educação infantil neurociência e aprendizagem
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BIBLIOTECA PARA O CURSO DE<br />
EDUCAÇÃO INFANTIL, NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM<br />
Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet<br />
onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias<br />
para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões<br />
de temas para futuras pesquisas na área.<br />
www.scielo.br<br />
Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como:<br />
www.anped.org.br<br />
www.dominiopublico.gov.br<br />
SUGESTÕES DE TEMAS<br />
1. A DEMANDA PELA EDUCAÇÃO INFANTIL E OS RECURSOS DISPONÍVEIS<br />
PARA O SEU FINANCIAMENTO<br />
2. CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE: relatos de educadores de<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
3. A FORMAÇÃO DE EDUCADORES E A CONSTITUIÇÃO DA EDUCAÇÃO DE<br />
JOVENS E ADULTOS, COMO CAMPO PEDAGÓGICO<br />
4. EDUCAÇÃO INFANTIL E ESPECIAL<br />
5. PROMOÇÃO DA QUALIDADE E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />
UMA EXPERIÊNCIA<br />
6. FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: o curso de<br />
pedagogia em questão<br />
7. CONCEPÇÕES DA PROFESSORA ACERCA DO ABUSO SEXUAL<br />
INFANTIL<br />
8. A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS<br />
9. O BRINCAR E A INTERVENÇÃO MEDIACIONAL NA FORMAÇÃO<br />
CONTINUADA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
10. A TEORIA DOS SISTEMAS ECOLÓGICOS: um paradigma para a <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong><br />
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11. FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
12. EDUCAÇÃO INFANTIL: crescendo e aparecendo<br />
13. CRECHES E PRÉ-ESCOLAS NO BRASIL<br />
14. ENCONTROS E ENCANTAMENTOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: partilhando<br />
experiências de estágios<br />
15. ATUAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO ITINERANTE FACE À<br />
INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
16. A FONOAUDIOLOGIA NA RELAÇÃO ENTRE ESCOLAS REGULARES DE<br />
ENSINO FUNDAMENTAL E ESCOLAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO<br />
PROCESSO DE INCLUSÃO<br />
17. AS CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO<br />
BRASIL: <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e/é fundamental<br />
18. O ESTADO DA ARTE DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL<br />
19. A EDUCAÇÃO INFANTIL: perspectivas e desafios<br />
20. A LEGISLAÇÃO ACERCA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NOS ÚLTIMOS 50<br />
ANOS<br />
21. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: um<br />
estudo de caso<br />
22. A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES ACERCA DA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
E SUA IMPORTANCIA PARA A FORMAÇÃO DO EDUCANDO<br />
23. A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A<br />
EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
24. ANÁLISE DOS FATORES QUE INTERFEREM NO SUCESSO DA<br />
EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
25. ANÁLISE DOS FATORES QUE CAUSAM OU INTERFEREM NO FRACASSO<br />
ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
26. PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XXI<br />
27. O AFETO E OS RESULTADOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
28. A LDB E A EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
29. AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
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30. AS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
31. PRÁTICAS EDUCATIVAS: a escola especial e a constituição do sujeito<br />
simbólico<br />
32. A DIREÇÃO DO OLHAR E A VISÃO DAS POSSIBILIDADES<br />
33. PRÁTICAS EDUCATIVAS: perspectivas que se abrem para a <strong>educação</strong><br />
especial<br />
34. INTERAÇÃO ENTRE PROFESSORA E ALUNOS EM SALAS DE AULA COM<br />
PROPOSTA PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA<br />
35. A INTERAÇÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DE RELAÇÕES<br />
INTERPESSOAIS DO DEFICIENTE EM AMBIENTE INTEGRADO<br />
36. PARADIGMAS DA RELAÇÃO DA SOCIEDADE COM AS PESSOAS COM<br />
DEFICIÊNCIA<br />
37. ESTUDO DESCRITIVO DA INTERAÇÃO PROFESSORA - ALUNO EM UMA<br />
CLASSE DE ALFABETIZAÇÃO EM DIFERENTES MOMENTOS DO ANO<br />
LETIVO<br />
38. O PAPEL DA ESCOLA NA INCLUSÃO SOCIAL DO DEFICIENTE MENTAL<br />
39. A INTEGRAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: contribuições para uma<br />
reflexão sobre o tema<br />
40. A INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO EM CLASSE INCLUSIVA: um estudo<br />
exploratório com criança autista<br />
41. ESTUDO DESCRITIVO DA INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: uma<br />
abordagem individualizada<br />
42. A INDIVIDUALIDADE PARA – SI: contribuição a uma teoria histórico-social da<br />
formação do indivíduo<br />
43. ANÁLISE FUNCIONAL DA INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: um exercício<br />
de identificação de controle recíprocos<br />
44. O DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO<br />
45. APRENDIZAGEM E INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO<br />
46. PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM: aplicações na escola<br />
47. AUTISMO E INTEGRAÇÃO<br />
48. A INTEGRAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: contribuições para uma<br />
reflexão sobre o tema<br />
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49. APRENDIZAGEM ESCOLAR E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO<br />
50. INTERAÇÃO ENTRE PROFESSORA E ALUNOS EM SALA INCLUSIVA<br />
51. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: concepções de professores e diretores<br />
52. REPERCUSSÕES DA PROPOSTA DE "EDUCAÇÃO INCLUSIVA" A PARTIR<br />
DO DISCURSO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DA REDE<br />
PÚBLICA<br />
53. A EDUCAÇÃO FÍSICA PERANTE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: reflexões<br />
conceptuais e metodológicas<br />
54. POLÍTICAS EDUCACIONAIS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A<br />
EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL<br />
55. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: um estudo na área da <strong>educação</strong> física<br />
56. CAMINHOS PEDAGÓGICOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA<br />
57. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: redefinindo a <strong>educação</strong> especial<br />
58. INTERAÇÃO ENTRE PROFESSORA E ALUNOS EM SALAS DE AULA COM<br />
PROPOSTA PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA<br />
59. DEZ IDÉIAS (MAL) FEITAS SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA<br />
60. DA EDUCAÇÃO SEGREGADA À EDUCAÇÃO INCLUSIVA: uma breve<br />
reflexão sobre os paradigmas educacionais no contexto da <strong>educação</strong> especial<br />
brasileira<br />
61. A FINALIDADE DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, MORMENTE NO SEU<br />
EXCESSO DE ESPECIALIZAÇÃO<br />
62. INCLUSÃO ESCOLAR: concepções de professores e alunos da <strong>educação</strong><br />
regular e especial<br />
63. O NORMAL E O PATOLÓGICO<br />
64. CONCEITO SOBRE A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA DEFICIENTE, DE<br />
ACORDO COM PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL DA CIDADE DE<br />
BAURU<br />
65. EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E PROCESSOS DE EXCLUSÃO<br />
66. POLÍTICAS EDUCACIONAIS E EDUCAÇÃO ESPECIAL<br />
67. A NOVA LDB E AS NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS<br />
68. PRÁTICAS EDUCATIVAS: perspectivas que se abrem para a <strong>educação</strong><br />
especial<br />
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69. ATUAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO ITINERANTE FACE À<br />
INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
70. A FONOAUDIOLOGIA NA RELAÇÃO ENTRE ESCOLAS REGULARES DE<br />
ENSINO FUNDAMENTAL E ESCOLAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO<br />
PROCESSO DE INCLUSÃO<br />
71. CONCEPÇÕES DA PROFESSORA ACERCA DO ABUSO SEXUAL<br />
INFANTIL<br />
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ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE<br />
OU REFERENCIA<br />
Paidéia (Ribeirão Preto)<br />
versão impressa ISSN 0103-863X<br />
Paidéia (Ribeirão Preto) v.16 n.34 Ribeirão Preto maio/ago. 2006<br />
doi: 10.1590/S0103-863X2006000200005<br />
PESQUISAS TEÓRICAS<br />
RESUMO<br />
BRINCADEIRA E DESENVOLVIMENTO INFANTIl: um olhar<br />
sociocultural construtivista<br />
Norma Lucia Neris de Queiroz;<br />
Diva Albuquerque Maciel 1 ;<br />
Angela Uchôa Branco<br />
Universidade de Brasília<br />
Como e por que as crianças brincam? Qual o significado desta atividade em cada<br />
cultura? Estas questões da temática da brincadeira e sua relevância para a<br />
compreensão científica do desenvolvimento <strong>infantil</strong> são discutidas neste estudo.<br />
Analisa-se o conceito da atividade de brincar a partir de diferentes autores,<br />
privilegiando quem a vê como socialmente construída. Aborda-se a importância da<br />
brincadeira do faz-de-conta como atividade que promove a representação e a<br />
metarepresentação no desenvolvimento da criança. Finalmente reflete-se sobre a<br />
brincadeira no contexto pedagógico vivenciado pelas crianças em instituições de<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, o papel do professor no desenvolvimento e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>.<br />
Palavras-chave: Brincadeira, Abordagem Sociocultural, Desenvolvimento Infantil,<br />
Educação Infantil.<br />
Introdução<br />
Em grande parte das sociedades contemporâneas, a infância é marcada pelo<br />
brincar, que faz parte de práticas culturais típicas, mesmo que esteja muito reduzida<br />
face à demanda do trabalho <strong>infantil</strong> que ainda se insere no cotidiano dos segmentos<br />
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sociais de baixa renda. A brincadeira permite à criança vivenciar o lúdico e<br />
descobrir-se a si mesma, apreender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver<br />
seu potencial criativo (Siaulys, 2005). Nesta perspectiva, as que brincam aprendem<br />
a significar o pensamento dos parceiros por meio da metacognição, típica dos<br />
processos simbólicos que promovem o desenvolvimento da cognição (Kishimoto,<br />
2002) e de dimensões que integram a condição humana (Andrensen, 2005; Branco,<br />
2005).<br />
Para a maioria dos grupos sociais, a brincadeira é consagrada como atividade<br />
essencial ao desenvolvimento <strong>infantil</strong>. Historicamente, ela como lúdico sempre<br />
esteve presente na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, único nível de ensino que a escola deu<br />
passaporte livre, aberto à iniciativa, criatividade, inovação por parte dos seus<br />
protagonistas (Lucariello, 1995). Com o advento de pesquisas sobre o<br />
desenvolvimento humano, observou-se que o ato de brincar conquistou mais<br />
espaço, tanto no âmbito familiar, quanto no educacional; no Referencial Curricular<br />
Nacional para a Educação Infantil (1998), a brincadeira está colocada como um dos<br />
princípios fundamentais, defendida como um direito, uma forma particular de<br />
expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Assim, a<br />
brincadeira é cada vez mais entendida como atividade que, além de promover o<br />
desenvolvimento global das crianças, incentiva a interação entre os pares, a<br />
resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico e reflexivo<br />
(Branco, 2005; DeVries, 2003; DeVries & Zan, 1998; Tobin, Wu & Davidson, 1989;<br />
Vygotsky, 1984, 1987).<br />
Hoje, pode-se afirmar que já foi superado parte do equívoco, de que o conteúdo<br />
imaginário do brinquedo determinava a brincadeira da criança. Segundo Benjamin<br />
(1984),<br />
"a criança quer puxar alguma coisa, torna-se cavalo, quer brincar com areia e torna-<br />
se padeiro, quer esconder-se, torna-se ladrão ou guarda e alguns instrumentos do<br />
brincar arcaico desprezam toda a máscara imaginária (na época, possivelmente<br />
vinculados a rituais): a bola, o arco, a roda de penas e o papagaio, autênticos<br />
brinquedos, tanto mais autênticos quanto menos o parecem ao adulto." (pp. 76- 77).<br />
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Para o autor, quando a criança brinca, além de conjugar materiais heterogêneos<br />
(pedra, areia, madeira e papel), ela faz construções sofisticadas da realidade e<br />
desenvolve seu potencial criativo, transforma a função dos objetos para atender<br />
seus desejos. Assim, um pedaço de madeira pode virar um cavalo; com areia, ela<br />
faz bolos, doces para sua festa de aniversário imaginária; e, ainda, cadeiras se<br />
transformam em trem, em que ela tem a função de conduto, imitando o adulto<br />
(Benjamin, 2002).<br />
Neste trabalho, pretende-se olhar a temática da brincadeira enfatizando três<br />
aspectos: primeiro analisar-se-á o conceito da atividade de brincar a partir de<br />
autores que a vêem como construída social e culturalmente; segundo, será<br />
destacada a importância do faz-de-conta para o desenvolvimento da criança<br />
pequena; e, por fim será vista a brincadeira no contexto pedagógico vivenciado por<br />
crianças em instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, com a intenção de orientar a atuação<br />
de professores deste nível de ensino.<br />
Conceito da Atividade de Brincar<br />
"A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no<br />
âmbito familiar" (Kishimoto, 2002, p. 139) e continua com seus pares. Inicialmente,<br />
ela não tem objetivo educativo ou de <strong>aprendizagem</strong> pré-definido. A maioria dos<br />
autores afirma que ela é desenvolvida pela criança para seu prazer e recreação,<br />
mas também permite a ela interagir com pais, adultos e coetâneos, bem como<br />
explorar o meio ambiente.<br />
Como a criança é um ser em desenvolvimento, sua brincadeira vai se estruturando<br />
com base no que é capaz de fazer em cada momento. Isto é, ela aos seis meses e<br />
aos três anos de idade tem possibilidades diferentes de expressão, comunicação e<br />
relacionamento com o ambiente sociocultural no qual se encontra inserida. Ao longo<br />
do desenvolvimento, portanto, as crianças vão construindo novas e diferentes<br />
competências, no contexto das práticas sociais, que irão lhes permitir compreender<br />
e atuar de forma mais ampla no mundo.<br />
A brincadeira das crianças evolui mais nos seis primeiros anos de vida do que em<br />
qualquer outra fase do desenvolvimento humano e neste período, se estrutura de<br />
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forma bem diferente de como a compreenderam teóricos interessados na temática<br />
(Brougère, 1998). A partir da brincadeira, a criança constroi sua experiência de se<br />
relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomadas de<br />
decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é<br />
característica importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da<br />
autonomia, criatividade e responsabilidade quanto a suas próprias ações.<br />
O termo cultura é entendido aqui a partir das formulações teóricas de Valsiner<br />
(2000), para quem a cultura não se refere apenas a um grupo de indivíduos que<br />
compartilham características semelhantes, mas deve ser compreendida como<br />
mediação semiótica, que integra o sistema psicológico individual e o universo social<br />
das crianças dela participantes. É no contexto da cultura que se dá a construção<br />
social, de significados, com base nas tradições, idéias e valores do grupo cultural<br />
que cria e recria padrões de participação, dando origem ao desenvolvimento de<br />
típicas categorias de pensamento e de recursos de expressão.<br />
Fein (Spodek & Saracho, 1998) afirma que é muito "difícil definir a brincadeira, mas,<br />
em certo sentido, ela se auto-define" (p. 210). A preocupação em conceituar o que é<br />
a brincadeira não é apenas dos educadores, mas está na pauta de outros<br />
profissionais, dentre eles psicólogos, filósofos, historiadores e antropólogos.<br />
No Ciclo de Debates sobre o Brincar 2 , Carvalho, Salles, Guimarães e Debortoli<br />
(2005), observaram a diversidade de discursos e concepções do ato de brincar.<br />
Examinando essa questão, Spodek e Saracho (1998) apontam que a dificuldade em<br />
se chegar a uma definição consensual sobre a brincadeira advém da falta de<br />
critérios para se classificar uma atividade como tal; assim, em alguns contextos ou<br />
momentos uma atividade pode ser considerada brincadeira, e deixar de sê-lo em<br />
outros, o que depende da relação que se estabelece com a situação, do significado<br />
que assume para quem brinca.<br />
Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia histórico-<br />
cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os outros, por<br />
meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por<br />
ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira <strong>infantil</strong> assume<br />
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uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito; r<br />
.ompendo com a visão tradicional de que ela é atividade natural de satisfação de<br />
instintos infantis, o autor apresenta o brincar como uma atividade em que, tanto os<br />
significados social e historicamente produzidos são construídos, quanto novos<br />
podem ali emergir. A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados<br />
como espaços de construção de conhecimentos pelas crianças, na medida em que<br />
os significados que ali transitam são apropriados por elas de forma específica.<br />
Vygotsky (1998), quando discute em sua teoria a gênese e o desenvolvimento do<br />
psiquismo humano, destaca que o processo de significação é elaborado por meio da<br />
atividade em contextos sociais específicos; o que é interiorizado não é a realidade<br />
em si mesma (conceito já ultrapassado na perspectiva socio-construcionista), mas o<br />
que esta significa tanto para os sujeitos em relação, quanto para cada um em<br />
particular. Este movimento de interiorização transformadora das significações não<br />
se dá de maneira passiva nem direta, pois o sujeito reelabora, imprimindo sentidos<br />
privados ao significado compartilhado na cultura. Nesse processo ele se apropria do<br />
signo em sua função de significação, observando seu duplo referencial semântico,<br />
um formado pelos sistemas construídos ao longo da história social e cultural dos<br />
povos, e o outro formado pela experiência pessoal e social, evocada em cada ação<br />
ou verbalização do sujeito.<br />
Para Vygotsky (1998), a criança nasce em um meio cultural repleto de significações<br />
social e historicamente produzidas, definidas e codificadas, que são constantemente<br />
ressignificadas e apropriadas pelos sujeitos em relação, constituindo-se, assim, em<br />
motores do desenvolvimento. Neste sentido, o desenvolvimento humano para ele se<br />
distancia da forma como é entendido por outras teorias psicológicas, por ser visto<br />
como um processo cultural que ocorre necessariamente mediado por um outro<br />
social, no contexto da própria cultura, forjando-se os processos psicológicos<br />
superiores, sendo a psique humana, nesta perspectiva, essencialmente social.<br />
Os processos psicológicos superiores para Vygotsky (1987) são constituídos<br />
(...) pelos de domínio dos meios externos do desenvolvimento cultural e do<br />
pensamento: o idioma, a escrita, o cálculo, o desenho, bem como pelas funções<br />
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psíquicas superiores especiais, aquelas não limitadas nem determinadas de<br />
nenhuma forma precisa e que têm sido denominadas pela psicologia tradicional com<br />
os nomes de atenção voluntária, memória lógica e formação de conceitos (p. 32).<br />
O autor afirma, ainda, que o desenvolvimento humano é um processo dialético,<br />
marcado por etapas qualitativamente diferentes e determinadas pelas atividades<br />
mediadas. O homem, enquanto sujeito é capaz de transformar sua própria história e<br />
a da humanidade, uma vez que por seu intermédio muda o contexto social em que<br />
se insere, ao mesmo tempo em que é modificado.<br />
Assim, o que caracteriza a atividade humana é o emprego de instrumentos, signos<br />
ou ferramentas, que lhe dão um caráter mediado. Entretanto, instrumentos e signos<br />
são coisas diferentes; os primeiros influenciam a ação humana sobre a atividade e<br />
são externamente orientados. Já os segundos não modificam em nada o objeto da<br />
atividade, mas se constituem em ferramenta interna dirigida ao controle do<br />
indivíduo, sendo orientados internamente.<br />
Desta maneira, os objetos com os quais a criança se relaciona são significados em<br />
sua cultura e a relação estabelecida com eles se modifica à medida em que a ela se<br />
desenvolve. Em um primeiro momento esta relação é marcada pela predominância<br />
de sentidos convencionais, característicos da cultura em que está inserida; o objeto,<br />
de certa forma, diz para a criança como deve agir. Com o passar do tempo, de<br />
modo gradativo, a relação entre objeto significado e ação se altera, tendo a<br />
brincadeira um lugar de destaque nessa mudança.<br />
A importância do brincar para o desenvolvimento <strong>infantil</strong> reside no fato de esta<br />
atividade contribuir para a mudança na relação da criança com os objetos, pois<br />
estes perdem sua força determinadora na brincadeira. "A criança vê um objeto, mas<br />
age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada uma condição<br />
que começa a agir independentemente daquilo que vê." (Vygotsky, 1998, p. 127).<br />
Na brincadeira, a criança pode dar outros sentidos aos objetos e jogos, seja a partir<br />
de sua própria ação ou imaginação, seja na trama de relações que estabelece com<br />
os amigos com os quais produz novos sentidos e os compartilha (Cerisara, 2002).<br />
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A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento <strong>infantil</strong> na<br />
medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Em<br />
situações dela bem pequena, bastante estimulada, é possível observar que rompe<br />
com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que<br />
expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.<br />
Para Vygotsky (1998), a criação de situações imaginárias na brincadeira surge da<br />
tensão entre o indivíduo e a sociedade e a brincadeira libera a criança das amarras<br />
da realidade imediata, dando-lhe oportunidade para controlar uma situação<br />
existente (Cerisara, 2002). As crianças usam objetos para representar coisas<br />
diferentes do que realmente são: pedrinhas de vários tamanhos podem ser<br />
alimentos diversos na brincadeira de casinha, pedaços de madeira de tamanhos<br />
variados podem representar diferentes veículos na estrada. Na brincadeira, os<br />
significados e as ações relacionadas aos objetos convencionalmente podem ser<br />
libertados. As crianças utilizam processos de pensamento de ordem superior como<br />
no jogo de faz-de-conta, que assume um papel central no desenvolvimento da<br />
aquisição da linguagem e das habilidades de solução de problemas por elas (Meira,<br />
2003).<br />
Vygotsky (1998) definiu a zona de desenvolvimento proximal (ZPD) como:<br />
(...) a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar<br />
através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento<br />
potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um<br />
adulto ou em colaboração com os companheiros mais capazes (p. 97).<br />
A brincadeira é, assim, a realização das tendências que não podem ser<br />
imediatamente satisfeitas. Esses elementos da situação imaginária constituirão<br />
parte da atmosfera emocional do próprio brinquedo. Nesse sentido, a brincadeira<br />
representa o funcionamento da criança na zona proximal e portanto, promove o<br />
desenvolvimento <strong>infantil</strong> (Vygotsky, 1998). Entretanto, Vygotsky chama a atenção<br />
quando afirma que definir "o brinquedo como uma atividade que dá prazer à criança,<br />
é incorreto" (p. 105), porque para ele, muitas atividades dão à criança prazeres mais<br />
intensos que a brincadeira: por exemplo, uma chupeta para um bebê mesmo que<br />
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isso não leve à saciação da fome. Ele destaca, ainda, que há brincadeiras em que a<br />
própria atividade não é tão agradável, como as que só agradam às crianças (entre<br />
cinco e seis anos de idade) se elas considerarem o resultado interessante. Os jogos<br />
esportivos podem ser outro exemplo (não apenas os esportes atléticos, mas os que<br />
têm como regra, ganhadores e perdedores). Estes são freqüentemente<br />
acompanhados de desprazer para a criança que não alcança o resultado favorável,<br />
isto é, aquela que perde a partida.<br />
Assim, o prazer não pode ser visto como uma característica definidora da<br />
brincadeira (Cerisara, 2002). Entretanto, não se deve ignorá-lo, pois ela preenche<br />
necessidades da criança e cria incentivos para colocá-la em ação, que é de<br />
fundamental importância, uma vez que contribui para mudanças nos níveis do<br />
desenvolvimento humano. Para Cerisara (2002), todo avanço nestes está<br />
relacionado a alterações acentuadas nas motivações, tendências e incentivos.<br />
Torna-se, então, necessário lembrar que os interesses mudam em função do<br />
desenvolvimento e da maturidade do sujeito, pois, o que atrai um bebê não o faz a<br />
uma criança um pouco mais velha. Portanto, a maturidade das necessidades é um<br />
tópico importante na teoria da Psicologia histórico-cultural.<br />
Vygotsky (1998) afirma que não é possível ignorar que a criança satisfaz algumas<br />
necessidades por meio da atividade do brincar. As pequenas tendem a satisfazer<br />
seus desejos imediatamente, e o intervalo entre desejar e realizar, de fato, é bem<br />
curto. Já as crianças entre dois e seis anos de idade são capazes de inúmeros<br />
desejos, e muitos não podem ser realizados naquele momento, mas posteriormente<br />
por meio de brincadeiras. Vygotsky (1998) diz que,<br />
(...) se as necessidades não realizáveis imediatamente, não se desenvolvessem<br />
durante os anos escolares, não existiriam os brinquedos, uma vez que eles parecem<br />
ser inventados justamente quando as crianças começam experimentar tendências<br />
irrealizáveis (p. 106).<br />
Com isto, no espaço da sala de aula, a criança procura satisfazer seus desejos não<br />
realizáveis imediatamente envolvendo-se em um mundo imaginário, onde os não<br />
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ealizáveis podem ser concretizados; a este mundo é que se chama da brincadeira.<br />
O autor concebe a imaginação como:<br />
(...) um processo psicológico novo para a criança em desenvolvimento; representa<br />
uma forma especificamente humana de atividade consciente, não está presente na<br />
consciência de crianças muito pequenas e está totalmente ausente em animais.<br />
Como todas as funções da consciência, ela surge originariamente da ação e na<br />
interação com o outro (p. 106).<br />
Há, portanto, uma crença de senso comum que o brincar da criança é imaginação<br />
em ação. Vygotsky (1998) considera que isto deveria ser invertido, uma vez que a<br />
imaginação, nas crianças em idade da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e nos adolescentes, é o<br />
brinquedo sem ação. Desta forma, fica claro que o prazer que estas vivenciam é<br />
controlado por motivações diferentes das experimentadas por um bebê ao chupar<br />
sua chupeta.<br />
Para o autor, nem todos os desejos não satisfeitos dão origem à brincadeira;<br />
quando uma criança quer andar de velocípede e isto não pode ser imediatamente<br />
concretizado, ela não vai para seu quarto e faz de conta que está andando de<br />
velocípede para satisfazer seu desejo, pois não tem consciência das motivações e<br />
emoções que dão origem à brincadeira. Nessa perspectiva, Vygotsky (1998) diz que<br />
o brinquedo difere muito do trabalho e de outras formas de atividade, uma vez que<br />
nele a criança cria uma situação imaginária, algo reconhecido pelos estudiosos, e<br />
que portanto não é novo. Ele afirma que a imaginação é característica definidora da<br />
brincadeira e não um atributo de subcategorias específicas do brinquedo.<br />
Cerisara (2002) coloca que toda situação imaginária que envolve o brinquedo já<br />
pressupõe regras, ocultas ou não e que o contrário é verdadeiro, ou seja, todo jogo<br />
tem, explicitamente ou não, uma situação imaginária envolvida. Nesse sentido, o<br />
faz-de-conta é em especial significativo para o desenvolvimento <strong>infantil</strong>, por estar<br />
relacionado à imaginação.<br />
Em um esforço para compreender a importância da atividade do brincar para o<br />
desenvolvimento <strong>infantil</strong>, numa perspectiva co-construtivista, pode-se considerar<br />
que a criança, desde seu nascimento, se integra em um mundo de significados<br />
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construídos historicamente. É por meio da interação com seus pares que ela se<br />
envolve em processos de negociação, dentre os quais, os de significação e<br />
resignificação de si mesma, dos objetos, dos eventos e de situações, construindo e<br />
reconstruindo ativamente novos significados.<br />
Valsiner (1988) acrescenta que para analisar o desenvolvimento <strong>infantil</strong> deve-se<br />
considerar os ambientes em que ocorre a atividade da brincadeira, que são<br />
fisicamente estruturados, segundo os significados culturais das pessoas<br />
responsáveis pela criança. Valsiner (2000) aponta, ainda, que ela ocupa um papel<br />
ativo na organização de suas atividades, construindo uma versão pessoal dos<br />
eventos sociais que lhe são transmitidos pelos membros de sua cultura. Esta<br />
construção é elaborada pelos processos de interação social, canalização e trocas,<br />
fazendo uso de recursos e instrumentos semióticos co-construídos, cujos<br />
significados estão presentes na "cultura coletiva". Por último, o autor afirma que é<br />
preciso considerar que a criança expressa a compreensão do mundo por meio da<br />
ação, e que cada classe social tem um sistema de significação cultural próprio,<br />
relacionado às práticas típicas de seu grupo.<br />
Pedrosa (1996), em consonância com Valsiner, afirma que a criança desde o seu<br />
nascimento interage com um mundo de significados construídos historicamente; na<br />
relação com seus parceiros sociais se envolve em processos de significação de si,<br />
dos outros e dos acontecimentos de seu contexto cultural, construindo e<br />
reconstruindo ativamente significados.<br />
Nessa perspectiva, destaca-se a importância de interpretar a brincadeira levando<br />
em consideração os contextos sociais específicos em que ela ocorre, não sendo<br />
possível separá-la artificialmente deles; e, para compreendê-la, deve-se relacionar o<br />
valor e o lugar que lhe são determinados pela cultura específica, porque só levando<br />
esta em consideração é que será possível derivar o significado do brincar <strong>infantil</strong> em<br />
cada uma.<br />
Assim, a percepção <strong>infantil</strong> sobre a atividade de brincar é marcada pela influência<br />
cultural, que se torna o elemento de mediação que integra o sistema de funções<br />
psicológicas desenvolvidas pelo indivíduo na organização histórica de seu grupo<br />
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social, por meio dos processos de interação, canalização e trocas, utilizando<br />
recursos e instrumentos semióticos coconstruídos de uma geração mais velha, com<br />
os quais a criança entra em contato.<br />
A cultura, na concepção de Valsiner (2000), refere-se à organização estrutural de<br />
normas sociais, valores, regras de conduta e sistemas de significados<br />
compartilhados pelas pessoas que pertencem a certo grupo com uma história de<br />
convivência e relações de pertencimento. Para ele, a cultura tem duas faces: a)<br />
como entidade coletiva (significados compartilhados); b) como entidade pessoal<br />
(significados pessoais). A primeira é aprendida pela criança no contexto de suas<br />
experiências em diferentes tipos de ambientes. Especialmente os pais e<br />
profissionais responsáveis pelos cuidados e <strong>educação</strong> (escola, creches), devem<br />
procurar organizar o ambiente de forma que este seja brincável, isto é, explorável<br />
(Dantas, 2002), e que incentive o brincar.<br />
É impossível, porém, a criança fazer a brincadeira em um âmbito apenas<br />
relacionado à livre fantasia; mesmo quando não imita os instrumentos dos adultos,<br />
sempre parte de significados culturalmente construídos, pois é deles que ela recebe<br />
