19.07.2014 Views

Tratamento da Candidíase Invasiva no Doente Crítico Pereira, JM

Tratamento da Candidíase Invasiva no Doente Crítico Pereira, JM

Tratamento da Candidíase Invasiva no Doente Crítico Pereira, JM

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Rev Port Med Int 2010; 17(1)<br />

ARTIGOS DE REVISÃO<br />

REVIEW ARTICLES<br />

<strong>Tratamento</strong> <strong>da</strong> Candidíase <strong>Invasiva</strong> <strong>no</strong> <strong>Doente</strong> Crítico<br />

Management of Invasive Candidemia in critically ill patient<br />

<strong>Pereira</strong>, <strong>JM</strong>*; Paiva JA *<br />

*Serviço Medicina Intensiva, Hospital São João<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Candidíase <strong>Invasiva</strong> engloba uma grande<br />

varie<strong>da</strong>de de doenças invasivas e graves que<br />

incluem a candidémia, candidíase<br />

dissemina<strong>da</strong>, peritonite, endocardite,<br />

endoftalmite e meningite, excluindo formas<br />

me<strong>no</strong>s graves como por exemplo candidíase<br />

orofaríngea e esofágica. A sua incidência <strong>no</strong><br />

doente crítico tem aumentado de um modo<br />

significativo nas últimas déca<strong>da</strong>s. Nos EUA, a<br />

prevalência <strong>da</strong> sepsis grave/choque séptico<br />

associa<strong>da</strong> a infecções fúngicas aumentou<br />

cerca de 207%, de cerca de 5000 casos em<br />

1979 para mais de 16000 em 2000. A Candi<strong>da</strong><br />

spp. constituiu o principal fungo isolado 1 . Esta<br />

é responsável por cerca de 10% <strong>da</strong>s infecções<br />

<strong>no</strong>socomiais em Uni<strong>da</strong>des de Cui<strong>da</strong>dos<br />

Intensivos, sendo o 4º agente mais frequente<br />

de infecções <strong>da</strong> corrente sanguínea <strong>no</strong>s EUA<br />

2,5,8–10<br />

e o 8º na Europa 3 . A candidémia<br />

associa-se não só a um aumento <strong>da</strong><br />

mortali<strong>da</strong>de entre a 25 e 30%, mas também a<br />

um maior tempo de internamento e maiores<br />

custos 1,4, 5, 13 . Se <strong>no</strong> passado, a Candidíase<br />

<strong>Invasiva</strong> era associa<strong>da</strong> principalmente à<br />

Candi<strong>da</strong> albicans, <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s temos<br />

vindo a assistir a um aumento crescente <strong>da</strong><br />

prevalência de estirpes não albicans o que tem<br />

implicações terapêuticas.<br />

O tratamento <strong>da</strong> Candidíase <strong>Invasiva</strong> constitui<br />

um ver<strong>da</strong>deiro desafio para o intensivista que<br />

tem que responder a três perguntas: quando<br />

iniciar a terapêutica, qual (is)o antifúngico(s) e<br />

durante quanto tempo?<br />

Correspondência:<br />

José Manuel <strong>Pereira</strong><br />

Hospital São João<br />

Portugal<br />

Email: jmcrpereira@yahoo.com<br />

QUANDO INICIAR A TERAPÊUTICA?<br />

Vários estudos observacionais publicados na<br />

literatura demonstraram que o atraso <strong>no</strong> início<br />

<strong>da</strong> terapêutica antifúngica na candidíase<br />

invasiva se associa a um pior outcome.<br />

Contudo, estes estudos incluíam, na sua<br />

grande maioria, casos de candidémia<br />

adquiridos fora <strong>da</strong> UCI e muitos dos doentes<br />

estavam neutropénicos ou tinham uma doença<br />

oncológica.<br />

Morrell et al. 6 tentou avaliar o impacto que o<br />

atraso do início <strong>da</strong> terapêutica antifúngica teria<br />

na mortali<strong>da</strong>de. Para tal, dividiu o intervalo de<br />

tempo até ao início <strong>da</strong> terapêutica em<br />

intervalos de 12 horas e apenas observou uma<br />

redução significativa <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de quando<br />

era inicia<strong>da</strong> nas primeiras 12 horas após a<br />

colheita <strong>da</strong>s hemoculturas. No entanto, em<br />

apenas <strong>no</strong>ve casos é que tal se verificou. Após<br />

este período, não se observaram diferenças<br />

significativas entre os diferentes intervalos de<br />

tempo. Apesar disto, o benefício de iniciar<br />

precocemente terapêutica antifúngica nas<br />

primeiras 24 horas foi salientado <strong>no</strong> estudo<br />

observacional de Garey et al. 7 , <strong>no</strong> qual foi<br />

demonstrado um aumento progressivo <strong>da</strong><br />

mortali<strong>da</strong>de proporcional ao atraso do início <strong>da</strong><br />

terapêutica. Mais recentemente, Parkins et al. 8<br />

verificou que o início precoce de terapêutica<br />

empírica antifúngica adequa<strong>da</strong> ocorria apenas<br />

num terço dos doentes, mas que tal se<br />

associava a uma redução significativa <strong>da</strong><br />

mortali<strong>da</strong>de.<br />

Dado que o início precoce de terapêutica<br />

antifúngica apropria<strong>da</strong> parece estar associado<br />

a um melhor outcome, é fun<strong>da</strong>mental<br />

dispormos de ferramentas que <strong>no</strong>s ajudem a<br />

ultrapassar a baixa sensibili<strong>da</strong>de e o atraso<br />

<strong>da</strong>s hemoculturas <strong>no</strong> diagnóstico destas<br />

infecções. Actualmente são necessárias <strong>no</strong><br />

mínimo 24 a 48h de incubação desde a<br />

i<strong>no</strong>culação até à identificação de leveduras<br />

5,6,9,10<br />

para além do tempo necessário para<br />

identificar a espécie.<br />

O doseamento do β-D-Gluca<strong>no</strong>, um<br />

23


constituinte <strong>da</strong> parede celular fúngica <strong>da</strong><br />

