Os primeiros passos do Opus Dei - Saint Josemaria Escriva
Os primeiros passos do Opus Dei - Saint Josemaria Escriva
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www.josemariaescriva.info<br />
S. <strong>Josemaria</strong> em Madrid<br />
<strong>Os</strong> <strong>primeiros</strong> <strong>passos</strong> <strong>do</strong> <strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong><br />
Itinerário<br />
Calle García de<br />
Paredes, 21 a<br />
‘Asilo Porta Coeli: o<br />
primeiro círculo de<br />
formação cristã <strong>do</strong><br />
<strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong>’<br />
Calle de Martínez<br />
Campos, n.º 4<br />
‘Que procures Cristo.<br />
Que encontres Cristo.<br />
Que ames Cristo.’<br />
Coincidência<br />
histórica: a casa <strong>do</strong>s<br />
Echevarría<br />
Termina<strong>do</strong> o retiro em que recebeu as luzes fundacionais sobre o <strong>Opus</strong><br />
<strong>Dei</strong>, S. <strong>Josemaria</strong> retomou as suas numerosas actividades; também<br />
começou imediatamente a procurar pessoas com quem pudesse iniciar a<br />
novo trabalho que Deus lhe tinha encomenda<strong>do</strong>, e que passou a ser<br />
decididamente prioritário no seu coração, na sua cabeça e na sua<br />
actividade. Pouco a pouco foi amplian<strong>do</strong> o âmbito <strong>do</strong> seu trabalho:<br />
homens e mulheres, estudantes, operários, sacer<strong>do</strong>tes, <strong>do</strong>entes...<br />
Calle García de Paredes, 21 a<br />
Asilo Porta Coeli: o primeiro círculo de formação cristã <strong>do</strong> <strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong><br />
Praça de Chamberí<br />
“apedrejar” com Ave-<br />
Marias’<br />
Rua de Luchana, n.º<br />
33<br />
A Academia DYA:<br />
Deus e audácia<br />
Rua de Santa<br />
Engracia, n.º 11<br />
Patronato <strong>do</strong>s<br />
Doentes<br />
Rua de Nicasio<br />
Gallego, n.º 24<br />
Oração “sem<br />
vontade”. ‘Jesus,<br />
estou aqui para Te<br />
dar gosto’<br />
Rua de Alcalá<br />
Galiano, n.º 1<br />
As mulheres <strong>do</strong> <strong>Opus</strong><br />
<strong>Dei</strong><br />
O Asilo de Porta Coeli, atendi<strong>do</strong> por religiosas, dedicava-se à educação e<br />
tutela de rapazes aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s seis aos catorze anos, que se<br />
dedicavam às tarefas mais insólitas para sobreviver: uns apanhavam <strong>do</strong><br />
chão beatas de cigarro e vendiam-nas, outros transportavam malas ou<br />
engraxavam sapatos. <strong>Josemaria</strong> Escrivá ia frequentemente confessar e<br />
explicar o catecismo àqueles miú<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s no asilo.<br />
Também nesse lugar – onde hoje se ergue outro edifício - deu o Funda<strong>do</strong>r<br />
o primeiro círculo de formação cristã a três jovens estudantes: Juan<br />
Jiménez Vargas e <strong>do</strong>is amigos. Era Sába<strong>do</strong>, dia 21 de Janeiro de 1933.
