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carboxiterapia no tratamento da lipodistrofia hipertrófica ... - IBRAPE

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CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DA LIPODISTROFIA<br />

HIPERTRÓFICA EM PUERPERAS<br />

Lucinete Baldo, MD; Lin<strong>da</strong> Mary Gouget de Paiva, MD, Angelo Di Fraia Filho,<br />

MD; Ricardo Frota Boggio, Ph.D.; Adolfo Ribeiro Carlucci, MD.<br />

Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensi<strong>no</strong> - <strong>IBRAPE</strong>, São Paulo, Brasil.<br />

Autor: Lucinete Baldo, MD.<br />

Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensi<strong>no</strong> - <strong>IBRAPE</strong><br />

Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 3005, casa 06<br />

Jd. Paulista, São Paulo, SP – Brasil<br />

CEP: 01401-000<br />

Fone/FAX: +55-11-2114 7700<br />

E-mail: carloseluci@terra.com.br<br />

INTRODUÇÃO<br />

De<strong>no</strong>mina-se <strong>lipodistrofia</strong> a alteração estética, sem morbi<strong>da</strong>de,<br />

caracteriza<strong>da</strong> pelo aumento ou diminuição do volume de regiões corporais, à<br />

custa de alterações <strong>da</strong> hipoderme correspondente.<br />

Na <strong>lipodistrofia</strong> hipotrófica há uma redução do volume dos adipócitos,<br />

como acontece nas Síndromes de hemiatrofias faciais e na Síndrome <strong>da</strong><br />

Imu<strong>no</strong>deficiência adquiri<strong>da</strong> hipotrofias – AIDS. A <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong><br />

caracteriza-se pelo aumento, local ou regional, do número de adipócitos e/ou<br />

de seu volume. Pela grande ocorrência <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>, consagrouse<br />

o termo <strong>lipodistrofia</strong>, como sinônimo de sobrecarga adipocitária localiza<strong>da</strong>, a<br />

exemplo <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> trocantérica, conhecido como culote.<br />

A ocorrência e evolução <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> dependem de fatores préexistentes<br />

e desencadeantes, assim como, a resposta aos <strong>tratamento</strong>s<br />

propostos.<br />

Estudos recentes sobre a celulari<strong>da</strong>de do tecido adiposo revelam que<br />

existem dois tipos de <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>:<br />

- Obesi<strong>da</strong>de ou <strong>lipodistrofia</strong> hiperplásica:<br />

Possivelmente liga<strong>da</strong> à expressão genética, apresenta certas<br />

características histológicas, com a quanti<strong>da</strong>de de adipócitos muito<br />

eleva<strong>da</strong>, sendo o volume <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de celular considerado <strong>no</strong>rmal.<br />

Este tipo de alteração gordurosa responde pouco a <strong>tratamento</strong>s clínicos<br />

convencionais, haja vista o grande compartimento disponível para<br />

armazenamento lipídico e a impossibili<strong>da</strong>de de retira<strong>da</strong> de parte ou total<br />

destas células (A não ser por lipoaspiração)<br />

- Obesi<strong>da</strong>de ou <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>:<br />

Exclui-se a obesi<strong>da</strong>de severa e responsiva à dietoterapia e demais<br />

terapias, principalmente em territórios com uma riqueza relativa de<br />

receptores adrenérgicos do tipo ß1, que conferem grande potencial<br />

lipolítico ao local.<br />

A quanti<strong>da</strong>de de adipócitos é <strong>no</strong>rmal e estes são, a<strong>no</strong>rmalmente,<br />

volumosos, apresentando em seu interior lipídeos armazenados e água<br />

intracelular.<br />

Quando estão presentes as duas primeiras enti<strong>da</strong>des, alternando-se em<br />

maior ou me<strong>no</strong>r grau, sugere-se a ocorrência de um terceiro tipo de <strong>lipodistrofia</strong><br />

<strong>hipertrófica</strong>:<br />

1


- Obesi<strong>da</strong>de ou <strong>lipodistrofia</strong> mista<br />

Alguns autores consideram este tipo como uma variação <strong>da</strong> hiperplásica<br />

que evoluiu para <strong>hipertrófica</strong> por saturação do volume adipocitário.<br />

