06.11.2013 Views

Antropocosmologia do Jovem Kant - LusoSofia

Antropocosmologia do Jovem Kant - LusoSofia

Antropocosmologia do Jovem Kant - LusoSofia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

✐<br />

✐<br />

✐<br />

✐<br />

Que é o Homem? – <strong>Antropocosmologia</strong> <strong>do</strong> <strong>Jovem</strong> <strong>Kant</strong> 11<br />

e universal lei cósmica de destruição e recriação – consegue perturbar<br />

a felicidade <strong>do</strong> filósofo que a contempla e que nisso vê uma inequívoca<br />

prova de que a sua destinação última não se confina ao inun<strong>do</strong> terreno e<br />

sensível, mas se abre à comunidade com o próprio Cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> universo.<br />

O especta<strong>do</strong>r que se elevou a uma tal altura pode então dizer:<br />

Deixemos que o nosso olhar se acostume a estas terríveis destruições<br />

como sen<strong>do</strong> os caminhos habituais da Providência e consideremolas<br />

até com uma espécie de satisfação. [...] O espírito que reflecte<br />

sobre tu<strong>do</strong> isso mergulha numa profunda admiração. [...]<br />

Com que espécie de temor reverencial a alma não deve considerar<br />

o seu próprio ser, quan<strong>do</strong> ela deve ainda sobreviver a todas<br />

essas transformações. [...] Como é feliz quan<strong>do</strong>, sob O tumulto<br />

<strong>do</strong>s elementos e <strong>do</strong>s escombros da natureza, ela se vê situada<br />

sempre a uma altura a partir da qual pode ver passar, por assim<br />

dizer a seus pés, as devastações devidas à fragilidade das coisas<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. [...] A natureza inteira, que para o prazer da divindade<br />

possui uma relação harmoniosa universal, não pode senão<br />

encher de satisfação contínua esta criatura racional que se encontra<br />

unida a esta fonte originária de toda a perfeição. Vista a<br />

partir deste ponto central, a natureza mostrará por to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s<br />

completa segurança e conveniência. As cenas cambiantes da natureza<br />

não têm poder para perturbar o repouso da felicidade de<br />

um espírito que se tenha eleva<strong>do</strong> a uma tal altura. 5<br />

Estas passagens só poderão ser compreendidas com to<strong>do</strong> o seu alcance<br />

se tivermos em conta a análise que na sua terceira Crítica <strong>Kant</strong><br />

faz ao sentimento <strong>do</strong> sublime. A contemplação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> físico e <strong>do</strong><br />

cosmos leva à evidência da insignificância humana perante a grandeza<br />

ou o poder da natureza, que o esmaga e o aniquila como a qualquer outro<br />

ser. Mas, ao mesmo tempo, essa experiência que em si mesma é negativa,<br />

constitui a ocasião para que o homem descubra em si um poder<br />

5 Ak, 1, 319-321.<br />

www.lusosofia.net<br />

✐<br />

✐<br />

✐<br />

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!