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PATRONO DO 9° BATALHÃO<br />

PALAVRA DO COMANDANTE GERAL<br />

PALAVRA DO COMANDANTE DO 9° BATALHÃO<br />

CONCEITOS E PRÁTICAS DE POLICIAMENTO<br />

O 9º BATALHÃO...<br />

POLÍCIA MILITAR EM VITÓRIA DA CONQUISTA:<br />

UMA HISTÓRIA DE RECIPROCIDADES<br />

GALERIA DE COMANDANTES DO 9° BATALHÃO<br />

OFICIAIS DO 9° BPM QUE ALCANÇARAM O COMANDO<br />

GERAL DA POLÍCIA MILITAR DA BAHIA<br />

OFICIAIS DO 9° BPM QUE ALCANÇARAM O POSTO DE<br />

CORONEL PM<br />

COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA<br />

HISTÓRIA FOTOGRAFADA<br />

CARTAS<br />

GUARDIÕES DA MEMÓRIA<br />

CONHECENDO O 9° BATALHÃO<br />

DADOS ESTATÍSTICOS<br />

PERSPECTIVAS<br />

Seção<br />

PALAVRA DO COMANDANTE GERAL<br />

PALAVRA DO COMANDANTE DO 9º BPM<br />

PRELÚDIO<br />

MEMÓRIA<br />

CARTAS<br />

9º BPM EM AÇÃO<br />

PERSPECTIVAS<br />

RESENHAS DA CASERNA<br />

Capa<br />

Policiais com fardamentos de diferentes períodos<br />

da Polícia Militar da Bahia. Da esquerda para a direita<br />

o 1º Sgt PM RR Odilon Gonçalves Rocha;<br />

ao centro o 1º Sgt PM Maximiniano de Oliveira<br />

Santos seguido da Sd 1ª Cl PM Naianne Almeida<br />

Dias Trindade.<br />

Primeira fotografia que se tem registro da 2ª Companhia de Policiamento Autônoma de Vitória da Conquista (2ª<br />

Cia P-A/VC) localizada na atual Avenida Brumado, em 1963, ano de sua inauguração.<br />

REVISTA OFICIAL DO 9° BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR DA BAHIA – VITÓRIA DA CONQUISTA


E ditorial<br />

POLÍCIA MILITAR EM VITÓRIA DA<br />

CONQUISTA<br />

Esta obra tem caráter comemorativo, tendo<br />

sido almejada pelo comandante do 9º Batalhão, o<br />

Ten Cel PM Ivanildo da Silva, e tem como objetivo<br />

oferecer aos policiais militares, civis e principalmente<br />

ao cidadão conquistense, a possibilidade<br />

de conhecer a polícia que lhes serve.<br />

É uma obra focada na história da cidade de<br />

Vitória da Conquista e da própria consolidação da<br />

Polícia Militar nesta cidade. Entretanto, não esperamos<br />

de você, leitor(a), apenas uma leitura contemplativa,<br />

antes, que o conhecimento sobre um<br />

assunto tão pouco estudado possa lhe oferecer<br />

suporte para uma visão mais crítica e consciente<br />

da realidade social que o(a) rodeia.<br />

Os textos foram abordados da forma mais<br />

neutra possível, apresentando apenas as ações e<br />

deixando o julgamento do mérito com quem mais<br />

importa: você.<br />

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA<br />

DEPARTAMENTO DE ENSINO<br />

9º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR<br />

UNIDADE DE ENSINO, INSTRUÇÃO E<br />

CAPACITAÇÃO<br />

Batalhão Coronel PM Lourildo Lima Barretto<br />

COMANDANTE:<br />

Ten Cel PM Ivanildo da Silva<br />

SUBCOMANDANTE:<br />

Maj PM Ivan Pereira das Neves<br />

ORGANIZAÇÃO DA REVISTA:<br />

1ª Sgt PM Ivaneide Rosa de Jesus<br />

Sd 1ª Cl PM Nivan Lima Santos<br />

Prof. Dr. Cristiano Lima Ferraz<br />

REVISÃO ORTOGRÁFICA:<br />

Sd 1ª Cl PM Evany Silva Oliveira Segunda<br />

CAPA:<br />

Hugo Batista Nascimento<br />

ARTE E DIAGRAMAÇÃO:<br />

Warley Souza Dos Reis – Edições UESB<br />

FARDAMENTO:<br />

EDITORAÇÃO:<br />

Nivan Lima Santos<br />

Sd 1ª Cl PM<br />

Responsável pela Redação<br />

IMPRESSÃO:


Patrono do 9º Batalhão<br />

Cel PM Lourildo Lima Barreto<br />

“Nascido em 12 de junho de 1921, Lourildo Lima Barreto, homem de caráter firme e honestidade<br />

inabalável, chegou ao Comando da Polícia Militar do Estado da Bahia no ano de 1963<br />

no governo de Antônio Lomanto Júnior.<br />

Naquela época a Bahia recebeu no Palácio da Aclamação o ilustre Presidente dos Diários<br />