Sua resposta a <strong>tratamento</strong>s está diretamente relaciona<strong>da</strong> ao<br />

componente hipertrófico. Quanto maior o grau de hipertrofia, melhor a<br />

resposta à dietoterapia e outros métodos (Knittle 1974).<br />

As causas <strong>da</strong> obesi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> são múltiplas, complexas e de<br />

difícil identificação, de uma maneira geral, não se restringindo apenas ao<br />

excesso de calorias ingeri<strong>da</strong>s. Alterações hormonais, fatores comportamentais,<br />

influências sócio-econômicas, situações afetivas e estereótipo de alimentação,<br />

sugerem um comportamento alimentar e/ou físico habitual, que leva à<br />

obesi<strong>da</strong>de.<br />

Estudos preliminares têm demonstrado que as células adiposas de ratos<br />

parecem emitir sinais que determinam sensação de sacie<strong>da</strong>de por estimularem<br />

receptores hipotalâmicos quando o animal encontra-se alimentado e, ao<br />

contrário, por falta de alimento, esta célula bloquearia a sinalização, induzindo<br />

à sensação de fome. Estes sinais, hoje identificados por terem origem em um<br />

hormônio protéico codificado pelo gene Ob, foi de<strong>no</strong>minado Leptina e sabe-se<br />

que, tem um papel central na regulação de tecido adiposo. A Leptina é<br />

secreta<strong>da</strong> pela célula adiposa em resposta ao aumento <strong>da</strong> massa gordurosa e<br />

age sobre o hipotálamo ventro-medial, onde diminui a biossíntese e a secreção<br />

do neuropeptídeo Y, reconhecido como o mais potente estimulante do apetite.<br />

No que se referem à <strong>lipodistrofia</strong>, outros fatores relacionados aos hábitos<br />

devem ser considerados: a posição preferencial durante o dia, vestuário<br />

constritivo, sedentarismo, uso de corticóides tópicos ou sistêmicos, reposição<br />

hormonal ou ingestão de a<strong>no</strong>vulatórios estrogênicos. Esses fatores, direta ou<br />

indiretamente concorrem para o agravamento <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> ou<br />

mista, pela retenção de líquidos <strong>no</strong> espaço intersticial, com conseqüente<br />

aumento <strong>da</strong> pressão hidrostática <strong>no</strong> local e posterior compressão ve<strong>no</strong>-linfática,<br />

cronificando este distúrbio <strong>da</strong> homeostase.<br />

O <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> é multifatorial e exige a<br />

participação ativa do paciente.<br />

A <strong>carboxiterapia</strong> é um método que utiliza o anidro-carbônico, um gás<br />

atóxico, não embólico e presente <strong>no</strong>rmalmente como intermediário do<br />

metabolismo celular.<br />

O <strong>tratamento</strong> consiste na administração subcutânea, através de injeção<br />

hipodérmica do CO2, diretamente nas áreas afeta<strong>da</strong>s.<br />

A ação do <strong>tratamento</strong> é efetiva em diversas alterações estéticas como na<br />

celulite, flacidez cutânea, estrias e na gordura localiza<strong>da</strong> (<strong>lipodistrofia</strong>s)<br />

A ação farmacológica do anidro carbônico esta bem estabeleci<strong>da</strong>. O<br />

CO2, quando aplicado <strong>no</strong> subcutâneo promove vasodilatação local com<br />

conseqüente aumento do fluxo vascular e o aumento <strong>da</strong> pressão parcial de<br />

oxigênio (pO2), resultante <strong>da</strong> potencialização do efeito Bohr, ou seja há redução<br />

<strong>da</strong> afini<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hemoglobina pelo oxigênio, resultando em maior quanti<strong>da</strong>de<br />

deste disponível para o tecido. D’Aniello e colaboradores, do Departamento de<br />

