TCC Eduardo Cechinel Goulart - UFSC
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1 INTRODUÇÃO<br />
O câncer de bexiga é a segunda neoplasia mais comum do trato urogenital, somente<br />
superado pelo câncer de próstata. É responsável por aproximadamente 6% de todos os<br />
cânceres em homens e 2 % em mulheres, sendo três a cinco vezes mais comum em homens 1 .<br />
Segundo estimativa para o ano de 2002, a incidência de câncer de bexiga nos homens foi<br />
a quarta, e nas mulheres a nona neoplasia mais freqüente. No país, há maior incidência do<br />
câncer de bexiga nas regiões industrializadas 1 . Nos EUA, sua incidência aumentou 36% entre<br />
1950 e 1990, mas a mortalidade diminuiu 8% entre 1980 e 1995. Sua incidência aumenta<br />
com a idade, geralmente ocorre após os 60 anos e é raro antes dos 40 anos 2 .<br />
Internacionalmente, o câncer de bexiga é responsável por aproximadamente 200.000 a<br />
250.000 novos casos anualmente e cerca de 120.000 mortes 3 .<br />
A neoplasia de bexiga deve ser considerada um problema de saúde pública quando são<br />
consideradas a sua prevalência e sobrevida. A maioria se apresenta como doença<br />
“superficial”, podendo recorrer em 50% a 75% dos casos. Sendo assim, sua prevalência<br />
excede a incidência primária 3 .<br />
A neoplasia de bexiga foi uma das primeiras a ser relacionada com carcinógenos. Em<br />
1895, Rehn observou uma associação entre a exposição a aminas aromáticas e neoplasia<br />
vesical em trabalhadores de algumas fábricas. Associações similares foram identificadas<br />
posteriormente em modelos animais e em humanos trabalhadores expostos a corantes<br />
artificiais 3 .<br />
Vários estudos têm descrito a associação entre o tabagismo e a neoplasia de bexiga.<br />
Alguns deles demonstram que 50% dos cânceres não ocorreriam se os pacientes não fossem<br />
tabagistas, descrevendo um aumento no risco de até quatro vezes. O tabagismo é atualmente o<br />
fator de risco mais comumente associado à neoplasia vesical 4 .<br />
O sinal mais comum de apresentação da neoplasia de bexiga é a hematúria, que pode ser<br />
macroscópica ou microscópica, não estando relacionado o grau da hematúria ao volume ou ao<br />
estágio do tumor. Todavia, pode estar presente em outras etiologias como doenças<br />
inflamatórias, litíase, ou outras condições que produzam sangramento do trato urinário 3 .
2<br />
O aparecimento de hematúria macroscópica, ou microscópica persistente indica uma<br />
avaliação do trato urinário, incluindo ultra-sonografia, urografia excretora, citologia urinária,<br />
e cistoscopia 3 .<br />
As neoplasias de bexiga são geralmente assintomáticas. Entretanto, ocasionalmente, o<br />
paciente pode queixar-se de irritabilidade severa com urgência miccional e disúria, que pode<br />
refletir a presença de uma forma de câncer conhecida como carcinoma in situ. Geralmente,<br />
neoplasias de células transicionais exofíticas, mesmo quando invasivas na parede vesical, não<br />
produzem sintomas de esvaziamento 3,4 .<br />
O tratamento das neoplasias de bexiga é, muitas vezes, feito através da ressecção<br />
transuretral (RTU) durante a cistoscopia nas neoplasias superficiais, sendo geralmente<br />
suficiente para as neoplasias limitadas à mucosa vesical. O seguimento padrão dos pacientes<br />
que tiveram diagnosticado um câncer Ta superficial é vigilância. Geralmente, a citologia<br />
urinária e a cistoscopia são feitas a cada três meses. Os casos de recorrência são esperados<br />
entre 50% e 70% dos casos e são, em sua maioria, do mesmo estágio e grau, podendo ser<br />