grande maioria dos fungos com excepção dos<br />

zigomicetos e do criptococos, parece<br />

promissor <strong>no</strong> diagnóstico precoce destas<br />

infecções, apresentando uma eleva<strong>da</strong><br />

sensibili<strong>da</strong>de e especifici<strong>da</strong>de (70-90%) <strong>no</strong><br />

diagnóstico de candidíase invasiva 7,8,9,11,12,13 .<br />

No entanto, não só é necessário vali<strong>da</strong>r estes<br />

resultados em doentes não neutropénicos<br />

como também devemos ter sempre presente o<br />

elevado número de factores que poderão levar<br />

a um falso resultado positivo (bacteriémia,<br />

diálise, gaze cirúrgica, albumina, antibióticos)<br />

14,15 . Para além disso, o cut-off para vali<strong>da</strong>ção<br />

do teste ain<strong>da</strong> não está bem definido variando<br />

entre 20 e 75 pg/ml <strong>no</strong>s diferentes trabalhos<br />

publicados 10,12,13,14,16,17 . Outros biomarcadores,<br />

como por exemplo a procalcitonina, poderão<br />

ter um papel importante <strong>no</strong> diagnóstico<br />

precoce <strong>da</strong> candidíase invasiva. Num estudo<br />

recentemente publicado, a procalcitonina<br />

aumentava o valor predictivo do “Candi<strong>da</strong><br />

Score” pois, após 7 dias de hospitalização os<br />

doentes com colonização multifocal por<br />

Candi<strong>da</strong> spp. que desenvolviam candidíase<br />

invasiva apresentavam níveis<br />

significativamente mais elevados de<br />

procalcitonina 14,18 . A detecção de DNA de<br />

Candi<strong>da</strong> spp. por PCR (Polymerase Chain<br />

Reaction) é uma técnica muito promissora não<br />

só pela sua eleva<strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de mas<br />

também pela rapidez com que obteríamos<br />

resultados, mas infelizmente as metodologias<br />

para a sua execução ain<strong>da</strong> não foram<br />

stan<strong>da</strong>rdiza<strong>da</strong>s. No entanto, recentemente,<br />

McMullan et al. 19 demonstrou que a utilização<br />

desta técnica <strong>no</strong> diagnóstico de candidíase<br />

invasiva <strong>no</strong> doente não neutropénico<br />

apresenta uma eleva<strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de,<br />

excelente especifici<strong>da</strong>de para além do<br />

resultado ficar disponível <strong>no</strong> próprio dia.<br />

A instituição <strong>da</strong> terapêutica antifúngica deve<br />

ser feita com base numa forte suspeita clínica<br />

e não apenas na presença de factores de risco<br />

(por exemplo cateter ve<strong>no</strong>so central,<br />

antibioterapia de largo espectro, colonização<br />

por Candi<strong>da</strong> spp., cirurgia prévia, etc.) <strong>da</strong>do<br />

que estes estão presentes em quase todos os<br />

doentes críticos. É pois fun<strong>da</strong>mental termos<br />

uma boa estratégia que <strong>no</strong>s ajude a<br />

determinar o risco de Candidíase <strong>Invasiva</strong> <strong>no</strong><br />

doente crítico. Na literatura estão publicados<br />

vários scores (Índice de colonização de Pittet<br />

20 , Score de Candi<strong>da</strong> 21 , Score de Ostrosky-<br />

Zeichner 22 que poderão auxiliar na decisão de<br />

iniciar terapêutica anti-fúngica. No entanto,<br />

existe uma grande diversi<strong>da</strong>de entre eles em<br />

termos de sensibili<strong>da</strong>de e especifici<strong>da</strong>de o que<br />

provavelmente traduz as diferenças em termos<br />

de população estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, epidemiologia e<br />

prática clínica <strong>no</strong>s diferentes estudos 42 .<br />

COMO TRATAR?<br />

No tratamento <strong>da</strong> candidíase invasiva<br />

dispomos de “velhos” (fluconazol e polie<strong>no</strong>s) e<br />

“<strong>no</strong>vos” (azóis de segun<strong>da</strong> geração e<br />

equi<strong>no</strong>candinas) antifúngicos que variam <strong>no</strong><br />

seu espectro de acção, características<br />

farmacocinéticas e farmacodinâmicas, efeitos<br />

laterais e eficácia. A escolha do antifúngico<br />

depende sobretudo de dois factores: espécie<br />

de Candi<strong>da</strong> envolvi<strong>da</strong> e do hospedeiro (foco<br />

de infecção, estabili<strong>da</strong>de hemodinâmica,<br />

disfunção orgânica e terapêutica<br />

concomitante).<br />

Triazóis<br />

O fluconazol é um dos antifúngicos mais<br />

frequentemente utilizado em UCI <strong>da</strong>do o seu<br />

perfil de segurança, baixo custo e eficácia <strong>no</strong><br />

tratamento <strong>da</strong> candidíase invasiva 23 apesar de<br />

ser fungistático.<br />

O voriconazol também é eficaz <strong>no</strong> tratamento<br />

<strong>da</strong> candidémia em doentes não neutropénicos.<br />

Num estudo comparativo com a anfotericina B<br />

deoxicolato segui<strong>da</strong> de fluconazol, o<br />

voriconazol demonstrou não inferiori<strong>da</strong>de na<br />

análise <strong>da</strong> intenção de tratar, com um sucesso<br />

de 40% após 12 semanas de tratamento em<br />

ambos os grupos, mas com uma toxici<strong>da</strong>de<br />

significativamente me<strong>no</strong>r<br />

24 . Apesar de<br />

apresentar um espectro de acção mais largo<br />

do que o fluconazol, a susceptibili<strong>da</strong>de de<br />

algumas estirpes resistentes ao fluconazol,<br />

como por exemplo a Candi<strong>da</strong> glabrata, não<br />

pode ser assumi<strong>da</strong>. O uso deste antifúngico<br />

por via endove<strong>no</strong>sa está contra-indicado em<br />

doentes com disfunção renal modera<strong>da</strong> a<br />

severa (clearance creatinina


Rev Port Med Int 2010; 17(1)<br />

Polie<strong>no</strong>s<br />

A anfotericina B deoxicolato, que foi<br />

considera<strong>da</strong> durante cerca de 50 a<strong>no</strong>s o<br />

tratamento de eleição <strong>da</strong> candidiase<br />

dissemina<strong>da</strong><br />

26 , apresenta uma rápi<strong>da</strong><br />

activi<strong>da</strong>de bacterici<strong>da</strong> in vitro contra quase<br />