Cirurgia Plástica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Siena – Itália, demonstraram a ação <strong>da</strong><br />

terapêutica do CO2, administrado pela via subcutânea, sobre o microcírculo<br />

vascular. Foi evidenciado vasodilatação através <strong>da</strong> videocapilaroscopia,<br />

aumento do fluxo sanguíneo pelo Laser Doppler e o aumento <strong>da</strong> pressão<br />

2


parcial de oxigênio (PO2) verifica<strong>da</strong> pela via percutânea. Além disso, os <strong>da</strong>dos<br />

histopatológicos obtidos por biópsia em pacientes tratados evidenciaram o<br />

inócuo do método, já que não há alterações <strong>no</strong> tecido conectivo (incluindo-se<br />

estruturas vasculares e nervosas) com o <strong>tratamento</strong>.<br />

Lembramos que o gás carbônico é um metabólito <strong>no</strong>rmal <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso<br />

organismo e em situações de repouso <strong>no</strong>sso corpo produz cerca de 200<br />

mL/min do mesmo, aumentando em até 10 vezes frente a esforços físicos<br />

intensos. O fluxo e o volume total injetados durante o <strong>tratamento</strong> encontram-se<br />

entre estes parâmetros, ou seja, habitualmente na <strong>carboxiterapia</strong> utilizam-se<br />

fluxos de infusão entre 20 e 100 mL/min e volumes totais administrados entre<br />

600 ml e 1 litro (Bartoletti C.A., et al., 1998; Bacci P.A., 2000).<br />

Não existem, na literatura, relatos de efeitos adversos ou complicações,<br />

tanto locais (Brandi C, et al.; 1999), quanto sistêmicas (Savin E. et al., 1995;<br />

Ochiai R. et al.; 2000). As alterações relata<strong>da</strong>s, inerentes ao método, limitam-se<br />

a dor durante o <strong>tratamento</strong>, peque<strong>no</strong>s hematomas decorrentes <strong>da</strong> punção<br />

(realiza<strong>da</strong> com agulha 30 G 1/2 - insulina) e sensação de crepitação <strong>no</strong> local,<br />

resultante do peque<strong>no</strong> enfisema subcutâneo formado e que desaparece em<br />

media em ate 30 minutos.<br />

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a ação do anidro carbônico <strong>no</strong><br />

<strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em puérperas, em comparação a sua<br />

ação na população geral.<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

GRUPO DE ESTUDO<br />

O grupo de estudo foi formado por pacientes, em diferentes fases<br />

puerperais (de 1 a 9 meses de puerpério), nutrizes ou não, atendi<strong>da</strong>s <strong>no</strong><br />

ambulatório de Assistência a Gestante e a Puérpera do Instituto Brasileiro de<br />

Pesquisa e Ensi<strong>no</strong> –I BRAPE, durante o período de janeiro a abril de 2009.<br />

As pacientes foram avalia<strong>da</strong>s, quanto a presença de <strong>lipodistrofia</strong><br />

<strong>hipertrófica</strong> em flancos, abdome, região glútea inferior e membros inferiores<br />

(culote, região interna e posterior <strong>da</strong> coxa).<br />

To<strong>da</strong>s as pacientes que participaram deste estudo receberam<br />

informativo impresso sobre o procedimento a ser realizado, passaram por uma<br />

demonstração previa do método e assinaram termo de compromisso e de<br />

autorização para realização do procedimento e dos registros fotográficos.<br />

As pacientes, antes do início do <strong>tratamento</strong>, passaram por detalha<strong>da</strong><br />

anamnese sendo pesquisa<strong>da</strong> pari<strong>da</strong>de, tipo de parto, altura, peso atual, peso<br />

inicial e pós-gestação, além peso e tamanho do recém-nascido.<br />

As pacientes foram reavalia<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> sessão e interroga<strong>da</strong>s quanto a<br />

intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> dor senti<strong>da</strong> durante a realização do procedimento e quanto ao<br />

grau de satisfação com os resultados obtidos<br />

No exame físico, além <strong>da</strong> aferição do peso, altura e determinação do índice de<br />

massa corporal (IMC), as pacientes foram avalia<strong>da</strong>s através de:<br />

