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Bibliothèque Pascal Delta Hungria / Alemanha, 2008, 96’, 35mm Realização Kornél Mundruczó Fotografia Mátyás Erdély Som Gábor Balázs, Tamás Zányi Montagem Dávid Jancsó Produtores Philippe Bober, Viktória Petrányi Produção Proton Cinema, Coproduction Office Com Félix Lajkó, Orsolya Tóth e Lili Monori Kornél Mundruczó (Gödöllő, 1975) fez os cursos de formação de actor e realização na Academia de Teatro e Cinema de Budapeste. Trabalha actualmente em teatro e cinema. Johanna (2005) foi aplaudido em Cannes e distinguido no Fantasporto com dois prémios: Melhor Actriz e Prémio Especial do Júri. Em 2008, Delta ganhou o prémio FIPRESCI em Cannes. Sinopse O filho pródigo regressa por fim a casa dos seus pais numa pequena aldeia romena na região do delta do Danúbio mas rapidamente percebe que apenas há espaço para si numa cabana, isolado do resto da família. Kornél Mundruczó é um dos realizadores húngaros mais interessantes da geração que começou a trabalhar depois da queda do muro de Berlim. Os seus filmes têm sido apresentados e premiados nos principais festivais de cinema internacionais, onde foi apreciado pela combinação da grande tradição do cinema de autor húngaro (de Miklós Jancsó a Béla Tarr, a quem o filme é dedicado) com as correntes mais realistas do cinema contemporâneo europeu. Delta é o exemplo mais recente e mais perfeito dessa combinação, situando- -se algures entre a fábula intemporal sobre a condição humana e a crónica de costumes numa zona remota da Europa de Leste da actualidade. As personagens não têm nome porque isso é irrelevante para a construção dos dados elementares da intriga: um homem regressa à vila onde nasceu após vários anos de ausência, conhece uma irmã da mesma idade que ignorava ter, os dois iniciam uma vida em comum que motivará todas as censuras da comunidade. A história terá, sem surpresa, um desfecho violento. O sentimento de inevitabilidade desta história, tal como a dignidade silenciosa com que os protagonistas sofrem todas as adversidades, faz a tragédia grega ressoar neste filme (que numa primeira versão seguia de perto a história de Electra) e não é por acaso que a violência da relação dos dois irmãos com o resto da aldeia (sobretudo nas cenas passadas na taberna da mãe) recorda o cinema de João Canijo. É talvez por isso, ainda, que Mundruczó defendeu em várias ocasiões que Delta não era um filme centrado na questão do incesto, mas sim na intolerância face ao desvio e à diferença. O trabalho dos dois actores tem uma importância decisiva no filme. Orsi Tóth é uma colaboradora habitual do realizador, tanto no cinema como no teatro (participou na peça Que difícil 6 7
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