seus primeiros brinquedos, embora tenha certa liberdade para aceitar ou recusar<br />
sugestões, muitos (bola, bonecas, carrinhos) são, de certa forma, impostos como<br />
objetos de valor, e daí, graças à força de sua imaginação, são transformados em<br />
brinquedos admirados e maravilhosos (Benjamin, 2002).<br />
As crenças dos adultos sobre a brincadeira <strong>infantil</strong> são geradas em seus sistemas<br />
de significado cultural. Neste sentido, Valsiner (1988) destaca que a criança, como<br />
ser ativo, no processo viver a brincadeira, vai além da cultura de seus pais e<br />
professores, uma vez que reconstrói as experiências adquiridas nos espaços<br />
familiares, escolares e comunitários. Ela, assim, cria, para suas brincadeiras,<br />
funções e cenários novos para as sugestões sociais, oferecidas por seu grupo;<br />
assim, ela externaliza sua subjetividade sobre os eventos sociais e, ao mesmo<br />
tempo, reconstrói o significado social da brincadeira.<br />
A subjetividade da criança vai se formando nas interações que estabelece com seus<br />
parceiros nos contextos cotidianos. Valsiner (1989) acrescenta que o mundo adulto,<br />
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dependendo de seus valores culturais, oferece à criança uma variedade de<br />
sugestões e modos de interação semioticamente marcados pelos modelos sexuais,<br />
muitas vezes estereotipados como masculino, feminino ou indiferenciado. Esta é<br />
uma das sugestões sociais que levam a criança a brincadeiras marcadas pelo<br />
gênero, de acordo com a cultura coletiva, o que frequentemente ocorre naqueles em<br />
que o menino só pode brincar de carrinho, e menina, de casinha de boneca. As<br />
famílias canalizam as ações, as percepções e representações da criança na direção<br />
de assumir um papel social aprovado de acordo com suas crenças e valores.<br />
Para Packer (1994) brincar é uma atividade prática, "na qual a criança constrói e<br />
transforma seu mundo, conjuntamente, renegociando e redefinindo a realidade" (p.<br />
273); "uma construção da realidade, a produção de um mundo e a transformação do<br />
tempo e do lugar em que ele pode acontecer" (p. 271). A participação da criança<br />
nesta atividade "requer um senso de realidade compartilhado do que é verdadeiro<br />
ou falso, certo ou errado" (p.271).<br />
Nas afirmações de Valsiner (1998, 2000) e de Pedrosa (1996), a criança é um<br />
sujeito ativo da co-construção cultural, o que garante que a cultura de sua geração<br />
ultrapasse a dos adultos por ela responsáveis. Nesta perspectiva, torna-se<br />
necessário olhar a brincadeira para além do conceito da atividade de brincar, e<br />
examinar o faz-de-conta, que tem despertado especial interesse de teóricos,<br />
pesquisadores e profissionais que atuam com a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, lembrando a<br />
importância dada por Bateson (1972) quando se refere aos processos de<br />
metacomunicação, por meio dos quais as crianças se comunicam entre si, indicando<br />
se uma interação deve ser interpretada como "luta" - fisionomia séria, sem sorriso,<br />
ou "brincadeira"- sorriso, gargalhadas, gritinhos de alegria.<br />
Olhando a Brincadeira de Faz-de-Conta<br />
Dentre as brincadeiras realizadas pelas crianças, na faixa etária dos três aos sete<br />
anos, o faz-deconta é a que mais desperta o interesse e tem sido estudada em<br />
detalhes. Alguns pesquisadores que trabalham com as teorias do desenvolvimento<br />
cognitivo destacam a sua importância como comunicação integrada, ou seja, o faz-<br />
de-conta é uma atividade complexa e constituinte do sujeito, diferente das que<br />
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caracterizam o cotidiano da vida real, que já aparece nos jogos de esconde-esconde<br />
que ela tem com os adultos, quando aprende que desaparecer, no jogo, não é algo<br />
real, mas inventado para poder brincar (Oliveira, 1996). Piaget (1978), face ao<br />
desenvolvimento do pensamento <strong>infantil</strong>, afirma que a brincadeira de faz-de-conta:<br />
"está intimamente ligada ao símbolo, uma vez que por meio dele, a criança<br />
representa ações, pessoas ou objetos, pois estes trazem como temática para essa<br />
brincadeira o seu cotidiano (contexto familiar e escolar) de uma forma diferente de<br />
brincar com assuntos fictícios,contos de fadas ou personagens de televisão (p.76).<br />
Neste sentido, ele diz que o pensamento da criança pequena não é suficientemente<br />
preciso e maleável para comunicar um conjunto de idéias, então, o símbolo assume<br />
a função de mediador, dando oportunidade à criança de expressar seu pensamento.<br />
Para Vygotsky (1998), a brincadeira de fazde- conta cria uma zona de<br />
desenvolvimento proximal, pois no momento que a criança representa um objeto por<br />
outro, ela passa a se relacionar com o significado a ele atribuído, e não mais com<br />
ele em si. Assim, a atividade de brincar pode ajudar a passar de ações concretas<br />
com objetos para ações com outros significados, possibilitando avançar em direção<br />
ao pensamento abstrato. Tanto Piaget quanto Vygotsky concebem o faz-de-conta<br />
como atividade muito importante para o desenvolvimento.<br />
Recentemente, estudiosos têm argumentado que o faz-de-conta não é apenas<br />
atividade representativa, mas metarepresentativa. A teoria da mente se preocupa<br />
em investigar "as habilidades das crianças pré-escolares de compreenderem seus<br />
próprios estados mentais e os dos outros e dessa maneira, predizerem suas ações<br />
ou comportamentos" (Jou & Sperb, 1999, p. 292). Este interesse levou Sperb e<br />
Conti (1998), a realizarem um estudo com 14 tríades de crianças integradas à pré-<br />
escola, com idade média de 5 anos e 2 meses, para verificar se este grupo<br />
apresentaria habilidades metarepresentativas na brincadeira de faz-de-conta, aqui<br />
entendida não "mais como uma representação do mundo de uma forma direta, mas<br />
sim, representações de representações" (Jou & Sperb, 1999, p.294), tomando como<br />
referência para análise as atividades do início da brincadeira e o relacionamento<br />
com os termos mentais a partir das categorias:a) as formas "planejadas"; b) o<br />
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"entender o faz-de-conta no outro", c) as conceituadas como de termos mentais, ou<br />
seja, "expressão do desejo", "direção da interação", "modulação da asserção" e<br />
"expressão do estado mental".<br />
Os resultados desse estudo evidenciaram que as crianças utilizaram mais as<br />
atividades de metarepresentação em relação às categorias "formas planejadas" e o<br />
"entender o faz-de-conta no outro" que as de termos mentais: "expressão do<br />
desejo", "direção da interação", "modulação da asserção" e "expressão do estado<br />
mental";e mais a categoria de "expressão do desejo" que a "direção de interação".<br />
Concluiu-se que a atividade metarepresentativa apresentou- se tanto na brincadeira<br />
faz-de-conta quanto no uso de termos mentais das pré-escolares investigadas.<br />
Portanto, nessa faixa etária, ela pode possuir uma teoria da mente, à medida que<br />
evidencia a habilidade em entender a sua e a dos outros.<br />
Com relação ao faz-de-conta, Sperb e Conti (1998) discutem a categorização, que<br />
coloca três como essenciais: A primeira quando a criança utiliza representações<br />
primárias, isto é, vê o mundo de forma direta e imediata, substituindo o objeto, por<br />
exemplo a mãe, pelo pai. Já a segunda, mais complexa, emerge quando ela usa<br />
representações secundárias, entendidas como representações de representações<br />
ou metarepresentações, atribuindo propriedades imaginárias aos objetos ou<br />
eventos, o que ocorre quando ela em interação com um parceiro lhe propõe que<br />
faça de conta que o tempo hoje está ótimo (quando está chovendo) ou que limpe o<br />
rosto da boneca que está sujo (sem estar). Neste momento, ela vai além do<br />
significado comum dos objetos ou dos eventos sem, entretanto, confundir<br />
realidade/não-realidade. Por último, em uma das formas mais avançadas do faz-de-<br />
conta, o objeto é imaginário, por exemplo Faz-de-conta que neste prato tem bolo,<br />
neste copo, refrigerante".<br />
Observa-se na categorização de Sperb e Conti (1998) que o faz-de-conta é uma<br />
brincadeira que além de envolver a operação de processos mentais, requer também<br />
a metarepresentação, pois a propriedade de opacidade suspende o compromisso<br />
com referência à verdade". Assim, ele oferece as primeiras pistas de que a criança<br />
possui a habilidade de entender sua própria mente e a dos outros, como mostram<br />
os resultados do estudo citado.<br />
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A criança é capaz de entender o faz-de-conta e usar processos mentais de forma<br />
representacional a partir dos três anos de idade (Andrensen, 2005; Branco, 2005). E<br />
é nessa faixa etária que ela passa a dar maior importância ao grupo de pares<br />
(Eckerman & Peterman, 2001). O faz-de-conta social implica em negociação; para<br />
brincar com outra sobre um mesmo tema, a criança precisa de um acordo quanto<br />
aos significados implícitos nos papéis e ações, caso contrário, a brincadeira não<br />
ocorrerá em grupo. Sendo assim, as transformações realizadas sobre os objetos<br />
precisam ser acompanhadas pelos parceiros e, para fazer parte da brincadeira,<br />
deve haver a aceitação dos papéis e/ou formas de negociação.<br />
Sendo a brincadeira atividade estruturadora e impulsionadora do desenvolvimento<br />
<strong>infantil</strong>, as propostas educacionais que vêm sendo feitas para a <strong>educação</strong> desta<br />
faixa etária têm reconhecido a sua importância no contexto da sala de aula (Leme,<br />
2005).<br />
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (MEC, 1998) estabeleceu<br />
a brincadeira como um de seus princípios norteadores, que a define como um direito<br />
da criança para desenvolver seu pensamento e capacidade de expressão, além de<br />
situá-la em sua cultura. Atividades de brincadeira na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> são<br />
praticadas há muitos anos, entretanto, torna-se imprescindível que o professor<br />
distinga o que é brincadeira livre e o que é atividade pedagógica que envolve<br />
brincadeira. Se quiser fazer brincadeiras com a turma, deve considerar que o mais<br />
importante é o interesse da criança por ela; se seu objetivo for a <strong>aprendizagem</strong> de<br />
conceitos, habilidades motoras, pode trabalhar com atividades lúdicas, só que aí<br />
não está promovendo a brincadeira, mas atividades pedagógicas de natureza<br />
lúdica.<br />
Quando é mantida a especificidade da brincadeira livre, têm-se elementos<br />
fundamentais que devem ser considerados: a incerteza, a ausência de<br />
conseqüência necessária e a tomada de decisão pela criança; ela emerge como<br />
possibilidade de experimentação, na qual o adulto propõe, mas não impõe, convida,<br />
mas não obriga, e mantém a liberdade dando alternativas (Dantas, 2002). Caso<br />
contrário arrisca-se destruir o interesse da criança, tendo em vista que neste<br />
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momento ela domina o espaço de experiência, mas o professor pode até interferir<br />
na brincadeira livre, desde que não utilize estratégia destrutiva do interesse dela.<br />
Essa intervenção dá-se em dois níveis: De um lado, a não destrutiva do interesse<br />
pelo brinquedo; Do outro, a proposição, no momento propício e em associação com<br />
a brincadeira, de atividades dirigidas que tenham uma lógica, elaborada em função<br />
de objetivos pedagógicos, intencionalmente promovidos pelos educadores,<br />
tornando-se cada vez mais importantes à medida que a criança cresce. Intervir na<br />
brincadeira nunca dá certeza do que vai acontecer, mas deve ser assegurada a<br />
intenção de a atividade continuar a beneficiar o grupo.<br />
Cabe ao professor, como adulto mais experiente, estimular brincadeiras, ordenar o<br />
espaço interno e externo da escola, facilitar a disposição dos brinquedos, mobiliário,<br />
e os demais elementos da sala de aula. Outras formas de intervenção podem ser<br />
propostas visando incitar as crianças a desenvolverem brincadeira nesta ou naquela<br />
direção, mas só como incitações, nunca obrigação, deixando-as tomarem a decisão<br />
de se engajarem na atividade.<br />
O professor também pode brincar com as crianças, principalmente se elas o<br />
convidarem, solicitando sua participação ou intervenção. Mas deve procurar ter o<br />
máximo de cuidado respeitando sua brincadeira e ritmo; sem dúvida, esta forma de<br />
intervenção é delicada, por ser difícil o adulto participar da brincadeira sem destruí-<br />
la; é preciso muita sensibilidade, habilidade e bom nível de observação para<br />
participar de forma positiva.<br />
A chave desta intervenção é a observação das brincadeiras das crianças, pois é<br />
necessário respeitálas: conhecê-las, sua cultura, como e com quê brincam, e<br />
quando seria interessante o adulto participar. Melhor, porém, é que não o faça e<br />
aproveite este momento para observar seus alunos, para conhecêlos melhor.<br />
É também importante o professor desenvolver atividades dirigidas que envolvam<br />
brincadeiras, mas elas precisam ter seus temas relacionados para que haja<br />
contribuição para o desenvolvimento <strong>infantil</strong>; e elas atuando em conjunto podem, as<br />
duas serem enriquecidas.<br />
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Outra forma que o professor pode usar para enriquecer a brincadeira é propondo<br />
atividades que incentivem a curiosidade das crianças; por exemplo, a troca de<br />
cartas e bilhetes com os parceiros, leva à escrita e comunicação, sendo<br />
experiências que poderão ajudar a criança, mais adiante, a investir nestas<br />
habilidades no faz-de-conta.<br />
O professor poderá, igualmente, organizar atividades que ajudem a criança a<br />
descobrir as possibilidades que certos materiais possuem; os jogos de grupo para<br />
crianças mais velhas, ou os de construção para as mais novas, ensinam a dominá-<br />
lo melhor, desenvolvendo outros níveis de competência, além de permitir verificar o<br />
interesse da criança.<br />
Para Valsiner (2000), a brincadeira ocorre em ambientes que são fisicamente<br />
estruturados de acordo com os sistemas de significado cultural das pessoas que os<br />
habitam. Muitas crianças que sabem brincar descobriram e aprenderam isto em seu<br />
meio, com familiares, pares da mesma idade ou um pouco mais velhos; sendo a<br />
brincadeira uma atividade construída social e culturalmente em cada meio.<br />
Outro aspecto importante é estimular as crianças a proporem brincadeiras que<br />
realizam em sua comunidade. Isto possibilitará que entre em sala de aula todo o<br />
universo cultural próprio dela, permitindo ao professor melhor conhecer sua<br />
realidade, cabendo a ele enriquecer as experiências lúdicas das crianças, pois a<br />
escola tem um grande número de crianças da mesma faixa etária, adultos mais<br />
experientes, materiais e espaços pensados para permitir atividades de natureza<br />
lúdica. Este enriquecimento pode ser desenvolvido por meio de: intervenções,<br />
ordenamento do espaço, atividades dirigidas que possibilitem o surgimento de<br />
novos elementos culturais, que permitirão às crianças integrá-los às suas<br />
brincadeiras.<br />
Considerações Finais<br />
O tema da brincadeira vem sendo bastante pesquisado, desde o século XVIII em<br />
suas diferentes vertentes. Apesar disso, percebem-se, ainda, lacunas de<br />
conhecimentos sobre o conceito e os processos envolvidos na brincadeira. A maior<br />
preocupação, no entanto, não deve se estabelecer um conceito universal e fechado<br />
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sobre a atividade do brincar, mas ampliar as pesquisas, buscando preencher as<br />
lacunas existentes e, paralelamente, subsidiar os docentes e interessados no<br />
assunto para que possam realizar práticas educativas mais interessantes.<br />
Com isso, o ato de brincar, uma ação mediada pelo contexto sociocultural e o<br />
significado construído pela criança sobre a função de determinados objetos e da sua<br />
participação em certas brincadeiras, não é estático. De um lado existe dependência<br />
dos sistemas de significação coletivamente compartilhados pelo grupo a que a<br />
criança pertence, envolvendo crenças e valores dos adultos responsáveis por ela<br />
(mãe ou professora).<br />
De outro lado, existe a versão construída pela criança sobre os padrões sociais, a<br />
partir dos referenciais transmitidos pelo grupo a que pertence, mas que são<br />
ressignificados no seu cotidiano e nas suas interações com seus pares e com<br />
'outros sociais. Desta forma, a criança recria seu espaço de brincadeira, com novos<br />
cenários, inventando funções para os objetos, dando-lhe um sentido de acordo com<br />
os padrões aprovados socialmente.<br />
A brincadeira oferece às crianças uma ampla estrutura básica para mudanças das<br />
necessidades e tomada de consciência: ações na esfera imaginativa, criação das<br />
intenções voluntárias, formação de planos da vida real, motivações intrínsecas e<br />
oportunidade de interação com o outro, que, sem dúvida contribuirão para o seu<br />
desenvolvimento.<br />
Portanto, é imprescindível que os professores compreendam a importância da<br />
brincadeira e suas implicações para organizar o processo educativo de modo mais<br />
positivo, contribuindo para o desenvolvimento das crianças (Pontes & Magalhães,<br />
2003). Sem esta compreensão, corre-se o risco de uma prática educativa com<br />
equívocos, como por exemplo, professores preocupados em desenvolver a<br />
brincadeira em sala de aula, objetivando atitudes de cooperação entre os alunos,<br />
mas direcionando a atividade para a competição. No estudo de Palmieri (2003), os<br />
professores confundem cooperação e competição, e geralmente não percebem<br />
estes equívocos, acreditando que realizam um trabalho de grande qualidade para a<br />
formação dos alunos e se estes não correspondem às suas expectativas, apontam a<br />
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eles como incapazes ou rotulam sua família como problemática. Nesse caso, o<br />
professor não está conseguindo fazer uma reflexão crítica do seu próprio trabalho.<br />
Os princípios norteadores da política educacional congelados no papel não<br />
provocarão mudanças no contexto educacional. Mas, a administração pública deve<br />
proporcionar uma formação continuada aos professores; diante de situações de<br />
insegurança, isto é, de ministrar novos conteúdos e realizar propostas educativas<br />
que exigem conhecimentos diferentes dos que os profissionais acreditam, a<br />
tendência dos educadores é desprezá-las, muitas vezes fazendo críticas<br />
infundadas, apesar de reconheceram a importância dos novos conteúdos para o<br />
processo de melhoria da qualidade de ensino. É preciso que o professor reconheça<br />
a importância do princípio da brincadeira para o desenvolvimento <strong>infantil</strong>,<br />
estabelecido no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, como uma<br />
conquista e efetivação dos direitos da criança integrada à modalidade de <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong>.<br />
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1 Endereço para correspondência: Diva Albuquerque Maciel, LABMIS, Programa de<br />
Pós-graduação em Psicologia em Desenvolvimento Humano e Saúde - PED/IP<br />
UnB, Brasilia - DF,E-mail: diva@unb.br<br />
2 Universidade Federal de Minas Gerais,em 2003 e 2004,publicado no livro<br />
Brincares, em 2005.<br />
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
26
Cadernos CEDES Print version ISSN 0101-3262<br />
Cad. CEDES vol.19 n.46 Campinas Sept. 1998<br />
doi: 10.1590/S0101-32621998000300002<br />
A NOVA LDB E AS NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS<br />
RESUMO:<br />
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Júlio Romero Ferreira*<br />
São analisados os dispositivos referentes à <strong>educação</strong> especial na nova Lei de<br />
Diretrizes e Bases da Educação, que apontam uma ação mais ligada aos sistemas e<br />
programas do ensino regular. Indicam-se algumas implicações e perspectivas para a<br />
área, no contexto das reformas educacionais em curso.<br />
Palavras-chave: LDB, <strong>educação</strong> especial, perspectivas.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O fato de a nova LDB reservar um capítulo exclusivo para a <strong>educação</strong> especial<br />
parece relevante para uma área tão pouco contemplada, historicamente, no conjunto<br />
das políticas públicas brasileiras. O relativo destaque recebido reafirma o direito à<br />
<strong>educação</strong>, pública e gratuita, das pessoas com deficiência, condutas típicas e altas<br />
habilidades. Nas leis 4.024/61 e 5.692/71 não se dava muita importância para essa<br />
modalidade educacional: em 1961, destacava-se o descompromisso do ensino<br />
público; em 1971, o texto apenas indicava um tratamento especial a ser<br />
regulamentado pelos Conselhos de Educação - processo que se estendeu ao longo<br />
daquela década.<br />
É certo que o registro legal, por si, não assegura direitos, especialmente numa<br />
realidade em que a <strong>educação</strong> especial tem reduzida expressão política no contexto<br />
da <strong>educação</strong> geral, reproduzindo talvez a pequena importância que se concede às<br />
pessoas com necessidades especiais - ao menos aquelas denominadas deficientes -<br />
em nossas políticas sociais. Daí se entendem manifestações, comuns na área, de<br />
que postulam que a legislação fundamental já está dada e se trata de fazer cumpri-<br />
la.<br />
27
São também comuns as preocupações com o caráter potencialmente discriminatório<br />
e segregador de leis e normas específicas para a área, mesmo quando se anunciam<br />
numa perspectiva discriminadora "positiva". Entendemos que a referência específica<br />
em uma lei geral da <strong>educação</strong>, mesmo que não fosse na forma de capítulo, ainda é<br />
importante em nosso país, onde o acesso à <strong>educação</strong> das pessoas com deficiência<br />
é escasso e revestido do caráter da concessão e do assistencialismo.<br />
A presença da <strong>educação</strong> especial na Lei certamente reflete um certo crescimento da<br />
área em relação à <strong>educação</strong> geral, nos sistemas de ensino, principalmente nos<br />
últimos 20 anos. Na Constituição de 1988, que contém vários dispositivos<br />
relacionados às pessoas com deficiência (ver análise de Jannuzzi 1992), destaca-<br />
se, na <strong>educação</strong>, o inciso III do Artigo 208, definindo como dever do Estado o<br />
"atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,<br />
preferencialmente na rede regular de ensino".<br />
As Constituições estaduais, em grande medida, apenas repetem aquela formulação<br />
da Constituição Federal. Algumas acrescentam, nos capítulos relativos à <strong>educação</strong>,<br />
tópicos específicos de determinadas categorias (ex.: implantação de braile em<br />
classes da rede oficial) e de níveis ou modalidades de ensino (ex.: implantação de<br />
ensino profissionalizante). Algumas ainda incluem os superdotados no alunado da<br />
<strong>educação</strong> especial; a categoria de problemas de conduta ou condutas típicas não<br />
consta de forma distinta; e tampouco aparece a referência a "necessidades<br />
educativas especiais" (Oliveira e Catani l993, pp. 110-116). Nas leis orgânicas dos<br />
municípios, certamente terá aumentado a diversidade dos tratamentos dados à<br />
matéria e isso tem um significado particular nas discussões atuais.<br />
É naquele momento de reforma constitucional, no final da década de 1980, que<br />
começam e chegam ao Congresso os debates sobre a nova LDB. Na Câmara, o<br />
projeto vai aos poucos incorporando as questões da <strong>educação</strong> especial. Em 1988,<br />
apenas o registro do que estava na Lei 5.692/71; na 2ª emenda, já em 1989,<br />
acrescenta-se o dispositivo constitucional; na 3ª emenda, também de 1989, passa a<br />
constar um capítulo específico destinado à <strong>educação</strong> especial (o mesmo<br />
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acontecendo com <strong>educação</strong> indígena e de jovens e adultos). No relatório Amin e no<br />
projeto finalmente aprovado pela Câmara em 1993, é mantido o capítulo, cuja<br />
redação é alterada mais no sentido de reforçar a idéia constitucional da integração<br />
escolar.<br />
A primeira proposta de Darcy Ribeiro no Senado, em 1992, ao desconsiderar em<br />
larga medida as discussões e o projeto da Câmara, recolocava os termos da Lei<br />
5.692/71 e não trabalhava as diretrizes para a integração (Ferreira e Nunes 1997). É<br />
já na fase final das discussões do Senado que o projeto de Darcy Ribeiro incorpora<br />
algumas propostas pontuais advindas da Câmara, inclusive o capítulo sobre<br />
<strong>educação</strong> especial, praticamente com a mesma redação.<br />
Dermeval Saviani (1997) interpreta os limites da nova LDB principalmente como<br />
omissões, pelo fato de ela não incorporar dispositivos que apontem para a<br />
necessária transformação da estrutura educacional. Para esse autor, ela é mais<br />
indicativa do que prescritiva e não contém o conjunto de reformas que se está<br />
fazendo para além dela, antes e depois de sua aprovação pelo MEC. A ausência do<br />
que se concebera no Projeto da Câmara como um sistema nacional de <strong>educação</strong><br />
elimina possíveis instâncias de articulação com a sociedade (Pino 1995) e, a nosso<br />
ver, pode dificultar a inserção da <strong>educação</strong> especial nos debates da <strong>educação</strong> geral<br />
- até por ser uma área de presença relativamente recente no âmbito da <strong>educação</strong><br />
escolar básica e por não se constituir em prioridade nas políticas educacionais, até<br />
aqui. Assim, as perspectivas político-institucionais da <strong>educação</strong> especial, pelo<br />
menos a curto prazo, dependem da sua inserção no âmbito das várias reformas que<br />
estão ocorrendo e vão ocorrer num prazo relativamente curto, contexto no qual a<br />
LDB é mais um momento importante dos embates políticos, do que a expressão da<br />
síntese possível dos mesmos.<br />
De todo modo, o texto contém aspectos importantes para a <strong>educação</strong> especial, além<br />
da parte específica, que também constituem desdobramentos de itens da<br />
Constituição, como as disposições sobre <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. A flexibilidade dos<br />
critérios para admissão e promoção escolar, aspecto identificado como positivo por<br />
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Demo (1997), pode ser também benéfica para a escolarização de alunos com<br />
necessidades especiais.<br />
Nas disposições específicas sobre a <strong>educação</strong> especial, o Artigo 4º define como<br />
dever do Estado o "atendimento educacional especializado gratuito aos educandos<br />
com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino" (inciso<br />
III). A referência às necessidades especiais amplia o alcance do dispositivo<br />
constitucional de 1988, que se referia apenas aos portadores de deficiência. A<br />
categoria de necessidades especiais aparece pela primeira vez no texto da Câmara<br />
(relatório Amin e no projeto aprovado em 1993), de modo a englobar os portadores<br />
de deficiência e os superdotados - estes apareciam no projeto original e foram<br />
retirados em 1989, com a adoção da redação do Artigo 208 da Constituição. O<br />
parecer Cid Sabóia, aprovado no Senado em 1994, incluiu os alunos com problemas<br />
de conduta nos portadores de necessidades especiais. A versão final mantém a<br />
categoria ampla mas não mais especifica quem são os educandos com<br />
necessidades especiais ou quais são essas necessidades - apenas mantém uma<br />
referência pontual, em um inciso, à deficiência e à superdotação. O Ministério da<br />
Educação vinha trabalhando, em seus documentos, com a indicação de que o<br />
alunado considerado especial inclui os educandos com deficiência, condutas típicas<br />
e altas habilidades. Essa postura incorpora a preocupação de que não se tenha na<br />
<strong>educação</strong> especial um recurso paliativo para o fracasso escolar, em certa medida<br />
legitimando os equívocos do ensino regular (posição registrada na Assembléia da<br />
Reunião da Anped, em 1991), o que tenderia a ocorrer com a utilização de<br />
categorias muito abrangentes. A referência às necessidades educativas especiais,<br />
acompanhando tendência internacional que se fortalece principalmente com a<br />
Declaração de Salamanca, de 1994, merece maior atenção a fim de confrontar as<br />
leituras e discutir as implicações de uma eventual revisão das próprias noções de<br />
aluno e <strong>educação</strong> especiais.<br />
É o desafio de conhecimento e práticas desenvolvidos nos espaços identificados<br />
com a <strong>educação</strong> especial, integrar contribuindo para a <strong>educação</strong> geral, sem criar<br />
novos espaços para acomodar mais uma vez procedimentos de segregação em<br />
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nome da necessidade de um ensino especializado; e, de outra parte, sem reduzir a<br />
problemática da deficiência à dimensão do ensino.<br />
O capítulo V ("Da Educação Especial") caracteriza, em três artigos, a natureza do<br />
atendimento especializado. De modo geral, configura-se a perspectiva positiva de<br />
uma <strong>educação</strong> especial mais ligada à <strong>educação</strong> escolar e ao ensino público. Nesse<br />
sentido, o texto preserva os avanços contidos no projeto da Câmara (Ferreira 1994 e<br />
Mazzotta 1996). No Artigo 58, caracteriza-se a <strong>educação</strong> especial como modalidade<br />
de <strong>educação</strong> escolar, destinada aos educandos portadores de necessidades<br />
especiais (definição que, para Saviani, apresenta um "caráter circular, vago e<br />
genérico" (1997, p. 218). Prevê-se, nos parágrafos 1º e 2º, a existência de apoio<br />
especializado no ensino regular e de serviços especiais separados quando não for<br />
possível a integração ("em virtude das condições específicas dos alunos"). A<br />
redação preserva a idéia de um continuum de opções mais ou menos restritivas,<br />
cuja disponibilidade se definiria tendo por base as características pessoais dos<br />
alunos. Se é fato que a presença de determinadas características individuais exige<br />
apoios ou programas especializados na <strong>educação</strong>, também sabemos que não<br />
chegamos a desenvolver no Brasil, em termos gerais, modalidades combinadas ou<br />
intermediárias de atendimento que atenuassem a segregação. Se a legislação se<br />
fixar de modo dominante nas características pessoais e deixar em segundo plano as<br />
condições do sistema de ensino, pode ser dificultado o surgimento de programas<br />
menos restritivos.<br />
Destaca-se no mesmo artigo a oferta da <strong>educação</strong> especial já na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>,<br />
área em que o atendimento educacional ao aluno com necessidades especiais é ao<br />
mesmo tempo tão escasso quanto importante. Certamente a expansão recente do<br />
atendimento em <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> no Brasil, já incorporando parte das crianças com<br />
necessidades especiais - pelo menos em alguns municípios -, é um marco muito<br />
significativo. O capítulo sobre <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, contudo, é bastante sucinto e limita-<br />
se praticamente a afirmar que ela se dá de zero a seis anos, em creches e pré-<br />
escolas. A presença da <strong>educação</strong> especial no espaço da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> poderá<br />
ser mais bem avaliada no triênio 1997-1999, prazo concedido pela lei para que as<br />
creches e pré-escolas se integrem aos respectivos sistemas de ensino.<br />
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31
O Artigo 59 aponta as providências ou apoios, de ordem escolar ou de assistência,<br />
que os sistemas de ensino deverão assegurar aos alunos considerados especiais.<br />
Aqui, combinam-se as idéias de flexibilidade e de articulação, seja na questão da<br />
terminalidade específica no ensino fundamental (para os considerados deficientes) e<br />
na aceleração (para os considerados superdotados), seja na <strong>educação</strong> para o<br />
trabalho (a ser propiciada mediante articulação com os órgãos oficiais afins).<br />
Especificamente em relação aos alunos portadores de deficiência, reconhece-se a<br />
necessidade de assegurar validade e continuidade para os estudos realizados em<br />