Associados, o Sr. Assis Chateaubriand. Escolhido, o Cel. Lourildo o saudou com um lindo<br />

discurso, sendo chamado em seguida por Chateaubriand de “meu Ruy Barbosa Miliciano”, ao<br />

parabenizar-lhe pela belíssima oratória, que dominava com maestria.<br />

Durante o exercício de sua função como Comandante Geral, criou a conhecida dupla de<br />

policiamento ostensivo “Cosme e Damião”, que dava suporte de rua à população. Participou<br />

com a sua polícia na Revolução de 1964, época da Ditadura Militar e, líder como era, soube<br />

apoiar e dialogar sabiamente em momento bastante delicado da história do nosso país.<br />

Cel. Lourildo sabia comandar a corporação que tanto amava e lutava por seus ideais, principalmente<br />

pela melhoria do soldo dos soldados.<br />

Muito querido, transmitia no semblante a imagem de otimismo e altivez. Sempre tinha uma<br />

palavra, um olhar positivo para com seu semelhante. Sua alma condescendente trazia bondade<br />

estampada no peito, sendo por isso amado por todos que o conheceram, deixando sabedoria e<br />

saudade quando partiu em 5 de janeiro de 1970 precocemente aos 48 anos de idade.”<br />

Maria Izabel Barreto Vita<br />

Filha Primogênita do Cel. PM Lourildo Lima Barreto<br />

5


O Cel PM Lourildo Lima Barretto foi homenageado com o título de patrono do 9° Batalhão por meio do<br />

Decreto nº 23.364 de 26 de fevereiro de 1973 como símbolo de reconhecimento pelos serviços prestados por este<br />

oficial.<br />

O 9º Batalhão se sente honrado em poder levar cosigo o nome de um oficial de tão elevada honradez e<br />

compromisso com a causa pública.<br />

6


Palavra do<br />

Comandante Geral<br />

7


8<br />

Palavra do Comandante<br />

do 9º Batalhão


Prelúdio<br />

Conceitos e Práticas de Policiamento<br />

Por Nivan Santos<br />

Ao se falar em polícia, logo vem à mente uma viatura padronizada, homens e/ou mulheres uniformizados e<br />

armados, que tem por função garantir o respeito às leis. O dicionário Aurélio define o termo “polícia’ como:<br />

“Ordem ou segurança pública. / Conjunto de regras impostas aos membros de uma coletividade com o objetivo<br />

de garantir a ordem, a tranquilidade e a segurança públicas. / Corpo de funcionários incumbidos de respeitar essas<br />

