MANEJO DE Diatraea saccharalis - Fatec Pompeia Shunji Nishimura
MANEJO DE Diatraea saccharalis - Fatec Pompeia Shunji Nishimura
MANEJO DE Diatraea saccharalis - Fatec Pompeia Shunji Nishimura
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FACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> TECNOLOGIA <strong>DE</strong> POMPEIA<br />
CURSO TECNOLOGIA EM MECANIZAÇÃO EM AGRICULTURA <strong>DE</strong> PRECISÃO<br />
MAURÍCIO JOSÉ CAPELI<br />
<strong>MANEJO</strong> <strong>DE</strong> <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong> (FABRICIUS, 1974)<br />
(LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE), NA CULTURA <strong>DE</strong> CANA-<br />
<strong>DE</strong>-AÇÚCAR<br />
<strong>Pompeia</strong> - SP<br />
2012
FACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> TECNOLOGIA <strong>DE</strong> POMPÉIA<br />
CURSO TECNOLOGIA EM MECANIZAÇÃO EM AGRICULTURA <strong>DE</strong> PRECISÃO<br />
MAURÍCIO JOSÉ CAPELI<br />
<strong>MANEJO</strong> <strong>DE</strong> <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong> (FABRICIUS, 1974)<br />
(LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE), NA CULTURA <strong>DE</strong> CANA-<br />
<strong>DE</strong>-AÇÚCAR<br />
Trabalho de Graduação apresentado à Faculdade de<br />
Tecnologia “<strong>Shunji</strong> <strong>Nishimura</strong>” - FATEC, como<br />
requisito parcial para conclusão do Curso de<br />
Tecnologia em Mecanização em Agricultura de<br />
Precisão. Linha de pesquisa: Fitossanidade.<br />
Orientador: Prof° MSC. Rui D. Casarin<br />
<strong>Pompeia</strong> – SP<br />
2012
Capeli, Maurício José<br />
C238m Manejo de <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong> (FABRICIUS,<br />
1974) (LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE), na cultura de canade-açúcar<br />
/ Maurício José Capeli - <strong>Pompeia</strong>, 2012.<br />
29 f.; 30 cm.<br />
Monografia (Trabalho de Graduação em<br />
Tecnologia em Mecanização em Agricultura de<br />
Precisão) – Faculdade de Tecnologia “<strong>Shunji</strong><br />
<strong>Nishimura</strong>”, 2012.<br />
Orientador: Professor MSC. Rui D. Casarin<br />
1. Cana-de-açúcar. 2. <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>. 3.<br />
Saccharum officinarum. 4. Controle de pragas. I.<br />
Orientador. II. Título.<br />
CDD 633.61
Trabalho de Graduação de autoria de Maurício José Capeli, intitulada<br />
“<strong>MANEJO</strong> <strong>DE</strong> <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong> (FABRICIUS, 1974) (LEPIDOPTERA:<br />
CRAMBIDAE), NA CULTURA <strong>DE</strong> CANA-<strong>DE</strong>-AÇÚCAR”, apresentada como requisito<br />
parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo em Mecanização em Agricultura de<br />
Precisão da Faculdade de Tecnologia ”<strong>Shunji</strong> <strong>Nishimura</strong>” Pompéia – SP em<br />
11/12/2012, defendida, e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:<br />
_________________________________________________<br />
Professor MSC. Rui Donizete Casarin<br />
_________________________________________________<br />
Professor Dr. Márcio Christian Serpa Domingues<br />
________________________________________________<br />
Professora Dra. Marisa Silveira Almeida Renaud Faulin<br />
<strong>Pompeia</strong> – SP<br />
Outubro/ 2012
<strong>DE</strong>DICATÓRIA<br />
Primeiramente a base de tudo, que são<br />
meus pais, pois, o apoio, educação e<br />
todos os esforços, fazem com que eu<br />
esteja aqui hoje. A minha namorada, ao<br />
meu irmão, cunhada, amigos e parentes,<br />
pela confiança depositada, pela dedicação<br />
e carinho, em especial a minha vózinha<br />
que se foi esse ano, mais sempre fazia<br />
questão de saber como eu estava indo<br />
nos estudos e tenho a absoluta certeza<br />
que está lá em cima olhando e torcendo<br />
por mim.