No Sába<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, escreveu S. <strong>Josemaria</strong>, com três rapazes, em<br />
Porta Caeli dei começo, graças a Deus, à obra patrocinada por S.<br />
Rafael e S. João.<br />
Juan ficou impressiona<strong>do</strong> com a fé e a devoção que se desprendiam <strong>do</strong>s<br />
gestos e orações litúrgicas, «sobretu<strong>do</strong>, na maneira de segurar a custódia<br />
nas mãos e de dar a Bênção.». Anos mais tarde o sacer<strong>do</strong>te explicaria por<br />
onde andava o seu pensamento ao dar aquela bênção com o Santíssimo:<br />
Ao terminar a aula, fui à capela com aqueles rapazes, peguei no<br />
Senhor sacramenta<strong>do</strong> na custódia, elevei-a, abençoei aqueles três...,<br />
e vi trezentos, trezentos mil, trinta milhões, três mil milhões...,<br />
brancos, negros, amarelos, de todas as cores, de todas as<br />
combinações que o amor humano pode fazer. E fiquei aquém, porque<br />
é uma realidade passa<strong>do</strong> quase meio século. Fiquei aquém, porque o<br />
Senhor foi muito mais generoso.<br />
Calle de Martínez Campos, n.º 4<br />
S. <strong>Josemaria</strong> escreveu esta<br />
dedicatória na primeira página de um<br />
livro sobre a Paixão <strong>do</strong> Senhor. Esta<br />
frase resume a mensagem que<br />
ensinava aos jovens<br />
Coincidência histórica: a casa <strong>do</strong>s Echevarría<br />
Em 1940, nesta rua de Martínez Campos, houve um centro <strong>do</strong> <strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong>,<br />
em cuja preparação participou directamente o Funda<strong>do</strong>r. Por casualidade,<br />
também nesse edifício, durante aqueles anos, vivia a família Echevarría.<br />
Um <strong>do</strong>s filhos, Javier, é actualmente o segun<strong>do</strong> sucessor de <strong>Josemaria</strong><br />
Escrivá à frente <strong>do</strong> <strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong>. "Vivi em pequeno - comentava o Prela<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong> numa entrevista -, no mesmo imóvel onde havia um centro <strong>do</strong><br />
<strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong>. Na Martínez Campos, 15.<br />
”Lembro-me muito bem <strong>do</strong> dia em que se mudaram com os móveis para<br />
outro local. Seria em 1940 ou 1941. O porteiro, como explicação, tinha-nos<br />
dito: são uns escritórios, onde também vivem uns senhores. Talvez o<br />
homem soubesse mais, mas só disse isso. O curioso é que registei o facto<br />
mentalmente.<br />
”Passa<strong>do</strong> tempo, quan<strong>do</strong> soube que o funda<strong>do</strong>r da Obra tinha i<strong>do</strong> muito a<br />
essa casa, e que costumava subir e descer pelas escadas, sem apanhar o<br />
eleva<strong>do</strong>r, pensei que talvez nos tivéssemos cruza<strong>do</strong> alguma vez. E que<br />
me teria recomenda<strong>do</strong> ao meu Anjo da Guarda, pedin<strong>do</strong> a minha vocação.<br />
Costumava fazê-lo quan<strong>do</strong> passava por alguém".<br />
Que procures Cristo. Que encontres Cristo. Que ames Cristo<br />
<strong>Os</strong> Escrivá moraram no n.º 4 principal da rua de Martínez Campos desde<br />
Dezembro de 1932 até ao Verão de 1933. No último ano S. <strong>Josemaria</strong> deu<br />
numerosas aulas de formação cristã e círculos a gente jovem, naquela<br />
casa de família.<br />
Também nesta casa, conheceu S. <strong>Josemaria</strong> vários estudantes, como<br />
Ricar<strong>do</strong> Fernández Vallespín, a quem escreveu uma dedicatória na<br />
primeira página de um livro sobre a Paixão <strong>do</strong> Senhor: Que procures<br />
Cristo. Que encontres Cristo. Que ames Cristo. Esta frase resume a<br />
mensagem que S. <strong>Josemaria</strong> ensinava aos jovens.<br />
"Uma noite, na praça de Chamberí<br />
(...), alguém me atirou à cabeça uma<br />
mão-cheia de barro (...). Não ripostei.<br />
Mais: o propósito, de que venho<br />
falan<strong>do</strong>, é apedrejar esses pobres<br />
rancorosos com Ave-marias"<br />
Praça de Chamberí<br />
Calar, ainda que me insultem, “apedrejar” com Ave-Marias<br />
Tal como tantos outros sacer<strong>do</strong>tes de Madrid, S. <strong>Josemaria</strong> suportou<br />
insultos e agressões físicas, devi<strong>do</strong> à sua condição de sacer<strong>do</strong>te, durante<br />
os anos anteriores à guerra civil.