to<strong>da</strong>s as espécies de Candi<strong>da</strong>, mas associa-se<br />

a uma eleva<strong>da</strong> toxici<strong>da</strong>de. As formulações<br />

lipídicas de anfotericina B (lipossómica,<br />

complexo lipídico e dispersão coloi<strong>da</strong>l)<br />

apresentam uma me<strong>no</strong>r toxici<strong>da</strong>de renal e um<br />

me<strong>no</strong>r número de eventos adversos<br />

relacionados com a sua administração em<br />

comparação com a formulação original.<br />

Vários ensaios randomizados demonstraram<br />

que a anfotericina B lipossómica e a<br />

anfotericina B complexo lipídico são eficazes<br />

<strong>no</strong> tratamento <strong>da</strong> candidíase dissemina<strong>da</strong> 27-29 .<br />

No entanto, <strong>da</strong>do os seus custos elevados e a<br />

sua toxici<strong>da</strong>de, estes antifúngicos são<br />

geralmente reservados para o tratamento de<br />

segun<strong>da</strong> linha ou para tratamento de salvação<br />

na candidíase invasiva.<br />

Equi<strong>no</strong>candinas<br />

A classe <strong>da</strong>s equi<strong>no</strong>candinas (caspofungina,<br />

anidulafungina, micafungina) apresenta<br />

diversos atractivos para o seu uso <strong>no</strong> doente<br />

crítico <strong>da</strong><strong>da</strong> a sua baixa toxici<strong>da</strong>de, a sua<br />

segurança em doentes com disfunção renal e<br />

hepática (embora seja necessário reduzir a<br />

dose <strong>da</strong> caspofungina em doentes com<br />

insuficiência hepática modera<strong>da</strong> a grave), o<br />

seu baixo potencial de interacções<br />

medicamentosas (ausentes com a utilização<br />

<strong>da</strong> anidulafungina), o seu largo espectro de<br />

acção contras a Candi<strong>da</strong> albicans e não<br />

albicans e o seu mecanismo fungici<strong>da</strong> 30,31 .<br />

Perante isto, e apesar dos seus custos<br />

elevados, <strong>no</strong> doente crítico as equi<strong>no</strong>candinas<br />

constituem actualmente uma opção de 1ª linha<br />

<strong>no</strong> tratamento <strong>da</strong> candidíase invasiva.<br />

A eficácia clínica <strong>da</strong>s equi<strong>no</strong>candinas <strong>no</strong><br />

tratamento <strong>da</strong> candidíase invasiva foi<br />

demonstra<strong>da</strong> em vários estudos 32-35 . Estes<br />

ensaios envolveram principalmente doentes<br />

não neutropénicos com candidémia e a<br />

eficácia desta classe de antifúngicos foi<br />

basea<strong>da</strong> na resolução <strong>da</strong>s manifestações<br />

clínicas e negativação dos exames<br />

microbiológicos. Nestes ensaios, não se<br />

observou inferiori<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s equi<strong>no</strong>candinas em<br />

relação aos seus comparadores (fluconazol,<br />

anfotericina B deoxicolato e anfotericina B<br />

lipossómica), tendo a taxa de sucesso variado<br />

entre 60 e 83%. No entanto, a incidência de<br />

efeitos laterais foi significativamente me<strong>no</strong>r<br />

com o uso de equi<strong>no</strong>candinas e azois<br />

comparativamente com os polie<strong>no</strong>s, bem com<br />

o número de doentes que descontinuaram a<br />

terapêutica antifúngica.<br />

A resistência às equi<strong>no</strong>candinas é rara mas<br />

com o seu crescente é possível que tal<br />

comece a surgir. Esta classe de antifúngicos<br />

parece ter uma me<strong>no</strong>r activi<strong>da</strong>de contra a<br />

Candi<strong>da</strong> parapsilosis 36 em relação às outras<br />

Candi<strong>da</strong> spp., característica esta que parece<br />

estar relaciona<strong>da</strong> com polimorfismo dos<br />

ami<strong>no</strong>ácidos na subuni<strong>da</strong>de major <strong>da</strong> sintetase<br />

do gluca<strong>no</strong> (Fks1) do alvo <strong>da</strong> equi<strong>no</strong>candina<br />

37 . Ocasionalmente, a Candi<strong>da</strong> spp. apresenta<br />

concentrações inibitórias mínimas (CIM) mais<br />

eleva<strong>da</strong>s para as equi<strong>no</strong>candinas mas a<br />

associação entre a CIM e o outcome final<br />

ain<strong>da</strong> não foi comprova<strong>da</strong> 38,39 . Raramente têm<br />

sido relatados casos de falência <strong>da</strong>s<br />

equi<strong>no</strong>candinas <strong>no</strong> tratamento <strong>da</strong> candidíase<br />

invasiva 40,41 . O motivo para essa falência <strong>da</strong><br />

terapêutica parece estar relacionado com<br />

mutações <strong>da</strong> Fks1 37 , mutações estas que<br />

conferem resistência cruza<strong>da</strong> entre to<strong>da</strong>s as<br />