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
A todos de uma forma ou outra deu sua parcela de contribuição para que eu<br />
possa estar aqui hoje.<br />
Ao professor orientador Rui Casarin, pela orientação, disponibilidade,<br />
atenção, paciência e auxílio na análise e escolha do conteúdo abortado nesse<br />
trabalho.<br />
A todos os colegas, pelas amizades e parcerias firmadas, pelas intermináveis<br />
viagens de Marília para <strong>Pompeia</strong>, onde desabafávamos e descontraímos a fim de<br />
superar a canseira para terminarmos mais um dia de luta, então fica meus<br />
agradecimentos a Vinícius Povineli, André Marconato, Luis Felipe Ribeiro, João<br />
Paulo Del´Massa, Guilherme Bragato, Patrick Matsuo e também a às amizades de<br />
Fernando Bertin e Fabrício Maranho.<br />
Meus agradecimentos principais ficam a minha família, de maneira geral,<br />
apesar da distância nunca deixaram de me incluir em seus pensamentos e orações,<br />
de modo especial agradeço a minha namorada Janine Barbosa da Silva pelo<br />
enorme apoio, conselhos e motivações que foram essenciais para a conquista desse<br />
objetivo.<br />
À FATEC <strong>Shunji</strong> <strong>Nishimura</strong>, <strong>Pompeia</strong> – SP, por ter possibilitado a todo nós<br />
pertencer a primeira turma, realizar e concluir este curso que será muito importante<br />
em nossas vidas.<br />
Para encerrar agradeço a Deus, que nos dá o dom da vida, nos abençoa e<br />
nos concede forças e saúde para nossa luta diária e fez com que eu concluísse mais<br />
essa etapa em minha vida.<br />
OBRIGADO
EPÍGRAFE<br />
“Cada sonho que você deixa para trás, é<br />
um pedaço do seu futuro que deixa de<br />
existir.”<br />
(Steve Jobs)
RESUMO<br />
A cana-de-açúcar é atualmente uma das principais culturas da agricultura<br />
brasileira. Porém, seu crescente avanço produtivo não esta necessariamente<br />
relacionada ao crescimento tecnológico. Informações ainda são necessárias para o<br />
controle de seus fatores limitantes, como as pragas. A broca da cana-de-açúcar<br />
(<strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>) é a praga mais importante da cultura causando grandes danos<br />
econômicos. Conhecer o manejo da praga através dos controles: Cultural, biológico,<br />
químico e de feromônio, bem como suas formas mais viáveis é o objetivo do<br />
presente trabalho.<br />
Palavras-chave: <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>; Saccharum officinarum; Controle de Pragas.
ABSTRACT<br />
The sugar cane is currently one of the main culture of Brazilian agriculture. But<br />
its growing productive advancement is not necessarily related to technological<br />
growth. Information is still needed to control their limiting factors such as pests. The<br />
sugar cane borer (<strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>) is the most important pest of the crop<br />
causing enormous economic damage. Knowing the pest management through the<br />
controls: Cultural, biological, chemical and pheromone as well as its most viable is<br />
the aim of this work.<br />
Key-words: <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>; Saccharum officinarum; Pests control.
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 11<br />
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................<br />
2.1 Descrição e biologia..................................................................................<br />
14<br />
14<br />
2.1.1 Distribuição das gerações...................................................................... 17<br />
2.2 Danos decorrentes da infestação............................................................. 17<br />
2.2.1 Diretos...................................................................................................... 17<br />
2.2.2 Indiretos................................................................................................... 18<br />
2.3 Amostragem e infestação da Broca da cana-de-açúcar......................... 18<br />
2.4 Controle....................................................................................................... 20<br />
2.4.1 Controle cultural..................................................................................... 22<br />
2.4.2 Controle através de feromônio.............................................................. 22<br />
2.4.3 Controle biológico................................................................................... 23<br />
2.4.4 Controle químico..................................................................................... 24<br />
3 CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS............................................................................ 25<br />
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 26
LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS<br />
Página<br />
Figura 1. Ciclo da Broca da cana-de-açúcar (<strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>).................. 15<br />
Figura 2. Colmo de cana-de-açúcar danificado pela broca................................ 16<br />
Figura 3. Vespa Cotesia flavipes parasitando larva da Broca-da-Cana............. 23
LISTA <strong>DE</strong> TABELAS<br />
Página<br />
Tabela 1. GRAU <strong>DE</strong> INFESTAÇÃO DA BROCA-DA-CANA (<strong>Diatraea</strong><br />
<strong>saccharalis</strong>).................................................................................................. 19<br />
Tabela 2. NÚMERO <strong>DE</strong> VESPAS A SER LIBERADA EM FUNÇÃO DA<br />
QUANTIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> BROCAS MAIORES QUE 1,5 CM AMOSTRADA NO<br />
CANAVIAL.......................................................................................................... 24
11<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Atualmente, a cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma das culturas mais<br />
importantes da economia brasileira. Embora originária da Nova-Guiné<br />
posteriormente foi levada para o sul da Ásia, onde foi usada inicialmente na forma<br />
de xarope. A primeira evidência da forma sólida data do ano 500, na Pérsia. A<br />
propagação da cultura para o norte da África e sul da Europa deve se aos Árabes<br />
nas épocas das invasões (SEGATO et al., 2006). Nos dias de hoje, é amplamente<br />