tratados novamente através da RTU com sucesso 3 .<br />
Tumores superficiais de mais alto grau e que invadem a lâmina própria (estágio T1), ou<br />
se acompanham de carcinoma in situ têm um risco particular não apenas para recorrência, mas<br />
também progressão. É igualmente importante avaliar a citologia urinária após a ressecção<br />
destas lesões para avaliar a presença de doença residual no local primário, assim como a<br />
presença de outro carcinoma in situ em outra localização da bexiga 5,6,7 .<br />
Nesses casos, e naqueles em que o carcinoma in situ é a única forma de malignidade<br />
presente, o tratamento intravesical com o bacilo de Calmette-Guérin (BCG) é de grande valor.<br />
Vários autores têm descrito uma resposta de até 70% ao tratamento. O tratamento é<br />
geralmente bem tolerado, embora casos de sintomas irritativos, hematúria e infecção pelo<br />
BCG tenham sido relatados e acontecem a um pequeno número de pacientes. Vários<br />
esquemas de tratamento com BCG são utilizados, e não existe consenso sobre esta<br />
modalidade de tratamento. Pacientes que não respondem bem ao tratamento com BCG,<br />
devem ter a cistectomia como opção terapêutica 3 .<br />
A ressecção transuretral (RTU) é estabelecida como tratamento padrão para carcinoma<br />
de células transicionais de bexiga, por ressecar células tumorais, suprimir células precursoras<br />
do tumor, e assim, diminuir taxas de recorrência e progressão. Várias terapias adjuvantes<br />
foram empregadas, incluindo quimioterapia e imunoterapia 8,9 . No entanto, apesar da ressecção
3<br />
completa do tumor, dois terços dos pacientes podem desenvolver uma recorrência tumoral em<br />
cinco anos, e para um período de quinze anos, 88% dos pacientes vão ter uma recorrência. A<br />
progressão de carcinoma superficial de bexiga para carcinoma com invasão muscular ocorre<br />
em 15% dos pacientes. Os altos índices de recorrência tumoral e a potencial progressão do<br />
tumor são fatores oportunos para instituir-se quimioprevenção ou imunoterapia profilática<br />
10,11 .<br />
O tratamento adjuvante é iniciado entre 1 e 3 semanas após a RTU, com a aplicação de<br />
BCG intravesical. Os esquemas de aplicação de BCG não obedecem a critérios padronizados<br />
e, quando feitos, consistem em um período de indução, em que os pacientes são submetidos a<br />
aplicações semanais, durante 6 semanas. Após a indução, conforme critério médico, segue-se<br />
ou não, um período de manutenção no qual as aplicações passam a ser mensais durante 12<br />
meses. Após esse último período de tratamento sem recidiva tumoral, as aplicações passam a<br />
ser feitas de 3 a 4 meses 10 .<br />
No seguimento do paciente são realizados o exame físico, a cistoscopia, a citologia<br />
urinária e a ultra-sonografia, ou combinações entre esses exames, a cada 3 meses durante os 2<br />
primeiros anos, e a cada 6 a 12 meses após isso 3,5 .<br />
A ultra-sonografia transabdominal é o método de imagem preferido para a avaliação do<br />
câncer de bexiga por várias razões. Não é invasivo, é de fácil repetição, relativamente barato,<br />
prontamente disponível, pode ser realizado ambulatorialmente, requer preparação mínima, e<br />
não envolve radiações ionizantes. Em vários centros, a neoplasia de bexiga é diagnosticada<br />
por uma combinação de urografia excretora e cistoscopia. Na prática padrão a urografia<br />
excretora é solicitada como investigação inicial para pacientes com hematúria 1 . Entretanto, a<br />
