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gestão escolar com ênfase na educação infantil e ensino - AJES

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<strong>AJES</strong> – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA<br />

CURSO: GESTÃO ESCOLAR COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E<br />

ENSINO FUNDAMENTAL DE 1ª A 4ª SÉRIE<br />

9,5<br />

GESTÃO ESCOLAR: A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR SUAS AÇÕES<br />

Rosemeire Cristiane Ribeiro dos Santos<br />

rosemeirecrs@hotmail.<strong>com</strong><br />

Orientador: Professor Ilso Fer<strong>na</strong>ndes do Carmo<br />

JUINA/2012


<strong>AJES</strong> – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA<br />

CURSO: GESTÃO ESCOLAR COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E<br />

ENSINO FUNDAMENTAL DE 1ª A 4ª SÉRIE<br />

GESTÃO ESCOLAR: A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR SUAS AÇÕES<br />

Rosemeire Cristiane Ribeiro dos Santos<br />

Orientador: Professor Ilso Fer<strong>na</strong>ndes do Carmo<br />

“Trabalho apresentado <strong>com</strong>o exigência<br />

parcial para a obtenção do título de<br />

Especialização em Gestão Escolar <strong>com</strong><br />

Ênfase em Educação Infantil e Ensino<br />

Fundamental de 1ª a 4ª série.”<br />

JUINA/2012


Dedico a todos os educadores que acreditam<br />

<strong>na</strong> educação para formação de cidadãos <strong>com</strong><br />

senso crítico. Dedico também a toda família<br />

pelo incentivo para concluir mais um projeto.


Talvez não tenhamos conseguido fazer o<br />

melhor,<br />

Mas lutamos para que o melhor fosse feito.<br />

Não somos o que deveríamos ser,<br />

Não somos o que iremos ser,<br />

Mas, graças a Deus,<br />

Não somos o que éramos.<br />

Martin Luther King


AGRADECIMENTOS<br />

jor<strong>na</strong>da.<br />

Agradeço primeiro a Deus por ilumi<strong>na</strong>r meu caminho durante esta<br />

Ao meu filho Vicente Leo<strong>na</strong>rdo e minha filha Mayara Christiane por<br />

<strong>com</strong>preender minha ausência e por incentivar para eu não desanimasse nesta<br />

trajetória.<br />

A meu pai e minha mãe que me ajudou e estimulou nos momentos de<br />

dificuldades e por <strong>com</strong>preender minha ausência em suas vidas.<br />

Aos colegas de turma pelos momentos agradáveis e descontraídos durante<br />

o tempo que passamos juntos.<br />

Às minhas amigas que colaboraram para vencer mais esta batalha.<br />

Agradeço a meus irmãos, sobrinhos, cunhadas e cunhados, enfim,<br />

reconheço todos que colaboram nesta jor<strong>na</strong>da direta e indiretamente.<br />

Agradeço incansavelmente meu esposo, Robervaldo, pelo apoio e incentivo<br />

para eu concluir todos os projetos pensados e por não deixar eu desistir de meus<br />

objetivos.<br />

A todos que citei devo meu respeito, amor e amizade incondicio<strong>na</strong>lmente.


RESUMO<br />

Este trabalho aborda a gestão <strong>escolar</strong> e democrática <strong>na</strong> escola pública, bem<br />

<strong>com</strong>o a importância de elaborar e revisar o Projeto Político Pedagógico, visando o<br />

bom andamento da escola. Este tema foi pensado por entender que Gestão Escolar<br />

e Democrática anda paralela garantindo assim, a transparência das ações realizadas<br />

<strong>na</strong>s diferentes dimensões da escola, <strong>com</strong> fim específico de garantir <strong>ensino</strong> de<br />

qualidade. Para tanto, requer divisão de tarefas, trabalho coletivo e <strong>com</strong>promisso<br />

dos profissio<strong>na</strong>is, pais e alunos. Fazer <strong>com</strong> que todos assumam responsabilidades e<br />

participem das tomadas de decisões é muito difícil. O Projeto Político Pedagógico<br />

por ser o principal instrumento de gestão, deve estar em constante atualização feita<br />

por toda a <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong>, o que nem sempre é fácil, já que percebemos certa<br />

falta de interesse os segmentos em se envolver <strong>na</strong>s tomadas de decisões ao<br />

participar das assembléias, cabendo à equipe gestora dar condições para que haja<br />

participação efetiva de todos. Essa realidade os autores descrevem bem quais são<br />

os motivos dessa não participação efetiva da <strong>com</strong>unidade, onde não alcança cem<br />

por cento da <strong>com</strong>unidade, mas que as escolas estão trabalhando para alcançar este<br />

objetivo.<br />

Palavras-chave: gestão, participação, <strong>com</strong>unidade.


SUMÁRIO<br />

Introdução ................................................................................................................. 07<br />

1. Gestão Escolar ..................................................................................................... 09<br />

2. Gestão Democrática ............................................................................................. 16<br />

3. Projeto Político Pedagógico ................................................................................. 24<br />

3.1 Formas de Participação ...................................................................................... 28<br />

3.1.1 Participação <strong>com</strong>o Presença ........................................................................... 29<br />

3.1.2 Participação <strong>com</strong>o Expressão Verbal e Discussão de Ideias ......................... 29<br />

3.1.3 Participação <strong>com</strong>o Representação ................................................................. 30<br />

3.1.4 Participação <strong>com</strong>o Tomada de Decisão ...........................................................31<br />

3.1.5 Participação <strong>com</strong>o Engajamento ......................................................................31<br />

Considerações Fi<strong>na</strong>is ................................................................................................33<br />

Bibliografia ............................................................................................................... .34


INTRODUÇÃO<br />

O Projeto Político Pedagógico – PPP é uma ferramenta gerencial que auxilia<br />

não ape<strong>na</strong>s a dimensão administrativa, mas principalmente <strong>na</strong> dimensão<br />

pedagógica onde se define as prioridades que resulta <strong>na</strong>s metas para medir a<br />

aprendizagem dos educandos e construído de forma coletiva oferece mecanismos<br />

para uma educação de qualidade.<br />

Diante disso, oferece transparências em suas estratégias e ações<br />

desenvolvidas no espaço <strong>escolar</strong>, proporcio<strong>na</strong>ndo a equipe <strong>escolar</strong> autonomia e<br />

segurança <strong>na</strong> execução dos projetos nele contidos.<br />

Desenvolvemos este trabalho <strong>com</strong> os seguintes embasamentos teóricos:<br />

Vasconcelos, Gandin, Oliveira, Lûck, Veiga entre outros. Assim tem <strong>com</strong>o principal<br />

objetivo realizar estudo de caso <strong>na</strong> escola pública estadual 7 de Setembro, para<br />

verificar a existência da não participação efetiva dos segmentos da <strong>com</strong>unidade<br />

<strong>escolar</strong> <strong>na</strong> elaboração e revisão do Projeto Político Pedagógico da escola.<br />

O atual estudo pretende identificar o que leva a mínima participação das<br />

pessoas que formam os segmentos pais, alunos, professores e administrativos,<br />

tendo em vista a necessidade do envolvimento de todos <strong>na</strong> elaboração e atualização<br />

do PPP, uma vez que estes são os maiores interessados no desenvolvimento das<br />

ações.<br />

PROBLEMATIZAÇÃO<br />

O que é necessário para que haja participação de todos os segmentos<br />

(professores, funcionários, pais e alunos) da <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong> <strong>na</strong> formulação e<br />

revisão do Projeto Político Pedagógico da escola?<br />

HIPOTESE<br />

A dificuldade em fazer que todos os segmentos participem das assembléias<br />

para revisão e atualização do PPP. Tendo em vista, a dupla jor<strong>na</strong>da e rotatividade<br />

dos professores <strong>na</strong>s unidades <strong>escolar</strong>es, a falta de interesse dos pais em<br />

<strong>com</strong>parecer <strong>na</strong>s reuniões que são desti<strong>na</strong>das a este fim especifico.


08<br />

JUSTIFICATIVA<br />

O Projeto Político Pedagógico – PPP é de suma importância para o<br />

desenvolvimento das ações da unidade <strong>escolar</strong>. É o espelho da escola, ou seja,<br />

mostra sua identidade.<br />

Porém, existem ainda alguns <strong>com</strong>plicadores o qual prejudica a elaboração,<br />

avaliação e revisão deste planejamento.<br />

O enfoque dado a este trabalho será identificar os problemas existentes e<br />

buscar possíveis soluções para saná-los.<br />

A participação de toda a <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong> garante a participação<br />

democrática e inclusão social e conseqüentemente o sucesso da escola diante da<br />

sociedade.<br />

OBJETIVOS<br />

Realizar estudos bibliográficos para verificar o porque há dificuldade <strong>na</strong><br />

participação efetiva dos segmentos da <strong>com</strong>unidade escola <strong>na</strong> elaboração e<br />

revisão do PPP <strong>na</strong>s escolas.<br />

Verificar qual é o principal motivo que leva os segmentos da <strong>com</strong>unidade<br />

<strong>escolar</strong> a não participar da elaboração e revisão do Projeto Político<br />

Pedagógico;<br />

ESTRUTURA DO TRABALHO<br />

No primeiro capítulo abordará sobre a gestão <strong>escolar</strong> <strong>com</strong>o estratégia de<br />

intervenção organizadora para desenvolver os processos educacio<strong>na</strong>is. O segundo<br />

capitulo contará no que diz respeito a gestão democrática e a participação de todos<br />

<strong>na</strong>s tomadas de decisões. Em seguida a importância do Projeto Político Pedagógico<br />

<strong>com</strong>o instrumento de construção da identidade da escola.