cultivada em países de clima favorável ao seu desenvolvimento, onde o Brasil se<br />
destaca em relação aos demais países pela vasta área cultivada e pela liderança<br />
atual nas matrizes energéticas oriundas dos produtos da cana-de-açúcar. A<br />
atividade sucroalcooleira no Brasil teve início com a colonização Portuguesa, e se<br />
estabeleceu definitivamente nas regiões Nordeste e Centro-sul.<br />
Depois de 1615, a cultura da cana-de-açúcar atingiu o planalto paulista,<br />
destacando-se na região de Itu no século XVII como maior centro açucareiro do<br />
estado de São Paulo. No Brasil, depois de meados da década de 1970 a crise do<br />
petróleo tornou intensa a produção de Etanol a partir da cana-de-açúcar, para<br />
utilização direta nos motores à explosão (hidratado), ou em mistura com a gasolina<br />
(anidro).<br />
De acordo com a União dos Produtores de Bioenergia (2012), a cultura da<br />
cana-de-açúcar ocupa atualmente, 9.642.504 ha do território nacional, e a<br />
expectativa é que haja um aumento significativo nas áreas cultiváveis ano após ano.<br />
Estima-se que a produção brasileira de cana-de-açúcar na safra do primeiro<br />
semestre de 2012 será de 657,18 milhões de toneladas. Do total produzido, 422,34<br />
milhões (64,3%) pertencem a região Sudeste, 71,43 milhões (10,9%) a região<br />
Nordeste, 109,28 milhões (16,6%) a região Centro Oeste, 51,94 milhões (7,9%) a<br />
região Sul e 2,21 milhões (0,3%) a região Norte.<br />
Segundo a Companhia Nacional de abastecimento (2011), a produção<br />
nacional de açúcar está estimada em 571.471,0 milhões de toneladas com queda de<br />
8,4% em relação à safra 2010/11, que foi de 623,905 milhões de toneladas, o que<br />
significa que a quantidade que será moída deve ser de 52 milhões de toneladas a
12<br />
menos do que a moagem da safra anterior. A produção de cana-de-açúcar da região<br />
Centro-Sul ficou em 501.380,4 milhões de toneladas, 10,6% menor do que a<br />
produção da safra anterior. Assim, a produtividade média brasileira está estimada<br />
em 68.3 kg/ha, 11,8% menor que a na safra 2010/11, que foi de 77.446 kg/ha. A<br />
diminuição da produtividade nesta safra está ligada a diversos fatores, e o clima é o<br />
principal. A estiagem ocorrida de abril a outubro de 2010, a escassez de chuvas no<br />
mês de maio de 2011, a ocorrência de geadas em São Paulo, Mato Grosso do Sul,<br />
Paraná e o florescimento em excesso de boa parte da lavoura, fizeram a queda da<br />
produtividade ser a maior dos últimos anos. A falta de chuvas nos períodos<br />
indicados não permitiu o pleno desenvolvimento dos canaviais e provocou o atraso<br />
no início da moagem da safra 2011/12, portanto o período de entre safra ficou maior.<br />
A ação da geada foi intensa na região atingida e fez as unidades de produção mudar<br />
o foco da colheita para aproveitar a cana danificada para evitar perdas ainda<br />
maiores, embora, o porte não estivesse no estágio ideal.<br />
Ainda segundo Companhia Nacional de abastecimento (2011), o<br />
florescimento excessivo que tem causa nas condições climáticas como: temperatura,<br />
umidade, fotoperíodo e radiação solar, provocam queda na produtividade porque a<br />
planta para de acumular reservas e direciona as existentes para o processo<br />
produtivo, provocando o efeito isopor nos colmos da cana que floresceu. Outro fator<br />
climático que derrubou a produtividade no Paraná foi a combinação de chuva e<br />
calor, que criou condições propícias para o ataque de doenças, a ferrugem<br />
alaranjada atacou intensamente e provocou danos irreversíveis, forçando os<br />
produtores a substituição de variedades suscetíveis a doenças por outras<br />
resistentes.<br />
O estado de São Paulo é o principal produtor de cana-de-açúcar, sendo<br />
responsável aproximadamente de 60% de toda produção de cana, álcool e açúcar e<br />
por 70% das exportações.<br />
Já no passado a COPERSUCAR (1983), observou que para a economia do<br />
Brasil e do estado de São Paulo, a cultura da cana é de suma importância, uma vez<br />
que foi a primeira lavoura introduzida e explorada no país e, atualmente é uma das<br />
principais culturas exploradas no próprio estado de São Paulo.
13<br />
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2006),<br />
a cultura expande suas fronteiras em ritmo acelerado por todo território nacional,<br />
gerando quantidades gigantescas de biomassa destinada à produção de álcool e<br />
açúcar. Tais quantias extraordinárias de biomassa certamente serão aproveitadas<br />
por outros organismos na sua alimentação.<br />
A combinação entre clima, solo e variedades determina a produtividade da<br />
cana-de-açúcar, já o correto controle de pragas e de plantas daninhas também é<br />
importante para evitar a redução dessa produtividade, segundo define Zucchi, et al.<br />
(1992), quando um organismo compete com o ser humano por alimento, habitação,<br />
fonte energética ou medicinal, passa a ser denominada praga. Porém, para alguns<br />
autores, a denominação praga pode ser dada a partir do momento em que a<br />
população de certo organismo gera prejuízos através de sua densidade<br />
populacional, ou seja, pela quantidade de indivíduos por área. A este limiar dá-se o<br />
nome de nível de dano, ou ainda nível de dano econômico. O nível de controle como<br />
o próprio nome diz, é o ponto de controle populacional do organismo, antes que este<br />
venha a gerar prejuízos muitas vezes irreversíveis a cultura. Este nível consiste no<br />
nível inferior ao de dano.<br />
Existem várias pragas que podem atacar a cultura da cana-de-açúcar, dentre<br />
elas temos: Pulgões, cigarrinha-da-raiz, percevejo castanho, cupins rasteiros e a<br />
broca-da-cana. A broca da cana-de-açúcar (Diatrae <strong>saccharalis</strong>) ocorre em todo o<br />
território nacional, onde não só ataca a cana-de-açúcar como também outras<br />
culturas poáceas como o milho, o milheto, o sorgo, o arroz e outras espécies<br />
selvagens de caules grossos (PINTO, et al. apud SEGATO et al. 2006). O<br />
conhecimento do manejo da praga mais adequado a cultura permite a tomada de<br />
decisões mais viáveis às condições em que o produtor se encontra frente ao<br />
problema.<br />
O objetivo desse trabalho é abordar os aspectos da biologia de D. <strong>saccharalis</strong><br />
e suas formas mais eficientes de monitoramento e controle.