• Antropometria: Com a paciente em posição supina, com os braços<br />

cruzados a frente do complexo aréolo-papilar e os pés posicionados de<br />

maneira paralela e distando 30 cm um do outro, foi realiza<strong>da</strong> a<br />

antropometria do abdome (superior, cicatriz umbilical e inferior) e dos<br />

3


membros inferiores (altura <strong>da</strong> proeminência do culote, para medi<strong>da</strong> dos<br />

diâmetros <strong>da</strong>s coxas).<br />

• Adipometria: Com a paciente na mesma posição acima referi<strong>da</strong> foi<br />

realiza<strong>da</strong> adipometria a partir <strong>da</strong> plicatura do panículo adiposo em um<br />

ponto médio, sobre a linha media axilar, entre o gradil costal e a espinha<br />

ilíaca de ca<strong>da</strong> lado.<br />

• Avaliação fotográfica:<br />

As pacientes foram fotografa<strong>da</strong>s imediatamente antes, após a<br />

terceira sessão e ao térmi<strong>no</strong> do <strong>tratamento</strong>. As fotos foram realiza<strong>da</strong>s<br />

com câmera digital, tendo como fundo um painel branco, sendo to<strong>da</strong>s as<br />

pacientes identifica<strong>da</strong>s com etiquetas com as iniciais do <strong>no</strong>me e <strong>da</strong>ta.<br />

As fotografias foram realiza<strong>da</strong>s a um metro de distancia <strong>da</strong> paciente ,<br />

com o enquadramento tendo como limites o sulco mamário,<br />

superiormente e um ponto cerca de 5 cm acima do joelhos,<br />

inferiormente. Quando de costas, foi utiliza<strong>da</strong> como limite superior região<br />

escapular e inferior, a fossa poplítea. Não foram utilizados zoom, flash<br />

ou qualquer outro recurso fotográfico.<br />

TÉCNICA (TERAPÊUTICA)<br />

As pacientes foram trata<strong>da</strong>s uma vez por semana, durante 6 semanas.<br />

O CO2 foi aplicado através de punturas, nas áreas de interesse, sendo<br />

para tanto utiliza<strong>da</strong> agulha 30G 1/2 , posiciona<strong>da</strong> a 90º em relação ao pla<strong>no</strong><br />

cutâneo. O aparelho utilizado foi o <strong>da</strong> ESTEK , com uma saí<strong>da</strong>.<br />

As infusões foram realiza<strong>da</strong>s a fluxo contínuo de 150 mL/min.. Foram<br />

infundidos 75 mL de CO2 em ca<strong>da</strong> culote, 45 mL <strong>no</strong> 1/3 superior, 20 mL <strong>no</strong><br />

terço médio e 10 mL <strong>no</strong> 1/3 inferior <strong>da</strong> face interna de ca<strong>da</strong> coxa, totalizando<br />

150 mL em ca<strong>da</strong> membro ou 300 mL <strong>no</strong>s dois membros (figura 1).<br />

Na parte posterior dos membros inferiores foram infundidos 45 mL de<br />

CO2 na região do contor<strong>no</strong> inferior dos glúteos (banana boat), 20 mL <strong>no</strong> terço<br />

médio e 10 mL <strong>no</strong> 1/3 inferior <strong>da</strong> coxa. Ain<strong>da</strong> na região posterior foi infundido<br />

75 mL em ca<strong>da</strong> flanco posterior, <strong>da</strong>ndo um total de 300 mL em ambos os<br />

membros na região posterior (figura 2).<br />

Considerando os volumes infundidos na região anterior e posterior,<br />

totalizou-se 600 mL de gás CO2 em ca<strong>da</strong> sessão.<br />

Não foram utilizados anestésicos tópicos, vasodilatadores ou qualquer<br />

outro metodologia para analgesia antes do <strong>tratamento</strong>.<br />

Para análise <strong>da</strong> dor senti<strong>da</strong> durante o procedimento foi utiliza<strong>da</strong> escala<br />

visual analógica (EVA), imediatamente após a realização de ca<strong>da</strong> sessão.<br />

As pacientes foram orienta<strong>da</strong>s a não realizar nenhuma outra terapia<br />

associa<strong>da</strong> como drenagem linfática manual ou uso de cosmecêutico domiciliar.<br />