condições ou instituições especiais, inclusive de formação profissional. Note-se que<br />
a forma como a <strong>educação</strong> profissional é tratada na Lei (capítulo III) pode favorecer,<br />
em tese, o desenvolvimento ocupacional de alunos egressos do ensino especial, ao<br />
desatrelar os diferentes níveis de formação profissional da escolaridade regular.<br />
Associando-se a isso o início do supletivo de 1º grau aos 15 anos, parecem<br />
aumentar as possibilidades de articular <strong>educação</strong> e formação para o trabalho, pelo<br />
menos de parte da população dos alunos considerados especiais - aqueles cuja<br />
escolarização não é reconhecida e cuja formação/atuação profissional se reduz hoje<br />
às chamadas oficinas.<br />
Um ponto central no artigo é a previsão de "professores com especialização<br />
adequada em nível médio ou superior(...) bem como professores do ensino regular<br />
capacitados para a integração(...)". Esse tema mereceu atenção desde as primeiras<br />
audiências públicas na Câmara, no desafio de entender o papel do professor<br />
especializado em uma proposta integradora, que teoricamente pediria um<br />
profissional mais "polivalente" (Ferreira e Nunes 1997). Ainda agora, permanece a<br />
indefinição, por aspectos específicos e por outros mais gerais da própria lei e da<br />
conjuntura. No geral, a questão dos profissionais da <strong>educação</strong> depende de<br />
regulamentações, com destaque para os institutos superiores de <strong>educação</strong> (que<br />
participarão da formação de professores para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e fundamental). De<br />
modo mais específico, as expressões contidas no artigo parecem "vagas para<br />
delinear o perfil profissional adequado para atuação na <strong>educação</strong> especial", na visão<br />
preliminar da CEB/CNE (1997, p. 32). Seria essa formação propiciada "através de<br />
cursos de especialização", como prevêem Souza e Silva (1997, p. 95), na forma em<br />
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que já acontece em alguns estados brasileiros? A discussão das habilitações da<br />
pedagogia, também em <strong>educação</strong> especial e inclusive por categoria de deficiência,<br />
estará agora refletindo as pressões advindas das discussões acumuladas sobre a<br />
revisão da formação do pedagogo/do docente, de um lado, e das indicações da<br />
LDB, de outro: ambas, de diferentes perspectivas, enfraquecendo a idéia da<br />
formação de um especialista em <strong>educação</strong> especial como habilitações da<br />
pedagogia. E ainda que prevaleça a figura do especialista, em um tipo de formação<br />
ou em outro, é provável que ela não se limite à idéia de um regente de classes<br />
especiais de determinada categoria de alunos especiais, dentro das instituições ou<br />
nas escolas comuns.<br />
Quanto aos professores do ensino regular, a questão pode ser parcialmente<br />
contemplada na incumbência que a Lei reserva aos municípios de realizar<br />
programas de capacitação para todos os professores em exercício, embora a<br />
questão não se restrinja ao aspecto de competência técnica. Sabe-se que o tema<br />
das necessidades especiais, ou mesmo da diversidade, é ainda pouco presente nos<br />
cursos de formação de professores e outros profissionais, mesmo com<br />
recomendações e indicações legais para que se supere essa lacuna. De outra parte,<br />
parece difícil capacitar os professores das classes comuns para integrar alunos que<br />
ainda não estão presentes na escola em que trabalham.<br />
O Artigo 60 prevê o estabelecimento de critérios de caracterização das instituições<br />
privadas de <strong>educação</strong> especial, através dos órgãos normativos dos sistemas de<br />
ensino, para o recebimento de apoio técnico e financeiro público; ao mesmo tempo<br />
em que reafirma em seu parágrafo único a preferência pela ampliação do<br />
atendimento no ensino regular público. Uma questão está em definir o caráter<br />
educacional das instituições particulares e dos serviços que prestam. Parte do<br />
problema deverá ser esclarecida com a aplicação do que dispõem os artigos 70 e<br />
71, que definem em caráter geral o que são despesas com ensino; dispositivos que,<br />
para Saviani (1997), tendem a reduzir a dispersão dos recursos reservados para a<br />
<strong>educação</strong>. Para o CNE, em seus estudos preliminares (1997), o próprio capítulo V já<br />
indica alguns dos critérios que deverão ser considerados, de modo específico, na<br />
avaliação dos tipos de instalação, da habilitação do pessoal e das formas de<br />
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acompanhamento do processo educacional, com base nos mecanismos que os<br />
sistemas já possuem para acompanhar as instituições de ensino privado regular<br />
(p.32).<br />
As instituições e organizações privadas de caráter mais assistencial e filantrópico<br />
têm detido, na história brasileira, a maior parte das instalações, dos alunos e dos<br />
recursos financeiros ligados à <strong>educação</strong> especial, além de possuir grande influência<br />
na definição das políticas educacionais públicas na área. Não são escolas, no<br />
sentido estrito, nem como tal têm sido avaliadas: são, por assim dizer, instituições<br />
totais, de atendimento múltiplo, nas quais a instrução escolar é um dos vários<br />
componentes. Para a população que combina as condições da pobreza e da<br />
deficiência, a instituição tende a assumir, de modo precário, um conjunto de<br />
demandas de assistência, saúde e, inclusive, formação.<br />
Políticas mais efetivas de integração escolar, como responsabilidade do Estado,<br />
necessariamente reclamam maior compromisso da escola pública e revisão das<br />
formas de relação dos sistemas de ensino com as instituições especializadas, até<br />
porque estas têm dependido de modo crescente de verbas educacionais.<br />
O alinhamento das propostas brasileiras com a tendência da chamada escola<br />
inclusiva e das necessidades especiais favorece mais a linha da "<strong>educação</strong> + escola<br />
comum" do que a da "assistência social + instituição especializada", para a ampla<br />
maioria dos alunos potenciais. Um dos desafios para os sistemas estaduais e<br />
municipais de ensino parece estar na necessidade - muitas vezes não explicitada -<br />
de assumir uma parte significativa dos alunos hoje dependentes das instituições e<br />
também aqueles que ainda não têm acesso a qualquer serviço educacional. Tal<br />
necessidade se coloca para esses sistemas no momento em que muitos deles têm<br />
reavaliado e mesmo desativado os serviços de ensino especial, até para reduzir<br />
processos de estigmatização e segregação.<br />
Em síntese, o momento que a nova Lei e seu contexto colocam para a <strong>educação</strong><br />
geral — e, em particular, para a <strong>educação</strong> especial — sinaliza alterações<br />
importantes nas políticas de atendimento educacional especializado. Os documentos<br />
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citados de análise preliminar do CNE já apontam para a necessária articulação dos<br />
órgãos federais, estaduais e municipais para definição de normas e medidas<br />
complementares para a área.<br />
Já se estão definindo, na perspectiva da desconcentração e da municipalização, as<br />
propostas e os conselhos para proposição e acompanhamento da aplicação dos<br />
recursos do Fundo da Lei 9.424, de 24.12.1996. Embora a Lei já inclua os<br />
estabelecimentos de ensino especial públicos nos componentes do ensino<br />
fundamental, ainda são pouco claros, e possivelmente negativos, os impactos que a<br />
concentração de recursos nesse nível de ensino trará para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e<br />
parte da <strong>educação</strong> especial.<br />
Está também na pauta, em meio ao pacote de reformas, a discussão do Plano<br />
Nacional de Educação, com diretrizes para a próxima década.<br />
A presença ampliada da <strong>educação</strong> especial na nova Lei pode também sinalizar<br />
presença mais perceptível da área nas novas discussões, assumindo que sua<br />
contribuição específica visa mais do que à simples afirmação do "especialismo"<br />
educativo ou burocrático - até porque nem sempre estarão disponíveis profissionais<br />
ou serviços especializados, distintos daqueles disponíveis nas escolas. Ao caráter<br />
afirmativo da expressão legal com relação às necessidades especiais e, mais<br />
pontualmente, à <strong>educação</strong> das pessoas com deficiência contrapõe-se, de modo<br />
contraditório, a afirmação do Estado mínimo e da redução de recursos para as<br />
políticas sociais. Os discursos da <strong>educação</strong> para todos e da escola inclusiva<br />
ocorrem num contexto de exclusão social ampliada, o que aumenta os desafios para<br />
assegurar os direitos das pessoas denominadas portadoras de necessidades<br />
especiais.<br />
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Cadernos Cedes, ano XIX, nº 46, setembro/98<br />
* Departamento de Educação - Unimep - SP.<br />
Educação & Sociedade<br />
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Print version ISSN 0101-7330<br />
Educ. Soc. vol.23 no.80 Campinas Sept. 2002<br />
doi: 10.1590/S0101-73302002008000016<br />
O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO<br />
INFANTIL NO CONTEXTO DAS REFORMAS *<br />
RESUMO:<br />
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Ana Beatriz Cerisara **<br />
Este artigo tem por objetivo refletir sobre o Referencial Curricular Nacional para a<br />
Educação Infantil no contexto das políticas públicas para <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> do<br />
Governo Fernando Henrique Cardoso. Inicia com uma análise das reformas<br />
educacionais implementadas na área da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, com base em<br />
legislações, pareceres, resoluções e documentos encaminhados pelo MEC desde a<br />
LDB nº 9.394/96 enfatizando aspectos relativos ao financiamento para a <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong> e à formação de suas professoras. Em seguida, retoma o debate em torno do<br />
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil situando-o como mais uma<br />
ação do governo no contexto das reformas em andamento e, por último, apresenta<br />
algumas das tendências e utopias que têm inspirado os educadores da área.<br />
Palavras-chave: Educação Infantil. Política e <strong>educação</strong>. Educação da criança de 0<br />
a 6 anos. Legislação.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Refletir sobre o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil no contexto<br />
das políticas públicas para <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> do Governo Fernando Henrique<br />
Cardoso é o objetivo deste artigo. Inicialmente, faço uma análise das reformas<br />
educacionais implementadas na área da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> pelo governo FHC na<br />
última década, enfatizando aspectos relativos ao financiamento para a <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong> e à formação de suas professoras. 1 Em seguida, retomo o debate em torno<br />
do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil situando-o no contexto<br />
das reformas em andamento e, por último, apresento algumas das tendências e<br />
utopias que têm orientado os educadores da área.<br />
37
As reformas educacionais brasileiras e a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
Atualmente, falar em <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> no Brasil implica fazer uma retrospectiva<br />
desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da Criança e do<br />
Adolescente de 1990 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº<br />
9.394/1996. Isso porque foi a partir das deliberações encaminhadas nessas duas<br />
leis e das suas conseqüências para a área que os desafios e as perspectivas têm<br />
sido colocados.<br />
Para fazer uma análise das definições estabelecidas na LDB nº 9.394/96 com<br />
relação à <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> recorro a Saviani, que indica que esta deve ser<br />
analisada tanto do ponto de vista dos objetivos proclamados quanto dos objetivos<br />
reais, uma vez que os primeiros indicam as finalidades gerais e amplas e, os<br />
segundos, os alvos concretos das ações:<br />
Enquanto os objetivos proclamados se situam num plano ideal onde o consenso e a<br />
convergência de interesses é sempre possível, os objetivos reais situam-se num<br />
plano onde se defrontam interesses divergentes e por vezes antagônicos,<br />
determinando o curso da ação as forças que controlam o processo. (Saviani, 1997,<br />
p. 190)<br />
Isso porque o percurso que foi da gestação do projeto inicial até a aprovação final 2<br />
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 significou sete anos<br />
de embates políticos entre diferentes concepções, sendo que a versão final da LDB<br />
revela plena sintonia com os princípios do projeto neoliberal 3 de reformas do papel<br />
do Estado e do Poder Público.<br />
Vale destacar que a LDB foi construída tendo por base a Constituição de 1988 que<br />
reconheceu como direito da criança pequena o acesso à <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> em<br />
creches e pré-escolas. Essa lei colocou a criança no lugar de sujeito de direitos em<br />
vez de tratá-la, como ocorria nas leis anteriores a esta, como objeto de tutela. Nesta<br />
mesma direção, a LDB também pela primeira vez na história das legislações<br />
brasileiras proclamou a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> como direito das crianças de 0 a 6 anos e<br />
dever do Estado. Ou seja, todas as famílias que optarem por partilhar com o Estado<br />
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a <strong>educação</strong> e o cuidado de seus filhos deverão ser contempladas com vagas em<br />
creches e pré-escolas públicas.<br />
Outro objetivo proclamado é o de que estas instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
(creches e pré-escolas) deverão fazer parte da <strong>educação</strong> básica, junto com o ensino<br />
fundamental e o ensino médio, em vez de permanecerem ligadas às secretarias de<br />
assistência social. Na passagem das creches para as secretarias de <strong>educação</strong> dos<br />
municípios está articulada a compreensão de que as instituições de <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong> têm por função educar e cuidar 4 de forma indissociável e complementar das<br />
crianças de 0 a 6 anos. A crítica em relação às propostas de trabalho com as<br />
crianças pequenas, que se dicotomizavam entre educar e assistir, levou à busca da<br />
sua superação em direção a uma proposta menos discriminadora, que viesse<br />
atender às especificidades que o trabalho com crianças de 0 a 6 anos exige na atual<br />
conjuntura social de educar e cuidar , sem que houvesse uma hierarquização do<br />
trabalho a ser realizado, seja pela faixa etária (0 a 3 anos ou 3 a 6 anos), ou ainda<br />
pelo tempo de atendimento na instituição (parcial ou integral), seja pelo nome dado<br />
à instituição (creches ou pré-escolas).<br />
Essa compreensão da especificidade do caráter educativo das instituições de<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> não é natural, mas historicamente construída uma vez que ocorreu<br />
a partir de vários movimentos em torno da mulher, da criança e do adolescente por<br />
parte de diferentes segmentos da sociedade civil organizada e dos educadores e<br />
pesquisadores da área em razão das grandes transformações sofridas pela<br />
sociedade em geral e pela família em especial, nos centros urbanos, com a entrada<br />
das mulheres no mercado de trabalho. 5<br />
Neste sentido, pode-se dizer que a versão final da LDB incorporou na forma de<br />
objetivo proclamado as discussões da área em torno da compreensão de que trazer<br />
essas instituições para a área da <strong>educação</strong> seria uma forma de avançar na busca<br />
de um trabalho com um caráter educativo-pedagógico 6 adequado às especificidades<br />
das crianças de 0 a 6 anos, além de possibilitar que as profissionais que com elas<br />
trabalham viessem a ser professoras com direito a formação tanto inicial quanto em<br />
serviço e a valorização em termos de seleção, contratação, estatuto, piso salarial,<br />
benefícios, entre outros.<br />
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Com relação às profissionais da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, a lei proclama ainda que todas<br />
deverão até o final da década da <strong>educação</strong> ter formação em nível superior, podendo<br />
ser aceita formação em nível médio, na modalidade normal. Ou seja, até o ano de<br />
2007 todas as profissionais que atuam diretamente com crianças em creches e pré-<br />
escolas, sejam elas denominadas auxiliares de sala, pajens, auxiliares do<br />
desenvolvimento <strong>infantil</strong>, ou tenham qualquer outra denominação, passarão a ser<br />
consideradas professoras e deverão ter formação específica na área. É importante<br />
ressaltar o desafio que esta deliberação coloca uma vez que muitas dessas<br />
profissionais não possuem sequer o ensino fundamental.<br />
Quanto ao locus dessa formação, a LDB define que esta se dará em cursos de<br />
licenciatura, de graduação plena em universidades e em institutos superiores de<br />
<strong>educação</strong>. Vale destacar que foi essa lei que criou a figura dos institutos superiores<br />
de <strong>educação</strong> e dos cursos normais Superiores. Se, por um lado, esta deliberação<br />
sobre a necessidade de formação específica em nível superior das professoras de<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> pode ser vista como um avanço na direção da profissionalização<br />
da área, por outro, a criação dos institutos superiores de <strong>educação</strong> revela que este<br />
avanço é relativo tal como veremos na continuidade deste texto.<br />
Diante desses objetivos proclamados, tanto em relação às instituições de <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong> quanto à formação das professoras, todos contemplando o que tem sido<br />
produzido e proposto por pesquisadores brasileiros, algumas perguntas surgem:<br />
Como fazer para implantar todas essas medidas? A quem caberia a tarefa? De<br />
onde sairá o financiamento? Como será feito?<br />
Para responder a estas questões e melhor compreender todo o processo em<br />
discussão é preciso fazer um movimento dos objetivos proclamados aos objetivos<br />
reais presentes na LDB e nas regulamentações legais dela decorrentes. De acordo<br />
com Saviani,<br />
O ministério da <strong>educação</strong>, em lugar de formular para a área uma política global,<br />
enunciando claramente as suas diretrizes assim como as formas de sua<br />
implementação (...) preferiu esvaziar aquele projeto (de LDB) optando por um texto<br />
inócuo e genérico, uma LDB "minimalista" na expressão de Luiz Antonio Cunha (...).<br />
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Certamente essa via foi escolhida para afastar as pressões das forças organizadas<br />
que atuavam junto ou sobre o Parlamento de modo a deixar o caminho livre para a<br />
apresentação e aprovação de reformas pontuais, tópicas, localizadas (...). (1997, p.<br />
200)<br />
Neste sentido, vou me deter na análise de algumas reformas pontuais formuladas<br />
pelo Governo Fernando Henrique Cardoso por intermédio do Conselho Nacional de<br />
Educação, na forma de portarias, pareceres, decretos e documentos com ênfase em<br />
dois aspectos: o financiamento para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e a formação de suas<br />
professoras.<br />
Financiamento para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
Com relação ao financiamento para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> a LDB é omissa. Não há<br />
nenhuma indicação a respeito do financiamento necessário para a concretização<br />
dos objetivos proclamados em relação às instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. Neste<br />
sentido, pode-se dizer que, naquilo que é essencial, a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> foi<br />
marginalizada, isso porque sem recursos é impossível realizar o que foi proclamado<br />
tanto no que diz respeito à transferência das instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> das<br />
secretarias de assistência para as secretarias de <strong>educação</strong>, como em relação à<br />
redefinição do caráter pedagógico de creches e pré-escolas já vinculadas às<br />
secretarias de <strong>educação</strong>. 7 O mesmo se pode dizer com relação à formação das<br />
professoras que já atuam na área.<br />
Se a LDB já era omissa em relação ao financiamento para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, com<br />
a Emenda Constitucional nº 14, regulamentada pela Lei nº 9.424/96, que criou o<br />
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização<br />
do Magistério 8 (FUNDEF), o governo explicita os objetivos reais que sustentam a<br />
sua proposta para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, pois define ali que os municípios se<br />
responsabilizarão pela aplicação de um grande porcentual do seu orçamento no<br />
ensino fundamental, ficando a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> sem nenhuma garantia de verbas<br />
destinadas a ela, dependendo da política educacional de municípios e estados.<br />
Diante dessa lei complementar fica explicitado que na atual legislação brasileira<br />
nenhuma instância tem como prioridade atender a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> já que à União<br />
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ficou o ensino superior, aos estados, o ensino médio e aos municípios, o ensino<br />
fundamental. Ou seja, a legislação insinua uma parceria entre municípios, estado e<br />
governo federal que acaba por diluir as responsabilidades em relação à <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong>.<br />
Tanto esse encaminhamento é real que, em julho de 2000, o governo federal<br />
apresenta a Portaria nº 2.854, da Secretaria da Assistência Social. Qual o teor<br />
dessa portaria? Indicar que, enquanto o atendimento às crianças pequenas não for<br />
de responsabilidade das secretarias de <strong>educação</strong> (e sem financiamento não será<br />
nunca!), os programas de assistência social permanecerão recebendo<br />
financiamento para manutenção desse atendimento. Ou seja, fica evidente que,<br />
apesar de a LDB proclamar que a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> faz parte da <strong>educação</strong> básica,<br />
os recursos necessários para implantação de uma "pedagogia da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>"<br />
nas instituições educativas continuarão na assistência social, cujo trabalho tem<br />
historicamente, no Brasil, se baseado em uma "concepção assistencialista" de<br />
atendimento.<br />
Além disso, vale destacar que não há nenhuma articulação entre as ações da<br />
assistência social com as da <strong>educação</strong>. Podemos dizer, então, que essa portaria<br />
trouxe de volta o discurso da <strong>educação</strong> compensatória da década de 1970, já<br />
amplamente criticado e superado. Esse é mais um objetivo real das reformas<br />
educacionais implantadas pelo governo brasileiro.<br />
Outro aspecto que é preciso destacar diz respeito ao fato de que ainda é um<br />
objetivo proclamado a defesa do direito de todas as crianças à <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, já<br />
que apenas algumas crianças, filhas de mulheres trabalhadoras, têm tido acesso a<br />
esses serviços. Ou seja, permanece a concepção de que as vagas nas creches<br />
públicas devem ser preenchidas pelas crianças, cujas mães trabalham fora e<br />
ganham pouco. As vagas, portanto, permanecem apenas como direito das mulheres<br />
trabalhadoras que têm filhos e não das crianças.<br />
A desresponsabilização do Estado em relação à <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> fica evidente e<br />
mostra que o que foi preconizado na letra da lei expressa uma estratégia de<br />
negociação típica do movimento liberal: ceder no discurso e endurecer o jogo<br />
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quando se trata de prover as condições de cumprimento do acordado. Contudo,<br />
alertas em relação a essa estratégia de esvaziamento, existe já uma mobilização<br />
dos movimentos de educadores 9 que defendem uma <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> de qualidade<br />
pela criação de um fundo para a <strong>educação</strong> básica FUNDEB ou para a criação<br />
de um fundo específico para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> FUNDEI. Mais uma vez, estão<br />
em cena diferentes projetos de <strong>educação</strong> e de sociedade, sendo a defesa da<br />
<strong>educação</strong> pública, gratuita e de qualidade o que mobiliza segmentos da sociedade<br />
civil, educadores e pesquisadores da área a lutar pelo financiamento para que o<br />
Estado assuma seu dever de oferecer <strong>educação</strong> a todas as crianças de 0 a 6 anos<br />
cujas famílias queiram partilhar com ele a tarefa de educar os próprios filhos e de<br />
cuidar destes.<br />
Formação das professoras<br />
Com relação à formação das professoras em geral, várias têm sido as investidas do<br />
governo brasileiro no sentido de implementar seu projeto de reforma educacional 10<br />
por meio de aprovações pontuais de pareceres e resoluções, além de decretos<br />
presidenciais, uma vez que:<br />
No quadro das políticas educacionais neoliberais e das reformas educativas, a<br />
<strong>educação</strong> constitui-se em elemento facilitador importante dos processos de<br />
acumulação capitalista e, em decorrência, a formação de professores ganha<br />
importância estratégica para a realização dessas reformas no âmbito da escola e da<br />
<strong>educação</strong> básica. (Freitas, 1999, p. 18)<br />
Neste sentido é possível fazer-se o mesmo movimento, passando dos objetivos<br />
proclamados aos objetivos reais presentes em decretos, pareceres e resoluções<br />
encaminhados após a LDB nº 9.394/96. Uma das questões mais polêmicas, objeto<br />
de diversos encaminhamentos, refere-se à criação tanto dos institutos superiores de<br />
<strong>educação</strong>, como do curso normal superior, considerado o locus preferencial para a<br />
formação das professoras de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e das quatro primeiras séries do<br />
ensino fundamental. Após a proclamação, na LDB, da necessidade de todas as<br />
professoras da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e do ensino fundamental possuírem formação<br />
específica e em nível superior, nos demais pareceres 11 encaminhados pelo CNE fica<br />
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evidente que, dentro do quadro das reformas educacionais propostas pelo governo<br />
brasileiro, essa formação, que historicamente tem sido realizada nos cursos de<br />
pedagogia das universidades, está fortemente ameaçada, 12 tendo sido objeto<br />
inclusive de um decreto presidencial, 13 que em seu art. 3º, parágrafo 2º, definiu que<br />
"a formação das professoras de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e nos anos iniciais do ensino<br />
fundamental far-se-á exclusivamente em cursos normais superiores". Diante do teor<br />
desse decreto houve ampla mobilização, tendo ocorrido várias manifestações<br />
realizadas pelo movimento em defesa da formação das professoras. Diante da<br />
pressão, o governo editou o Decreto nº 3.554/2000, no qual a palavra<br />
"exclusivamente" foi substituída pela palavra "preferencialmente".<br />
A gestação dos documentos relativos à formação das professoras tem se dado em<br />
meio a embates políticos entre dois projetos distintos: de um lado, o projeto<br />
defendido pelo movimento organizado dos educadores, que entende a formação<br />
como parte da luta pela valorização e profissionalização do magistério, considera a<br />
universidade como lugar privilegiado para essa formação; defende uma sólida<br />
formação teórica; assume a pesquisa como princípio formativo e elemento<br />
articulador entre teoria e prática e concebe o professor como intelectual; de outro, o<br />
projeto defendido pelo Conselho Nacional de Educação, que se submete às<br />
políticas neoliberais impostas pelos organismos internacionais com a retirada da<br />
formação das professoras das universidades e propondo uma formação técnico-<br />
profissionalizante com amplas possibilidades de aligeiramento, sem espaço para<br />
uma reflexão profunda sobre os processos educativos, reduzindo o papel da<br />
professora a mera executora de tarefas pedagógicas e restringindo a concepção de<br />
pesquisa e de produção de conhecimento à esfera do ensino. 14<br />
Apesar de ampla discussão e participação dos segmentos que defendem a<br />
<strong>educação</strong> não como um serviço de satisfação ao cliente ou uma mercadoria<br />
comercializável, mas como um bem público, é a concepção articulada às reformas<br />
educacionais encaminhadas pelo governo que dá sustentação ao projeto que criou<br />
o curso normal superior para a formação das professoras da <strong>educação</strong> básica nos<br />
institutos superiores de <strong>educação</strong>. Senão, vejamos: nessa proposta, as professoras<br />
serão formadas em um curso de 3.200 horas, sendo que, destas, a aluna egressa<br />
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do magistério, em nível médio, descontará 800; caso a aluna atue na <strong>educação</strong><br />
básica, reduzirá mais 800 horas, ficando o curso com uma formação de 1.600 horas.<br />
Esse encaminhamento tem por base o princípio do aligeiramento da formação no<br />
seu sentido mais perverso, pois ao invés de capitalizar a experiência prática da<br />
aluna, desafiando-a a aprofundar a reflexão, entende que esta seja substituível pela<br />
vivência, desarticulando a teoria da prática sob o falacioso argumento de que quem<br />
faz não precisa pensar o fazer. Aliada a isso, a retirada da formação das<br />
professoras da <strong>educação</strong> básica dos cursos de pedagogia nas universidades<br />
também significa a separação entre formação profissional e formação universitária.<br />
Entra em cena a discussão que diferencia "certificação e treinamento" de<br />
"formação". O que se pode pensar de um curso a ser encaminhado de forma isolada<br />
da formação de todos os demais profissionais? O que pensar de uma proposta de<br />
curso cuja exigência de formação do corpo docente aponta para a possibilidade de<br />
apenas 20% ter o curso de mestrado, concedendo que 50% possa ter formação em<br />
pedagogia? A redução do tempo de duração do curso, a pouca exigência do nível<br />
de formação dos professores docentes, o seu isolamento em relação à formação em<br />
nível superior dos demais profissionais nas universidades trarão quais<br />
conseqüências? Em uma análise inicial é possível indicar algumas implicações para<br />
as professoras da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: preconceitos, baixos salários, poucas<br />
expectativas de profissionalização, baixa identidade do profissional (Kishimoto,<br />
1999, p. 72).<br />
Para a professora de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> existe um outro aspecto que agrava a<br />
situação: a falta de ênfase quanto à especificidade da professora de <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong> nos documentos 15 e nas resoluções analisados, como se esta pudesse ter<br />
como base a docência nas séries iniciais do ensino fundamental. Falar em<br />
professora de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> é diferente de falar em professora de séries iniciais<br />
e isso precisa ser explicitado para que as especificidades do trabalho das<br />
professoras com as crianças de 0 a 6 anos em instituições coletivas públicas de<br />
<strong>educação</strong> e cuidado sejam respeitadas e garantidas. Essa diferenciação fica bem<br />
explicitada nas palavras de Rocha:<br />
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Enquanto a escola se coloca como espaço privilegiado para o domínio dos<br />
conhecimentos básicos, as instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> se põem sobretudo com<br />
fins de complementaridade à <strong>educação</strong> da família. Portanto, enquanto a escola tem<br />
como sujeito o aluno e como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas<br />
através da aula; a creche e a pré-escola têm como objeto as relações educativas<br />
travadas no espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança de 0 a 6<br />
anos de idade (ou até o momento que entra na escola). (Rocha, 1999, p. 62)<br />