Continua a rajada de insultos aos sacer<strong>do</strong>tes [...]. Fiz o propósito — que<br />
renovo — de me calar, ainda que me insultem, ainda que me cuspam em<br />
cima. Uma noite, na praça de Chamberí, quan<strong>do</strong> ia para a casa de<br />
Mirasol, alguém me atirou à cabeça uma mão-cheia de barro, que quase<br />
me tapou uma orelha. Não ripostei. Mais: o propósito, de que venho<br />
falan<strong>do</strong>, é apedrejar esses pobres rancorosos com Ave-Marias.<br />
A primeira actividade corporativa foi a Academia a que chamávamos<br />
DYA — Derecho y Arquitectura — porque lá se davam aulas dessas<br />
duas matérias; mas, para nós, significava Deus e Audácia.<br />
S. <strong>Josemaria</strong> fez o desenho da placa de metal que iria ser colocada na<br />
porta. Isi<strong>do</strong>ro encarregou-se de a mandar fundir numa oficina em Málaga.<br />
O andar tinha muito poucas divisões. Mesmo assim, era um centro cultural<br />
onde os estudantes assistiam a aulas ou conferências. Na realidade, era<br />
algo mais <strong>do</strong> que um centro académico, era um lugar de formação cristã<br />
de jovens universitários, que também podiam conversar ou ter direcção<br />
espiritual com o sacer<strong>do</strong>te. S. <strong>Josemaria</strong> desejava que funcionasse como<br />
uma casa de família: pensamento que plasmou nestas palavras: Para os<br />
rapazes de S. Rafael, a academia não é a academia. É a sua casa.<br />
Anteriormente, também tinha escrito: Nas academias, terá de haver,<br />
para além da biblioteca, uma boa sala de estu<strong>do</strong>, comodíssima, para<br />
os rapazes de S. Rafael. O superlativo (“comodíssima”), embora bemintenciona<strong>do</strong>,<br />
pouco ou nada tinha a ver com o andar. O que chamavam<br />
“sala de estu<strong>do</strong>” era um quarto bastante reduzi<strong>do</strong> e sem graça. O<br />
escritório, onde o sacer<strong>do</strong>te atendia, ainda era mais pequeno.<br />
No 1.º piso <strong>do</strong> n.º 33 da rua<br />
Luchana (ao la<strong>do</strong> direito<br />
<strong>do</strong> edifício da foto) estava<br />
a primeira sede da<br />
Academia DYA<br />
Rua de Luchana, n.º 33. A Academia DYA<br />
Deus e audácia<br />
Da Praça de Chamberí sai a rua de Luchana. No 1.º piso <strong>do</strong> n.º 33 desta<br />
rua, que faz esquina com a rua Juan de Austria, foi a primeira sede da<br />
Academia DYA, promovida por S. <strong>Josemaria</strong>, desde Dezembro de 1933 a<br />
Junho de 1934, na sobreloja.<br />
Durante os <strong>primeiros</strong> anos em Madrid S. <strong>Josemaria</strong><br />
desenvolvia uma incansável actividade sacer<strong>do</strong>tal<br />
no seu trabalho como capelão <strong>do</strong> Patronato de<br />
Doentes
Ao fim da tarde, quan<strong>do</strong> S. <strong>Josemaria</strong> voltava de confessar ou de visitar<br />
<strong>do</strong>entes, ou de dar aulas, encontrava o escritório e os outros quartos<br />
ocupa<strong>do</strong>s pelos estudantes. Apesar de se sentir morto de cansaço,<br />
recompunha-se. E, refugian<strong>do</strong>-se na cozinha, preparava-se para receber<br />
os jovens e falar com eles ou confessá-los. Eram tantos os penitentes que<br />
por ali passavam que dizia, brincan<strong>do</strong>, que aquela cozinha era como uma<br />
catedral.<br />
Rua de Santa Engracia, n.º 11. Patronato <strong>do</strong>s Doentes.<br />
Entre os pobres de Madrid<br />
Se alguém subir a rua, passeio da esquerda, após passar a rua de<br />
Longoria, encontra a rua José Marañón. Aqui tem a sua sede o Patronato<br />
<strong>do</strong>s Doentes, funda<strong>do</strong> por D. Luz Rodríguez Casanova. Durante os seus<br />
<strong>primeiros</strong> anos em Madrid S. <strong>Josemaria</strong> desenvolvia uma incansável<br />
actividade sacer<strong>do</strong>tal no seu trabalho como capelão dessa instituição.<br />
Durante esse perío<strong>do</strong>, S.<strong>Josemaria</strong> preparou milhares de crianças para<br />
poderem receber a Confissão e a Primeira Comunhão; e atendeu milhares<br />
de <strong>do</strong>entes e desprotegi<strong>do</strong>s nas suas próprias casas ou nos hospitais.<br />
Percorria Madrid de um extremo a outro, dia após dia, para administrar os<br />