4


Esquema<br />

Esquema Puncturas<br />

QS<br />

D<br />

QSE<br />

SULCO<br />

MAMÁRIO<br />

ABDOME<br />

. .<br />

QID<br />

QIE<br />

.<br />

.<br />

CULOTE<br />

DIREITO<br />

SUPERIOR<br />

MÉDIO<br />

SUPERIOR<br />

MÉDIO<br />

CULOTE<br />

ESQUERDO<br />

.<br />

. .<br />

. .<br />

.<br />

INFERIOR<br />

INFERIOR<br />

. .<br />

Figura 1: Posição anterior<br />

Esquema<br />

Esquema Puncturas<br />

DORSO<br />

DORSO<br />

FLANCO<br />

DIREITO<br />

FLANCO<br />

ESQUERDO<br />

.<br />

.<br />

COXA<br />

DIREITA<br />

Figura 2: Posição posterior<br />

COXA<br />

ESQUERDA<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

.<br />

RESULTADOS<br />

5


No período de janeiro a abril de 2009, 35 pacientes puerperas, com<br />

queixa de <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em tronco e membros inferiores, foram<br />

trata<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> <strong>carboxiterapia</strong>.<br />

Do total de pacientes que iniciaram o <strong>tratamento</strong>, 9 abandonaram devido<br />

a queixa de dor durante a realização do procedimento. Para avaliação <strong>da</strong> dor<br />

foi utiliza<strong>da</strong> escala visual analógica, que varia de 1 a 10, tendo sido obti<strong>da</strong> <strong>no</strong>ta<br />

média igual a 6. (figura 1)<br />

.<br />

Valores médios de aplicações de CO 2 X EVA<br />

20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

EVA<br />

mL<br />

865<br />

822<br />

782<br />

738<br />

705<br />

553<br />

7<br />

7<br />

6 6<br />

6 6<br />

1ª Sessão 2ª Sessão 3ª Sessão 4ª Sessão 5ª Sessão 6ª Sessão<br />

1000<br />

900<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

Figura 1 - Gráfico dos valores médios de aplicações de CO2 x EVA.<br />

Após a realização <strong>da</strong>s seis sessões propostas <strong>no</strong> <strong>tratamento</strong>, o<br />

percentual de redução do volume do panículo adiposo, em ca<strong>da</strong> região trata<strong>da</strong>,<br />

levando-se em consideração o período puerperal <strong>no</strong> qual a paciente se<br />

apresentava, encontra-se representado <strong>no</strong> quadro e figura 2.<br />

Nº de Pacientes 0 3 7 4 2 4 3 0 3<br />

Período 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês 7º mês 8º mês 9º mês<br />

Abdome superior 0 -2,60% -3,53% -3,08% -0,71% -2,09% -1,22% 0 -0,97%<br />

Cicatriz umbilical 0 -2,84% -3,28% -2,56% -3,50% -2,98% -3,47% 0 -2,18%<br />

Abdome inferior 0 -1,51% -3,13% -1,56% -4,15% -2,42% -1,90% 0 -3,43%<br />

Adipômetro direito 0 -5,51% -11,91% -12,74% -5,00% -14,98% 1,06% 0 -20,83%<br />

Adipômetro esquerdo 0 -7,21% -10,11% -4,17% -8,33% -7,46% -4,17% 0 -20,83%<br />

Coxa direita 0 0,26% -1,71% -0,95% -5,44% -2,90% -0,96% 0 -2,00%<br />

Coxa esquer<strong>da</strong> 0 -1,79% -2,03% -0,67% -4,95% -0,53% -1,25% 0 -1,99%<br />

Peso 0 -0,85% -1,82% -2,13% -1,61% -1,89% 0,25% 0 -1,61%<br />

Quadro2 - Evolução <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> espessura do panículo adiposo em relação<br />

a fase puerperal.<br />

6


Evolução <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> período do puerpério<br />