14<br />
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
Conhecida popularmente como broca da cana-de-açúcar, a <strong>Diatraea</strong><br />
<strong>saccharalis</strong> (Fabricius, 1974) (Lepidoptera:Crambidae), é nativa do hemisfério<br />
ocidental sendo a espécie mais amplamente distribuída do gênero. Trata-se de uma<br />
espécie polifaga, sendo umas das principais pragas, que ocorrem durante todo o<br />
ciclo da cana-de-açúcar (SEGATO et al., 2006; WHITE et al., 2008).<br />
2.1 <strong>DE</strong>SCRIÇÃO E BIOLOGIA DA BROCA<br />
Trata-se de uma mariposa na forma adulta, com asas anteriores de coloração<br />
amarelo-palha, com desenhos pardacentos e asas posteriores esbranquiçadas e<br />
com 25 mm de envergadura. Os adultos apresentam manchas escuras semelhantes<br />
a dois “V” invertidos nas asas. As fêmeas são maiores que os machos, têm<br />
abdômen mais volumoso e as asas são menos pigmentadas. Os machos<br />
apresentam grandes quantidades de cerdas no ultimo par de pernas, que as fêmeas<br />
não possuem (SEGATO et al. 2006).<br />
O ciclo (Figura 1) inicia-se pós o acasalamento, a fêmea põe seus ovos nas<br />
folhas da planta, preferencialmente na face inferior do limbo. O número de ovos<br />
pode variar a cada postura de 5 a 50. Sua disposição é curiosamente imbricada, ou<br />
seja, semelhante à disposição das escamas de um peixe. A eclosão dá-se em um<br />
intervalo de quatro a nove dias. Durante seu ciclo vital, as fêmeas podem colocar de<br />
300 a 600 ovos, dependendo das condições ambientais. Os ovos são muito<br />
sensíveis ao ressecamento quando a umidade relativa do ar se encontra inferior a<br />
70% (BOTELHO, P. S. M., MACEDO. 2002).
15<br />
Figura 1 – Ciclo da Broca da cana-de-açúcar (<strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>)<br />
Fonte: ALMEIDA, 1974<br />
As lagartas alimentam-se inicialmente das folhas do cartucho onde se<br />
abrigam, alimentando-se do parênquima, convergindo, posteriormente, à bainha.<br />
Após a primeira ecdise penetram pela parte mais mole do colmo, próximo às gemas,<br />
perfurando-o. Este processo resulta na abertura de galerias de baixo para cima,<br />
podendo ser de duas formas distintas. Uma, longitudinal, como ocorre na maioria<br />
dos casos, e outra transversal. Podem ainda perfurar o colmo e sair, perfurando<br />
outro entrenó logo abaixo do anterior, especialmente se a galeria se encher de água<br />
da chuva. Nota-se que a fase larval pode durar de 20 a 79 dias, dependendo da<br />
temperatura, passando a lagarta por cinco ou seis ecdises.<br />
Aos 40 dias aproximadamente, atingem seu completo desenvolvimento<br />
passando a medir aproximadamente de 22 a 25 mm de comprimento. Sua coloração<br />
passa a ser amarelo-pálida com a cabeça marrom. Nesta fase as larvas de D.<br />
<strong>saccharalis</strong> perfuram o colmo da planta fazendo um orifício para o exterior (Figura 2).<br />
Depois o fecham com fios de seda, serragem e excrementos. Estes orifícios servirão<br />
de saída para os adultos. Passam então ao estágio de pupa, onde atigem a<br />
coloração castanha. Este estágio leva de 9 a 14 dias. Após esse período emergem<br />
para o exterior por meio do orifício previamente aberto pela lagarta no colmo (Pinto,<br />
et al. 2004).