regras e reprimir o crime”.<br />

De uma forma geral atribui-se à polícia as<br />

funções de segurança pública, e isso é entendido<br />

como algo natural, ou seja, a polícia sempre foi vista<br />

como corporações públicas encarregadas de manter<br />

a segurança das comunidades locais. Entretanto, ao<br />

se estudar a história, observa-se que essa ideia foi<br />

construída no final do século XVIII para legitimar as<br />

forças policiais que recebiam uma configuração parecida<br />

com a atual.<br />

Assim, refletir-se-á sobre o conceito do termo<br />

“polícia”, bem como o processo de construção desta na<br />

Europa e consequentemente no Brasil.<br />

Não se pode conceber uma história “natural”<br />

das polícias como sendo um longo processo de<br />

desenvolvimento, uma vez que ela é fruto muito mais<br />

das “rupturas” do que de um continuísmo histórico.<br />

Esse processo variou de acordo o tempo, espaço e<br />

cultura.<br />

Nas primeiras sociedades conhecidas até hoje,<br />

os conflitos normalmente eram resolvidos pelas partes<br />

interessadas, sendo até considerado um insulto a<br />

intromissão de terceiros na causa, como é o caso das<br />

sociedades de esquimós.<br />

Somente a partir do momento em que se<br />

acentua a divisão do trabalho e que começam a aparecer<br />

formas diferenciadas de dominação política, religiosa<br />

e militar, é que se observa o aparecimento da função<br />

policial, ou seja, algumas ações consideradas ilícitas pela<br />

comunidade começam a ser analisadas e mediadas por<br />

terceiros, geralmente os chefes tribais, ou conselhos<br />

de anciãos, que são autorizados pelo grupo para julgar<br />

algumas causas e/ou infligir as penalidades.<br />

A emergência das Cidades-estados gregas são<br />

essenciais para a concepção da função policial uma vez<br />

que, como nos afirma Monet, juntamente com a polis<br />

surge a concepção de “espaços” públicos norteados por<br />

valores e interesses que não se deixam “nem absorver<br />

pela soma dos interesses particulares, nem confundir<br />

com o patrimônio dos governantes.”<br />

Etimologicamente, há um acordo em associar<br />

a origem do termo “polícia” assim como “política”, ao<br />

termo grego politeia. Observa-se que até Aristóteles, este<br />

termo denotava dois conceitos, de um lado significava<br />

a polis (cidade) e de outro, a arte de governar. Porém,<br />

a partir de Platão e Aristóteles, este termo começa a<br />

sofrer mutações e passa a designar o conjunto de regras<br />

relativas à administração da Cidade, que envolvem os<br />

abastecimentos, a moralidade, a salubridade; assim como<br />

também designa os responsáveis por se fazer respeitar<br />

as leis. São os “guardiães da lei” que Platão fala em A<br />

República. Daí se começa a distinguir aqueles que editam<br />

as regras daqueles que as fazem serem cumpridas.<br />

A Grécia foi o local onde se forjou a função de<br />

polícia na história das civilizações ocidentais. Baseadas<br />

nas teorias de filósofos como Sófocles, Aristóteles e<br />

outros, a ideia de polícia era legitimada pela oposição ao<br />

anarquismo e defesa da ordem, e tinha a coação física e<br />

a ameaça de ações penais como meio de trabalho.<br />

A polícia se tornou uma importante ferramenta<br />

de governo na manutenção das Cidades-estados gregas.<br />

Para se ter ideia do grau de utilização da polícia, em<br />

Atenas foram criadas diversas polícias, a econômica e de<br />

controle de mercados, a destinada à religião e costumes,<br />

a da vigilância dos banquetes e diversas outras.<br />

9


Com a ascensão da civilização romana há um<br />

período de desorganização dessa estrutura, com a<br />

delegação da segurança do cidadão à iniciativa privada,<br />

entretanto, após o desenvolvimento do Estado Imperial<br />

em 44 a. C. surge um modelo de polícia especializado,<br />

profissional e público. O imperador Júlio César criou<br />

o posto de praefectus urbi (prefeito da cidade), função<br />

responsável pela manutenção da ordem, assistido pelos<br />

vigilies (que patrulhavam as ruas com o objetivo de<br />

policiar ou debelar incêndios), e pelos stationarii (posto<br />

fixo, uma espécie de departamento de polícia de bairro).<br />

Os romanos convertem o termo grego politeia<br />

para o latim politia, derivado da palavra polis que significa<br />

“cidade”, e adéquam a noção de politia com o intuito<br />

de justificar a soberania do Estado imperial sobre seus<br />

súditos. Os romanos entendem que cabe ao imperium<br />

a regulação entre o público e privado, cabendo a ele a<br />

elaboração das leis e o seu cumprimento compulsório.<br />

Dessa forma, observamos no praefectus urbis (o prefeito<br />

da cidade, responsável pela manutenção da ordem)<br />

os poderes de editar as leis “ que englobam todos os<br />

aspectos da vida social “ e o de fazê-las serem cumpridas,<br />

uma vez que detinha controle sobre os corpos de polícia<br />

especializados.<br />

Vale lembrar que o modelo romano de polícia<br />

