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Alceste Pinheiro de Almeida - XXVI Simpósio Nacional de História

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Scaligero Maravalho era um antiescravocrata conhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos em que<br />

atuara no Ceará como pároco em Quixadá, nos anos 1870 – aí uma das razões pelas<br />

quais o jornal acompanha com atenção o processo <strong>de</strong> emancipação cearense. É claro que<br />

a informação privilegiada, redigida por um correspon<strong>de</strong>nte nunca i<strong>de</strong>ntificado, era<br />

aquela que envolvia padres e leigos católicos – uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que a Igreja<br />

<strong>de</strong>fendia a emancipação e foi sempre contrária à escravidão. De qualquer forma, o<br />

jornal sempre noticiou com entusiasmo a abolição no Ceará, o que fortalecia a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

que não se aliava aos escravocratas.<br />

Como os jornais mais importantes e conhecidos, O Apóstolo <strong>de</strong>dicou pouco<br />

espaço à Questão Servil em 1881. O assunto parecia como que congelado, e o jornal<br />

entrara na onda, que prosseguiria no ano seguinte. O trissemanário sequer alu<strong>de</strong> à falta<br />

<strong>de</strong> menção à escravidão na Fala do Trono <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1882. Reclama, sim, do<br />

fato <strong>de</strong> o Imperador não ter mencionado em seu discurso – curto como sempre – “as<br />

exposições <strong>de</strong> história do Brasil e da indústria nacional”, nem se referido às relações do<br />

Estado com a Igreja, “que ninguém sabe quais são” (i<strong>de</strong>m: 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1882,<br />

número 9, p. 1).<br />

A partir <strong>de</strong> 1882, o jornal passa a publicar mais sobre a Questão Servil. O<br />

Apóstolo vai se esmerar então na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que é contra a escravidão,<br />

assim como a Igreja o foi, em toda a sua história. O Apóstolo <strong>de</strong>fendia sem dúvida a<br />

emancipação dos escravos, mas condicionada aos princípios <strong>de</strong> gradualismo, <strong>de</strong> controle<br />

sobre o liberto e <strong>de</strong> segurança dos proprietários. O jornal também se posicionava contra<br />

a introdução em massa <strong>de</strong> imigrantes, ainda mais se protestantes.<br />

No início da nova campanha emancipacionista, nos princípios da década <strong>de</strong><br />

1880, no necrológio do conselheiro José Maria da Silva Paranhos, o viscon<strong>de</strong> do Rio<br />

Branco, o jornal ainda manifestava a opinião <strong>de</strong> que a Lei do Ventre Livre garantia a<br />

libertação gradual, mas efetiva da escravidão no Brasil. Era o que setores senhoriais<br />

argumentavam contra qualquer nova iniciativa em favor do fim do regime servil<br />

(APÓSTOLO: 3 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1880, número 124, p.1).<br />

Dois anos <strong>de</strong>pois, quando a campanha em favor da abolição ganhara mais<br />

intensida<strong>de</strong>, o Apóstolo con<strong>de</strong>nava os jornais que preconizavam a “abolição <strong>de</strong> chofre”.<br />

A posição fora tomada diante da informação da Gazeta <strong>de</strong> Notícias <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>de</strong> 1882 <strong>de</strong> que escravos tinham provocado tumulto em duas fazendas <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Anais do <strong>XXVI</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 6

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