1,00%<br />

-1,00%<br />

-3,00%<br />

-5,00%<br />

-7,00%<br />

-9,00%<br />

-11,00%<br />

-13,00%<br />

-15,00%<br />

-17,00%<br />

-19,00%<br />

-21,00%<br />

-23,00%<br />

1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês 7º mês 8º mês 9º mês<br />

Abdomen superior Cicatriz umbilical Abdomen inferior Adipômetro direito<br />

Adipômetro esquerdo Coxa direita Coxa equer<strong>da</strong> Peso<br />

Figura 2 - Evolução <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> período do puerpério<br />

Levando-se em consideração a redução de medi<strong>da</strong>s apenas <strong>da</strong> região<br />

abdominal, <strong>no</strong>tamos uma redução mais significativa do panículo adiposa na altura <strong>da</strong><br />

cicatriz umbilical (-2,97%). Figura 3.<br />

Variação % <strong>da</strong>s medias <strong>da</strong>s regiões - 1ª e 6ª sessões<br />

0,00%<br />

-0,50%<br />

Abdomen superior Cicatriz umbilical Abdomen inferior<br />

-1,00%<br />

-1,50%<br />

-2,00%<br />

-2,50%<br />

-3,00%<br />

-2,36%<br />

-2,97%<br />

-2,59%<br />

-3,50%<br />

Figura 3 - Variação <strong>da</strong> porcentagem <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> região abdominal após a<br />

realização de 6 sessões de <strong>carboxiterapia</strong>.<br />

Em relação a variação do Índice de Massa Corpórea (IMC) <strong>no</strong>tamos um<br />

decréscimo do seu valor médio ao térmi<strong>no</strong> do <strong>tratamento</strong> (imediatamente após a 6<br />

sessão), retornando a um valor próximo ao do pré <strong>tratamento</strong>, três semanas após ao<br />

térmi<strong>no</strong> do protocolo (atualmente). Figura 4.<br />

7


Variação do IMC - 1ª e 6ª sessões<br />

25,30<br />

25,20<br />

25,10<br />

25,20<br />

25,23<br />

25,00<br />

24,90<br />

24,80<br />

24,84<br />

24,70<br />

24,60<br />

1ª sessão 6ªsessão Atualmente<br />

Figura 4 - Variação do IMC na 1ª, 6ª sessão e atualmente.<br />

Quando comparamos os <strong>da</strong>dos antropométricos <strong>da</strong>s coxas (culotes), <strong>no</strong>tamos<br />

uma significativa redução dos valores entre a primeira e sexta sessões (figura 5).<br />

Variação <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Coxas Direita e Esquer<strong>da</strong><br />

entre a 1ª e a 6ª sessão<br />

56,50 57,00 57,50 58,00 58,50 59,00<br />

Coxa direita<br />

1ª sessão<br />

6ª sessão<br />

6ª sessão<br />

57,56<br />

58,63<br />

Coxa equer<strong>da</strong><br />

1ª sessão<br />

6ª sessão<br />

6ª sessão<br />

57,38<br />

58,40<br />

Figura 5 - Variação <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s coxas direita e esquer<strong>da</strong> entre a 1ª e a<br />

6ª sessão.<br />

DISCUSSÃO<br />

A mulher após o nascimento do seu filho quer o quanto antes voltar ao seu<br />

estado pré-parto, isto é, sem to<strong>da</strong>s as consequências que sua pele sofreu, além do<br />

fato de estar mais pesa<strong>da</strong>, fláci<strong>da</strong> e na maioria <strong>da</strong>s vezes com estrias .<br />

O puerpério é o período de ajustamento depois <strong>da</strong> gravidez e do parto, durante<br />

o qual se invertem as trocas anatômicas e funcionais do primeiro e o corpo volta ao<br />

seu estado <strong>no</strong>rmal não gestacional. O tempo requerido para que se chegue ao fim<br />

destas trocas varia de ca<strong>da</strong> sistema orgânico. Ademais, há alterações produzi<strong>da</strong>s por<br />

complicações do trabalho de parto e o parto propriamente dito, ou pela administração<br />

de medicamentos e hormônios exóge<strong>no</strong>s. Por ultimo, o inicio de <strong>no</strong>vos padrões de<br />