últimos sacramentos aos moribun<strong>do</strong>s e aos marginaliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s bairros<br />
mais pobres e miseráveis da cidade.<br />
Rua de Nicasio Gallego, n.º 24. A igreja <strong>do</strong> Patronato.<br />
Oração “sem vontade”. Jesus, estou aqui para Te dar gosto<br />
Passan<strong>do</strong> pela rua de Nicasio Gallego, pela passeio contíguo ao<br />
Patronato, encontra-se a antiga porta da igreja <strong>do</strong> Patronato. Esta porta,<br />
encimada por uma imagem <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong> Coração, está habitualmente<br />
fechada.<br />
Nesta igreja o Funda<strong>do</strong>r passou muitos momentos de oração, que ficaram<br />
profundamente grava<strong>do</strong>s na sua alma. Em 8 de Setembro de 1931,<br />
contava:<br />
Ontem, da parte da tarde, às três, saí para o presbitério da igreja <strong>do</strong><br />
Patronato para fazer uns momentos de oração diante <strong>do</strong> Santíssimo<br />
Sacramento. Não me apetecia. Mas deixei-me estar, como um<br />
fantoche.<br />
Igreja <strong>do</strong> Patronato, onde S. <strong>Josemaria</strong> passou muitos<br />
momentos de oração<br />
Às vezes, cain<strong>do</strong> em mim, pensava: Bem vês, bom Jesus, que se<br />
estou aqui é por Ti, para Te dar gosto. Nada. A minha imaginação<br />
andava solta, longe <strong>do</strong> corpo e da vontade, tal qual o cão fiel, deita<strong>do</strong><br />
aos pés <strong>do</strong> <strong>do</strong>no, que <strong>do</strong>rmita sonhan<strong>do</strong> com correrias e caça e<br />
amigalhaços (cães como ele) e se agita e ladra baixinho… mas sem<br />
se afastar <strong>do</strong> <strong>do</strong>no.
Assim estava eu, completamente “cão”, quan<strong>do</strong> me apercebi de que,<br />
sem querer, repetia umas palavras latinas, que nunca fixei e que não<br />
tinha motivo para conservar na memória: Ainda agora, para me<br />
recordar delas, necessito de as ler na ficha, que trago sempre no<br />
bolso para apontar o que Deus (…) (nesta ficha de que falo, anotei<br />
instintivamente, movi<strong>do</strong> pelo hábito, ali mesmo no presbitério, a<br />
frase, sem lhe dar importância): dizem assim as palavras da<br />
Escritura, que encontrei nos meus lábios: “et fui tecum in omnibus<br />
ubicumque ambulasti, firmans regnum tuum in aeternum” (“tenho<br />
esta<strong>do</strong> e estarei contigo onde quer que vás”): apliquei a minha<br />
inteligência ao entendimento da frase, repetin<strong>do</strong>-a devagar.<br />
E depois, ontem à tarde, hoje mesmo, quan<strong>do</strong> voltei a ler estas<br />
palavras (porque, - repito -, como se Deus tivesse empenho em<br />
ratificar que foram suas, não me lembro delas de uma vez para a<br />
outra) compreendi bem que Cristo Jesus me deu a entender, para<br />
nosso consolo, que a Obra de Deus estará com Ele em toda a parte,<br />
afirman<strong>do</strong> o reina<strong>do</strong> de Jesus Cristo para sempre.<br />
Rua de Alcalá Galiano, n.º 1<br />
As mulheres <strong>do</strong> <strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong><br />
No n.º 1 da rua de Alcalá Galiano, era a residência de Leónides García<br />
San Miguel, mãe de Luz Casanova. Ali, no dia 14 de Fevereiro de 1930,<br />
enquanto celebrava a Eucaristia, compreendeu que devia começar o<br />
trabalho <strong>do</strong> <strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong> com mulheres: celebrava a missa na pequena<br />
capela da marquesa de Onteiro (...). Dentro da Missa, imediatamente<br />
depois da Comunhão, toda a Obra feminina!<br />
No n.º 1 da rua Alcalá Galiano, enquanto<br />
celebrava a Missa, S. <strong>Josemaria</strong> compreendeu<br />
que devia começar o trabalho <strong>do</strong> <strong>Opus</strong> <strong>Dei</strong><br />
com mulheres<br />
Apareceu nesse dia algo novo, uma extensão <strong>do</strong> que tinha começa<strong>do</strong> a 2<br />
de Outubro de 1928. No dia 14 de Fevereiro de 1930, o Senhor fez-me<br />
sentir o que experimenta um pai que já não espera mais filhos,<br />
quan<strong>do</strong> Deus lhe manda mais um. E, desde então, parece-me que<br />
estou obriga<strong>do</strong> a ter-vos mais afecto - dizia -: vejo-vos como uma<br />
mãe vê o filho mais novo.