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Cianotoxinas e outras intrigantes ocorrências em ... - Serrano Neves

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O © dos textos pertence aos autores que autorizaram a publicação neste site. Ao citar a fonte acrescente<br />

"Acervo da Página Pessoal de <strong>Serrano</strong> <strong>Neves</strong>" para que os autores tenham certeza sobre a orig<strong>em</strong>. Não t<strong>em</strong>os<br />

comissão editorial. Aceitamos cessão gratuita dos direitos para publicação. Os patrocínios são para<br />

cobrir os custos de produção. Página pessoal de <strong>Serrano</strong> <strong>Neves</strong> powered by linuxgoias.net<br />

<strong>Cianotoxinas</strong> e <strong>outras</strong> <strong>intrigantes</strong> <strong>ocorrências</strong> <strong>em</strong> Criações de<br />

Organismos Aquáticos<br />

© PÁDUA, H. B. de, - <strong>Cianotoxinas</strong> e <strong>outras</strong> <strong>intrigantes</strong> <strong>ocorrências</strong> <strong>em</strong> criações de<br />

organismos aquáticos; 17p., 2002 - Disponibilizado na Internet. É requerida assinalar a<br />

autoria acima, para qualquer uso deste artigo <strong>em</strong> qualquer mídia, sendo assim autorizada a<br />

divulgação e reprodução de parte ou total do mesmo. –www.jundiai.com.br/abrappesq /<br />

www.setorpesqueiro.com.br / www.portalbonito.com.br / www.ruralnet.com.br<br />

O aqüicultor e mesmo alguns técnicos da área t<strong>em</strong> alguma dificuldade <strong>em</strong> apontar<br />

com rapidez e determinar com certeza a causa de certas <strong>ocorrências</strong> e mesmo mortandades<br />

de organismos aquáticos, quando do não derrame de substâncias suspeitas (inorgânicas ou<br />

orgânicas), da não alteração aparente nas variáveis físicas e químicas da água e da não<br />

presença de sinais de infestações e infeções possíveis, tanto <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as de criação<br />

convencionais, <strong>em</strong> lagos, represas, r<strong>em</strong>ansos de rios, <strong>em</strong> pesqueiros ou quando da utilização<br />

de tanques-rede <strong>em</strong> extensões maiores de água.<br />

Nessas ocasiões a atitude de qu<strong>em</strong> vai investigar e diagnosticar o fator ou fatores, a causa<br />

ou causas de tais situações, deve ser s<strong>em</strong>pre a mais prudente possível, não desprezando<br />

qualquer característica, sinal ou sintoma por mais comum ou corriqueiro que possa parecer.<br />

O intrigante é que ao compararmos os dados físicos e químicos da água analisada,<br />

verificamos que os seus valores se apresentam dentro das características normais para a<br />

região ou ainda de acordo ou próximos dos recomendados para criação de organismos<br />

aquáticos e mesmo assim continua ocorrendo situações e/ou morte dos organismos, com<br />

alguma freqüência ou esporadicamente.<br />

Discutir<strong>em</strong>os a seguir algumas dessas situações que pod<strong>em</strong> ser apontadas como fatores e<br />

causadores dessas <strong>ocorrências</strong> nas criações convencionais e <strong>em</strong> especial quando o projeto<br />

de aqüicultura, <strong>em</strong> água doce, utiliza ou busca suas águas <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as já estabelecidos<br />

como: lagos, rios, represas de abastecimento e represas de contenção para geração elétrica.<br />

Tais sist<strong>em</strong>as para ser<strong>em</strong> aproveitados nesses projetos dev<strong>em</strong> estar classificados segundo<br />

Resolução CONAMA, nº 20, de 18/06/1986”, como “classe 1 e até na classe 2” ou seja,<br />

“com águas destinadas à proteção das comunidades aquáticas e à criação natural e/ou<br />

intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana”.<br />

1


### Procurar<strong>em</strong>os, neste artigo, apontar alguns procedimentos desde: simples<br />

observações, aplicação de testes rápidos, amostragens e determinações, ações imediatas e<br />

identificações preliminares que possam ser realizadas por aqüicultores ou mesmo por<br />

profissionais quando de suas visitas técnicas.<br />

Pois b<strong>em</strong>, um dos fatores possíveis à investigar nesses quadros é a presença de “Algas<br />

Azuis ou verde-azuladas”, chamadas pelos botânicos de Cianofíceas e pelos<br />

microbiologistas de Cianobactérias.<br />

A orig<strong>em</strong> das Cianofíceas-Cianobactérias foi estimada <strong>em</strong> cerca de 3,5 bilhões de anos,<br />

através da descoberta de fósseis <strong>em</strong> rochas sedimentares do noroeste da Austrália,<br />

provavelmente os primeiros produtores primários de matéria orgânica a liberar<strong>em</strong> oxigênio<br />

el<strong>em</strong>entar na atmosfera primitiva.<br />

Viv<strong>em</strong> nos mais diversos meios, como <strong>em</strong> solos, rochas, água doce, salobra e salgada. No<br />

aspecto aqüicultura e abastecimento, os ambientes de água doce são bastante interessantes<br />

visto que a maioria das espécies apresentam um melhor desenvolvimento e presença <strong>em</strong><br />

águas neutro-alcalinas, com pH de 5 a 9, t<strong>em</strong>peratura a partir de 15ºC, (pode aparecer <strong>em</strong><br />

ambientes com até 40ºC), e oxigênio dissolvido elevado. Águas com pH entre 5 a 7 e com<br />

t<strong>em</strong>peratura elevada, apresentam maior predominância das “algas azuis” como Oscillatoria<br />

sp, Microcystis sp, Anabaena sp, etc., mas necessariamente com a presença maior de certos<br />

nutrientes, principalmente o nitrogênio e o fósforo. Algumas espécies dos gêneros<br />

Anabaena e Nostoc apresentam grande capacidade de retirar o nitrogênio do ar.<br />

Ambientes com tais nutrientes, (N e P) <strong>em</strong>bora com concentrações, <strong>em</strong> geral,<br />

aparent<strong>em</strong>ente normais para criação de organismos aquáticos, (tanques, lagos, represas)<br />

pod<strong>em</strong> apresentar <strong>em</strong> certos momentos, considerável redução de oxigênio dissolvido,<br />

principalmente <strong>em</strong> dias nublados e no período noturno. Porém com a presença da luz (sol) a<br />

concentração desse gás sofre natural elevação através do processo fotossintético,<br />

mascarando qualquer diagnóstico quando feito apressadamente. Notar que após as horas<br />

medianas do dia, o pH dessas águas, as concentrações de oxigênio dissolvido e dos<br />

compostos de nitrogênio (amônia, nitrito, nitrato) se encontram dentro dos níveis<br />

permissíveis, principalmente com o aumento do gás oxigênio até o entardecer.<br />

As “Algas Azuis” ou cianofíceas-cianobactérias apresentam algumas diferenciações<br />

marcantes <strong>em</strong> relação aos outros grupos de algas, como as Algas Verdes, as Diatomáceas,<br />

os Cloroflagelados, as Algas Vermelhas, etc.. As “Algas Azuis apresentam organizações<br />

celulares d<strong>em</strong>onstrando ser<strong>em</strong> procariontes, portanto s<strong>em</strong>elhantes às bactérias, <strong>em</strong>bora<br />

sejam aeróbios fotoautotrófico, ou seja, viv<strong>em</strong> na presença de oxigênio, fabricando seu<br />

próprio alimento através da fotossíntese, portanto necessitando para isso da luz, do dióxido<br />

de carbono e substâncias inorgânicas.<br />

Não apresentam núcleo celular e seus pigmentos, entre outros como a ficocianina<br />

(pigmento azul) associada a clorofila, atuam na fotossíntese e se encontram espalhados pela<br />

massa celular (protoplasma). Quando a clorofila esta predominante dá-se uma falsa cor<br />

verde, <strong>em</strong>bora possam se apresentar amareladas, pardacentas, avermelhadas, etc..<br />

A reprodução é assexuada através da divisão de esporos formados; apresentam gotas<br />

internas dispostas no citoplasma contendo óleo como substância de reserva e quando<br />

envelhecidas apresentam pseudovacúolos gasosos no interior da célula, diminuindo sua<br />