equi<strong>no</strong>candinas.<br />

Apesar do espectro de acção, <strong>da</strong>s<br />

características farmacocinéticas e<br />

farmacodinâmicas e <strong>da</strong> sua toxici<strong>da</strong>de ser<br />

diferente entre estas três classes, e mesmo<br />

entre antifúngicos <strong>da</strong> mesma classe, os<br />

factores relacionados com o hospedeiro<br />

parecem ter um elevado impacto do outcome<br />

final do doente, particularmente <strong>no</strong> doente<br />

crítico.<br />

Tal como em relação à antibioterapia, na<br />

opção empírica inicial devemos ter em linha de<br />

conta diversos factores, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente o uso<br />

prévio de azóis. Tal facto deve-se ao uso<br />

prévio de azóis, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente o fluconazol,<br />

que conduz a um aumento <strong>da</strong>s estirpes não<br />

albicans (sobretudo Candi<strong>da</strong> glabrata e<br />

Candi<strong>da</strong> krusei) frequentemente resistentes<br />

aos azóis e que estão associa<strong>da</strong>s a uma maior<br />

mortali<strong>da</strong>de.<br />

A gravi<strong>da</strong>de do quadro clínico também deve<br />

influenciar a <strong>no</strong>ssa opção terapêutica inicial.<br />

Perante um doente com instabili<strong>da</strong>de<br />

hemodinâmica, a opção terapêutica inicial<br />

deverá incluir uma equi<strong>no</strong>candina ou, em<br />

determina<strong>da</strong>s situações, a anfotericina B. Por<br />

outro lado, nas formas me<strong>no</strong>s graves em que<br />

o doente se apresenta hemodinamicamente<br />

estável, o fluconazol poderá constituir uma<br />

opção de primeira linha.<br />

Um aprofun<strong>da</strong>do conhecimento <strong>da</strong><br />

epidemiologia microbiológica do <strong>no</strong>sso local de<br />

25


trabalho é outro factor a ter em linha de conta.<br />

Este aspecto é importante porque as<br />

diferentes estirpes de Candi<strong>da</strong> apresentam<br />

diferentes susceptibili<strong>da</strong>des às diferentes<br />

classes de antifúngicos.<br />

Nos últimos a<strong>no</strong>s temos assistido à<br />

emergência <strong>da</strong> Candi<strong>da</strong> não-albicans spp.,<br />

particularmente <strong>da</strong>s que têm me<strong>no</strong>r<br />

susceptibili<strong>da</strong>de ao fluconazol, como causa<br />

crescente de candidíase invasiva <strong>no</strong> doente<br />

crítico, sendo esse um dos principais motivos<br />

para a maior utilização <strong>da</strong>s equi<strong>no</strong>candinas.<br />

Vários têm sido os trabalhos publicados na<br />

literatura com o intuito de identificar os<br />

factores de risco para o isolamento de estirpes<br />

de Candi<strong>da</strong> spp. resistente aos azóis 43-46 . São<br />

exemplos desses factores o uso prévio de<br />

azóis, a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> doença, a cirurgia<br />

gastrointestinal, a presença de cateter ve<strong>no</strong>so<br />

central mas, na reali<strong>da</strong>de, nenhum deles tem<br />

sido consistentemente relacionado com o<br />

isolamento dessas estirpes.<br />

A Candi<strong>da</strong> krusei apresenta resistência inata<br />

ao fluconazol fruto de uma alteração de uma<br />

isoenzima do citocromo P 450 47 e essa<br />

resistência não é ultrapassa<strong>da</strong> com a<br />

utilização de doses mais eleva<strong>da</strong>s de<br />

fluconazol. Por sua vez a Candi<strong>da</strong> glabrata<br />

apresenta uma susceptibili<strong>da</strong>de ao fluconazol<br />

que é dose dependente estando descrita uma<br />

taxa de resistência que varia entre 10 e 20%.<br />

Apesar dos ensaios clínicos não terem<br />

mostrado diferenças significativas na resposta<br />

clínica e microbiológica <strong>da</strong>s infecções por<br />

Candi<strong>da</strong> glabrata trata<strong>da</strong>s com fluconazol<br />

comparativamente com a anfotericina B ou<br />

uma equi<strong>no</strong>candina, os recentes guidelines <strong>da</strong><br />

Infectious Diseases Society of America 48<br />

realçam a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Candi<strong>da</strong> glabrata e<br />

de outras espécies resistentes ou com<br />

susceptibili<strong>da</strong>de diminuí<strong>da</strong> aos azóis como um<br />

factor a ter em conta na opção antifúngica<br />

empírica inicial. Mas se por um lado estirpes<br />

como a Candi<strong>da</strong> glabrata e a Candi<strong>da</strong> krusei<br />

são habitualmente resistentes ao fluconazol<br />

mas sensíveis às equi<strong>no</strong>candinas e à<br />

anfotericina, a Candi<strong>da</strong> parapsilosis apresenta<br />

uma susceptibili<strong>da</strong>de reduzi<strong>da</strong> em relação ás<br />

equi<strong>no</strong>candinas e a Candi<strong>da</strong> lusitanae pode<br />

ser resistente aos polie<strong>no</strong>s.<br />

O conhecimento <strong>da</strong>s características<br />

farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos<br />

antifúngicos também é fun<strong>da</strong>mental para uma<br />

prescrição adequa<strong>da</strong>. Devemos usar doses<br />

maximiza<strong>da</strong>s de antifúngicos pois sabemos<br />

que, por exemplo, doses mais eleva<strong>da</strong>s de<br />

fluconazol se associam a um melhor<br />

outcome 49 e que a manutenção dos níveis<br />

séricos de voriconazol entre 1 e 5,5 mg/ml na<br />

primeira semana de tratamento se associa a<br />

uma me<strong>no</strong>r probabili<strong>da</strong>de de falência e me<strong>no</strong>r<br />

neurotoxici<strong>da</strong>de 50 . Na escolha do anti-fúngico<br />

também devemos considerar potenciais<br />

interacções medicamentosas entre os<br />

antifúngicos e outras terapêuticas associa<strong>da</strong>s.<br />

Os azóis são fármacos com um elevado risco<br />

de interacções medicamentosas<br />

<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente com antidiabéticos orais,<br />

