a organização ética: um ensaio sobre as relações entre ambiente ...
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modelos b<strong>as</strong>eados em motivações simplist<strong>as</strong> e facilmente caracterizáveis, dos<br />
agentes econômicos, privilegiando a modelagem m<strong>as</strong> distanciando-se da<br />
realidade. Neste ponto os dois prêmios Nobel citados, Sen e North estão de<br />
pleno acordo 12 , discordando do outro Nobel, Friedman. Portanto, da mesma<br />
forma que Arrow, Sen admite que a teoria econômica pode incorporar os<br />
conceitos da ética, e o faz em diferentes proporções, que dependem do viés do<br />
autor, enquanto Friedman atém-se apen<strong>as</strong> aos <strong>as</strong>pectos de legalidade,<br />
<strong>as</strong>s<strong>um</strong>indo em princípio que não existem falh<strong>as</strong> ou que o sistema de justiça<br />
funciona a custo zero.<br />
Mais radical na crítica e diferente de Arrow, é Etzioni (1988) 13 , ao considerar<br />
que a teoria econômica moderna ignora <strong>as</strong> dimensões moral e ética, alinhandose<br />
mais a Sen na sua postura. Análises complementares podem ser vist<strong>as</strong> em<br />
Buchholz (1989) 14 e Hartley(1993) 15 . Revisão <strong>sobre</strong> o tema aparece em<br />
Bianchi (1998) 16 , concluindo que : “...Tais resultados reforçam a idéia de que<br />
é necessário rever o papel da racionalidade egoísta nos modelos econômicos.”<br />
O presente estudo vê <strong>as</strong> organizações operando em situação de custos de<br />
transação positivos, distanciando-se pois da visão de Friedman. Resulta ser<br />
importante municiar <strong>as</strong> organizações, na sua arquitetura interna, com<br />
estrutur<strong>as</strong> para lidar com o problema do comportamento dos agentes.<br />
2.1. Ambiente Competitivo : O conflito do acionista e do stakeholder<br />
A análise econômica tradicional trata a questão da corporação socialmente<br />
responsável, ou como <strong>um</strong> desvio do objetivo maximizador de lucro, ou como<br />
resultado de <strong>um</strong>a ampliação da função de utilidade dos acionist<strong>as</strong> que<br />
incorporam outros elementos, além do lucro.<br />
Interpretando o primeiro elemento, a empresa que operar em <strong>um</strong> <strong>ambiente</strong><br />
competitivo terá que <strong>sobre</strong>viver em <strong>um</strong> mercado no qual nem tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />
empres<strong>as</strong> operam segundo os mesmos princípios éticos. Portanto, se alg<strong>um</strong>a<br />
empresa obtém vantagens de custos por contratar mão de obra informal ou<br />
infantil, ou praticar ev<strong>as</strong>ão fiscal, poderá <strong>sobre</strong>viver no longo prazo, enquanto<br />
<strong>um</strong>a organização ética poderá não <strong>sobre</strong>viver.<br />
O segundo elemento traz questões ainda mais complex<strong>as</strong>. A depender da<br />
estrutura do capital da empresa, o controle poderá estar concentrado ou<br />
12 A posteriori introduzirei <strong>um</strong> terceiro Nobel que tece a mesma crítica, que é Ronald Co<strong>as</strong>e.<br />
13 Etzioni,A . 1988. The Moral Dimension. Toward a new economics. NY Free Press.<br />
14 Buchholz,R. A.1989. Fundamental Concepts and P>roblem<strong>as</strong> in Business Ethics.Prentice Hall, 237 p.<br />
15 Hartley,R.F.1993. Business Ethics: Violations of Public Trust. John Wiley & Sons.324 p.<br />
16 Bianchi, A .M.1988. Anotações de <strong>um</strong>a Pesquisa Sobre Economia e Ética. Anais do I Simpósio Br<strong>as</strong>ileiro<br />
<strong>sobre</strong> a Nova Economia Institucional. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.