Em relação à formação das profissionais que hoje atuam com as crianças pequenas<br />
em creches e pré-escolas, vê-se uma avalanche de cursos chamados emergenciais,<br />
em sua grande maioria pagos, e que são justificados pelo prazo estabelecido pela<br />
LDB, de dez anos desde a sua publicação, para que todas tenham formação<br />
específica em nível superior, podendo ser aceito magistério, em nível médio. Mais<br />
uma vez o governo delega a essas professoras a responsabilidade por sua<br />
formação, sem assumir como sua a tarefa de fornecer as condições objetivas para<br />
que elas se profissionalizem.<br />
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil<br />
É dentro do contexto das reformas educacionais em andamento acima delineadas<br />
que pretendo situar o RCNEI como mais uma ação do Governo FHC. Vale destacar<br />
que o RCNEI é um documento produzido pelo MEC que integra a série de<br />
documentos Parâmetros Curriculares Nacionais. Se é possível considerar um<br />
possível avanço para a área a existência de um documento que se diz voltado<br />
especificamente para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, é preciso verificar até que ponto ele<br />
efetivamente garante a especificidade defendida pelos educadores da área para o<br />
trabalho a ser realizado com meninos e meninas de 0 a 6 anos em instituições<br />
educativas como creches e pré-escolas. Além disso, é preciso verificar até que<br />
ponto ele contempla o que anuncia.<br />
Importante lembrar que em fevereiro de 1998 a versão preliminar do documento foi<br />
encaminhada a 700 profissionais ligados à área da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> para que em<br />
um mês fosse devolvido ao MEC um parecer sobre essa versão. Preocupado com o<br />
surgimento inesperado desse documento e com a desarticulação do RCNEI em<br />
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elação ao processo que vinha construindo uma Política Nacional para a Educação<br />
Infantil, coordenado por Angela Barreto na COEDI/MEC (1994-1998), e com as<br />
conseqüências que poderia trazer para as crianças brasileiras, o GT 07 Educação<br />
da Criança de 0 a 6 anos, da ANPEd, em sua XXI reunião, decidiu debater o<br />
assunto tendo como trabalho encomendado 16 uma análise dos pareceres 17 sobre a<br />
versão preliminar do Referencial Curricular Nacional para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. A<br />
partir desta iniciativa, Faria e Palhares (1999) organizaram um livro com o objetivo<br />
de socializar o debate em torno do tema tanto em relação ao surgimento do<br />
RCNEI, quanto em relação à substituição da professora Angela Barreto na<br />
coordenação da COEDI. Isso se devia ao fato de que não havia consenso na área<br />
sobre a pertinência da elaboração, naquele momento, de um referencial curricular<br />
para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, e muito menos com relação ao afastamento de Angela<br />
Barreto da COEDI. Segundo Faria,<br />
a curta trajetória deste novo direito conquistado (das crianças à <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>)<br />
impõe procedimentos criteriosos para a sua inclusão numa política integrada e<br />
coerente para a infância (...). De repente fomos atropelados com os Referenciais<br />
(...) e com a troca da coordenação da COEDI. (1999, p. 2).<br />
Em outubro de 1998 a versão final do RCNEI foi divulgada sem que os apelos dos<br />
pareceristas por mais tempo para debates e discussões fossem atendidos. Outro<br />
aspecto que merece destaque é que o RCNEI atropelou também as orientações do<br />
próprio MEC, uma vez que foi publicado antes mesmo que as Diretrizes Curriculares<br />
Nacionais, estas sim mandatórias, fossem aprovadas pelo Conselho Nacional de<br />
Educação. Havia uma urgência por parte do MEC na divulgação do documento.<br />
Segundo Kuhlmann Jr.:<br />
A ampla distribuição de centenas de milhares de exemplares às pessoas<br />
que trabalham com esse nível educacional mostra o poder econômico do<br />
MEC e seus interesses políticos, muito mais voltados para futuros<br />
resultados eleitorais do que preocupados com a triste realidade das nossas<br />
crianças e instituições. (1999, p. 52).<br />
A versão final do RCNEI foi organizada em três volumes: Introdução; Formação<br />
pessoal e social e Conhecimento do mundo. A leitura do primeiro volume do RCNEI,<br />
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denominado "Introdução", permite constatar um texto bem cuidado esteticamente,<br />
com especial destaque às belíssimas fotografias (que acompanham os três<br />
volumes), a maior parte delas assinadas por Iolanda Huzak, que revelam a<br />
diversidade cultural das crianças brasileiras nem sempre contemplada pelo<br />
documento. Com relação ao conteúdo verificamos a presença de conceitos<br />
importantes para a área, uma vez que têm sido considerados princípios que<br />
permitem avançar na delimitação da especificidade da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. São eles, a<br />
ênfase em: criança, educar, cuidar, brincar, relações creche-família, professor de<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, educar crianças com necessidades especiais, a instituição e o<br />
projeto educativo. Fala ainda em condições internas e externas com destaque para<br />
a organização do espaço e do tempo, parceria com as famílias, entre outros<br />
aspectos. É preciso destacar ainda que a bibliografia citada contempla grande parte<br />
da produção recente da área.<br />
É possível perceber que a versão final do volume l do RCNEI pretendeu seguir as<br />
indicações feitas pelos pareceristas da versão preliminar do documento, de ter como<br />
referência a criança e não o ensino fundamental, com ênfase na criança e em seus<br />
processos de constituição como ser humano em diferentes contextos sociais, suas<br />
culturas, suas capacidades intelectuais, artísticas, criativas, expressivas em vez de<br />
articulações institucionais que propõem uma transposição, de cima para baixo, dos<br />
chamados conteúdos escolares que acabam por submeter a creche e a pré-escola a<br />
uma configuração tipicamente escolar.<br />
Uma análise desse volume permite vislumbrar que, em termos gerais, essas<br />
concepções estão presentes na Introdução do RCNEI. Além de incluir esses que<br />
têm sido considerados pela área princípios orientadores da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, chama<br />
a atenção a aparente articulação e continuidade dos documentos que vinham sendo<br />
produzidos pela COEDI/MEC (1994-1998). Digo aparente porque, se há apropriação<br />
das concepções presentes nos cadernos da COEDI, 18 no volume l do RCNEI, no<br />
item "Organização do Referencial Curricular Nacional para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>" (p.<br />
43-61), ele deixa antever uma concepção de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> muito mais próxima<br />
da do ensino fundamental do que o próprio referencial declara na sua Introdução.<br />
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Os dois outros volumes denominados âmbitos de experiência são: Formação<br />
pessoal e social, que contempla os processos de construção da identidade e<br />
autonomia das crianças, e Conhecimento do mundo, que apresenta seis sub-eixos:<br />
música, movimento, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e<br />
matemática. Esses volumes foram organizados em torno de uma estrutura comum,<br />
na qual são explicitadas as idéias e práticas correntes relacionadas ao eixo e à<br />
criança e aos seguintes componentes curriculares: objetivos, conteúdos,<br />
orientações didáticas, orientações gerais para o professor e bibliografia. Esta forma<br />
de organização e o conteúdo trabalhado evidenciam uma subordinação ao que é<br />
pensado para o ensino fundamental e acabam por revelar a concepção primeira<br />
deste RCNEI, em que as especificidades das crianças de 0 a 6 anos acabam se<br />
diluindo no documento ao ficarem submetidas à versão escolar de trabalho. Isso<br />
porque a "didatização" de identidade, autonomia, música, artes, linguagens,<br />
movimento, entre outros componentes, acaba por disciplinar e aprisionar o gesto, a<br />
fala, a emoção, o pensamento, a voz e o corpo das crianças.<br />
É importante ressaltar que a suposta incorporação dos princípios que têm sido<br />
construídos pela área, em busca da especificidade da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> feita pelo<br />
RCNEI, evidencia o alerta feito por Kuhlmann Jr.:<br />
A caracterização da instituição de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> como lugar de cuidadoe-<strong>educação</strong><br />
adquire sentido quando segue a perspectiva de tomar a criança<br />
como ponto de partida para a formulação de propostas pedagógicas.<br />
Adotar essa caracterização como se fosse um dos jargões do modismo<br />
pedagógico esvazia seu sentido e repõe justamente o oposto do que se<br />
pretende. (1999, p. 60).<br />
Neste sentido, a concepção de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> que de fato orienta os três volumes<br />
do RCNEI está distante das concepções presentes nos documentos publicados pela<br />
COEDI de 1994 a 1998 e que vinham sendo considerados pelas profissionais da<br />
área um avanço no encaminhamento de uma Política Nacional de Educação Infantil.<br />
Em especial o documento e o vídeo denominados "Critérios para um atendimento<br />
em creches e pré-escolas que respeite os direitos fundamentais das crianças"<br />
(MEC, 1995), que apresenta princípios orientadores para o trabalho em creches e<br />
pré-escolas tendo por foco a criança e seus direitos fundamentais. Longe de se<br />
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apresentar como uma "proposta curricular", esse texto, de forma simples, direta e<br />
incisiva, indica critérios relativos à organização e ao funcionamento interno das<br />
creches, que dizem respeito principalmente às práticas concretas adotadas no<br />
trabalho direto com as crianças tendo seus direitos 19 como eixo.<br />
A existência do RCNEI remete à complexidade do debate em torno de questões<br />
colocadas pela área: Qual a finalidade educativa da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>? Educar e<br />
cuidar, como e para quê? Como se caracterizam as instituições de <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong>? Qual a sua relação com o ensino fundamental? Como deve ser vivida a<br />
infância das crianças em instituições educativas? As creches e pré-escolas são um<br />
tipo de instituição escolar ou não? Estas são algumas das tantas questões que a<br />
área tem se colocado e permitem delimitar a amplitude e profundidade da<br />
problemática em torno da definição do trabalho a ser realizado em creches e pré-<br />
escolas, com bebês, crianças que engatinham, crianças que usam fraldas até as<br />
crianças maiorzinhas, que ainda não estão nas escolas de ensino fundamental.<br />
A leitura da versão final do RCNEI reafirma o quanto foi prematura a elaboração<br />
deste documento, uma vez que ainda persiste a necessidade de um<br />
amadurecimento da área, inclusive para saber se cabe dentro da especificidade da<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> um documento denominado Referencial Curricular, em função dos<br />
sentidos que o termo 'currículo' carrega. Como afirmei em outra oportunidade:<br />
(...) a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> pela sua especificidade ainda não estava madura<br />
para produzir um referencial único para as instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
no país. Os pesquisadores e pesquisadoras da área revelam nestes<br />
pareceres que o fato de a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> não possuir um documento<br />
como este não era ausência ou falta, mas sim especificidade da área que<br />
precisa ainda refletir, discutir, debater e produzir conhecimentos sobre<br />
como queremos que seja a <strong>educação</strong> das crianças menores de sete anos<br />
em creches e pré-escolas. (Cerisara, 1999, p. 44).<br />
Dentro desse contexto o RCNEI deve ser lido como um material entre tantos outros<br />
que podem servir para as professoras refletirem sobre o trabalho a ser realizado<br />
com as crianças de 0 a 6 anos em instituições coletivas de <strong>educação</strong> e cuidado<br />
públicos. Além disso, vale reforçar que ele não é obrigatório ou mandatório. Ou seja,<br />
nenhuma instituição ou sistema de ensino deve se subordinar ao RCNEI a não ser<br />
que opte por fazê-lo. Como orientação nacional a área dispõe das "Diretrizes<br />
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Curriculares Nacionais" 20 que de forma clara apresentam as diretrizes obrigatórias a<br />
serem seguidas por todas as instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. Essas diretrizes<br />
definem os fundamentos norteadores que as Propostas Pedagógicas das<br />
Instituições de Educação Infantil devem respeitar:<br />
A. Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do<br />
Respeito ao Bem Comum;<br />
B. Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da<br />
Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática;<br />
C. Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da<br />
Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.<br />
Assim as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil apresentam os<br />
objetivos gerais (sem ir ao detalhe de cada ação como o RCNEI), permitindo<br />
incentivar e orientar projetos educacionais-pedagógicos, nos níveis mais diretos de<br />
atuação, com objetivos relacionados à formação integral da criança, deixando um<br />
espaço para que os envolvidos na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> famílias, professoras e<br />
crianças assumam a autoria desses projetos.<br />
Por último, é preciso fazer referência ao projeto "Parâmetros em ação", que<br />
articulado ao RCNEI foi organizado pelo MEC com o objetivo de "apoiar e incentivar<br />
o desenvolvimento profissional de professores e especialistas em <strong>educação</strong> de<br />
forma articulada à implementação do RCNEI" (MEC, 1999, p. 5).<br />
O que chama a atenção nesse projeto é o fato de que os municípios só podem<br />
participar dele se "optarem" por implementar o RCNEI em suas instituições, o que o<br />
transforma de uma proposta denominada pelo próprio MEC como "aberta, flexível e<br />
não obrigatória" em obrigatória e única. Ou seja, os municípios que não aderirem ao<br />
RCNEI como "a referência" para o seu trabalho, por questionarem as concepções ali<br />
presentes, não são contemplados com o "pacote de formação" que está previsto<br />
nos "Parâmetros em ação". Apenas esse dado já é suficiente para questionarmos a<br />
forma pouco democrática como o MEC tem "cumprido com a sua tarefa de subsidiar<br />
os sistemas de ensino com relação à formação de suas profissionais". Kramer, ao<br />
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se referir aos impasses que as políticas de formação vêm sofrendo, apresenta-nos<br />
alguns questionamentos que refletem a perplexidade e indignação dos educadores:<br />
Temos uma política de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> que venha assegurando expansão da<br />
cobertura, fortalecimento da nova concepção de infância e promoção da melhoria da<br />
qualidade como postulavam os documentos oficiais que o MEC elaborou em<br />
meados da década de 90? Até agora, em nível nacional, temos mais do que<br />
diretrizes e "referencial"? Em nível local, é preciso que as propostas de formação<br />
redundem em avanço da escolaridade e carreira, o que acontece em poucos<br />
municípios. A ação do MEC tem sido, infelizmente, tênue (para não dizer omissa)<br />
em relação a esta questão, seja pela pequeníssima destinação de recursos para a<br />
formação feita pelos municípios, seja porque a liberação desses recursos não tem<br />
implicado em mudanças de carreira ou salário. Existe uma política nacional de<br />
formação dos profissionais da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>? Ou há apenas a compra e venda<br />
de pacotes, inclusive com a intermediação do MEC? (2001, p. 102)<br />
Tendências e utopias<br />
Para finalizar gostaria de enfatizar que a restrição ao rcnei se deve fortemente ao<br />
que os educadores da área da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> têm indicado sobre a necessidade<br />
de construção de um trabalho que contemple as especificidades e diversidades<br />
culturais das crianças sem que haja a proclamação de um modelo único e<br />
verdadeiro. Neste sentido, o que vem sendo realizado em creches e pré-escolas<br />
precisa ser revisto e reavaliado à luz da Pedagogia da Educação Infantil (Rocha,<br />
1999), no sentido da construção de um trabalho com as crianças de 0 a 6 anos de<br />
idade, que apesar de ser formalmente estruturado pretende garantir a elas viver<br />
plenamente a sua infância sem imposição de práticas ritualísticas inflexíveis, tais<br />
como se cristalizam nas rotinas domésticas, escolares ou hospitalares. O que<br />
reivindicamos é o espaço para a vida, para a vivência das emoções e dos afetos <br />
alegrias e tristezas , para as relações entre coetâneos e não-coetâneos, para os<br />
conflitos, confrontos e encontros, para a ampliação do repertório vivencial e cultural<br />
das crianças a partir de um compromisso dos adultos que se responsabilizam por<br />
organizar o estar das crianças em instituições educativas que lhes permitam<br />
construir sentimentos de respeito, troca, compreensão, alegria, apoio, dignidade,<br />
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amor, confiança, solidariedade, entre tantos outros. Que lhes garantam acreditar em<br />
si mesmos e no seu direito de viver de forma digna e prazerosa. É importante<br />
destacar que temos tido dificuldade em fazer valer esses princípios na organização<br />
do sistema educacional brasileiro diante das reformas educacionais do Governo<br />
FHC. 21<br />
Nesse contexto, firmamos o nosso descontentamento ante a política educacional<br />
brasileira e ante a maneira como vem sendo implantada a reforma educacional no<br />
país, tanto nos aspectos gerais como nos especificamente relacionados com a<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. A esperança é que os educadores comprometidos com a defesa<br />
da <strong>educação</strong> e dos direitos das crianças à <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> continuem a denunciar<br />
o que está acontecendo e a realizar estudos, pesquisas e projetos de ação que nos<br />
possibilitem avançar na construção de uma "pedagogia da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>" e de<br />
políticas públicas plurais que contemplem as diversidades culturais das crianças<br />
brasileiras e que sejam orientadas por práticas emancipatórias em oposição a<br />
práticas restritivas da criatividade e da felicidade, práticas que visam à formação de<br />
cidadãos e não à de consumidores compulsivos como pretende o projeto neoliberal<br />
em andamento.<br />
Notas<br />
1. Será utilizado o feminino em razão da presença predominante de mulheres no<br />
exercício dessa profissão.<br />
2. Sobre essa questão, ver Füllgraf, 2001.<br />
3. Concepção neoliberal está sendo utilizada neste texto sob a perspectiva indicada<br />
por Saviani: o significado correntemente atribuído ao conceito neoliberal implica em:<br />
valorização dos mecanismos de mercado, apelo à iniciativa privada e às<br />
organizações não-governamentais em detrimento do lugar e do papel do Estado e<br />
das iniciativas do setor público, com a conseqüente redução das ações e dos<br />
investimentos públicos.<br />
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4. O uso dos termos 'educar' e 'cuidar' deve-se à busca de superação da dicotomia<br />
histórica no Brasil entre a visão educacional e a visão assistencialista,<br />
respectivamente. Sobre isso ver Kuhlmann Jr., 1999.<br />
5. Cerisara, 1999, p.14.<br />
6. Termo cunhado por Maria Lúcia Machado para explicitar o caráter de<br />
intencionalidade definida, planejada e sistematizada da ação com as crianças.<br />
7. Vale destacar que, do ponto de vista jurídico, a lei não é auto-aplicável,<br />
precisando de regulamentação.<br />
8. Sobre este tema, ver João Monlevade e Eduardo Ferreira, 1997.<br />
9. Dentre eles destaca-se o MIEB Movimento Interfóruns de Educação Infantil no<br />
Brasil.<br />
10. Sobre este tema ver Shiroma; Moraes e Evangelista, Política educacional.<br />
11. O Parecer CP nº 053/99, de 28 de janeiro de 1999, apresenta as diretrizes<br />
gerais para os institutos superiores de <strong>educação</strong> e o Parecer CP nº 115/99, de 10 de<br />
agosto de 1999, dispõe sobre os institutos superiores de <strong>educação</strong>.<br />
12. A ameaça seria: conceber-se o professor como técnico e não como intelectual e<br />
considerar-se que a formação universitária deve ser para os especialistas da<br />
<strong>educação</strong> (orientadores, supervisores, diretores, gestores) e não para os<br />
professores docentes.<br />
13. Decreto nº 3.276, de 6 de dezembro de 1999, que dispõe sobre a formação em<br />
nível superior de professores para atuar na <strong>educação</strong> básica e dá outras<br />
providências.<br />
14. VI Seminário Nacional da ANFOPE e XIV Reunião Nacional do FORUMDIR,<br />
Carta de Curitiba, 8 de junho de 2001.<br />
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15. Com destaque para o Referencial Pedagógico Curricular para a Formação de<br />
Docentes da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental (1997) e o<br />
Plano Decenal de Educação para Todos (1993).<br />
16. "A produção acadêmica na área da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> a partir da análise de<br />
pareceres sobre o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil: Primeiras<br />
aproximações", elaborado por Ana Beatriz Cerisara.<br />
17. O parecer institucional da ANPEd foi publicado em 1998, na Revista Brasileira<br />
da Educação.<br />
18. Os cadernos da COEDI são: Subsídios para elaboração de diretrizes e normas<br />
para <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> (1998); Proposta pedagógica e currículo para <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong>: Um diagnóstico e a construção de uma metodologia de análise (1996);<br />
Critérios para um atendimento em creches e pré-escolas que respeite os direitos<br />
fundamentais das crianças (1995); Bilbiografia anotada (1995); Educação <strong>infantil</strong> no<br />
Brasil: Situação atual (1994); Por uma política de formação do profissional de<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> (1994); Política de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> (1993).<br />
19. Na parte do documento denominada "Esta creche respeita criança. Critérios<br />
para a unidade creche" são destacados os seguintes direitos: Nossas crianças têm<br />
direito à brincadeira; Nossas crianças têm direito à atenção individual; Nossas<br />
crianças têm direito a um ambiente aconchegante, seguro e estimulante; Nossas<br />
crianças têm direito ao contato com a natureza; Nossas crianças têm direito à<br />
higiene e à saúde; Nossas crianças têm direito a uma alimentação sadia; Nossas<br />
crianças têm direito a desenvolver sua curiosidade, imaginação e capacidade de<br />
expressão; Nossas crianças têm direito ao movimento em espaços amplos; Nossas<br />
crianças têm direito à proteção, ao afeto e à amizade; Nossas crianças têm direito a<br />
expressar seus sentimentos; Nossas crianças têm direito a uma especial atenção<br />
durante o seu período de adaptação à creche. M.M. Campos & Fúlvia Rosemberg,<br />
Critérios para um atendimento em creches e pré-escolas que respeite os direitos<br />
fundamentais das crianças, Brasília: MEC/SEF/DPEF/COEDI, 1997.<br />
20. O parecer da relatora Regina de Assis vale a pena ser conferido, na medida em<br />
que defende e justifica de forma brilhante as diretrizes apresentadas.<br />
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21. No exato momento em que escrevo este artigo, mais uma investida contra as<br />
crianças brasileiras está em andamento no Conselho Nacional de Educação: o<br />
pedido de regulamentação das creches domiciliares.<br />
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* Agradeço ao professor João Josué da Silva Filho, à professora Déborah Tomé<br />
Sayão e à professora Ana Lúcia Goulart de Faria, que carinhosamente leram<br />
versões deste artigo e fizeram preciosas sugestões.<br />
** Professora do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa<br />
Catarina (UFSC) e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Educação<br />
de 0 a 6 anos NEE0A6/UFSC (www.ced.ufsc.br/~nee0a6). E-mail:<br />
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Educação & Sociedade<br />
Print version ISSN 0101-7330<br />
Educ. Soc. vol.20 n.68 Campinas Dec. 1999<br />
doi: 10.1590/S0101-73301999000300003<br />
PROGRAMAS OFICIAIS PARA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES<br />
DA EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
RESUMO:<br />
Maria Teresa Leitão de Melo*<br />
O artigo analisa a formação dos professores da <strong>educação</strong> básica destacando dois<br />
eventos ocorridos na última década: a Conferência Mundial de Educação para<br />
Todos e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Avalia os<br />
desdobramentos advindos dos referidos eventos e a sua influência nos programas<br />
oficiais de formação, criticando a tônica no aperfeiçoamento em serviço restrito a<br />
algumas áreas, de conteúdo fragmentado, aligeirado, sem repercussão na carreira<br />
docente. Contextualiza a formação no âmbito das políticas de valorização do<br />
magistério, categorizando-a como direito do professor. Lança o desafio de construir<br />
o perfil e a identidade do profissional da <strong>educação</strong>, considerando os atores que<br />
atuam na escola e têm vínculo com o trabalho educativo: professores e funcionários<br />
da <strong>educação</strong>, portadores do direito a uma formação includente e de qualidade<br />
social.<br />
Palavras-chave: Formação de professores, <strong>educação</strong> básica, programas oficiais,<br />
trabalho educativo<br />
Um breve olhar sobre a última década<br />
A partir da Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien,<br />
Tailândia, em 1990 e, mais recentemente, da aprovação da Lei de Diretrizes e<br />
Bases da Educação Nacional, lei n o 9394, em 1996, a formação de professores é<br />
tema obrigatório nos debates educacionais, considerando os novos contornos<br />
pontuados por esses dois eventos.<br />
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No primeiro, por se constituir em elemento importante do processo de<br />
universalização da <strong>educação</strong> proposto pelos organismos internacionais dele<br />
promotores. Aqui no Brasil, nos desdobramentos que sucederam à Conferência, a<br />
formação dos professores volta a ser destacada. Inicialmente, no Acordo Nacional e<br />
no Pacto pela Valorização do Magistério e Qualidade da Educação, ambos<br />
documentos-síntese das intenções e prioridades do Plano Decenal de Educação<br />
para Todos, consenso possível firmado (e posteriormente ignorado pelo governo<br />
atual) entre o poder público, as organizações governamentais e as entidades<br />
acadêmicas e sindicais do movimento de educadores brasileiros. Depois a formação<br />
reaparece nos estudos do planejamento estratégico realizados pelo Fórum<br />
Permanente pela Valorização do Magistério e Qualidade da Educação, responsável<br />
pelos encaminhamentos do Plano Decenal. Desta feita, contextualizada como um<br />
dos "nós críticos" da <strong>educação</strong> brasileira dentro do problema da desvalorização do<br />
magistério.<br />
Foram muitos os debates e várias as expectativas que se revelaram em torno do<br />
tema. Infelizmente, o descumprimento do Acordo Nacional, em 1995, por parte do<br />
presidente da República, fez abortar uma série de medidas que consolidariam o<br />
acúmulo do debate do Fórum Permanente, além de abrir espaço para outro<br />
panorama educacional rumo à Emenda Constitucional n o 14 e, em seguida, à nova<br />
LDB.<br />
Em que pesem todas as limitações e o próprio significado político do Acordo<br />
Nacional e do Pacto pela Valorização do Magistério, assumidos por signatários tão<br />
díspares em sua concepção e defesa de projeto social, é inegável a contribuição ao<br />
debate e a problematização apontada para a formação dos professores advindas<br />
desses documentos.<br />
Na LDB – lei nº 9394/96 –, o segundo evento atual apontado por nós como<br />
instigador desse temário, até chegar à formulação final, os percalços foram muitos e<br />
tortuosos foram os caminhos.<br />
A formação dos professores é tratada no título "Dos profissionais da <strong>educação</strong>",<br />
uma das partes mais reduzidas em seu conteúdo quando da tramitação do projeto<br />
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de lei entre a Câmara de Deputados e o Senado Nacional. Em apenas seis artigos,<br />
a lei pretende definir os fundamentos, delimitar os níveis e o locus da formação e<br />
relacioná-la aos requisitos da valorização do magistério. O resultado de tamanho<br />
"enxugamento" é a ausência da conceituação dos profissionais da <strong>educação</strong>,<br />
referenciados no texto da lei com base nas exigências para sua formação, além de<br />
algumas contradições, que analisaremos mais adiante, no tocante aos próprios<br />
cursos e espaços de formação.<br />
Atualmente, em tempos de regulamentação da LDB, aliada às exigências do Banco<br />
Mundial para o desenvolvimento e a manutenção da <strong>educação</strong> brasileira, a temática<br />
da formação dos professores ganha novos destaques. Um dos requerimentos<br />
básicos, alertado pelo movimento dos trabalhadores em <strong>educação</strong>, é o de inserir as<br />
políticas e os programas de formação no processo global da valorização<br />
profissional.<br />
A dimensão social da formação profissional<br />
Entender a formação na perspectiva social é entendê-la e defendê-la como um<br />
direito do professor. É superar o estágio de iniciativas individuais para<br />
aperfeiçoamento próprio e colocá-la no rol das políticas públicas para a <strong>educação</strong>.<br />
Pensando assim, a formação compõe com a carreira e a jornada de trabalho, que<br />
por sua vez devem estar vinculadas à remuneração, elementos indispensáveis à<br />
formulação e à implementação de uma política de valorização profissional que<br />
contribua tanto para o resgate das competências profissionais dos educadores,<br />
como para a (re)construção da escola pública de qualidade.<br />
É, portanto, um processo inicial e continuado que deve dar respostas aos desafios<br />
do cotidiano escolar, da contemporaneidade e do avanço tecnológico. O professor é<br />
um dos profissionais que mais necessidade têm de se manter atualizados, aliando à<br />
tarefa de ensinar a tarefa de estudar. Transformar essa necessidade em direito é<br />
fundamental para o alcance da sua valorização profissional e desempenho em<br />
patamares de competência exigidos pela sua própria função social.<br />
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Recente pesquisa realizada em parceria pela Confederação Nacional dos<br />
Trabalhadores em Educação (CNTE) e pelo Laboratório de Psicologia do Trabalho,<br />
da Universidade de Brasília, sobre as condições de trabalho e a saúde dos<br />
trabalhadores em <strong>educação</strong>, revelou indicadores no mínimo perturbadores acerca<br />
da prática educativa relacionada a apropriação/expropriação de competências. O<br />
novo perfil do aluno, como sujeito social que leva para a escola novos padrões de<br />
comportamento; a competição com outros agentes educativos/informativos fora da<br />
escola; a celeridade do avanço tecnológico, nem sempre ao alcance de todos, são<br />
fatores que interferem na relação do professor com o conhecimento, objeto primeiro<br />
do seu trabalho, que precisa ser entendido como processo, portanto matéria ao<br />
mesmo tempo cumulativa e provisória.<br />
Os dados da pesquisa revelam que a auto-estima do professor, já tão comprometida<br />
pela acentuada desvalorização salarial, sofre impactos que ganham dimensão de<br />
verdadeira síndrome – a síndrome da desistência, conhecida como burnout – diante<br />
da impotência em realizar sua tarefa. Mesmo sabendo, teoricamente, como executá-<br />
la, faltam-lhe elementos essenciais à segurança da prática pedagógica.<br />
Nesse sentido, articulando os dados da pesquisa à formação na perspectiva do<br />
direito, cabe a reflexão de Vieira (1999), ao elencar alguns fatores a serem<br />
considerados como desafios nessa realidade: a angústia do professor de "não saber<br />