corticóides, ciclosporina, mi<strong>da</strong>zolam e<br />

varfarina<br />

51,52 . As equi<strong>no</strong>candinas com<br />

excepção <strong>da</strong> anidulafungina, que apresenta<br />

um mecanismo de metabolização diferente<br />

(degra<strong>da</strong>ção enzimática sérica), têm potencial<br />

para induzir interacções medicamentosas<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> a sua interacção com as enzimas do<br />

citocromo P 450. Fármacos como o<br />

fe<strong>no</strong>barbital, a rifampicina, a fenitoína,<br />

carbamazepina podem diminuir os níveis<br />

séricos <strong>da</strong> caspofungina pelo que a dose deve<br />

ser eleva<strong>da</strong> para 70 mg/dia. Pelo outro lado a<br />

caspofungina diminui os níveis séricos do<br />

tacrolimus em 20%. A micafungina ao reduzir<br />

o metabolismo <strong>da</strong> ciclosporina pode conduzir a<br />

um aumento dos seus níveis séricos pelo que<br />

é man<strong>da</strong>tório uma monitorização aperta<strong>da</strong> dos<br />

mesmos 53-55 .<br />

A presença de disfunções orgânicas,<br />

<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente a disfunção renal e a hepática,<br />

é outro factor a ter em conta. Nos doentes com<br />

disfunção renal a dose de fluconazol deve ser<br />

ajusta<strong>da</strong> e a formulação endove<strong>no</strong>sa do<br />

voriconazol está contra indica<strong>da</strong> em doentes<br />

com clearance <strong>da</strong> creatinina inferior a 50<br />

ml/min. Perante um doente com disfunção<br />

hepática modera<strong>da</strong> a grave a dose de<br />

caspofungina deve ser reduzi<strong>da</strong> bem como a<br />

do voriconazol.<br />

Tal como na terapêutica antibiótica, é<br />

fun<strong>da</strong>mental que o antifúngico penetre de uma<br />

forma adequa<strong>da</strong> <strong>no</strong> foco <strong>da</strong> infecção. A<br />

penetração dos antifúngicos <strong>no</strong> sistema<br />

nervoso central é mais eleva<strong>da</strong> <strong>no</strong> caso dos<br />

azóis do que nas outras classes. Por sua vez<br />

as equi<strong>no</strong>candinas penetram mal <strong>no</strong> olho pelo<br />

que a sua utilização em mo<strong>no</strong>terapia não está<br />

indica<strong>da</strong> <strong>no</strong>s casos de corioretinite. Apesar <strong>da</strong><br />

eliminação urinária <strong>da</strong>s equi<strong>no</strong>candinas ser<br />

escassa (inferior a 3%), têm sido descritos<br />

alguns casos de sucesso com a caspofungina<br />

<strong>no</strong> tratamento <strong>da</strong> candiduria.<br />

Outro aspecto importante na terapêutica <strong>da</strong><br />

candidíase invasiva passa por um controlo<br />

adequado do foco de infecção não<br />

esquecendo a remoção do cateter ve<strong>no</strong>so<br />

26


Rev Port Med Int 2010; 17(1)<br />

central que deve ser efectua<strong>da</strong> o mais<br />

precocemente possível. Os trabalhos<br />

publicados na literatura mostram que esta<br />

atitude se associa a uma redução na duração<br />

34,56-58<br />

<strong>da</strong> candidemia<br />

bem como <strong>da</strong><br />

mortali<strong>da</strong>de. A capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Candi<strong>da</strong> spp.<br />

aderir a superfícies inertes ou biológicas está<br />

associa<strong>da</strong> à sua virulência pelo que nestes<br />

casos deve-se optar por um antifúngico com<br />

eleva<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de penetrar <strong>no</strong> biofilme<br />

como as equi<strong>no</strong>candinas.<br />

O conceito de de-escalação também pode ser<br />

aplicado na candidíase invasiva, em que<br />

podemos começar, por exemplo, com uma<br />

equi<strong>no</strong>candina ou um polie<strong>no</strong> e mu<strong>da</strong>r para o<br />

fluconazol se o doente estiver clinicamente<br />

estável e o fungo for susceptível. O<br />

voriconazol pode ser utilizado na de-escalação<br />

<strong>no</strong> tratamento de infecções por Candi<strong>da</strong><br />

glabrata e Candi<strong>da</strong> krusei desde que lhe sejam<br />

susceptíveis 48.<br />

QUANTO TEMPO?<br />

Em todos os doentes com candidémia é<br />

fun<strong>da</strong>mental a realização de fundoscopia na<br />

primeira semana de tratamento, a repetição<br />

periódica de hemoculturas para documentar a<br />

erradicação <strong>da</strong> Candi<strong>da</strong> spp. <strong>da</strong> corrente<br />

sanguínea e a execução de um<br />

ecocardiograma.<br />

Perante a ausência de complicações<br />

metastáticas, a terapêutica antifúngica deve<br />

ser suspensa 14 dias após a resolução dos<br />

sinais e sintomas atribuídos à infecção e<br />

negativação <strong>da</strong>s hemoculturas. Esta<br />

recomen<strong>da</strong>ção baseia-se <strong>no</strong>s resultados dos<br />

