de pombal à primeira república
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A VISÃO DO OUTRO NA LITERATURA ANTIJESUÍTICA EM PORTUGAL<br />
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e divulgou em Portugal obras contra o jesuitismo, particularmente <strong>de</strong> língua<br />
francesa. Já com a <strong>primeira</strong> República e a suas obras saídas a lume<br />
para sustentar pela força da palavra escrita as campanhas persecutórias<br />
contra os Jesuítas, verifica-se novamente um investimento na tradução, particularmente<br />
para a língua diplomática <strong>de</strong> então, o francês, <strong>de</strong> alguns<br />
livros que faziam dos Jesuítas os representantes aguerridos do velho<br />
regime <strong>de</strong>posto e os fautores do obscurantismo, do fanatismo e da ignorância<br />
que o republicanismo queria extirpar.<br />
4. A figuração do Outro na literatura antijesuítica<br />
4.1. A literatura antijesuítica <strong>pombal</strong>ina<br />
Entre a vasta literatura antijesuítica vinda a lume sob o patrocínio, inspiração<br />
e até do labor escrito do Marquês <strong>de</strong> Pombal, ergue-se, pesada e dura,<br />
aquela obra que se vai tornar paradigmática no quadro do antijesuitismo português:<br />
a célebre Dedução chronologica e analytica. Na <strong>primeira</strong> parte <strong>de</strong>sta<br />
obra prolixa e fastidiosa, o autor faz a história da acção nefasta da Companhia<br />
no plano político, isto é, no quadro das instituições político-sociais do<br />
Estado Português, distribuída em dois volumes. Na Segunda Parte, <strong>de</strong>senvolve<br />
a análise histórica da acção da Companhia <strong>de</strong> Jesus, no âmbito das<br />
estruturas da Igreja, num volume apenas. O quarto e quinto volume é <strong>de</strong>dicado<br />
<strong>à</strong> apresentação das ditas “provas” que são constituídas por cartas, ofícios,<br />
regimentos, etc., para dar fundamento documental a este requisitório 14 .<br />
14<br />
SYLVA, José <strong>de</strong> Seabra da, Dedução Chronologica, e Analytica na qual se manifestão<br />
pela sucessiva serie <strong>de</strong> cada hum dos reynados da Monarquia Portuguesa, que <strong>de</strong>corrêrão<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Governo do Senhor Rey D. Jão III até o presente, os horrorosos estragos, que<br />
a Companhia <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Jesus fez em Portugal, e todos os seus domínios por hum<br />
plano, e systema por ella inalteravelmente seguido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que entrou neste Reyno, até que<br />
foi <strong>de</strong>lle proscripta, e expulsa pela justa, sabia, e provi<strong>de</strong>nte Ley <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1759,<br />
5 Vols., Em Lisboa, Na Officina <strong>de</strong> Miguel Manescal da Costa, Impressor do Santo Ofício,<br />
por or<strong>de</strong>m, e com privilegio real, 1768. Volumes editados em formato monumental, mas<br />
também em formato reduzido, <strong>de</strong> bolso quase, para facilitar o manuseamento e a divulgação.<br />
A autoria embora seja dada como sendo <strong>de</strong> Seabra da Silva (na altura Desembargador da<br />
Casa da Suplicação e Procurador da Coroa), a direcção e inspiração da obra é do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Oeiras, bem como a revisão que está atestada no original como sendo do seu punho segundo<br />
os pareceres <strong>de</strong> especialistas como Lúcio <strong>de</strong> Azevedo e António Lopes. O super-ministro do<br />
<strong>de</strong>spotismo português, através dos canais diplomáticos promoveu a tradução <strong>de</strong>stas obras<br />
nas principais línguas europeias, a saber, em Espanhol, em Francês, em Italiano e em Alemão<br />
e até em Chinês.