1. GESTÃO ESCOLAR<br />

Durante longo período, a administração da educação, em nível da escola<br />

fundamental, consistiu numa tarefa bastante rudimentar. O diretor era encarregado<br />

de zelar pelo bom funcio<strong>na</strong>mento de sua escola, concebida para distribuir um<br />

mínimo de conhecimentos iguais. Hoje tal perspectiva está ultrapassada.<br />

(VALERIEN, 2009. p. 78).<br />

Portanto, VALERIEN (2009. p. 81), afirma que, as transformações que<br />

surgiram, tanto no interior do sistema de <strong>ensino</strong>, quanto no meio social, provocaram<br />

mudanças <strong>na</strong> concepção da educação, do papel da escola <strong>na</strong> sociedade e do papel<br />

do professor no processo de aprendizagem.<br />

Para LÜCK (2008. p. 13), a gestão <strong>escolar</strong> constitui dimensão<br />

importantíssima da educação, uma vez que, por meio dela se observa a escola e os<br />

problemas educacio<strong>na</strong>is globalmente e se busca, por uma visão estratégica e ações<br />

interligadas, abranger, tal <strong>com</strong>o <strong>com</strong> uma rede, os problemas que, de fato,<br />

funcio<strong>na</strong>m e se mantêm em rede.<br />

“A administração, [...] não se ocupa de esforço despendido por pessoas<br />

isoladamente, mas <strong>com</strong> o esforço humano coletivo.” (PARO, 2008. p. 23).<br />

De acordo <strong>com</strong> PARO (2008. p. 32):<br />

Existe uma diferença entre a empresa capitalista e a escola. A primeira<br />

alcança <strong>com</strong> grande eficiência seu objetivo último de realizar a mais valia,<br />

atendendo, assim, os interesses de uma classe minoritária, que são<br />

antagônicos aos interesses da sociedade <strong>com</strong>o um todo, já a escola, pela<br />

sua ineficiência <strong>na</strong> busca de seus objetivos educacio<strong>na</strong>is, acaba por<br />

colocar-se também contra os interesses gerais da sociedade, <strong>na</strong> medida em<br />

que mantém ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> aparência sua função especifica de distribuir a<br />

todos o saber historicamente acumulado.<br />

É imperioso dizer que a escola precisa preparar-se para se organizar, para<br />

reconquistar o seu espaço no âmbito da credibilidade e seus objetivos, quanto a sua<br />

fi<strong>na</strong>lidade primordial, que é de formar cidadãos críticos, participativos. (SANTOS,<br />

2005. p. 18).<br />

A gestão educacio<strong>na</strong>l dos sistemas de <strong>ensino</strong> e de suas escolas constitui<br />

uma dimensão e um enfoque de atuação <strong>na</strong> estruturação organizada e orientação<br />

da ação educacio<strong>na</strong>l que objetiva promover a organização, a mobilização e a<br />

articulação de todas as condições estruturais, funcio<strong>na</strong>is, materiais e huma<strong>na</strong>s


10<br />

necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacio<strong>na</strong>is. (LÜCK, 2009.<br />

p. 26).<br />

Conforme OLIVEIRA (2008. p. 13):<br />

Gestão <strong>escolar</strong> [...] constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que<br />

objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as<br />

condições materiais e huma<strong>na</strong>s necessárias para garantir o avanço dos<br />

processos socioeducacio<strong>na</strong>is dos estabelecimentos de <strong>ensino</strong> orientadas<br />

para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a tornálos<br />

capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade<br />

globalizada e da economia centrada no conhecimento.<br />

De acordo <strong>com</strong> LUCK (2008. p. 14), o trabalho de gestão <strong>escolar</strong> exige, pois,<br />

o exercício de múltiplas <strong>com</strong>petências específicas e dos mais variados matizes.<br />

Segundo PARO (2008), a direção <strong>escolar</strong> precisa saber procurar <strong>na</strong><br />

<strong>na</strong>tureza própria da escola e dos objetivos que ela persegue os princípios, métodos<br />

e técnicas adequadas no incremento de sua racio<strong>na</strong>lidade.<br />

Conforme SOUZA (2007), gestão educacio<strong>na</strong>l acontece associada a um<br />

contexto de outras idéias <strong>com</strong>o, por exemplo, transformação e cidadania. Isto admite<br />

pensar gestão no sentido de uma articulação consciente entre ações que se<br />

realizam no cotidiano da instituição <strong>escolar</strong> e o seu significado político e social.<br />

Conforme VALERIEN (2009. p. 80), a transferência de responsabilidade da<br />

gestão para as próprias escolas tornou-se uma das idéias mestras da administração<br />

<strong>escolar</strong> dos dias atuais, não ape<strong>na</strong>s por se constituir numa solução mais<br />

democrática, mas também porque responde as dificuldades crescentes enfrentadas<br />

pelos sistemas de <strong>ensino</strong> para gerirem um número de escolas que vem<br />

ultrapassando sua capacidade de controle.<br />

A gestão <strong>escolar</strong> é uma estratégia de intervenção organizadora e<br />

mobilizadora – de caráter abrangente e orientado para promover mudanças e<br />

desenvolver processos educacio<strong>na</strong>is – de modo que se tornem cada vez mais<br />

potentes <strong>na</strong> formação e aprendizagem dos alunos. (LUCK, 2008. p. 14).<br />

O diretor transforma-se em animador da equipe, responsável por estimular e<br />

regular os diferentes grupos, e nesta qualidade deve adquirir determi<strong>na</strong>das<br />

<strong>com</strong>petências no domínio das relações huma<strong>na</strong>s, de forma a tor<strong>na</strong>r-se capaz de<br />

resolver conflitos. (VALERIEN, 2009. p. 15).<br />

De acordo <strong>com</strong> Santos, (2005. p. 82):


11<br />

Gestão da Educação: de e Avaliação <strong>na</strong> Construção da Gestão Participativa<br />

apresentam embasamentos ricos e muito bem fundamentados, numa<br />

perspectiva de constituição de valores de Gestão Escolar Participativa,<br />

dando contribuições relevantes <strong>com</strong> os modelos de Planejamento e<br />

Avaliação.<br />

Atualmente verificamos no perfil do gestor a necessidade de repensar alguns<br />

fundamentos <strong>na</strong> educação, e de <strong>com</strong>o iniciar conceitos sobre a educação,<br />

quebrando novos paradigmas, <strong>com</strong>o relação à interdiscipli<strong>na</strong>ridade, pedagogia de<br />

projetos, temas geradores de pesquisa em sala de aula, uma construção do<br />

conhecimento e habilidades. (OLIVEIRA, 2008).<br />

De acordo <strong>com</strong> VALERIEN (2009. p. 23), o diretor é cada vez mai obrigado a<br />

levar em consideração a evolução da idéia de democracia, que conduz o conjunto<br />

de professores, e mesmo os agentes locais, à maior participação, à maior implicação<br />

<strong>na</strong>s tomadas de decisão.<br />

Descentralização, democratização da escola, construção da autonomia,<br />

participação são facetas múltiplas da gestão democrática, diretamente associada<br />

entre si e que têm a ver <strong>com</strong> as estruturas e expressões de poder <strong>na</strong> escola.<br />

(MARTINS, 2002, apud LÜCK, 2009. p. 58).<br />

Assim, para obter bom desempenho é necessário traçar estratégias <strong>na</strong> qual<br />

possa dar subsídios ao que a escola espera do gestor, no que se refere, a<br />

construção de projetos no coletivo e desenvolve-los de forma contínua, ter um<br />

ambiente de promoção do ser e conviver, do conhecer e fazer.<br />

A gestão realizada pelas escolas pode produzir maior qualidade e eficiência<br />

da educação, mas para que funcione eficientemente precisa ser concebida tendo em<br />

conta as condições especificas das sociedades em que é aplicada. (VALERIEN,<br />

2009. p. 9).<br />

Conforme XAVIER (1996. p. 7), a escola faz diferença, sim, no desempenho<br />

dos alunos, e que sua adequada gestão é indiscutível para o adequado atingimento<br />

de seus objetivos. Há provas contundentes de que a gestão é uma <strong>com</strong>ponente<br />

decisiva da eficácia <strong>escolar</strong>.<br />

De acordo <strong>com</strong> LÜCK (2009. p. 61), a autonomia de gestão da escola, a<br />

existência de recursos sob controle local, junto <strong>com</strong> a liderança pelo diretor e<br />

participação da <strong>com</strong>unidade e a <strong>com</strong>petência pedagógica são considerados <strong>com</strong>o<br />

pilares sobre os quais se assenta a eficácia <strong>escolar</strong>.


12<br />

Para HALLAK (1992), apud VALERIEN (2009)<br />

As principais características da gestão realizada pelas escolas – que supõe<br />

uma significativa delegação de autoridade e de direção as escolas – podem<br />

ser descritas em três palavras:<br />

Autonomia permite à escola a busca de soluções próprias, mais<br />

adequadas às necessidades e aspirações dos alunos e de suas famílias;<br />

Participação abre espaço para a tomada democrática de decisões,<br />

bem <strong>com</strong>o a captação e incorporação de recursos da <strong>com</strong>unidade: alunos,<br />

professores, funcionários, pais de alunos e outras pessoas genui<strong>na</strong>mente<br />

interessadas no bom desempenho da escola.<br />

Autocontrole é corolário das condições precedentes e permite o<br />

retorno de informações, indispensável para um funcio<strong>na</strong>mento adequado da<br />

escola e para uma participação efetiva. (p. 9).<br />

Conforme LEITE (2010. p. 25), autonomia de uma instituição significa ter<br />

poder de decisão sobre seus objetivos e suas formas de organização, manter-se<br />

relativamente independente do poder central, administrar livremente recursos<br />

fi<strong>na</strong>nceiros.<br />

Considerando a gestão de sistemas educacio<strong>na</strong>is, os fatores que têm sido<br />

apontados <strong>com</strong>o essenciais para a qualidade do <strong>ensino</strong> são: o <strong>com</strong>prometimento<br />

político do dirigente, a busca por alianças e parcerias, a valorização dos profissio<strong>na</strong>is<br />

da educação, a gestão democrática, o fortalecimento e a modernização da gestão<br />