2


densidade, que quando do rompimento e/ou morte das células são liberadas ocasionando<br />

aspectos oleosos (manchas) na superfície da água e odores característicos.<br />

# Testes e observações úteis, “in locu”:<br />

Uma característica do grupo das “Algas Azuis” é que não apresenta o amido como<br />

substância de reserva e isso nos permite fazer o “teste do amido, in locu, rápido e prático”<br />

que leva a supor ou não da existência desses especiais organismos <strong>em</strong> uma amostra (gota)<br />

de água sobre uma lâmina plástica transparente ou de vidro, com a simples adição de 1 gota<br />

de solução diluída de lugol ou mesmo o iodo diluído. A composição da solução mãe de<br />

lugol é: 4 g de iodeto de potássio + 6 g de iodo/100 ml de H 2 O destilada, que deve ser<br />

posteriormente diluída antes da sua utilização, <strong>em</strong> água destilada na proporção de 1: 5 ou<br />

até 1:10.<br />

Caso na amostra não se form<strong>em</strong> glúmeros ou pontos azuis (negativo para o amido) após a<br />

adição do lugol, t<strong>em</strong>-se ai a possibilidade da presença desse grupo de organismos (Algas<br />

Azuis) na água. No teste, <strong>outras</strong> estruturas da célula poderão apresentar coloração castanha<br />

ou amarelada, portanto não sendo indicadoras da presença do amido. Atenção: as algas do<br />

grupo Diatomáceas e apenas pouquíssimas Algas Verdes também respond<strong>em</strong><br />

negativamente ao teste, como as do gênero Tribon<strong>em</strong>a, algas freqüentes <strong>em</strong> poças d’ água.<br />

Já outros grupos como a grande maioria das Algas Verdes e alguns Cloroflagelados<br />

respond<strong>em</strong> positivamente ao teste, formando glúmeros ou pontos azuis, por possuír<strong>em</strong> o<br />

amido como substância de reserva. Todas as algas do grupo Cloroflagelados quando<br />

submetidas ao teste com o lugol, apresentam seus flagelos evidenciados por uma coloração<br />

castanha.<br />

Também um sinal da possível existência dessas algas (cianofíceas-cianobactérias) é o fato<br />

da grande maioria se mostrar muito escorregadiça, pela presença de bainha mucilaginosa<br />

ou gelatinosa na m<strong>em</strong>brana. Aglomeradas formam o que chamamos de limo <strong>em</strong> estruturas<br />

rígidas como pedras, astes, estacas, poitas, flutuadores, cercados, malhas, etc. A presença<br />

do limo funciona como abrigo ideal para bactérias como p.ex. do grupo Coliformes.<br />

# Para evidenciar a presença de gelatina, basta adicionar pequena gota de solução aquosa<br />

de tinta nanquim ou mesmo colocar-se a ponta de um lápis-tinta <strong>em</strong> contato com a<br />

amostra/gota de água, sobre uma lâmina plástica transparente ou de vidro. A amostra<br />

devera se tornar vermelha escura (púrpura).<br />

Obs.: As “Algas Azuis” do gênero Oscillatoria não apresentam bainha gelatinosa. Algumas<br />

poucas "Algas Verdes" (p.ex. Desmidiáceas) apresentam formação gelatinosa secretada nos<br />

poros da m<strong>em</strong>brana celular. As filamentosas do genêro Batrachospermum do grupo de<br />

“Algas Vermelhas” formam ramificações como massas gelatinosas pardo-avermelhadas,<br />

s<strong>em</strong>elhantes a ovos de anfíbios, presas às margens, confundindo-se com as desovas de rã ou<br />

sapo.<br />

Outra fácil observação quando da investigação e suspeita de Algas Azuis é a presença de<br />

evidentes manchas oleosas (aspecto oleoso) na superfície da água. Atenção: as<br />

Diatomáceas, alguns Cloroflagelados e raras Algas Verdes (Tribon<strong>em</strong>a sp) apresentam<br />

3


pequenos glóbulos de óleo no interior das células que com o rompimento marcam<br />

pontualmente a superfície da água.<br />

Porém, não se deve caracterizar, obrigatóriamente, como a presença dessas algas à<br />

formação de lâmina, filme ou espuma enrugada de cor esbranquiçada ou até de um marron<br />

claro, que se quebra ao menor toque ou movimentação.<br />

Tal aspecto pode ser encontrado <strong>em</strong> águas neutro alcalinas, (calcárias, magnesianas e/ou<br />

sódicas), com dureza elevada e pela manhã ou <strong>em</strong> intervalos de calmaria, nas áreas ou<br />

épocas de maior t<strong>em</strong>peratura, <strong>em</strong> tanques de criação, na superfície da caixa d’água, do<br />

aquário ou mesmo na marg<strong>em</strong> ou contorno de uma represa e lago. Essa formação é devido<br />

ao precipitado de hidróxido de cálcio-Ca(OH) 2 ou de magnésio-Mg(OH) 2 , resultante da<br />

presença de carbonatos (de Ca ou Mg) mais o gás carbônico na água e mesmo do óxido de<br />

cálcio-CaO mais a água.<br />

Também, filme ou bloco de coloração amarronsada ou mesmo avermelhada <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as<br />

aquáticos, pode ser devido as partículas carreadas de terra ou solo ferroso, formando o<br />

Fe(OH) 3 ou FeO. Essa água originalmente extraída (nascente) é incolor, mas que <strong>em</strong><br />

contato com o ar turva-se com a formação de filme e/ou espuma na superfície de águas<br />

mais calmas ou r<strong>em</strong>ansos e nas curvas do percurso e que mais tarde produz um depósito<br />

ferruginoso devido ao processo de oxidação. Tal formação é então liberada <strong>em</strong> forma de<br />

glúmeros, particularizados <strong>em</strong> porções menores através da ação de qualquer movimento na<br />

massa d’água como velocidade de deslocamento, declives e quedas d’água, etc. Esses<br />

glúmeros além de servir de meio para cultura de certas algas e bactérias, também causam<br />

obstrução gasosa a nível dos filamentos branquiais dos peixes.<br />

Em todos esses casos acima, a depreciação ou morte de organismos como peixes, girinos,<br />

pode ocorrer pelo acúmulo de gases ou substâncias formadas na água, podendo alterar ou<br />

obstruir o processo de troca gasosa p. ex. pelos filamentos branquiais e mesma na própria<br />

interface água/ar. Tais filmes, lâminas, blocos, espumas, glúmeros, etc., pod<strong>em</strong> reduzir o<br />

processo fotossintético ocasionando menor ou nenhuma disponibilidade do oxigênio na<br />

água.<br />

A predominância de Diatomáceas e de algumas Algas Azuis ocasionam coloração<br />

amarronsada com filmes ou manchas mais ou menos espessas ou curiosas espumas na<br />

superfície d’ água.<br />

# Na excessiva proliferação de Cianofíceas-Cianobactérias, “Algas Azuis”, que é a<br />

ocorrência do “bloom ou floração”, pelo aumento da concentração disponível de<br />

nutrientes, t<strong>em</strong>-se caracterizada a marcante presença na superfície da água, formando uma<br />

camada de células vivas e mortas, com centímetros variados de espessura, (ilha ou massa<br />

flutuante), com aspecto de nata de coloração desde o verde, verde-azulada, parda e até<br />

bastante avermelhada como a Oscillatoria rubescens e O. prolifica, o que impede a<br />

penetração e dispersão normal dos raios luminosos, dificultando a eliminação dos gases<br />

oriundos das reações ocorridas nesse sist<strong>em</strong>a.<br />

Essas massas flutuantes, locomovendo-se pela ação do vento ou correnteza, pod<strong>em</strong> ser<br />

notadas tanto <strong>em</strong> tanque de criação convencional como <strong>em</strong> lagos e represas, observando-se<br />

alterações comportamentais nos peixes e até significativas mortandades. Em sist<strong>em</strong>as com<br />

