piratas a bordo - Mundo Universitário
piratas a bordo - Mundo Universitário
piratas a bordo - Mundo Universitário
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
20 Valores<br />
EXPOSIÇÃO. O FORTE DO BOM SUCESSO ACOLHE UMA MOSTRA QUE NARRA OS FEITOS CRIMINOSOS DOS PIRATAS AO LONGO DOS SÉCULOS<br />
Bem-vindos Ao dOmínIo<br />
Dos 'LaDrões Do Mar'<br />
O SUCESSO DE FILMES COMO ‘PIRATAS DAS CARAÍBAS’ DEMONSTRA O<br />
FASCÍNIO DAS SOCIEDADES MODERNAS PELA VIDA DESREGRADA E LIVRE<br />
DOS PIRATAS. MAS O QUE SE ESCONDE POR TRÁS DOS MITOS? A EXPOSI-<br />
ÇÃO ‘PIRATAS, OS LADRÕES DO MAR’, NO FORTE DO BOM SUCESSO, EM<br />
LISBOA, ABRE A NOSSA PORTA A ESSE OBSCURO MUNDO.<br />
Pedro Quedas<br />
pquedas@mundouniversitario.pt<br />
Em Novembro de 2008, um superpetroleiro<br />
saudita foi capturado<br />
por <strong>piratas</strong> da Somália, um aviso<br />
sério de como, mesmo no século XXI,<br />
as águas internacionais ainda estão longe<br />
de estar seguras dos ‘ladrões do mar’. Mas<br />
o flagelo da pirataria é um fenómeno que<br />
remonta aos tempos antigos, desde os conflitos<br />
entre os gregos e os fenícios, passando<br />
pelos vikings, sem esquecer os mais famosos<br />
<strong>piratas</strong> das Caraíbas. Imortalizados<br />
como aventureiros destemidos em obras<br />
como ‘A Ilha do Tesouro’, de Robert Louis<br />
Stevenson (com o icónico Long John<br />
Silver), os <strong>piratas</strong> têm alimentado a<br />
nossa imaginação colectiva.<br />
Uma viagem a este mundo de crime,<br />
corrupção e lendas misteriosas<br />
é o que se pode encontrar na exposição<br />
‘Piratas, os Ladrões do Mar’,<br />
patente no Forte do Bom Sucesso,<br />
junto à Torre de Belém, até 31 de<br />
Maio. Das 60 peças expostas, 80<br />
por cento são artefactos originais<br />
recolhidos no Mar do Caribe<br />
e Norte de África. Armas, moedas,<br />
garrafas e utensílios de navegação –<br />
por vezes com mais de 2000 anos –, recolhidos<br />
em escavações subaquáticas,<br />
são acompanhados por maquetas<br />
de barcos, torres de defesa e<br />
seis figuras humanas à escala<br />
real, vestidas conforme<br />
a época dos séculos XVI,<br />
XVII e XVIII.<br />
A REALIDADE E O MITO<br />
Quando se fala de <strong>piratas</strong>, é importante distinguir<br />
os factos da ficção. Na imaginação popular,<br />
os <strong>piratas</strong> eram um grupo de rebeldes sem<br />
causa, um bando de não-conformistas a operar<br />
à margem das burocracias da sociedade moderna.<br />
Na verdade, a maioria dos <strong>piratas</strong> vivia em<br />
condições de extrema pobreza, com pouco ou<br />
nada para comer – muito poucos ficavam ricos<br />
e a maioria morria muito nova. O capitão era<br />
normalmente o guerreiro feroz e, ao contrário<br />
das civilizações ocidentais da altura, era eleito<br />
de uma forma relativamente democrática, com<br />
a distribuição dos saques a ser feita também<br />
de uma forma quase igualitária. Tesouros enterrados<br />
também eram raros, dado que, muitas<br />
vezes, o que roubavam era pouco mais do que<br />
armas, roupa, rum, comida e água. Era verdade,<br />
no entanto, que o meio dos <strong>piratas</strong> normalmente<br />
acolhia os rejeitados da sociedade, recrutando<br />
muitas vezes os escravos ‘libertados’ dos<br />
navios-negreiros.<br />
Outro dado fundamental a reter é o impacto<br />
considerável que a pirataria teve na queda do<br />
império português, quando o Tratado de Tordesilhas,<br />
de 1494, dividiu as novas terras descobertas<br />
entre Portugal e Espanha, criando uma<br />
vasta rede de tráfico comercial marítimo. Fosse<br />
nas Caraíbas, na costa ocidental de África ou já<br />
nas águas do Índico, na zona de Madagáscar, os<br />
cofres nacionais foram sendo esvaziados pelos<br />
ferozes ataques dos <strong>piratas</strong>. Muitos destes eram<br />
corsários, ‘<strong>piratas</strong> a contrato’, ao serviço de Inglaterra,<br />
França ou Holanda. Incapazes de suster<br />
os seus ataques, o domínio português nos mares<br />
foi caindo. Conhecer a história da pirataria é navegar<br />
nas memórias de Portugal.<br />
PUBLICIDADE