<strong>escolar</strong>, e a racio<strong>na</strong>lização e a produtividade do sistema educacio<strong>na</strong>l. (XAVIER,<br />

1996. p. 10).<br />

De acordo <strong>com</strong> VALERIEN (2009. p. 15), a escola já não se limita a simples<br />

instrução, mas coopera cada vez mais <strong>com</strong> os outros setores da <strong>com</strong>unidade, <strong>com</strong><br />

vista à preparação dos jovens para a vida social, familiar e profissio<strong>na</strong>l.<br />

Conforme XAVIER (1996. p. 8), os estudos que vêm sendo realizados<br />

apontam para as seguintes conclusões quanto às características das escolas<br />

eficazes:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Forte liderança do diretor;<br />

Clareza quanto aos objetivos;<br />

Clima positivo de expectativas quanto ao sucesso;<br />

Clareza quanto aos meios para atingir os objetivos;<br />

Forte espírito de equipe;<br />

Envolvimento dos diferentes agentes educacio<strong>na</strong>is;<br />

Capacitação dirigida dos profissio<strong>na</strong>is da escola;<br />

Planejamento, a<strong>com</strong>panhamento e avaliação sistemáticos dos<br />

processos que ocorrem <strong>na</strong> escola; e


13<br />

<br />

Foco centrado no cliente principal da escola, o aluno.<br />

Segunda GABLER (2007. P. 8), é falso pensar que para fazer um trabalho<br />

de qualidade é preciso ter muita rigidez, voz ativa, imposição. Um trabalho de<br />

qualidade realmente acontece quando a gestão é democrática, aberta a opiniões e<br />

sugestões. Ouvir pais, funcionários, alunos e dividir responsabilidades são fatores<br />

essenciais para se fazer um bom trabalho.<br />

Compartilhar tarefas e responsabilidades não é, apesar de tudo, o único<br />

meio de instaurar uma participação sadia <strong>na</strong>s decisões e somente é eficaz quando<br />

exercida no quadro de m verdadeiro trabalho de equipe permanente. (VALERIEN,<br />

2009. p. 104).<br />

A escola deve intermediar no processo de <strong>ensino</strong>-aprendizagem, deve dar<br />

suporte ao aluno para que construa suas próprias teias do conhecimento. Deve<br />

despertar no aluno, também a criatividade, a motivação pelo estudo, pelo que ele<br />

representa <strong>na</strong> sociedade e que o estudo é umas das formas de reverter às<br />

desigualdades sociais. (LEITE, 2010. p. 17)<br />

Considerando XAVIER (1996. p. 10), seis dimensões devem ser<br />

consideradas quando se fala em qualidade da educação: qualidade política e à<br />

qualidade formal da educação; custo para se obter essa educação para a<br />

organização e ao seu preço para o cliente; atendimento; moral da equipe envolvida<br />

no processo; segurança e ética.<br />

De acordo <strong>com</strong> VALERIEN (2009. p. 116), a escola não é somente um lugar<br />

de aprendizagem, é também um lugar de socialização, onde a criança e o jovem<br />

aprendem a viver e a desenvolver-se no seio de uma coletividade, que tem <strong>com</strong>o<br />

função fundamental favorecer sua inserção social e profissio<strong>na</strong>l.<br />

Para LÜCK (2009. p. 62):<br />

A autonomia da gestão <strong>escolar</strong> evidencia-se <strong>com</strong>o uma necessidade<br />

quando a sociedade pressio<strong>na</strong> as instituições para que promovam<br />

mudanças urgentes e consistentes, em vista do que aqueles responsáveis<br />

pelas ações devem, do ponto de vista operacio<strong>na</strong>l, tomar decisões rápidas<br />

para que as mudanças ocorram no momento certo da forma mais efetiva, a<br />

fim de não se perder o momentum de transformação.<br />

Conforme PARO (2008. p. 136), uma administração <strong>escolar</strong> que pretenda<br />

promover a racio<strong>na</strong>lização das atividades no interior da escola deve <strong>com</strong>eçar,<br />

portanto, por exami<strong>na</strong>r a própria especificidade do processo de trabalho.


14<br />

Segundo LEITE (2010. p. 17), a escola que nos dá o conceito funcio<strong>na</strong>l da<br />

educação deve oferecer à criança um meio social e <strong>na</strong>tural. Um meio favorável ao<br />

intercâmbio de reações e experiências, sensibilizando-a para o trabalho e ação de<br />

acordo <strong>com</strong> os seus interesses e <strong>com</strong> as suas necessidades.<br />

Para FERREIRA e AGUIAR (2008, p. 161), o modelo burocrático de gestão<br />

tem sua origem <strong>na</strong>s teorias organizacio<strong>na</strong>is clássicas e cientifica, incorporando as<br />

remodelagens das teorias mais recentes, gestadas no caldo da cultura positivista,<br />

cartesia<strong>na</strong>mente concebidas dando-lhe sua feição estrutural-funcio<strong>na</strong>lista. Assim, o<br />

eixo central de umas e outras é baseado no poder central, de superintendência,<br />

delegação e distribuição de tarefas mantida a unidade de <strong>com</strong>ando e os controles,<br />

onde o sujeito é o poder e o objetivo é a subordi<strong>na</strong>ção.<br />

De acordo <strong>com</strong> FERREIRA e AGUIAR (2008, p. 171), a gestão da “escola<br />

cidadã” requer a reconstrução do paradigma de gestão. [...] assim, a construção de<br />

novas praticas, de processos democráticos de gestão, novas concepções, novo<br />

paradigma.<br />

Conforme FERREIRA e AGUIAR (2008,. p. 163):<br />

Na escola cidadã, o poder está no todo e é feito de processos dinâmicos<br />

construídos coletivamente pelo conhecimento e pela afetividade,<br />

constituindo-se em espaço aberto de criação e vivência. Assim, o paradigma<br />

da escola cidadã, autônoma, concebe uma gestão democrática:<br />

<br />

<br />

Voltada para a inclusão social;<br />

Fundada no modelo cognitivo/afetivo;<br />

Com clareza de propósitos, subordi<strong>na</strong>dos ape<strong>na</strong>s ao interesse dos<br />

cidadãos a que serve;<br />

Com processos decisórios participativos e tão dinâmicos quanto a<br />

realidade, geradores de <strong>com</strong>promissos e responsabilidades;<br />

<br />

Com ações transparentes;<br />

Com processo auto-avaliativos geradores da critica institucio<strong>na</strong>l e<br />

fiadores da construção coletiva;<br />

A teoria conservadora da Administração Escolar, ao detectar algumas<br />

peculiaridades <strong>na</strong> escola que a diferenciam da empresa, já o faz partindo do<br />

pressuposto de uma identidade dos princípios administrativos que devem nortear as<br />

atividades de ambas. (PARO, 2008. p. 136).<br />

Segundo VALERIEN (2009), a escola não é somente um lugar de<br />

aprendizagem, é também um lugar de socialização, onde os educandos aprendem a


15<br />

viver e a desenvolver-se no seio de uma coletividade, que tem <strong>com</strong>o função<br />

fundamental beneficiar sua inclusão social e profissio<strong>na</strong>l.<br />

De acordo <strong>com</strong> VALERIEN (2009, p. 150), as principais pesquisas realizadas<br />

sobre a melhoria da qualidade do <strong>ensino</strong> evidenciam o papel extremamente<br />

importante que nela desempenham “os elementos da supervisão pedagógica” e,<br />

especialmente, os diretores de escola.<br />

VALERIEN (2009) acredita que:<br />

O papel do diretor de estabelecimento <strong>escolar</strong> é incontestavelmente de uma<br />

importância considerável nesta organização tão sensível a que se dá o<br />

nome da “escola primária” e assume uma importância ainda maior quando<br />

se trata da questão da inovação.”<br />

“O termo inovação desig<strong>na</strong> idéias novas e mudanças positivas que se<br />

ajustam aos esforços visando a realização dos objetivos definidos.”<br />

“As inovações pedagógicas podem apresentar várias formas: substituição,<br />

modificação, reestruturação. A inovação envolve todos os setores do<br />

sistema educativo: função da instituição <strong>escolar</strong>, programas<br />

individualizados, currículos, organização, utilização do pessoal docente,<br />

organização das instalações, orientações metodológicas... (p.150).<br />

Considerando PARO (2008. p. 164), as vantagens de uma administração<br />

<strong>escolar</strong> participativa, em que as decisões são tomadas pelo grupo, não se referem<br />

ape<strong>na</strong>s à democratização inter<strong>na</strong> da escola, mas também ao fortalecimento da<br />

unidade <strong>escolar</strong> exter<strong>na</strong>mente.<br />

CURY (2001), apud GRACINDO (2009), afirma que, o gestor da educação e<br />

da educação <strong>escolar</strong>, em especial, deve ser contemplado <strong>com</strong> processos de<br />

formação geral iguais a todo e qualquer educador. Ao mesmo tempo, ele deve<br />

receber uma formação especifica que o habilitem as inúmeras tarefas e<br />

desempenhos que se lhe são exigidas.<br />

Para VALERIEN (2009, p. 152), o diretor de escola já não é ape<strong>na</strong>s um<br />

administrador: ele deve se também um inovador. E estas duas funções não são<br />

contraditórias: tor<strong>na</strong>m-se <strong>com</strong>patíveis quando a direção da escola se tor<strong>na</strong> mais<br />

democrática quando atribuem poderes mais amplos aos conjuntos dos agentes da<br />

escola: professores, pais, coletividade local.<br />

A qualificação e a motivação do diretor de escola são hoje a dimensão que<br />

mais atenções requerem, não só porque o diretor é o pólo integrador de todos os<br />

demais, mas também porque é o elemento determi<strong>na</strong>nte da eficácia da ação<br />

educativa. (VALERIEN, 2009. p. 165).