ultra-sonografia transabdominal é mais sensível que a urografia excretora na detecção dos<br />
tumores de bexiga 4,5 .<br />
A cistoscopia é considerada o exame ouro para as neoplasias vesicais, tanto no<br />
diagnóstico e tratamento, quanto no controle das recorrências por proporcionar a visualização<br />
direta da mucosa da bexiga 4 . A cistoscopia pode ser usada para diagnosticar a presença de um<br />
câncer de células transicionais papilar ou sólido, estabelecer se há mais de um foco da doença,<br />
identificar a localização e visualizar qualquer outra anormalidade da mucosa vesical 3,4,7 .<br />
A cistoscopia é a técnica mais sensível (87%) para a detecção da recorrência da<br />
neoplasia vesical 1,3,4,5,10 . Todavia, é a menos aceita pelo paciente, por ser um método invasivo
4<br />
que gera desconforto, mesmo com a anestesia local 1,5 . Em torno de 25 % dos procedimentos<br />
não são bem tolerados pelos pacientes 5,6 .<br />
Os estudos comparativos entre o exame endoscópico e o radiológico, relatam a<br />
sensibilidade da ultra-sonografia entre 50% e 77% para a detecção das recorrências dos<br />
tumores vesicais 1,4,5 .<br />
Observa-se um aumento na detecção dos tumores pela ultra-sonografia ao longo dos<br />
anos. Isto se deve à maior definição de imagem nos aparelhos mais novos, assim como uma<br />
maior experiência dos operadores destas máquinas 1 .
5<br />
2 OBJETIVO<br />
Identificar se a ultra-sonografia transabdominal apresenta eficácia diagnóstica que<br />
permita dispensar a cistoscopia no controle da recidiva do câncer de bexiga.
3 MÉTODO<br />
3.1 Delineamento do estudo<br />
Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal, descritivo.<br />
3.2 Local<br />
Ultralitho Centro Médico, Florianópolis-SC.<br />
3.3 População de estudo<br />
Fizeram parte deste estudo pacientes atendidos no Ultralitho Centro Médico no período<br />
de janeiro de 1998 a abril de 2003, que foram submetidos à ressecção transuretral (RTU) para<br />
a excisão da neoplasia de bexiga, complementado ou não com BCG intravesical, seguindo-se<br />
exames para o controle das possíveis recidivas através de ultra-sonografia transabdominal e<br />
cistoscopia.<br />
3.4 Casuística<br />
Foram avaliados retrospectivamente, 19 pacientes submetidos aos controles através de<br />
ultra-sonografia e cistoscopia, totalizando 37 controles.<br />
3.5 Procedimentos<br />
Os dados foram obtidos junto aos arquivos médicos do Ultralitho Centro Médico. As<br />
informações pertinentes a cada caso foram transferidas para fichas de coleta individuais, onde<br />
constavam dados de identificação, informações sobre os resultados da cistoscopia e da ultrasonografia<br />
(apêndice).<br />
Os pacientes foram submetidos, conforme o tempo de acompanhamento, à ultrasonografia<br />
transabdominal e à cistoscopia com biópsia periódicas com 4, 8, 12, 18, 24, 36, 48,<br />
e 60 meses pós RTU. O intervalo de tempo entre a realização da cistoscopia e a ultrasonografia<br />
foi de no máximo três meses.
7<br />
As ultra-sonografias transabdominais foram feitas por médicos radiologistas, com<br />
aparelhos GE Logiq 400 Pro com transdutor setorial convexo 3MHz, ou Siemens Versa Pro,<br />
ou Siemens Prima com transdutores setoriais convexos de 3,5 MHz. A bexiga foi cheia pela<br />
própria diurese e examinada nos planos transversal, sagital, e oblíquo.<br />
A cistoscopia foi realizada nos pacientes em posição de litotomia, anestesiados com<br />
lidocaína gel 2% endouretral e aguardados cinco minutos, iniciou-se o procedimento com<br />
cistoscópio rígido.