8


conduta, por exemplo, a amamentação, pode modificar o curso <strong>da</strong> evolução e afetar<br />

profun<strong>da</strong>mente a atitude <strong>da</strong> paciente.<br />

Pesa, então, para a auto-imagem, a necessi<strong>da</strong>de de voltar o quanto antes a ter<br />

um corpo semelhante ao que era <strong>no</strong> período pré-parto. Daí, a procura <strong>da</strong> mulher para<br />

recuperar o mais rapi<strong>da</strong>mente o seu corpo. Sendo assim, cabe a medicina estética<br />

reabilitar as condições que são exigi<strong>da</strong>s, com ações que não venham a alterar o<br />

estado puerperal e muitas vezes de nutrizes <strong>da</strong>s mães.<br />

Sob esta ótica, a Carboxiterapia é um dos melhores métodos para a<br />

recuperação do quadro desenvolvido na gravidez de estrias e principalmente flacidez<br />

e <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>, por ser um método não agressivo a mulher neste período,<br />

inclusive durante o aleitamento (4, 5 e 6).<br />

Este estudo, baseado nestes princípios, teve como resultado uma porcentagem<br />

de per<strong>da</strong> <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s e consequentemente diminuição <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong>, conforme<br />

figuras 3 e 5 acima.<br />

Por ser a literatura cientifica, nesta área, muito modesta, o que relatamos pode<br />

ser considerado um trabalho inédito, ain<strong>da</strong> mais nas ações volta<strong>da</strong>s ao crescimento e<br />

enriquecimento <strong>da</strong> medicina como um todo, principalmente porque na fase puerperal<br />

poucos trabalhos são realizados <strong>no</strong> intuito de valorizar a beleza e bem-estar <strong>da</strong>s<br />

mulheres-mães.<br />

Este estudo mostra, ain<strong>da</strong>, que haverá necessi<strong>da</strong>de de se <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de<br />

para que possamos comprovar, não só a manutenção <strong>da</strong> eficácia, mas também a<br />

melhora de outros quadros que agravam o bem estar <strong>da</strong> pele na área <strong>da</strong> estética<br />

médica, principalmente sabendo que o gás carbônico não tem contra-indicações para<br />

o uso em puerperas.<br />

CONCLUSÃO<br />

Durante os <strong>no</strong>ve meses de gestação, o corpo <strong>da</strong> mulher se modifica e passa<br />

por transformações localiza<strong>da</strong>s e sistêmicas.<br />

Algumas são transitórias e outras permanentes. Dentre as alterações mais<br />

frequentes estão: as mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> pigmentação, alterações <strong>da</strong> fisiologia vascular,<br />

capilar, <strong>da</strong>s unhas e pele. Presença de estrias, edemas, celulite, flacidez, aumento<br />

exagerado de peso, que podem afetar a aparência <strong>da</strong> mulher, trazendo um choque<br />

para sua alto-estima. Então, logo que a mulher se torne mãe ela quer o quanto antes<br />

voltar a ser também a mulher que era antes.<br />

Desta forma, os autores encontraram com a técnica adota<strong>da</strong>, diminuição <strong>da</strong><br />

<strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em puerperas; porém acreditam que serão necessários mais<br />

estudos para que o processo do <strong>tratamento</strong> voltado a esta diminuição seja fortemente<br />

reduzi<strong>da</strong> com a técnica relata<strong>da</strong> utilizando-se de um prazo de acompanhamento maior<br />

e sendo o único efeito colateral apresentado um quadro doloroso, mas que ao térmi<strong>no</strong><br />

<strong>da</strong>s seis sessões as dores nas aplicações do gás se tornaram mais suportáveis,<br />

pode-se concluir que o <strong>tratamento</strong> se prestou ao que se propôs: redução do quadro<br />

de <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em puerperas.<br />

Assim, podemos observar que a infusão de gás carbônico mostrou ser um bom<br />

método para o <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> <strong>da</strong>s puerperas, o que vem<br />

demonstrar que as mulheres nesta fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> terão melhores condições de se<br />

sentirem protegi<strong>da</strong>s e ampara<strong>da</strong>s pela medicina estética.<br />

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