de tudo", a perda gradativa da capacidade de formulação, a formação<br />
compartimentada e as contradições da identidade social.<br />
Uma política de formação profissional direcionada para essa realidade precisa, pois,<br />
nascer no chão da escola para voltar-se a ele, atentando para as múltiplas<br />
dimensões em sua formulação e implementação, capazes de construir<br />
competências coletivas e definir a intencionalidade da prática educativa.<br />
É evidente que não podemos prescindir da reflexão sobre a própria prática como<br />
elemento constitutivo das políticas de formação, principalmente porque essa leitura<br />
crítica desvelará espaços de tensão a serem trabalhados. Porém, é necessário que<br />
a reflexão, ao tempo em que contribua para superação de limites e construção de<br />
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possibilidades, esteja fundamentada em sólidas bases teóricas e epistemológicas,<br />
assim como as defende Frigotto (1996):<br />
as dimensões técnica e didática no processo de ensino, para serem<br />
efetivas, implicam necessariamente a dimensão teórica e epistemológica e<br />
que, sem estas, aquelas podem se constituir em bloqueadores de<br />
processos de conhecimentos previamente construídos pelo aluno. (pp 95-<br />
96).<br />
Dessa forma estará sendo concebida a autonomia intelectual do professor,<br />
necessária para o redimensionamento da sua prática, para a luta e a resistência em<br />
defesa da qualidade e do respeito a seu exercício profissional.<br />
Os programas oficiais de formação: Legislação e políticas de governo<br />
A intenção de destacar, nos programas oficiais de formação, a relação entre as<br />
políticas de governo e a nova legislação educacional, especialmente a LDB e o<br />
Projeto de Plano Nacional de Educação, reside na necessidade que vislumbramos<br />
de tecer nossa análise tendo como eixo as contradições e ambigüidades que se<br />
evidenciam nos encaminhamentos do Ministério da Educação.<br />
A primeira questão diz respeito à composição da <strong>educação</strong> nacional, disposta no<br />
artigo 21 da lei 9394/96, em apenas dois níveis: a <strong>educação</strong> básica e a <strong>educação</strong><br />
superior. O próprio vocábulo "básica" por si só nos enseja uma concepção: "que<br />
serve de base, basilar, fundamental, essencial" (Buarque de Holanda 1993). Seria,<br />
pois, o nível da <strong>educação</strong> indispensável ao atendimento do que dispõe a própria<br />
LDB no seu artigo 22: "A <strong>educação</strong> básica tem por finalidades desenvolver o<br />
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da<br />
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores"<br />
(Brasil 1996).<br />
Os programas oficiais de formação para professores da <strong>educação</strong> básica haveriam,<br />
pois, de considerar essa concepção, para manter a unidade do nível de <strong>educação</strong> e<br />
resguardar o perfil e a identidade do professor.<br />
Porém, a despeito da "letra da lei", as políticas globais de governo fragmentam a<br />
<strong>educação</strong> básica em ensino médio e ensino fundamental, subdividindo este último<br />
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em primeiro ciclo ou fase inicial (1ª a 4ª série) e segundo ciclo ou fase final (5ª a 8ª<br />
série), deixando as outras modalidades totalmente excluídas das prioridades dos<br />
programas de governo – <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, <strong>educação</strong> especial, <strong>educação</strong> de jovens<br />
e adultos.<br />
Essa diretriz é bastante visível nas políticas de financiamento e na regulamentação<br />
promovida pela lei 9424/96, que dispõe sobre o Fundef – Fundo de Manutenção e<br />
Desenvolvimento do Ensino Fundamental, bem como nas políticas de<br />
municipalização do ensino, voltadas principalmente para as quatro primeiras séries<br />
do ensino fundamental.<br />
Fratura-se a <strong>educação</strong> básica, fratura-se o financiamento, fratura-se a organização<br />
dos sistemas... Que unidade restará para os programas de formação e para a<br />
identidade profissional do professor?<br />
A política oficial de formação, implementada pelo Ministério da Educação, não<br />
responde a essa indagação. Ou melhor, responde ao afirmar na formulação e nos<br />
encaminhamentos de seus programas a mesma lógica fragmentada com que trata a<br />
<strong>educação</strong> básica.<br />
Voltando à LDB, a esse respeito, é importante destacar, dentre as atribuições que<br />
ela concede ao professor (artigo 13, I), um nível mais rigoroso de formulação e<br />
responsabilidade, elencando, ao lado das incumbências já consideradas rotineiras,<br />
a participação na elaboração da proposta pedagógica da escola, espaço que pode<br />
vir a ser estimulador da conquista de crescentes estágios de autonomia escolar e de<br />
democratização da gestão.<br />
Ora, esse salutar nível de exigência para uma prática pedagógica que ultrapasse a<br />
visão puramente instrumental, resumida à transmissão de conhecimentos e ao<br />
tarefismo de "dar aulas", precisa influenciar os programas oficiais de formação, a ser<br />
considerada em toda sua complexidade. Do contrário, a sensação que aos poucos<br />
vai se consolidando é de que novas e mais complexas atribuições são delegadas<br />
aos professores, sem que sejam acompanhadas das condições objetivas de realizá-<br />
las. Se, por um lado, esse grau de responsabilidade fortalece e revigora a função<br />
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social do magistério e da própria escola, por outro, se não for muito bem articulado,<br />
poderá gerar fortes e perigosos sentimentos de frustração e de impotência.<br />
Nesse aspecto, convém lembrar uma das contradições que estamos vivendo na<br />
conjuntura educacional: no momento em que o ato educativo se torna mais<br />
complexo e as exigências de escolarização mais presentes, ocorre um certo<br />
empobrecimento cultural e reduzem-se as metas e os objetivos da formação<br />
docente, evidenciando grande descompasso entre as políticas de formação e os<br />
objetivos proclamados de melhorar a qualidade da <strong>educação</strong> pública.<br />
Analisemos essa afirmação considerando três aspectos: primeiro, os espaços de<br />
formação previstos na LDB; segundo, a categorização de professor ensejada pelos<br />
programas de formação e, terceiro, o modo operacional pelo qual as políticas e os<br />
programas de formação vêm se difundindo nos sistemas de ensino.<br />
Ao analisarmos o Título VI da LDB – Dos profissionais da <strong>educação</strong> –,<br />
reconhecemos nele a síntese das normas sobre fundamentos, conceituação, níveis<br />
e espaços de formação. A mão do legislador cuidou, aparentemente, de dotar a lei<br />
de um leque multifacetado de opções, introduzindo algumas novidades, como os<br />
Institutos Superiores de Educação, e resgatando antigas imagens como as Escolas<br />
Normais. Não conseguiu se livrar de algumas ambigüidades e contradições<br />
oriundas, talvez, do violento processo de "enxugamento" imposto a esse título da lei,<br />
quando da tramitação do projeto entre a Câmara Federal e o Senado Nacional.<br />
Dessa forma registra-se na lei (artigo 62), em grau de paridade, que a formação do<br />
docente far-se-á em nível superior, em cursos de licenciatura plena, em<br />
universidades e institutos superiores de formação, sem qualquer prioridade para as<br />
licenciaturas que, historicamente, se diferenciam dos demais cursos de graduação,<br />
exatamente pela especificidade da formação para a docência.<br />
A aplicabilidade da leitura do artigo nas políticas de governo concretiza-se com o<br />
esvaziamento das licenciaturas e a ênfase em "transformar" graduados em<br />
professores, da noite para o dia, mediante os cursos de complementação<br />
pedagógica. Paralelamente o Governo investe na regulamentação dos Institutos<br />
Superiores de Educação, a despeito de toda polêmica gerada no próprio Conselho<br />
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Nacional de Educação e das argumentações e proposições de entidades<br />
representativas dos educadores.<br />
Outro espaço de formação citado no referido artigo 62 é o da modalidade normal,<br />
um nível médio, apontado por alguns como contraditório ao parágrafo 4 o do artigo<br />
87, que exige, até o final da Década da Educação (ano 2006), que todos os<br />
professores sejam habilitados em nível superior ou formados por treinamentos em<br />
serviço. Mais uma vez omite-se a exigência da licenciatura plena.<br />
Esse leque de opções, ou quem sabe a intencionalidade que ele encerra ou ainda<br />
os objetivos e as metas dos programas de formação, tem possibilitado que a<br />
consecução das políticas de governo seja marcada pela fragmentação e pelo<br />
aligeiramento, não apenas no aspecto organizativo e temporal, mas também no<br />
tocante ao aprofundamento de conteúdos e à apropriação de competências.<br />
O segundo aspecto diz respeito à concepção de professor que nasce dessa política<br />
de formação. Não mais o professor que identifica na necessidade de formação<br />
especializada os pré-requisitos e os critérios para construir o seu perfil profissional.<br />
Não mais o professor que se dedica à formação própria para a docência para<br />
afirmar/reafirmar a sua própria identidade. Agora pode ser professor aquele portador<br />
de diploma de curso superior que "queira se dedicar à <strong>educação</strong> básica" (artigo 63, I<br />
da LDB). É um cheiro de diletantismo no ar, quando os ares da modernidade<br />
pretendem maior rigor nos critérios de profissionalização. E por que não para os<br />
professores?<br />
Por fim, como síntese dos aspectos anteriores, o terceiro aspecto: de como os<br />
programas de formação estão se difundindo nos sistemas de ensino.<br />
Antes de mais nada, há de se convir que o Ministério da Educação cumpre, com<br />
muita aplicação, o seu papel regulador das políticas educacionais. Embora atropele<br />
constantemente o debate e secundarize a interlocução com a sociedade, o MEC<br />
apresenta uma significativa linha de produção em termos de projetos, documentos e<br />
programas. Em alguns momentos, uma avalanche de medidas chega aos sistemas<br />
sem que as escolas tenham oportunidade de se pronunciar se desejam, se<br />
precisam, se entendem, se aprovam as determinações. Muitas vezes a propaganda<br />
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chega primeiro, com a informação televisiva maquiada com o devido capricho para<br />
acompanhar um astro ou uma estrela de televisão.<br />
Nos programas de formação não tem sido diferente. Os dados do próprio MEC<br />
indicam a premência em investir na formação dos professores da <strong>educação</strong> básica.<br />
O problema é como e para quê. Nesse assunto o Ministério é extremamente<br />
pragmático e, ao mesmo tempo, inteiramente submisso aos ditames do Banco<br />
Mundial. Dessa maneira, as áreas prioritárias nos programas de formação atendem<br />
às políticas traçadas pelo Banco Mundial, na forma e no conteúdo.<br />
De um lado, habilitar todos os professores leigos, que são muitos ainda,<br />
principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. É a resposta ao<br />
insumo, vexatório do ponto de vista da qualidade e cruel do ponto de vista da<br />
profissionalização. Por outro lado, o investimento feito na política de formação<br />
prioriza duas dimensões: o desenvolvimento profissional dos docentes em exercício,<br />
aqui incluído o acesso a níveis superiores, e os programas de aperfeiçoamento em<br />
serviço.<br />
Claramente, o aperfeiçoamento em serviço ocupa maiores espaços nos programas<br />
de formação. Entretanto apresentam limitações graves. Uma delas encontra-se nos<br />
dispositivos da Resolução n o 03/97, do Conselho Nacional de Educação, que fixa as<br />
Diretrizes para os Novos Planos de Carreira e Remuneração do Magistério Público.<br />
No parágrafo único, do artigo 5 o , a resolução explicita três critérios a serem<br />
considerados/priorizados nos programas de capacitação em serviço: as áreas<br />
curriculares carentes de professores, os professores com mais tempo de exercício a<br />
cumprir nos sistemas e a utilização de metodologias que incluam recursos de<br />
<strong>educação</strong> a distância.<br />
Os critérios são, pois, seletivos, excluindo uma parcela dos professores dos<br />
programas de aperfeiçoamento, além de evidenciarem uma tônica de treinamento<br />
em serviço, em detrimento de uma política de formação includente, reflexiva e<br />
crítica. A perspectiva da qualidade, compreendida como direito ao saber, à ciência e<br />
à tecnologia, é prejudicada.<br />
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A esse respeito há de se destacar, também, uma certa confusão que paira sobre os<br />
programas de formação ora em vigor: capacitação e formação docentes teriam o<br />
mesmo significado?<br />
Parece haver uma redução na concepção de formação docente, de modo a colocá-<br />
la tão-somente no âmbito da capacitação. Ou seja, os instrumentos, mecanismos e<br />
conteúdos escolhidos pretendem se voltar, fragmentariamente, para um dos<br />
aspectos da formação docente, que é como podemos considerar a capacitação em<br />
serviço. Esse excesso de pragmatismo tem contribuído para que se confunda o<br />
espaço e as finalidades de cada um desses elementos e, mais que isso, tem<br />
restringido o direito a uma política de formação ampla, permanente e<br />
contemporânea, em troca de aligeirados e modulares momentos de<br />
aperfeiçoamento.<br />
Destaca-se, ainda, que essa concepção de formação continuada, por não favorecer<br />
o acesso a níveis superiores de graduação, não tem qualquer repercussão na<br />
carreira do professor, não se situando, pois, como componente das políticas de<br />
valorização do magistério.<br />
Seria o Plano Nacional de Educação uma alternativa?<br />
No contexto desse debate, embora com dez anos de atraso, a disputa de projetos<br />
que envolve a tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE) é um fato<br />
significativo para (re)colocarmos algumas das questões em movimento nos<br />
programas de formação para os professores da <strong>educação</strong> básica.<br />
Um dos grandes problemas do projeto de Plano Nacional de Educação, elaborado<br />
pelo MEC, é que ele reforça as ambigüidades contidas na LDB em relação aos<br />
espaços de formação e, conseqüentemente, ao perfil do professor. Vai mais longe<br />
ainda – e, portanto, aproxima-se mais das políticas de governo – nas proposições<br />
de formação para cada um dos níveis de ensino, fragmentando a <strong>educação</strong> básica e<br />
introduzindo novas categorias profissionais para realizar tarefas específicas do<br />
professor. É o caso, por exemplo, do agente educativo para atuar em creches e pré-<br />
escola, cuja exigência de formação não passa do Ensino Fundamental e Médio.<br />
Considerando que a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> é parte integrante da <strong>educação</strong> básica, é<br />
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inadmissível que não seja entregue aos professores. Do contrário, estaremos<br />
rompendo com a visão de <strong>educação</strong> escolar de zero a seis anos que ela afirma, ao<br />
ser incluída na <strong>educação</strong> básica, tratando-a como se fosse a extensão da casa e da<br />
família. A <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> tem, por força da própria organização dos níveis de<br />
ensino, uma tarefa educativa própria, e por isso necessita ser entregue a<br />
professores habilitados.<br />
Para a atuação na área da <strong>educação</strong> especial, o PNE/MEC recomenda a utilização<br />
prioritária da <strong>educação</strong> a distância como metodologia. Longe de nós abdicar das<br />
vantagens e dos benefícios que podemos usufruir com o avanço tecnológico, que<br />
deve, sim, ser usado em caráter educacional. O que nos assusta, nesta e em outras<br />
áreas da formação, é o uso exclusivo desse recurso, reduzindo possibilidades de<br />
avanço já experimentadas pelas licenciaturas e pelos cursos de magistério e<br />
quebrando a magia do ambiente escolar e da interação pedagógica.<br />
Em relação às outras modalidades de formação, o PNE/MEC segue a mesma lógica<br />
da LDB, particularmente nas exigências de formação de nível médio ou superior.<br />
Entretanto, há dois sinais bem nítidos do significado que o PNE/MEC possa vir a ter<br />
para as políticas de formação caso seja aprovado como foi proposto e que<br />
avançam, negativamente, na concepção presente na LDB. Um deles diz respeito à<br />
desregulamentação dos processos de formação profissional, os quais perdem a<br />
escola como locus privilegiado de troca de aprendizagens e de enriquecimento<br />
cultural, secundarizando portanto a escolarização como direito do professor. A outra<br />
consideração retorna aos critérios que defendemos como basilares para a<br />
valorização profissional: o PNE/MEC não articula formação, carreira e jornada como<br />
componentes de um mesmo campo de perfil profissionalizante do professor.<br />
Os espaços de disputa por um processo de formação includente, de qualidade e<br />
valorativo estão postos. Tramita no Congresso Nacional um outro PNE gestado no<br />
chão da escola, legitimado em dois Congressos de Educação (os Coneds) e<br />
apoiado por amplos setores sociais. Apostar nessa disputa, alargando nossos<br />
espaços de participação, é tarefa urgente da qual não podemos nos furtar.<br />
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Programas de formação e organização curricular<br />
Há uma tônica presente nos documentos e nas propostas de formação do MEC que<br />
é a relação com a organização curricular.<br />
Recente documento produzido pela Secretaria de Ensino Fundamental para<br />
professores de 1ª a 4ª série assume, explicitamente, a total dependência aos<br />
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que devem, sim, ser objeto dos<br />
programas de formação, mas não funcionar como matriz do processo formativo. Ao<br />
submeter a política de formação aos PCNs, para a eles se adequar, o MEC mantém<br />
a política de restrição e fragmentação já denunciada em nossa reflexão. Ademais,<br />
revela outra intenção, que é alçar os parâmetros curriculares à posição de diretrizes<br />
com caráter mandatório. À escola, ao professor só restaria segui-los.<br />
A própria concepção de apropriação de competências profissionais e de<br />
profissionalização do professor adquire características muito estreitas, resumidas ao<br />
desenvolvimento profissional permanente e a uma polêmica avaliação do<br />
desempenho, com fins de progressão na carreira.<br />
Confina-se a formação ao âmbito dos PCNs, cuja abrangência não ultrapassa a 4ª<br />
série e na espera de que os PCNs de 5ª a 8ª série obtenham o mesmo grau de<br />
popularidade, aguarda-se o momento mais propício para a tão necessária e<br />
desejada articulação.<br />
Outro enfoque que merece ser tratado são as alterações curriculares dos níveis e<br />
das modalidades de ensino, em curso no Conselho Nacional de Educação (CNE),<br />
trazendo mudanças significativas na organização dos tempos e espaços escolares.<br />
Do CNE já emanaram as diretrizes curriculares para o ensino fundamental; para o<br />
ensino médio; para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>; para a <strong>educação</strong> indígena, e, está em<br />
debate, para a <strong>educação</strong> profissional.<br />
Além dessas, as duas resoluções específicas da formação de professores –<br />
referentes à modalidade normal em nível médio e aos Institutos Superiores de<br />
Educação – certamente aguçarão o debate sobre a legislação e as políticas de<br />
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governo. Não são sem motivo as preocupações das entidades de classe e de vários<br />
acadêmicos sobre o destino das licenciaturas e do curso de pedagogia.<br />
Algumas dessas diretrizes são mais profundas nas transformações a que se<br />
propõem, tanto na operacionalização quanto na própria concepção de currículo. A<br />
ousadia em propor novos referenciais para as escolas, muitos deles promotores de<br />
uma saudável tensão sobre conservadoras formas de ensinar/aprender, não tem<br />
sido suficiente ainda para intervir nos programas de formação e estabelecer os<br />
mecanismos de inter-relação. Há pressa em dar um novo perfil às escolas, com<br />
risco até de se ficar nas aparências, mas se secundariza o tratamento global<br />
urgente e necessário a essas modificações, incluída nele a política de formação dos<br />
professores, além, é claro, do aumento de investimentos e da melhoria da infra-<br />
estrutura, material e didática, das escolas públicas.<br />
O Conselho Nacional de Educação tem sido enfático, nos relatórios que subsidiam<br />
suas resoluções curriculares, em explicitar, como fundamentos norteadores das<br />
novas propostas pedagógicas, os princípios éticos (da autonomia, da<br />
responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum), os princípios<br />
políticos (dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do<br />
respeito à ordem democrática), os princípios estéticos (da sensibilidade, da<br />
criatividade, da ludicidade, da qualidade e da diversidade de manifestações<br />
artísticas e culturais).<br />
Ressalta ainda o CNE que as propostas pedagógicas, fruto das modificações<br />
curriculares, devem promover e explicitar o reconhecimento da identidade do aluno,<br />
do professor e de outros profissionais que atuam na escola, como componentes da<br />
construção da identidade da própria escola.<br />
Assim sendo, abre-se mais uma exigência nos programas de formação: tratar as<br />
questões pertinentes à organização curricular na perspectiva de considerar o<br />
professor como sujeito do seu próprio processo de formação e como construtor do<br />
projeto político pedagógico da escola, capaz de intervir, em conjunto com outros<br />
atores, na implementação dessas diretrizes curriculares. O contrário é tratá-lo como<br />
mero executor de políticas governamentais.<br />
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Se é verdade, e acreditamos sê-lo, que a natureza dessas mudanças curriculares<br />
ocorre em meio a um processo ao mesmo tempo de ruptura e de transição, urge<br />
dimensionar os programas de formação para o atendimento dessa realidade.<br />
Afinal, é na vivência curricular e numa concepção mais abrangente de currículo que<br />
se cruzam o direito de aprender e o direito de ensinar e que se constrói o retrato da<br />
escola, com suas cores e suas dores e suas alternativas de conquista da qualidade.<br />
Horizonte e desafios para uma política de formação includente e de qualidade<br />
Hoje, novas demandas estão postas para a escola e, portanto, para os profissionais<br />
que nela atuam. Um dos desafios atuais diz respeito, exatamente, à definição do<br />
perfil e da identidade desses profissionais.<br />
A concepção construída no interior da Confederação Nacional dos Trabalhadores<br />
em Educação (CNTE) e levada ao debate público em vários fóruns estabelece um<br />
novo conceito de profissional da <strong>educação</strong>, que é ampliado para incluir os demais<br />
agentes educativos que atuam na escola, além do professor.<br />
Para nós, a identidade é constituída com base no vínculo com o trabalho educativo,<br />
o que nos remeterá a exigências de formação profissional específica, na perspectiva<br />
de consolidar essa identidade e qualificar o próprio trabalho educativo.<br />
Essa reflexão materializou-se na formulação das áreas de atuação e carreira desse<br />
segmento, a quem denominamos funcionários da <strong>educação</strong>, e em propostas de<br />
formação e profissionalização, já praticadas em Mato Grosso e no Distrito Federal.<br />
São quatro as áreas de profissionalização: técnico em administração escolar,<br />
técnico em alimentação escolar, técnico em manutenção e infra-estrutura escolar e<br />
técnico em multimeios didáticos.<br />
A essência do debate é alargar o horizonte da conceituação de profissional de<br />
<strong>educação</strong>, considerando a complexidade do ato educativo, as relações que podem<br />
ser estabelecidas a partir desse novo conceito e o enriquecimento que dele poderá<br />
vir para a ampliação e o fortalecimento da função da escola.<br />
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Diferentemente de propostas oficiais que pretendem entregar tarefas educativas a<br />
qualquer profissional não habilitado, a nossa tese está diretamente ligada a uma<br />
formação específica para atuar na área da <strong>educação</strong>. As experiências nos têm<br />
mostrado a grande contribuição que essa concepção traz para a valorização<br />
profissional e a qualidade da <strong>educação</strong>.<br />
Temos conhecimento, inclusive, da ampliação desse debate para outros setores<br />
profissionais que têm sua prática vinculada à escola e à <strong>educação</strong>. É o caso dos<br />
psicólogos escolares que, categorizados como tal, discutem e reivindicam ser<br />
considerados como profissionais da <strong>educação</strong>.<br />
Essa gama de proposições precisa ser tematizada nas políticas de formação,<br />
considerando os próprios desafios postos para a <strong>educação</strong> pública, cuja oferta tem<br />
crescido na última década, mas precisa ser acompanhada da melhoria do padrão de<br />
qualidade.<br />
Refletindo sobre todo esse contexto, a CNTE elaborou as seguintes proposições a<br />
serem incorporadas ao PNE da sociedade brasileira:<br />
1. orientar a formação dos trabalhadores em <strong>educação</strong> nos princípios filosóficos da<br />
liberdade de expressão e de pensamento, nos ideais de coletividade e solidariedade<br />
humana, resgatando o sujeito sociopolítico capaz de intervir no processo de<br />
construção da história;<br />
2. articular agências formadoras e empregadoras para a elaboração de políticas e<br />
programas de formação do trabalhador em <strong>educação</strong>, sintonizados com as novas<br />
tecnologias, contando com a participação de associações profissionais e<br />
organizações sindicais;<br />
3. criar mecanismos para a escolarização dos funcionários da <strong>educação</strong>, para que<br />
todos obtenham o grau de escolaridade em nível de ensino médio;<br />
4. ampliar convênios com as universidades públicas para a realização de cursos de<br />
formação continuada;<br />
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5. garantir recursos para projetos de formação profissional na lei orçamentária em<br />
âmbito estadual e municipal;<br />
6. profissionalizar todos os trabalhadores que atuam na <strong>educação</strong> pública em um<br />
prazo de 10 anos.<br />
A despeito de tantas dificuldades analisadas, temos convicção de que os elementos<br />
denunciadores da disputa de projetos, presentes na política de formação,<br />
constituem rico e estimulante espaço para manter viva a nossa esperança de<br />
construir/conquistar melhores dias para a escola pública e seus profissionais e<br />
renovam o nosso direito de sonhar com uma <strong>educação</strong> democrática e de qualidade<br />
social.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
BRASIL/CEB/CNE. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Indígena.<br />
[ Links ]<br />
BRASIL/MEC/CNE. Resolução n o 03/97 – fixa as Diretrizes para o Novo Plano de<br />
Carreira e Remuneração do Magistério Público. [ Links ]<br />
________. Resolução CEB n o 02/98. Diretrizes Nacionais para o Ensino<br />
Fundamental. [ Links ]<br />
________. Resolução CEB n o 03/98. Diretrizes Nacionais para o Ensino Médio.<br />
[ Links ]<br />
________. Resolução CEB n o 01/99. Diretrizes Nacional para o Ensino Infantil.<br />
CNE/MEC. [ Links ]<br />
________. Resolução CEB n o 03/99. Diretrizes Curriculares Nacionais para a<br />
Formação de Professores na Modalidade Normal em Nível Médio. [ Links ]<br />
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Ensino Fundamental. [ Links ]<br />
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<strong>educação</strong> nacional. Diário Oficial da União. Brasília: Gráfica do Senado, ano<br />
CXXXIV, nl. 248, 23/12/96, pp. 27833-27841. [ Links ]<br />
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Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. [ Links ]<br />
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caminhos". In: GENTILI, P & T.T. (orgs.). Escola S.A. Quem ganha e quem perde no<br />
mercado educacional do neoliberalismo. Petrópolis; Brasília: Vozes/CNTE1996.<br />
[ Links ]<br />
VIEIRA, Juçara Dutra. "Formação e carreira". Cadernos de Educação n o 9, maio<br />
1999. CNTE. [ Links ]<br />
* Secretária de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos<br />
Trabalhadores em Educação (CNTE) e Presidente do Sindicato dos Trabalhadores<br />
em Educação de Pernambuco (Sintepe). Email: rfmelo@elogica.com.br<br />
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Educação & Sociedade<br />
Print version ISSN 0101-7330<br />
Educ. Soc. vol.21 n.71 Campinas July 2000<br />
doi: 10.1590/S0101-73302000000200009<br />
PRÁTICAS EDUCATIVAS: Perspectivas que se abrem para a<br />
Educação Especial*<br />
RESUMO:<br />
Anna Maria Lunardi Padilha **<br />
O objetivo desse texto é registrar reflexões que permitam uma maior compreensão<br />
do conceito de simbolização para introduzir a questão da constituição do sujeito<br />
simbólico, comprometido pela deficiência mental. As reflexões passam por<br />
encontros com diferentes autores, de áreas diversas do conhecimento, com a<br />
intenção de marcar a escolha da perspectiva histórico-cultural como a que melhor<br />
responde às interrogações sobre o ser humano capaz de dar significado ao mundo,<br />
mesmo quando impedido por problemas orgânicos. São fundamentais as<br />
contribuições de Vigotski e Bakhtin que concebem o homem como ser que significa<br />
e se constitui nas relações concretas de vida.<br />
Palavras-chave: Deficiência mental, sujeito simbólico, semiótica, práticas<br />
educativas<br />
Introdução<br />
Este trabalho revela a minha intenção de estudo: como pôr na cultura, na<br />
capacidade de significar o mundo (os objetos, as pessoas e as palavras) e na<br />
história de vida social, a vida do sujeito deficiente mental. É vislumbrar a<br />
possibilidade de empurrar a barra que separa o normal do patológico, reconhecendo<br />
que as transformações acontecem nas relações concretas de vida e somente nelas.<br />
Relações sociais que pressupõem necessariamente as vidas envolvidas nelas.<br />
Meus encontros semanais com Bianca, a jovem deficiente mental, que aconteceram<br />
durante três anos (do início de 1997 até o final de 1999) são descritos e analisados,<br />
levando em conta como fundamental, como essencial, como princípio, o processo<br />
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de simbolização na constituição da subjetividade e, de modo particular e especial, a<br />
constituição da subjetividade do sujeito comprometido pela deficiência mental. A<br />
tentativa é de compreender o desenvolvimento desse sujeito simbólico, cultural e<br />
histórico, representado pela jovem Bianca, que nasceu com agenesia parcial do<br />
corpo caloso e diminuição do hemisfério esquerdo e que se encontrava seriamente<br />
comprometida em seu desenvolvimento cognitivo.<br />
A opção teórica é pela perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano e<br />
suas implicações metodológicas de pesquisa, apoiando-me nas reflexões de Lev<br />
Semionovich Vigotski [1896–1934], e seus seguidores; na posição marcadamente<br />
dialógica da interação humana de Mikhail Bakhtin [1895-1975], que leva em conta<br />
os processos de significação, os movimentos de sentido e seu papel constitutivo do<br />
pensamento, da ação e da palavra; nas contribuições da neurolingüística, como é<br />
desenvolvida nesta universidade, orientada discursivamente para a análise dos<br />
fatos patológicos, assumindo a teoria enunciativo-discursiva da linguagem. 1<br />
O estudo de caso em uma investigação longitudinal possibilitou registrar e<br />
interpretar aspectos da esfera do simbólico: o gesto – como possibilidade de dar<br />
sentido às práticas discursivas; a narrativa; a dramatização; o desenho; a<br />
participação em jogos e o uso significativo dos objetos culturais – olhar para as<br />
práticas discursivas que relacionam cultura, cognição e linguagem.<br />
Nessa investigação, o viver junto os conflitos da história de vida. Viver junto que<br />
precisou do olhar para os detalhes do fazer-se, captando o quase imperceptível<br />
através da microanálise. Olhar que implicou a participação da pesquisadora como<br />
elemento fundante da relação. Participação que exigiu que o registro e a análise<br />