impunha a necessidade de todos os responsáveis<br />

pela ordem e seus subordinados serem contratados e<br />

remunerados pela autoridade política central, evitando<br />

assim, o financiamento particular e consequente<br />

usurpação do poder por este.<br />

Entretanto, todo esse modelo rui com a queda<br />

do império romano e com a consequente ascensão<br />

do sistema feudal na Europa a partir do século IV de<br />

nossa era. As violências de toda a natureza são fatos que<br />

acompanharam a vida cotidiana da Europa continental<br />

por séculos, instaurando um clima generalizado de<br />

insegurança, fragilizando o Direito e o poder central<br />

dos reis e possibilitando o exercício e concentração do<br />

poder judiciário nas mãos de novos senhores regionais,<br />

que, em nome do rei, submetiam a seus jugos toda a<br />

comunidade local através do sistema de suserania e<br />

vassalagem.<br />

Nesse cenário em que não havia um poder<br />

político capaz de impor a paz pública, foram tomadas<br />

diversas providências, de acordo com o tempo e espaço,<br />

destinadas à promoção da ordem e da paz, entretanto,<br />

nenhuma destas ações contemplaram a organização de<br />

órgãos de polícia especializados, mas é possível destacar<br />

alguns modelos de organização de segurança, como<br />

as bases locais e comunitárias dos Anglo-saxões, em<br />

que a função policial é assumida em bases locais por<br />

membros da comunidade, comandadas por oficiais,<br />

também escolhidos entre os habitantes locais, que<br />

exerciam suam funções em nome do rei.<br />

Outro modelo conhecido é o da Igreja. No<br />

século XI, nasce nas assembleias de bispos a ideia em<br />

torno de uma “Paz de Deus”, baseada em ameaças<br />

religiosas e estabelecimento de juramentos de não<br />

agressão à Igreja e aos pobres.<br />

A noção de polícia sofreu um eclipse com o<br />

surgimento do sistema feudal na Europa, ressurgindo<br />

apenas no fim da Idade Média, juntamente com a<br />

redescoberta do Direito Romano. Neste período,<br />

“polícia” passa a representar, de modo laudatório, o<br />

estado cuja sociedade goza de um “bom governo” e<br />

onde há “boas leis” sendo promulgadas e cumpridas<br />

pela comunidade. (Destaque 1 – falta complemento)<br />

A partir do final do século XVI, influenciados<br />

pelos Estados Absolutistas, enriquecimento da<br />

burguesia, dentre outros,<br />

surgem diversas teorias acerca<br />

de “polícia”. Isso foi muito<br />

importante para a construção<br />

do modelo de policiamento<br />

existente no mundo, pois,<br />

os governos começam a<br />

perceber a necessidade de<br />

se estruturar sistemas de<br />

contenção social e passam a<br />

dar maiores atenções a esta<br />

temática.<br />

10<br />

Relevo de Smyma: soldado<br />

romano conduzindo cativos<br />

acorrentados


“É durante o século XIX, com os<br />

constantes motins e revoluções em<br />

todos os Estados europeus que se<br />

forja o significado atual do termo<br />

“polícia”. A partir de então, polícia<br />

remete à ideia de um órgão que<br />

reprime as infrações legais e que<br />

impede os movimentos coletivos<br />

considerados nocivos, tão comuns na<br />

Europa do século XIX”.<br />

Desde o século XVI surge um conceito de<br />

polícia na Dinamarca que se difunde por toda a<br />

Europa do século XVIII, no qual “polícia” representa<br />

o que atualmente chamamos de administração geral,<br />

ou seja, estava relacionada à manutenção da ordem,<br />

da tranquilidade pública, da higiene, do comércio, do<br />

trabalho, dentre outros.<br />

Devido às conquistas normandas e à<br />

centralização política e administrativa desenvolvidas<br />

pelos novos dirigentes da Inglaterra, surge no início do<br />

século XIX um modelo de polícia pública considerada<br />

uma das primeiras no ocidente, baseadas na figura do<br />

sherif, representante da Coroa na comunidade, dotado<br />

de poderes na esfera policial e judiciária.<br />

Entretanto, podemos afirmar que o<br />

desenvolvimento de polícias públicas na Europa<br />

continental não está relacionado com o crescimento<br />

da criminalidade nas comunidades, e sim, devido<br />

ao desenvolvimento econômico experimentado<br />

pelas cidades, à urbanização, à industrialização. Esse<br />

desenvolvimento faz com que os dirigentes procurem<br />

tornar menos toleráveis os índices de criminalidade<br />

existentes, uma vez que foram modificados o equilíbrio<br />

social e as posições de poder a partir do momento em<br />

que o sistema feudal começa a perder espaço para as<br />

formas primitivas do capitalismo.<br />

Encontramos, por exemplo, nas feiras medievais,<br />

os primeiros embriões de polícia sob a figura dos “guardas<br />

de feira”, responsáveis pela garantia da ordem e da<br />

segurança nestes locais, sendo-lhes conferida, para tanto,<br />

amplos poderes de coação física. Assim, entre 1650 e 1850,<br />

todos os países europeus constituem para si modelos de<br />

polícia que podem ser considerados como modernos,<br />