2. GESTÃO DEMOCRÁTICA<br />

No marco legal, a gestão democrática está estabelecida <strong>na</strong> Constituição<br />

Federal do Brasil, de 1988, <strong>com</strong>o um dos princípios que deve nortear o <strong>ensino</strong><br />

público, regulamentada pela LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação<br />

Nacio<strong>na</strong>l, Lei nº. 9.394/96. No estado de Mato Grosso este tipo de gestão e<br />

fortalecida pela Lei 7.040/98.<br />

A gestão democrática da escola cumpre um papel de extraordinária<br />

importância para o aprofundamento da democracia e para a realização da cidadania,<br />

trata-se do espaço <strong>escolar</strong> que contribui <strong>com</strong> a construção de uma cultura<br />

democrática capaz de dissemi<strong>na</strong>r-se no corpo social. (MAMEDES, 2005. p. 43).<br />

Conforme LEITE (2010, p. 24), os gestores das escolas para exercerem a<br />

função de direção têm que agregar em suas funções um imperativo social e<br />

pedagógico, além de coorde<strong>na</strong>r todo o processo organizacio<strong>na</strong>l que a função lhes<br />

atribui.<br />

LEITE (2010. p. 25) acredita:<br />

A direção <strong>escolar</strong> citada trata de universo maior onde o principal objetivo é o<br />

ser humano, o intelecto, é o direcio<strong>na</strong>r todas as ações em prol de sua<br />

<strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong>. Essa direção implica em intencio<strong>na</strong>lidade, pois<br />

contribui para a tomada de posição perante a sociedade em que atua.<br />

Segundo MAMEDES (2005. p. 43), a gestão democrática está associada a<br />

um sistema descentralizado que dota a escola de autonomia administrativa,<br />

pedagógica e fi<strong>na</strong>nceira e, principalmente, permite-lhe contar <strong>com</strong> a participação dos<br />

membros, que fazem parte dessa <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong>, para tomar decisões<br />

coletivamente, sem eximir as responsabilidades do Estado para <strong>com</strong> a manutenção.<br />

De acordo <strong>com</strong> LEITE (2010. p. 13), a gestão democrática é um processo de<br />

aprendizado e de luta que vislumbra <strong>na</strong>s especificidades da prática social e em sua<br />

relativa autonomia, a possibilidade de criação de meios de efetiva participação de<br />

toda a <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong> <strong>na</strong> gestão da escola.<br />

A Gestão Democrática é um objetivo cujas condições de existência<br />

implicam, de uma parte, a responsabilidade coletiva e de outra, a vontade individual<br />

de transformar a própria consciência, pelo autoconhecimento, autocrítica e


17<br />

humildade de aceitar a diferença, <strong>com</strong>o condição de diálogo e a ação conjunta.<br />

(SANTOS, 2005. p. 70).<br />

Para MAMEDES (2005. p. 45), se <strong>na</strong> sociedade <strong>com</strong>o um todo, a<br />

participação de cada um é condição essencial para uma melhor qualidade de vida;<br />

<strong>na</strong> escola essa participação é o que caracteriza o processo educativo ideal. Assim,<br />

<strong>na</strong> escola, quando não há participação, não há democratização.<br />

De acordo <strong>com</strong> ZANINI (2008, p. 15), os princípios e fins da educação<br />

brasileira proclamam a gestão democrática <strong>com</strong>o forma de dirigir as escolas,<br />

situação que provocou a reflexão e o repensar sobre a organização <strong>escolar</strong> e sua<br />

estrutura do ponto de vista interno, bem <strong>com</strong>o <strong>na</strong> sua projeção exterior e social.<br />

Conforme VALERIEN (2009. p. 151), além das atribuições que normalmente<br />

<strong>com</strong>petem à <strong>com</strong>unidade local, a legislação deixa freqüentemente às escolas certa<br />

autonomia no que diz respeito ao processo de sua ligação a <strong>com</strong>unidade e a<br />

participação <strong>na</strong> ação de diversos organismos.<br />

Numerosas experiências morreram por falta de participação, devido a<br />

resistência muito freqüente dos professores que acham que ela representa uma<br />

atividade suplementar não remunerada e por causa da ausência progressiva dos<br />

pais. (VALERIEN, 2009. p. 141).<br />

Conforme PARO (1998, p. 270):<br />

A democratização da gestão da escola básica não pode restringir-se aos<br />

limites do próprio estado, _ promovendo a participação coletiva ape<strong>na</strong>s dos<br />

que atuam em seu interior _ mas envolver principalmente os usuários e a<br />

<strong>com</strong>unidade em geral, de modo que se possa produzir, por parte da<br />

população, uma real possibilidade de controle democrático do Estado no<br />

provimento de educação <strong>escolar</strong> em quantidade e qualidade <strong>com</strong>patíveis<br />

<strong>com</strong> as obrigações do poder público e de acordo <strong>com</strong> os interesses da<br />

sociedade.<br />

A gestão democrática da escola só tem êxito se a <strong>com</strong>unidade participar de<br />

forma efetiva e ativamente direta, ou através dos órgãos colegiados da escola <strong>com</strong>o<br />

Conselho Escolar, o Grêmio Estudantil e APMF – associação de pais, mestres e<br />

funcionários. (LEITE, 2010. p. 12).<br />

De acordo <strong>com</strong> SANTOS (2005), a construção da Gestão Democrática esta<br />

sujeito ao <strong>com</strong>promisso de todos os grupos que lidam <strong>com</strong> a educação: governo,<br />

escola (equipe gestora) e sociedade em geral.<br />

Conforme, PARO (2007, p. 25):


18<br />

Se a verdadeira democracia caracteriza-se, dentre outras coisas, pela<br />

participação ativa dos cidadãos <strong>na</strong> vida pública, considerados não ape<strong>na</strong>s<br />

<strong>com</strong>o “titulares de direito”, mas também <strong>com</strong>o “criadores de novos direitos”,<br />

é preciso eu a educação se preocupe <strong>com</strong> dotá-los das capacidades<br />

culturais exigidas para exercer essas atribuições, justificando-se, portanto, a<br />

necessidade de a escola pública cuidar, de modo planejado e não ape<strong>na</strong>s<br />

difuso, de uma autentica formação do democrata.<br />

Segundo FERREIRA e AGUIAR (2008. p. 54), por mais que uma cultura de<br />

conselhos de educação ainda impregne seus atos, a expectativa hoje é de que eles<br />

devem conter em alto grau, a dinâmica da participação, da abertura e do diálogo.<br />

LEITE (2010), acredita que, a gestão democrática busca salientar a<br />

importância <strong>na</strong> busca das soluções em que o educador procure refletir sobre as<br />

queixas, os lamentos de uma forma crítica, procurando a valorização <strong>na</strong> construção<br />

do conhecimento e da aprendizagem.<br />

A convivência democrática em todos os espaços ocorre satisfatoriamente,<br />

quando as pessoas participam e decidem sobre os problemas que afetam tanto sua<br />

vida individual quanto coletiva. A participação tor<strong>na</strong>-se, portanto, um mecanismo<br />

social de formação e vivência de democracia, de conquista da autonomia pessoal e<br />

política. (MAMEDES, 2005. p. 48).<br />

O elemento fundamental que sustenta a gestão democrática é o Conselho<br />

Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE), afirma LEITE (2010, p. 22):<br />

Conselho <strong>escolar</strong> é um elemento fundamental da gestão democrática da<br />

escola, pois é através dele que as discussões <strong>com</strong> a <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong><br />

surgem e <strong>com</strong> objetivo de implantar as ações em conjunto <strong>com</strong> a coresponsabilidade<br />

de todos no processo educativo. Através deste mecanismo<br />

de ação coletiva é que efetivamente serão ca<strong>na</strong>lizados os esforços da<br />

<strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong> em direção à renovação da escola, <strong>na</strong> busca da<br />

melhoria do <strong>ensino</strong> e de uma sociedade huma<strong>na</strong> mais democrática.<br />

De acordo <strong>com</strong> FERREIRA e AGUIAR (2008. p. 48), conselho é<br />

também o lugar onde se delibera. Deliberar implica a tomada de uma decisão,<br />

precedida de uma a<strong>na</strong>lise e de um debate que, por sua vez, implica a publicidade<br />

dos atos <strong>na</strong> audiência e <strong>na</strong> visibilidade dos mesmos.<br />

Para XAVIER (1996), a escola faz diferença, sim, no desempenho dos<br />

educandos, e que a gestão é indiscutível para atingir seus objetivos. [...] Inúmeros<br />

estudos, no Brasil e no exterior, vêm <strong>com</strong>provando que as escolas bem dirigidas e<br />

organizadas são eficazes.<br />

Conforme FERREIRA e AGUIAR (2008), a gestão democrática é igualmente<br />

a presença no processo e no produto de políticas de governo. Os cidadãos querem


19<br />

mais do que ser executores de políticas, querem ser ouvidos e ter presença nos<br />

momentos de elaboração.<br />

Segundo LEITE (2010. p. 25), a prática da gestão e da direção participativa<br />

tem <strong>com</strong>o rumo à elaboração e execução do projeto numa visão de espaço<br />

educativo aberto <strong>com</strong> a participação da <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong>.<br />