4


tanques-rede, tais massas pod<strong>em</strong> ser retidas por t<strong>em</strong>po maior na superfície d’água, presas às<br />

malhas e/ou estruturas.<br />

Tais ilhas ou massas flutuantes de Algas Azuis, quando de ruptura e/ou decomposição dos<br />

microrganismos causam odores desagradáveis, consom<strong>em</strong> o oxigênio da água no local, <strong>em</strong><br />

ambientes maiores, formam as chamadas “manchas críticas localizadas” como pH e<br />

oxigênio dissolvido baixo (pode-se encontrar O.D. zero), entre <strong>outras</strong> variáveis,<br />

ocasionando a morte dos peixes por asfixia e/ou presença de toxinas.<br />

# Os odores e sabores presentes <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as aquáticos são formados a partir das<br />

inúmeras combinações sensoriais possíveis, essencialmente advindas das 4 categorias de<br />

gostos minerais ou orgânicos (ácido, amargo, doce e salgado) e dos odores produzidos por<br />

compostos orgânicos. Certas substâncias produzidas causam curiosas sensações na língua,<br />

como de adstringência, secura, metálica, etc.<br />

Pode-se dizer que a grande maioria das algas são capazes de formar odores e sabores, desde<br />

o início até após a morte, com as mais variadas características, desde o simples odor e/ou<br />

sabor de alga (por associação), de menor ou maior sabor e gosto de peixe, passando pelo<br />

odor de gerânium, de violetas, de inseticidaBHC, até os mais estranhos como de r<strong>em</strong>édio,<br />

do formol, de mofo e o terrível cheiro de esgoto. Na verdade a fonte de tais características<br />

são os lipídios totais e ácidos voláteis (gases) produzidos e acumulados durante a vida das<br />

células, associados ou não à <strong>outras</strong> substâncias e liberados quando da sua destruição por<br />

ruptura espontânea ou provocada ou quando no processo de decomposição pela ação de<br />

fungos ou bactérias. Portanto a intensidade desses odores e sabores depende do t<strong>em</strong>po, do<br />

ciclo de vida das células das algas e do meio que estejam, podendo ocorrer modificações de<br />

odor e sabor no decorrer e até pelas possíveis combinações.<br />

Acompanhamentos são feitas com intuito de se ter uma relação física, t<strong>em</strong>poral e mesmo<br />

numérica desses odores, gostos e sabores, com as espécies de algas presentes no meio.<br />

Assim p. ex., as espécies de “algas azuis” a Microcystis aeruginosa, a M. flos-aquae e a M.<br />

toxica, reunidas por alguns autores <strong>em</strong> uma única espécie a Anacystis cyanae, que nas<br />

florações formam na superfície da água o característico caldo verde, de início apresentam<br />

gosto adocicado, produzindo odor de capim, quando vivas e odor séptico quando <strong>em</strong><br />

decomposição. A “diatomácea” Synedra ulna p.ex. produz odor e sabor de capim quando<br />

<strong>em</strong> pouco número, mas modifica para o de terra ou mofo quando <strong>em</strong> quantidade maior. As<br />

“cloroflageladas” do gênero Synura possu<strong>em</strong> gosto picante metálico, (algumas espécies<br />

apresentam sabor e odor de peixe, ou de pepino ou mesmo séptico), e ocasionam à língua<br />

uma sensação de secura pegajosa. A ‘alga verde”, Staurastrum paradoxum, b<strong>em</strong> comum<br />

<strong>em</strong> lagos e represas, produz odor e sabor de capim.<br />

Algumas Algas Verdes como as Cladophora sp , p. ex., que <strong>em</strong>bora sendo filamentosas e<br />

fixas no substrato, quando da morte, pela formação de gases no seu interior, também vão à<br />

superfície <strong>em</strong> forma de verdadeiras bolhas flutuantes que ao se romper<strong>em</strong> liberam sabores<br />

e odores sépticos, mesmo <strong>em</strong> águas não poluídas. No grupo dos Cloroflagelados, a espécie<br />

Uroglenopsis americana, p.ex., mesmo quando <strong>em</strong> pequeno número na água, liberam<br />

fortíssimo odor de peixe. p.ex. e algumas algas do gênero Synura apresentam desagradável<br />

odor séptico, com ou s<strong>em</strong> “bloom”.<br />

Todas essas algas dominam ou não <strong>em</strong> número e na diversidade e também pod<strong>em</strong> aparecer<br />

como uma “não floração” por algum t<strong>em</strong>po, visto as dependências ambientais especificas.<br />

5


Particularmente, tenho sido constant<strong>em</strong>ente procurado por criadores e/ou pesqueiros,<br />

queixosos dos sabores e odores <strong>em</strong> seus peixes, ocasionando depreciação do produto<br />

abatido e mesmo vivo, com descartes dramáticos, principalmente <strong>em</strong> pesqueiros que<br />

receb<strong>em</strong> de outros criadores ou atravessadores, s<strong>em</strong> acompanhamento de procedência e<br />

qualidade. A seguir, no texto indicamos as atitudes e ações a ser<strong>em</strong> tomadas.<br />

# <strong>Cianotoxinas</strong>: toxinas de algas azuis<br />

• O aspecto mais importante e particular das Algas Azuis, <strong>em</strong> água doce, é que certas<br />

linhagens ou cepas dos seus vários gêneros e espécies, produz<strong>em</strong> substâncias<br />

(cianotoxinas) mortais aos peixes e a outros organismos aquáticos, como também aos<br />

♦ animais não aquáticos como o hom<strong>em</strong> e aves, quando ingeridas. Essas substâncias<br />

formadas livr<strong>em</strong>ente no interior da célula, portanto dispersas no citoplasma<br />

(endotoxinas) e não <strong>em</strong> estruturas secretoras, ating<strong>em</strong> o meio aquático através da<br />

passag<strong>em</strong> pela m<strong>em</strong>brana celular (substância dialisável) s<strong>em</strong> qualquer canal excretor,<br />

ou quando do rompimento e morte da célula, sendo altamente solúvel e ativa por algum<br />

t<strong>em</strong>po no meio aquático.<br />

• ### Atenção: Quando da mortandade de organismos com suspeita da presença de<br />

“<strong>Cianotoxinas</strong>”, esses ex<strong>em</strong>plares dev<strong>em</strong> ser descartados do comércio e da alimentação<br />

animal e humana. A despesca, a pesca ou mesmo abate dos ex<strong>em</strong>plares ainda vivos só<br />

devera ser liberada após a segura constatação da não presença de tais toxinas na água e<br />

nos organismos. (ver itens sobre atitudes e ações a ser<strong>em</strong> tomadas)<br />

• Tais endotoxinas apresentam graus tóxicos diversos, b<strong>em</strong> como características e ações<br />

diferentes, sendo agrupadas <strong>em</strong>: neurotoxinas e hepatotoxinas, podendo ser produzidas<br />

por diferentes gêneros e espécies ou pelo mesmo gênero ou espécie de algas.<br />

• Assim as chamadas neurotoxinas definidas como alcalóides ou organofosforados<br />

neurotóxicos, se caracterizam por sua ação rápida, causando a morte por parada<br />

respiratória após poucos minutos de exposição, antecedida por respiração ofegante,<br />

desequilíbrio, convulsões marcantes seguida de decréscimo nos movimentos. As<br />

neurotoxinas são produzidas por algumas cepas dos gêneros: Anabaena,<br />

Aphanizomenon, Oscillatoria, Trichodesmium, etc.. Essas neurotoxinas apresentam-se<br />

com ações diferenciadas, <strong>em</strong>bora possam ser produzidas pelo mesmo gênero ou espécie<br />

de alga.<br />

• Já as endotoxinas chamadas de hepatotoxinas apresentam atuação menos rápida,<br />

causando a morte após horas e mesmo dias da sua ingestão, sendo identificadas como<br />

peptídeos ou alcalóides hepatotóxicos, presentes <strong>em</strong> algumas cepas dos gêneros:<br />

Microcystis, Anabaena, Nodularia, Oscillatoria, Nostoc e Cylindrospermopsis, p. ex.;<br />

são as mais comum, ocasionando diminuição dos movimentos, prostração, vômitos e<br />

aumento das excreções como diarréias e quando da verificação dos órgãos internos,<br />

notam-se h<strong>em</strong>orragias intra-hepática.<br />

*Os sinais e sintomas aqui apresentados pod<strong>em</strong> ser observados <strong>em</strong> parte, <strong>em</strong> seqüência ou<br />

totalmente desde os peixes, anfíbios, aves e mamíferos, individualmente ou não, servindo<br />

para orientar possíveis diagnósticos e a tomada de atitudes.<br />

6


• Alertamos da existência de cepas desses organismos geneticamente distintas, desde as<br />

não produtoras de toxina, as produtoras de toxina mais forte e/ou as produtoras de<br />

toxina mais branda e que fatores ambientais como luz, t<strong>em</strong>peratura e nutrientes<br />

regulariam a síntese dessas substâncias. As florações dessas algas pod<strong>em</strong> apresentar<br />

variações t<strong>em</strong>porais, desde intervalos curtos de t<strong>em</strong>po até diferenças sazonais, anuais e<br />

também espacial, provavelmente com alterações na proporção de cepas mais tóxicas e<br />

até as não tóxicas.<br />

• Ensaios efetuados <strong>em</strong> camundongos d<strong>em</strong>onstram que cepas ou linhagens de uma<br />

mesma espécie ou gênero, pod<strong>em</strong> fabricar toxina extr<strong>em</strong>amente forte, (VFDF = very<br />

fast death factor) produzida por ex<strong>em</strong>plo pela espécie Anabaena flo-aquae que mata<br />

após 1 a 10 minutos da inoculação; ou pod<strong>em</strong> fabricar uma toxina muito forte, (FDF = fast<br />

death factor) ocasionando a morte <strong>em</strong> apenas uma hora após a inoculação; ou menos forte<br />