16<br />
Figura 2 – Colmo de cana-de-açúcar danificado pela broca<br />
Fonte – Clealco, 2007<br />
Todo o ciclo evolutivo leva em torno de 53 a 60 dias, sendo que sob nossas<br />
condições climáticas atingem quatro gerações, ou ainda, em casos excepcionais de<br />
condições climáticas favoráveis, até cinco gerações. Há um prolongamento sempre<br />
no último ciclo da praga, ficando a lagarta no colmo por cinco a seis meses. As<br />
lagartas podem sofrer dia pausa, ou seja, quando as condições climáticas estão<br />
desfavoráveis, como umidade relativa do ar baixa, temperaturas frias e fotoperíodo<br />
reduzido.<br />
Colmos de milho servem como hospedeiro alternativo à praga (Gallo et al.<br />
2002). A longevidade dos adultos é de dois a nove dias.<br />
A incidência da broca ocorre durante todo o ciclo cultural, exceto quando a<br />
planta é muito jovem e ainda não possui entrenós. Nesta fase, sua incidência é<br />
menor. A cana-planta, a primeira plantada na lavoura, sofre maior ataque desta<br />
praga uma vez que apresenta maior vigor em relação à cana-soca (rebrota), e ainda<br />
não há uma população de inimigos naturais estabelecida.<br />
A cana-de-ano-e-meio (plantada no começo do ano), no Estado de São<br />
Paulo, é comumente mais atacada pela broca no verão, e a cana-de-ano (plantada<br />
em setembro-outubro) o ataque é mais intenso no inverno. Nos demais estados, o
17<br />
ataque é praticamente constante ao longo do ano, sofrendo uma pequena redução<br />
somente no inverno.<br />
2.1.1 DISTRIBUIÇÃO DAS GERAÇÕES<br />
Segundo Gallo, et al. (2002), as gerações são distribuídas da seguinte forma:<br />
de outubro a novembro, após a emergência dos adultos, estes procuram colmos<br />
jovens recentemente emergidos e, efetuando a postura, dão a primeira geração. A<br />
segunda origina-se nos meses de dezembro e fevereiro, a terceira entre fevereiro e<br />
abril, e a quarta entre maio e junho. Sempre a última geração se prolonga por cinco<br />
a seis meses dentro do colmo, mesmo quando houver condições favoráveis a<br />
emergência de uma quinta.<br />
2.2. DANOS <strong>DE</strong>CORRENTES DA INFESTAÇÃO<br />
e indiretos.<br />
Os prejuízos oriundos de sua infestação podem ser classificados como diretos<br />
2.2.1 DIRETOS<br />
Os danos diretos gerados pelas lagartas são decorrentes da abertura de<br />
galerias no interior dos colmos. Tais galerias resultam na perda de massa da cana e,<br />
consequentemente, na perda de seu peso. A morte das gemas é outro fator negativo<br />
sendo o dano neste caso, a notável redução de plantas emergidas quando os<br />
colmos são usados no plantio da lavoura.<br />
Quando as galerias abertas são transversais ao colmo, de forma a seccionálo,<br />
elas favorecem o tombamento da cana pela ação dos ventos. O enraizamento<br />
aéreo assim como as brotações laterais podem ser distúrbios oriundos do ataque da<br />
broca, e em colmos jovens, a broca provoca o secamento dos ponteiros, também<br />
denominado “coração morto”.
18<br />
2.2.2 INDIRETOS<br />
A abertura dos colmos pela lagarta permite a entrada de micro-organismos<br />
maléficos à cultura. É o que ocorre com os fungos Colletotrichum falcatum e<br />
Fusarium moniliforme, que causam a podridão-vermelha do colmo, podendo atingir<br />
toda a região abrangida entre as diversas galerias. Estes microorganismos tornamse<br />
excepcionalmente importantes quando o cultivo da cana-de-açúcar é destinado à<br />
produção de álcool por concorrerem com as leveduras no processo de fermentação.<br />
Sua ação causa a inversão da sacarose armazenada na planta, o que diminui a<br />
pureza do caldo dando um menor rendimento em açúcar e álcool. Tal fenômeno<br />
também é denominado “complexo broca-podridão” (PINTO et al., apud SEGATO et<br />
al., 2006).<br />
2.3 AMOSTRAGEM E INFESTAÇÃO DA BROCA DA CANA-<strong>DE</strong>-AÇÚCAR<br />
A amostragem da população da praga é realizada pela contagem de sua<br />
população e serve para definir o momento certo em que deverá ser adotada uma<br />
medida de controle. Esse monitoramento é feito durante a fase vegetativa da cultura,<br />
até a maturação do colmo.<br />
Para um programa de monitoramento de insetos em culturas é necessário<br />
que se desenvolva um plano de amostragem e que este processo seja<br />
fundamentado em princípios básicos de estatística e no conhecimento da<br />
distribuição espacial, do ciclo de vida e do comportamento do inseto (KUNO, 1991).<br />
O padrão de distribuição espacial influencia a dinâmica das populações, podendo<br />
ocorrer diferenças no impacto de diversos agentes em função das variações<br />
espaciais entre os indivíduos. O conhecimento do modelo de distribuição espacial<br />