tomassem como possibilidade interpretativa as atividades significativas de<br />
linguagem. Possibilidade interpretativa que se delineou a partir da dimensão<br />
histórico-cultural do desenvolvimento humano como opção teórico-metodológica –<br />
ou seja – tomar as ações e palavras, as relações sociais, em seu movimento,<br />
estudando os fatos historicamente, que é exigência do método dialético.<br />
A relação normal/patológico depende de uma série de fatores que devem ser<br />
considerados e discutidos. Não somos sempre uma dessas categorias. Toda vez<br />
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que ignoramos ou descartamos a dimensão histórica das definições, das<br />
determinações, dos diagnósticos, tanto melhor para aqueles que detêm o poder<br />
sobre o status quo e tanto pior para os que desejam compreender as possibilidades<br />
de desenvolvimento humano.<br />
Georges Canguilhem, fazendo um exame crítico de tais conceitos afirma que a vida<br />
é normativa, institui normas: "a vida não é indiferente às condições nas quais ela é<br />
possível [...] a vida é de fato uma atividade normativa" (1995, p. 96). Deste ponto de<br />
vista, não existe o normal ou o patológico em si mesmos, mas exprimem, tanto um<br />
quanto o outro, outra lógica, suportável ou não. O patológico não seria, portanto,<br />
ausência de norma, mas uma outra norma, diferente das que foram inventadas pelo<br />
gênero humano, como gênero exemplar de vida.<br />
É possível dizer, a partir deste estudo, que alguns aspectos do desenvolvimento que<br />
do ponto de vista neurológico anunciam deficiência mental e limitações podem ser<br />
superados, mesmo que tais superações possam apenas ser demonstradas em<br />
alguns níveis, por que por mim delimitados esses aspectos e captados esses níveis,<br />
num tempo também delimitado.<br />
Algumas indagações me acompanharam: como a participação na cultura orienta e<br />
re-orienta certas atividades que não faziam parte da vida do sujeito? Como é<br />
possível introduzir novos modos de participação cultural na vida desta jovem, que<br />
desde muito nova carrega a marca de deficiente mental grave? Como o signo<br />
organiza, altera e dá outra dinâmica às redes neuronais?<br />
O caminho percorrido mostra a evidência de que tudo ocorre numa relação<br />
discursiva, com o uso de instrumentos simbólicos cuja função é serem constitutivos<br />
do sujeito. Não há limitação previsível de incorporação cultural. Tudo o que envolve<br />
o homem é humano, é social, é cultural, com limites desconhecidos. O que não<br />
sabemos, muitas vezes, é o que fazer com as condições biológicas limitadas a partir<br />
de uma possibilidade ilimitada da dimensão cultural. Possibilidade ilimitada que se<br />
depara com muitas dificuldades no campo do simbólico, em casos de lesão<br />
cerebral.<br />
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O que pude captar sobre o desenvolvimento de Bianca quando do período da<br />
avaliação pedagógica, revelou-me que ela se apresentava com uma insuficiente<br />
densidade expressiva, e por isso sem gestos significativos, interpretáveis – um ator<br />
ainda em princípio de carreira, com pouco ensaio do simbólico, ainda que um ser<br />
humano social, histórico e simbólico. O corpo, vítima dos problemas neurológicos<br />
que tem, atrapalhava a entrada dela no mundo do simbólico: sua família, suas<br />
professoras, os outros adultos e crianças de seu meio não se faziam entender por<br />
ela e pouco entendiam dela. Se as possibilidades de produção e interpretação de<br />
signos não têm limites, há limitações na nossa compreensão, nos recursos<br />
disponíveis, nos conhecimentos – tão incipientes ainda...<br />
O estudo refere-se às possibilidades de "mudanças de olhar" para as práticas<br />
educativas com sujeitos cérebro-lesados, com comprometimentos sérios no<br />
desenvolvimento mental, considerando as relações e a mútua constituição entre<br />
investigador e sujeito da investigação, entre aquele que ensina e aquele que<br />
aprende.<br />
As possibilidades infindáveis de Bianca estavam apagadas (mas com marcas),<br />
escondidas (mas com indícios de presença), desordenadas (mas com<br />
possibilidades de organização), incompletas (mas tudo é incompletude!), obstruídas<br />
(mas com brechas para quem quiser ver e nelas entrar e nelas criar) e limitadas<br />
(porque condição inerente aos seres inconclusos...).<br />
Sobre a constituição do sujeito simbólico<br />
O funcionamento simbólico não tem sido privilegiado nos programas das escolas ou<br />
nas instituições de <strong>educação</strong> especial. De sujeito que se insere na cultura, dela<br />
participa, não se fala nos documentos oficiais sobre diagnóstico da deficiência. De<br />
doença e de diagnóstico fala-se muito e de forma muitas vezes equivocada.<br />
Sem cada uma das vidas entrelaçadas, depois e a partir de nosso primeiro<br />
encontro, não haveria uma Bianca que fala, que pede, que negocia seus direitos,<br />
que interpreta e se faz interpretar, que usa gestos, que narra, que joga, que brinca,<br />
que estuda, da forma como faz, mesmo sendo deficiente.<br />
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Sem o encontro destas duas vidas e de outras que vão se juntando à nossa, não<br />
haveria uma pesquisadora mais humana, mais preparada para a luta em seu campo<br />
de trabalho, mais próxima dos deficientes e de suas vidas, com uma compreensão<br />
melhor da família deles. Nem uma pessoa mais inconformada com os diagnósticos<br />
com base em testes que dizem medir a inteligência e a capacidade de pensar; com<br />
o que se tem proposto nas escolas especiais (com algumas exceções). Sem este<br />
encontro, eu ficaria devendo alguns conhecimentos sobre os processos cognitivos<br />
mediados pelos processos de simbolização na constituição do sujeito.<br />
A busca da compreensão do homem simbólico é antiga – perguntas que o homem<br />
faz sobre si e sobre o mundo acompanham o homem desde tempos ainda não bem<br />
calculados. O desejo de compreender o que nos assemelha e o que nos diferencia<br />
dos animais tem perpassado os estudos sobre desenvolvimento humano. São<br />
explicações diferentes que buscam esclarecer a natureza do homem e sua<br />
diferença em relação aos animais. Mesmo partindo de pressupostos não<br />
coincidentes, a maioria dos estudos concorda num ponto – cultural é diferente de<br />
natural; o homem é um animal, mas um animal de "outra" espécie: ele é capaz de<br />
criar meios extrabiológicos.<br />
Alexis Leontiev (1904-1979), neuropsicólogo russo, estudioso da cultura e da<br />
personalidade humana com base na matriz materialista dialética e histórica de<br />
Engels e Marx, fala sobre a hominização, insistindo que são as leis sócio-históricas<br />
que dirigem o desenvolvimento do homem, depois que este se libertou da<br />
dependência anterior das leis biológicas. Com isto, não quer dizer que o homem não<br />
é mais um ser biológico – ele é um ser biologicamente cultural ou culturalmente<br />
biológico.<br />
Neste ponto, é interessante trazer a questão do uso dos instrumentos como ponto<br />
distintivo do homem e do animal. O uso criativo dos objetos da natureza e a criação<br />
deles transformam o homem – ao mesmo tempo que a produção progride com o<br />
trabalho e a linguagem, desenvolve-se a cultura humana com todo seu simbolismo:<br />
a linguagem, as artes, as ciências, a religião...<br />
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Nem sempre o que foi dito sobre o processo de simbolização quis dizer a mesma<br />
coisa pois, como os estudos sobre o humano são mais antigos do que as chamadas<br />
ciências humanas, as investigações realizaram-se de diferentes maneiras através<br />
dos tempos e em diferentes espaços.<br />
No nosso século, podemos dizer que foram importantes as contribuições da<br />
fenomenologia, por nos permitir estudar as realidades diferenciando-as e garantindo<br />
a existência e a especificidade de seus objetos. Importantes também as<br />
contribuições do estruturalismo. A idéia de estrutura foi fundamental para as<br />
mudanças nos modos de conceber a cultura: não mais estabelecendo níveis<br />
culturais, tais como inferiores ou superiores, mas como forma de organizar as<br />
relações sociais – estruturas culturais.<br />
Foi o marxismo que permitiu compreender a produção social das condições<br />
objetivas dos fatos humanos. Graças ao marxismo, é possível compreender as<br />
mudanças, as transformações sociais e pessoais como lentos processos sociais,<br />
econômicos e políticos; como resultado das contradições, lutas e conflitos sócio-<br />
políticos. Os fatos humanos são historicamente determinados e possuem leis<br />
próprias. É nessa perspectiva que desejo interpretar os fatos e construir o caminho<br />
de análise da constituição simbólica de Bianca.<br />
O encontro com autores que tomam a matriz marxista como referência indica-me a<br />
busca do próprio Marx. Um dos pontos cruciais é o que ele fala sobre o trabalho –<br />
processo de comunhão homem/natureza, processo de criação de instrumentos<br />
culturais, portanto, processo simbólico, semiótico: "(...) Atuando assim sobre a<br />
natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo [o homem] modifica sua própria<br />
natureza. Desenvolve as potencialidades nela adormecidas e submete ao seu<br />
domínio o jogo das forças naturais" (1989, p. 202).<br />
Henri Wallon (1986), que definiu seu método de trabalho como sendo o do<br />
materialismo dialético, assume que o progresso intelectual do ser humano acontece<br />
com o desenvolvimento da função simbólica. A passagem do ato motor (inteligência<br />
sensório-motora), para esta outra forma de inteligência (do plano simbólico), supõe<br />
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a vida social – um meio humano – em que a linguagem e a emoção desempenham<br />
papel constituidor.<br />
Angel Pino, nesta mesma linha de pensamento, diz que esse meio humano supõe<br />
um universo cultural entendido como "o meio próprio dos homens, construído por<br />
eles ao longo da história. Um meio feito de produções simbólicas – onde as próprias<br />
realidades naturais adquirem significação ou valor simbólico (...)" (1993, p.10).<br />
Para Vigotski, conhecer o homem, estudar sua vida psíquica, era fundamentalmente<br />
estudar este homem em suas relações concretas de vida, adotando como método o<br />
materialismo dialético histórico. As relações concretas de vida acontecem nas<br />
práticas discursivas – ações humanas integradas em ações significativas.<br />
É justamente na questão do caráter mediado dos processos psíquicos, elemento-<br />
chave da teoria de Vigotski, que encontro subsídios para compreender, sob seu<br />
ponto de vista, como se constitui o sujeito simbólico. Por analogia com os<br />
"instrumentos" de que fala Engels, Vigotski diz da criação dos modos de domínio<br />
das ações humanas, chamando-as de "ferramentas ou instrumentos psicológicos"-<br />
"dispositivos sociais e não orgânicos ou individuais" (1996, p. 93).<br />
Vigotski, neste mesmo texto, cita exemplos destes instrumentos psicológicos: a<br />
linguagem, o sistema de numeração e o cálculo, as estratégias mnemônicas, a<br />
álgebra, as produções artísticas, a escrita, os diagramas, os mapas, os desenhos e<br />
todos os signos estabelecidos por convenção. 2 O fato de o homem ter criado (e<br />
criar) estas ferramentas psicológicas, estes signos, significa forma especificamente<br />
humana de ser.<br />
Não há dúvidas de que pensar a significação é pensar o fazer-se homem –<br />
hominizar-se; o que, de acordo com a perspectiva histórico-cultural, só é possível<br />
com os outros homens, ou seja, a essência do processo de desenvolvimento<br />
cultural consiste exatamente na apropriação/domínio 3 do social: "toda função<br />
psicológica superior foi externa; isto significa que ela foi social; antes de se tornar<br />
uma função, foi a relação social entre duas pessoas" (Vygotsky 1989, p. 56).<br />
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Vigotski, em suas anotações sobre a Psicologia Concreta do Homem, marca as<br />
bases para a compreensão do simbólico: os signos são os mediadores das relações<br />
entre os homens, relações estas que constituem esses homens; o uso de signos<br />
marca o ser social dos indivíduos e a palavra é o signo por excelência. Foi no<br />
significado das palavras que Vigotski (1993) encontrou a unidade de análise do<br />
pensamento e da fala. Para ele, uma palavra sem significado é um som vazio. No<br />
entanto, o significado não é considerado algo pronto, acabado, imutável, mas, pelo<br />
contrário, "o significado das palavras evolui", transforma-se, altera-se, também nas<br />
relações concretas de vida social.<br />
Mikhail Bakhtin, filósofo da linguagem, trabalha a palavra como fenômeno ideológico<br />
e instrumento semiótico por excelência. Este autor atribui força à palavra de forma a<br />
assumir que ela constitui e significa o mundo, como ele nos diz (1992a):<br />
(...) a palavra penetra literalmente em todas as relações entre indivíduos, nas<br />
relações de colaboração, nas de base ideológica, nos encontros furtuitos da vida<br />
cotidiana, nas relações de caráter político, etc. As palavras são tecidas a partir de<br />
uma multidão de fios ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais em<br />
todos os domínios. (p. 41)<br />
A palavra, signo por excelência, ganha sentido com o outro ser humano.<br />
Impregnada de história, a palavra adquire sentido contextualizado, situado<br />
historicamente. Bakhtin enfatiza a importância da natureza social do signo, em<br />
particular da palavra enunciada e de como esta enunciação desdobra-se<br />
dialogicamente. Partindo da concepção de que não há nada só individual, as<br />
categorias tais como espaço, tempo, causalidade, estão sendo construídas<br />
socialmente – a história se faz pelos homens – "todo signo, inclusive o da<br />
individualidade, é social" (Ibidem, p. 59).<br />
A direção do olhar e a visão das possibilidades<br />
A deficiência mental tomada como doença, tal como está até hoje inscrita nos<br />
manuais da medicina, também tem uma sintomatologia e uma nosografia, para ser<br />
coerente com o modelo médico que ainda a sustenta. O aspecto físico (o corpo do<br />
deficiente); sua linguagem (a forma de falar e a coerência); o tempo de seus<br />
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movimentos e de suas palavras; a atenção (quanto é capaz de acompanhar<br />
movimentos ou falas e depois imitar e/ou interpretar); a autonomia para lidar com<br />
situações da vida social; a história da gravidez e do parto; as doenças da mãe; a<br />
comparação das ações do deficiente com as ações de crianças mais novas (idade<br />
mental); os variados tipos de exames que são solicitados; os diagnósticos; os<br />
encaminhamentos; o tratamento; a exclusão...<br />
Michel Foucault diz que "no instante mesmo em que ela [a sociedade] diagnostica a<br />
doença, exclui o doente" (1991, p. 74).<br />
A exclusão, a denominação de "deficiente", a expressão de morbidez, por um lado<br />
dificultam, atrasam (quando não impedem) avanços na construção de<br />
conhecimentos dos diferentes campos do saber, tais como a psicologia e a<br />
pedagogia; por outro lado, é um convite desafiador para que pesquisadores dessas<br />
áreas de conhecimento esclareçam pontos fundamentais sobre o desenvolvimento e<br />
a <strong>aprendizagem</strong> de pessoas com comprometimentos graves. Sem dúvida, ainda há<br />
uma estreita ligação das questões da deficiência mental com a medicina e, portanto,<br />
com as determinações biológicas das quais a medicina é encarregada. A palavra<br />
"deficiência" por si, já delineia a "falta" (no cérebro que comanda o corpo e a mente)<br />
e quem descobre o que falta é o médico (neurologista, geneticista...) ou<br />
profissionais (psicólogos, fonoaudiólogos...), que aprenderam com a medicina a<br />
fazer diagnósticos e prognósticos, classificar e prover o tratamento. No entanto, a<br />
ciência não é autônoma face às pressões econômicas e sociais; outra questão,<br />
portanto, se coloca – a serviço de que sociedade, de que homem, foram construídas<br />
as definições de cérebro e de lesão deste cérebro?<br />
Em 1925, Vigotski fundou um laboratório de psicologia para crianças com<br />
deficiências. Foi deste laboratório que originou o Instituto Experimental de<br />
Defectologia 4 , do qual foi diretor de 1931 a 1934. Dedicou-se à pesquisa, ensino e<br />
programação educativa de crianças com necessidades especiais, na então União<br />
Soviética. Suas contribuições foram teóricas, metodológicas, institucionais e<br />
clínicas, no campo da deficiência. Entre suas metas estava o desejo de capturar a<br />
organização das funções psicológicas e das condutas do deficiente.<br />
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As linhas gerais de seu pensamento sobre o desenvolvimento e a <strong>aprendizagem</strong><br />
dos deficientes foram, na verdade, propostas inovadoras, tanto para o campo das<br />
pesquisas quanto para a atuação educacional. Encontramos alguns aspectos deste<br />
tipo no núcleo de suas proposições, que ainda hoje são pertinentes. Além de<br />
inovadora e pertinente, sua proposta é revolucionária. Perturba profissionais e<br />
estudiosos das questões da psicologia e da <strong>educação</strong>, com sua visão prospectiva<br />
do desenvolvimento.<br />
Para ele, não é o defeito que decide o destino das pessoas, mas, sim, as<br />
conseqüências sociais desse defeito. A análise dos problemas, segundo Vigotski<br />
não deve ser retrospectiva, apenas levando em consideração o passado, mas deve<br />
visualizar o futuro da personalidade: é indispensável compreender a vida em seu<br />
"movimento eterno", descobrir possibilidades, olhar dialeticamente para os<br />
fenômenos humanos: "na teoria da estrutura da personalidade e do caráter, a nova<br />
compreensão introduz a perspectiva de futuro" (1989, p. 30).<br />
O problema, a deficiência, o defeito, no lugar de marcar limites, aponta para as<br />
capacidades, encontra fontes de força – "que (quantas!) perspectivas tem diante de<br />
si o pedagogo quando reconhece que o defeito não é só uma deficiência, uma<br />
debilidade, senão também, a fonte da força e das capacidades e que no defeito há<br />
algum sentido positivo!" (Ibidem, p. 31).<br />
O que me move na pesquisa é a sua visão das possibilidades de superação da<br />
deficiência, com base na força que vem junto com a falta – força criadora da<br />
linguagem... Vem a força dos desejos, das fantasias, das tendências psicológicas<br />
que criam as possibilidades de vencer as dificuldades.<br />
A perspectiva da força e da positividade da deficiência não é uma questão de fácil<br />
compreensão. Não é um conceito transparente. Não se trata de uma força<br />
individual, que vem "de dentro", inata. Se assim fosse, Vigotski estaria sendo<br />
incoerente com sua posição, contrária ao inatismo porque marcadamente histórico-<br />
cultural. Esse "impulso" para a superação das dificuldades não é tomado de modo<br />
ingênuo, como sendo uma força biológica, própria dos órgãos, que realizariam a<br />
compensação do que falta ou do que falha. É possível alguma compreensão da<br />
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positividade da deficiência com o conceito de compensação proposto por Vigotski,<br />
dita de forma explícita quando afirma que qualquer defeito origina estímulos para a<br />
formação de compensação, alertando para o fato de que não basta determinar o<br />
grau ou a gravidade do defeito, mas o que se deve é encontrar "processos<br />
edificadores e equilibradores no desenvolvimento e na conduta da criança" (1989, p.<br />
5).<br />
Não é possível questionar o cotidiano das escolas especiais ou das instituições, ou<br />
mesmo dos atendimentos clínicos, se não estivermos convencidos de que a análise<br />
que se deve fazer é análise das relações, das interações, do jogo da interlocução. O<br />
deficiente não é deficiente por si só, o tempo todo, como uma entidade abstrata e<br />
deslocada. A deficiência está contextualizada e marcada pelas condições concretas<br />
de vida social.<br />
Vigotski insiste em diversos textos e conferências que o desenvolvimento das<br />
funções psicológicas superiores é uma construção coletiva em um primeiro plano,<br />
para depois se converter em funções psíquicas da personalidade. "Da discussão<br />
nasce o pensamento", diz ele. A linguagem combina sua função de comunicar com<br />
a função de fazer pensar, porque a unidade do pensamento é o significado da<br />
palavra.<br />
A avaliação clínica/institucional do deficiente mental tem levado à simples<br />
constatação das "faltas": sensoriais, motoras, verbais, cognitivas. Dessa forma, a<br />
escola especial atua na direção da menor resistência porque se acomoda à<br />
deficiência, ajustando seus programas aos requisitos do pensamento chamado<br />
concreto (Vigotski, 1997). A proposta da perspectiva histórico-cultural do<br />
desenvolvimento aponta para a possibilidade de inverter esse olhar, porque,<br />
segundo Vigotski, as funções psíquicas surgidas no processo de interação com as<br />
pessoas do meio em que o deficiente está inserido é a esfera que permite a<br />
atenuação das conseqüências da deficiência e apresenta maiores chances de<br />
influência educativa. O movimento de produzir significado supõe a ação do outro,<br />
acontece com o outro e então é possível produzir sentido com o gesto, com o<br />
silêncio, com a expressão facial, com a prosódia acompanhando a oralidade, com a<br />
lembrança do passado incorporada ao presente. É possível fazer previsões de ação<br />
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– organização do tempo e do espaço que estão postos na cultura. Pensar sobre si,<br />
para si e para o outro, dizer as coisas de um certo modo – é a linguagem<br />
organizando, comunicando, nomeando, regulando a ação e o pensamento.<br />
Bianca e as esferas do simbólico<br />
Bianca apresentava dificuldade acentuada de simbolização – de substituir<br />
realidades concretas por algo que não pertence ao real concreto, ou seja, por<br />
realidades simbólicas. No momento em que a conheci, revelava a existência de<br />
processos simbólicos bastante elementares. Durante três anos de intervenção<br />
pedagógica, num trabalho sistemático, houve alterações significativas nos<br />
processos cognitivos mediados por processos simbólicos: na qualidade da narrativa,<br />
na expressão através de gestos significativos, na possibilidade de participar de<br />
jogos, nos desenhos, nas trocas de papéis das atividades próprias de dramatização,<br />
no uso significativo dos objetos culturais – ou seja, Bianca passou a ocupar lugares<br />
discursivos e a viver práticas sociais, também discursivas. Alterações importantes,<br />
portanto, na relação entre pensamento e linguagem.<br />
O olhar de Bianca vai se modificando, o riso antes forçado e sem expressão, se<br />
altera, como que se amplia. Bianca tem linguagem, mas não dispõe dela com força<br />
suficiente para se expandir simbolicamente. O simbólico – lugar de representação<br />
do mundo... A avaliação vai sendo composta: quem diz, o quê, para quem, em que<br />
situação, com quais propósitos? Era preciso introduzir Bianca nos usos da<br />
linguagem... O que é que aquilo quer dizer? Que sentido tem? Por que meios ou<br />
processos um enunciado é produzido como tendo sentido? Que significação tem?<br />
O gesto<br />
Preocupavam-me os seus movimentos um tanto aleatórios do corpo todo. Ora<br />
levantava, ora sentava, ora ia até a porta como se quisesse sair, sem dizer nada...<br />
Eu procurava em Bianca os gestos indicativos, o gesto de apontar... o gesto de<br />
cumprimentar, dizer adeus... mas não encontrava. O que eu conseguia ver eram<br />
indícios de que os objetos culturais não faziam muito sentido para ela – qualquer<br />
coisa servia para olhar ou tentar pegar, mas largava com a mesma rapidez com que<br />
se aproximava deles. Talvez fosse por isso que seus pais reclamavam que "ela não<br />
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toma banho sem a gente brigar... não lava as mãos, não escova os dentes sozinha,<br />
não se limpa após ir ao banheiro...não aprende a ler... fala apenas por<br />
monossílabos..."<br />
O corpo de Bianca traduz problemas neurológicos que dificultam sua entrada no<br />
mundo das atividades simbólicas. Vista, mesmo de longe, algumas pessoas<br />
comentavam que lá estava uma deficiente, uma menina com problemas mentais.<br />
Sem a harmonia de movimentos, seu corpo parecia uma palavra mal falada, um<br />
texto mal escrito.<br />
Imperativo era organizar a posição do corpo no espaço: organizar-se para ser<br />
significado pelos outros, revelando consciência de estar no mundo, diante dos<br />
objetos e das pessoas; transformando os objetos e as relações. Os gestos,<br />
movimentos com sentido, são ações possíveis de marcar atos corporais de<br />
percepção do mundo – do espaço, do tempo, do outro e de si mesmo. São<br />
possibilidades de "tocar o mundo" porque de posse do "senso do mundo" para que o<br />
corpo não se sinta cego, como comenta Sacks (1997).<br />
Começando a se fazer entender, seus braços e mãos se movimentavam para ajudar<br />
a ser interpretada pelo outro. Os movimentos de Bianca foram, aos poucos, se<br />
transformando em gestos... Gestos de que Bianca necessitava para dar ciência de<br />
seu corpo a si mesma e aos outros. A corporeidade precisava ficar mais expressiva<br />
porque mais próxima da corporeidade das moças de sua idade, no seu grupo social.<br />
Não se trata de condicionar ações, pois, como diz Wallon, "o movimento, em sua<br />
materialidade aparente, não constitui o ato" (1986, p. 88). Inserção cultural, pertença<br />
ao grupo social com seus usos e costumes são práticas discursivas. 5<br />
O sujeito aparece nas práticas sociais e discursivas e aí aparecem seus gestos, sua<br />
atenção, sua memória, seus desejos, o controle da vontade...<br />
Um ano depois de termos iniciado o trabalho com Bianca, ela já realizava gestos<br />
indicativos, seus movimentos já eram signos visíveis para o outro; estavam<br />
tornando-se significativos, compreensíveis: o simbólico tomando conta do<br />
movimento. Se, antes, seu gesto era contido e o riso forçado; os seus braços não<br />
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davam vida às palavras e ao andar, que era pausado e cambaleante – indícios de<br />
que os objetos culturais não se constituíam em realidades simbólicas para ela –, já<br />
era possível, agora, notar o impacto do simbólico na motricidade, o impacto do<br />
cultural no seu corpo.<br />
Bianca estava precisando do gesto para dar ciência de seu corpo a si mesma e ao<br />
outro. A corporeidade precisava ficar mais expressiva porque mais próxima da<br />
corporeidade das moças de sua idade, na sua comunidade. Mas, não foi treinando<br />
posturas que tudo aconteceu. Foi porque o papel da linguagem é ser expressiva da<br />
corporeidade. A corporeidade traduz sentimentos e consciência. A consciência<br />
corporal é fundamental para a linguagem do corpo. Ultrapassando limites, abre<br />
possibilidades novas. Bakhtin, numa expressão feliz, parte de uma análise que faz<br />
sobre o autor e o herói em sua Estética da criação verbal, diz que "quando<br />
abraçamos o corpo, abraçamos também a alma encerrada nesse corpo e que se<br />
expressa por ele" (1992b, p. 61). A alma tem expressão no corpo. O corpo do<br />
deficiente mental, muitas vezes não consegue revelar ou expressar sua alma<br />
porque está caído, desarrumado, desarmônico, inexpressivo, doente; seus<br />
movimentos sem sentido não falam ao outro sobre sua alma. É preciso desenvolver<br />
a consciência de si para que seja possível expressá-la nos movimentos do corpo, ao<br />
mesmo tempo em que os movimentos do corpo ajudam a tomar consciência de si.<br />
O corpo necessita do outro para lhe atribuir sentido e lhe dar forma. É preciso captar<br />
a significação do ato tanto quanto a significação da palavra. O sujeito aparece nas<br />
práticas sociais e discursivas e aí aparecem seus gestos, sua atenção, sua<br />
memória, seus desejos, o controle de sua vontade.<br />
Conseguir realizar gestos no espaço e no tempo, criando novas configurações,<br />
durações e ritmos, constitui a base para muitas aprendizagens, continua dizendo<br />
Wallon. Andar com os ombros em equilíbrio – nova música do corpo, nova imagem<br />
de si. Carregar o irmãozinho com as duas mãos – garantia de poder carregá-lo e ter<br />
com ele uma maior intimidade, pelo contato corpo a corpo. Mocinhas carregam seus<br />
irmãos. Bianca não podia fazê-lo sem alguém por perto, carregando junto. Agora<br />
pode. A queixa de que Bianca não realizava sozinha as atividades de higiene, muito<br />
se relacionavam com os movimentos bastante limitados de seu braço direito. Bianca<br />
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estava realizando ações cuja semelhança com as ações das pessoas de sua<br />
comunidade promove a sua participação nos costumes e modos de lidar com o<br />
corpo e os objetos. Sem ligação com o treinamento motor por si mesmo. "O<br />
movimento, em sua materialidade aparente, não constitui o ato", diz Wallon (1986,<br />
p. 88). Na verdade, um corpo cada vez mais expressivo, porque possível de fazer o<br />
outro captar os seus sinais.<br />
O corpo simbólico, que por seus gestos de afeto, indicam o carinho; que por seus<br />
gestos de lavar o rosto, representa atitude de higiene – pessoa educada, que está<br />
sempre limpa, que atrai o outro para perto de si... É captar a significação do ato; é<br />
ver finalidade; é controlar a vontade para alcançar a finalidade do ato que é signo.<br />
A narrativa, o gesto e o desenho articulam-se compondo novos saberes<br />
Nomear o que está à sua frente já acontecia com a mediação do próprio objeto ou<br />
cena representada, com uma necessidade cada vez menor de que começássemos<br />
a palavra para ela completar. O desenho ganhava forma e sentido no contexto que<br />
criávamos ou que nos era imposto. Narrativa, gesto e desenho se articulavam. As<br />
histórias da vida e a vida nas histórias... Lidar com objetos não presentes. Imaginar<br />
o que já viu, trazer de volta, convertido em fala própria... Aparentemente simples,<br />
mas ainda muito difícil para Bianca. No entanto, inegavelmente, fazendo uso da<br />
linguagem de forma mais precisa, mais coerente... Ainda que seja na alternância de<br />
falas, própria do diálogo. Chama a nossa atenção para uma série de procedimentos<br />
que, via de regra, estão negligenciados nas avaliações do deficiente mental.<br />
É possível ir acompanhando a enunciação sendo organizada fora do indivíduo pelas<br />
condições extra-orgânicas do meio social, pois "a enunciação enquanto tal é um<br />
puro produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela<br />
situação imediata ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das<br />
condições de vida de uma determinada comunidade lingüística", diz Bakhtin (1992b,<br />
p. 121).<br />
E, novamente me vejo diante da Psicologia Concreta de Vigotski, para quem a<br />
relação das funções psicológicas está, na sua origem, ligada às relações reais entre<br />
as pessoas. Sou levada a constatar que está sendo possível identificar,<br />
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acompanhar, mediar o desenvolvimento cultural de Bianca. Uma pessoa age sobre<br />
uma outra necessariamente a partir do exterior, com o auxílio de signos. Uma<br />
pessoa age sobre si mesma a partir do exterior e com o auxílio de signos, isto é, de<br />
uma maneira social.<br />
As ações humanas são ações significativas, são, portanto, ações simbólicas: criam<br />
relações entre os objetos, entre os objetos e as palavras, entre palavra e palavra. As<br />
condições de produção dessas ações significativas devem ser compreendidas como<br />
relações entre a linguagem, a cognição e a cultura. As nossas ações, minhas e de<br />
Bianca, são ações sociais, cognitivas, discursivas e pragmáticas. 6 Incluídas estão as<br />
formas de agir sobre o mundo: com o corpo, com os movimentos desse corpo, com<br />
o olhar, com as expressões de afeto, amor e ódio, com as palavras, com os<br />
silêncios...<br />
Só o gesto não dá conta, a palavra se torna necessária. A linguagem gestual e o<br />
processo dialógico não são a mesma coisa, porém têm significação, fazem sentido,<br />
dão sentido à relação. A linguagem fica mais completa com os gestos. No início dos<br />
atendimentos, eu insistia em ensinar Bianca a fazer gestos para que o outro a<br />
entendesse; criei situações diversas para que os gestos fossem absolutamente<br />
necessários para uma relação mais significativa: que o jogo acontecesse, que o<br />
desenho fosse identificado, que o objeto fosse encontrado, que o outro se sentisse<br />