(SDF = slow death factor) com ação menos rápida e morte só após 3 horas de inoculação;<br />

e até as que não produz<strong>em</strong> toxina alguma. A ocorrência irregular de tais toxicidades ainda<br />

não foi devidamente esclarecida, porém estudos recentes indicam que 50% das <strong>ocorrências</strong><br />

de florações mostraram-se com certa toxicidade <strong>em</strong> bioensaios efetuados. Algumas<br />

espécies desses organismos, inclusive as que não apresentam toxina própria, pod<strong>em</strong> ao<br />

entrar <strong>em</strong> decomposição, originar um ambiente anaeróbio, (s<strong>em</strong> oxigênio) propício ao<br />

desenvolvimento de bactérias tóxicas. Atualmente, alguns pesquisadores consideram que<br />

certas algas azuis, mesmo quando vivas, pod<strong>em</strong> hospedar bactérias tóxicas.<br />

Também, sabe-se que as algas azuis constitu<strong>em</strong> uma grande fonte de produtos<br />

naturais tóxicos e, <strong>em</strong>bora ainda não estejam devidamente esclarecidas as causas da<br />

produção dessas toxinas, têm-se assumido que esses compostos tenham função protetora<br />

contra herbivoria, ou seja uma defesa natural.<br />

# Algumas correlações das variáveis físicas, químicas e biológicas;<br />

Outro aspecto a se considerar quando da presença de algas é que são esperados valores<br />

b<strong>em</strong> específicos e característicos para as variáveis como pH, OD, CO 2 , nitrogênio, fósforo,<br />

luminosidade, t<strong>em</strong>peratura, profundidade, etc. e que pod<strong>em</strong>, a princípio, vistos<br />

individualmente ou s<strong>em</strong> se fazer correlações comportamentais, nos levar a acreditar de “não<br />

causadores da mortandade” dos peixes, por ex<strong>em</strong>plo. Porém, l<strong>em</strong>bramos que são esses<br />

mesmos valores característicos que determinam a proliferação e morte de algas chamadas<br />

“tóxicas”, liberadoras de substâncias com odores e sabores desagradáveis e de<br />

ocasionadoras de processos químicos e físicos diversos.<br />

A presença das algas azuis é determinada p.ex. num intervalo de pH de 5,0 – 8,0 e a morte<br />

ocorre tanto <strong>em</strong> pH abaixo de 5,0 como acima de 7,5,- 8,0, na maioria ocasionando<br />

liberação de manchas oleosas características, gases, espumas ou natas de coloração<br />

esverdeada. Além disso, quando da morte das mesmas, os valores dessas variáveis sofr<strong>em</strong><br />

alterações subsequentes, como no processo de oxidação ocorrido na decomposição da<br />

matéria orgânica ali acumulada. O oxigênio dissolvido na água sofre redução,<br />

predominância dos ions hidrogênio e queda do pH, tornando a água mais ácida ou menos<br />

alcalina, contribuindo ainda mais para o desaparecimento e possíveis mortes não só dessas<br />

algas, mas de outros organismos, desde bactérias até peixes.<br />

Tal quadro, ou seja, com pH mais ácido, p. ex., leva a uma alteração drástica no<br />

ciclo do nitrogênio pela não disposição adequada das bactérias nitrificantes (Nitrosomonas,<br />

7


Nitrobacter), portanto com o acúmulo da forma inorgânica da amônia-NH 4 na água, essa<br />

menos tóxica, porém com maior ação por apresentar maior capacidade de permanência na<br />

água, por ser menos volátil, etc. L<strong>em</strong>bramos que a amônia inorgânica é a primeira<br />

substância a ser formada na água a partir da amônia orgânica, assim: NH 3 + H 2 O ←→<br />

NH + 4 + OH<br />

Quando <strong>em</strong> pH alcalino, p.ex., acima de 8,0 e, a medida que ocorra aumento dessa variável<br />

na água, t<strong>em</strong>os percentagens mais eqüidistantes entre a amônia orgânica e inorgânica, ou<br />

seja, com a presença cada vez maior (%) da forma mais tóxica, a amônia orgânica-NH 3 , ,<br />

porém mais volátil; a forma menos tóxica, a amônia inorgância-NH 4, sofre diminuição <strong>em</strong><br />

percentag<strong>em</strong>, mas por ser menos volátil, consegue permanecer disponível por mais t<strong>em</strong>po.<br />

então: pH NH 3 NH + 4<br />

( % ) ( % )<br />

7,0 1 99<br />

7,5 2 98<br />

8,0 5 95<br />

8,5 15 85<br />

9,0 36 64<br />

9,5 64 36<br />

10 85 15<br />

⇓ ⇓<br />

+ tóxica - tóxica<br />

+ volátil - volátil<br />

As bactérias do “ciclo de nitrogênio” apresentam desenvolvimento mais adequado entre um<br />

pH de 5,0 a 8,0 e s<strong>em</strong> ou quase nenhum desenvolvimento <strong>em</strong> pH maior ou menor. São<br />

essas bactérias que oxidam a amônia inorgânica, ou seja, o NH 4 + Nitrossomona,<br />

formando o nitrito-NO 2 (tóxico) e este sob ação das Nitrobacter originando o nitrato-NO 3 .<br />

Assim:<br />

Nitrosomonas spp<br />

2NH + 4 + 3O 2 →<br />

- (menos<br />

2NO solúvel) 2 + 4H + + 2H 2 O<br />

Nitrobacter spp<br />

-<br />

2NO 2 + O 2 →<br />

- (solúvel)<br />

2NO 3<br />

obs.: o nitrato pode ser absorvido pelos organismos, até <strong>em</strong> relativa concentração, não<br />

ocasionando danos significativos.<br />

Portanto, s<strong>em</strong> dúvida alguma é melhor ter-se o nitrogênio <strong>em</strong> estado de nitrato-NO 3 , por<br />

ser de imediata assimilação pelos organismos, como as algas, a princípio não sendo tóxico,<br />

e também servindo como fonte alternativa de oxigênio e nitrogênio para a vida, durante<br />

períodos de baixa concentração de O 2 , no caso, durante a noite.<br />

Em todo esse ciclo, não havendo quantidade suficiente de oxigênio, ocorre um processo<br />

completamente diferente, como a decomposição de proteínas, produzindo aminoácidos,<br />

estes parcialmente desdobrados <strong>em</strong> amônia, ácidos graxos e ácido carbônico.<br />

Alguns aminoácidos sofr<strong>em</strong> decomposição bacteriana (anaeróbia), produzindo hidrogênio<br />

sulfídrico, indol e escatol, exalando odores, resultantes do processo de fermentação<br />

(decomposição). A curto prazo e <strong>em</strong> grandes quantidades de indol e escatol, pode-se obter<br />

concentrações tóxicas de fenólis, entre outros, o que ocasiona a morte de organismos n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre diagnosticada pelo criador. Outra possibilidade, é a que o nitrato sofra redução para<br />

8


nitrito e amônia, esses tóxicos. Na maioria dessas <strong>ocorrências</strong>, a determinação da presença<br />

de tais compostos é feita através de análises laboratoriais e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre disponíveis ao<br />

aqüicultor.<br />

+<br />

Sob condições quase anaeróbias, a forma NH 4 da amônia, (íons amônio), acumula-se<br />

rapidamente, quando de um aumento do grau de decomposição da matéria orgânica,<br />

combinada com a excreção dos organismos, podendo criar sérios probl<strong>em</strong>as, dificultando a<br />

já ineficiente oxidação do nitrito <strong>em</strong> nitrato. Probl<strong>em</strong>as respiratórios ating<strong>em</strong> os<br />

organismos, quando <strong>em</strong> concentração de 0,4 a 1 mg/l -amônia total, na água, sugerindo-se<br />

s<strong>em</strong>pre que possível, que a concentração esteja abaixo que 0,2 mg/l, numa garantia total.<br />