4 RESULTADOS<br />
Foram estudados 19 pacientes com tratamento prévio de neoplasia vesical, atendidos no<br />
Ultralitho Centro Médico submetidos à ressecção transuretral (RTU) e imunoterapia local,<br />
através da instilação do bacilo de Calmette-Guérin de janeiro/1998 a abril/2003. Nos 19<br />
pacientes, foram feitos 37 controles de recorrência com cistoscopia e ultra-sonografia.<br />
A idade média dos pacientes estudados foi de 58 anos, com variação de 32 a 75 anos.<br />
Os principais resultados obtidos encontram-se na tabela 1.<br />
Tabela 1 – Resultados da ultra-sonografia e cistoscopia em relação ao achado de<br />
recorrência.<br />
Controles Ultra-sonografia Cistoscopia<br />
10 (27%) Positivo Positivo<br />
25 (68%) Negativo Negativo<br />
02 (5%) Negativo Positivo<br />
00 (0%) Positivo Negativo<br />
Fonte: Ultralitho Centro Médico, Florianópolis, SC, 1998-2003.<br />
Entre os 37 controles realizados através de ultra-sonografia transabdominal e cistoscopia<br />
rígida, houve positividade de recorrência em 10 controles (27%) em ambos os métodos<br />
diagnósticos. Também houve concordância de resultados em 25 controles (68%) com<br />
negatividade para a recorrência tumoral. Observou-se uma concordância de resultados de 95%<br />
entre a ultra-sonografia transabdominal e a cistoscopia. A ultra-sonografia falhou na detecção<br />
da recorrência em apenas 2 controles (5%), e não mostrou nenhum resultado falso-positivo.
9<br />
Tabela 2 – Achados ultra-sonográficos e cistoscópicos das recorrências.<br />
Caso Descrição ultra-sonográfica Descrição cistoscópica<br />
1 Vegetante, único, 2,0cm. Vegetante, único, 2,0cm.<br />
2 Vegetante, único, 1,6cm. Vegetante, único, 1,5cm.<br />
3 Vegetante múltiplo, 0,6cm. Vegetante, múltiplo, < 1cm.<br />
4 Vegetante, único, 0,83cm. Vegetante, único, 1,5cm.<br />
5 Bexiga normal Vegetante, único, 1,5cm.<br />
6 Vegetante, múltiplo, 1,5cm. Vegetante, múltiplo, 2,0cm.<br />
7 Vegetante, único, 1,9cm. Vegetante, único, 0,4cm.<br />
8 Vegetante, único, 2,5cm. Vegetante, único, 2,5cm.<br />
9 Vegetante único, 0,67cm. Vegetante, único, 0,8cm.<br />
10 Bexiga normal Vegetante, único, 3mm.<br />
11 Vegetante, único, 0,72cm Vegetante, único, 1cm.<br />
12 Vegetante, único, 1,5cm. Vegetante, único, 1,5cm.<br />
Fonte: Ultralitho Centro Médico, Florianópolis, SC, 1998-2003.<br />
Em 10 casos, a ultra-sonografia mostrou-se eficaz para a indicação de recorrência da<br />
neoplasia de bexiga.<br />
A tumoração visualizada pela cistoscopia no caso 5 encontrava-se em parede posterior, e<br />
no caso 10, no fundo vesical. Estes achados não foram demonstrados pela ultra-sonografia.<br />
Os casos 8, 9 e 10 se referem ao mesmo paciente que apresentou três recorrências do<br />
tumor vesical.<br />
No presente estudo, 12 dos 19 pacientes apresentaram recorrência da neoplasia,<br />
totalizando 52% do total.
10<br />
Tabela 3 – Número de controles por paciente.<br />
Pacientes<br />
Número de Controles<br />
11 (59%) 1<br />
05 (26%) 2<br />
01 (5%) 3<br />
01 (5%) 6<br />
01 (5%) 7<br />
19 37<br />
Fonte: Ultralitho Centro Médico, Florianópolis, SC, 1998-2003.<br />
Em virtude da metodologia deste estudo, um número significativo de controles não foi<br />
incluído na amostra por haver um prazo maior que 3 meses entre a realização da ultrasonografia<br />
e da cistoscopia.<br />
Devido à pequena amostra, não foram realizados cálculos estatísticos.