abraçado, que as cartas fossem distribuídas, que o bilhete fosse entregue, que o<br />
caderno fosse aberto, que o corpo se movesse harmoniosamente...<br />
Gestos e palavras, carregados de sentido, construídos na interlocução, na relação,<br />
no cotidiano que não é dado a priori. Gestos e palavras que são atos de<br />
enunciação, de natureza social e que não podem ser explicados a partir das<br />
condições apenas biológicas (Bakhtin 1992a).<br />
O jogo e a dramatização – aspectos do simbólico<br />
Jogar para brincar, competir, distrair-se, ampliar as possibilidades de estar com<br />
pessoas de sua idade que jogam. Entendo que o jogo é uma das esferas do<br />
simbólico, é uma das manifestações culturais. Porém, o jogo tem estado presente,<br />
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na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e na <strong>educação</strong> especial, muito mais como material didático do<br />
que como uma das formas culturais de entretenimento e lazer.<br />
Meu esforço, no sentido de trazer a discussão sobre a constituição do sujeito<br />
simbólico, comprometido pela deficiência mental, inclui o jogo como de suma<br />
importância. Para jogar é preciso seguir regras, compartilhar objetivos, fazer das<br />
mãos um instrumento cultural dirigido a certos fins. Jogar é brincar, no sentido que<br />
dá Vigotski – "fator muito importante do desenvolvimento" (1988, p. 115).<br />
Bianca, que não sabia jogar aos dezessete anos, aprendeu. Passou ser parceira no<br />
jogo de baralho, nos jogos com dados: companheira em jogos diversos, que presta<br />
atenção, que ri e se diverte, que ganha e que perde.<br />
Uso significativo de objetos culturais<br />
Bianca não é mais a mesma jovem deficiente mental. Nem sua deficiência é a<br />
mesma. Os problemas já não são os mesmos. Ampliou a consciência do próprio<br />
corpo e do corpo do outro. A linguagem, mais desenvolvida, a constitui companheira<br />
de conversa, negociadora de sentidos... anuncia e denuncia. Diz de si e dos outros.<br />
Dramatiza situações de vida, agindo como se fosse o outro – coloca-se no lugar do<br />
outro – expressão do desenvolvimento cognitivo e cultural. Joga, desenha, escreve<br />
seu nome, conhece e reconhece números. Usa os instrumentos culturais com mais<br />
propriedade – escova os dentes para ficar mais bonita e passa baton... penteia-se<br />
para que o rapaz de quem gosta a veja bonita. Quer passar creme, perfume. Às<br />
vezes chega e diz: "Cheira. Olha como estou cheirosa." "Ganhei um anel..." "Viu<br />
minha blusa nova?" "Fui na manicure." "Limpeza de pele... eu fiz." Queixa-se.<br />
Reclama: "Minha mãe não quer pôr aparelho no meu dente..." "Meu pai foi embora<br />
de casa..." "Não quero falar..." "Me empresta um modess? Esqueci..." "Posso ir no<br />
banheiro? Vou lavar a mão... já volto..."<br />
Bianca necessita da palavra do outro, das dicas, das retomadas nos momentos de<br />
fracasso de suas expressões... é preciso que esse outro recorra a estratégias para<br />
que selecione o caminho mais adequado de produção do discurso. Precisa da<br />
mediação efetiva do outro na organização do contexto discursivo, no contexto de<br />
<strong>aprendizagem</strong>, tanto das palavras quanto dos conteúdos para que forme conceitos,<br />
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generalize, transfira conhecimentos para outras situações – criando e interpretando<br />
signos – portanto, criando e interpretando o que é cultural, humano, do sujeito...<br />
A inserção cultural de Bianca passa pela conversão do que é social, do que é do<br />
outro, em um "para si". Desenvolvendo-se culturalmente, Bianca transforma as<br />
ações do outro e as que realiza com a ajuda do outro, em ações próprias e para o<br />
outro.<br />
Práticas educativas: a escola especial e a constituição do sujeito simbólico<br />
A escola especial precisa, antes de mais nada, definir-se quanto à sua concepção<br />
de sujeito, de mundo, de sociedade, de deficiência, de eficiência, de<br />
desenvolvimento e <strong>aprendizagem</strong>, para poder conhecer mais e melhor sobre as<br />
características das crianças e jovens que nela estão e dela esperam um papel<br />
crucial no desenvolvimento cognitivo em todas as esferas do simbólico. E isso só é<br />
possível a partir de um projeto político-pedagógico que defina, com clareza, seu<br />
papel de conhecer, reconhecer e programar a sua tarefa de criação positiva de<br />
formas de trabalho, que respondam às particularidades de seus educandos; tanto as<br />
particularidades pessoais de gênese biológica quanto as que são construídas na<br />
vida social, nas relações concretas de vida de cada um.<br />
Vigotski chama de "novo ponto de vista" o que temos chamado de "um novo olhar"<br />
para as limitações e possibilidades dos deficientes; insiste que a validade social é a<br />
finalidade da <strong>educação</strong>. E para ele, o que é cultural é social, os signos são sociais,<br />
as ferramentas são sociais, todas as funções superiores desenvolvem-se de modo<br />
social, as significações são sociais – a base da estrutura da personalidade é social.<br />
A natureza, a gênese e a função da personalidade são sociais. Não podemos<br />
pensar a escola fora desse paradigma, fora dessa posição histórico-cultural; caso<br />
contrário Bianca e outros muitos deficientes mentais continuarão a ir para a escola<br />
só para não ficar à toa, para ocupar o tempo, para dar menos trabalho em casa...<br />
Bianca começou a ser atendida em 1997. Não falava sequer uma palavra sem que<br />
alguém começasse a dizê-la. Não permanecia num mesmo tópico por mais de<br />
alguns segundos. Seu corpo não fazia parte de seu discurso e não se dava a<br />
mostrar aos outros como um corpo de uma jovem – tinha um corpo que costuma ser<br />
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chamado de "corpo de deficiente", com "jeito de deficiente"... Seus olhos pareciam<br />
olhar para o nada. Seus movimentos eram descoordenados e desarmônicos. Não<br />
sorria, porque parecia sorrir o tempo todo (e sorriso é só para certas ocasiões).<br />
Os processos de construção de linguagem tomam tempo – "a atividade enunciativa,<br />
o processo do dizer, requer tempo para se efetuar" – diz Authier-Revuz (1998, p.<br />
86). No caso de Bianca, demoram mais, pedem maior compreensão de quem está<br />
com ela, exigem intencionalidade nas perguntas, na espera pelas respostas, na<br />
ajuda para dizer. Authier-Revuz diz mais: as palavras são "porosas" (carregadas de<br />
outros discursos); "embutidas" (palavras caleidoscópias); "faltam" (ficam ausentes).<br />
É nesse espaço "da não coincidência" que o discurso vai acontecendo e que as<br />
esferas do simbólico vão desenvolvendo, ampliando, modificando, ganhando formas<br />
e sentidos múltiplos.<br />
Nos testes que pretendem medir a inteligência e nas avaliações psicológicas e<br />
pedagógicas que são realizadas nas escolas especiais (pude ver e ouvir sobre<br />
essas avaliações inúmeras vezes e quem estiver lendo este texto sabe disso), não é<br />
considerado, na maioria das vezes, que a reconstrução da linguagem pelos sujeitos<br />
deficientes, principalmente por aqueles que apresentam problemas discursivos,<br />
insere-se na perspectiva discursiva e mais especialmente nas situações dialógicas<br />
em que as pessoas deficientes e as não deficientes estão envolvidas (Coudry,<br />
1986/1988, pp. 58-62). Desconsiderar a elaboração (ou a reelaboração) do discurso<br />
é desconsiderar a elaboração (ou reelaboração) das esferas do simbólico, as quais<br />
envolvem os sujeitos e sua linguagem, o sujeito e seus gestos, o sujeito e sua<br />
inserção cultural.<br />
Considerações finais (muito embora também sejam as iniciais)<br />
Bianca está cada vez mais "atora"! É possível descobrir a multiplicidade de<br />
expressões de vida que Bianca aponta à medida que trilho o caminho teórico-<br />
metodológico: a perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano; o olhar<br />
para os detalhes, convite antigo que o paradigma indiciário de Ginzburg (1990;<br />
1998) explicita; a perspectiva enunciativo-discursiva da linguagem que em<br />
Maingueneau (1989) é tomada como forma de ação, em que cada ato de fala não<br />
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se separa das suas condições de produção; a concepção de Bakhtin de que a<br />
comunicação verbal está absolutamente entrelaçada a outras formas de<br />
comunicação e se faz, num crescendo, "no terreno comum da situação de<br />
produção" e que "graças a esse vínculo concreto com a situação, a comunicação<br />
verbal é sempre acompanhada por atos sociais de caráter não verbal (...)" (1992a,<br />
p. 124), entre os quais Bakhtin aponta os gestos, os rituais, os atos simbólicos.<br />
É possível, diante da descrição de certos acontecimentos, analisar o conjunto das<br />
múltiplas transformações e evoluções no desenvolvimento cognitivo e motor de<br />
Bianca – justamente porque o motor ganha sentido, ganha estatuto de simbólico,<br />
transforma-se em signo para o outro e para si mesmo.<br />
Foi (e é) minha intenção, deixar marcas: com palavras, com fatos, com a vida da<br />
Bianca, com os autores que trouxe, com a articulação teórica que fiz, com a<br />
introdução de termos e expressões não costumeiras nas discussões sobre<br />
deficiência mental, com a detalhada descrição do papel do outro como mediador do<br />
uso dos instrumentos culturais em atividades com sentido. Inserção social é isso! O<br />
sentido das palavras e ações... Quis firmar o papel do outro como fundamental para<br />
que aconteça a plasticidade cerebral e, dessa forma aconteça, simultaneamente e<br />
articuladamente, o desenvolvimento semiótico, que por sua vez mobiliza funções<br />
cerebrais.<br />
Qualquer modificação na Educação Especial, qualquer inovação que se queira<br />
precisa radicalizar, isto é, ter o olhar radicalmente voltado para ver o sujeito como<br />
alguém que vai se apropriando da cultura e não somente somando hábitos. Deixei<br />
de lado, no trabalho com Bianca, as atividades que lembram o funcionamento<br />
elementar – do animal, da criança pequena, do pré-escolar...<br />
Foram três anos de encontro semanal com Bianca. Três anos que só<br />
aparentemente podem ser delimitados entre março de 1997 e dezembro de 1999.<br />
Digo "aparentemente" porque há retomadas constantes do passado, que é<br />
constitutivo do sujeito, tanto quanto seu presente e seu futuro. O que Bianca é hoje<br />
revela seus anos de vida social antes de nos conhecermos. O que eu sou hoje, por<br />
causa de Bianca, transforma meu passado e me abre perspectivas para o futuro.<br />
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Alguns aspectos da esfera do simbólico foram privilegiados por mim: a) o gesto –<br />
como possibilidade de participar das ações, como expressão da vontade,<br />
companheiro da palavra, modo de se fazer entender. A gestualidade limitada e<br />
esteriotipada que acompanha a vida de muitos deficientes mentais e é um dos<br />
signos da deficiência pode se converter em gestos harmoniosos, indicativos de si<br />
mesmo e do mundo que, portanto, podem se converter em novos signos de<br />
convivência social com maior aceitabilidade nos grupos sociais de nossa cultura; b)<br />
a narrativa – organização no tempo e no espaço, os relatos de fatos da vida, os<br />
segredos, os desejos, as histórias ouvidas, vividas ou imaginadas... "A aquisição da<br />
narrativa é um indício importante de uma nova relação [do sujeito] com (...) a<br />
linguagem. É o momento em que [o sujeito] não depende mais da<br />
interpretação/enunciado imediato do outro/interlocutor, em que a progressão do seu<br />
discurso já repousa sobre sua própria possibilidade de, interpretando o já dito,<br />
lançar o que está por dizer" (De Lemos 1992, p. XIII); c) a dramatização – colocar-se<br />
no lugar do outro e de si mesmo, interpretando-se como personagem ou<br />
interpretando outro personagem, realizando ações que não realizaria de outra<br />
forma. "O que ocorre é uma reprodução da situação real (...). E sendo um aspecto<br />
do brincar, "é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o<br />
campo da percepção visual – ou seja, entre situações no pensamento e situações<br />
reais" (Vygotsky 1988, p. 109) d) o desenho – que sendo linguagem gráfica e gesto<br />
carrega e materializa o simbólico – significa alguma coisa para si e para o outro.<br />
Desenho que acompanha a fala e é permeado por ela: processo decisivo para o<br />
desenvolvimento da escrita, segundo Vigotski; e) a participação em jogos – aspecto<br />
lúdico que, via de regra não está presente nos meios educativos ou familiares dos<br />
deficientes porque, quase sempre, dirigidos a um "pedagogês" que desrespeita e<br />
devassa o sujeito. No jogo, operar com o significado dos objetos, do tempo, do<br />
espaço, das regras, é um modo semiótico de lidar com o real e o imaginário. Com o<br />
jogo, unido ao prazer, ao gosto, ao lúdico, Bianca "aprende a seguir os caminhos<br />
mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela<br />
quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o<br />
caminho para o prazer no brinquedo" (idem, 113); f) o uso significativo dos objetos<br />
culturais – no lugar do condicionamento para o uso do pente, da escova, do<br />
sabonete, do lenço, do lápis, do papel, do correio, dos livros... olhar para as ações<br />
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humanas em sua absoluta interação com os objetos construídos pela/na cultura.<br />
Interação que depende das práticas discursivas e é constituída nelas e por elas,<br />
tornando-se, ele mesmo, o uso dos objetos, uma prática discursiva. Interpretar e<br />
produzir signos – eis o processo de simbolização. O uso dos objetos não são fins<br />
em si mesmos. Os hábitos de higiene não existem desvinculados, desarticulados,<br />
isolados, à parte da vida social. Os modos de se comunicar para pedir, agradecer,<br />
negar, afirmar, prometer, desculpar-se também não. Atividades isoladas lembram<br />
um funcionamento elementar, mais próximo da visão zoológica de homem e de<br />
funções psíquicas.<br />
Vigotski relaciona pensamento e linguagem não havendo, para ele, possibilidade de<br />
desenvolvimento cognitivo fora da linguagem e nem linguagem sem a mediação que<br />
acontece nos processos interativos. A linguagem é o principal mediador,<br />
necessariamente simbólico, entre o mundo cultural e o biológico.<br />
O caráter semiótico do desenvolvimento humano, se tomado a sério dos estudos de<br />
Vigotski, faz a diferença: o que é especificamente humano, a atividade específica da<br />
linguagem, é que providencia os instrumentos auxiliares para a solução dos<br />
problemas, é que direciona a vontade, planeja a ação, controla e regula o<br />
comportamento. As ações humanas, mais do que serem ações condicionadas por<br />
estímulos externos, são ações mediadas por signos. As práticas culturais são<br />
práticas discursivas e a verdadeira essência do comportamento humano complexo é<br />
a atividade simbólica com função organizadora específica que penetra o uso dos<br />
instrumentos e faz nascer novos modos de ser.<br />
O conceito marxista de uma psicologia humana historicamente determinada é o<br />
pano de fundo para a hipótese fundamental de que cognição e linguagem são<br />
socialmente formadas e culturalmente constituídas, nas relações concretas de vida.<br />
A linguagem, entendida como trabalho constitutivo exclui, de modo radical, a<br />
possibilidade de que o desenvolvimento cognitivo possa acontecer desvinculado da<br />
linguagem do outro e dos signos; impossível pensar desenvolvimento cognitivo fora<br />
da cultura e da linguagem; impossível pensar isso tudo sem o papel fundante dos<br />
processos de significação. Processos de significação que se criam entre as<br />
pessoas, no meio social. Cada objeto, cada ação, cada palavra, cada <strong>aprendizagem</strong><br />
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adquire, segundo Bakhtin "significação interindividual", ou seja, "o que faz da<br />
palavra uma palavra é a sua significação. O que faz da atividade psíquica uma<br />
atividade psíquica é, da mesma forma, sua significação" (Bakhtin, 1992a, p. 49).<br />
A atividade mental revela-se no terreno semiótico.<br />
Notas<br />
1. A linguagem, por meio de seu papel mediador, organiza a relação do<br />
interpretante (possibilidade de significar) entre atividade cognitiva e discurso. A<br />
linguagem aparece e mostra, dando visibilidade ao que está ou não alterado. Na<br />
linguagem em exercício, é possível ver o que falta ou o que excede e como os<br />
processos de significação são elaborados pelos interlocutores, nas diferentes<br />
instâncias nas quais os sujeitos se expõem (Coudry 1997).<br />
2. É importante ressaltar a discussão que Smolka faz sobre a concepção de<br />
linguagem como instrumento. Reconhece que Vygotsky deixa margem para<br />
diferentes interpretações, muitas delas contraditórias. Porém, a autora explica que<br />
"as elaborações de Vygotsky vão além da questão instrumental. Anunciam outras<br />
possiblidades de se conceber a linguagem, o que traz para o centro das discussões<br />
a questão do seu caráter constitutivo" (1995, p:12).<br />
3. Os termos "apropriação" e "domínio" parecem ser mais adequados do que o<br />
termo "internalização" usado por Vigotski, mesmo que ainda constituam problema<br />
conceitual para a perspectiva histórico-cultural da psicologia. A preocupação dos<br />
autores é que no uso das palavras possamos deixar explicitado que os contrários<br />
co-existem, ou seja, que não se trata de separar o que está dentro do que está fora.<br />
4. Vigotski diz que a defectologia, para ele, é uma ciência que tem como objeto<br />
especial de estudo os processos de desenvolvimento <strong>infantil</strong> com uma quantidade<br />
quase ilimitada dos seus diferentes tipos. Desta forma, deve estabelecer os ciclos,<br />
as transformações deste desenvolvimento, suas desproporções, revelando as leis<br />
de sua diversidade.<br />
5. Maingueneau (1989) fala de prática discursiva para designar a reversibilidade<br />
entre as duas faces do discurso: a social e a textual. A prática discursiva integra a<br />
formação discursiva (um conceito de Michel Foucault) e o grupo ou grupos no<br />
interior dos quais são gerados os textos que dependem da formação discursiva<br />
(comunidade discursiva) (p. 56).<br />
6. De acordo com Coudry (1988), a língua é resultado de trabalho coletivo, histórico<br />
e cultural de onde nascem os recursos expressivos próprios (dimensão sintática); o<br />
sistema de referência dessa língua é um sistema cultural do qual partilha uma<br />
determinada comunidade (dimensão semântica) e, a linguagem é usada em<br />
situações concretas e vai além do estritamente dito (dimensão pragmática).<br />
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* Este texto refere-se à pesquisa que resultou na tese de doutorado, orientada pelo<br />
Prof. Dr. Angel Pino e co-orientada pela profª Dra. Maria Irma Hadler Coudry.<br />
** Doutora em Educação pela Unicamp. Professora da Universidade de Franca.<br />
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100
SITES E LIVROS PARA CONSULTAS<br />
[PDF] direito das crianças à <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
[PDF] de unicamp.brA Abramowicz - Pro-Posições, 2003 - mail.fae.unicamp.br<br />
... Educação e Sociedade, ano XX, n. 68, p. 126-142, dez. 1999. ... Núcleo de<br />
estudos e pesquisas da Subjetividade do Programa de Pós-graduação em<br />
Psicologia Clínica da PUC, São Paulo: Número Especial, p. 90-96, jun. ... Infância<br />
eEducação Infantil: uma abordagem histórica. ...<br />
[PDF] de centrodeensinoindividual.comMM Campos… - Cadernos de pesquisa, 1992<br />
- centrodeensinoindividual.com<br />
EDUCAÇÃO INFANTIL: CRESCENDO E APARECENDO' Maria Malta Campos e<br />
Lenirà Haddad 1тулж?#Аж-^А^./ WAY/WAV Para quem viveu o ... de uma das<br />
autoras deste artigo, revisitar os textos publicados talvez tenha um sentido bastante<br />
especial: recordações sobre a ... Citado por 25 - Artigos relacionados - Todas as 3<br />
versões<br />
[LIVRO] Filosofia da <strong>educação</strong><br />
[PDF] de uncnet.brMLA Aranha - 1989 - uncnet.br<br />
... Page 10. 10 FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
Créditos: 04 ... Da concepção de criança através da história à contextualização<br />
social e política da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. Tendências político-pedagógicas da Educação<br />
Infantil. O campo profissional ea ...<br />
Citado por 238 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 8 versões<br />
[HTML] A qualidade da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> brasileira: alguns resultados de pesquisa<br />
[HTML] de scielo.brO TEMAS - Cad. Pesqui, 2006 - SciELO Brasil<br />
... 2006. doi: 10.1590/S0100-15742006000100005. OUTROS TEMAS. A qualidade<br />
da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> brasileira: alguns resultados de pesquisa. Maria Malta Campos I<br />
; Jodete Füllgraf II ; Verena Wiggers III. ... QUALIDADE DA COBERTURA DA<br />
EDUCAÇÃO INFANTIL. ...<br />
Citado por 30 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 5 versões<br />
[PDF] Desafios atuais da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e da qualificação de seus profissionais:<br />
onde o discurso ea prática se encontram<br />
[PDF] de anped.org.brAPS Silva… - 23 Reunião anual da ANPED - anped.org.br<br />
... Enquanto pesquisadores, cumprimos um papel histórico bastante importante onde<br />
soubemos pontuar os diversos aspectos negativos na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, em especial<br />
aqueles relativos à formação profissional, fundamentando as críticas e<br />
impulsionando os avanços legais ... Citado por 7 - Artigos relacionados - Ver em<br />
HTML - Todas as 3 versões<br />
[CITAÇÃO] A teoria dos sistemas ecológicos: um paradigma para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
RJ Krebs - 1997 - … Santa Maria, Centro de Educação …<br />
Citado por 17 - Artigos relacionados<br />
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101
[HTML] Histórias da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> brasileira<br />
[HTML] de uaemex.mxM Kuhlmann Jr - Revista Brasileira de <strong>educação</strong>, 2000 -<br />
redalyc.uaemex.mx ... ca. Em 1985, no decorrer desse processo, a Secretaria.<br />
Municipal de Educação da cidade de São Paulo publi-. cou um número especial da<br />
revista Escola Municipal,. ... <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. No teatro da História, outros<br />
espetáculos já haviam sido e continuaram a ser realizados. ... Citado por 28 - Artigos<br />
relacionados - Em cache - Todas as 12 versões<br />
[CITAÇÃO] Creches e pré-escolas no Brasil<br />
MM Campos, F Rosemberg… - 1993 - Cortez Editora Citado por 84 - Artigos<br />
relacionados<br />
[PDF] Cultura midiática e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
[PDF] de scielo.brADAS Moreira - Educação Social, 2003 - SciELO Brasil<br />
... br> Alberto da Silva Moreira Mas, ao falar sobre a função socializadora da mídia,<br />
devemos dar atenção especial a um setor emblemático de sua atuação, a propa-<br />
ganda. A ... br> Cultura midiática e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> entidades ...<br />
Citado por 22 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 8 versões<br />
[CITAÇÃO] Literatura <strong>infantil</strong>: teoria e prática<br />
MAA Cunha - 1983 - Editora Ática<br />
Organizações multilaterais, estado e políticas de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: history repeats<br />
[HTML] de scielo.brF Rosemberg - Cad. Pesqui - SciELO Brasil<br />
... trabalham fora e, em outro país, crianças provenientes de famílias de baixa renda<br />
podem necessitar de preparo [especial] para seu desempenho na escola primária.<br />
(Cochran, 1997, p.160-161, tradução minha). Comparando a evolução recente da<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> (EI) em ...<br />
Citado por 63 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 6 versões<br />
[LIVRO] Educação <strong>infantil</strong> pós-LDB: rumos e desafios<br />
ALG de Faria… - 1999 - books.google.com<br />
... Em especial na idade de 0 a 3 anos, para a qual se tem um vasto conhecimento<br />
sobre o desenvolvimento <strong>infantil</strong>, mas pouco conhecimento sistematizado so- bre a<br />
<strong>educação</strong> de crianças pequenas em creche, o referencial parte de uma proposta<br />
importante, real para as ...<br />
Citado por 66 - Artigos relacionados - Todas as 4 versões<br />
[PDF] Currículo de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> ea formação dos profissionais de creche e préescola:<br />
questões teóricas e polêmicas<br />
[PDF] de dominiopublico.gov.brS Kramer - … de formação do profissional de<br />
Educação Infantil - dominiopublico.gov.br<br />
... Page 19. cos relevantes para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. Estimulo especial será dado à<br />
elaboração de propostas pedagógicas relativas à creche, que, em razão do modo<br />
como se desenvolveu no Pais, apresenta maior precariedade no cumprimento da<br />
função educativa... ...<br />
Citado por 26 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões<br />
[CITAÇÃO] Educação pré-escolar e cultura: para uma pedagogia da <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong><br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
102
ALG de Faria - 1999 - Cortez Editora<br />
Citado por 23 - Artigos relacionados - Todas as 2 versões<br />
[PDF] O brincar na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
[PDF] de fcc.org.brG Wajskop - Cadernos de Pesquisa, 1995 - fcc.org.br<br />
... No entanto, se a atividade do brincar tem sido, historicamente, assimilada a uma<br />
forma mais livre e informal de <strong>educação</strong> da criança pequena, por que é tão difícil<br />
para os adultos, em especial os profissionais de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, relacionarem-se<br />
com ela? ...<br />
Citado por 34 - Artigos relacionados<br />
[HTML] Política de formação profissional para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: Pedagogia e<br />
Normal Superior<br />
[HTML] de scielo.brTM Kishimoto - Educação & Sociedade, 1999 - SciELO Brasil<br />
... A Universidade de São Paulo oferecia, em 25/1/1934, as licenciaturas em<br />
magistério das matérias pedagógicas do 2 o grau e em <strong>educação</strong> especial,<br />
juntamente com orientação educacional de 1 o e 2 ... A formação do profissional de<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> no curso Normal Superior. ...<br />
Citado por 36 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 7 versões<br />
[PDF] Conceito sobre a <strong>educação</strong> da criança deficiente, de acordo com professores<br />
de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> da cidade de Bauru<br />
[PDF] de abpee.netFCF DE VITTA, KP Lyra… - Rev. Bras. Ed. Esp, 2004 -<br />
abpee.net<br />
... material pedagógico, adaptação do espaço físico, além de apoio técnico<br />
específico. PALAVRAS-CHAVE: <strong>educação</strong> especial; <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>; terapia<br />
ocupacional.<br />
ABSTRACT: the present study aimed to verify the concept of the ...<br />
Citado por 12 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões<br />
[PDF] Considerações sobre qualidade na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
[PDF] de scielo.brBC Corrêa - Cadernos de Pesquisa, 2003 - SciELO Brasil<br />
... se também com as próprias condições de trabalho a que são submetidos os<br />
profissionais que atuam na área, especial- mente as ... 62, há ainda muito que fazer<br />
para que se supere um antigo e arraigado entendimento de que para trabalhar com<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> basta ser ...<br />
Citado por 21 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 4 versões<br />
[PDF] Educação <strong>infantil</strong>: o debate ea pesquisa<br />
[PDF] de fcc.org.brMM CAMPOS - Cadernos de Pesquisa, 1997 - fcc.org.br<br />
... p. 14) O número especial da revista Cadernos de Pesquisa sobre Desnutrição,<br />
pobreza e desenvolvimento mental, organizado por Clotilde Rossetti-Ferreira em<br />
1979, traz duas pesquisas realizadas no ... CAMPOS, MM, HADDAD, L. Educação<br />
<strong>infantil</strong>: crescendo e aparecendo. ...<br />
Citado por 33 - Artigos relacionados<br />
[PDF] Educação <strong>infantil</strong>, classe, raça e gênero<br />
[PDF] de fcc.org.brF Rosemberg - Cadernos de Pesquisa, 1996 - fcc.org.br<br />
... 1 87,1 87,1 ATE V, SM QTOTAL 3 NEGRA D BRANCA 0 20 40 60 80 100 Fonte:<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
103
Tabulação especial da PNAD ... No I Simpósio Nacional sobre Educação Infantil<br />
realizado em Brasília em agosto de 1994, representante da Secretaria Estadual de<br />
Edu- cação do Estado da Bahia ...<br />
Citado por 28 - Artigos relacionados<br />
Educar e cuidar: por onde anda a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>?<br />
[PDF] de ufsc.brAB Cerizara - Perspectiva, 2009 - journal.ufsc.br<br />
... Entendo que a especificidade do atual momento histórico está a exigir um esforço<br />
coletivo de todos aqueles que estão direta ou indireta- mente envolvidos com a<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> em especial e com <strong>educação</strong> pública em geral, no sentido de tentar<br />
compreender a atual ...<br />
Citado por 40 - Artigos relacionados<br />
[LIVRO] o jogo e a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
[PDF] de ufsc.brTM Kishimoto - 1994 - journal.ufsc.br<br />
... Page 9. O jogo e a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> • 113 Características do jogo ... A psicanálise<br />
também acrescenta o desprazer como constitutivo do jogo, especial- mente ao<br />
demonstrar como a criança representa, em processos catárticos, situações<br />
extremamente dolorosas. ...<br />
Citado por 255 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões<br />
[HTML] O referencial curricular nacional para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> no contexto das<br />
reformas<br />
[HTML] de scielo.brAB Cerisara - Educ. Soc, 2002 - SciELO Brasil<br />
... RCNEI está distante das concepções presentes nos documentos publicados pela<br />
COEDI de 1994 a 1998 e que vinham sendo considerados pelas profissionais da<br />
área um avanço no encaminhamento de uma Política Nacional de Educação Infantil.<br />
Em especial o documento ...<br />
Citado por 32 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 16 versões<br />
[CITAÇÃO] Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong><br />
S Kramer, ABC Pereira, MLMB Oswald… - 1994 - Editora Atica<br />
Citado por 78 - Artigos relacionados - Todas as 2 versões<br />
[PDF] Por que e para que uma política de formação do profissional de <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong>?<br />
[PDF] de dominiopublico.gov.brAMRF Barrêto - … de formação do profissional de<br />
Educação Infantil - dominiopublico.gov.br<br />
... Page 10. ANCHA M. RABELO E. BARRETO Educação Infantil proposta pelo MEC<br />
e apoiada por órgãos de governo e entidades da Sociedade Civil, em especial as<br />
que integram a Comissão Nacional de Educação Infantil (MEC/SEF/DPE/COEDI,<br />
1993). ...<br />
Citado por 27 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões<br />
[PDF] Bases da Educação Nacional<br />
[PDF] de escolaheitor.netL de Diretrizes - Lei - escolaheitor.net<br />
... Educação Profissional (Art. 39 a 42) Educação Especial (EJA – antigo<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
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104
supletivo):(Art. 58 a 60) cursos e exames. ... 1 ano 2 ano 3 ano... Ensino<br />
fundamental 100% 100% 100% 100% Educação<br />
Infantil - 33,33% 66,66% 100% Ensino Médio - 33,33% 66,66% 100% EJA - ...<br />
Citado por 86 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 2 versões<br />
[PDF] Expansão da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e processos de exclusão<br />
[PDF] de scielo.brF Rosemberg - Cadernos de Pesquisa, 1999 - SciELO Brasil<br />
... para o ingresso no ensino fundamental, esse modelo sofreu, posteriormente, o<br />
impacto de novas idéias sobre <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> veiculadas pelos ... influenciado, no<br />
início, por propostas elaboradas e divulgadas pelas organizações<br />
intergovernamentais, em especial a UNICEF ...<br />
Citado por 64 - Artigos relacionados - Ver em HTML<br />
[PDF] Políticas educacionais e <strong>educação</strong> especial<br />
[PDF] de 168.96.200.17JR Ferreira - Anais, 23. Reunião Anual da ANPED, 2000 -<br />
168.96.200.17<br />
... ANO REDE 1997 1998 1999 Educação Infantil 77% 76% 75% Ensino<br />
