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os valores dos conectivos quando e enquanto na gramática ...

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“Um d<strong>os</strong> garimpeir<strong>os</strong> falou, <strong>enquanto</strong> <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> escutavam silenci<strong>os</strong><strong>os</strong>”.<br />

“Quando <strong>os</strong> tiran<strong>os</strong> caem, <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> se levantam”. (Marquês de Marica) – Nesse exemplo, podem<strong>os</strong><br />

associar à oração adverbial também a idéia de CONDIÇÃO, visto que <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> se levantam somente se <strong>os</strong><br />

tiran<strong>os</strong> caem.<br />

“Enquanto foi rico, tod<strong>os</strong> o procuravam”. – O valor de CAUSA é claramente sobrep<strong>os</strong>to ao<br />

temporal, nesse exemplo. Mais que expressar o período (TEMPO) em que o procuravam, a oração adverbial<br />

apresenta o motivo pelo qual o faziam, ou seja, tod<strong>os</strong> o procuravam porque era rico; agora que não é mais,<br />

ninguém o procura.<br />

d) Curso de Gramática Aplicada a<strong>os</strong> Text<strong>os</strong>, de Ulisses Infante (1995)<br />

Ao tratar das conjunções (coorde<strong>na</strong>tivas e subordi<strong>na</strong>tivas), o autor separa-as de acordo com <strong>valores</strong><br />

prototípic<strong>os</strong>, mas enfatiza que a classificação das orações deve se dar a partir do “emprego <strong>na</strong>s frases da<br />

língua”. Também diz que as conjunções não devem ser memorizadas, o que vai ao encontro de n<strong>os</strong>sa<br />

prop<strong>os</strong>ta.<br />

Quando apresenta as orações subordi<strong>na</strong>das adverbiais, ressalva que o sentido e a classificação devem<br />

se dar pelo contexto. No entanto, tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> exempl<strong>os</strong> são prototípic<strong>os</strong>, do que se pode ter a falsa impressão de<br />

que não é comum que o contexto interfira no valor das conjunções.<br />

“Quando recebi o seu recado, já <strong>na</strong>da mais podia ser feito”.<br />

“Ele me fala de sua vida passada, <strong>enquanto</strong> caminham<strong>os</strong> lado a lado”.<br />

Como se pode perceber, <strong>os</strong> manuais de gramática apresentam as conjunções como elemento essencial<br />

<strong>na</strong> caracterização das relações de subordi<strong>na</strong>ção (adverbial), em questão. A maioria assume o valor d<strong>os</strong><br />

conectiv<strong>os</strong> como representante da relação de sentido estabelecida entre as orações. No entanto, encontram-se<br />

dois problemas quanto à exemplificação d<strong>os</strong> autores: ou <strong>os</strong> exempl<strong>os</strong> são “ideais”, ou seja, condicio<strong>na</strong>m<br />

exatamente o valor prototípico da conjunção, ou <strong>os</strong> exempl<strong>os</strong> trazem outr<strong>os</strong> <strong>valores</strong> não contemplad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong><br />

autores, <strong>os</strong> quais, conseqüentemente, não serão explorad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> professores devido ao apego à teoria<br />

gramatical e à imagem difundida de que o que está <strong>na</strong> gramática é inquestionável.<br />

3. Os conectiv<strong>os</strong> QUANDO e ENQUANTO no uso efetivo da língua<br />

A seguir, procederem<strong>os</strong> à verificação de algumas ocorrências das conjunções QUANDO e<br />

ENQUANTO, em text<strong>os</strong> autêntic<strong>os</strong>, a fim de observar o uso, de fato, de tais conjunções. N<strong>os</strong>so<br />

objetivo é m<strong>os</strong>trar que a di<strong>na</strong>micidade da língua atua constantemente em suas estruturas, atribuindolhes<br />

nov<strong>os</strong> <strong>valores</strong>. Sem dúvida, <strong>os</strong> <strong>valores</strong> prop<strong>os</strong>t<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> manuais de gramática tradicio<strong>na</strong>l são<br />

prototípic<strong>os</strong>, determi<strong>na</strong>d<strong>os</strong> a partir da relação lógica que estabelecem entre enunciad<strong>os</strong><br />

característic<strong>os</strong>. Contudo, a análise da língua em sua realização textual m<strong>os</strong>tra as variações sintátic<strong>os</strong>emânticas<br />

desses itens, <strong>na</strong>s quais <strong>os</strong> <strong>valores</strong> prototípic<strong>os</strong> se mantêm como “pano de fundo”, e<br />

outr<strong>os</strong> traç<strong>os</strong> semântic<strong>os</strong> se evidenciam como mais importantes ou como de primeiro plano. Assim,<br />

é com o objetivo de m<strong>os</strong>trar (a<strong>na</strong>lisar) as várias relações semânticas p<strong>os</strong>síveis ocorridas n<strong>os</strong> text<strong>os</strong><br />

que se deve realizar o ensino da análise sintática.<br />

3.1. A conjunção QUANDO pode estabelecer as seguintes relações:<br />

a) CAUSA:<br />

1) O piloto diz que começou a sentir todo o horror do que ocorria <strong>na</strong> Tchetchênia <strong>quando</strong> ouviu o que dizia<br />

Sergei Kovaliov, assessor de direit<strong>os</strong> human<strong>os</strong> de Ieltsin que está em Grozni há duas sema<strong>na</strong>s. (FSP) [= ...<br />

porque ouviu o que dizia...]<br />

2) A maior procura por executiv<strong>os</strong> ocorreu em outubro, <strong>quando</strong> dobrou o número de anúnci<strong>os</strong>. (FSP) [= ...<br />

porque dobrou o número de anúnci<strong>os</strong>...]<br />

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