5 DISCUSSÃO<br />
A detecção das recorrências das neoplasias de bexiga é, até o momento, baseada<br />
essencialmente em ultra-sonografia transabdominal, citologia urinária e cistoscopia,<br />
associando-se a múltiplas biópsias vesicais repetidas em intervalos regulares 12,13 .<br />
Em um estudo pioneiro de Itzchak, Singer, e Fischelovitch 14 (1981), os autores<br />
descrevem a utilidade da ultra-sonografia para o controle das recorrências tumorais, que<br />
atingiu uma detecção de 62% das recorrências observadas à cistoscopia.<br />
Brun, Gammelgaard, e Christoffersen 15 (1984) publicaram um artigo, no qual foi<br />
encontrada uma detecção de 68% das recorrências pela ultra-sonografia.<br />
Um estudo realizado por Malone, Weston-Underwood, e Aron 16 (1986) demonstra os<br />
resultados da comparação entre os dois métodos para as recorrências, e para o diagnóstico de<br />
neoplasia vesical, em que a detecção pela ultra-sonografia foi de apenas 50%.<br />
Vallancien et al 12 (1986) identificaram detecção de 74% dos tumores pela ultrasonografia,<br />
comparada aos achados endoscópicos.<br />
Juul et al 17 (1986) atingiram 77% de detecção de recorrência da neoplasia através da<br />
ultra-sonografia.<br />
A tabela 4 sumariza os resultados observados na literatura.<br />
Tabela 4 – Comparação da detecção da recorrência dos tumores pela ultrasonografia<br />
transabdominal.<br />
Referência Número de controles % Detectada<br />
Itzchak et al. 14 (1981) 37 62<br />
Brun et al. 15 (1984) 95 68<br />
Malone et al. 16 (1986) 126 50<br />
Vallancien et al. 12 (1986) 100 74<br />
Juul et al. 17 (1986) 186 77<br />
Presente estudo 37 83
12<br />
Neste estudo, tivemos uma correlação de dados em 35 dos 37 controles realizados,<br />
traduzindo uma concordância de resultados de cerca de 95 %. Das 12 recorrências vistas pela<br />
cistoscopia, a ultra-sonografia demonstrou 10 delas, chegando a uma detecção de 83 % dos<br />
casos.<br />
No estudo de Vallancien et al 12 (1986), observou-se que nas falhas diagnósticas da ultrasonografia,<br />
os tumores recorrentes situavam-se principalmente no fundo da bexiga (6<br />
pacientes), parede anterior (3 pacientes) e trígono vesical (4 pequenos tumores), enquanto<br />
apenas 2 recorrências situavam-se nas paredes laterais.<br />
Em Olsen et al 13 (1985), os 4 resultados falso-negativos da ultra-sonografia localizavamse<br />
no fundo vesical, e parede posterior.<br />
Em nosso estudo, a recorrência não diagnosticada no exame ultra-sonográfico no caso 5<br />
localizava-se na parede posterior da bexiga.<br />
O tamanho dos tumores recorrentes não observados no ultra-som também encontra<br />
sustento na literatura. Brun, Gammelgaard, e Christoffersen 15 (1984) compararam a<br />
cistoscopia à ultra-sonografia e observaram que o exame de imagem podia detectar tumores<br />
de até 5mm, como limite mínimo.<br />
Juul et al 17 (1986) afirmam que os tumores não exofíticos, os menores que 5 mm, e os<br />
carcinomas in situ têm maior probabilidade de não serem detectados pela ultra-sonografia.<br />
Olsen et al 13 (1985) observaram que todos os tumores maiores que 5mm foram<br />
detectados pela ultra-sonografia.<br />
Em nosso estudo, a recorrência do caso 10 media 3mm, tendo sido vista apenas pela<br />
cistoscopia.<br />
Outras causas de falha da ultra-sonografia incluem obesidade, irregularidades da parede<br />
vesical, parede abdominal operada previamente, pouco ou excessivo enchimento da bexiga,<br />
além de ser fundamental a experiência do operador do aparelho 12,18,19 .<br />
Os resultados de Juul et al 17 (1986) indicam que a ultra-sonografia abdominal<br />
combinada com a citologia urinária poderia representar uma alternativa à cistoscopia, já que<br />
os riscos e inconveniência desta, não são menosprezáveis. Isso seria aplicado a um grupo de<br />
pacientes de baixo risco com tumores não invasivos (Ta), e sem nenhuma recorrência às<br />
cistoscopias durante o primeiro ano de controle.