precursores dos modelos de policiamento atual.<br />

Desde o início do século XVIII os franceses<br />

atribuem à polícia apenas a garantia do cumprimento<br />

das leis e regras administrativas, e não mais a<br />

regulamentação social ou judiciária de conflitos entre<br />

particulares. A partir de então, surgem órgãos de polícia<br />

diferentes, compostos por agentes públicos, organizados<br />

e numerosos, com atribuições próprias e deixando de<br />

ser, gradativamente, o braço forte do judiciário.<br />

Entre meados do século XVII e XVIII,<br />

na Prússia, influenciados por teóricos absolutistas,<br />

desenvolve-se a concepção de que cabia ao Estado a<br />

promoção do bem-estar social e da felicidade de seu<br />

povo, sendo para tanto, delegado apenas àquele todo o<br />

poder necessário para a garantia de seu objetivo, uma<br />

vez que ele detém o monopólio da coação física e não<br />

está submetido às próprias leis. O indivíduo passa a ser<br />

mero “expectador” social.<br />

Embasado nos iluministas, no final do século<br />

XVIII se forja na Áustria e na Prússia, um novo conceito<br />

de polícia, no qual o Estado não mais se responsabiliza<br />

pela promoção do bem-estar e felicidade de seus súditos<br />

cabendo ao cidadão a autodeterminação, exercendo sua<br />

liberdade diante do Estado, cabendo a este a garantia de<br />

que essas liberdades sejam respeitadas.<br />

A partir de então o Estado é obrigado a cumprir<br />

suas próprias leis e começa-se a respeitar o princípio<br />

da igualdade entre os cidadãos diante da lei, cabendo<br />

à polícia a garantia de que haja a manutenção da paz<br />

pública, da ordem, da segurança.<br />

11


É durante o século XIX, com os constantes<br />

motins e revoluções em todos os Estados europeus que<br />

se forja o significado atual do termo “polícia”, pois,<br />

formam-se corpos policiais com agentes especializados<br />

e treinados para o controle de distúrbios civis, uma vez<br />

que o exército não mais conseguia fazê-lo. Paralelamente<br />

a isto, ha uma extensão do aparelho judiciário em toda a<br />

Europa que proporciona um alinhamento com as forças<br />

policiais que se especializam na função de auxiliares da<br />

justiça penal. A palavra “polícia” remete à ideia de um<br />

órgão que reprime as infrações legais e que impede<br />

os movimentos coletivos considerados nocivos, tão<br />

comuns na Europa do século XIX.<br />

Nos dias de hoje temos genericamente dois<br />

modelos de policiamento ostensivo aplicado em<br />

grande parte das sociedades ocidentais, o modelo<br />

francês, militarizado e centralizado; e o modelo<br />

inglês, desmilitarizado e descentralizado. Vejamos<br />

as conjunturas político-sociais que propiciaram a<br />

construção destas filosofias de policiamento.<br />

administrativas do território, a partir do século XVI.<br />

Em 1791 a Maréchaussée foi rebatizada de Gendarmerie.<br />

Em Paris, no ano de 1667, é criado por Luis<br />

XIV o ofício de tenente de polícia para representá-lo<br />

nas tarefas relativas à administração geral da cidade.<br />

Monet cita uma série de atribuições do tenente: “Ele<br />

zela pela segurança pública, organiza a repressão<br />

da criminalidade, toma as disposições necessárias<br />

para evitar os incêndios e as epidemias ou limitar os<br />

efeitos das inundações causadas pelas cheias do Sena.<br />

Ela manda guardar os mercados e tomar medidas que<br />

facilitam o abastecimento cotidiano da capital. Atento<br />

ao movimento das populações flutuantes manda vigiar<br />

os hotéis e os quartos de aluguel, e acompanha o<br />

“estado da opinião” através do controle das gazetas e da<br />

livraria: cabe a ele impedir a distribuição dos panfletos<br />

e dos libelos, e de um modo geral acompanhar de perto<br />

os procedimentos de toda uma gama de suspeitos,<br />

considerados como adversários ao mesmo tempo, do<br />

Trono e do Altar “judeus, protestantes, jansenistas...”<br />

Na França a unidade do reino é forjada através<br />

de uma sistemática anexação das periferias pelo centro,<br />

muitas vezes realizada por meio da força. Dessa forma,<br />

se faz necessária a demonstração de força por parte do<br />

Estado, assim, foi-se criada inicialmente, no período da<br />

Guerra dos Cem Anos, a Maréchaussée, uma organização<br />

militar para proteger as retaguardas dos exércitos em<br />

deslocamento, empreendendo busca aos desertores e<br />

cuidando dos territórios sob seu domínio. Era composta<br />

por corpo de cavalarias que realizavam cavalgadas nas<br />

grandes estradas. Com o passar do tempo esses corpos,<br />

que exerciam a função policial nas zonas rurais vão se<br />

sedentarizando e se organizando com base nas divisões<br />

12<br />

O constable (policial) deve ser civil e cortês com as pessoas de qualquer classe ou condição... Ele deve ser<br />

particularmente atento para não interferir desastradamente ou sem necessidade, de modo a não arruinar<br />

sua autoridade... Ele deve lembrar que não existe nenhuma qualidade tão indispensável como uma aptidão<br />

