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Alceste Pinheiro de Almeida - XXVI Simpósio Nacional de História

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senhor, em quem não olhará só o braço vigoroso armado do látego que<br />

castiga, porém as mãos generosas que protegem.<br />

As famílias escravas agrupadas em torno da fazenda do senhor serão<br />

outros tantos esteios que fortificarão o edifício do amo, quando se<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram as procelas emancipadoras.<br />

Desse modo reme<strong>de</strong>ia-se em gran<strong>de</strong> parte a lacuna <strong>de</strong> braços <strong>de</strong> que<br />

se apavora a lavoura perante o movimento abolicionista.<br />

Tudo conseguir-se-á em harmonia <strong>de</strong> interesses: trabalho e<br />

moralida<strong>de</strong> sem as violentas comoções que nos ameaçam. (i<strong>de</strong>m: 1 <strong>de</strong> abril<br />

<strong>de</strong> 1883, número 40, p. 2)<br />

Alforria e constituição <strong>de</strong> “família legítima” não seriam as únicas<br />

estratégias <strong>de</strong> contenção. O Apóstolo preconizava também a educação e a preparação do<br />

liberto para o mundo do trabalho. Só assim seria possível a emancipação – um<br />

argumento dos que estavam preocupados com os escravos, mas também, e<br />

principalmente, dos que queriam adiar, quem sabe in<strong>de</strong>finidamente a solução da questão<br />

servil. Era um argumento simples: o escravo não estava preparado para a liberda<strong>de</strong> e só<br />

po<strong>de</strong>ria usufruí-la se educado. Se assim não fosse, o liberto se constituiria um perigo. O<br />

Apóstolo consi<strong>de</strong>ra que, <strong>de</strong>sta forma, estaria na <strong>de</strong>fesa do escravo.<br />

Proteja-se <strong>de</strong>ntro dos limites legais o escravo, mas instrua-se-os como<br />

ao povo livre. Forme-se-lhe o coração para entrarem no gozo da liberda<strong>de</strong>,<br />

seguindo o ensino da Igreja, para que tenham amor ao trabalho e à<br />

moralida<strong>de</strong>, e sejam úteis à socieda<strong>de</strong>, em vez <strong>de</strong> serem nocivos (I<strong>de</strong>m, 25 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 1882, número 134, p. 3)<br />

A educação tem um claro conteúdo controlador e conservador. Ao mesmo tempo<br />

em que <strong>de</strong>fendia a abolição, “uma i<strong>de</strong>ia bonita, civilizadora, humanitária e cristã”,<br />

alertava para a “crise aterradora, que necessariamente aparecerá <strong>de</strong>pois da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

milhares <strong>de</strong> homens aviltados, se<strong>de</strong>ntos muitos <strong>de</strong> vingança, sem consciência, sem<br />

temor a Deus, nem i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver”. Portanto, é preciso preparar os escravos para gozar<br />

<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> - preparação que se daria pelo ensino da moral cristã a fim <strong>de</strong> incutir-lhes a<br />

obediência às leis, o respeito à proprieda<strong>de</strong> e o amor ao trabalho. É essa a única maneira<br />

Anais do <strong>XXVI</strong> Simpósio <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 9

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