13<br />
Yamashita, Okada, e Ogawa 19 (1993) afirmam em seu estudo, que, pela alta<br />
sensibilidade obtida (96%), o binômio ultra-sonografia e citologia urinária deveria ser o<br />
exame de primeira escolha em pacientes suspeitos de neoplasia vesical.<br />
Ravi et al 20 (1990) concluíram em seu estudo, que a ultra-sonografia e a citologia<br />
urinária podem ser rotineiramente usados para a avaliação de casos novos e no seguimento<br />
das neoplasias vesicais.<br />
O controle apenas ultra-sonográfico é contra-indicado, pelos riscos de haver<br />
recorrências na forma de carcinoma in situ, e também pela dificuldade deste exame ser<br />
realizado nas bexigas irradiadas previamente 17 .<br />
A ultra-sonografia como único método de controle é indicada nos pacientes em que é<br />
difícil a realização da cistoscopia, como nos pacientes com estenose de uretra pós RTU, em<br />
que se torna impossível a instrumentação da uretra para a passagem do cistoscópio rígido,<br />
envolvimento da parede anterior da bexiga, e hematúria 21,22 . Poderia ser tentada a cistoscopia<br />
com cistoscópio flexível nos casos de estenose de uretra. O que dificulta o uso deste método<br />
são os altos preços dos equipamentos, acarretando uma baixa relação custo-benefício, e em<br />
razão disto poucos centros possuem cistoscópios flexíveis 18,21,23 .<br />
Nos últimos anos, vem sendo estudada a possibilidade do controle das recorrências ser<br />
feito através de outros métodos de imagem, como a tomografia computadorizada e a<br />
ressonância magnética 19,24 .<br />
Fielding et at 24 (2002) realizaram um estudo no qual a bexiga era insuflada com ar, e<br />
avaliou-se a espessura e o aspecto da parede vesical pela tomografia computadorizada axial.<br />
Em outra etapa do mesmo estudo, uma solução salina era instilada na bexiga através da uretra,<br />
eram feitos os cortes na tomografia computadorizada helicoidal e depois reconstruídos e<br />
coloridos digitalmente, de acordo com as falhas de enchimento. O estudo mostrou-se<br />
promissor em relação a instituição de novos métodos de imagem para controlar as recidivas<br />
de câncer de bexiga.<br />
Olsen et al 13 (1985) concluíram que a ultra-sonografia transabdominal é um bom<br />
método, não invasivo, no controle das neoplasias de bexiga. Todavia, as cistoscopias devem<br />
ser feitas em pacientes com várias recorrências, com carcinoma in situ pelo risco de<br />
crescimento invasivo, e em pacientes com tumor primário invasivo.<br />
Para Vallancien et al 12 (1986), a avaliação ultra-sonográfica deve sempre ser combinada<br />
com a citologia urinária, e se houver a mínima dúvida diagnóstica, a cistoscopia deve ser
14<br />
realizada. Desde que alguns cuidados sejam tomados, este método pode diminuir, mas não<br />
pode dispensar o uso da cistoscopia de repetição.<br />
Borda et al 21 (1997) afirmam que nenhuma técnica pode substituir a cistoscopia.<br />
Entretanto o uso alternado de ultra-sonografia mais citologia urinária, e cistoscopia pode ser<br />
realizado. O atraso do diagnóstico de recorrência provavelmente não teria influência negativa<br />
na história da doença, sendo que a cistoscopia continuaria sendo feita, mas com intervalos de<br />
tempo maiores.