perfeita para conservar seu sangue-frio”.<br />

O modelo de polícia francês é caracterizado<br />

pela ostensividade e por ser de caráter mais reacionário<br />

e menos preventivo. Esse modelo foi concebido com o<br />

intuito de se monitorar a sociedade ao mesmo tempo em<br />

que se reprime a criminalidade. Por trás dos cavaleiros<br />

da Maréchaussée, o Estado se mostra de forma quase que<br />

onipotente, demonstrando que ele tem força para se<br />

impor sobre seus súditos<br />

Quanto à Inglaterra, não é novidade a oposição<br />

ferrenha dos ingleses a tudo o que vinha da França e,<br />

quanto ao modelo de policiamento não foi diferente.<br />

Eles repudiavam um policiamento baseado no sistema<br />

militar francês e afirmavam<br />

que o cidadão confiava<br />

mais num criminoso inglês<br />

do que num tenente de<br />

polícia parisiense!<br />

Entretanto, eles tinham<br />

um duplo problema,<br />

era preciso constituir<br />

policiais ostensivos, para<br />

serem controlados pelo<br />

público, entretanto eles<br />

não deveriam se parecer<br />

com os policiais franceses,<br />

com uniformes militares<br />

e armamento ostensivo.<br />

Assim, em 29 de setembro<br />

de 1829, uniformizados de


sobrecasaca e cartola e munidos unicamente de um curto<br />

cassetete e um par de algemas, entra em funcionamento<br />

a Metropolitan Police na cidade de Londres, sendo que,<br />

após trinta anos de funcionamento, esse modelo foi<br />

expandido para toda a Inglaterra.<br />

Na Inglaterra, desde o século XII os poderes<br />

da monarquia no âmbito judiciário são fortalecidos, de<br />

forma que, diferentemente do que ocorreu na Europa<br />

continental, houve uma relativa equivalência de poder<br />

entre a monarquia e os senhorios de terras, porém, ao<br />

invés de se digladiarem, esses diferentes centros políticos<br />

estabelecem uma política de colaboração mútua. O<br />

consequente fortalecimento do poder central em todas<br />

as jurisdições locais foi contrabalançado pelo respeito<br />

aos direitos legais ou costumeiros dos senhores de<br />

terras, tendo a negociação e o compromisso como regra<br />

na resolução dos conflitos, o que dá uma característica<br />

ímpar à Inglaterra.<br />

Monet cita em sua obra um trecho do discurso<br />

de Robert Peel, então ministro do Interior, incentivador<br />

do estabelecimento da Metropolitan Police, proferido<br />

no momento da instauração desta força: “O constable<br />

(policial) deve ser civil e cortês com as pessoas de qualquer<br />

classe ou condição... Ele deve ser particularmente<br />

atento para não interferir desastradamente ou sem<br />

necessidade, de modo a não arruinar sua autoridade...<br />

Ele deve lembrar que não existe nenhuma qualidade tão<br />

indispensável como uma aptidão perfeita para conservar<br />

seu sangue-frio”.<br />

O modelo inglês se baseia na redução dos<br />

enfrentamentos e na sensibilização das novas camadas<br />

operárias urbanas para os valores sociais da nova<br />

conjuntura social, visando uma legitimação da polícia.<br />

Esta deve ser aceita pela comunidade de forma<br />

espontânea e não imposta na base da força física,<br />

apenas. Esse modelo dá mais ênfase à prevenção.<br />

Quanto ao Brasil, como se pode perceber, é<br />

adotado um modelo de policiamento inspirado no<br />

francês, entretanto, somos um dos poucos países do<br />

mundo que se tem notícia de ter uma polícia militar<br />

zelando pela segurança da sociedade.<br />

PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS<br />

FORÇAS POLICIAIS NO BRASIL<br />

A Colônia Portuguesa na América como era<br />

de se esperar, tinha seu funcionamento aos moldes da<br />

Metrópole. Em Portugal, até o início do século XVI<br />

não havia uma força militar permanente, ocorrendo<br />

recrutamentos apenas em períodos de conflitos, sendo<br />

dissolvidos logo após o término do litígio.<br />

No Brasil os donatários, ao receberem suas<br />

capitanias, deveriam criar uma força miliciana com fins<br />

de proteger suas posses, auxiliando a Coroa Portuguesa<br />

no papel de preservação do território colonial. Eles<br />

possuíam o título de Capitão pela Coroa Portuguesa e<br />

mantinham sob suas ordens o comando das armas de<br />

sua jurisdição, assim como também eram responsáveis<br />

por recrutar moradores de suas capitanias para servirem<br />

em tempo de guerra.<br />

Chegada de Tomé de Sousa à Bahia (à esquerda), trazendo consigo toda a sua comitiva e o primeiro contingente<br />

