>de</strong> ( ) O filho(a) que t<strong>em</strong> mais afinida<strong>de</strong> com o pai<br />
( ) Não possui critério <strong>de</strong>finido ( ) Outra _________________________________<br />
05 - As mulheres possu<strong>em</strong> as mesmas chances que os homens <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> escolhidas como sucessoras?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Não se aplica<br />
06 - Em qual momento acontecerá a transferência do controle da proprieda<strong>de</strong>?<br />
( ) Quando os pais tiver<strong>em</strong> uma renda garantida (aposentadoria, aluguel, etc...)<br />
( ) Quando o sucessor estiver preparado<br />
( ) Não será feita enquanto o pai estiver <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> dirigir a proprieda<strong>de</strong><br />
( ) Não pensaram ainda ( ) Outra _________________________<br />
07 - O Sr. consi<strong>de</strong>ra existir terras produtivas para todos os sucessores?<br />
( ) Sim ( ) Não, apenas para um sucessor ( ) Não existe para nenhum sucessor<br />
( ) Existe terra produtiva para o sucessor e não produtivas para os <strong>de</strong>mais filhos<br />
08 - Os filhos não sucessores receberão algum b<strong>em</strong> como compensação?<br />
( ) Sim, dinheiro para estudos ( ) Sim, terras não produtivas ( ) Não <strong>de</strong>cidiu ainda<br />
( ) Sim, enxoval para as mulheres ( ) Não receberão nada ( ) Outra opção<br />
09 - Espera que o sucessor assuma a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar do Sr?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
100
ESPECTATIVAS DOS FILHOS<br />
01 - Dados do filho(a)<br />
Nome:______________________________________________________________________________<br />
Ida<strong>de</strong>:__________ Sexo: ( )M ( )F Religião:___________________________________<br />
Estado Civil:______________________________<br />
02 - Sua posição na família: ( ) Mais novo ( ) Mais velho ( ) Do meio ( ) Único filho (a)<br />
03 - Estuda? ( ) Sim ( ) Não Que ano esta cursando ou parou?____________________<br />
04 - Como consi<strong>de</strong>ra a ativida<strong>de</strong> leiteira atualmente?<br />
( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim<br />
05 - Preten<strong>de</strong> trabalhar na pecuária leiteira no futuro?<br />
( ) Sim, exclusivamente na pecuária leiteira<br />
( ) Sim, mas a pecuária leiteira não será a ativida<strong>de</strong> principal<br />
( ) Não preten<strong>de</strong> trabalhar na pecuária leiteira<br />
06 - Gosta <strong>de</strong> morar no campo? ( ) Sim ( ) Não<br />
07 - On<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> morar e trabalhar no futuro?<br />
( ) Morar e trabalhar no campo ( ) Morar no campo e trabalhar na cida<strong>de</strong><br />
( ) Trabalhar no campo e morar na cida<strong>de</strong> ( ) Ainda não <strong>de</strong>cidiu<br />
08 - Atualmente você:<br />
( ) Trabalha e mora no campo ( ) Trabalha no campo e mora na cida<strong>de</strong><br />
( ) Trabalha na cida<strong>de</strong> e mora no campo ( ) Não trabalha<br />
09 - No caso <strong>de</strong> trabalhar, como utiliza a renda?<br />
( ) Investe na proprieda<strong>de</strong> para aumentar a produção ( ) Ajuda com as <strong>de</strong>spesas da casa<br />
( ) Investe <strong>em</strong> bens pessoais e guarda o restante ( ) Investe somente <strong>em</strong> bens pessoais<br />
( ) Outro _______________________________<br />
10 - Seus pais conversam com você sobre o futuro do estabelecimento? ( ) Sim ( ) Não<br />
11 - Se sim, seus pais:<br />
( ) Estimula todos os filhos a ser<strong>em</strong> produtores <strong>de</strong> leite ( ) Estimula um só filho a ser produtor<br />
( ) Não influência na <strong>de</strong>cisão dos filhos ( ) Estimula os filhos a <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> o campo<br />
( ) Estimula todos os filhos a trabalhar<strong>em</strong> na proprieda<strong>de</strong>, mesmo que não seja na pecuária leiteira<br />
( ) Outro<br />
12 - No estabelecimento agropecuário, como as <strong>de</strong>cisões são tomadas?<br />
( ) Somente o pai ( ) O casal ( ) Toda a família que resi<strong>de</strong> na proprieda<strong>de</strong><br />
( ) Toda a família, inclusive qu<strong>em</strong> não resi<strong>de</strong> na proprieda<strong>de</strong><br />
13 - Caso pu<strong>de</strong>sse escolher, gostaria <strong>de</strong> se assumir a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pai? ( ) Sim ( ) Não<br />
14 - Se sim, como preten<strong>de</strong> se preparar para assumir a proprieda<strong>de</strong>?<br />
( ) Com conhecimentos adquiridos com o pai ( ) Curso técnico ligado ao meio rural<br />
( ) Curso superior na área <strong>de</strong> ciências agrárias ( ) Curso superior <strong>em</strong> outra área<br />
( ) Outro<br />
15 - Qu<strong>em</strong> você consi<strong>de</strong>ra que será escolhido para ser o sucessor?<br />
( ) O filho mais velho ( ) O filho mais novo<br />
( ) O filho mais estudado ( ) O filho menos estudado<br />
( ) O filho que mais gostar da proprieda<strong>de</strong> ( ) O filho que t<strong>em</strong> mais afinida<strong>de</strong> com o pai<br />
( ) Ainda não foi <strong>de</strong>finido ( ) Outro _________________________________<br />
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