Comparação entre a contagem manual e automatizada de células ...
Comparação entre a contagem manual e automatizada de células ...
Comparação entre a contagem manual e automatizada de células ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
a<strong>de</strong>quado e um melhor prognóstico <strong>de</strong> recuperação do<br />
paciente (12).<br />
Em nosso trabalho, das 100 amostras <strong>de</strong> LCR analisadas, 27<br />
(27%) apresentaram-se normais pela <strong>contagem</strong> <strong>manual</strong>,<br />
tanto para a <strong>contagem</strong> <strong>de</strong> leucócitos quanto para hemácias.<br />
A gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>stas amostras não apresentou <strong>contagem</strong><br />
quando realizadas no aparelho, o que po<strong>de</strong> ser justificado<br />
pelo pequeno número <strong>de</strong> células, insuficientes para<br />
serem captadas pela automação (Tabelas 1 e 2). Contudo,<br />
não há interferência no resultado final, pois não alteraria a<br />
interpretação dos resultados. Somente duas amostras<br />
mostraram <strong>contagem</strong> <strong>de</strong> leucócitos alterada quando comparada<br />
com a <strong>contagem</strong> <strong>manual</strong> (7,4% das amostras normais).<br />
Este resultado po<strong>de</strong> revelar a possibilida<strong>de</strong> do aparelho<br />
apresentar resultado falso-positivo para os leucócitos<br />
em comparação com a <strong>contagem</strong> <strong>manual</strong> <strong>de</strong> referência.<br />
Quando comparamos a <strong>contagem</strong> <strong>entre</strong> LCR alterados,<br />
com número <strong>de</strong> células aumentadas (73% das amostras),<br />
observamos algumas situações especiais.<br />
Um número elevado (53 amostras) não mostrou reprodutibilida<strong>de</strong><br />
quando analisadas na automação, ou seja, os elementos,<br />
tanto leucócitos como hemácias, foram i<strong>de</strong>ntificados na<br />
<strong>contagem</strong> <strong>manual</strong>, mas não nos aparelhos (Tabela 3 e 4).<br />
Como <strong>de</strong>monstrado pela tabela 5 e, em outras amostras (7 %<br />
do total) a <strong>contagem</strong> <strong>automatizada</strong> <strong>de</strong>tectou um ou outro<br />
elemento, falhando principalmente na <strong>de</strong>tecção das hemácias<br />
(gráfico1). Estes resultados são preocupantes, pois<br />
mostram falso-negativos, prejudicando a interpretação diagnóstica<br />
e consequentemente o tratamento.<br />
Entretanto, Ziebig et al (2000) realizaram contagens em<br />
outros dois tipos <strong>de</strong> aparelhos e obtiveram resultados<br />
semelhantes, indicando que po<strong>de</strong>m levar a resultados<br />
falso-positivos ou falso-negativos.<br />
Somente 13 amostras mostraram reprodutibilida<strong>de</strong> na <strong>contagem</strong><br />
<strong>automatizada</strong>, revelando pelos dois métodos a presença<br />
ou a ausência dos elementos celulares (Tabela 6).<br />
Quando o aparelho <strong>de</strong>tectou a presença, mostrou na maioria<br />
das comparações, uma <strong>contagem</strong> maior do que a encontrada<br />
na <strong>contagem</strong> <strong>manual</strong> (gráfico 2). Isto <strong>de</strong>monstra que<br />
a automação po<strong>de</strong> ser mais eficiente em revelar a intensida<strong>de</strong><br />
do processo do que a <strong>contagem</strong> <strong>manual</strong>.<br />
Importante <strong>de</strong>stacar que, quando ocorreu a concordância<br />
ou a <strong>de</strong>tecção do elemento apontado pela <strong>contagem</strong> <strong>manual</strong>,<br />
ocorreu no aparelho Pentra® 60 (ABX) que realiza a<br />
<strong>contagem</strong> das células pelo método <strong>de</strong> impendância elétrica,<br />
on<strong>de</strong> as células são <strong>de</strong>tectadas através da produção <strong>de</strong><br />
pulsos <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong>. Já o contador CellDyn® 3200,<br />
que usa a técnica <strong>de</strong> citometria <strong>de</strong> fluxo, on<strong>de</strong> as células<br />
são analisadas através <strong>de</strong> um feixe <strong>de</strong> luz, não ocorreu a<br />
<strong>de</strong>tecção das alterações.<br />
Neste sentido, sugerimos que novos trabalhos sejam feitos,<br />
com um número maior <strong>de</strong> amostras e com o uso <strong>de</strong> outros<br />
aparelhos, principalmente que utilizam o método <strong>de</strong><br />
impendância elétrica, para que possamos ter uma conclusão<br />
<strong>de</strong>finitiva. Sugerimos também que outros líquidos<br />
biológicos também sejam testados em relação à <strong>contagem</strong><br />
citológica em automação.<br />
CONCLUSÃO<br />
Assim, nossos resultados <strong>de</strong>monstraram que 62 amostras<br />