A toxicidade da amônia varia não só de acordo com nível presente, mas também com o<br />

teor de oxigênio ou o excesso de anídrico carbônico (saturação de CO 2 ).<br />

** Na avaliação dos casos de mortandade ou florações deve-se l<strong>em</strong>brar que os íons fosfato<br />

e nitrato são normalmente nutrientes limitantes, atuando e interferindo juntamente com<br />

outros fatores como a turbidez, os sólidos <strong>em</strong> suspensão, a cor, a profundidade, o limite da<br />

capacidade de penetração da luz, o processo fotossintético e a produção de matéria<br />

orgânica.<br />

O ciclo do fósforo, diferente do ciclo de nitrogênio, não necessita de bactérias para ocorrer,<br />

sendo que sua circulação se passa de um meio para outro, ou seja do solo para a água e<br />

vice-versa. Na água a sua imediata incorporação é iniciada pela ingestão pelo plâncton, na<br />

forma livre, podendo ser incorporado a outros organismos através de simples ingestão dos<br />

diversos alimentos. Pode apresentar-se sob diferentes formas na solução aquosa, como:<br />

ortofosfato (mais disponível e utilizada pelos microorganismos); como polifosfato, como<br />

metafosfato e como fósforo orgânico.<br />

A análise para a concentração do fósforo na água, deve ser através da determinação da<br />

forma de fosfato total -PO 4 , visto ocorrer flutuações das várias formas de fósforo <strong>em</strong><br />

viveiros, sendo conseqüência da solubilização das formas contidas no sedimento, nos<br />

primeiros centímetros da sua superfície. É um nutriente disponível e presente na massa<br />

líquida, pelas várias formas apresentadas.<br />

Aumentos ligeiros e mesmo t<strong>em</strong>porais de nitratos e fosfatos levam, freqüent<strong>em</strong>ente, a<br />

fenômenos de florações com à elevação do número de organismos, <strong>em</strong> especial, das<br />

espécies de “algas azuis”. Esses minerais se encontram normalmente <strong>em</strong> concentrações<br />

próximas e limítrofes no meio aquático, provenientes p. ex. da atividade de bactérias<br />

nitrificantes, da decomposição da matéria vegetal ou animal, do solo e da água drenada<br />

como N e P minerais, ou mesmo da atmosfera pela ação de certa bactéria (Azotobacter) e<br />

algumas algas cianofíceas (Anabaena, Nostoc, p.ex.) que apresentam capacidade de fixar o<br />

nitrogênio do ar. O fósforo, por sua vez pode provir de rochas fosfáticas, apatitas que pela<br />

atividade de certas bactérias, ainda pouco conhecidas, são capazes de reduzir suas formas<br />

mais complexas. Métodos de r<strong>em</strong>oção ou limitação desses nutrientes pod<strong>em</strong> ser utilizados.<br />

Ainda não se conhece com certeza qual a relação de maior importância de um desses<br />

el<strong>em</strong>entos que pode ser considerado como fator limitante para os microrganismos<br />

fotossintetizantes. O que se sabe é que, quando de florações de algas, o nitrogênio<br />

inorgânico se encontra <strong>em</strong> relação ao fósforo inorgânico na proporção de 30:1-C:N.<br />

9


Em estudos incluindo o gás carbônico-CO 2 , a relação se apresenta como 370:20:1 -C:N:P<br />

para a maioria dos grupos de algas, com exceção para as “algas azuis” que é de 160:20:1 -<br />

C.N.P, indicando que estas últimas são menos exigentes à presença desse gás.<br />

Pode-se então afirmar que o gás carbônico-CO 2 torna-se um importante fator limitante para<br />

a ocorrência e domínio de “algas azuis”, ou seja, quando da redução do acesso de carbono<br />

na água, tornando-a mais alcalina, limita-se e diminui-se a diversidade de grupos de algas,<br />

favorecendo a presença das algas azuis; se elevarmos a sua concentração, resultando uma<br />

água menos alcalina, pode-se até certo ponto considerar como benéfica, por favorecer a<br />

presença de outros grupos de algas menos nocivas, auxiliando a competitividade entre as<br />

mesmas, não permitindo o domínio das “algas azuis” .<br />

Então, aparent<strong>em</strong>ente, tanques convencionais da aqüicultura nacional, por ter<strong>em</strong> pequenas<br />

profundidades (0,70cm – 1,50 cm), favoreceriam o acesso de CO 2 às <strong>outras</strong> algas, pela<br />

proximidade entre o sedimento, lodo orgânico e a zona fotossintética, apontando assim `a<br />

uma maior diversidade dos grupos desses organismos e não predomínio de “algas azuis”.<br />

Por outro lado, alertamos do risco quando do processo de desestratificação térmica,<br />

(convecção p. ex.), com o movimento das águas do fundo para a superfície, e o imediato,<br />

fenômeno de ocorrência freqüente <strong>em</strong> regiões onde a diferença das t<strong>em</strong>peraturas ambiente<br />

se apresentam com valores marcantes, principalmente entre o dia e a noite. Outros<br />

el<strong>em</strong>entos e/ou substâncias potencialmente nocivas (tóxicas) passam a disponibilizar-se na<br />

água, ocasionando mortandades, desta vez não pela presença das cianotoxinas. Esse<br />

movimento das massas d’ água, também pod<strong>em</strong> disponibilizar formas de nutrientes, como<br />

o N e P, contribuindo por sua vez, para o a ocorrência de mais <strong>outras</strong> florações com grupos<br />

diversos.<br />

# Atitudes e ações a ser<strong>em</strong> tomadas<br />

♦ Em situações com odores e sabores nos organismos e nas águas dos tanques de criação,<br />

lagos, represas, etc., orienta-se à aplicação imediata da correta renovação d’água do<br />

sist<strong>em</strong>a de criação e expurgo da água do fundo, s<strong>em</strong> antes procurar identificar quais<br />

grupos, gêneros ou espécies de algas presentes e caracterizar a qualidade das águas,<br />

seguido da aplicação de seguro algicida (ver itens e quadro abaixo).<br />

♦ Nos sist<strong>em</strong>as de abate visando a comercialização do produto: preventivamente deve-se<br />

manter instalado processo (tanques) de depuração com alta concentração de oxigênio<br />

ou ozonização e grande renovação de água, antecedido da passag<strong>em</strong> das águas de<br />

abastecimento, por canais contendo “carvão ativado”, disperso desde 5mg/l até 300-<br />

500mg/l, dependendo do tipo e do grau dos odores e sabores a ser<strong>em</strong> r<strong>em</strong>ovidos. Tal<br />

procedimento além de prevenir a presença de sabores marcantes, aumenta a qualidade<br />

do produto a ser comercializado.<br />

♦ Em lagos de pesqueiro, aconselha-se manter previamente os ex<strong>em</strong>plares suspeitos e<br />

recém chegados <strong>em</strong> tanques ou lagos de depuração, com água de boa qualidade, grande<br />

renovação e alta oxigenação.<br />

* Quando da ocorrência de florações e/ou da mortandade com suspeita de <strong>Cianotoxinas</strong>;<br />

descartar os organismos (peixes, etc.) mortos e suspender a pesca, a despesca e o abate dos<br />

10


ex<strong>em</strong>plares ainda vivos. Quando de florações com suspeita ou não da presença de algas<br />

azuis <strong>em</strong> ambientes de criação de organismos (aqüicultura) de água doce, deve-se:<br />

a) recolher de imediato amostras dos organismos criados, separando para análise biológica<br />

e toxicológica, apenas os ex<strong>em</strong>plares recent<strong>em</strong>ente mortos e ex<strong>em</strong>plares ainda vivos,<br />

identificando-os;<br />

b) recolher de imediato amostras d’água para análise e identificação hidrobiológica;<br />

c) promover a imediata e correta renovação das águas;<br />

d) a aplicação de algicidas/bactericidas só deve ser efetuada após a renovação, visto ter-se<br />

a possibilidade da liberação de toxinas, com a morte desses organismos. O fator que<br />

orienta também o quadro e a extensão da ação dessas substâncias é a concentração<br />

disponível na água.<br />

# Renovação correta = consiste <strong>em</strong>:<br />

♦ aumentar o volume de entrada da água nova (vazão da água de orig<strong>em</strong>);<br />