dos insetos-pragas no campo é fundamental para estabelecer um plano adequado<br />
de amostragem e assim garantir a correta utilização das estratégias de controle,<br />
além da otimização de técnicas de amostragem (FERNAN<strong>DE</strong>S et al., 2002).<br />
São três as disposições básicas que descrevem os arranjos espaciais<br />
ocupados pelos insetos: disposição ao acaso ou aleatória, disposição regular ou
19<br />
uniforme e disposição agregada ou contagiosa (TAYLOR, 1984). Para estudar o<br />
modelo de distribuição dos insetos no campo são utilizados vários índices de<br />
agregação ou dispersão. O índice razão variância/média também denominado índice<br />
de dispersão (I), compreende a relação entre variância/média. O índice de Morisita<br />
(Iσ) é independente do tipo de distribuição e do número de unidades amostrais. E o<br />
expoente K é a medida inversa do grau de agregação de insetos. Dentre as<br />
distribuições de frequências, as mais utilizadas para estudo da disposição espacial<br />
dos insetos são as distribuições de Poisson, Binomial Positiva e Binomial Negativa<br />
(BELLOWS, 1986).<br />
Uma forma simples de avaliar a intensidade de infestação do canavial pela<br />
broca é através da coleta de 100 colmos de cana-de-açúcar ao acaso, em dado<br />
talhão, e a contagem posterior do número de colmos broqueados. O resultado deve<br />
ser interpretado como porcentagem da infestação.<br />
Segundo Gallo et al. (2002), outra forma mais precisa é expressa pelo cálculo<br />
da intensidade de infestação. Este índice é determinado abrindo-se<br />
longitudinalmente cada um dos 100 colmos coletados, contando-se o número total<br />
de internódios e aqueles que se encontram lesionados devido ao ataque da broca.<br />
Os dados obtidos são aplicados a seguinte fórmula:<br />
Intensidade de infestação = 100 x nº de internódios broqueados<br />
nº total de internódios<br />
Uma vez determinada à intensidade de infestação, tem-se diferentes graus de<br />
infestação conforme mostra a tabela 1.<br />
Tabela 1. Classificação do grau de infestação da broca-da-cana <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong><br />
Grau de infestação Infestação Intensidade de infestação<br />
Baixo 0 – 25% 0 a 5%<br />
Moderado 25 – 50% 5 a 10%<br />
Regular 50 – 75% 10 a 15%<br />
Elevado 75 – 95% 15 a 25%<br />
Muito elevado + de 95% Além de 25%<br />
Fonte: (GALLO, et al. 2002)
20<br />
A época ideal indicada ao controle é quando a intensidade de infestação for<br />
igual ou superior a 3%. Para o controle químico, a amostragem é feita pela<br />
observação da cana na região da primeira folha quanto à presença de lagartas. Isto<br />
antecede a penetração destas no colmo. O nível de controle adotado deve ser<br />
igualmente de 3%.<br />
Segundo estudos realizados por Gallo, et al. (2002), a cada 1% de<br />
intensidade de infestação da praga, ocorrem prejuízos de 0,25% de açúcar, 0,20%<br />
de álcool e 0,77% de matéria fresca. Estudos realizados pelo Centro de Tecnologia<br />
Canavieira (CTC) apontam que uma produtividade de 80 toneladas de cana-deaçúcar<br />
por hectare, as perdas para cada 1% de infestação da broca são de 616<br />
quilos de cana, 28 quilos de açúcar e 16 quilos de álcool. Devido os relevantes<br />
prejuízos ocasionados pela praga, torna-se indispensável seu controle, já que<br />
dependendo da intensidade de ataque, a praga pode até mesmo vir a inviabilizar o<br />
plantio, trazendo danos irreversíveis. O controle das pragas dos canaviais com o uso<br />
de inseticida custa R$45,00/ha, o controle por meio do parasitoide Cotesia flavipes<br />
(Cameron, 1891) (Hymenoptera: Braconidae) custa R$15,00/ha e por meio de<br />
Trichogramma galloi (Zucchi, 1988) (Hymenopera: Trichogrammatidae) R$36,00/ha<br />
(ASCANA, 2008).<br />
Conforme Pinto (2006), pode-se proceder também uma estimativa de danos<br />
que é efetuada no ato da colheita, durante o corte, ou ainda na chegada da cana na<br />
usina. Porém, a estimativa de danos visa unicamente identificar as áreas infestadas<br />
para um monitoramento da seguinte safra, consistindo somente em uma técnica de<br />
planejamento de combate a praga, esse monitoramento se torna mais eficaz se for<br />
detalhada cada fase do processo de produção, no intuito de aperfeiçoar esse<br />
processo e reduzir as perdas, desde o plantio até o armazenamento do produto final.<br />
Pois é a fase do crescimento vegetativo da matéria-prima no campo que realmente<br />
tem papel muito importante no cenário sucroalcooleiro.<br />
2.4 CONTROLE<br />
De acordo com Almeida (2009), há uma necessidade de alterar/aprimorar o<br />
manejo devido o aumento na intensidade de infestação na cana crua em diversos<br />