6 CONCLUSÃO<br />
1. A ultra-sonografia transabdominal mostrou-se útil no controle da recorrência do câncer de<br />
bexiga, embora a cistoscopia não possa ser totalmente dispensada nestes controles.
16<br />
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27(1): 55-61.<br />
21. Borda AP, Galan ML, Oses EM, Sanchez AB. Alternatives to the cystoscopic control of<br />
bladder neoplasms. Arch Esp Urol 1997;50(10) : 1079-1083.<br />
22. Davies AH, Cranston D, Meagher T, Fellows GJ. Detection of recurrent bladder tumours<br />
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409-411.<br />
23. Davies AH, Mastorakou I, Dickinson AJ, Cranston D, O’Kelly TJ, Turner WH. Flexible<br />
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virtual cystoscopy with color mapping of bladder wall thickness. J Urol 2002; 167: 559-<br />
562.
19<br />
NORMAS ADOTADAS<br />
O presente trabalho foi digitado de acordo com a Resolução n° 0001/2001, aprovada em<br />
reunião do colegiado do Curso de Graduação em Medicina em 5 de julho de 2001.
20<br />
APÊNDICE<br />
PROTOCOLO:<br />
DADOS PESSOAIS<br />
( )Novo ( )1 o controle ( )2 o ( )3 o ( )4 o<br />
Nome do paciente:___________________________________________________ Idade:________<br />
Prontuário:__________<br />
Sexo: ( )Feminino ( ) Masculino<br />
Etnia: ( )Branco ( ) Negro ( )Amarelo<br />
Profissão: ___________________________________<br />
LAUDO ULTRA-SONOGRÁFICO<br />
Diagnóstico e Controle:<br />
Data: __/__/______<br />
Aspecto Bexiga: ( )Normal ( )Espessamento:______mm ( )Trabeculação ( )Divertículo ( )Outros<br />
Tumor : ( ) Único ( )Múltiplo<br />
Tipo: ( )Vegetante ( )Infiltrativo ( )Séssil<br />
Tamanho (maior diâmetro):____________<br />
Localização: ( ) Trígono vesical ( )Fundo ( )Parede lateral: ( )Esquerda ( )Direita<br />
( )Parede anterior ( )Parede posterior<br />
( )Invasão meato ureteral ( )Dilatação pielo-calicial<br />
Controle:<br />
Tratamento Anterior: Data __/__/____<br />
( ) RTU (Cistectomia) ( )BCG ( )Outros<br />
ASPECTO CISTOSCÓPICO<br />
1-( )Invasão de Meato Ureteral<br />
2-( )Hiperemia<br />
3-( )Áreas suspeitas: ( ) Trígono vesical ( )Fundo ( )Parede lateral: ( )Esquerda ( )Direita<br />
( )Parede anterior ( )Parede posterior<br />
4-Tumor : ( ) Único ( )Múltiplo Tipo Histológico:_____________________________________<br />
Tipo: ( )Vegetante ( )Infiltrativo ( )Séssil<br />
Tamanho (maior diâmetro):____________<br />
Localização: ( ) Trígono vesical ( )Fundo ( )Parede lateral: ( )Esquerda ( )Direita<br />
( )Parede anterior ( )Parede posterior<br />
Aspecto Bexiga: ( )Normal ( )Trabeculação fina ( )Trabeculação grosseira ( )Divertículo ( )Outros