diferentes estudos prospectivos, randomizados<br />

em que esta estratégia foi utiliza<strong>da</strong> com<br />

sucesso, sem aumento significativo <strong>da</strong>s<br />

complicações ou <strong>da</strong>r recidivas 23,32,35,58,59. Se a<br />

duração do tratamento é independente do<br />

antifúngico utilizado, tal não é ver<strong>da</strong>de em<br />

relação ao foco. Nos casos de endocardite<br />

fúngica, a terapêutica deve ser manti<strong>da</strong> pelo<br />

me<strong>no</strong>s 6 semanas após a substituição<br />

valvular. Nas infecções do SNC, os<br />

antifúngicos devem ser mantidos até resolução<br />

dos sinais e sintomas, <strong>da</strong>s alterações do LCR<br />

e desaparecimento <strong>da</strong>s alterações<br />

radiológicas. Se <strong>no</strong>s casos de osteomielite, a<br />

duração <strong>da</strong> terapêutica varia entre 6 e 12<br />

meses, na artrite séptica o antifúngico deve<br />

ser mantido pelo me<strong>no</strong>s durante 6 semanas. O<br />

tratamento <strong>da</strong> endoftalmite está recomen<strong>da</strong>do<br />

durante pelo me<strong>no</strong>s 4 a 6 semanas 48.<br />

Perante o que foi exposto, apresentamos um<br />

algoritmo de abor<strong>da</strong>gem terapêutica <strong>da</strong><br />

Candidíase <strong>Invasiva</strong> <strong>no</strong> doente crítico não<br />