♦ manter aberto o sist<strong>em</strong>a de extravasamento (saída superior da água), para que seja<br />

liberada a camada superior que abriga os el<strong>em</strong>entos/substâncias e mesmo os organismos<br />

suspeitos;<br />

♦ expurgar (liberar) a água do fundo do tanque ou sist<strong>em</strong>a; o expurgo total da camada<br />

inferior rente ao solo é necessário pois ali se dispõ<strong>em</strong> os possíveis nutrientes ou<br />

substâncias que abastec<strong>em</strong> as camadas superiores da água, através do processo de<br />

convecção ou qualquer outro movimento.<br />

Os meios mais rápidos e eficientes quanto ao manejo das águas e aplicação do expurgo<br />

são:<br />

• dispor na canaleta de abastecimento, no tubo ou caixa, algum meio ou artifício de<br />

regulag<strong>em</strong> do volume (abre/fecha) da água de entrada;<br />

• manter aberta a calha ou cano para extravasamento da camada de água superior;<br />

• possuir sist<strong>em</strong>a de expurgo tipo monge ou tubo inferior com saída <strong>em</strong> cotovelo; tais<br />

sist<strong>em</strong>as permit<strong>em</strong> o controle do volume de saída, ou seja da vazão da água de<br />

lançamento e da altura ou nível da água do tanque;<br />

• aconselha-se dispor sacos de ráfia/aniag<strong>em</strong>, com carvão ativado na canaleta de<br />

lançamento dessas águas, antes da sua chegada à qualquer outro sist<strong>em</strong>a como<br />

córrego, riacho, lago ou represa. É o carvão vegetal poroso, (poro com cerda de<br />

20 angstrons ) previamente submetido a um tratamento especial, apresentando<br />

suspensão e dispersão maior, alto poder de adsorsão (retenção) e baixa<br />

densidade.<br />

• obs.: quando da não existência desses artifícios, outro meio que deve estar s<strong>em</strong>pre a<br />

disposição é o sist<strong>em</strong>a de sifonamento das águas da superfície e do fundo.<br />

## Atenção: reprovamos a prática infelizmente fartamente observada <strong>em</strong> pesqueiros, de<br />

liberar<strong>em</strong> suas águas apenas por simples transbordamento, s<strong>em</strong> retirar a água do fundo (a<br />

pior água) e apresentando interligações entre os seus vários lagos de pesca.<br />

11


## Nas criações convencionais, (aqüicultura <strong>em</strong> tanques externos), só após a correta<br />

renovação, é que se deve fazer uso de qualquer algicida ou bactericida. L<strong>em</strong>brar que com a<br />

lise e morte das algas ocorre a liberação da toxina.<br />

O “sal grosso” (sal para pecuária-gado) pode ser utilizado como um seguro bactericidaalgicida,<br />

lançado na proporção segura de 25-30 kg para cada 50 metros de marg<strong>em</strong>,<br />

quando <strong>em</strong> tanques de criação convencionais, de 0,70 cm a 1,50 cm de profundidade. É<br />

recomendável a aplicação posterior do calcário dolomítico/calcário duplo Ca-MgCO 3<br />

(calcário agrícola) na mesma proporção, visando a maior adsorsão e decantação das<br />

partículas dos dissolvidos, obtendo-se também a relação de tamponamento na água, com o<br />

equilíbrio do pH, estabilidade dos carbonatos/bicarbonatos e equilíbrio nos ciclos de<br />

nitrogênio e fósforo.<br />

Um outro algicida bastante utilizado é o “sulfato de cobre - CuSO 4 ” numa concentração de<br />

0,1 a 0,3mg CuSO 4 /litro para águas com alcalinidade de 25 a 50mg CaCO 3 /l ; <strong>em</strong> maiores<br />

alcalinidades, a dosag<strong>em</strong> de “sulfato de cobre” deve ser maior (0,5 a 1,0mg CuSO 4 /l).<br />

Pode-se usar o sulfato de cobre <strong>em</strong> conjunto com o calcário dolomítico <strong>em</strong> casos especiais<br />

de presença excessiva de algas com a finalidade de acelerar a floculação e decantação, com<br />

imediato expurgo ou retirada da água de fundo.<br />

Cuidado: A aplicação do “sulfato de cobre” deve ser feita sob orientação técnica. Não<br />

aplicar o sulfato de cobre -CuSO 4 <strong>em</strong> águas com alcalinidade abaixo de 20/25mg CaCO 3 /l,<br />

com o risco de morte dos peixes por um processo ou fenômeno de natureza coloidal, ou<br />

seja, com a coagulação do muco branquial e conseqüente asfixia.<br />

Também sabe-se que <strong>em</strong> águas altamente alcalinas ou excessivamente duras (acima de 100<br />

– 150 mg CaCO 3 /l) ricas <strong>em</strong> carbonatos de cálcio, o sulfato de cobre combina-se a este,<br />

formando composto insolúveis, precipitando como carbonato básico e hidrato de cobre,<br />

ineficientes como algicida, porém podendo ser tóxico e letais aos peixes quando a<br />

concentração de cobre excede à 0,25 mg Cu/l.<br />

# Recomenda-se a forma de “cristais de sulfato de cobre” distribuídos pelo viveiro <strong>em</strong><br />

sacos de ráfia/aniag<strong>em</strong>, flutuantes ou s<strong>em</strong>i mergulhados, de maneira que os cristais se<br />

dissolvam gradualmente, misturando à água. É interessante dispor alguns sacos com esses<br />

cristais ou mesmo o próprio “sal grosso” como algicida <strong>em</strong> locais onde que pela ação do<br />

vento ocorra acúmulo de massa flutuante de fitoplâncton. Essa forma de aplicação permite<br />

a retirada imediata dos sacos, quando de alterações comportamentais dos peixes e possível<br />

morte pela ação de qualquer um dos algicidas utilizados.<br />

Outros algicidas-bactericidas são conhecidos e utilizados, porém suas aplicações dev<strong>em</strong><br />

ser orientadas por um técnico, visto os possíveis efeitos adversos ao ambiente e aos<br />

organismos <strong>em</strong> geral.<br />

### No mercado já existe alguns produtos que se apresentam com composição adequada<br />

para aplicação, <strong>em</strong> conjunto ou não com o sulfato de cobre, <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as aquáticos, desde à<br />

simples prevenção, desinfeção, tratamento contra excesso de algas, até como corretivo.<br />

Neste caso seguir rigorosamente a orientação do fabricante.<br />

Quanto à “r<strong>em</strong>oção ou limitação do fósforo” <strong>em</strong> ambientes com crescimento maior de<br />

fitoplâncton pode-se utilizar fontes de ferro, (cloreto de ferro), de alumínio, (sulfato de<br />

12


alumínio/coagulante), ou mesmo fontes de íons de cálcio como o gesso, o cal virg<strong>em</strong>, o cal<br />

hidratada e o calcário agrícola, que reag<strong>em</strong> com o ferro, precipitando no ambiente<br />

aquático, formam insolúveis, arrastando para o fundo e passando a fazer parte do solo. O<br />

fósforo assim combinado permanecerá fixado e indisponível para o plâncton. Em águas<br />

com pH alto (alcalinas), deve-se utilizar uma fonte acidificante como o sulfato de alumínio-<br />

AlSO 4 , de 20 a 30 mg/l, facilmente encontrado no comércio à preço acessível. Já <strong>em</strong> águas<br />

ácidas ou de baixa alcalinidade, o melhor é usar o gesso, nome comercial do sulfato de<br />

cálcio, de melhor solubilidade que o calcário agrícola, cal virg<strong>em</strong> ou mesmo o cal<br />

hidratado, comentados anteriormente, numa dosag<strong>em</strong> de 100-200 mg/l. Cuidados na<br />

dosag<strong>em</strong> e permanência dos mesmos dev<strong>em</strong> ser tomados, como p.ex. lança-los<br />

acondicionados <strong>em</strong> sacos tipo estopa/ráfia, mantidos amarrados à marg<strong>em</strong>.<br />

Também, <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as de maior dimensão como represas de abastecimento ou lagos de<br />

criação, a aplicação de precipitadores/fixadores-algicidas-bactericidas deve ser<br />

acompanhado por técnico especializado, assim como a ação de expurgo e renovação da<br />

água.<br />

Atualmente, com incentivo governamental, v<strong>em</strong>os que estão utilizando as grandes áreas<br />

hídricas (represas, lagos, rios, estuários, etc.) para aqüicultura, (abastecimento de tanques<br />

e/ou disposição de tanques-rede), porém l<strong>em</strong>bramos que cuidados, caracterizações e<br />

monitoramento da qualidade dessas águas devam obrigatoriamente fazer parte do projeto,<br />

influindo na capacidade produtiva, sanitária e econômica desses sist<strong>em</strong>as.<br />