locais, assim deve-se haver incremento das liberações inundativas de parasitoides
21<br />
da fase larval, introdução de parasitoides da fase de ovo e pupal, sendo também<br />
utilizado como método de controle, um melhor conhecimento e aplicação sobre<br />
resistência varietal.<br />
Meios alternativos de controle à broca da cana-de-açúcar estão sendo<br />
estudados, como a transgenia, onde estão sendo desenvolvidas e testadas<br />
variedades geneticamente modificadas, onde são integrados em seus genomas, os<br />
genes de resistência provenientes desses microrganismos, como, os genes Bt<br />
codificadores da proteína Cry, responsável pela atividade tóxica no intestino dos<br />
insetos, constituem-se em mais uma alternativa com grande potencial de proteção<br />
contra as perdas causadas por insetos-praga. Assim a planta adquiri autoproteção,<br />
através da produção de toxinas que mantam essas pragas, pois são munidas de<br />
genes que as torna mais tolerável à praga. Com isso é possível reduzir a poluição<br />
ambiental, pois há uma diminuição considerável na necessidade do uso de pesticida<br />
na cultura (MELOTTO-PASSARIN, 2009).<br />
Outro meio alternativo é a aplicação de silício na cultura, na forma de<br />
adubação, incorporando o elemento ao solo, o silício promove o fortalecimento da<br />
parede celular das folhas e dos colmos, representando uma barreira mecânica para<br />
os insetos que necessitam se alimentar dele, e esta é a primeira barreira que o<br />
inseto tem que atravessar para poder penetrar na planta. Assim, a rigidez e o<br />
espessamento da parede celular provocado pela deposição de sílica e/ou lignina na<br />
epiderme atuam como fatores de resistência mecânica (EPSTEIN, 1999). No caso<br />
dos insetos mastigadores, como a <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong> os efeitos são bastante<br />
nítidos, pois este endurecimento provoca o desgaste das mandíbulas, impedindo ou<br />
dificultando a mastigação e a ingestão dos tecidos da planta.<br />
É de extrema importância a utilização de variedades geneticamente<br />
modificadas de cana-de-açúcar juntamente com o controle biológico através da<br />
Cotesia flavipes, com intuito de estender a utilização dessa tecnologia evitando ou<br />
retardando o aparecimento de organismos resistentes.<br />
Segundo BOBROWSKI (2003), em nível mundial, os produtores agrícolas<br />
perdem bilhões de dólares com a redução da produtividade ocasionada pelo ataque<br />
de insetos e pelo custo em defensivos agrícolas necessários para minimizar os<br />
danos. Alguns inseticidas químicos, como os piretróides sintéticos, têm sido<br />
amplamente utilizados no controle de insetos-pragas, porém estes têm perdido a
22<br />
eficácia devido ao surgimento de insetos resistentes. Por outro lado, a necessidade<br />
de diminuir os custos e minimizar os efeitos ambientais e os riscos à saúde dos<br />
produtores têm tornado as plantas-Bt uma alternativa promissora para o controle de<br />
insetos, já que oferecem segurança e controle efetivo de insetos.<br />
2.4.1 CONTROLE CULTURAL<br />
São diversas as medidas que, quando bem praticadas contribuem<br />
significativamente na redução da infestação da praga. Como exemplo tem-se o<br />
emprego de variedades resistentes ou tolerantes a broca. A moagem rápida do<br />
produto colhido não o mantendo armazenado por tempo demasiado. A eliminação<br />
de plantas hospedeiras das proximidades do canavial, principalmente o milho (Zea<br />
mays) e milheto (Pennisetum americanum), após a colheita.<br />
Deve-se considerar também a possibilidade do plantio da cana em épocas<br />
desfavoráveis ao desenvolvimento da praga, o emprego de variedades<br />
geneticamente modificas, principalmente à podridão causada pela broca e a limpeza<br />
de restos culturais após o plantio é outra medida favorável à redução da incidência<br />
da broca.<br />
As áreas com variedades susceptíveis de cana-planta, viveiros, e as que<br />
recebem irrigação ou fertirrigação, são mais susceptíveis à broca, devendo ser<br />
monitoradas com maior frequência.<br />
2.4.2 CONTROLE ATRAVÉS <strong>DE</strong> FEROMÔNIO<br />
O emprego de armadilhas de feromônio, utilizando-se fêmeas virgens, é<br />
comum no monitoramento e redução da população de broca, pela diminuição dos<br />
machos no local. Coletam-se as fêmeas recém-emergidas das pupas, aprisionandoas<br />
em recipientes perfurados, em grupos de dois ou três, pendurados no topo de um<br />
galão com duas aberturas laterais, contendo água e detergentes no fundo. O<br />
feromônio, hormônio sexual, é extremamente influente sobre os machos, atraindo-os<br />
à armadilha onde caem na água. A cada três dias trocam-se as fêmeas e<br />
quantificam-se os machos.
