Das obras de Diofanto de Alexandria \(A Aritmética, uma ... - CMUP
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<strong>Das</strong> <strong>obras</strong> <strong>de</strong> <strong>Diofanto</strong> <strong>de</strong> <strong>Alexandria</strong> (A Aritmética, <strong>uma</strong> obra sobre números<br />
poligonais, da qual se conhece apenas um fragmento, e a obra Porismas, que está<br />
perdida) a Aritmética é a mais importante. Está escrita em grego, é um tratado analítico<br />
<strong>de</strong> teoria algébrica dos números e é constituída por 13 livros, como nos diz o próprio<br />
<strong>Diofanto</strong> no prefácio. Até há cerca <strong>de</strong> 30 anos, <strong>de</strong>sses livros eram conhecidos apenas 6,<br />
na língua original; posteriormente, apareceram mais 4 livros, traduzidos em árabe, que<br />
alguns historiadores julgam fazer parte da obra.<br />
A Aritmética <strong>de</strong> <strong>Diofanto</strong> é um trabalho completamente diferente dos <strong>de</strong>mais trabalhos<br />
gregos da época, assemelhando-se aos trabalhos "algébricos" dos babilónios, mas<br />
revelando relativamente a eles, um gran<strong>de</strong> avanço nesta área. Esta obra não é <strong>uma</strong><br />
exposição sistemática <strong>de</strong> proposições, mas sim <strong>uma</strong> recolha <strong>de</strong> problemas (mais <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
centena!) formulada em termos <strong>de</strong> exemplos (o que do ponto <strong>de</strong> vista matemático é<br />
inferior à ciência grega feita até então) e as <strong>de</strong>monstrações são apenas ilustrações, em<br />
casos particulares concretos.<br />
Uma das contribuições mais significativas <strong>de</strong>ste trabalho diz respeito às notações: são<br />
introduzidas alg<strong>uma</strong>s abreviaturas para <strong>de</strong>signar quantida<strong>de</strong>s e operações, iniciando o<br />
que viria a chamar-se "álgebra sincopada".(Os historiadores distinguem, em geral, três<br />
períodos no <strong>de</strong>senvolvimento da álgebra: álgebra retórica, em que tudo é explicado por<br />
palavras; álgebra sincopada, na qual se usam alg<strong>uma</strong>s abreviaturas e álgebra simbólica).<br />
<strong>Diofanto</strong> usou o símbolo análogo à letra grega ζ para representar a incógnita, à qual<br />
chamou aritmos; para o quadrado da incógnita usou D Y , à qual chamou dinamos<br />
(quadrado); para cubo da incógnita usou K Y e chamou-lhe Kubos; para a potência <strong>de</strong><br />
expoente quatro usou D Y D e chamou-lhe dinamos-dinamos; para as potências <strong>de</strong><br />
expoente cinco e seis usou, respectivamente, DK Y (quadrado-cubo) e K Y K (cubocubo).<br />
Usou, também, sinais especiais para os recíprocos das seis primeiras potências<br />
da incógnita.<br />
Muitos dos problemas tratados na Aritmética conduzem a equações do 1º e 2º graus, a<br />
<strong>uma</strong> ou mais incógnitas, <strong>de</strong>terminadas ou não; outros referem-se a equações cúbicas,<br />
mas para estas <strong>Diofanto</strong> escolhe a<strong>de</strong>quadamente os dados para que seja fácil obter a<br />
solução. Mas há também nela problemas algébricos que <strong>Diofanto</strong> resolve por recurso à<br />
geometria, como o problema 19 do Livro III, e problemas sobre triângulos rectângulos
<strong>de</strong> lados racionais. Para os problemas propostos, <strong>Diofanto</strong> só aceita como solução<br />
números racionais positivos.<br />
O problema mais famoso é o número 8 do Livro II:<br />
" Decompor o quadrado 16 em dois quadrados". A resolução que propõe é: “Se<br />
quisermos <strong>de</strong>compor 16 em dois quadrados e supusermos que o primeiro é 1 aritmo, o<br />
outro terá 16 unida<strong>de</strong>s menos um quadrado <strong>de</strong> aritmo e, portanto, 16 unida<strong>de</strong>s menos<br />
um quadrado <strong>de</strong> aritmo são um quadrado. Formemos um quadrado <strong>de</strong> um conjunto<br />
qualquer <strong>de</strong> aritmos diminuído <strong>de</strong> tantas unida<strong>de</strong>s como tem a raiz <strong>de</strong> 16 unida<strong>de</strong>s, ou<br />
seja, o quadrado <strong>de</strong> 2 aritmos menos 4 unida<strong>de</strong>s. Este quadrado terá 4 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
aritmo e 16 unida<strong>de</strong>s menos 16 aritmos, que igualaremos a 16 unida<strong>de</strong>s menos um<br />
quadrado <strong>de</strong> aritmo e somando a um e outro lado os termos negativos e restando os<br />
semelhantes, resulta que 5 quadrados <strong>de</strong> aritmo equivalem a 16 aritmos e, portanto, 1<br />
aritmo vale 16/5; logo, um dos números é 256/25 e o outro 144/25, cuja soma é 400/25,<br />
ou seja 16 unida<strong>de</strong>s, e cada um <strong>de</strong>les é um quadrado”.<br />
Vejamos alguns outros problemas da Aritmética:<br />
Livro I, 17: "Encontrar quatro números cuja soma três a três seja, respectivamente, 22,<br />
24, 27 e 20."<br />
Livro II, 28: "Encontrar dois números quadrados tais que o seu produto somado a eles<br />
dê um número quadrado."<br />
Livro III, 13: "Encontrar três números tais que o produto <strong>de</strong> quaisquer dois somado ao<br />
terceiro seja um quadrado."<br />
Livro III, 15: "Encontrar três números tais que o produto <strong>de</strong> quaisquer dois somado à<br />
soma <strong>de</strong>les seja um quadrado."