Os conselhos <strong>escolar</strong>es representam importante espaço para a<br />

democratização da escola, através da articulação do trabalho entre os vários<br />

segmentos que a <strong>com</strong>põem. (VASCONCELOS, 2008).<br />

Dentre os traços marcantes desse “novo padrão de gestão” destacam-se:<br />

XAVIER (1996, p. 8):<br />

Participação dos agentes <strong>na</strong> gestão <strong>escolar</strong> <strong>com</strong> conteúdos e níveis<br />

mais definidos;<br />

Mecanismos de avaliação que induzem à responsabilização das<br />

escolas por seus resultados;<br />

Redefinição de papeis no nível central, visando à maior<br />

descentralização e descontração; e<br />

Produtividade, eficiência e desempenho <strong>com</strong>o ingredientes<br />

importantes do sucesso;<br />

Conforme LEITE (2010. p. 27), a concepção democrática de gestão valoriza<br />

o desenvolvimento pessoal, a qualificação profissio<strong>na</strong>l e a <strong>com</strong>petência técnica. A<br />

escola é um espaço educativo, lugar de aprendizagem em que todos aprendem a<br />

participar dos processos decisórios, mas e também o local em que os profissio<strong>na</strong>is<br />

desenvolvem sua profissio<strong>na</strong>l idade.<br />

A Associação de pais, Mestres e Funcionários – é outro mecanismo de<br />

fortalecimento do processo democrático, considerando <strong>com</strong>o entidade civil <strong>com</strong><br />

perso<strong>na</strong>lidade jurídica própria, sem caráter lucrativo, formado pelos pais dos alunos<br />

regulamente matriculados <strong>na</strong> escola, tendo <strong>com</strong>o objetivo o estabelecimento de<br />

vinculo entre escola e família <strong>com</strong>o contribuição necessária para o processo<br />

educativo. (LEITE, 2010. p. 24).<br />

XAVIER (1996, p. 10) acredita:<br />

Os estudos que vêm sendo realizados apontam para as seguintes<br />

conclusões quanto à características das escolas eficazes:<br />

<br />

<br />

<br />

Forte liderança do diretor;<br />

Clareza quanto aos objetivos;<br />

Clima positivo de expectativas quanto ao sucesso;


20<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Clareza quanto aos meios para atingir os objetivos;<br />

Forte espírito de equipe;<br />

Envolvimento dos diferentes agentes educacio<strong>na</strong>is;<br />

Capacitação dirigida dos profissio<strong>na</strong>is da escola;<br />

Planejamento, a<strong>com</strong>panhamento e avaliação sistemáticos dos<br />

processos que ocorrem <strong>na</strong> escola; e<br />

<br />

Foco centrado no cliente principal da escola, o aluno.<br />

De acordo <strong>com</strong> LÜCK (2009, p. 30), a mudança de paradigma é marcada<br />

por uma forte tendência à adoção de práticas interativas, participativas e<br />

democráticas, caracterizadas por movimentos dinâmicos e globais pelos quais<br />

dirigentes funcionários e clientes ou usuários estabelecem alianças, redes e<br />

parcerias, <strong>na</strong> busca de superação de problemas enfrentados e alargamento de<br />

horizontes e novos estágios de desenvolvimento.<br />

Para LÜCK (2009, p. 41). é inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e emerge <strong>com</strong> características de<br />

reforma nos países cujo governo foi caracterizado pela centralização, sobretudo<br />

daqueles que tiveram regimes autoritários de governo.<br />

Assim, LÜCK (2009, p. 41) acredita que:<br />

Esse movimento está relacio<strong>na</strong>do a vários entendimentos:<br />

a) De que as escolas apresentam características diferentes, em vista do<br />

que qualquer previsão de recursos decidida centralmente deixa de atender<br />

as necessidades especificas da forma e no tempo que não são<br />

demandadas;<br />

b) De que a escola é uma organização social e que o processo<br />

educacio<strong>na</strong>l que promove é altamente dinâmico, não podendo ser<br />

adequadamente previsto, atendido e a<strong>com</strong>panhado em âmbito externo e<br />

central;<br />

c) Os ideais democráticos que devem orientar a educação, a fim de que<br />

contribua para a correspondente formação de seus alunos, necessitam de<br />

ambiente democrático e participativo;<br />

d) A aproximação entre tomada de decisão e ação não ape<strong>na</strong>s garante<br />

a maior adequação das decisões e efetividade das ações correspondentes,<br />

<strong>com</strong>o também é condição para a formação de sujeitos de sue destino e a<br />

maturidade social.<br />

A fim de que a democratização da escola fosse ple<strong>na</strong>, seria necessário<br />

ocorrer uma verdadeira democratização no sistema de <strong>ensino</strong> <strong>com</strong>o um todo,<br />

envolvendo os níveis superiores de gestão. Assim, estes deveriam, também, sofrer o<br />

processo de gestão democrática, mediante a participação da <strong>com</strong>unidade em geral e<br />

de representantes das escolas, <strong>na</strong> tomada de decisões. (LÜCK, 2009, p. 46).


21<br />

Segundo FERREIRA e AGUIAR (2008, p. 56), a nova lei de diretrizes e<br />

bases, em seu artigo 14, trata da gestão democrática do <strong>ensino</strong> publico. Ela delega<br />

maiores detalhamentos aos sistemas. Contudo, o inciso II diz que um dos<br />

<strong>com</strong>ponentes desta gestão é a participação das <strong>com</strong>unidades <strong>escolar</strong> e locar em<br />

conselhos <strong>escolar</strong>es ou equivalentes.<br />

Para LÜCK (2009, p. 58), a proposição da democratização da escola aponta<br />

para o estabelecimento de um sistema de relacio<strong>na</strong>mento e de tomada de decisão<br />

em que todos tenham a possibilidade de participar e contribuir a partir de seu<br />

potencial que por essa participação se expande, criando um empoderamento<br />

pessoal de todos em conjunto <strong>com</strong> a instituição.<br />

Conforme GRACINDO (2009, p. 170):<br />

O conselho <strong>escolar</strong> tem papel decisivo <strong>na</strong> gestão democrática da escola,<br />

quando utilizado <strong>com</strong>o instrumento <strong>com</strong>prometido <strong>com</strong> a construção de uma<br />

escola cidadã. Assim constitui-se <strong>com</strong>o um órgão colegiado que representa<br />

a <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong> e local, atuando em sintonia <strong>com</strong> os gestores<br />

<strong>escolar</strong>es e definindo caminhos para a tomada de decisões administrativas,<br />

fi<strong>na</strong>nceiras e político-pedagógica, que sejam condizentes <strong>com</strong> as<br />

necessidades e potencialidades da escola.<br />

A gestão democrática exige uma ruptura <strong>na</strong> pratica administrativa da escola<br />

<strong>com</strong> o enfrentamento das questões da exclusão e reprovação e da permanência do<br />

aluno <strong>na</strong> sala de aula, o que vem provocando a margi<strong>na</strong>lização das classes<br />

populares. (VEIGA, 2009, p. 166).<br />

Conforme VEIGA (2009, p. 167), a escola conta <strong>com</strong> instâncias colegiadas,<br />

entre elas, o Conselho de Escola, Conselho de Classe, etc. Portanto, participação<br />

requer o sentido da construção de algo que envolve todos os interessados e que tem<br />

a ver <strong>com</strong> educação de qualidade.<br />

De acordo SOUZA (2009, p. 199), as discussões acerca da gestão<br />

democrática da educação envolvem diferentes perspectivas, haja vista a diversidade<br />

de aspectos de dimensões, tanto do campo educacio<strong>na</strong>l (gestão <strong>escolar</strong>, de<br />

sistemas, de políticas, de currículo, gestão de sala de aula, de projetos, etc.) quanto<br />

do próprio conceito, este nem sempre apreendido para além de uma prescrição<br />

constitucio<strong>na</strong>l.<br />

Segundo SANTOS (2005, p. 69):<br />

Entende-se que haja uma tendência a pensar que a existência de um<br />

Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar, a Eleição do Diretor e a


22<br />

possibilidade de a própria escola planejar e viabilizar a utilização de seus<br />

recursos fi<strong>na</strong>nceiros constitua por si mesmos, créditos suficientes para uma<br />

definitiva caracterização da escola <strong>com</strong>o democrática.<br />

Dentre as várias dimensões ou possibilidades de entrada <strong>na</strong> discussão<br />

sobre a gestão democrática <strong>escolar</strong>, uma se destaca, inicialmente, pelo seu<br />

significado político-pedagógico e pela condição imprescindível para o livre exercício<br />

democrático no âmbito social: referimo-nos à autonomia institucio<strong>na</strong>l. (SOUZA, 2009,<br />

p. 203).<br />

De acordo <strong>com</strong> MAMEDES (2005, p. 56):<br />

No setor educacio<strong>na</strong>l, a descentralização, a democratização da gestão<br />

<strong>escolar</strong> e a autonomia da escola aparecem de forma correlata, muitas<br />

vezes, inclusive, encontradas <strong>com</strong>o “sinônimos”, tanto em documentos<br />

oficiais <strong>com</strong>o <strong>na</strong> literatura que aborda o tema. Os instrumentos de<br />

construção de uma escola pública democrática, segundo esses<br />

documentos, são os projetos políticos pedagógicos, os Conselhos<br />

Escolares, a eleição de diretores, que são as instâncias de decisão que têm<br />

a função de gerir a escola democraticamente, representando os diferentes<br />

segmentos da <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong>, <strong>com</strong> papel ativo <strong>na</strong> construção do<br />

projeto político pedagógico, em sua implantação, a<strong>com</strong>panhamento e<br />

avaliação sistemática.<br />

BORDIGNON e GRACINDO (2008, p. 158), para possibilitar o<br />

desenvolvimento de cidadão democrático, a escola precisa de um clima<br />

organizacio<strong>na</strong>l favorável ao cultivo do saber e da cultura, do prazer e da<br />

sensibilidade, desenvolvendo nos alunos capacidades técnicas, políticas e huma<strong>na</strong>s,<br />

que os tornem: capazes de aprender; <strong>com</strong>petentes técnicas e politicamente; éticos;<br />

autônomos e emancipados.<br />

MAMEDES (2005, p. 57), autonomia de uma escola significa ter poder de<br />

decisão sobre seus objetivos e suas formas de organização, administrar livremente<br />

as questões administrativas, pedagógicas e os recursos fi<strong>na</strong>nceiros. Sendo assim, a<br />

escola pode traçar seu próprio caminho, envolvendo os professores e os demais<br />

segmentos da <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong>.<br />

Para ARAUJO (2009, p. 254), a gestão democrática, assim, passou a ser<br />

entendida <strong>com</strong>o meio de democratização das instâncias do poder no interior da<br />

escola e <strong>com</strong>o forma de garantia da participação efetiva e permanente da<br />