militar do oficial Brasil, composto por aproximadamente 400 homens.<br />

13


O primeiro contingente militar oficial no Brasil<br />

foi composto por aproximadamente 400 homens com<br />

o objetivo de assegurar a autoridade do Governador<br />

Geral no exercício de suas funções que compreendiam,<br />

dentre outras, o comando de todas as forças armadas,<br />

defesa contra exploradores estrangeiros e eventualmente<br />

criminosos da própria colônia, construção de navios,<br />

armar e preparar militarmente os contingentes de<br />

colonos e ainda instalar fortificações.<br />

As capitanias tinham seu próprio governante,<br />

sua pequena milícia e seu próprio tesouro, geralmente<br />

com grandes territórios e com povoamento concentrado<br />

no litoral. O Brasil do século XVI se constituía num<br />

amontoado de regiões mais ou menos autônomas,<br />

pouco povoadas e sem maiores relacionamentos.<br />

Uma característica muito marcante da<br />

organização militar privada do período colonial foi<br />

a falta de unidade, tanto no tempo como no espaço,<br />

sendo constituída de forma fragmentada de acordo com<br />

as condições coloniais dos núcleos de povoamento, e<br />

mobilizada de forma irregular e eventual, norteada em<br />

razão das conquistas, expansões e defesas do território.<br />

A referência mais remota sobre uma autoridade<br />

policial constituída se dá na figura do Almotacé,<br />

responsável pela fiscalização da exatidão dos pesos e<br />

medidas, taxação dos preços, distribuição de gêneros<br />

alimentícios além de exercer a função de polícia da<br />

cidade e de zelar pela limpeza pública; sendo assistidos<br />

pelos alcaides-pequenos e meirinhos.<br />

De uma forma geral, as tropas militares no Brasil<br />

Colônia eram organizadas em 1ª, 2ª e 3ª linhas, sendo as<br />

de 1ª linha, tropas regulares (pagas) responsáveis pela<br />

defesa do território contra investidas do inimigo externo<br />

ou interno; de 2ª linha, tropas auxiliares (constituídas em<br />

Milícias, a partir de 1796) focadas na segurança interna<br />

da colônia e eram reserva das tropas de 1ª linha, e de<br />

3ª linha, as Ordenanças, destinadas à manutenção de<br />

segurança local e não deviam ser deslocadas (precursora<br />

das atuais polícias militares). Entretanto, todas essas<br />

três tropas realizavam o papel que hoje são dos policiais<br />

militares, realizando prisões e escoltas de prisioneiros,<br />

transporte do tesouro real, dentre outras.<br />

a. Tropas de 3ª linha: Ordenanças<br />

Criada em Portugal pelo Alvará Régio de 8 de<br />

janeiro de 1508 por Dom Manuel e estendida para todo<br />

o reino português por Dom Sebastião através da Lei<br />

das Armas de 9 de dezembro de 1569, as Companhias<br />

de Ordenanças eram compostas por todos os homens<br />

válidos com idades entre 20 e 65 anos, exceto os<br />

sacerdotes, magistrados, deficientes físicos ou mentais.<br />

Eram tropas voluntárias e estavam organizadas nas vilas<br />

e cidades, incluindo seus arraiais e povoados.<br />

Cada Ordenança era comandada por um Capitão-<br />

Mor (equivalente do posto de Coronel, atualmente)<br />

tendo o Sargento-Mayor (equivalente ao posto de Major,<br />

atualmente) como seu substituto imediato. A partir das<br />

Ordenanças as tropas se subdividiam em Companhias<br />

que tinha a sua hierarquia composta da seguinte forma:<br />

Estado Maior<br />

Tropa<br />

Oficiais de Patente<br />

Oficiais inferiores<br />

1 Capitão (de Companhia)<br />

1 Alferes<br />

1 sargento<br />

1 Meirinho<br />

1 Escrivão<br />

10 Cabos de Esquadra<br />

250 Soldados (10 esquadras x 25<br />

soldados)<br />

No Brasil, norteado pela filosofia do “estado<br />

de polícia” prussiano do séc. XVIII as Ordenanças e<br />

as Milícias foram amplamente utilizadas como meio<br />

“disciplinador” da sociedade.<br />

Em 1758 foi extinto os cargos civis de Meirinhos<br />

e Escrivães das Companhias, sendo substituídos por<br />

dois sargentos. Em 1827 foi a vez da extinção da função<br />

de Capitão-Mor das Ordenanças, sendo as Ordenanças<br />

subordinadas aos Juízes de Paz; e por fim, em 1831<br />

foi extinta as Ordenanças e criada a Guarda Municipal<br />

Permanente.<br />

b. Tropas de 2ª linha: Auxiliares e Milícias<br />

As tropas Auxiliares surgiram em Portugal em<br />

1645 no cenário de restauração do trono português<br />

após o período de unificação das Coroas Portuguesa e<br />

Espanhola entre 1580 e 1640. Tinham como função a<br />

manutenção da segurança do território e constituíam,<br />

juntamente com as tropas de 1ª linha e as Ordenanças<br />

as forças militares da Metrópole Portuguesa e suas<br />

colônias.<br />

14


Embarque das tropas em Praia Grande para expedição<br />

contra Montevidéu.<br />

Obra de Jean Baptiste Debret.<br />

Sua estrutura militar era inspirada da<br />

espanhola, dividida em terços com cerca de 600<br />

homens subdivididos em 10 companhias. Cada terço<br />

era comandado por um mestre-de-campo que tinha o<br />

treinamento de seu efetivo realizado por homens das<br />

tropas de 1ª linha. Entretanto, não havia remuneração<br />

pecuniária para nenhum de seus componentes, o que<br />

levava a Coroa a oferecer honrarias aos seus oficiais<br />

como recompensa pelos seus serviços.<br />

Em 7 de agosto de 1796 todos os Corpos de<br />

Auxiliares foram renomeados Regimentos de Milícias,<br />

em Portugal e no Brasil, mas sem grandes alterações em<br />

suas funções. Em 1824 as Milícias foram convertidas<br />

em tropas de 2ª linha (reserva) do Exército, sendo<br />

formalmente extintas e substituídas pela Guarda<br />

Nacional em 1831.<br />

c. Tropas de 1ª linha: Regulares<br />

Essa tropa é a antecessora do nosso atual Exército.<br />

Tem origem estimada em 1549, com a chegada de Tomé<br />

de Sousa e era composta por Terços de Infantaria,<br />