neutropénico (Figura 1).<br />

27


BIBLIOGRAFIA<br />

1. Martin GS, Manni<strong>no</strong> DM, Eaton S, Moss M. The<br />

epidemiology of sepsis in the United States from<br />

1979 through 2000. NE<strong>JM</strong>. 2003; 348: 1546-1554.<br />

2. Wisplinghoff H et al. Nosocomial Bloodstream<br />

Infections in US Hospitals: analysis of 24179 cases<br />

from a prospective nationwide surveillance study.<br />

Clin Infect Dis 2004; 39: 309-317<br />

3. Fluit AC et al. Antimicrobial susceptibility and<br />

frequency of occurrence of clinical blood isolates in<br />

Europe from the SENTRY antimicrobial surveillance<br />

program, 1997 and 1998. Clin Infect Dis 2000; 30:<br />

454-460<br />

4. Fridkin SK. The changing face of fungal<br />

infections in health care settings. Clin Infect Dis<br />

2005; 41:1455–60.<br />

5. Morgan J, Meltzer MI, Plikaytis BD, et al. Excess<br />

mortality, hospital stay, and cost due to candidemia:<br />

a case-control study using <strong>da</strong>ta from populationbased<br />

candidemia surveillance. Infect Control Hosp<br />

Epidemiol 2005; 26: 540–7.<br />

6. Morrell M, Fraser VJ, Kollef MH. Delaying the<br />

empiric treatment of Candi<strong>da</strong> bloodstream infection<br />

until positive blood culture results are obtained: a<br />

potential risk factor for hospital mortality. Antimicrob<br />

Agents Chemother. 2005; 49: 3640-3645.<br />

7. Garey KW, Rege M, Pai MP et al.. Time to<br />

initiation of fluconazole therapy impacts mortality in<br />

patients with candidemia: a multiinstitutional study.<br />

Clin Infects Dis 2006; 43: 25-31.<br />

8. Parkins MD, Sabu<strong>da</strong> DM, Elsayed S, Laupland<br />

KB. Adequacy of empirical antifungal therapy and<br />

effect on outcome among patients with invasive<br />

Candi<strong>da</strong> species infections. J Antimicrob Chemother<br />

2007; 60: 613-618.<br />

9. Meyer M-H, Letscher-Bru V, Jaulhac B et al..<br />

Comparison of Mycosis IC/F and Plus Aerobic/F<br />

media for diag<strong>no</strong>sis of fungemia by Bactec 9240<br />

system. J Clin Microbiol 2004; 42: 773-777.<br />

10. Ben-Ami R, Weinberger M, Orni-Wasserlauff R<br />

et al.. Time to blood culture positivity as a marker for<br />

catheter-related candidemia. J Clin Microb 2008; 46:<br />

2222-2226.<br />

11. Ostrosky-Zeichner L, Alexander BD, Kett DH et<br />

al.. Multicenter clinical evaluation of the (1->3) beta-<br />

D-glucan assay as an aid to diag<strong>no</strong>sis of fungal<br />

infections in humans. Clin Infect Dis. 2005; 41: 654-<br />

659.<br />

12. Senn L, Robinson JO, Schmidt S et al.. 1,3<br />

Beta-D-glucan antigenemia for early diag<strong>no</strong>sis of<br />

invasive fungal infections in neutropenic patients<br />

with acute leukemia. Clin Infect Dis 2008; 46: 878-<br />

885.<br />

13. O<strong>da</strong>basi Z, Mattiuzzi G, Estey E et al.. Beta-D-<br />

Glucan as a diag<strong>no</strong>stic adjunct for invasive fungal<br />

infections: vali<strong>da</strong>tion, cutoff development and<br />

performmance in patients with acute myeloge<strong>no</strong>us<br />

leukemia and myelodisplastic syndrome. Clin Infect<br />

Dis 2004; 39: 199-205.<br />

14. Digby J, Kalbfleisch J, Glenn A et al.. Serum<br />

glucan levels are <strong>no</strong>t specific for presence of fungal<br />

infections in intensive care unit patients. Clin Diagn<br />

Lab Immu<strong>no</strong>l 2003; 10: 882-885.<br />

15. Pickering JW, Sant HW, Bowles CAP et al..<br />

Evaluation of a (1->3)-beta-D-glucan assay for<br />

diag<strong>no</strong>sis of invasive fungal infections. J Clin<br />

Microbiol 2005; 43: 5957-5962.<br />

16. Leon C, Ruiz-Santana S, Saavedra P et al..<br />

Usefulness of the Candi<strong>da</strong> score for discriminating<br />

between Candi<strong>da</strong> colonization and invasive<br />

candidiasis in <strong>no</strong>n-neutropenic critically ill patients:<br />

A prospective multicenter study. Crit Care Med<br />

2009; 37: 1624-1633.<br />

17. Presterl E, Parschalk B, Bauer E et al.. Invasive<br />

fungal infections and (1,3)-beta-D-glucan serum<br />

concentrations in long-term intensive care patients.<br />

Int J Infect Dis 2009; 13 (6): 707-712.<br />

18. Charles PE, Castro C, Ruiz-Santana S et al..<br />

Serum procalcitonin levels in critically ill patients<br />

colonized with Candi<strong>da</strong> spp: new clues for the early<br />

recognition of invasive candidiasis? Intensive Care<br />

Med 2009; 35 (12): 2146-2150.<br />

19. R. McMullan, L. Metwally, P. V. Coyle et al.. A<br />

Prospective Clinical Trial of a Real-Time<br />

Polymerase Chain Reaction Assay for the Diag<strong>no</strong>sis<br />

of Candidemia in Nonneutropenic, Critically Ill<br />

Adults. Clinical Infectious Diseases 2008; 46:890–6<br />

20. Pittet D, Mo<strong>no</strong>d M, Suter PM et al.. Candi<strong>da</strong><br />

colonization and subsequent infections in critically ill<br />

surgical patients. Ann Surg 1994; 220:751–758<br />

28


Rev Port Med Int 2010; 17(1)<br />

21. León C, Ruiz-Santana S, Saavedra P et al. A<br />

bedside scoring system (“Candi<strong>da</strong> score”) for early<br />

antifungal treatment in <strong>no</strong>nneutropenic critically ill<br />

patients with Candi<strong>da</strong> colonization. Crit Care Med<br />

2006; 34: 730–737<br />

22. Ostrosky-Zeichner L, Sable C, Sobel J et al..<br />

Multicenter retrospective development and<br />

vali<strong>da</strong>tion of a clinical prediction rule for <strong>no</strong>socomial<br />

invasive candidiasis in the intensive care setting Eur<br />

J Clin Microbiol Infect Dis (2007) 26:271–276<br />

23. Rex JH, Bennett JE, Sugar AM et al.. A<br />

randomized trial comparing fluconazole with<br />

amphotericin B for the treatment of candidemia in<br />

patients without neutropenia. Candidemia Study<br />

Group and the National Institute. N Engl J Med.<br />

1994, Vol. 331 (20), 1325-1330.<br />

24. Kullberg BJ, Sobel JD, Ruhnke M, et al.<br />

Voriconazole versus a regimen of amphotericin B<br />

followed by fluconazole for candi<strong>da</strong>emia in<br />

<strong>no</strong>nneutropenic patients: a randomised<br />

<strong>no</strong>ninferiority trial. Lancet 2005; 366:1435–1442.<br />

25. Pfaller MA, Diekema DJ, Rex JH, et al.<br />

Correlation of MIC with outcome for Candi<strong>da</strong><br />

species tested against voriconazole: analysis and<br />

proposal for interpretive breakpoints. J Clin<br />

Microbiol 2006; 44:819–826.<br />

26. Dismukes WE. Introduction to antifungal drugs.<br />

Clin Infect Dis 2000; 30:653–657.<br />

27. Walsh TJ, Hiemenz JW, Seibel NL, et al.<br />

Amphotericin B lipid complex for invasive fungal<br />

infections: analysis of safety and efficacy in 556<br />

cases. Clin Infect Dis 1998; 26:1383–96.<br />

28. Juster-Reicher A, Leibovitz E, Linder N, et al.<br />

Liposomal amphotericinB (AmBisome) in the<br />

treatment of neonatal candidiasis in very low birth<br />

weight infants. Infection 2000; 28:223–6.<br />

29. Blau IW, Fauser AA. Review of comparative<br />

studies between conventional and liposomal<br />

amphotericin B (Ambisome) in neutropenic patients<br />

with fever of unk<strong>no</strong>wn origin and patients with<br />

systemic mycosis. Mycoses 2000; 43:325–32<br />

30. Bennett JE. Echi<strong>no</strong>candins for candidemia in<br />

adults without neutropenia. N Engl J Med 2006;<br />

355:1154–1159.<br />

31. Sobel JD, Revankar SG. Echi<strong>no</strong>candins: first<br />

choice or first-line therapy for invasive candidiasis?<br />

N Engl J Med 2007; 356:2525–2526<br />

32. Kuse E-R, Chetchotisakd P, <strong>da</strong> Cunha CA, et al.<br />

Micafungin versus liposomal amphotericin B for<br />

candi<strong>da</strong>emia and invasive candidosis: a phase III<br />

randomized double-blind trial. Lancet 2007;<br />

369:1519–1527.<br />

33. Mora-Duarte J, Betts R, Rotstein C, et al.<br />

Comparison of caspofungin and amphotericin B for<br />

invasive candidiasis. N Engl J Med 2002; 347:2020–<br />

2029.<br />

34. Pappas PG, Rotstein CMF, Betts RF, et al.<br />

Micafungin versus caspofungin for treatment of<br />

candidemia and other forms of invasive candidiasis.<br />

Clin Infect Dis 2007; 45:883–893.<br />

35. Reboli AC, Rotstein C, Pappas PG, et al.<br />

Anidulafungin versus fluconazole for invasive<br />

candidiasis. N Engl J Med 2007; 356:2472–2482.<br />

36. Pfaller MA, Boyken L, Hollis RJ, et al. In vitro<br />

susceptibility of invasive isolates of Candi<strong>da</strong> spp. to<br />

anidulafungin, caspofungin, and micafungin: six<br />

years of global surveillance. J Clin Microbiol 2008;<br />

46:150–156.<br />

37. Perlin DS. Resistance to echi<strong>no</strong>candin-class<br />

antifungal drugs. Drug Resist Up<strong>da</strong>t 2007; 10:121–<br />

130.<br />

38. Kartsonis N, Killar J, Mixson L, et al.<br />

Caspofungin susceptibility testing of isolates from<br />

patients with esophageal candidiasis or invasive<br />

candidiasis: relationship of MIC to treatment<br />

outcome. Antimicrob Agents Chemother 2005;<br />

49:3616–3623.<br />

39. Pfaller MA, Diekema DJ, Boyken L, et al.<br />

Effectiveness of anidulafungin in eradicating<br />

Candi<strong>da</strong> species in invasive candidiasis. Antimicrob<br />

Agents Chemother 2005; 49:4795–4797.<br />

40. Pasquale T, Toma<strong>da</strong> JR, Ghan<strong>no</strong>un M, et al.<br />

Emergence of Candi<strong>da</strong> tropicalis resistant to<br />

caspofungin. J Antimicrob Chemother 2008; 61:219.<br />

41. Moudgal V, Little T, Boikov D, Vazquez JA.<br />

Multiechi<strong>no</strong>candin- and multiazoleresistant Candi<strong>da</strong><br />

