O Vácuo Quântico Cheio de Surpresas - Instituto de FÃsica Teórica ...
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Resumo/ O Vazio Quântico<br />
Surge então a questão: se as partículas<br />
virtuais não são diretamente observáveis,<br />
por que <strong>de</strong>veríamos nos preocupar<br />
com elas? A resposta é simples: porque<br />
seus “efeitos colaterais” po<strong>de</strong>m ser<br />
observados. As partículas virtuais, apesar<br />
<strong>de</strong> não excitarem <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> partículas,<br />
são capazes, entre outras coisas,<br />
<strong>de</strong> conferir ao vácuo uma energia não<br />
nula, também <strong>de</strong>nominada energia <strong>de</strong><br />
ponto zero, com conseqüências bem<br />
reais. O nada importa.<br />
Talvez o exemplo mais paradigmático<br />
disso seja o assim chamado efeito Casimir.<br />
Observemos duas placas metálicas<br />
paralelas, eletricamente neutras e com<br />
massas <strong>de</strong>sprezíveis. O que se verifica é<br />
que, ainda que classicamente não haja<br />
motivo algum para tal, elas, surpreen<strong>de</strong>ntemente,<br />
se atraem. Este efeito, previsto<br />
pelo físico holandês Hendrik Casimir<br />
(1909-2000) em 1948, foi recentemente<br />
confirmado em laboratório com mais <strong>de</strong><br />
95% <strong>de</strong> precisão. A origem do fenômeno<br />
está no fato <strong>de</strong> parte dos fótons virtuais ser<br />
suprimida pela presença das placas metálicas,<br />
levando a uma diminuição da energia<br />
do vácuo e, conseqüentemente, ao aparecimento<br />
<strong>de</strong> uma força atrativa, assim<br />
como regrado pelo princípio <strong>de</strong> minimização<br />
<strong>de</strong> energia. O vácuo não é vazio.<br />
Mas seria possível “materializar” essas<br />
partículas virtuais? A resposta é sim, mas<br />
a um certo custo. Para trazermos à realida<strong>de</strong><br />
as partículas virtuais é necessário que<br />
algum agente externo forneça a energia<br />
para este fim. Já sabemos que os fótons<br />
virtuais sentem a presença <strong>de</strong> placas metálicas.<br />
O que acontece, então, se uma <strong>de</strong>las<br />
é acelerada (<strong>de</strong> maneira não uniforme)<br />
na direção perpendicular ao plano <strong>de</strong>finido<br />
por sua superfície? A resposta (dada por<br />
Gerald Moore em 1970) é que a placa acaba<br />
funcionando como uma “raquete” sobre<br />
os fótons virtuais, levando alguns <strong>de</strong>les<br />
a se tornar reais.<br />
Um exemplo mais dramático acontece<br />
em campos gravitacionais não estáticos. Segundo<br />
a Relativida<strong>de</strong> Geral, o campo gravitacional<br />
é um reflexo da curvatura do espaço-tempo.<br />
Todas as formas <strong>de</strong> matéria e energia<br />
sentem esta curvatura, incluindo as partículas<br />
virtuais. Quando o campo gravitacional<br />
varia, as partículas virtuais po<strong>de</strong>m extrair<br />
energia do próprio espaço-tempo, fazendo<br />
com que algumas <strong>de</strong>las se materializem.<br />
Hendrik Casimir <strong>de</strong>scobre em 1948 que placas metálicas paralelas se atraem <strong>de</strong>vido à energia<br />
<strong>de</strong> ponto zero do vácuo quântico.<br />
Gerald Moore percebe em 1970 que, em geral, placas metálicas aceleradas emitem radiação.<br />
Stephen Hawking anuncia em 1974 que efeitos quânticos po<strong>de</strong>m levar buracos negros a emitir<br />
partículas, evaporando como conseqüência.<br />
Em 1976, William Unruh conclui que o vácuo <strong>de</strong> observadores inerciais se apresenta para observadores<br />
uniformemente acelerados como um banho térmico <strong>de</strong> partículas elementares.<br />
Saul Perlmutter e Adam Riess divulgam, em 1998, indícios observacionais <strong>de</strong> que a expansão do<br />
Universo está se acelerando (talvez como conseqüência das proprieda<strong>de</strong>s do vácuo).<br />
PARTÍCULAS VIRTUAIS do vácuo quântico aniquilam-se aos pares tão rapidamente que inviabilizam <strong>de</strong>tecção direta<br />
De fato, o efeito Hawking, <strong>de</strong>scoberto<br />
em 1974 pelo físico inglês Stephen<br />
Hawking, se baseia exatamente nisso. Segundo<br />
Stephen Hawking, colapsos estelares<br />
que originam buracos negros geram<br />
um fluxo térmico <strong>de</strong> partículas elementares.<br />
Infelizmente, para buracos negros com<br />
massas pouco acima da do Sol, a temperatura<br />
é <strong>de</strong> apenas uns poucos bilionésimos<br />
<strong>de</strong> grau acima do zero absoluto, o que torna<br />
o fenômeno difícil <strong>de</strong> ser observado.<br />
O Vácuo é Relativo<br />
O CONCEITO DE PARTÍCULA ELEMENTAR<br />
(virtual e real) foi originalmente introduzido<br />
com relação a observadores inerciais,<br />
isto é, livres <strong>de</strong> forças, que representam<br />
bem os observadores <strong>de</strong> laboratório. Supunha-se<br />
que se observadores inerciais não<br />
tivessem acesso às partículas virtuais, o<br />
mesmo seria válido para quaisquer outros<br />
observadores. Mas, para surpresa geral,<br />
trabalhos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos físicos Stephen<br />
Fulling, Paul Davies e William Unruh,<br />
realizados entre 1973 e 1976, levaram<br />
à conclusão <strong>de</strong> que o conceito <strong>de</strong> partícula<br />
elementar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do observador. Segundo<br />
o chamado efeito Fulling-Davies-Unruh<br />
(FDU), observadores acelerados uni-<br />
34 SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL<br />
AGOSTO 2003