02.02.2014 Views

os valores dos conectivos quando e enquanto na gramática ...

os valores dos conectivos quando e enquanto na gramática ...

os valores dos conectivos quando e enquanto na gramática ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

fazem<strong>os</strong> da linguagem carece de perspicácia, uma vez que não oferece princípi<strong>os</strong> para<br />

explicar por que a estrutura da linguagem está organizada de um modo e não de outro.<br />

Coloca-se como n<strong>os</strong>sa preocupação, assim, oferecer subsídi<strong>os</strong> que sustentem a adequação do ensino,<br />

da gramática ensi<strong>na</strong>da <strong>na</strong> escola, à di<strong>na</strong>micidade da língua. Para Neves (2003: 19),<br />

... o tratamento escolar da linguagem tem de fugir da simples prop<strong>os</strong>ição de moldes de<br />

desempenho (que levam a submissão estrita a normas lingüísticas consideradas legítimas)<br />

bem como da simples prop<strong>os</strong>ição de moldes de organização de entidades metalingüísticas<br />

(que levam a submissão estrita a paradigmas considerad<strong>os</strong> modelares).<br />

A partir dessa p<strong>os</strong>tura, a autora faz as seguintes indicações, básicas, para o trabalho com uma<br />

gramática que p<strong>os</strong>sa ser operacio<strong>na</strong>lizada <strong>na</strong> escola:<br />

4. Considerações fi<strong>na</strong>is<br />

a. O falante de uma língua <strong>na</strong>tural é competente para, ativando esquemas cognitiv<strong>os</strong>,<br />

produzir enunciad<strong>os</strong> de sua língua, independentemente de qualquer estudo prévio de<br />

regras de gramática.<br />

b. O estudo da língua mater<strong>na</strong> representa, acima de tudo, a explicitação reflexiva do uso de<br />

uma língua particular historicamente inserida, via pela qual se chega à explicitação do<br />

próprio funcio<strong>na</strong>mento da linguagem<br />

c. A discipli<strong>na</strong> escolar gramatical não pode reduzir-se a uma atividade de encaixamento<br />

em moldes que dispensem as ocorrências <strong>na</strong>turais e ignorem zo<strong>na</strong>s de imprecisão ou de<br />

<strong>os</strong>cilação, inerentes à <strong>na</strong>tureza viva da língua.<br />

Neste trabalho, buscou-se refletir sobre o tratamento das conjunções QUANDO e ENQUANTO,<br />

apresentadas n<strong>os</strong> manuais de gramática tradicio<strong>na</strong>l como conjunções subordi<strong>na</strong>tivas adverbiais, unicamente<br />

temporais. Como visto a partir das obras a<strong>na</strong>lisadas, o valor temporal das conjunções é depreendido de<br />

construções prototípicas, e assumid<strong>os</strong> como o único passível de ser veiculado por esses conectiv<strong>os</strong>. No<br />

entanto, com base <strong>na</strong> observação e análise da ocorrência dessas conjunções em text<strong>os</strong> autêntic<strong>os</strong>, verificou-se<br />

que podem mediar, também, outras relações semânticas: QUANDO, como se pôde constatar, assume<br />

também valor de causa, comparação e conseqüência; ENQUANTO, por sua vez, pode encabeçar relações de<br />

comparação e condição. Tais <strong>valores</strong> não são considerad<strong>os</strong> em nenhum d<strong>os</strong> manuais de gramática tradicio<strong>na</strong>l<br />

do português, <strong>os</strong> quais constituem material suporte d<strong>os</strong> professores para o ensino da discipli<strong>na</strong>. Sendo assim,<br />

verifica-se a necessidade de se buscar outras fontes, as quais estejam mais abertas à reflexão do real<br />

funcio<strong>na</strong>mento da língua, e men<strong>os</strong> presas ao dogmatismo da gramática tradicio<strong>na</strong>l.<br />

Espera-se que este trabalho p<strong>os</strong>sa, de alguma forma, indicar caminh<strong>os</strong>, dar sugestões, legitimar – sem<br />

pretensões – a análise do uso d<strong>os</strong> element<strong>os</strong> lingüístic<strong>os</strong> em questão, a fim de ampliar o olhar sobre a língua.<br />

É com a reflexão sobre seus divers<strong>os</strong> us<strong>os</strong> e funções que se deve realizar o ensino da gramática <strong>na</strong> escola,<br />

com o objetivo principal de garantir o desenvolvimento das habilidades lingüísticas d<strong>os</strong> alun<strong>os</strong>, tanto <strong>na</strong><br />

produção quanto <strong>na</strong> compreensão d<strong>os</strong> mais variad<strong>os</strong> tip<strong>os</strong> de text<strong>os</strong>.<br />

5. Referências bibliográficas<br />

CUNHA, C. CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro:<br />

Nova Fronteira, 2001.<br />

CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 30 ed. São Paulo: Companhia Editora<br />

Nacio<strong>na</strong>l, 1988.<br />

DIK, C. S. The Theory of Functio<strong>na</strong>l Grammar. Part 1: The Structure of the Clause. Dordrecht-<br />

Holland/Cin<strong>na</strong>minson-USA: Foris Publications, 1989.<br />

HALLIDAY, M. A. K. Estrutura e função da linguagem (tradução de Jesus Antônio Durigan). In:<br />

LYONS, J. (org.). Nov<strong>os</strong> horizontes em Lingüística. São Paulo: Cultrix: Editora da Universidade de São<br />

Paulo, 1976.<br />

______. An Introduction to Functio<strong>na</strong>l Grammar. 2 ed. USA: Edward Arnold, 1994.<br />

192

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!