Atenção: a constatação da presença de possíveis substâncias tóxicas (cianotoxinas, p. ex.),<br />

na água, só pode ser feita através de análises químicas e ensaios toxicológicas, porém<br />

observações corriqueiras e testes de campo (teste do lugol, teste da tinta nanquim, kit-teste<br />

p/ amônia e nitrito), pod<strong>em</strong> e dev<strong>em</strong> ser realizados rotineiramente pelo criador de<br />

organismos aquáticos, alertando-o e evitando-se assim a ocorrência de eventos<br />

desagradáveis e mortandades aparent<strong>em</strong>ente inexplicáveis.<br />

# Amostrag<strong>em</strong><br />

A amostrag<strong>em</strong> é o passo mais importante para a caracterização de microconstituintes nas<br />

águas, devendo ser realizada com calma e precaução, evitando-se ao máximo as perdas e<br />

contaminações possíveis, com critérios na escolha dos locais de coleta, com o uso de<br />

equipamentos mais adequados e uma correta preservação da amostra, <strong>em</strong>bora sabendo-se<br />

das alterações que ocorrerão inevitavelmente após separar-se a amostra das suas condições<br />

originais.<br />

Quando da necessidade de análises químicas (série de nitrogênio, fosfato total, etc.),<br />

identificação hidrobiológica (algas) e/ou ensaios toxicológicos, deve-se proceder a<br />

amostrag<strong>em</strong> correta da água, com identificação do local, preservação adequada, análise<br />

rápida através de kit/teste de campo e/ou envio rápido para um técnico ou laboratório<br />

especializado.<br />

Os ex<strong>em</strong>plares dos organismos criados que for<strong>em</strong> recolhidos para os exames biológicos e<br />

análises toxicológicas, deverão ser acondicionados <strong>em</strong> frasco, b<strong>em</strong> limpo, de vidro neutro<br />

(boca larga) ou envoltos <strong>em</strong> papel de alumínio, identificando-os. Manter sobre refrigeração<br />

e nunca congelar. Enviar de imediato ao técnico ou ao laboratório especializado.<br />

13


Mesmo para os testes simples aqui apresentados, como o do lugol/iodo para o amido, tinta<br />

nanquim/lápis tinta para a gelatina, etc., deve-se, se possível, amostrar água de vários<br />

pontos e profundidades, de preferência de superfície, meio e fundo.<br />

Deve-se também recolher amostras através da raspag<strong>em</strong> das superfícies duras e fixas<br />

(pedras, laterais e fundo das canaletas dos tanques ou lagos, etc.), nos locais suspeitos;<br />

essas amostras dev<strong>em</strong> ser misturadas a água de contato do local, <strong>em</strong> frascos de 300 ml,<br />

previamente s<strong>em</strong>i cheios, (½ a 2 / 3 ).<br />

• Na coleta de amostra da água de superfície, usa-se: um frasco ou balde (4 litros) de<br />

material plástico (polietileno) previamente limpo, que deve ser lavado várias vezes na<br />

própria água antes da amostrag<strong>em</strong> propriamente dita. Introduzir o frasco na água com a<br />

boca para baixo até uma profundidade de ± 30 cm (de 15 a 30 cm) e então virá-lo<br />

contra a correnteza, completando-o. Caso necessite-se um maior volume de água<br />

amostrada, lançar o frasco coletor tantas vezes o necessário, <strong>em</strong> pontos próximos ao<br />

local da primeira amostrag<strong>em</strong>. Misturar e subdividir a amostra <strong>em</strong> 4 frascos (análise<br />

química = 2 frascos de 1 litro, cada.; exame hidrobiológico = 1 frasco de 500 ml.;<br />

ensaio toxicológico = 1 frasco de 1litro ou mais) ou segundo orientação do laboratório<br />

de análise. O frasco para exame hidrobiológico (algas) deve estar s<strong>em</strong>i cheio, ou seja<br />

s<strong>em</strong> preenchimento total (*).<br />

• * Na coleta da amostra de profundidade o artifício mais simples e que pode ser<br />

montado pelo próprio criador, é a: Garrafa de Meyer = garrafa comum (de 2 até 5<br />

litros) de vidro ou plástico (polietileno), com peso externo fixado no fundo ou<br />

envolvendo-a. Fechando a sua boca mantém-se uma rolha de borracha resistente e presa<br />

a uma corda principal, se possível graduada. Dois cordéis resistentes, (20 cm cada),<br />

dev<strong>em</strong> estar amarrados ao gargalo da garrafa, paralelos e lateralmente, sendo fixados na<br />

corda principal a uma altura de 10 cm da extr<strong>em</strong>idade-boca da garrafa. Essa garrafa<br />

deve ser imergida até a profundidade desejada quando então por um simples golpe para<br />

cima, puxa-se a corda principal presa á rolha, abrindo assim a garrafa e deixando-a<br />

encher totalmente. Verter a água amostrada para outros 4 frascos limpos, (análise<br />

química = 2 frascos de 1 litro, cada.; exame hidrobiológico = 1 frasco de 500 ml.;<br />

ensaio toxicológico = 1 frasco de 1 litro ou mais) ou segundo orientação do laboratório<br />

de análise. Caso necessite-se um maior volume de água amostrada, lançar o frasco<br />

coletor, tantas vezes o necessário, <strong>em</strong> pontos próximos ao local da primeira amostrag<strong>em</strong><br />

, misturando-se antes de subdividir pelos frascos próprios. O frasco para exame<br />

hidrobiológico (algas) deve estar s<strong>em</strong>i cheio, ou seja s<strong>em</strong> preenchimento total (*).<br />

* Caso tenha-se que obter amostra concentrada, usa-se a chamada “Rede de<br />

plâncton”, artifício de fácil confecção, <strong>em</strong> formato de cone (coador-filtro) e que retém<br />

organismos pequenos. Para amostras de superfície, a rede é mergulhada na água pela<br />

abertura maior, tantas vezes o necessário, deixando a água recolhida, escorrer<br />

internamente. Pode-se também fazer passar (coar) volumes de água pelo seu interior,<br />

amostrando-a <strong>em</strong> local e na profundidade de interesse, através do uso de um balde ou de<br />

um frasco coletor ou garrafa de Meyer.<br />

O artifício, “Rede de plâncton”, é composto por um tecido especial, tipo seda, com abertura<br />

de malha da ord<strong>em</strong> de 0,064 mm, cortado <strong>em</strong> trapézio, costurado <strong>em</strong> forma de cone, com<br />

16 cm de diâmetro na boca superior, (abertura maior), 3 cm de diâmetro na abertura<br />

inferior e altura de 30 ou 40 cm. A extr<strong>em</strong>idade maior da panag<strong>em</strong> do cone deve estar<br />

reforçada externamente por um tecido de algodão com 5 cm de largura e costurada <strong>em</strong><br />

14


volta de um aro de metal não oxidável, (15 cm de diâmetro). Amarrados neste aro de metal,<br />

t<strong>em</strong>-se 3 cordéis laterais de 30 cm; as <strong>outras</strong> extr<strong>em</strong>idades dos cordéis dev<strong>em</strong> estar unidas a<br />

um pequeno anel preso à uma corda suficiente para sofrer tração na água. Na abertura<br />

inferior deste cone (boca de menor abertura) prender, t<strong>em</strong>porariamente, um frasco coletor<br />

de vidro ou polietileno de 7 cm de altura e 2,5 cm de diâmetro) ou de 300 ml.<br />

Nesse pequeno frasco é que os organismos (plâncton de rede) vão se acumular, coados e<br />

impedidos de passar pela malha do cone. Lavar toda a panag<strong>em</strong> do cone por<br />

esquichamento, no sentido de fora para dentro e de cima para baixo, utilizando a própria<br />

