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A Participação Como Pressuposto da Democracia

A sua participação é fundamental!

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Dejalma Cremonese<br />

territorial composto por homens livres, capazes de tomar as decisões <strong>da</strong><br />

“ci<strong>da</strong>de” (polis), isto é, uma forma direta de exercer a ação política, sem as<br />

formas representativas <strong>da</strong>s democracias modernas (Karnikowski, 2000).<br />

No chamado período arcaico (séculos 8º a 6º a.C.) ocorreram grandes<br />

alterações com o desenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des comerciais, o que determinou<br />

o aparecimento de diversas polis (ci<strong>da</strong>des-Estados) na Grécia Antiga. A<br />

passagem <strong>da</strong> predominância do mundo rural <strong>da</strong> aristocracia (donos de terras)<br />

para o mundo urbano vem acompanha<strong>da</strong> de outras mutações igualmente<br />

importantes, como o surgimento <strong>da</strong> escrita, <strong>da</strong> moe<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s leis escritas, e<br />

culminou com o aparecimento de uma nova racionali<strong>da</strong>de, a Filosofia (logos),<br />

que deu autonomia ao homem grego de pensar por si só. A origem do cosmos<br />

e do homem não será mais explica<strong>da</strong> a partir dos mitos e <strong>da</strong>s divin<strong>da</strong>des,<br />

mas <strong>da</strong> própria razão do homem.<br />

A consequência de tais alterações para a política se faz sentir de<br />

maneira diferente conforme o lugar. Em Atenas, porém, desenvolveram-se<br />

sobretudo as concepções de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e de democracia, que viveram o seu<br />

momento de apogeu no século 5º a.C. Em oposição à ideia aristocrática de<br />

poder, o ci<strong>da</strong>dão poderia e deveria atuar na vi<strong>da</strong> pública independentemente<br />

<strong>da</strong> origem familiar, classe ou função. Hannah Arendt (1995, p. 41) apresenta<br />

uma diferença substancial entre a polis e a família. Na polis todos são<br />

iguais, na família há diferenças: “A polis diferenciava-se <strong>da</strong> família pelo fato<br />

de somente conhecer ‘iguais’, ao passo que a família era o centro <strong>da</strong> mais<br />

severa desigual<strong>da</strong>de”. Todos são iguais, tendo o mesmo direito à palavra e<br />

à participação no exercício do poder.<br />

A participação era bastante restrita. Na ver<strong>da</strong>de, eram considerados<br />

ci<strong>da</strong>dãos aproxima<strong>da</strong>mente 10% <strong>da</strong> população ativa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, sendo excluídos<br />

os estrangeiros, as mulheres e os escravos. 4 O importante, no entanto,<br />

4<br />

Os <strong>da</strong>dos sobre o número exato de habitantes (ci<strong>da</strong>dãos, escravos e bárbaros) de ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de-Estado são divergentes<br />

entre os estudiosos. Afirma Kitto (1970, p. 110) que “só três poleis tinham mais de 20 mil ci<strong>da</strong>dãos<br />

– Siracusa, Acragas (Agrimento), na Sicília, e Atenas”. Segundo Anderson (1998, p. 176), Atenas talvez tivesse<br />

uma população de 250 mil pessoas.<br />

86 Ano 10 • n. 19 • jan./abr. • 2012

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