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de pombal à primeira república

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A VISÃO DO OUTRO NA LITERATURA ANTIJESUÍTICA EM PORTUGAL<br />

127<br />

e divulgou em Portugal obras contra o jesuitismo, particularmente <strong>de</strong> língua<br />

francesa. Já com a <strong>primeira</strong> República e a suas obras saídas a lume<br />

para sustentar pela força da palavra escrita as campanhas persecutórias<br />

contra os Jesuítas, verifica-se novamente um investimento na tradução, particularmente<br />

para a língua diplomática <strong>de</strong> então, o francês, <strong>de</strong> alguns<br />

livros que faziam dos Jesuítas os representantes aguerridos do velho<br />

regime <strong>de</strong>posto e os fautores do obscurantismo, do fanatismo e da ignorância<br />

que o republicanismo queria extirpar.<br />

4. A figuração do Outro na literatura antijesuítica<br />

4.1. A literatura antijesuítica <strong>pombal</strong>ina<br />

Entre a vasta literatura antijesuítica vinda a lume sob o patrocínio, inspiração<br />

e até do labor escrito do Marquês <strong>de</strong> Pombal, ergue-se, pesada e dura,<br />

aquela obra que se vai tornar paradigmática no quadro do antijesuitismo português:<br />

a célebre Dedução chronologica e analytica. Na <strong>primeira</strong> parte <strong>de</strong>sta<br />

obra prolixa e fastidiosa, o autor faz a história da acção nefasta da Companhia<br />

no plano político, isto é, no quadro das instituições político-sociais do<br />

Estado Português, distribuída em dois volumes. Na Segunda Parte, <strong>de</strong>senvolve<br />

a análise histórica da acção da Companhia <strong>de</strong> Jesus, no âmbito das<br />

estruturas da Igreja, num volume apenas. O quarto e quinto volume é <strong>de</strong>dicado<br />

<strong>à</strong> apresentação das ditas “provas” que são constituídas por cartas, ofícios,<br />

regimentos, etc., para dar fundamento documental a este requisitório 14 .<br />

14<br />

SYLVA, José <strong>de</strong> Seabra da, Dedução Chronologica, e Analytica na qual se manifestão<br />

pela sucessiva serie <strong>de</strong> cada hum dos reynados da Monarquia Portuguesa, que <strong>de</strong>corrêrão<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Governo do Senhor Rey D. Jão III até o presente, os horrorosos estragos, que<br />

a Companhia <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Jesus fez em Portugal, e todos os seus domínios por hum<br />

plano, e systema por ella inalteravelmente seguido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que entrou neste Reyno, até que<br />

foi <strong>de</strong>lle proscripta, e expulsa pela justa, sabia, e provi<strong>de</strong>nte Ley <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1759,<br />

5 Vols., Em Lisboa, Na Officina <strong>de</strong> Miguel Manescal da Costa, Impressor do Santo Ofício,<br />

por or<strong>de</strong>m, e com privilegio real, 1768. Volumes editados em formato monumental, mas<br />

também em formato reduzido, <strong>de</strong> bolso quase, para facilitar o manuseamento e a divulgação.<br />

A autoria embora seja dada como sendo <strong>de</strong> Seabra da Silva (na altura Desembargador da<br />

Casa da Suplicação e Procurador da Coroa), a direcção e inspiração da obra é do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Oeiras, bem como a revisão que está atestada no original como sendo do seu punho segundo<br />

os pareceres <strong>de</strong> especialistas como Lúcio <strong>de</strong> Azevedo e António Lopes. O super-ministro do<br />

<strong>de</strong>spotismo português, através dos canais diplomáticos promoveu a tradução <strong>de</strong>stas obras<br />

nas principais línguas europeias, a saber, em Espanhol, em Francês, em Italiano e em Alemão<br />

e até em Chinês.

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