Regimentos de Cavalaria e Terços de Artilharia. Seus<br />

membros eram remunerados e atuavam no combate aos<br />

ataques externos e internos contra a Colônia.<br />

Até o início do século XIX, em Portugal, não<br />

havia instituições policiais profissionais militarizadas,<br />

isso veio a ocorrer a partir da criação da Guarda Real da<br />

Polícia de Lisboa, em 1801, inspirado nas maréchaussée<br />

francesa.<br />

O grande marco para o processo de estruturação<br />

do sistema de segurança profissionalizado no Brasil se<br />

deu com a vinda da Família Real portuguesa em 1808,<br />

quando se criou a Intendência Geral da Polícia da Corte<br />

e do Estado do Brasil nos mesmos moldes da que tinha<br />

em Portugal, com o intuito de disciplinar os costumes<br />

do povo brasileiro e organizar os espaços da cidade do<br />

Rio de Janeiro.<br />

Em 1809 foi criada a Divisão Militar da Guarda<br />

Real de Polícia, (a precursora da Polícia Militar do<br />

Rio de Janeiro), composta por três companhias de<br />

infantaria e uma de cavalaria, com efetivo recrutado<br />

preferencialmente nos regimentos de infantaria e<br />

cavalaria de linha da guarnição da Corte, subordinadas<br />

ao Governador das Armas da Corte e ao Intendente<br />

Geral da Polícia. O serviço realizado pela Guarda Real<br />

se dava por meio de patrulhas rondantes com o objetivo<br />

de surpreender qualquer infrator.<br />

Terceiro Batalhão do Exército<br />

Brasileiro em São Cristóvão, Rio de<br />

Janeiro”. Obra datada de 1835.<br />

15


Mesmo com o retorno da Família Real a<br />

Portugal, essa estrutura permanece e paulatinamente são<br />

criados corpos de polícias militarizadas nas províncias,<br />

se constituindo nas atuais polícias militares dos estados<br />

federados.<br />

Na Bahia, a criação do seu corpo de polícia está<br />

intimamente ligada à causa da Independência. Após<br />

as lutas independentistas que culminaram na expulsão<br />

dos portugueses do Brasil, houve a permanência de<br />

diversos batalhões ociosos na província baiana e coube<br />

ao 3º Batalhão de 1ª Linha, composto por membros de<br />

classes heterogêneas e por libertos, e ao 4º Batalhão, a<br />

responsabilidade da segurança e manutenção da ordem em<br />

Salvador.<br />

Entretanto, o 3º Batalhão se rebelou contra o<br />

Comandante das Armas da época, o Brigadeiro Felisberto<br />

Gomes Caldeira, assassinando-o em 25 de outubro de<br />

1824. Após isso o 3º Batalhão foi extinto e, para exercer<br />

as suas funções foi criado, provisoriamente, em 1º de<br />

janeiro de 1825 pelo Comandante das Armas da Bahia,<br />

o primeiro Corpo de Polícia. A criação definitiva se deu<br />

por meio de Decreto Imperial de 17 de fevereiro de 1825,<br />

sendo um corpo composto por um Estado Maior e duas<br />

Companhias de Infantaria.<br />

Esse primeiro corpo de polícia foi aquartelado<br />

inicialmente no Convento de São Bento, com efetivo<br />

de 238 homens e comandada pelo oficial português<br />

Major Manoel Joaquim Pinto Paca, era responsável pela<br />

manutenção da lei e da ordem pública e por garantir a<br />

aplicação das posturas municipais. Teve suas primeiras<br />

atuações na contenção de tumultos civis e militares devido<br />

às reações anti-lusitanas; contra motins de escravos, dentre<br />

outros.<br />

O sistema de segurança pública brasileiro atual<br />

contempla seis corporações policiais, três da esfera<br />

federal e três da estadual, que são a Polícia Federal, Polícia<br />

Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia<br />

Militar dos Estados, Corpo de Bombeiros Militares dos<br />

Estados e Polícia Civil.<br />

Como pode-se perceber, a noção de polícia<br />

e o processo de construção desta são extremamente<br />

complexos e dependentes, sobretudo, da sociedade na qual<br />

estão inseridos. É a comunidade, enquanto cidadã, quem<br />

define a face da polícia. Se há uma polícia eficaz, íntegra,<br />

honesta, isto é reflexo do ambiente de convívio, uma vez<br />

que a polícia faz parte da sociedade; ela não é um corpo<br />

estranho ao meio, antes, seus profissionais são recrutados<br />

das comunidades locais e já adentram nas corporações<br />

militares com concepções previamente influenciadas pelo<br />

meio em que vivem.<br />

Espera-se que um dia ao se falar em “polícia”<br />

o cidadão não apenas veja um estereótipo, mas sinta-se<br />

representado na figura do policial. É sabido que para isto<br />

a polícia também tem que evoluir mais, ser mais técnica,<br />

humana, entretanto, paralelamente, a sociedade também<br />

tem que ser mais consciente de seus direitos e deveres,<br />

sendo menos tolerante com o crime e mais atuante na<br />

defesa de seus direitos.<br />

Assim, entende-se que segurança pública só se faz<br />

com a participação de todos, uma vez que a integração<br />

social é um dos meios mais importantes para vencermos<br />

a criminalidade.<br />

O clima na Bahia era de muita efervescência<br />

política e consequente oposição aos portugueses, assim,<br />

em meio a esse sentimento, em 28 de fevereiro de 1830, o<br />

Presidente da Província José Egydio Gordilho Barbuda foi<br />

assassinado. No ano seguinte, após diversas sublevações<br />

por parte de alguns militares e de membros do Corpo<br />

de Polícia, foi extinto o Corpo de Polícia, deixando as<br />

funções de policiamento de Salvador a cargo das Guardas<br />

Municipais pagas.<br />

Em 23 de junho de 1835, o Vice Presidente Manoel<br />

Antonio Galvão por meio de Lei nº 29 reorganizou o<br />

Corpo de Polícia sob a denominação de Guarda Policial.<br />

Esse corpo policial tem acompanhado o processo de<br />

desenvolvimento da sociedade baiana e se tornado o que<br />

hoje conhecemos por Polícia Militar da Bahia.<br />

Uniforme das praças do Corpo de Polícia da Bahia<br />

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