<strong>com</strong>unidade nos rumos da educação.<br />

ARAUJO (2000), apud ARAUJO (2009, p. 254):<br />

Acredita que é necessário exercitar quatro elementos constitutivos<br />

importantes <strong>na</strong> construção de um processo de gestão democrática:<br />

Participação, Autonomia, Pluralismo e Transparência. Cada um desses


23<br />

elementos tem sua relevância por si só, e, juntos, colaboram para a<br />

ampliação do entendimento de <strong>com</strong>o se articula e se manifesta uma<br />

educação democrática, que considera, realmente, a <strong>com</strong>unidade <strong>escolar</strong>.<br />

Gestão democrática é o processo de coorde<strong>na</strong>ção das estratégias de ação<br />

para alcançar os objetivos definidos e requer liderança centrada <strong>na</strong> <strong>com</strong>petência,<br />

legitimidade e credibilidade. [...] Em boa medida, portanto, escolher um diretor é<br />

escolher os rumos e a qualidade dos processos de gestão da escola. (BORDIGNON<br />

e GRACINDO, 2008,. p. 165).<br />

Conforme LÜCK (2009, p. 108), os principais princípios para a const5rução e<br />

prática da gestão autônoma são: <strong>com</strong>prometimento, <strong>com</strong>petência, liderança,<br />

mobilização coletiva, transparência, visão estratégica, visão proativa, iniciativa e<br />

criatividade.<br />

Para ARAUJO (2009, p. 258), a democratização da escola não é tarefa fácil,<br />

envolve as múltiplas relações <strong>com</strong> os diferentes sujeitos sociais, bem <strong>com</strong>o passa<br />

pela afirmação e pela criação de espaços de participação dos alunos <strong>na</strong>s discussões<br />

políticas e pedagógicas da escola.<br />

Segundo BORDIGNON e GRACINDO (2008. p. 165), a gestão democrática<br />

deve ser <strong>com</strong>preendida não ape<strong>na</strong>s <strong>com</strong>o um principio do novo paradigma, mas<br />

também <strong>com</strong>o um objetivo a ser sempre perseguido e aprimorado, além de<br />

configurar-se <strong>com</strong>o uma prática cotidia<strong>na</strong> nos ambientes educativos.<br />

De acordo <strong>com</strong> ARAUJO (2009. p. 261), no âmbito <strong>escolar</strong>, o envolvimento<br />

direto dos diferentes segmentos <strong>na</strong> construção de regras, normas e regimentos<br />

<strong>escolar</strong>es, a partir de um debate franco e transparente, visando uma melhor<br />

convivência inter<strong>na</strong> parece um exercício democrático importante.<br />

LÜCK (2009, p. 128), a autonomia de gestão <strong>escolar</strong> estabelece parâmetros<br />

de qualidade ao trabalho coletivo, norteando as responsabilidades do conjunto dos<br />

profissio<strong>na</strong>is da escola, estabelecendo oportunidades de exercício de criatividade e<br />

espírito de inovação, de renovação das práticas profissio<strong>na</strong>is e de <strong>com</strong>promisso<br />

social da escola.


3. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO<br />

A LDB (Lei 9.394/96), em seu artigo 12, inciso I, prevê que “os<br />

estabelecimentos de <strong>ensino</strong>, respeitadas as normas <strong>com</strong>uns e as do seu sistema de<br />

<strong>ensino</strong>, terão incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica.”<br />

De acordo <strong>com</strong> GRACINDO (2004), apud GRACINDO (2009), o projeto<br />

político pedagógico, assim esboçado não deve ser visto <strong>com</strong>o um instrumento<br />

“neutro”, estanque das demais ações administrativas. Nem mesmo precisa ser<br />

(<strong>com</strong>o tem sido) um documento tecnicista e meramente formal. Ele é <strong>na</strong> verdade<br />

ferramenta eficaz <strong>na</strong> constituição da educação que se deseja e que tem, por isso,<br />

<strong>com</strong>o ponto de sustentação, a escolha consciente e intencio<strong>na</strong>l do tipo de educação<br />

e de escola que se quer construir.<br />

Conforme VEIGA (2009, p. 163), a <strong>com</strong>preensão do papel do PPP <strong>na</strong> escola<br />

e do conceito de gestão democrática que baliza seu desempenho tem sido<br />

influenciada de forma significativa pelas políticas públicas, tanto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is quanto<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. O que se espera da escola hoje é uma educação de qualidade, tendo<br />

<strong>com</strong>o sustentáculos o projeto político pedagógico e a gestão democrática.<br />

Para LÜCK (2009), vale lembrar que toda pessoa tem um poder de<br />

influência sobre o contexto de que faz parte, exercendo-o, involuntariamente de sua<br />

consciência desse fato e da direção e intenção de sua atividade.<br />

A gestão democrática <strong>na</strong> escola tem o objetivo de envolver toda <strong>com</strong>unidade<br />

<strong>escolar</strong> através da participação efetiva <strong>na</strong> construção do Projeto Político Pedagógico<br />

e em todas as decisões que imergirem desta gestão, afirma LEITE (2010, p. 12).<br />

MARQUES (1990) apud VEIGA (2009, p. 164):<br />

Ao nos referirmos ao projeto político pedagógico fica claro que construí-lo,<br />

executá-lo e avaliá-lo é tarefa da escola; tarefa que não se limita ao âmbito<br />

das relações interpessoais, mas que se tor<strong>na</strong> “realisticamente situada <strong>na</strong>s<br />

estruturas e funções especificas da escola, nos recursos e limites que<br />

singularizam, envolvendo ações continuadas em prazos distintos.”<br />

Conforme LÜCK (2009, p. 133)... a participação assume uma dimensão<br />

política de construção de bases de poder pela autoria que constitui o autentico<br />

sentido de autoridade, a qual, por sua vez é qualificada pela participação, tendo em<br />

vista que, pelas intervenções participativas <strong>com</strong>petentes no trabalho, aumenta a sua<br />

<strong>com</strong>petência e capacidade de participação.


25<br />

Projeto Político Pedagógico da escola e gestão democrática trazem<br />

intencio<strong>na</strong>lmente em seus termos a articulação e o significado postulados para a<br />

construção dos marcos da educação de qualidade. (VEIGA, 2009, p. 163).<br />

A participação em sentido pleno é caracterizada pela mobilização efetiva dos<br />

esforços individuais para a superação de atitudes de a<strong>com</strong>odação, de alie<strong>na</strong>ção, de<br />

margi<strong>na</strong>lidade, e reversão desses aspectos pela elimi<strong>na</strong>ção de <strong>com</strong>portamentos<br />

individualistas pela construção de espírito de equipe, visando a efetivação de<br />

objetivos sociais que são adequadamente entendidos e assumidos por todos (LÜCK,<br />

2009, p. 144).<br />

Para VEIGA (2009), a escola, no procedimento de construção da educação<br />

de qualidade, deve transformar-se numa <strong>com</strong>unidade do diálogo coletivo.<br />

Para LÜCK (2009. p. 147):<br />

A participação, em seu sentido pleno, caracteriza-se por uma força de<br />

atuação consciente pela qual os membros de uma unidade social<br />

reconhecem e assumem seu poder de exercer influencia de determi<strong>na</strong>ção<br />

da dinâmica dessa unidade, de sua cultura e de seus resultados, poder<br />

esse resultante de sua <strong>com</strong>petência e vontade de <strong>com</strong>preender, decidir e<br />

agir sobre questões que lhe são afetas, dando-lhe unidade, vigor e<br />

direcio<strong>na</strong>mento firme.<br />

Segundo LÜCK (2009, p. 151) <strong>na</strong> escola, a participação tem sido evocada<br />

em várias circunstâncias, das quais destacamos algumas, ape<strong>na</strong>s para exemplificar<br />

certas práticas levadas a efeito sob essa denomi<strong>na</strong>ção.<br />

O projeto político pedagógico, <strong>com</strong>o proposta, deve constituir-se em tarefa<br />

<strong>com</strong>um do corpo diretivo e da equipe <strong>escolar</strong> e, mais especificamente, dos serviços<br />

pedagógicos (coorde<strong>na</strong>ção pedagógica, orientação educacio<strong>na</strong>l). A esses cabe o<br />

papel de liderar o processo de construção, execução e avaliação desse projeto<br />

pedagógico. (VEIGA, 2009, p. 165).<br />

Assim, LÜCK (2009, p. 158), afirma que uma das situações <strong>escolar</strong>es mais<br />

<strong>com</strong>uns sobre as quais se demanda a participação de professores diz respeito à<br />

realização de atividades extracurriculares, <strong>com</strong>o, por exemplo, festas juni<strong>na</strong>s,<br />

promoções de campanhas, atividades de campo ou transversalidade no currículo, ou<br />

outras atividades desse gênero.<br />

Outra circunstância constitui-se <strong>na</strong> tomada de decisões a respeito de<br />

problemas apontados pela direção da escola, cujas soluções alter<strong>na</strong>tivas são


26<br />

sugeridas pela própria direção, servindo assembléia para referendar tais decisões<br />

(LÜCK, 2009, p. 158).<br />

VEIGA (2009, p. 167), afirma que:<br />

O processo de construção do projeto pedagógico da escola amplia a visão<br />

de tempo em duas dimensões: o tempo cronológico e o tempo pedagógico.<br />

O tempo cronológico é aquele em que a realidade é representada, <strong>na</strong> forma<br />

que ocorreu no passado. É o tempo marcado pelo relógio, pelo horário,<br />

pelas horas, minutos e segundos.<br />

Por tempo pedagógico entendemos aquele tempo da experiência vivida. É o<br />

tempo predomi<strong>na</strong>nte <strong>na</strong> sala de aula, onde o processo <strong>ensino</strong>aprendizagem<br />

deve ocorrer de forma continua, onde as decisões<br />

pedagógicas são tomadas, onde um conhecimento é construído, onde<br />

ocorre o dialogo, o <strong>com</strong>partilhamento, a solidariedade.<br />

De acordo <strong>com</strong> LÜCK (2009, p. 159) é importante ressaltar que essas<br />

circunstâncias deixam de caracterizar a participação efetiva dos professores, uma<br />

vez que os mesmos sentem-se usados, no primeiro caso <strong>com</strong>o simples mão de obra<br />

e, no segundo caso, <strong>com</strong>o avalistas de decisões prévias e exteriores ao grupo.<br />