parapsilosis isolates serially obtained during therapy<br />

for prosthetic valve endocarditis. Antimicrob Agents<br />

Chemother 2005; 49:767– 769.<br />

42. Lam SW, Eschenauer GA, Carve PL. Evolving<br />

role of early antifungals in the adult intensive care<br />

unit. Crit Care Med 2009; 37:1580 –1593<br />

43. Chow J K, Golan Y, Ruthazer R et al.. Factors<br />

associated with candidemia caused by <strong>no</strong>n-albicans<br />

Candi<strong>da</strong> species versus Candi<strong>da</strong> albicans in the<br />

intensive care unit. Clin Infect Dis 2008; 46: 1206-<br />

1213<br />

44. Shorr, A, Lazarus R, Sherner J et al.. Do clinical<br />

features allow for accurate prediction of fungal<br />

pathogenesis in bloodstream infections? Potential<br />

implications of the increasing prevalence of <strong>no</strong>nalbicans<br />

candidemia. Crit Care Med 2007; 35: 1077-<br />

1083<br />

45. Lin MY, Carmeli Y, Zumsteg J et al.. Prior<br />

Antimicrobial Therapy and Risk for Hospital-<br />

Acquired Candi<strong>da</strong> glabrata and Candi<strong>da</strong> krusei<br />

Fungemia: a Case-Case-Control Study Antimicrob<br />

Ag Chemother 2005; 49: 4555-4560<br />

46. Playford EG, Marriott D, Nguyen Q, et al.<br />

Candidemia in <strong>no</strong>nneutropenic critically ill patients:<br />

risk factors for <strong>no</strong>n-albicans Candi<strong>da</strong> spp. Crit Care<br />

Med. 2008; 36: 2034-2039.<br />

47. Orozco AS, Higginbotham LM, Hitchcock CA, et<br />

al. Mechanism of fluconazole resistance in Candi<strong>da</strong><br />

krusei. Antimicrob Agents Chemother 1998;<br />

42:2645–9.<br />

48. Pappas PG, Kauffman CA, Andes D et al..<br />

Clinical Practice Guidelines for the Management of<br />

Candidiasis: 2009 Up<strong>da</strong>te by the Infectious<br />

Diseases Society of America . Clinical Infectious<br />

Diseases 2009; 48:503–35<br />

49. Manjunath PP, Turpin RS, Garey KW.<br />

Association of Fluconazole Area under the<br />

Concentration Time Curve/MIC and Dose/MIC<br />

Ratios with Mortality in Nonneutropenic Patients<br />

with Candidemia. Antimicrob Agents Chemother<br />

2007; 51(1): 35-39<br />

50. Pascual A et al. Voriconazol therapeutic drug<br />

monitoring in patients with invasive mycoses<br />

improves efficacy and safety outcomes. Clin Infect<br />

Dis 2008; 46: 201-211.<br />

51. Depont F, Vargas F, Dutronc H et al.. Drug–drug<br />

interactions with systemic antifungals in clinical<br />

practice. Pharmacoepidemiology and Drug Safety<br />

2007; 16: 1227-1233<br />

52. Yu DT, Peterson JF, Seger DL et al.. Frequency<br />

of potential azole drug-drug interactions and<br />

consequences of potential fluconazole drug<br />

interaction. Pharmacoepidemiol Drug Saf<br />

2005;14:755-767<br />

53. Stone JA, Migoya EM, Hickey L, et al. Potential<br />

for interactions between caspofungin and nelfinavir<br />

29


or rifampin. Antimicrob Agents Chemother. 2004;<br />

48: 4306–14.<br />

54. Hebert MF, Townsend RW, Austin S, et al.<br />

Concomitant cyclosporine and micafungin<br />

pharmacokinetics in healthy volunteers. J Clin<br />

Pharmacol. 2005; 45: 954–60.<br />

55. Trissel LA, Ogundele AB. Compatibility of<br />

anidulafungin with other drugs during simulated Y-<br />

site administration. Am J Health Syst Pharm. 2005;<br />

62: 834–7.<br />

56. Nguyen MH, Peacock JE Jr, Tanner DC, et al.<br />

Therapeutic approaches in patients with<br />

candidemia: evaluation in a multicenter,<br />

prospective, observational study. Arch Intern Med<br />

1995; 155:2429–35.<br />

57. Rex JH, Bennett JE, Sugar AM, et al.<br />

Intravascular catheter exchange and duration of<br />

candidemia. NIAID Mycoses Study Group and the<br />

Candidemia Study Group. Clin Infect Dis 1995;<br />

21:994–6.<br />

58. Rex JH, Pappas PG, Karchmer AW, et al. A<br />

randomized and blinded multicenter trial of highdose<br />

fluconazole plus placebo versus fluconazole<br />

plus amphotericin B as therapy for candidemia and<br />

its consequences in <strong>no</strong>nneutropenic subjects. Clin<br />

Infect Dis 2003; 36: 1221–8<br />

59. Kullberg BJ, Sobel JD, Ruhnke M, et al.<br />

Voriconazole versus a regimen of amphotericin B<br />

followed by fluconazole for candi<strong>da</strong>emia in<br />

<strong>no</strong>nneutropenic patients: a randomised <strong>no</strong>ninferiority<br />

trial. Lancet 2005; 366:1435–42.<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!