(62%) não reproduziram a<strong>de</strong>quadamente os dados na <strong>contagem</strong><br />
<strong>automatizada</strong>, o que nos leva a <strong>de</strong>duzir que o LCR<br />
não <strong>de</strong>va ser contado em aparelhos, mas sim continuar a<br />
ser contado em câmara <strong>de</strong> hemocitômetro. Contudo, a<br />
amostragem <strong>de</strong> nosso trabalho é pequena, sendo importante,<br />
a realização <strong>de</strong> novos trabalhos, com números<br />
maiores <strong>de</strong> amostras e aparelhos para <strong>de</strong>finirmos a possibilida<strong>de</strong><br />
do uso <strong>de</strong> automação para a <strong>contagem</strong> citológica<br />
<strong>de</strong> líquido cefalorraquidiano.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
A Universida<strong>de</strong> Estadual do Oeste do Paraná, ao Hospital<br />
Universitário do Oeste do Paraná – Cascavel/PR e ao<br />
Laboratório LABORFOZ – Foz do Iguaçu/PR pelo apoio ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa.<br />
REFERÊNCIAS<br />
1. ANDREWS, J.; SETRAN, E.; MCDONNEL, L.; KUSSICK, S.; WOOD B. L. &<br />
SABATH D E. - An evolution of the cell-dyn 3200 for counting cells in cerebrospinal<br />
fluid and other body fluids. Lab Hematol (Laboratory hematology:<br />
official publication of the International Society for Laboratory Hematology.).<br />
11 (2) 98-106, 2005.<br />
2. ANDRIOLO, A. - Medicina Laboratorial. 1ª ed. São Paulo, Editora Manole, p-<br />
243 e 244, 2005.<br />
3. AUNE, M. W. & SANDBERG, S. - Automated counting of white and red blood<br />
cells in the cerebrospinal fluid. Clin Lab Hematol (Clinical and Laboratory<br />
hematology.) 22 (4) p-203-10, 2000.<br />
4. HENRY, J.B. - Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos<br />
Laboratoriais. 19ª ed. São Paulo, Editora Manole, p–457 a 461, 1999.<br />
5. KISHIDA, N. F. M. & - Mo<strong>de</strong>rnização em busca da otimização dos serviços<br />
em uroanálise. Roche in News, São Paulo, v.57, n.2, p. 5-9, abr./mai.2003.<br />
6. LIMA, A. O.; SOARES, J. B.; GRECO, J. B.; GALIZZI, J. & CANÇADO, J. R. -<br />
Métodos <strong>de</strong> Laboratório Aplicado a Clínica: Técnica e Interpretação. 8ª ed.<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, Guanabara Koogan, p–20-1 a 20-6, 2001.<br />
7. MACHADO, M. H. T.; GONÇALVES, E.D.; LARGURA, M.A.; GONÇALVES, A;<br />
ANDRADE, M.P. & LARGURA, A.. - Automação do exame <strong>de</strong> urina: comparação<br />
do Urisys 2400 com a rotina <strong>manual</strong> (Microscopia do sedimento<br />
urinário). Revista Brasileira <strong>de</strong> Análises Clínicas. Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.35, n.4, p.<br />
165-167, 2003.<br />
8. Manual <strong>de</strong> operações CellDyn® 3200, Fabricante Abott Laboratories USA, 1997.<br />
9. Manual Pentra? 60 (ABX diagnostics), France, 1999.<br />
10. MOTTA, V. T. - Bioquímica Clínica: princípios e Interpretações. 4ª ed. Porto<br />
Alegre, Editora Alegre Missau p–401 a 403, 2003.<br />
11. MOURA, R. A.; WADA, C. S.; PURCHIO, A.; ALMEIDA, T. V. – Técnicas <strong>de</strong><br />
Laboratório. 3ª ed. São Paulo, Editora Atheneu p-258, 2002.<br />
12. SOOGARUN, S.; SIRIMONGKOLSAKUL, S.; WIWANITKIT, V.; SIRITANTIKO-<br />
RN, A.; PIMSANE, K. & SRIVIJARN, R. - Leukocyte counts in cerebrospinal<br />
fluid with the automated hematology analyzer. Technicon H*3. Clin Lab<br />
(Clinical Laboratory) 48 (11-12) p-623-9, 2002.<br />
13. STRASINGER, S. K. - Urinalysis and body fluids F. A: Company,<br />
Phila<strong>de</strong>lphya, PA , p-32–p-38, 1996.<br />
14. STRIK, H.; LUTHE, H.; NAGEL, I.; EHRLICH, B. & BAHR, M. - Automated<br />
cerebrospinal fluid cytology: limitations and reasonable applications. Anal<br />
Quant Histol (Analytical and quantitative cytology and histology / the<br />
International Aca<strong>de</strong>my of Cytology and American Societyof Cytology). 27 (3)<br />
p-167-73, 2005.<br />
15. WAH, D. T.; WISES, P. K. & BUTCH, A. W. - Analytic performance of the<br />
IQ200 urine microscopy analyzer and comparision with <strong>manual</strong> counts<br />
using Fuchs- Rosenthal cell chambers. AM J Clin. Patho. (American Journal<br />
of Clinical Pathology.).123 (2): 290-6, 2005.<br />
16. ZIEBIG, R.; LUN, A. & SINHÁ, P. - Leukocyte counts in cerebrospinal fluid<br />
with the automated hematology analyzer CellDyn 3500 and the urine flow<br />
cytometer UF-100. Clin Chem (Clinical Chemistry). 6 (2) :242-7, 2000.<br />
___________________________________________________<br />
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:<br />
Laboratório <strong>de</strong> Análises Clínicas do Hospital Universitário do Oeste do Paraná<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)<br />
Av. Pres. Tancredo Neves, 3224 – Cascavel – Paraná – Brasil<br />
andreibonavigo@hotmail.com, macosta@unioeste.br<br />
50 RBAC, vol. 41(1): 47-50, 2009