Segundo AGUIAR (2009, p. 177), o processo de elaboração e<br />

implementação do PPP numa perspectiva democrática requer a participação de<br />

todos os segmentos que interagem <strong>na</strong> instituição <strong>com</strong> a fi<strong>na</strong>lidade de por em debate<br />

as fi<strong>na</strong>lidades e objetivos da educação e da escola de forma contextualizada, assim<br />

<strong>com</strong>o os processo curriculares e pedagógicos e os resultados do esforço coletivo em<br />

prol das aprendizagens significativas dos estudantes e da sua formação cidadã.<br />

Conforme LÜCK (2009, p. 152):<br />

[...] essa prática embora pareça oferecer, do ponto de vista de quem a<br />

conduz, alguns resultados positivos, do ponto de vista socioeducacio<strong>na</strong>l, a<br />

médio prazo, produz resultados altamente negativos deterioram a cultura<br />

organizacio<strong>na</strong>l da escola por várias razoes:<br />

a) Por destruir qualquer possibilidade de colaboração benéfica;<br />

b) Por promover o descrédito <strong>na</strong>s ações de direção e <strong>na</strong>s pessoas que<br />

detêm autoridade;<br />

c) Por gerar desconfiança, insegurança e, ainda<br />

d) Por destruir as sementes e motivações de participação efetiva que<br />

existem <strong>na</strong>s pessoas que, ao se sentirem usadas, passam a negar esse<br />

processo e até mesmo a legitimidade...<br />

A observação, a análise e a <strong>com</strong>preensão dos processos e das formas de<br />

participação constituem-se em condição para que se possa aprimorar esse processo<br />

<strong>na</strong> escola. Como um processo social, apresenta vários desdobramentos e nuances,


27<br />

demandando de todos os participantes, e, sobretudo de seus líderes, habilidades<br />

específicas e atitudes especiais (LÜCK, 2009, p. 149).<br />

O Projeto Político-Pedagógico é o plano global da instituição. Trata-se de um<br />

importante caminho para a constituição da identidade da instituição. É um<br />

instrumento teórico-metodológico para transformação da realidade.<br />

(VASCONCELOS, 2008, p. 32).<br />

Conforme VEIGA (2009, p. 167), o projeto político pedagógico, ao dar uma<br />

nova identidade à escola, contempla em suas reflexões a questão da educação de<br />

qualidade, entendida aqui <strong>na</strong>s suas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica, a<br />

social e a política.<br />

Segundo AGUIAR (2009, p. 177), a construção do PPP requer, portanto, de<br />

todos os segmentos disposição pra enfrentar o diálogo em torno de questões<br />

centrais da sociedade contemporânea, da formação huma<strong>na</strong> e cidadã, das<br />

perspectivas de futuro, da educação, da pratica pedagógica e do cotidiano <strong>escolar</strong>.<br />

VASCONCELOS (2002), apud ZANINI (2008, p. 13), destaca que, diante dos<br />

avanços e da <strong>com</strong>plexidade da prática educativa, sente-se a necessidade da criação<br />

de novos instrumentos para gerir o dia-a-dia da escola, âmbito em que o PPP se<br />

estabelece <strong>com</strong>o necessidade aos educadores e às instituições de <strong>ensino</strong>.<br />

Para ZANINI (2008, p. 13), a forma <strong>com</strong>o o PPP é formulado ou utilizado<br />

pelas escolas, nem sempre contribui para a efetivação do processo de<br />

democratização da gestão <strong>escolar</strong>, limitando sua existência a um mero documento<br />

legal e obrigatório, ape<strong>na</strong>s existe no campo burocrático.<br />

Segundo PEREIRA, ROCHA e ARAÚJO (2008, p. 20), as discussões sobre<br />

projetos político-pedagógicos aferem um olhar global sobre o processo educacio<strong>na</strong>l,<br />

<strong>na</strong> busca, sobretudo, de tecer um olhar sobre o caráter legal das ações previstas<br />

para sua implantação.<br />

PEREIRA, ROCHA e ARAÚJO (2008, p. 20), enfatizar que:<br />

Antes de tudo, estas discussões devem ter o objetivo de convidar o<br />

educador a construir, em primeiro plano, a sua autonomia individual para,<br />

posteriormente, sobre os reais condicio<strong>na</strong>ntes que envolvem a prática<br />

pedagógica contemporânea, pois pensar um projeto de educação implica<br />

pensar o tipo e qualidade de escola, a concepção de homem e de<br />

sociedade que se pretende construir.


28<br />

Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos<br />

intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, <strong>com</strong> base no que temos,<br />

buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente. (Veiga, 2002, p.<br />

154).<br />

Para VEIGA (2002, p. 155):<br />

O projeto não é algo que construído e em seguida arquivado ou<br />

encaminhado às autoridades educacio<strong>na</strong>is <strong>com</strong>o prova do cumprimento de<br />

tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos,<br />

por todos os envolvidos <strong>com</strong> o processo educativo da escola.<br />

Segundo LONGHI e BENTO (2006, p. 3), o projeto político-pedagógico é,<br />

portanto, um documento que facilita e organiza as atividades, sendo mediador de<br />

decisões, da condução das ações e da análise dos seus resultados e impactos.<br />

Ainda se constitui num retrato de memória histórica construída, num registro que<br />

permite à escola rever a sua intencio<strong>na</strong>lidade histórica.<br />

3.1 FORMAS DE PARTICIPAÇÃO<br />

A participação tem sido exercida sob inúmeras formas e nuances no<br />

contexto <strong>escolar</strong>, desde a participação <strong>com</strong>o manifestação de vontades<br />

individualistas, algumas vezes camufladas, até a expressão efetiva de <strong>com</strong>promisso<br />

social e organizacio<strong>na</strong>l, traduzida em atuações concretas e objetivas, voltadas para<br />

a realização conjunta de objetivos (LÜCK, 2009, p. 35).<br />

De acordo <strong>com</strong> LÜCK (2009, p. 35) em decorrência dessa variação, o<br />

sentido efetivo da participação se expressa pela peculiaridade da prática exercida e<br />

seus resultados. Assim, é que se pode observar, em diferentes contextos, a prática<br />

diferenciada da participação por sua abrangência e seu poder de influência.<br />

Certamente a participação da <strong>com</strong>unidade <strong>na</strong> gestão <strong>escolar</strong>, ainda enfrenta<br />

sérios problemas, que dificultam seu pleno estabelecimento, mas é de fundamental<br />

importância <strong>com</strong>o pré-requisito para sua concretização e reconhecimento de sua<br />

relevância e necessidade. (PARO, 2002, apud ZANINI, 2008, p. 15).<br />

Segundo LÜCK (2009, p. 50), a ação participativa, <strong>com</strong>o prática social<br />

segundo o espírito de equipe, depende de que seja realizada mediante a orientação<br />

por certos valores substanciais, <strong>com</strong>o éticas, solidariedade, equidade e


29<br />

<strong>com</strong>promisso, entre vários outros correlacio<strong>na</strong>dos, sem os quais a participação no<br />

contexto da educação perde seu caráter social e pedagógico.<br />

Essas categorias apresentam diferentes intensidades de envolvimento e<br />

<strong>com</strong>promisso, que vão do <strong>com</strong>promisso ape<strong>na</strong>s formal e distanciado ao<br />

envolvimento pleno e engajado. (LÜCK, 2009, p. 62).<br />

3.1.1 PARTICIPAÇÃO COMO PRESENÇA<br />

Segundo o entendimento da participação <strong>com</strong>o presença, é participante<br />

quem pertence a um grupo ou organização, independente de sua atuação nele,<br />

<strong>com</strong>o, por exemplo, quem é membro de uma escola, de um grupo de professores,<br />

de associação de pais e mestres etc. (LÜCK (2009, p. 36).<br />

Para LÜCK (2009, p. 36):<br />

Essa participação pode, muitas vezes, ocorrer por obrigatoriedade, por<br />

eventualidade ou por necessidade e não por intenção e vontade própria.<br />

Outras vezes, porém, <strong>com</strong>o mera concessão. Essas circunstâncias são<br />

expressas em caso <strong>com</strong>o, por exemplo, de alunos que vão para a escola<br />

por obrigação, por determi<strong>na</strong>ção de seus pais, sem entenderem o sentido<br />

dessa necessidade em sua vida e que, durante o processo educacio<strong>na</strong>l, não<br />

tem seus interesses próprios e motivação despertados para o mesmo; no<br />

caso de professores e funcionários que encaram seu trabalho meramente<br />

<strong>com</strong>o emprego do qual escapariam caso tivessem outra alter<strong>na</strong>tiva; de pais<br />

em Associação de Pais e Mestres ou Conselhos Escolares de existência<br />

ape<strong>na</strong>s formal, nos quais atuam limitando-se a solicitações da direção da<br />

escola, de forma reativa.<br />

Evidencia-se, pois, a significação i<strong>na</strong>dequada e falsa de participação, [...]<br />

deixa-se de considerar que o termo em si pressupõe, além de fazer parte de, a ação<br />

efetiva de contribuição para o desenvolvimento da organização ou unidade social<br />

(LÜCK, 2009. p. 37).<br />

Verifica-se <strong>na</strong>s escolas, no entanto, certo ressentimento em relação ao<br />

<strong>com</strong>portamento passivo, embora ele seja muito dissemi<strong>na</strong>do e freqüente (LÜCK,<br />

