Pequenos brinquedos, jogos sem fim â Os sintomas no brincar da cr
Pequenos brinquedos, jogos sem fim â Os sintomas no brincar da cr
Pequenos brinquedos, jogos sem fim â Os sintomas no brincar da cr
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A autora lança a idéia de que <strong>no</strong>s tempos moder<strong>no</strong>s vemos o narcisismo parental<br />
levado aos extremos, pois suas <strong>cr</strong>ianças são leva<strong>da</strong>s a buscar uma perfeição que não há.<br />
Essa perfeição vem através dos <strong>jogos</strong> de montar, que são perfeitos para realizar o que a<br />
imaginação <strong>da</strong>s <strong>cr</strong>ianças pode alcançar, é claro, <strong>sem</strong> que elas preci<strong>sem</strong> sujar as mãos. Logo<br />
a autora <strong>no</strong>s convoca a pensar: “que efeitos então produz na subjetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>cr</strong>iança o<br />
discurso social que apregoa uma vi<strong>da</strong> plena de objetos consumíveis em larga escala,<br />
límpidos e vazios de significação?”.(Meira, p.46).<br />
A idéia do <strong>brincar</strong> <strong>da</strong>s <strong>cr</strong>ianças na socie<strong>da</strong>de contemporânea está marca<strong>da</strong> pela angústia<br />
visível <strong>no</strong> discurso familiar, pois literalmente, o olhar do outro invade a cena do <strong>brincar</strong>,<br />
assim fazendo com que a <strong>cr</strong>iança busque algo em tor<strong>no</strong> dos pais para desviar seu olhar, para<br />
assim instalar o jogo metafórico. Então é em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> ausência que o <strong>brincar</strong> se instala.<br />
O presente artigo <strong>no</strong>s convoca a pensar a respeito dos <strong>brinquedos</strong> que são oferecidos às<br />
<strong>cr</strong>ianças de hoje. Onde se colocam o jogo e as marcas do Outro social? Pois podemos<br />
pensar que desde pequenas as <strong>cr</strong>ianças usam de to<strong>da</strong> a sua imaginação para superar o outro,<br />
aparecendo, assim, traços imaginários como ganhar ou perder, ser forte ou ser fraco, que se<br />
postam <strong>no</strong> <strong>brincar</strong> infantil, sintoma <strong>da</strong> infância. “Sintoma que, representando uma<br />
substituição metafórica, hoje muitas vezes fracassa<strong>da</strong>, em função <strong>da</strong> fragili<strong>da</strong>de simbólica<br />
que marca a socie<strong>da</strong>de contemporânea. Fragili<strong>da</strong>de que também se instala <strong>no</strong> campo<br />
imaginário, já que os laços que o fun<strong>da</strong>m encontram-se também marcados pelo vazio <strong>da</strong>s<br />
palavras”. (Meira, p.50).<br />
No final do artigo, Ana Marta projeta um olhar para a clínica, onde <strong>cr</strong>ianças chegam<br />
falando de suas angústias, de seus <strong>sintomas</strong>, pois não encontram <strong>no</strong> <strong>brincar</strong> uma<br />
consistência para sustentar e elaborar sua angústia.