23<br />
2.4.3 CONTROLE BIOLÓGICO<br />
O controle biológico é assim, um componente da estratégia do manejo<br />
integrado de pragas, com ênfase, aqui, aos insetos e ácaros. De acordo com Parra<br />
et.al. (2002), atualmente o controle biológico assume importância cada vez maior em<br />
programas de manejo integrado de pragas (MIP), principalmente em um momento<br />
que se discute muito a produção integrada rumo a uma agricultura sustentável.<br />
Nesse caso, o controle biológico constitui ao lado da taxonomia, do nível de controle<br />
e da amostragem, um dos pilares de sustentação de qualquer programa de MIP.<br />
Além disso, é importante como medida de controle para manutenção de pragas<br />
abaixo do nível de dano econômico, junto a outros métodos, como o cultural, físico, o<br />
de resistência de plantas a insetos e os comportamentais (feromônios), que podem<br />
até ser harmoniosamente integrados com métodos químicos (produtos seletivos) ou<br />
mesmo com plantas transgênicas.<br />
A broca possui inúmeros inimigos naturais entre parasitóides e predadores,<br />
sob condições naturais. Alguns destes parasitóides podem ser multiplicados em<br />
laboratório e liberadas no campo e garantem uma redução populacional eficiente da<br />
praga no canavial (IAA, 1986).<br />
Como principal espécie controladora tem-se as vespinhas Trichogramma<br />
galloi (Zucchi), parasitóide dos ovos, e a Cotesia flavipes (Cam.)(Figura 3) como<br />
outro meio de controle eficientemente empregado. Sua vantagem em relação à<br />
primeira consiste na facilidade de multiplicação em laboratório.<br />
Figura 3 - Vespa Cotesia flavipes parasitando larva da Broca-da-Cana<br />
Fonte: CORRÊA, 2008
24<br />
A metodologia proposta por Pinto et al. apud Segato et al. (2006) é dada por<br />
meio do levantamento populacional da praga e a relação do número de parasitóides<br />
estimados soltos por área. Este se dá pelo prévio levantamento populacional, que<br />
deve ser efetuado quinzenalmente de preferência, podendo ser mensalmente em<br />
áreas muito extensas. Inicia-se assim que os primeiros internódios estão visíveis, o<br />
que ocorre aproximadamente aos três meses de idade da cultura, e se finaliza<br />
quando não é mais possível adentrar no canavial, o que ocorre aos doze meses<br />
aproximadamente.<br />
Dois pontos por hectare é a taxa amostral comumente empregada. Em cada<br />
amostra, avaliam-se os colmos de todas as plantas em duas ruas de cinco metros<br />
lineares, totalizando dez metros lineares por amostragem. Os colmos brocados<br />
devem ser abertos e observados para a contagem. Contam-se o número de lagartas<br />
maiores que 1,5 cm e extrapola-se o resultado para um hectare. O resultado<br />
fornecerá o número de vespinhas Cotesia flavipes a ser liberada em função da<br />
quantidade de brocas por hectare, conforme segue na tabela 2.<br />
Tabela 2. Número de vespas a ser liberada em função da quantidade de brocas<br />
maiores que 1,5 cm amostrada no canavial.<br />
Brocas (> 1,5 cm . ha -1 )<br />
Quantidade de C. flavipes<br />
1.000 a 3.000 6.000 vespas<br />
3.000 a 10.000 2 vespas por lagarta<br />
10.000 a 15.000 3 vespas por lagarta<br />
> 15.000 4 vespas por lagarta<br />
Fonte: (PINTO et al., 2006)<br />
Estudos mostram que a associação de Cotesia flavipes com Trichogramma<br />
galloi chega a reduzir infestações de canaviais em até 60% (GALLO, et al. 2002)<br />
2.4.4 CONTROLE QUÍMICO<br />
O controle químico deve ser evitado por duas razões. Primeiro, a lagarta<br />
permanece a maior parte do seu tempo dentro do colmo onde o inseticida não a<br />
alcançará. E segundo pelo fato de o cultivo da cana ser concentrado em vastas<br />
áreas, e, portanto, as altas quantidades de defensivos empregados certamente
25<br />
resultarão em grandes impactos ambientais e assim tornando-se inviável. Ainda<br />
pode ser mencionado o alto custo gerado na aquisição do material.<br />
Sua aplicação no sulco de plantio, porém, permite uma proteção temporária<br />
contra a praga até alguns dias após o plantio.<br />
Todavia o controle é dado da seguinte forma: a pulverização da cana, na<br />
região que compreende o ponteiro da planta, com triflumuron (Alsystin 250 PM),<br />
lufenuron (Match 50 CE) ou fipronil (Regent 800 GrD). O inseticida usado na maioria<br />
dos casos e triflumurom na dose de 1,6 L . ha -1 .<br />
Estudos realizados pela Coopercitrus(1999), avaliaram a eficiência dos<br />
produtos: Regent 800 WG (Fipronil 800 gr. i.a /kg) nas doses de 200 g. ia./ha e 400<br />
g. ia./ha e o Endossulfan 350 CE (Endossulfan 350 ml. ia./Litro) na dose de 2.450<br />
ml. ia./ha. Foi possível concluir que a aplicação de Fipronil aplicado no sulco de<br />
plantio, nas dosagens de 200 g. ia./há e 400 g. ia./há teve efeito de controle das<br />
larvas de <strong>Diatraea</strong> <strong>saccharalis</strong>, reduzindo a intensidade de infestação (I.I.%) em 61%<br />
e 92%, respectivamente.<br />
3 CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS<br />
O controle preventivo interado com o controle biológico da D. sccharalis,<br />
mostra-se mais eficiente devido ao baixo custo e a não agressão ao meio ambiente.<br />
O controle biológico não elimina a praga, porém, reduz significativamente a<br />
sua população a um nível aceitável de dano, além de mostrar uma relação custobenefício<br />
mais vantajosa.<br />
O controle químico não se mostra eficaz por completo, pois não atinge a<br />
praga na fase mais agressiva à cultura, ou seja, a fase larval e juntamente com os<br />
danos ambientais e alto custo foi considerado inviável.
26<br />
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