2009, p. 38).<br />

3.1.2 PARTICIPAÇÃO COMO EXPRESSÃO VERBAL E DISCUSSÃO DE IDÉIAS<br />

De acordo <strong>com</strong> LÜCK (2009, P. 38), é muito freqüente interpretar o<br />

envolvimento de pessoas <strong>na</strong> discussão de idéias, <strong>com</strong>o um indicador de sua


30<br />

30<br />

participação em relação a questão em causa.<br />

Para LÜCK (2009, p. 39):<br />

A oportunidade que é dada às pessoas de expressarem suas opiniões, de<br />

falarem, de debaterem, de discutirem sobre idéias e pontos de vista – enfim,<br />

o uso da liberdade de expressão -, é considerada <strong>com</strong>o espaço democrático<br />

de participação e, portanto, a grande evidencia de participação. Porém, a<br />

atenta observação do que acontece no contexto educacio<strong>na</strong>l ode<br />

demonstrar um espírito totalmente diverso.<br />

É in<strong>com</strong>um perceber, <strong>com</strong>o [...] escolas em que as decisões tomadas por<br />

sua direção têm no espaço de reuniões de professores o objetivo de referendar<br />

decisões tomadas, constituindo-se, desse modo, em processo de falsa democracia e<br />

participação. (LÜCK, 2009, p. 39).<br />

Segundo LÜCK (2009,. p. 40), é impossível observar, em tais reuniões, que<br />

se manifestam situações de tensão e conflito sem quem, no entanto, se dê atenção<br />

a elas, o que seria necessário para <strong>com</strong>preendê-las e resolvê-las, de modo que não<br />

interfiram <strong>na</strong>s ações que devem ser adotadas posteriormente.<br />

A efetiva interação participativa, para além do discurso, do conhecimento de<br />

<strong>com</strong>o as pessoas pensam e da oportunidade de se fazerem ouvir, pressupõe a<br />

interação de pontos de vista, de idéias e de concepções. Isto é, só se tor<strong>na</strong> efetiva<br />

essa discussão quando associada a um esforço de diálogo efetivo que permite a<br />

<strong>com</strong>preensão abrangente da realidade e das pessoas em sua construção. (LÜCK,<br />

2009, p. 41).<br />

3.1.3 PARTICIPAÇÃO COMO REPRESENTAÇÃO<br />

Conforme LÜCK (2009, p. 41), a representação é considerada <strong>com</strong>o uma<br />

forma significativa de participação: nossas idéias, nossas expectativas, nossos<br />

valores, nossos direitos são manifestados e levados em consideração por meio de<br />

um representante acolhido <strong>com</strong>o pessoa capaz de traduzi-los em um contexto<br />

organizado para esse fim.<br />

Tal concepção é necessária em grupos sociais grandes que não permitem a<br />

participação direta de todos, e se efetiva pela instituição de organizações formais em<br />

que o caráter representativo é garantido pelo voto (LÜCK, 2009, p. 42).


31<br />

Nas escolas, essas organizações são os conselhos <strong>escolar</strong>es, associações<br />

de pais e mestres, grêmios estudantis ou similares, constituídos por representantes<br />

escolhidos mediante o voto. Essa situação constitui-se em um principio de gestão<br />

democrática definido no artigo 14, inciso II, da Lei de Diretrizes e Bases da<br />

Educação Nacio<strong>na</strong>l (9.294/96). (LÜCK, 2009, p. 43).<br />

3.1.4 PARTICIPAÇÃO COMO TOMADA DE DECISÃO<br />

De acordo <strong>com</strong> LÜCK (2009, p. 44), participar implica <strong>com</strong>partilhar poder,<br />

vale dizer, implica <strong>com</strong>partilhar responsabilidades por decisões tomadas em<br />

conjunto <strong>com</strong>o uma coletividade e o enfrentamento dos desafios de promoção de<br />

avanços, no sentido da melhoria contínua e transformações necessárias.<br />

Identifica-se que a prática participativa <strong>na</strong> tomada de decisões em vários<br />

estabelecimentos de <strong>ensino</strong> tem gerado uma situação de falsa democracia, pela<br />

qual tudo se decide em reuniões <strong>com</strong>o corpo docente (ou não se decide pela falta de<br />

espaço para realizar reuniões) até sem considerar a relevância da questão para a<br />

realização do projeto pedagógico da escola. (LÜCK, 2009, p. 45).<br />

LÜCK (2009. p. 46) verifica-se, nessa prática de se envolver todos para<br />

discutir e decidir questões de menor significado e muitas vezes sem as informações<br />

básicas necessárias, uma série de aspectos negativos, interligados:<br />

a) O gasto do tempo precioso de todos e da energia coletiva para<br />

discutir questões secundárias e operacio<strong>na</strong>is;<br />

b) O enfraquecimento do poder e da responsabilidade de discernimento<br />

<strong>na</strong> tomada de decisão <strong>na</strong> gestão <strong>escolar</strong>;<br />

c) A delonga <strong>na</strong> tomada de decisão colegiada que, por ser morosa,<br />

tor<strong>na</strong>-se inoperante e enfraquecida;<br />

d) A delonga e hesitação em assumir decisões mais fundamentais da<br />

problemática educacio<strong>na</strong>l;<br />

e) A criação de um clima fictício de participação e desgaste desse<br />

processo.<br />

3.1.5 PARTICIPAÇÃO COMO ENGAJAMENTO<br />

O engajamento representa o nível mais pleno de participação. Sua prática<br />

envolve o estar presente, o oferecer idéias e opiniões, o expressar o pensamento, o<br />

a<strong>na</strong>lisar de forma interativa as situações, o tomar decisões sobre o encaminhamento


32<br />

de questões, <strong>com</strong> base em análises <strong>com</strong>partilhadas e envolver-se de forma<br />

<strong>com</strong>prometida no encaminhamento e <strong>na</strong>s ações necessárias e adequadas para a<br />

efetivação das decisões tomadas. (LÜCK, 2009, p. 47).<br />

De acordo <strong>com</strong> LÜCK (2009, p. 47):<br />

Conforme indicado <strong>na</strong> discussão sobre as expressões de poder <strong>na</strong> escola, a<br />

separação e entre tomada de decisão e ação, entre o pensar e o fazer,<br />

produz fragmentação e resultados negativos no processo pedagógico e <strong>na</strong><br />

cultura <strong>escolar</strong>, de que resulta virem todos a pagar o preço desse resultado,<br />

dentre os quais, além da baixa efetividade, o desperdício de oportunidade<br />

de desenvolvimento de <strong>com</strong>petência profissio<strong>na</strong>l e institucio<strong>na</strong>l e autonomia.<br />

Segundo LÜCK (2009, p. 48), a qualidade do <strong>ensino</strong> depende de que as<br />

pessoas afetadas por decisões institucio<strong>na</strong>is exerçam o direito de participar desse<br />

processo de decisões, assim <strong>com</strong>o tenham o dever de agir para implementá-las.


CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O presente trabalho esclarece a importância em gerir uma escola <strong>com</strong><br />

democracia e transparência, sobre os “tabus” já rompidos de uma visão que<br />

diferencia administrar de gestar escola é acreditar que podemos transformar,<br />

melhorar a qualidade da aprendizagem <strong>com</strong> ações pensadas coletivamente e<br />

principalmente voltadas para a realidade da escola, dos educandos e da<br />

<strong>com</strong>unidade.<br />

Fazer gestão <strong>escolar</strong> <strong>com</strong> democracia garante autonomia no processo de<br />

desenvolvimento de todas as dimensões da escola, sobretudo a pedagógica já que<br />

esta a principal de existir o espaço educativo.<br />

Vivemos em um país capitalista, onde a sociedade trabalha<br />

demasiadamente e às vezes as famílias não dá importância devida ao que acontece<br />

no ambiente onde seus filhos passam duzentos dias letivos, cabendo a nós<br />

gestores, profissio<strong>na</strong>is da escola propor artifícios para estas famílias participarem do<br />

processo pedagógico.<br />

A escola onde a gestão prima pela participação de toda a <strong>com</strong>unidade tem<br />

menos riscos de errar <strong>na</strong>s ações desenvolvidas, justamente por conhecer melhor a<br />

realidade do ambiente <strong>escolar</strong>, pois desta forma a pessoa do gestor não decide<br />

sozinho, a decisão acontece coletivamente.<br />

Para que as ações pedagógicas sejam executadas <strong>com</strong> sucesso o Projeto<br />

Político Pedagógico da escola deve ser muito bem pensado, avaliado e planejado<br />

pela <strong>com</strong>unidade, uma vez que este instrumento norteia os projetos desenvolvidos<br />

<strong>na</strong> escola, ou seja, é a identidade da escola.<br />

Contudo é transparente quando há participação da <strong>com</strong>unidade <strong>na</strong>s<br />

tomadas de decisões, assim a responsabilidade é dividida e não existem culpados e<br />

sim colaboradores de sucesso.


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p. 13-21, set. 2008.


AINDA FALTA PROVIDENCIAR O QUE SOLICITO<br />

ABAIXO:<br />

Na pági<strong>na</strong> 17 (numeração do <strong>com</strong>putador) você cita a Constituição Federal do<br />

Brasil, de 1988, a LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l, Lei<br />

nº. 9.394/96 e a Lei 7.040/98 e não possui nenhum destes documentos <strong>com</strong><br />

estes anos em sua bibliografia. (reveja <strong>com</strong>o fazer referência bibliográfica de<br />

Leis) .<br />

Na pági<strong>na</strong> 26 (numeração do <strong>com</strong>putador) você novamente cita a LDB (Lei<br />

9.394/96) e não a possui em sua bibliografia.<br />

Numere o restante do trabalho, conforme feito até o fi<strong>na</strong>l de seu primeiro<br />

capítulo e depois arrume o sumário.<br />

Em sua bibliografia falta colocar o local de publicação (cidade) da obra de<br />

LIBÂNEO e refazer a bibliografia das leis e da constituição.<br />

Seu trabalho está muito bem fundamentado em autores, necessitando ainda<br />

que você providencie o que solicito acima. Prof. Ilso.

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