água do local da amostrag<strong>em</strong>. O frasco coletor, não totalmente cheio.,(*)com a amostra já<br />

coada, devera ser retirado do cone. N<strong>em</strong> todos organismos planctônicos são retidos pelo<br />

artifício; organismos de tamanho menor que 0,064 mm, poderão não ficar retidos neste<br />

coador.<br />

(*) Todas as amostras dev<strong>em</strong> ser identificadas e mantidas <strong>em</strong> local fresco ou sob<br />

refrigeração (4 ºC) e escuro. Envolver os frascos com papel escuro, folha de alumínio ou<br />

usar frascos escuros ou âmbar, até a chegada ao local de análise.<br />

(*) Quando a amostra for para o exame hidrobiológico (algas) e o período entre a<br />

amostrag<strong>em</strong> e o exame for de mais que 24 horas, deve-se preserva-la com uma solução<br />

lugol, (1 ml de lugol por litro de amostra ou cerca de 18-20 gotas /litro). Outro preservante<br />

com especiais vantagens para as algas é o composto de mertiolato e lugol (1:1) 1%,<br />

adicionada à amostra de água na proporção de 33ml/l. Para os ensaios toxicológicos, a<br />

amostra deve ser mantida <strong>em</strong> frasco completamente cheio e fechado, preservado s<strong>em</strong>pre<br />

sob refrigeração por 24 horas ou até excepcionalmente no máximo 36 horas da coletag<strong>em</strong>.<br />

A amostra para análise química (série de nitrogênio e fosfato total) pode ser mantida sob<br />

refrigeração, s<strong>em</strong> preservação, num prazo de até 12 h.<br />

(*) Todos os artifícios ou aparelhos utilizados na amostrag<strong>em</strong>, deverão ser lavados<br />

previamente por várias vezes, com a própria água da área ou local de coletag<strong>em</strong>. Essa água<br />

de lavag<strong>em</strong>, não deverá retornar ao sist<strong>em</strong>a.<br />

♠ Existe, no comércio especializado, kit para testes ou análises químicas <strong>em</strong> campo;<br />

♠ - seguir a orientação de amostrag<strong>em</strong> e análise indicada pelo fabricante.<br />

25.04.03 / 09:23:26<br />

• Bibliografias consultadas:<br />

ABRACOA, São Paulo. -Herbicidas, algicidas e sulfato de cobre. Texto extraído de:<br />

Water Quality Manag<strong>em</strong>ent in Pond Fish Culture, Research and Development Séries nº22,<br />

Auburn University (Claude E. Boyd) - São Paulo/SP: Informativo ABRACOA, 2000. (1)<br />

19<br />

ALFA TECNOQUÍMICA, Florianópolis. -Manual de Qualidade de Água para<br />

Aqüicultura. Testes para análises de água. Florianópolis/SC; J.L. Química da Água, s/d. 12<br />

p. : il.<br />

BRANCO, S.M. , 1930 -Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária / Samuel Murgel<br />

Branco. – 3 ed. –São Paulo/SP : CETESB/ACETESB, 1986. 640 p. : il. ; 22 cm<br />

15


BRASIL, Leis, decretos, etc.. -Resolução CONAMA nº20, de 18/06/1986. Classificação<br />

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CARMICHAEL, W.W. -Cyanobacteria secondary metabolites – The Cyanotoxins.<br />

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CETESB, São Paulo. -Guia de coleta e preservação de amostras de água / Coord.<br />

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COSTA, S.M. & AZEVEDO, S.M.F.O. -Implantação de um Banco de Culturas de<br />

Cianofíceas Tóxicas. Iheringia - Série Botânica, 45: 69-74, 1994.<br />

MACÊDO, J. A B. de , -Águas & Águas / Jorge Antônio Barros de Macêdo – Juiz de<br />

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PÁDUA, H. B. de , -Conhecimento e utilização das variáveis físicas, químicas e<br />

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Bras. sobre cultivo de camarão - I Cong. Bras. de Aqüicultura-Feira Tec,. e Produtos para<br />

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---------- , -Sabores e odores <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as aquáticos. São Paulo, Rev. UNIb, (2): 84 -86,<br />

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---------- , -Teores recomendados para manutenção de organismos aquáticos de água<br />

doce. Rio de Janeiro-RJ, Revista: Panorama da aqüicultura, (4); 21: 8-9,1994.<br />

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biólogo”. São Paulo/SP, Revista: Aquarista Júnior, (15); 84, 85, 86; cap. 9, 10 e 11, 2002.<br />

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16


SANSUY. –Tanque–Rede Sansuy. Publ. Sansuy. Org. Carlos Setsuo Otsubo. São<br />

Paulo/SP, 2002. 36 p. : il.<br />

Biól. Helcias Bernardo de Pádua<br />

R. Luís Dias, 48 – Itaim Bibi/SP<br />

e.mail: helcias@ifxbrasil.com.br<br />

helcias@pescar.com.br<br />

hbpádua<br />

25.04.03 / 09:23:26<br />

tel.0xx11-9568.0621<br />

ALGAS - Testes e observações úteis<br />

“in locu” - que o próprio aqüicultor pode fazer (#)<br />

s<br />

t<br />

u<br />

v<br />

**** Algas Azuis - Algas Verdes - Diatomáceas - Cloroflagelados<br />

Montado pelo<br />

(Dinoflagelados)<br />

prof. Helcias -------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Amido (grande maioria) (alguns)<br />

(pingar 1 gota de<br />

lugol - na Lâmina utilizada <strong>em</strong> microscopia, c/amostra d’ água)<br />

= fica Azul ? negativo positivo negativo positivo<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Mucilag<strong>em</strong> (grande maioria) (grande maioria) (grande<br />

maioria)<br />

(pingar 1 gota de<br />

nanquim - na lâmina utilizada <strong>em</strong> microscopia, c/amostra d’ água)<br />

= fica Púrpura ? positivo negativo positivo negativo<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Flagelo<br />

(pingar 1 gota de<br />

lugol - na lâmina utilizada <strong>em</strong> microscopia, c/amostra d’ água)<br />

Evidencia negativo negativo negativo positivo<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Mancha (grande maioria) (alguns)<br />

Oleosa<br />

na água positivo negativo positivo positivo<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

w Filme (grande maioria)<br />

espumax<br />

y<br />

lâmina ou<br />

amarronsada(*)negativo negativo positivo negativo<br />

------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

Sílica (só<br />

alguns)<br />

(pressionada)<br />

hbpádua<br />

17


z<br />

Áspera negativo negativo positivo positivo<br />

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

----------------------<br />

obs.: Quadro montado baseado <strong>em</strong> : a) BRANCO, S.M. , 1930 -Hidrobiologia<br />

aplicada à engenharia sanitária / Samuel Murgel Branco. – 3 ed. –São Paul o / SP :<br />

CETESB/ACETESB, 1986. 640 p. : il. ; 22 cm . b) observações de Pádua, H.B. de {}|~€\‚D|<br />

.<br />

Cloroflagelados, as algas do gênero Synura apresentam espinhos<br />

silicosos e todas as algas do grupo Diatomáceas apresentam carapaça silicosa dando<br />

uma sensação de aspereza quando<br />

ƒ…„}†ˆ‡‰Š\‹D† Œ Ž<br />

pressionadas.<br />

Algas Vermelhas, algumas se apresentam positivas para o teste do<br />

nanquim,(formação gelatinosa = torna-se púrpura ). Pingar 1 gota na lâmina de vidro<br />

com a amostra. Pode-se usar a ponta do lápis tinta encostando-a na<br />

‘“’•”D–—˜@šœ›ž Ÿ¡ B¢£'¡¤<br />

amostra.<br />

ão gelatinosa na bainha da célula ou, na matriz da colônia<br />

de algas ou, secretada nos poros da m<strong>em</strong>brana celular.<br />

branca na superfície da água = formação<br />

hidróxido de cálcio ou de magnésio. Com Á¡Â<br />

¹ ³<br />

coloração amarronsada = partículas<br />

de solo ferroso, ou presença de Diatomáceas ou de alguns gêneros de Algas Azuis.<br />

❋ Lugol: Solução mãe de lugol : 4 g de iodeto de potássio + 6 g de iodo/100 ml de H 2 O<br />

dest., posteriormente diluída antes da sua utilização, <strong>em</strong> água destilada na proporção<br />

de 1: 5 ou até 1:10. Pingar 1 gota na lâmina de vidro com a amostra.<br />

# Confirmar as identificações obtidas, (testes e as observações de campo), através do<br />

¥ ¦§¨©¡ª©«f¨¬œ©¡§­D®°¯²± ³µ´ž¸·D¹Dº¡»¡´¼D½'¹D¾»U¿D»DÀ<br />

exame hidrobiológico/fitoplâncton<br />

e.mail:helcias@ifxbrasil.com.br<br />

helcias@pescar.com.br<br />

hbpádua 25/04/2003 09:23:26<br />

H.B.P. Assessoria Técnica<br />

Aqüicultura & Qualidade das Águas<br />

18

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