Fundamental 89% 91% 91% P Ú B L I C A Educação Especial 52% 53% 52%<br />
Educação Infantil 23% 24% 25% Ensino<br />
Fundamental 11% 9% 9% P R I V A D A Educação Especial 48% 47% 48% ...<br />
Citado por 14 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 8 versões<br />
[HTML] Compre o kit neoliberal para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e ganhe grátis os dez<br />
passos para se tornar um professor reflexivo<br />
[HTML] de scielo.brA Arce - Educação & Sociedade, 2001 - SciELO Brasil<br />
... 7. A esta questão gostaria de agregar uma outra que já foi apresentada nos<br />
diversos pareceres e em especial no de Palhares & Martinez (1999), que se refere à<br />
descontinuidade que marca o documento em relação às políticas para a <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong> implementadas pela ...<br />
Citado por 50 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 7 versões<br />
[HTML] A nova LDB e as necessidades educativas especiais<br />
[HTML] de scielo.brJR Ferreira - Caderno Cedes, 1998 - SciELO Brasil<br />
... Destaca-se no mesmo artigo a oferta da <strong>educação</strong> especial já na <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong>, área em que o atendimento educacional ao aluno com necessidades<br />
especiais é ao mesmo tempo tão escasso quanto importante. Certamente ...<br />
Citado por 49 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 6 versões<br />
LIVRO] Infância e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
S Kramer, MIFP Leite… - 1999 - books.google.com<br />
... tempo em que afirma uma concepção de infância contrária à idéia de natureza<br />
<strong>infantil</strong>, abstrata e ... O fechamento do livro fica com "Infância e <strong>educação</strong>: O<br />
necessá- rio caminho de trabalhar contra a ... forma, pontos que se fazem presentes<br />
em todo o livro e, em especial, no curso. ...<br />
Citado por 19 - Artigos relacionados<br />
[HTML] Práticas educativas: perspectivas que se abrem para a Educação Especial<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
105
[HTML] de scielo.brAML Padilha - Educação e Sociedade, 2000 - SciELO Brasil<br />
... Entendo que o jogo é uma das esferas do simbólico, é uma das manifestações<br />
culturais. Porém, o jogo tem estado presente, na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e na <strong>educação</strong><br />
especial, muito mais como material didático do que como uma das formas culturais<br />
de entretenimento e lazer. ...<br />
Citado por 24 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 8 versões<br />
[HTML] Histórias em quadrinhos e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
[HTML] de bvsalud.orgJM Alves - Psicologia: ciência e profissão, 2001 -<br />
pepsic.bvsalud.org<br />
... desejo de moralizá-las abrem espaço para o surgimento de uma literatura <strong>infantil</strong>.<br />
... tempo garotos propaganda, as histórias em quadrinhos exercem um fascínio<br />
especial sobre as ... Refletindo contextos e valores culturais, elas afetam,<br />
informalmente, a <strong>educação</strong> de seus leitores ...<br />
Citado por 12 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 5 versões<br />
Gomes, Vera Lúcia de Oliveira and Fonseca, Adriana Dora da Dimensões da<br />
violência contra crianças e adolescentes, apreendidas do discurso de professoras e<br />
cuidadoras. Texto contexto - enferm., 2005, vol.14, no.spe, p.32-37. ISSN 0104-0707<br />
Gomes, Vera Lúcia de Oliveira. A construção do feminino e do masculino no<br />
processo de cuidar crianças em pré-escolas. Texto contexto - enferm., Mar 2006,<br />
vol.15, no.1, p.35-42. ISSN 0104-0707<br />
Vasconcellos, Tânia. Crianças em trilhas na natureza: jogos de percurso e<br />
reencantamento. Rev. Dep. Psicol.,UFF, Dez 2006, vol.18, no.2, p.143-162. ISSN<br />
0104-8023<br />
Donoso, Miguir Terezinha Vieccelli and Ricas, Janete Perspectiva dos pais sobre<br />
<strong>educação</strong> e castigo físico. Rev. Saúde Pública, Fev 2009, vol.43, no.1, p.78-84.<br />
ISSN 0034-8910<br />
Vitolo, Ymara Lúcia Camargo et al. Crenças e atitudes educativas dos pais e<br />
problemas de saúde mental em escolares. Rev. Saúde Pública, Out 2005, vol.39,<br />
no.5, p.716-724. ISSN 0034-8910<br />
Başkale, Hatice et al. Use of Piaget's theory in preschool nutrition education. Rev.<br />
Nutr., Dec 2009, vol.22, no.6, p.905-917. ISSN 1415-5273<br />
Bógus, Cláudia Maria et al. Cuidados oferecidos pelas creches: percepções de mães<br />
e educadoras. Rev. Nutr., Out 2007, vol.20, no.5, p.499-514. ISSN 1415-5273<br />
Silva, Denísia Raquel de Carvalho et al. Conhecimentos e práticas de professores<br />
de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> sobre crianças com alterações auditivas. Rev. soc. bras.<br />
fonoaudiol., 2010, vol.15, no.2, p.197-205. ISSN 1516-8034<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
106
LaCueva, Aurora. LA EVALUACION EN LA ESCUELA: UNA AYUDA PARA SEGUIR<br />
APRENDIENDO. Rev. Fac. Educ., Ene 1997, vol.23, no.1-2. ISSN 0102-2555<br />
Veríssimo, Maria De La Ó Ramallo and Fonseca, Rosa Maria Godoy Serpa da<br />
Funções da creche segundo suas trabalhadoras: situando o cuidado da criança no<br />
contexto educativo. Rev. esc. enferm. USP, Jun 2003, vol.37, no.2, p.25-34. ISSN<br />
0080-6234<br />
Biscegli, Terezinha Soares et al. Violência doméstica contra crianças: nível de<br />
conhecimento dos pais de crianças em escolas pública e privada. Rev. paul. pediatr.,<br />
Dez 2008, vol.26, no.4, p.366-371. ISSN 0103-0582<br />
Veríssimo, Maria De La Ó Ramallo and Fonseca, Rosa Maria Godoy Serpa da O<br />
cuidado da criança segundo trabalhadoras de creches. Rev. Latino-Am.<br />
Enfermagem, Fev 2003, vol.11, no.1, p.28-35. ISSN 0104-1169<br />
Nunes, Deise Gonçalves. Educação <strong>infantil</strong> e mundo político. Rev. katálysis, Jun<br />
2009, vol.12, no.1, p.86-93. ISSN 1414-4980<br />
Maranhão, Poliana Carla Santos, Pinto, Sabrina Maria Pimentel da Cunha and<br />
Pedruzzi, Cristiane Monteiro Fonoaudiologia e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: uma parceria<br />
necessária. Rev. CEFAC, Mar 2009, vol.11, no.1, p.59-66. ISSN 1516-1846<br />
Medeiros, Tatiana Gonçalves de and Oliveira, Elka Renata Costa A influência da<br />
consciência fonológica em crianças alfabetizadas pelos métodos fônico e silábico.<br />
Rev. CEFAC, Mar 2008, vol.10, no.1, p.45-50. ISSN 1516-1846<br />
Melo, Francisco Ricardo Lins Vieira de and Ferreira, Caline Cristine de Araújo O<br />
cuidar do aluno com deficiência física na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> sob a ótica das<br />
professoras. Rev. bras. educ. espec., Abr 2009, vol.15, no.1, p.121-140. ISSN 1413-<br />
6538<br />
Silva, Isabel de Oliveira e, Luz, Iza Rodrigues da and Faria Filho, Luciano Mendes<br />
de Grupos de pesquisa sobre infância, criança e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> no Brasil:<br />
primeiras aproximações. Rev. Bras. Educ., Abr 2010, vol.15, no.43, p.84-97. ISSN<br />
1413-2478<br />
Bujes, Maria Isabel Edelweiss. A invenção do eu <strong>infantil</strong>: dispositivos pedagógicos<br />
em ação. Rev. Bras. Educ., Dez 2002, no.21, p.17-39. ISSN 1413-2478<br />
Goulart, Cecília. Letramento e modos de ser letrado: discutindo a base teóricometodológica<br />
de um estudo. Rev. Bras. Educ., Dez 2006, vol.11, no.33, p.450-460.<br />
ISSN 1413-2478<br />
Freitas, Lia Beatriz de Lucca and Shelton, Terri Lisabeth Atenção à primeira infância<br />
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Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
107
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resolução de problemas por crianças pré-escolares. Psic.: Teor. e Pesq., Dez 2000,<br />
vol.16, no.3, p.241-249. ISSN 0102-3772<br />
Smith, Vivian Hamann, Bordini, Gabriela Sagebin and Sperb, Tania Mara Contextos<br />
e parceiros do narrar de crianças na escola <strong>infantil</strong>. Psicol. Reflex. Crit., 2009, vol.22,<br />
no.2, p.181-190. ISSN 0102-7972<br />
Marturano, Edna Maria, Trivellato-Ferreira, Marlene de Cássia and Gardinal, Elaine<br />
Cristina Estresse cotidiano na transição da 1ª série: percepção dos alunos e<br />
associação com desempenho e ajustamento. Psicol. Reflex. Crit., 2009, vol.22, no.1,<br />
p.93-101. ISSN 0102-7972<br />
Pinheiro, Maria Isabel Santos et al. Treinamento de habilidades sociais educativas<br />
para pais de crianças com problemas de comportamento. Psicol. Reflex. Crit., 2006,<br />
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Dias, Adelaide Alves. Educação moral e autonomia na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: o que<br />
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Gardinal, Elaine Cristina and Marturano, Edna Maria Meninos e meninas na<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: associação entre comportamento e desempenho. Psicol. estud.,<br />
Dez 2007, vol.12, no.3, p.541-551. ISSN 1413-7372<br />
Rossetti-Ferreira, Maria Clotilde, Amorim, Katia de Souza and Oliveira, Zilma de<br />
Moraes Ramos de Olhando a criança e seus outros: uma trajetória de pesquisa em<br />
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Moss, Peter. Introduzindo a política na creche: a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> como prática<br />
democrática. Psicol. USP, Set 2009, vol.20, no.3, p.417-436. ISSN 0103-6564<br />
Aguiar, Maria Cecília Antunes de and Pedrosa, Maria Isabel Patrício de Carvalho<br />
Desenvolvimento do conceito de espaço em crianças e a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. Psicol.<br />
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Vokoy, Tatiana and Pedroza, Regina Lúcia Sucupira Psicologia Escolar em<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: reflexões de uma atuação. Psicol. Esc. Educ. (Impr.), Jun 2005,<br />
vol.9, no.1, p.95-104. ISSN 1413-8557<br />
Zanfelici, Tatiane Oliveira. Atenção à primeira infância Finlandesa e Brasileira:<br />
alternativas de atendimento, atendimentos alternativos. Psicol. Esc. Educ. (Impr.),<br />
Dez 2009, vol.13, no.2, p.269-274. ISSN 1413-8557<br />
Pereira, Flávia Roberta dos Santos et al. O tema jogo <strong>infantil</strong> no periódico Pro-<br />
Posições. Psicol. Esc. Educ. (Impr.), Jun 2009, vol.13, no.1, p.107-111. ISSN 1413-<br />
8557<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
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Rodrigues, Marisa Cosenza, Henriques, Mariana Wierman and Patrício, Marina de<br />
Oliveira Leitura de histórias e evocação de estados mentais por pré-escolares.<br />
Psicol. Esc. Educ. (Impr.), Jun 2009, vol.13, no.1, p.37-44. ISSN 1413-8557<br />
Pestun, Magda Solange Vanzo et al. Estimulação da consciência fonológica na<br />
<strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: prevenção de dificuldades na escrita. Psicol. Esc. Educ. (Impr.),<br />
Jun 2010, vol.14, no.1, p.95-104. ISSN 1413-8557<br />
Silva, Cleber Fabiano da, Raitz, Tânia Regina and Ferreira, Valéria Silva Desafios da<br />
Sociologia da Infância: uma área emergente. Psicol. Soc., Abr 2009, vol.21, no.1,<br />
p.75-80. ISSN 0102-7182<br />
Martins Filho, Altino José. Práticas de socialização entre adultos e crianças, e estas<br />
entre si, no interior da creche. Pro-Posições, Abr 2008, vol.19, no.1, p.97-114. ISSN<br />
0103-7307<br />
Abramowicz, Anete, Levcovitz, Diana and Rodrigues, Tatiane Cosentino Infâncias<br />
em Educação Infantil. Pro-Posições, Dez 2009, vol.20, no.3, p.179-197. ISSN 0103-<br />
7307<br />
Zapelini, Cristiane Antunes Espíndola. Processos formativos constituídos no interior<br />
das instituições de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: uma experiência de formação continuada. Pro-<br />
Posições, Ago 2009, vol.20, no.2, p.167-184. ISSN 0103-7307<br />
Campos, Rosânia and Campos, Roselane Fátima A <strong>educação</strong> das famílias pobres<br />
como estratégia política para o atendimento das crianças de 0 - 3 anos: uma análise<br />
do Programa Família Brasileira Fortalecida. Pro-Posições, Abr 2009, vol.20, no.1,<br />
p.207-224. ISSN 0103-7307<br />
Rodrigues, Marisa Cosenza and Tavares, Aline Lima Desenvolvimento<br />
sociocognitivo e histórias infantis: subsídios para a prática docente. Paidéia<br />
(Ribeirão Preto), Dez 2009, vol.19, no.44, p.323-331. ISSN 0103-863X<br />
Macarini, Samira Mafioletti, Martins, Gabriela Dal Forno and Vieira, Mauro Luis<br />
Promovendo saúde e desenvolvimento na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: uma atuação da<br />
Psicologia. Paidéia (Ribeirão Preto), Ago 2009, vol.19, no.43, p.231-237. ISSN 0103-<br />
863X<br />
Oliveira, Mariana Almeida de et al. Avaliação de ambientes educacionais infantis.<br />
Paidéia (Ribeirão Preto), Jun 2003, vol.13, no.25, p.41-58. ISSN 0103-863X<br />
Barba, Patrícia Carla de Souza Della, Martinez, Cláudia Maria Simões and Carrasco,<br />
Bianca Gonçalves Promoção da saúde e <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: caminhos para o<br />
desenvolvimento. Paidéia (Ribeirão Preto), Dez 2003, vol.13, no.26, p.141-146.<br />
ISSN 0103-863X<br />
Bhering, Eliana and Sganderla, Ana Paola A escala de interação professor/criança.<br />
Paidéia (Ribeirão Preto), Dez 2004, vol.14, no.29, p.381-386. ISSN 0103-863X<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
109
Fernandes, Odara de Sá and Elali, Gleice Azambuja Reflexões sobre o<br />
comportamento <strong>infantil</strong> em um pátio escolar: o que aprendemos observando as<br />
atividades das crianças. Paidéia (Ribeirão Preto), 2008, vol.18, no.39, p.41-52. ISSN<br />
0103-863X<br />
Campos-de-Carvalho, Mara and Souza, Tatiana Noronha de Psicologia ambiental,<br />
Psicologia do Desenvolvimento e Educação Infantil: integração possível?. Paidéia<br />
(Ribeirão Preto), 2008, vol.18, no.39, p.25-40. ISSN 0103-863X<br />
Barbosa, Heloiza Helena de Jesus. Sentido de número na infância: uma<br />
interconexão dinâmica entre conceitos e procedimentos. Paidéia (Ribeirão Preto),<br />
Ago 2007, vol.17, no.37, p.181-194. ISSN 0103-863X<br />
Dall'Acqua, Maria Júlia Canazza. Atuação de professores do ensino itinerante face à<br />
inclusão de crianças com baixa visão na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. Paidéia (Ribeirão Preto),<br />
Abr 2007, vol.17, no.36, p.115-122. ISSN 0103-863X<br />
Queiroz, Norma Lucia Neris de, Maciel, Diva Albuquerque and Branco, Angela<br />
Uchôa Brincadeira e desenvolvimento <strong>infantil</strong>: um olhar sociocultural construtivista.<br />
Paidéia (Ribeirão Preto), Ago 2006, vol.16, no.34, p.169-179. ISSN 0103-863X<br />
Por uma Pedagogia da Educação Infantil: desafios e perspectivas para as<br />
professoras AB Cerisara - Trajetórias e Perspectivas Da Formação de …, 2005 -<br />
books.google.com<br />
... Trajetórias e perspectivas da formação de educadores Falar sobre <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong> hoje, e em especial sobre suas professoras, exige que se destaquem tanto os<br />
avanços quanto os retrocessos e impasses que a área vive, uma vez que essa<br />
<strong>educação</strong> como direito da ...<br />
Citado por 7 - Artigos relacionados<br />
[LIVRO] Encontros e encantamentos na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: partilhando experiências<br />
de estágios<br />
LE Ostetto - 2000 - books.google.com<br />
... à criança ganha concreticidade na medida em que, nas práticas efetivadas no<br />
interior da instituição de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>, estejam previstos ... cidade de expressão;<br />
movimento em espaços amplos; proteção, afeto e amizade; expressão de<br />
sentimentos; especial atenção durante o ...<br />
Citado por 18 - Artigos relacionados<br />
[PDF] Atuação de professores do ensino itinerante face à inclusão de crianças com<br />
baixa visão na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong><br />
[PDF] de scielo.brMJC Dall'Acqua - Paidéia, 2007 - SciELO Brasil<br />
... Palavras-chave:Educação especial. Formação continuada. Deficiência visual.<br />
Inclusão. Educação <strong>infantil</strong>. Teacher´s performance of itinerant teaching in relation<br />
to the inclusion of low vision children in elementary education ...<br />
Citado por 6 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 6 versões<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
110
A fonoaudiologia na relação entre escolas regulares de ensino fundamental e<br />
escolas de <strong>educação</strong> especial no processo de inclusão<br />
[HTML] de scielo.brAS Ramos… - Rev. bras. educ. espec - SciELO Brasil<br />
... [ Links ]. CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Resolução CFFa nº<br />
309, de 01 de abril de 2005. Dispõe sobre a atuação do Fonoaudiólogo na <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong>, ensino fundamental, médio, especial e superior, e dá outras providências.<br />
Brasília, 1 abr. 2005. [ Links ]. ...<br />
Citado por 10 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 3 versões<br />
[DOC] 1. A Clínica Psicomotora: O Corpo Na Linguagem<br />
[DOC] de iprede.org.brE Levin - iprede.org.br<br />
... Educação E Re<strong>educação</strong> Psicomotoras. Guillarme, JJ, Artes Médicas, 1983,<br />
Educação Especial. Fonseca, Vitor Da, 1995/ 1987, ... Psicomotricidade, Integração<br />
Pais Criança e Escola. Sousa, Dayse<br />
Campos, Livro Técnico, 2004 e 2007, Trabalho na Educação Infantil. ...<br />
Citado por 53 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões<br />
[CITAÇÃO] Brasil afro-brasileiro<br />
MNS Fonseca - 2000 - Autêntica<br />
Citado por 47 - Artigos relacionados - Todas as 2 versões<br />
As crianças de 0 a 6 anos nas políticas educacionais no Brasil: <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e/é<br />
fundamental<br />
[HTML] de scielo.brS KRAMER - Educ. Soc - SciELO Brasil<br />
... Temos sabido interagir com os conselhos (em especial os tutelares) numa<br />
atuação social em ... aprender e de aprender com as crianças, numa perspectiva da<br />
<strong>educação</strong> em que o ... num momento de absoluta instabilidade – significa assumir<br />
uma posição contra o trabalho <strong>infantil</strong>. ...<br />
Citado por 13 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 6 versões<br />
PDF] A demanda pela <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e os recursos disponíveis para o seu<br />
financiamento<br />
[PDF] de inep.gov.brJL Guimarães… - Aberto, Brasília, 2001 - rbep.inep.gov.br<br />
... (2) Inclui ensino regular, Educação de Jovens e Adultos, classes de aceleração,<br />
classes de alfabetização e <strong>educação</strong> especial. ... A título de exemplo, podemos citar<br />
que o sistema de <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> da Universidade de São Paulo, que atende a 540<br />
alunos na faixa de 0 a 6 ...<br />
Citado por 12 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 4 versões<br />
[HTML] Construção da identidade docente: relatos de educadores de <strong>educação</strong><br />
<strong>infantil</strong><br />
[HTML] de scielo.brZMR de Oliveira, APS Silva, FM Cardoso… - Cad. Pesqui, 2006 -<br />
SciELO Brasil<br />
... que orientam as falas das alunas, que fazem uso de termos como "parte<br />
pedagógica", "dar atividades", "cuidar", "formação especial ou profissional ...<br />
trabalho, é possível observar que as ADIs apontam novas significações em relação à<br />
tarefa no Centro de Educação Infantil e ao ...<br />
Citado por 12 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 3 versões<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
111
[HTML] A formação de educadores ea constituição da <strong>educação</strong> de jovens e adultos<br />
como campo pedagógico<br />
[HTML] de scielo.brVM Ribeiro - Educação & Sociedade, 1999 - SciELO Brasil<br />
... portanto, pensar em formas de prover essa especialização aos educadores que<br />
por ela se interessem, qualquer que seja a instância formativa, na mesma medida<br />
em que isso seria apropriado para outras modalidades como a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>,<br />
especial, fundamental, média ...<br />
Citado por 41 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 8 versões<br />
[CITAÇÃO] Educação Infantil e Especial<br />
ÂCM Maluf, E em Psicopedagogia - É autora do livro: BRINCAR PRAZER E …, 2003<br />
Citado por 2 - Artigos relacionados<br />
A preocupação materna primária especial; The special primary maternal<br />
preoccupation<br />
TMM Granato… - Psicol. clín, 2002 - bases.bireme.br<br />
... experimental, Documentos relacionados. Id: 457028. Autor: Granato, Tania Mara<br />
Marques; Aiello-Vaisberg, Tânia Maria José. Título: A preocupação materna primária<br />
especial / The special primary maternal preoccupation. Fonte: Psicol. clín;14(2):87-<br />
91, 2002. Idioma: Pt. ...<br />
Citado por 8 - Artigos relacionados - Em cache<br />
[PDF] Promoção da qualidade e avaliação na <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>: uma experiência<br />
[PDF] de fcc.org.brDC Piotto, AC Chaguri, AM Mello, APS Silva… - Cadernos de …,<br />
1998 - fcc.org.br<br />
... Bujes (1996) apresenta um perfil do atendimento da <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> no Brasil<br />
em redes de creches e/ou pré-escolas com administração direta ... Ademais, a<br />
tradição de relegar o atendimento de crianças, em especial aquelas vindas de<br />
famílias de baixa renda, a entidades não ...<br />
Citado por 12 - Artigos relacionados<br />
[HTML] Formação de profissionais da <strong>educação</strong> no Brasil: o curso de pedagogia em<br />
questão<br />
[HTML] de scielo.brL Scheibe… - Educação & Sociedade, 1999 - SciELO Brasil<br />
... é conseqüência de uma ação coordenada com o Congresso Nacional, no sentido<br />
de garantir a implementação da LDB, em especial de aspectos ... ficou explicitado,<br />
quando essa lei criou o curso normal superior destinado à formação de docentes<br />
para a <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> e para ...<br />
Citado por 67 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 13 versões<br />
[PDF] Concepções da professora acerca do abuso sexual <strong>infantil</strong><br />
[PDF] de scielo.brRF Brino… - Cadernos de Pesquisa, 2003 - SciELO Brasil<br />
... p.195-209. BRINO, RF Capacitação do educador acerca do abuso sexual <strong>infantil</strong>.<br />
2002.<br />
Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Educação Especial,<br />
UFSCar, São Carlos. CAMINHA, RMA Violência e seus danos à criança e ao<br />
adolescente. ...<br />
Citado por 33 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 4 versões<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
112
A <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong> no contexto das políticas públicas<br />
[HTML] de scielo.brAMRF Barreto - Rev. Bras. Educ - SciELO Brasil<br />
... Pesquisa atual: Crenças, Valores e Práticas de Professores de Educação Infantil.<br />
E-mail:<br />
amrfbarreto@uol.com.br * Trabalho apresentado na sessão especial promovida pelo<br />
GT Educação da Criança de 0 a 6 anos, na 25ª Reunião Anual da ANPEd, realizada<br />
em Caxambu ...<br />
Citado por 11 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 10 versões<br />
[PDF] OBrincar EA INTERVENÇÃO MEDIACIONAL NA FORMAÇÃO CONTINUADA<br />
DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL<br />
[PDF] de scielo.brC Vectore - Psicologia USP, 2003 - SciELO Brasil<br />
... Vale ressaltar, também, o fato de que esta educadora não possui for- mação<br />
adequada em <strong>educação</strong> <strong>infantil</strong>. ... É o caso, em especial, do Programa MISC, que,<br />
por ter como instrumento a pessoa do mediador, mostra-se bastante pertinente a<br />
essa tarefa, uma vez que mobilizará ...<br />
Citado por 12 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões<br />
Uma análise das condições para a implementação de políticas de <strong>educação</strong><br />
inclusiva no Brasil e na Inglaterra<br />
[HTML] de scielo.brA LAPLANE - Educ. Soc - SciELO Brasil<br />
... No início de 2004, a Secretaria de Educação Especial do Ministério de Educação<br />
lançou a série Educação Inclusiva, um conjunto de documentos destinados a<br />
promover a implementação da política de inclusão escolar. A ...<br />
Citado por 20 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 2 versões<br />
[HTML] A <strong>educação</strong> inclusiva: incompletudes escolares e perspectivas de ação<br />
[HTML] de ufsm.brHO Beyer - Cadernos de Educação Especial, 2003 -<br />
coralx.ufsm.br<br />
O artigo refere à proposta de <strong>educação</strong> inclusiva, sob a perspectiva do paradigma<br />
histórico e também sob o prisma das mudanças que ocorreram nas políticas<br />
educacionais brasileiras, notadamente através da priorização da <strong>educação</strong> inclusiva<br />
com a LDB 9394 de 1996. Elege alguns ...<br />
Citado por 15 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 4 versões<br />
[HTML] O papel da universidade frente às políticas públicas para <strong>educação</strong> inclusiva<br />
[HTML] de saci.org.brR Glat… - Revista Benjamin Constant, 2004 - saci.org.br<br />
... Vale ressaltar que, em nossa opinião, vem sendo criada uma falsa dicotomia entre<br />
<strong>educação</strong> inclusiva e Educação Especial, como se o advento de uma representasse<br />
a descontinuidade da outra. Na realidade, ocorre justamente o contrário. ...<br />
Citado por 15 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 2 versões<br />
[LIVRO] Professores reflexivos em uma escola reflexiva<br />
I Alarcão - 2005 - xa.yimg.com<br />
... Page 11. 2 – Fundamentos para uma <strong>educação</strong> inclusiva • Lógica de exclusão; •<br />
Lógica da inclusão; • A relação e suas implicações; • Interdependência; • Codependência;<br />
• Autonomia e <strong>educação</strong> inclusiva; Page 12. 3 – Desafios à prática<br />
docente reflexiva ...<br />
Citado por 448 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 2 versões<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
113
[CITAÇÃO] Educação inclusiva e municipalização: a experiência em <strong>educação</strong><br />
especial de Paraguaçu Paulista<br />
AAS Oliveira… - Revista Brasileira de Educação Especial, 2002<br />
Citado por 9 - Artigos relacionados<br />
[CITAÇÃO] Psicanálise e <strong>educação</strong>: novos operadores de leitura<br />
LM Mrech - 1999 - Cengage Learning Editores<br />
Citado por 98 - Artigos relacionados<br />
[PDF] A <strong>educação</strong> inclusiva: um meio de construir escolas para todos no século XXI<br />
[PDF] de rs.gov.brPA Sánchez - SUMÁRIOOUTUBRO2005 - rsacessivel.rs.gov.br<br />
... es 07 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: um meio de construir escolas para todos no<br />
século XXI INCLUSÃO-Revista da Educação Especial-Out/2005 7 1 Resumo Este<br />
artigo analisa o conceito de diversidade no campo da <strong>educação</strong> inclusiva. ...<br />
Citado por 17 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 20 versões<br />
[CITAÇÃO] Educação especial: em direção à <strong>educação</strong> inclusiva<br />
CD Stobäus… - 2003 - Edipucrs<br />
Citado por 10 - Artigos relacionados<br />
[HTML] Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta<br />
pedagógica de <strong>educação</strong> inclusiva<br />
[HTML] de scielo.brSC da Silva… - Rev. bras. educ. espec. vol, 2005 - SciELO Brasil<br />
... A Educação Especial vem contribuir nesse processo, como uma modalidade de<br />
ensino que serve a todas as demais modalidades e níveis ... Pensar na Educação<br />
Inclusiva como uma possibilidade de construção de uma sala de aula melhor, na<br />
qual alunos e professores sintam ...<br />
Citado por 20 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 3 versões<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
114
ORIENTAÇÕES PARA BUSCA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS NO<br />
SCIELO<br />
Após a escolha do tema do TCC, pertinente ao seu curso de Pós-graduação,<br />
você deverá fazer a busca por artigos científicos da área, em sites especializados,<br />
para a redação do seu próprio artigo científico. O suporte bibliográfico se faz<br />
necessário porque toda informação fornecida no seu artigo deverá ser retirada de<br />
outras obras já publicadas anteriormente. Para isso, deve-se observar os tipos de<br />
citações (indiretas e diretas) descritas nesta apostila e a maneira como elas devem<br />
ser indicadas no seu texto.<br />
Lembre-se que os artigos que devem ser consultados são artigos científicos,<br />
publicados em revistas científicas. Sendo assim, as consultas em revistas de ampla<br />
circulação (compradas em bancas) não são permitidas, mesmo se ela estiver<br />
relatando resultados de estudos publicados como artigos científicos sobre aquele<br />
assunto. Revistas como: Veja, Isto é, Época, etc., são meios de comunicação<br />
jornalísticos e não científicos.<br />
Os artigos científicos são publicados em revistas que circulam apenas no<br />
meio acadêmico (Instituições de Ensino Superior). Essas revistas são denominadas<br />
periódicos. Cada periódico têm sua circulação própria, isto é, alguns são publicados<br />
impressos mensalmente, outros trimestralmente e assim por diante. Alguns<br />
periódicos também podem ser encontrados facilmente na internet e os artigos neles<br />
contidos estão disponíveis para consulta e/ou download.<br />
Os principais sites de buscas por artigos são, entre outros:<br />
SciELO: www.scielo.org<br />
Periódicos Capes: www.periodicos.capes.gov.br<br />
Bireme: www.bireme.br<br />
PubMed: www.pubmed.com.br<br />
A seguir, temos um exemplo de busca por artigos no site do SciELO.<br />
Lembrando que em todos os sites, embora eles sejam diferentes, o método de<br />
busca não difere muito. Deve-se ter em mente o assunto e as palavras-chave que o<br />
levarão à procura pelos artigos. Bons estudos!<br />
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
115
Siga os passos indicados:<br />
Para iniciar sua pesquisa, digite o site do SciELO no campo endereço da<br />
internet e, depois de aberta a página, observe os principais pontos de pesquisa: por<br />
artigos; por periódicos e periódicos por assunto (marcações em círculo).<br />
Ao optar pela pesquisa por artigos, no campo método (indicado abaixo),<br />
escolha se a busca será feita por palavra-chave, por palavras próximas à forma que<br />
você escreveu, pelo site Google Acadêmico ou por relevância das palavras.<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
116
Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavras-<br />
chave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar ―e‖,<br />
―ou‖, ―de‖, ―a‖, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em pesquisar.<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
117
Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolha-<br />
as com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema<br />
escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for<br />
relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras-chave<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
118
poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se nada<br />
aparecer, tente outras palavras.<br />
Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para<br />
aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras<br />
fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo).<br />
A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam:<br />
nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação,<br />
volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções<br />
de visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em<br />
português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo<br />
o artigo.<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
119
Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da<br />
página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do<br />
artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso<br />
queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador.<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
120
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
121
Busca por periódicos<br />
Caso você já possua a referência de um artigo e quer achá-lo em um<br />
periódico, deve-se procurar na lista de periódicos, digitando-se o nome ou<br />
procurando na lista, por ordem alfabética ou assunto. Em seguida, é só procurar<br />
pelo autor, ano de publicação, volume e/ou número.<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
122
É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os<br />
artigos, sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do<br />
autor do texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra.<br />
Tais atitudes podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que<br />
farão a correção do artigo.<br />
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002<br />
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br<br />
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